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máscaras e mãos - Centro Universitário Barão de Mauá

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MÁSCARAS E MÃOS: EDUCAÇÃO EM RIBEIRÃO<br />

PRETO, NA PRIMEIRA REPÚBLICA<br />

Lúcia <strong>de</strong> Rezen<strong>de</strong> JAYME *<br />

Juliana Cristina Terra <strong>de</strong> SOUZA**<br />

Angela Pires Martori CHICHITOSTTI***<br />

RESUMO: Neste artigo, através da interpretação <strong>de</strong> fontes documentais,<br />

inserimos o ensino <strong>de</strong> Ribeirão Preto, durante a primeira república, em<br />

uma dinâmica <strong>de</strong> educação como elemento da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e i<strong>de</strong>al <strong>de</strong><br />

missão civilizadora, presentes no final do século XIX e início do XX, além<br />

<strong>de</strong> relacionarmos instrução como forma <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

Palavras-chave: Educação, Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, Ribeirão Preto, Primeira<br />

República.<br />

Uma vista por cima: República, mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e educação<br />

Vastas e atuais são as discussões acerca do ensino no Brasil.<br />

Diversas são as oratórias sobre o tema, entre estas, o fato <strong>de</strong> a educação<br />

ser consi<strong>de</strong>rada como fundamental questão social que, urgentemente é<br />

preciso ser resolvida, uma vez que a falta <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> dos brasileiros<br />

é a causa para os problemas do país, como saú<strong>de</strong>, violência e,<br />

principalmente, carência do sentimento <strong>de</strong> cidadania.<br />

No presente trabalho, não preten<strong>de</strong>mos discorrer sobre tais<br />

*Graduanda em História Licenciatura Plena, pelo <strong>Centro</strong> <strong>Universitário</strong> <strong>Barão</strong> <strong>de</strong> <strong>Mauá</strong>. Atualmente<br />

<strong>de</strong>senvolve pesquisa sobre Educação e Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão Preto, durante a<br />

Primeira República.<br />

**Graduanda em História Licenciatura Plena, pelo <strong>Centro</strong> <strong>Universitário</strong> <strong>Barão</strong> <strong>de</strong> <strong>Mauá</strong>. Atualmente<br />

<strong>de</strong>senvolve pesquisa sobre Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jaboticabal, durante a Primeira República.<br />

***Licenciada em História. Pós-graduada em História, Cultura e Socieda<strong>de</strong> pelo <strong>Centro</strong><br />

<strong>Universitário</strong> “<strong>Barão</strong> <strong>de</strong> <strong>Mauá</strong>”, Ribeirão Preto (SP). Docente da re<strong>de</strong> pública e particular do<br />

Ensino Fundamental e Médio <strong>de</strong> Ribeirão Preto. É membro do CEMUMC (<strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Estudos da<br />

Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e Urbanização no Mundo do Café).<br />

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preposições, mas sim, sobre as raízes históricas, encontradas na Primeira<br />

República, <strong>de</strong>sta noção da educação como re<strong>de</strong>ntora <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>, e,<br />

paradoxalmente, por tal valoração impressa, trazer a lume as mazelas<br />

encontradas nas ações condizentes à instrução da época, ao analisarmos<br />

fontes documentais do ensino, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão Preto.<br />

Em 1889, é instaurada a República, com base em um discurso<br />

<strong>de</strong> negação do Império, tido como arcaico; da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, finalmente,<br />

conce<strong>de</strong>r o po<strong>de</strong>r à elite brasileira e mostrá-la ao mundo, em <strong>de</strong>trimento<br />

<strong>de</strong> eventuais insistentes monarquistas, através da <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong><br />

fronteiras e criação <strong>de</strong> leis inspiradas em um liberalismo às avessas; luta<br />

por interesses em nome <strong>de</strong> um regime, que, ilusoriamente, seria regido<br />

pelo povo, ou ainda, por seus tutores.<br />

Para os republicanos, Império e analfabetismo são espíritos afins.<br />

A república, na voz dos que tomaram a autorida<strong>de</strong>, traria o progresso,<br />

seria capaz <strong>de</strong> elevar o Brasil ao patamar do conhecimento e verda<strong>de</strong>,<br />

por meio do nacionalismo e permanente combate contra quaisquer<br />

interesses ditos <strong>de</strong>mocráticos. O prefácio <strong>de</strong> Raul <strong>de</strong> Pompéia, <strong>de</strong>fensor<br />

do regime nos primeiros anos, ao Diccionario Geographico do Brasil,<br />

<strong>de</strong>monstra tais idéias:<br />

Vamos por uma ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> renascimento.<br />

