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A influência da apocalíptica judaica sobre as origens cristãs: gênero ...

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A <strong>influência</strong> <strong>da</strong> <strong>apocalíptica</strong> ju<strong>da</strong>ica <strong>sobre</strong> <strong>as</strong> <strong>origens</strong> <strong>cristãs</strong> 15<br />

plos mais citados (embora, diferenciando-se destes, o Apocalipse de João não<br />

seja pseudônimo). A questão, então, que se levanta é se o termo “apocalíptico”<br />

deveria ser usado exclusivamente em relação às obr<strong>as</strong> deste <strong>gênero</strong> e com os<br />

tem<strong>as</strong> atestados neles. Por exemplo, para John J. Collins, escatologia<br />

<strong>apocalíptica</strong> é, em primeira instância, a escatologia encontra<strong>da</strong> em um<br />

apocalipse, 5 e sempre que uma escatologia similar for encontra<strong>da</strong> em qualquer<br />

outro lugar, ela pode ser chama<strong>da</strong> “escatologia <strong>apocalíptica</strong>” apen<strong>as</strong> “em um<br />

sentido amplo”.<br />

(b) Pode-se duvi<strong>da</strong>r que algum livro antigo ju<strong>da</strong>ico como um todo possa<br />

ser chamado de apocalipse. O livro de Daniel, do Antigo Testamento, é<br />

freqüentemente citado neste c<strong>as</strong>o. M<strong>as</strong> de fato, apen<strong>as</strong> os capítulos 7-12 contêm<br />

revelações que cabem n<strong>as</strong> definições de Hanson e de Collins. Da mesma forma,<br />

apen<strong>as</strong> partes de 1 Enoque, 4 Esdr<strong>as</strong> e 2 Baruque cabem dentro <strong>da</strong> definição.<br />

John J. Collins também observou 6 que um apocalipse é apen<strong>as</strong> “uma<br />

estrutura geral”, que incorpora outros <strong>gênero</strong>s literários (carta, testamento,<br />

parábola, hino, oração etc.). Segundo ele, um apocalipse “não é constituído<br />

por um ou mais tem<strong>as</strong> distintivos, m<strong>as</strong> por uma combinação de elementos, os<br />

quais são encontrados em outros lugares”. Hanson, 7 por sua vez, observa que<br />

um apocalipse “não é necessariamente o <strong>gênero</strong> exclusivo, dominante na<br />

maioria dos escritos apocalípticos, m<strong>as</strong> é encontrado junto a muitos outros,<br />

incluindo o testamento, os oráculos de julgamento e de salvação, e a parábola”.<br />

Est<strong>as</strong> considerações tornam qualquer tentativa de <strong>da</strong>r uma clara definição<br />

do <strong>gênero</strong>, em que um apocalipse (como obra autônoma) possa ser suficientemente<br />

distinto de outros <strong>gênero</strong>s literários (outros livros), qu<strong>as</strong>e impossível.<br />

(c) Além do mais, há dúvi<strong>da</strong>s se há obr<strong>as</strong> ju<strong>da</strong>ic<strong>as</strong> que podem ser considera<strong>da</strong>s<br />

‘apocalipses’ antes do segundo século d.C.. Collins escreve que “o<br />

uso do título grego apokalypsis (revelação) não é comprovado no período anterior<br />

ao cristianismo. A primeira obra apresenta<strong>da</strong> como um apokalypsis é<br />

o Apocalipse de João, e mesmo lá não é claro se a palavra denota um tipo especial<br />

de literatura ou se é usado mais geralmente no sentido de revelação”.<br />

5. The Apocalyptic imagination. An introduction to the Jewish Matrix of Christianity. New<br />

York, 1984, p. 9.<br />

6. The Apocalyptic Imagination ..., p.8-9.<br />

7. “Apocalypse, Genre” and “Apocalypticism” in: Interpreter’s Dictionary of the Bible<br />

(Supplementary Volume). Philadelphia, p. 27-34.

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