Apostila de Filosofia da Linguagem - CIRCAPE
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Peirce apresenta a estrutura triádica <strong>da</strong> linguagem que nos revela ain<strong>da</strong> mais sua reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
intrinsecamente humana, o seu caráter <strong>de</strong> veículo do pensamento.<br />
A função representativa do signo não está em sua conexão material com o objeto, nem que seja<br />
imagem <strong>de</strong>le, que é o que parecia <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r-se <strong>da</strong> teoria <strong>de</strong> Saussure, mas que seja consi<strong>de</strong>rado com tal<br />
signo por um pensamento ou interpretante.<br />
O signo ou representamen, que para Peirce se i<strong>de</strong>ntificam, é um signo que está representando<br />
algo, mas não na totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seus aspectos, é como um conceito já contextualizado. O interpretante é o<br />
conceito realmente no sujeito que o interpreta, é aquilo que já causou seu efeito <strong>de</strong> transmitir o<br />
conhecimento, como po<strong>de</strong>mos ver essa distinção é muito sutil. O objeto é a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> a que se refere tanto<br />
um como outro, ain<strong>da</strong> que nenhum dos dois seja propriamente cópia <strong>de</strong>ssa reali<strong>da</strong><strong>de</strong> senão uma<br />
representação. Para Peirce todo signo é um representamen. Essa representação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> na mente<br />
causa<strong>da</strong> pelo signo é “como um embaixador que representa o seu país no estrangeiro”. A interpretação é,<br />
pois, uma inferência, hipotética certamente, pois to<strong>da</strong> nossa interpretação é falível.<br />
Pela sutileza <strong>da</strong> distinção entre representamen e interpretante se <strong>da</strong> um <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong>sta<br />
terminologia que vai servir para aclarar esse processo comunicativo como uma veiculação do pensamento<br />
humano, a transmissão, em última instância, <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> conheci<strong>da</strong>.<br />
O que <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> vai ser importante na compreensão <strong>de</strong>ste processo é saber que pelas palavras,<br />
gestos, cores, ou qualquer signo lingüístico, se faz referência a uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, que é a res, seja esta real<br />
ou imaginaria, e o objeto <strong>da</strong> referência, mas tudo isto não acontece <strong>de</strong> modo material pois o que se busca<br />
realmente transmitir é aquele conhecimento, conceito, pensamento que é o término do processo<br />
cognoscitivo, e que agora será base para o processo comunicativo.<br />
Representamen<br />
ou<br />
signo<br />
representamen ou<br />
signo<br />
interpretante<br />
objeto<br />
interpretante<br />
objeto<br />
representame<br />
n<br />
referente referencial<br />
A reinterpretação <strong>da</strong> teoria <strong>de</strong> Peirce <strong>da</strong> cabi<strong>da</strong> a uma consi<strong>de</strong>ração <strong>da</strong> linguagem como aquele<br />
veículo pelo qual se aponta a um referencial (a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> referi<strong>da</strong>) que é o que se buscou conhecer e ao<br />
final do processo cognoscitivo foi possuído <strong>de</strong> modo imaterial no intelecto, na forma <strong>de</strong> conceito<br />
(representamen será a terminologia usa<strong>da</strong>, empresta<strong>da</strong> do mesmo Peirce), esse conceito sofrerá<br />
variações, permanece conceito <strong>de</strong> tal coisa, mas na passagem <strong>de</strong> comunicação e na mesma<br />
reintepretação se enriquecerá <strong>de</strong> matizes e significados que inicialmente não tinha.