[...] A hora historica <strong>de</strong> supremas ancias que nos é dado viver, é a hora <strong>de</strong><br />

um gran<strong>de</strong> advento doloroso, glorioso <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s. E a crise política,<br />

com o espetaculo do seu horror, é uma necessida<strong>de</strong> coinci<strong>de</strong>nte,<br />

complementar e connexa com o renascimento espiritual- soldados e<br />

escriptores, a dupla feição <strong>de</strong> combativida<strong>de</strong>, concertando-se no mesmo<br />

intuito <strong>de</strong> ataque e <strong>de</strong> resistencia; votando ao sacrifício por affirmar os<br />

tempos [...]<br />

[...] E a emancipação das almas era da mesma sorte impedida: em quanto<br />

quer dizer civismo, pelo insultante menosprezo do brio militar, que é a<br />

gran<strong>de</strong> prova cívica e em quanto vale <strong>de</strong> gloria espiritual, pela eterna<br />

repulsa <strong>de</strong> todo esforço literario que se não contivesse nos mol<strong>de</strong>s obrigados<br />

do favoritismo palaciano, <strong>de</strong> todo exito scientifico que, em proveito dos<br />

homens <strong>de</strong> saber aqui nascidos, preterisse certas notabilida<strong>de</strong>s mais ou<br />

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menos genuinas <strong>de</strong> importação. Como encontraria favor e amparo o<br />

emprehendimento intellectual <strong>de</strong> um pobre <strong>de</strong>mocrata brasileiro?[...] Uma<br />

carta geographica, afinal <strong>de</strong> contas, pó<strong>de</strong> ser um estandarte <strong>de</strong> revolta. É<br />

a evocação presente da terra. É a consciencia transfigurada e resumida<br />

da nacionalida<strong>de</strong>. É exactamente a effigie graphica da pátria [...].<br />

Felizmente veio a Republica.<br />

[...]Tanto ella consubstancia a patria e nacionalida<strong>de</strong>, que quantas<br />

aggressões se lhe movem são, sob mil aspectos, mil modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alta<br />

traição [...].(1894, p.IX-XI)<br />

No momento em que se refere ao renascimento, o poeta evoca<br />

a imagem <strong>de</strong> que o país, antes imerso em trevas, na obscurida<strong>de</strong><br />

provocada pelo Império, estava liberto. Tal condição <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />

possibilitaria ao Brasil, que fosse regido pelos homens, um po<strong>de</strong>r secular<br />

legítimo, já que, ainda analisando as palavras <strong>de</strong> Pompéia, possuía como<br />

fim último a moralida<strong>de</strong> através do civismo, a nacionalida<strong>de</strong>, o<br />

compromisso com o cientificismo capaz <strong>de</strong> legalizar não somente as<br />

marcas territoriais, mas também o povo brasileiro. E, por ser embebida<br />

<strong>de</strong> tantos prodigiosos e benignos gestos, seriam válidas atitu<strong>de</strong>s violentas<br />

contra quem tentasse abalar a nova or<strong>de</strong>m, posto que, enten<strong>de</strong>mos como<br />

alta traição, qualquer forma <strong>de</strong> resistência que pu<strong>de</strong>sse sabotar o projeto<br />

republicano, crente na invencibilida<strong>de</strong> do progresso enxergado nas<br />

socieda<strong>de</strong>s européia e norte-americana.<br />

A passagem também ilustra o posicionamento dos intelectuais<br />

da época frente à política, que, ao menos nos primeiros anos, se sentiram<br />

entusiasmados pelo regime estabelecido, e em seus escritos, promoveram<br />

a aliança entre homens das letras, os escritores, e o povo (na verda<strong>de</strong>, os<br />

militares). Esta coligação é resultante do anseio <strong>de</strong> outros atores, como<br />

artistas, publicistas, lí<strong>de</strong>res, não apenas das camadas privilegiadas, se<br />

incluírem na coletivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma diversa dinâmica social, mais complexa<br />

por propor nova conjuntura, novas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> jogo, para garantia<br />

<strong>de</strong> interesses privados. (CARVALHO, 1987, p.25-26; SEVCENKO, 1999,<br />

p.27-28)<br />

Passados os anos iniciais e com eles os militares, os presi<strong>de</strong>ntes<br />

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então, seriam bacharéis. Nas palavras <strong>de</strong> Sevcenko:<br />

[...] a consolidação do novo regime se <strong>de</strong>u numa atmosfera <strong>de</strong> euforia e<br />

ostentação. Passados os primeiros momentos da transição da or<strong>de</strong>m militar<br />

para a civil, do marechal Deodoro ao fim do mandato <strong>de</strong> Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

Morais, as turbulências <strong>de</strong>ram lugar ao projeto <strong>de</strong> “saneamento financeiro”<br />

do presente Campos Sales, controlando o meio circulante e estabilizando<br />

a dívida externa. No plano político foi articulada a chamada “política dos<br />

governadores”, segundo a qual apenas os candidatos aliados à bancada<br />

situacionista no Congresso tinha seus diplomas eleitorais reconhecidos. O<br />

que permitiu ao governo do Rio <strong>de</strong> Janeiro uma situação <strong>de</strong> controle<br />

centralista, neutralizando o que no início do regime haviam sido <strong>de</strong>nominadas<br />

as “vinte ditaduras”, resultando da redução do princípio fe<strong>de</strong>ral à ação<br />

irrefreada das oligarquias estaduais. Esses arranjos conservadores foram<br />

coroados com o Convênio <strong>de</strong> Taubaté (1904) que, ao criar um<br />

favorecimento cambial arbitrário à cafeicultura, fundou as bases da política<br />

café-com-leite [...].(1999, p.32-33)<br />

A política café-com-leite era ligada, assim, ao coronelismo. O<br />

coronel não necessariamente ocupava cargos como inten<strong>de</strong>nte municipal,<br />

o prefeito da época, mas como <strong>de</strong>tentor dos proventos das ativida<strong>de</strong>s<br />

rurais, economias cafeeira e pecuária, também dispunha <strong>de</strong> força política.<br />

