Apostila de Filosofia da Linguagem - CIRCAPE
Apostila de Filosofia da Linguagem - CIRCAPE
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1 – INTRODUÇÃO<br />
Po<strong>de</strong>mos dizer simplesmente que a filosofia <strong>da</strong> linguagem é a parte <strong>da</strong> filosofia que se ocupa com<br />
as questões <strong>da</strong> linguagem. No entanto, <strong>de</strong> várias maneiras, isto <strong>de</strong>ixa o domínio <strong>da</strong> investigação<br />
seriamente mal <strong>de</strong>terminado. Todos pensam a respeito <strong>da</strong> linguagem e tem sobre ela uma concepção<br />
comum, cotidiana <strong>de</strong> sua reali<strong>da</strong><strong>de</strong>; a utilizam sem preocupações teóricas. Mas além <strong>de</strong>ssas pessoas<br />
existem outras -lingüistas, por exemplo - que se comprometem com o estudo científico <strong>da</strong> linguagem e<br />
possuem uma concepção mais técnica <strong>da</strong> linguagem e <strong>de</strong> seu uso.<br />
Da<strong>da</strong> esta distinção entre a concepção cotidiana <strong>da</strong> linguagem e a concepção científica, po<strong>de</strong>mos<br />
dizer que a filosofia <strong>da</strong> linguagem li<strong>da</strong> com problemas que surgem <strong>de</strong> nossa concepção comum, mas que,<br />
vista a problemática profun<strong>da</strong> – que muitas vezes não é percebi<strong>da</strong>, mas somente nota<strong>da</strong> em alguns<br />
momentos – requer um estudo que <strong>de</strong>ixe à vista sua reali<strong>da</strong><strong>de</strong> intrínseca e a riqueza que possui em to<strong>da</strong><br />
sua amplitu<strong>de</strong>.<br />
Wittgenstein afirmou (1953 § 119): “Os resultados <strong>da</strong> filosofia são a <strong>de</strong>scoberta <strong>da</strong> simples falta <strong>de</strong><br />
sentido e <strong>da</strong>s contusões que o entendimento recebeu ao correr <strong>de</strong> encontro ás fronteiras <strong>da</strong> linguagem”.<br />
Des<strong>de</strong> este ponto <strong>de</strong> vista parece que to<strong>da</strong> a filosofia concerne a questões sobre a linguagem, mas isso<br />
não é bem assim, ain<strong>da</strong> que inegavelmente to<strong>da</strong> a filosofia passa pela linguagem, por varias razões, como<br />
são o pensamento e sua estruturação, e também a comunicação do mesmo conhecimento, como ain<strong>da</strong><br />
pela realização do homem, que essencialmente, é um ser lingüístico.<br />
To<strong>da</strong> a riqueza e amplitu<strong>de</strong> <strong>da</strong> linguagem são, pois, objeto <strong>de</strong> nosso estudo.<br />
Antes <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ntrar-nos na nossa disciplina se faz mister apontar que a <strong>Filosofia</strong> <strong>da</strong> <strong>Linguagem</strong><br />
como disciplina filosófica não é tão antiga como várias que compõe os tratados clássicos, mas bem é uma<br />
disciplina recente, por isso mesmo escasseia a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> material que po<strong>de</strong> ser usado como livro <strong>de</strong><br />
texto, ain<strong>da</strong> que abun<strong>de</strong>m os artigos e monografias sobre tal assunto. No ano <strong>de</strong> 1979, em que é publica<strong>da</strong><br />
a Constituição Apostólica Sapientia Christiana, se enumera nossa disciplina entre aquelas que com caráter<br />
opcional po<strong>de</strong> ser incluí<strong>da</strong> no currículo do biênio ou triênio filosófico que se dá nos institutos e facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
eclesiásticas <strong>de</strong> filosofia.<br />
1.1. A LINGUAGEM COMO ATO HUMANO<br />
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