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Apostila de Filosofia da Linguagem - CIRCAPE

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fazendo <strong>de</strong>rivar suas concepções até o âmbito <strong>da</strong> metafísica, <strong>da</strong> gnosiologia e <strong>da</strong> antropologia. A<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong> universal não existe, simplesmente está sujeita à mu<strong>da</strong>nça constante, o mesmo que a linguagem.<br />

O homem é a medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as coisas, e a linguagem é um meio <strong>de</strong> referir a essa reali<strong>da</strong><strong>de</strong> mutável e<br />

goza <strong>de</strong> sua mesma firmeza. Górgias firma “não existe o ser, mesmo que ele existisse, não po<strong>de</strong>ria ser<br />

conhecido; se pu<strong>de</strong>sse ser conhecido não po<strong>de</strong>ria ser comunicado, pois há uma diferença entre o que se<br />

pensa e se diz sobre as coisas e entre o que elas <strong>de</strong> fato são”. Assim sendo, a linguagem não passa <strong>de</strong> um<br />

jogo ou <strong>de</strong> um exercício, criado e estimulado pelos mais po<strong>de</strong>rosos, por meio dos quais os hábeis no uso<br />

<strong>da</strong> retórica tiram proveito em causa própria.<br />

Convencionalismo mo<strong>de</strong>rado<br />

A teoria convencionalista pura sobre a origem <strong>da</strong> linguagem per<strong>de</strong>u vigor, principalmente a partir<br />

<strong>da</strong> filosofia <strong>de</strong> Aristóteles. Ele substituiu o convencionalismo puro por um convencionalismo mo<strong>de</strong>rado.<br />

Entre os nomes e as coisas existe certa afeição <strong>da</strong> alma, <strong>da</strong>ndo-se esta sob a forma <strong>de</strong> uma representação<br />

ou <strong>de</strong> um conceito mental, que estabelece as condições <strong>de</strong> semelhança entre o nome e a coisa nomea<strong>da</strong>.<br />

Assim os nomes são criados não por pura arbitrarie<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas com a interferência <strong>de</strong> tais afeições <strong>da</strong> alma,<br />

tornando-se símbolos comuns <strong>da</strong>s coisas a que se referem. Os nomes não nascem naturalmente, mas por<br />

convenção; no entanto, há um padrão comum a todos os homens, o que os torna, mesmo fazendo uso <strong>de</strong><br />

nomes diferentes, capazes <strong>de</strong> se referirem às mesmas coisas. Esta tese resume-se na seguinte tría<strong>de</strong>:<br />

a) as coisas são iguais para todos os homens;<br />

b) as afeições ou conceitos <strong>da</strong> alma são iguais para todos os homens;<br />

c) os nomes <strong>da</strong>s coisas não são iguais para todos os homens.<br />

Portanto, os símbolos são convencionais, mas existem certos substratos que fun<strong>da</strong>mentam a<br />

linguagem e este são <strong>de</strong> caráter universal.E, sobretudo, através <strong>da</strong> linguagem é possível expressar a<br />

reali<strong>da</strong><strong>de</strong> essencial dos seres, <strong>de</strong>finindo-os.<br />

Naturalismo (positivistas)<br />

Contradizendo o convencionalismo, as teorias naturalistas sobre a linguagem <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a tese <strong>de</strong><br />

que esta surge <strong>de</strong> uma ação causal dos objetos sobre a mesma. De um certo modo, os nomes <strong>da</strong>s coisas<br />

estão preliminarmente ligados às próprias coisas, do mesmo modo como seu caráter semântico. Enquanto<br />

a teoria convencionalista afirma que o sentido dos sinais é sempre exato porque resulta <strong>de</strong> uma convenção<br />

humana que estabelece suas regras, os naturalistas sugerem a mesmas coisas, mas fun<strong>da</strong>mentam tal tese<br />

na impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> linguagem estar sujeita ao arbítrio, por estar fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> em seu nexo causal com<br />

os objetos.<br />

As palavras surgiriam do mesmo meio em que o homem vive. E por a interação e influência sofri<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>sse meio, o homem iria <strong>de</strong>senvolvendo a linguagem <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pelo contexto e habitat.<br />

Teoria <strong>da</strong> interjeição: as palavras surgem pelo fato dos homens diante <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s situações, levados<br />

pela emoção emitirem certos sons; estes sons foram pouco a pouco sendo associados às situações<br />

vivi<strong>da</strong>s, e sendo melhorados para evi<strong>de</strong>nciar a que se estavam referindo se <strong>de</strong>senvolveu até tornar-se<br />

meio <strong>de</strong> comunicação.<br />

Lucrécio afirma “quanto aos diversos sons <strong>da</strong> linguagem, foi a natureza que nos obrigou a emiti-los<br />

e foi a utili<strong>da</strong><strong>de</strong> que levou a <strong>da</strong>r nomes às coisas; é do mesmo modo que vemos os meninos recorrerem ao<br />

gesto por não saberem pronunciar as palavras, apontando com o <strong>de</strong>do os objetos que estão presentes”.<br />

Teoria <strong>da</strong> onomatopéia: os sons naturais serviriam <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> para o reconhecimento dos objetos<br />

em questão. No entanto não se trata <strong>de</strong> uma mera imitação dos sons natural emitido pelo animal ou objeto,<br />

o homem possuía capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reflexão e assim po<strong>de</strong> fixar <strong>de</strong> outro modos mais simples esses sons.

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