Tais coronéis mantiveram o arrazoado pelo progresso e, com as<br />

influências econômicas e administrativas, pu<strong>de</strong>ram importar a<br />

mo<strong>de</strong>rnização. Para conceituar mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, nos baseamos nas palavras<br />

<strong>de</strong> Marshall Berman (1997, p. 24):<br />

[...] Ser mo<strong>de</strong>rno é encontrar-se em um ambiente que promete aventura,<br />

po<strong>de</strong>r, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas<br />

em redor- mas ao mesmo tempo ameaça <strong>de</strong>struir tudo o que temos, tudo o<br />

que sabemos,. Tudo o que somos. A experiência ambiental da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

anula todas as fronteiras geográficas e raciais, <strong>de</strong> classe e nacionalida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> religião e i<strong>de</strong>ologia: nesse sentido, po<strong>de</strong>-se dizer que a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

une a espécie humana. Porém é uma unida<strong>de</strong> paradoxal, uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

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<strong>de</strong>sunida<strong>de</strong>, ela nos <strong>de</strong>speja a todos num turbilhão <strong>de</strong> permanente<br />

<strong>de</strong>sintegração e mudança, <strong>de</strong> luta e contradição, <strong>de</strong> ambigüida<strong>de</strong> e angústia<br />

[...].<br />

É um “perpétuo estado <strong>de</strong> vir a ser”, um turbilhão com o sistema<br />

capitalista atrelado às revoluções tecno-científicas, como força motriz,<br />

que faz com que existam concomitantes, elementos e seus contrários<br />

diretos: arcaico e mo<strong>de</strong>rno, criação e <strong>de</strong>struição, construção e<br />

<strong>de</strong>sconstrução, êxtase e agonia, esperança e niilismo, afinal, ser mo<strong>de</strong>rno<br />

é ser anti-mo<strong>de</strong>rno, pois tem-se a consciência dos perigos latentes, mas<br />

há a busca pela superação, pela fé no “homem do amanhã e do dia<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> amanhã”, através da negação e/ou <strong>de</strong> novas invenções.<br />

Repletos <strong>de</strong> anseios <strong>de</strong> viver em um cenário mo<strong>de</strong>rno, composto<br />

por elementos e símbolos que trariam a Europa para seu cotidiano, a elite<br />

cafeeira não mediu empreendimentos para transformar as cida<strong>de</strong>s, em<br />

experimentar e viver uma “Belle Époque caipira”, em que exibem-se<br />

peculiarida<strong>de</strong>s e contestações <strong>de</strong>ntro das próprias contradições, uma<br />

vez que, diferentemente da “cida<strong>de</strong> luz”, ou outras urbes européias, temos<br />

locais específicos, o interior paulista, <strong>de</strong> diverso clima, população, infraestrutura,<br />

política, cultura.<br />

O regime, cuja <strong>de</strong>limitação é <strong>de</strong> 1889 a 1930, é mutante no<br />

<strong>de</strong>correr dos anos. Primeiro, um período <strong>de</strong> 1900 a 1920, arrebatado<br />

pela mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> anteriormente explanada é que é custeada pelos lucros<br />

da economia cafeeira e das exportações para as nações que lutavam na<br />

Primeira Guerra Mundial e, ainda, pela diminuição das importações <strong>de</strong><br />

produtos que, a partir <strong>de</strong> então, seriam produzidos pelas incipientes<br />

indústrias nacionais. Porém, <strong>de</strong> 1920 a 1930, o sistema político inicia sua<br />

ruína, pelas práticas especulativas dos cafeicultores, que resultavam em<br />

um amontoado <strong>de</strong> café, que progressivamente per<strong>de</strong>ria seu valor, e teria<br />

sua <strong>de</strong>cadência já pronunciada, com a crise <strong>de</strong> 1929. Não é meramente<br />

simbólica a queda do <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro presi<strong>de</strong>nte paulista, pelo golpe do gaúcho<br />

Getúlio Vargas. (SEVCENKO, 1999, p.36-37).<br />

Neste contexto, a instrução é consi<strong>de</strong>rada um feito honorável,<br />

posto que, acreditava-se que a educação, aliada à república, seria o fator<br />

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primordial para a construção <strong>de</strong> um país rico, esclarecido e soberano.<br />

