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Apostila de Filosofia da Linguagem - CIRCAPE

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4. A linguagem tem uma função comunicativa, pois por meio <strong>de</strong> palavras entramos em relação com<br />

os outros, dialogamos, argumentamos, amamos ou odiamos, ensinamos ou apren<strong>de</strong>mos, etc.<br />

5. A linguagem exprime pensamentos, sentimentos e valores, isto é, possui uma função <strong>de</strong><br />

conhecimento e <strong>de</strong> expressão.<br />

2.1. ORIGEM DA LINGUAGEM<br />

Durante muito tempo a filosofia se preocupou em <strong>de</strong>finir a origem e as causas <strong>da</strong> linguagem.<br />

Uma primeira divergência sobre o assunto surgiu na Grécia: a linguagem é natural aos homens ou<br />

é uma convenção social? Se a linguagem for natural, as palavras possuem um sentido próprio e<br />

necessário; se for convencional, são <strong>de</strong>cisões consensuais <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e, nesse caso, são arbitrárias,<br />

isto é, a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria ter escolhido outras palavras para <strong>de</strong>signar as coisas. Essa discussão levou,<br />

séculos mais tar<strong>de</strong>, á seguinte conclusão: a linguagem como capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão dos seres humanos<br />

é natural, isto é, os humanos nascem com uma aparelhagem física, anatômica, nervosa e cerebral que<br />

lhes permite expressarem-se pela palavra; mas as línguas são convencionais, isto é, surgem <strong>de</strong> condições<br />

históricas, geográficas, econômicas e políticas <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s, ou, em outros termos, são fatos culturais.<br />

Uma vez constituí<strong>da</strong> uma língua, ela se torna uma estrutura ou um sistema dotado <strong>de</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> interna,<br />

passando a funcionar como se fosse algo natural, ou seja, como algo que possui suas leis e princípios<br />

próprios, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos sujeitos falantes que a empregam.<br />

Perguntar pela origem <strong>da</strong> linguagem levou a quatro tipos <strong>de</strong> respostas;<br />

1. A linguagem nasce por imitação, isto é, os homens imitam, pela voz, os sons <strong>da</strong><br />

natureza (dos animais, dos rios, do trovão, etc.). A origem <strong>da</strong> linguagem seria, portanto,<br />

a onomatopéia ou imitação dos sons animais e naturais;<br />

2. A linguagem nasce por imitação dos gestos, como uma espécie <strong>de</strong> pantomima ou<br />

encenação, na qual o gesto indica um sentido. Pouco a pouco o gesto passou a ser<br />

acompanhado <strong>de</strong> sons e estes se tornaram gradualmente palavras, abandonando os<br />

gestos;<br />

3. A linguagem nasce <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>: a fome, a se<strong>de</strong>, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> abrigar-se e<br />

proteger-se, <strong>de</strong> reunir-se para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se levaram à criação <strong>da</strong>s palavras, formando<br />

um vocabulário elementar e rudimentar, que pouco a pouco, tornou-se mais complexo e<br />

transformou-se numa língua;<br />

4. A linguagem nasce <strong>da</strong>s emoções, particularmente do grito (medo, surpresa ou alegria),<br />

do choro (dor, medo, compaixão) e do riso (prazer, bem-estar, felici<strong>da</strong><strong>de</strong>).<br />

Essas teorias não são exclu<strong>de</strong>ntes. É muito possível que a linguagem tenha nascido <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s<br />

essas fontes ou modos <strong>de</strong> expressão, e os estudos <strong>da</strong> Psicologia Genética mostram que uma criança se<br />

vale <strong>de</strong> todos esses meios para começar a exprimir-se. Uma linguagem se constitui quando passa dos<br />

meios <strong>de</strong> expressão aos atos <strong>de</strong> significação, ou quando passa do expressivo ao significativo.<br />

Essas teorias se agrupam na história <strong>da</strong> filosofia em varias correntes:<br />

Convencionalismo puro<br />

Segundo Parmêni<strong>de</strong>s, o ser é necessário e único, essencialmente diverso do modo como as<br />

coisas aparecem ao homem. As palavras seriam “etiquetas <strong>de</strong> coisas ilusórias”. O atomista Demócrito<br />

<strong>de</strong>fendia a mesma posição por razões diversas. Analisando o modo como a linguagem é usa<strong>da</strong> pelos<br />

homens, aponta alguns argumentos para mostrar que a linguagem não passa <strong>de</strong> mera convenção, muito<br />

sujeita a inconstância. A sinonímia ou polissemia, o fato <strong>da</strong> mesma coisa receber nomes diferentes; a<br />

homonímia ou mutabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos nomes; a metonímia, o fato <strong>de</strong> certos nomes <strong>de</strong>rivarem <strong>de</strong> outros nomes<br />

sem que haja uma semelhança entre as coisas a que se referem. Os sofistas também afirmavam isto

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