Esta esperança <strong>de</strong>positada na educação era mais um elemento<br />

constituinte do po<strong>de</strong>rio dos respeitados bacharéis, uma vez que o ensino<br />

era por estes ministrado. Nas primeiras décadas não há acadêmicos<br />

com formação exclusiva em licenciatura, até porque, eram raros os cursos<br />

para normalistas e universida<strong>de</strong>s. Jorge Nagle escreveu:<br />

[...] enquanto o tema da escolarização era proposto e analisado <strong>de</strong> acordo<br />

com um amplo programa <strong>de</strong>sta ou daquela corrente ou movimento, ela<br />

servia a propósitos extra-escolares ou extra-pedagógicos; era uma peça<br />

entre outras, peça importante, sem dúvida, mas importante justamente pelas<br />

suas ligações com problemas <strong>de</strong> outra or<strong>de</strong>m, geralmente problemas <strong>de</strong><br />

natureza política. Nesse momento, a escolarização era tratada por homens<br />

públicos e por intelectuais que, ao mesmo tempo, eram “educadores”, num<br />

tempo em que os assuntos educacionais não constituíam, ainda, uma ativida<strong>de</strong><br />

suficientemente profissionalizada. Apenas na década final da Primeira<br />

República a situação vai ser alterada, com o aparecimento do “técnico” em<br />

escolarização, a nova categoria profissional, este é o que vai daí por diante<br />

tratar, com quase exclusivida<strong>de</strong>, dos assuntos educacionais [...]. (1974,<br />

p.101-102)<br />

As discussões quanto à precisão <strong>de</strong> profissionais capacitados<br />

na arte <strong>de</strong> lecionar, a preocupação com a criação <strong>de</strong> cursos normais,<br />

técnicos e superiores, fazem com que os médicos e advogados percam<br />

pouco do prestígio como educadores, pois, não possuíam a formação<br />

didática, tampouco especializada no conteúdo ensinado.<br />

Pelos estudos <strong>de</strong> Barboza (2006, p.29-30), estabelecemos os<br />

responsáveis pelo encargo da educação. Além dos estabelecimentos<br />

escolares educacionais privados, os municípios eram incumbidos do<br />

ensino primário, enquanto o ensino secundário e superior eram,<br />

respectivamente mantidos pelo Estado e União.<br />

Ainda segundo Nagle (1974, p.277), a ação do Estado em<br />

esten<strong>de</strong>r suas funções quanto à educação, foi uma, entre outras práticas,<br />

ao se consi<strong>de</strong>rar o quadro problemático da socieda<strong>de</strong> brasileira na<br />

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Primeira República. As formulações educacionais “refletiram amplos<br />

movimentos sociais em <strong>de</strong>senvolvimento”: combate ao estadualismo,<br />

processo <strong>de</strong> diversificação e recomposição da estratificação social,<br />

emergência da burguesia industrial atrelada à formação do proletariado,<br />

o aumento da velocida<strong>de</strong> da urbanização, e toda uma corrente <strong>de</strong> idéiasnacionalismo,<br />

catolicismo, socialismo, tenentismo.<br />

Cabe ressaltarmos que existiam diferentes intenções nos diversos<br />

níveis <strong>de</strong> ensino. As teses publicadas nos “Annaes da III Conferência<br />

Nacional <strong>de</strong> Educação” (1929, p.327-331/ 589), mostram que, no ensino<br />

secundário, a finalida<strong>de</strong> era preparar as elites, ou seja, uma pequena<br />

parcela da população, que, pela formação em várias carreiras, seriam as<br />

propulsoras da economia e da produção no país. Já no ensino primário,<br />

<strong>de</strong>stinado à gran<strong>de</strong> massa, configurava a preocupação com uma<br />

educação higienizadora, a fim <strong>de</strong> acabar com as doenças e epi<strong>de</strong>mias,<br />

e a alfabetização como instrução <strong>de</strong> noções elementares, apenas para o<br />

indivíduo tornar-se apto ao trabalho que, progressivamente, passa do<br />

campo às cida<strong>de</strong>s, nos comércios e fábricas.<br />

Esta forma <strong>de</strong> hierarquizar pela escolarida<strong>de</strong> do sujeito, na<br />

seguinte lógica básica, em que se dirige um <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> escola<br />

para o povo, e outra para as elites; torna a educação uma das feições do<br />

po<strong>de</strong>r. Segundo Foucault:<br />

[...] Todo conhecimento, seja ele científico ou i<strong>de</strong>ológico, só po<strong>de</strong> existir a<br />

partir <strong>de</strong> condições políticas que são as condições para que se formem<br />

tanto o sujeito quanto os domínios do saber. A investigação do saber não<br />

<strong>de</strong>ve remeter a um sujeito <strong>de</strong> conhecimento que seria sua origem, mas a<br />

relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que lhe constituem. Não há saber neutro. Todo saber é<br />

político. E isso não porque cai nas malhas do Estado, é apropriado por ele,<br />

que <strong>de</strong>le se serve como instrumento <strong>de</strong> dominação, <strong>de</strong>scaracterizando seu<br />

núcleo essencial. Mas porque todo saber têm sua gênese em relações <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r. (1988, p.XXI)<br />

Esta análise proposta pelo filósofo francês po<strong>de</strong> ser aplicada<br />

aos professores e teóricos da Primeira República. O sujeito instruído<br />

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tinha suas ações legitimadas pelo conhecimento vulgo <strong>de</strong>sinteressado e<br />

objetivo. A formação (além do título), a posição <strong>de</strong> doutor, concedia a este<br />

uma aura <strong>de</strong> homem respeitável e apto a não só transmitir informações,<br />

mas também comandar situações.<br />

Lembremos aqui, que neste período, o voto não mais era<br />

censitário, o fato, ou melhor, o privilégio <strong>de</strong> ser alfabetizado é que permitia<br />

o acesso à votação, número ínfimo, vale frisar. José Murilo <strong>de</strong> Carvalho<br />

escreveu:<br />

Sendo função social antes que direito, o voto era concedido àqueles a<br />

quem a socieda<strong>de</strong> julgava po<strong>de</strong>r confiar sua preservação. [...] A exclusão<br />

dos analfabetos pela Constituição republicana era particularmente<br />

discriminatória, pois ao mesmo tempo se reiterava a obrigação do governo<br />

<strong>de</strong> fornecer instrução primária, que constava do texto imperial. Exigia-se<br />

para a cidadania política uma qualida<strong>de</strong> que só o direito social da educação<br />

po<strong>de</strong>ria fornecer e, simultaneamente, <strong>de</strong>sconhecia-se este direito. Era uma<br />

or<strong>de</strong>m liberal, mas profundamente anti<strong>de</strong>mocrática e resistente a esforços<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização. (1987, p.44-45)<br />

Evi<strong>de</strong>nte que toda esta autorida<strong>de</strong> era mascarada em um discurso<br />

pautado <strong>de</strong> que o conhecimento era a chave para a re<strong>de</strong>nção dos homens.<br />

Herança das idéias iluministas, o indivíduo educado seria agente<br />

elucidado e iluminado, que se libertaria das superstições, ignorância; <strong>de</strong><br />

instrução em punho, tomaria a razão como medida para todas as certezas.<br />

Ainda, há a presença do positivismo, que relacionava ciência à verda<strong>de</strong><br />

incontestável, porque neutra, objetiva e sem juízos <strong>de</strong> valor.<br />

A civilização, no conceito francês, é alusão a inúmeros fatos<br />

como grau científico-tecnológico, tipo <strong>de</strong> maneiras, costumes,<br />

jurisprudência das socieda<strong>de</strong>s (ELIAS,1994, p.23). Novamente, neste<br />

contexto, a Europa oci<strong>de</strong>ntal, em especial, a França, é tida como clímax<br />

<strong>de</strong> homens civilizados. Dessa forma, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a educação era galgar<br />

todo um processo civilizador.<br />

Para imbuir os estudantes <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>sejo pela civilização, retidão<br />

para alcance do progresso, inspiração no outro lado do Atlântico, eram<br />

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difundidas certas noções no material didático, instrumento da instrução<br />

cotidiana:<br />

Os escravos no Brasil<br />

[...] Sem a escravatura, o negro não teria abandonado a Africa, e não teria<br />

sido portanto chamado ao convívio da civilização e do trabalho [...].<br />

[...] A escravatura não <strong>de</strong>ixa, por isso, <strong>de</strong> ser con<strong>de</strong>mnavel encarada a um<br />

criterio philanthropico e christão; a maneira como foi realizada em alguns<br />

pontos tornou mesmo tal instituição barbara e infamemente <strong>de</strong>shumana;<br />

mas nem por isso ella <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser socialmente util e <strong>de</strong> representar o<br />

gran<strong>de</strong> agente da nossa vida como productores e como nação. (Thesouro<br />

da Juventu<strong>de</strong>, 1920-1930, p. 2571)<br />

Pelos africanos, asiáticos e indianos era a cultura européia o<br />

exemplo a ser seguido, o que na realida<strong>de</strong>, funcionava como justificativa<br />

para os mandos dos neocolonialistas europeus, ou seja, para matar,<br />

explorar e <strong>de</strong>sestruturar socieda<strong>de</strong>s com formações singulares.<br />

Ainda, é possível distinguir traços do ensino da jovem república,<br />

no que diz respeito à religiosida<strong>de</strong>. Educação dita laica pelas<br />

<strong>de</strong>terminações positivistas, todavia, pelas raízes históricas luso-cristãs, lá<br />

estão os motivos dos almejados bons samaritanos para a negação da<br />

escravidão. Não obstante, prega-se o po<strong>de</strong>r ilimitado aos dirigentes <strong>de</strong><br />

transformar vidas em meios <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong> posteriormente, invadir casas<br />

e corpos, como nos casos Canudos e Vacina (SEVCENKO, 1999, p.30).<br />

Já no Brasil, o mo<strong>de</strong>lo ambicionado, permitiria que se atingisse<br />

o progresso e riqueza vistos na cultura a ser imitada. Tal busca por<br />

civilização era alicerçada pelo concebimento <strong>de</strong> ciência da época, que<br />

cedia vazão ao darwinismo social provindo do início do século XIX, como<br />

po<strong>de</strong>mos perceber em fragmento intitulado “A civilisação”, <strong>de</strong> Olavo Bilac<br />

e Coelho Neto:<br />

[...] O progresso humano é incessante e infindavel. O trabalho do Homem<br />

não pára. No meio das imperfeições e das injustiças que ainda ha nas<br />

socieda<strong>de</strong>s civilisadas, esse trabalho é a garantia <strong>de</strong> um futuro cada vez<br />

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melhor. O esforço colectivo, animado pelo amor e pela bonda<strong>de</strong>, há <strong>de</strong> um<br />

dia nivelar todos os homens, e ha <strong>de</strong> assentar no seio do planeta que<br />

habitamos a felicida<strong>de</strong> completa! [...](Educação Moral e cívica- Contos<br />

Pátrios para as crianças, 1923, p.278-279)<br />

Estas proposições <strong>de</strong> civilida<strong>de</strong> a todo custo, se tornam <strong>de</strong>veras<br />

sérias ao refletirmos que uma adolescente elite, era incutida <strong>de</strong>stes<br />

pensamentos. Era esta a construção <strong>de</strong> noções <strong>de</strong> respeito às alterida<strong>de</strong>s,<br />

ao povo. Bem dissertado por Cunha (2000, p.111), a escola transmitia<br />

incisivamente aos pupilos que estes eram distintos, pertenciam a uma<br />

classe social “superior”, e que havia um inimigo do lado <strong>de</strong> fora dos<br />

muros escolares, a ignorância. Para concretizar esta idéia, analisamos<br />

mais esta fonte documental:<br />

O Livro dos Porquês<br />

Os meninos governarão o mundo?<br />

[...] Quer isto dizer que a educação dos meninos é a obra mais pura, mais<br />

nobre e mais necessaria do mundo; obra difficilima porque o ser humano<br />

é tudo quanto conhecemos <strong>de</strong> mais complicado nos seus dois aspectos:<br />

physico e moral. Quando os homens se convenceram <strong>de</strong> que o verda<strong>de</strong>iro<br />

patriotismo, o verda<strong>de</strong>iro amor ao paiz que nos viu nascer consiste, antes<br />

<strong>de</strong> mais nada, em vigorizar e enobrecer a vida humana, e se<br />

compenetrarem <strong>de</strong> que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento em que temos que morrer, tudo<br />

aquilo só se consegue educando com cuidado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mais tenra infancia<br />

[...] com o principal objectivo da educação da infancia, como também os<br />

meninos, convenientemente preparados para a vida por uma sólida<br />

educação do corpo e do espírito, serão dignos dirigentes das socieda<strong>de</strong>s<br />

futuras, que elles saberão fazer mais perfeitas. (Thesouro da Juventu<strong>de</strong>,<br />

1920-1930, p.2695)<br />

Percebemos a importância dada à educação, a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se doutrinar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a inocente ida<strong>de</strong>, como um homem diretor <strong>de</strong>ve<br />

ser: patriota, moral e viril para a disseminação <strong>de</strong> perfeições no caminho<br />

por este traçado.<br />

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Nesta linha <strong>de</strong> raciocínio, a civilização tem algo <strong>de</strong> bárbaro, pois<br />

julga e regulariza todas as coisas na razão <strong>de</strong> polir, dá a tudo um mol<strong>de</strong>,<br />

e consi<strong>de</strong>ra como “mal absoluto” o que não se enquadra nestes padrões<br />

e tenta resistir. Arquiteta solidamente provas <strong>de</strong> que há os indivíduos<br />

elevados, os civilizados (a gente endinheirada), e indivíduos bárbaros, (a<br />

gentalha ignorante) e, por isso, <strong>de</strong>stituída do direito <strong>de</strong> participar das<br />

<strong>de</strong>cisões da vida pública.<br />

[...] Enfim, o termo aplica-se à realida<strong>de</strong> contemporânea com tudo que ela<br />

comporta <strong>de</strong> irregularida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> injustiças. Nessa última acepção, a<br />

civilização é o alvo visado pela reflexão crítica, ao passo que na primeira<br />

acepção evocada seu caráter i<strong>de</strong>al fazia <strong>de</strong>la um conceito normativo que<br />

permite discriminar e julgar os não-civilizados, os bárbaros, os menos<br />

civilizados. A crítica se exerce, então, em duas direções: crítica dirigida<br />

contra a civilização; crítica formulada em nome da civilização.<br />

(STAROBINSKI, 2001, p.20)<br />

Desse modo, a civilização é máscara da barbárie, pois, através<br />

<strong>de</strong> um falso i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> educação ao alcance <strong>de</strong> todos, das ca<strong>de</strong>iras<br />

escolares como índices da mo<strong>de</strong>rnização, dissimula-se um sistema<br />

educacional que propositalmente <strong>de</strong>siguala, seja pela intenção do ensino,<br />

ou pelas altas taxas para freqüentar a escola oficialmente mencionada<br />

como pública.<br />

Educação e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> em Ribeirão Preto<br />

Nos escritos <strong>de</strong> Doin et al (2007) e Almeida (2006), recriaremos<br />

resumidamente o cenário <strong>de</strong> Ribeirão Preto, chamada <strong>de</strong> capital do café,<br />

no período da primeira república.<br />

A partir da meta<strong>de</strong> do século XIX, o café veio a ser o principal<br />

produto da economia cafeeira, e a cida<strong>de</strong>, a maior fornecedora para a<br />

exportação.<br />

DIALOGUS, Ribeirão Preto, v.4, n.1, 2008. 151


Para tanto, foi adotada uma prática racional da lavoura,<br />

investimentos na produção <strong>de</strong> ferrovias, estimulou-se a vinda <strong>de</strong> imigrantes<br />

assalariados, que lavoravam os cafezais ou ainda, uma parcela que<br />

estabeleceu casas comerciais nas áreas urbanas.<br />

Progressivamente, instalaram-se profissionais liberais como<br />

médicos, advogados, professores, comerciantes, além <strong>de</strong> trabalhadores<br />

rurais à procura <strong>de</strong> emprego nas fábricas e indústrias, tímidas, no início.<br />

Nasce, então, uma diversificada e numerosa população, digna<br />

das cida<strong>de</strong>s contemporâneas: ricos, classe média emergente,<br />

trabalhadores braçais, pobres, prostitutas, mendigos, criminosos.<br />

Em relação à infra-estrutura, os i<strong>de</strong>ais mo<strong>de</strong>rnizadores vieram<br />

como combatentes das insistentes e graves epi<strong>de</strong>mias, trouxeram a<br />

construção <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotos, uma preocupação com higienização. Da<br />

mesma bagagem, pulularam o alinhamento e calçamento das ruas, a<br />

padronização das construções, aten<strong>de</strong>ndo sempre a uma estética<br />

mo<strong>de</strong>rna, que era traduzida em medidas fiscalizadoras do comércio,<br />

cemitérios, casas, comportamentos.<br />

Entre as décadas <strong>de</strong> 1890 e 1900, que os lí<strong>de</strong>res municipais,<br />

assumindo a figura <strong>de</strong> Faustos caipiras, iniciaram mudanças e<br />

intervenções na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão Preto, para que esta fosse reprodução<br />

dos centros urbanos civilizados e exemplares. (PAZIANI, 2004, p.18).<br />

A implementação <strong>de</strong> escolas, então, é uma das ações para<br />

mo<strong>de</strong>rnizar, custe o que custar, para criar a idéia <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna,<br />

digna da arena das resoluções políticas que podiam atingir o âmbito<br />

nacional, a “Petit Paris”, como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> urbanização, civilização,<br />

prosperida<strong>de</strong>.<br />

Assim, a educação é fator mo<strong>de</strong>rnizante, posto que através <strong>de</strong>sta,<br />

são repassados os valores mo<strong>de</strong>rnos: discurso médico-sanitarista,<br />

regresso aos preceitos iluministas, novas maneiras <strong>de</strong> controle do<br />

indivíduo, ações e <strong>de</strong>cisões pautadas na busca pelo progresso.<br />

Educar é tornar polida uma nata que se imaginará gradualmente<br />

mais próxima da erudição européia. É notável a importância dada ao<br />

ensino da língua francesa (mesmo em uma gra<strong>de</strong> curricular que abarcava<br />

outros idiomas como o latim, inglês, italiano), com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir<br />

DIALOGUS, Ribeirão Preto, v.4, n.1, 2008. 152


com veracida<strong>de</strong> a fantasia francesa usada pela elite ribeirãopretana, e<br />

pelos <strong>de</strong>mais habitantes, na medida, claro, <strong>de</strong> seus rendimentos:<br />

Licções attrahentes<br />

Historias illustradas em francez<br />

[...] Nous voulons aller nous promener.<br />

Queremos ir passear.<br />

Nous courons pour obtenir nos chapeaux.<br />

Vamos a correr buscar os chapeus. (Thesouro da Juventu<strong>de</strong>,1920-1930,<br />

p. 2643)<br />

Neste sentido, os novos hábitos afrancesados não se bastam no<br />

consumo <strong>de</strong> música, moda, teatro, automóveis, prostitutas, perfumes e<br />

sabonetes, cercam e se diluem nos ensinamentos que julgam e validam<br />

prestimosas e essenciais certas atitu<strong>de</strong>s, pensamentos, embasando tais<br />

mo<strong>de</strong>rnos costumes com uma pompa vital à felicida<strong>de</strong> do homem urbano,<br />

homem do mundo.<br />

Para completar o quadro <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> nas terras interioranas,<br />

os políticos <strong>de</strong> Ribeirão Preto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os finais do século XX, protestavam<br />

por uma instituição escolar <strong>de</strong> ensino secundário, um dos ápices da<br />

educação para a época, auge da mo<strong>de</strong>rnização para a cida<strong>de</strong>.<br />

Brilhante observação <strong>de</strong> Marcus Vinicius da Cunha (2000, p.21),<br />

ao comentar que em 1906, no mesmo ano em que o 14 Bis <strong>de</strong>sfilava no<br />

céu francês, iniciavam os ajustes e convenções promovidos pela elite<br />

ribeirãopretana, no intuito <strong>de</strong> instalar na consi<strong>de</strong>rada “metrópole do café”,<br />

um colégio estadual.<br />

Além <strong>de</strong> saciar a se<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimento, ainda segundo Cunha,<br />

tornava-se possível o abandono da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expedir para a Europa,<br />

os rebentos <strong>de</strong> uma classe privilegiada, receberem no aconchego <strong>de</strong><br />

seus berços <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, a instrução intrínseca a indivíduos cultos, que, por<br />

serem <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> tal saber, lhes é concedido o direito <strong>de</strong> dirigir toda<br />

uma socieda<strong>de</strong>, ao sabor <strong>de</strong> gostos próprios, e, em pequena porção,<br />

alheios.<br />

DIALOGUS, Ribeirão Preto, v.4, n.1, 2008. 153


[...] o presi<strong>de</strong>nte Tibiriçá assinou a Lei nº 1045, que, em quatro artigos,<br />

criava o Ginásio do Estado em Ribeirão Preto; estabelecia que o programa<br />

<strong>de</strong> ensino a ser seguido era o mesmo que o dos ginásios da Capital e <strong>de</strong><br />

Campinas e que as nomeações seriam feitas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> concurso.<br />

Desse modo, entre a visita do secretário do Interior, quando foi feita a<br />

primeira reivindicação pública em prol do ensino secundário para Ribeirão<br />

Preto, e a assinatura do <strong>de</strong>creto pelo presi<strong>de</strong>nte do Estado, transcorreram<br />

apenas dois meses. Tempo recor<strong>de</strong>, mesmo naquela época. (CUNHA,<br />

2000, p. 23)<br />

Enfim, em 1907, é inaugurado o Ginásio Estadual <strong>de</strong> Ribeirão<br />

Preto, o novo que já nasce velho.<br />

Fundamentado por um corpo docente composto por médicos e<br />

advogados, os chamados lentes, diferenciados assim <strong>de</strong> meros mestres,<br />

participavam das <strong>de</strong>cisões administrativas da escola. Os peritos, munidos<br />

da representação <strong>de</strong> homem justo e esclarecido vinda <strong>de</strong> seus<br />

bacharelados, <strong>de</strong>finiam os nortes políticos e econômicos da cida<strong>de</strong>,<br />

ultrapassando claramente os muros escolares. Como exemplo, breves<br />

pontos que nos são interessantes, da biografia <strong>de</strong> Eduardo Leite Ramalho:<br />

[...] Em Ribeirão Preto, atuou como advogado e foi o primeiro promotor<br />

público da Comarca <strong>de</strong> Ribeirão Preto, nomeado em 1892. Foi também<br />

professor da ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> História Universal do Colégio Estadual. Foi prefeito<br />

municipal <strong>de</strong> Ribeirão Preto, nomeado pelo interventor estadual, nos<br />

períodos <strong>de</strong> 8/11/1930 a 12/09/1932 e 30/10/1932 a 1933 [...]<br />

(ROSA;REGISTRO, 2007, p. 166)<br />

Ao retomar a citação <strong>de</strong> Cunha, leia: “nomeações seriam feitas<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> concurso”. Prática perfeitamente compreensiva, ao<br />

apoiarmos na concepção <strong>de</strong> relações cordiais:<br />

[...] a idéia do “homem cordial” implica atentar para as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

convívio social que tanto marcaram o homem brasileiro, consistindo em<br />

relações <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>s baseadas no domínio do privado e do íntimo e<br />

DIALOGUS, Ribeirão Preto, v.4, n.1, 2008. 154


no <strong>de</strong>srespeito aos códigos <strong>de</strong> impessoalida<strong>de</strong> que regem as organizações<br />

burocráticas (como o Estado), bem como a posição e ou função exercidas<br />

pelo indivíduo. (DOIN et al, 2007, p.93)<br />

Afora, porém atrelado a este conceito, acreditamos indispensável<br />

para análise da história do Brasil, logo, do período e localida<strong>de</strong> estudados,<br />

a tese <strong>de</strong> Roberto Schwarz (2000), os mecanismos <strong>de</strong> favor, fruto das<br />

“idéias fora <strong>de</strong> lugar”, ou seja, a coexistência <strong>de</strong> idéias liberais e<br />

conservadoras, trabalho livre e escravidão, teoria e vivência.<br />

[...] Mais interessante é acompanhar-lhes o movimento, <strong>de</strong> que ela, a<br />

falsida<strong>de</strong>, é parte verda<strong>de</strong>ira. [...] Conhecer o Brasil era saber <strong>de</strong>stes<br />

<strong>de</strong>slocamentos, vividos e praticados por todos, como uma espécie <strong>de</strong><br />

fatalida<strong>de</strong>, para os quais, entretanto, não havia nome, pois a utilização<br />

imprópria dos nomes era a sua natureza [...].” (SCHWARZ, 2000, p.26)<br />

Esta miscelânea, “mediação quase universal,” entre latifundiário<br />

e homem livre, persiste pelo Império e República, e é por nós apropriada<br />

para <strong>de</strong>screver as relações <strong>de</strong> favor entre dirigentes e dirigidos, distintos,<br />

óbvio, em uma gama <strong>de</strong> agentes sociais <strong>de</strong> Ribeirão Preto, no final do<br />

século XIX, primeiras décadas do XX: coronéis, bacharéis, comerciantes,<br />

profissionais liberais, mulheres, imigrantes, trabalhadores rurais, etc.<br />

Po<strong>de</strong>mos perceber, assim, cordialida<strong>de</strong> e favor, em trechos do<br />

relatório apresentado à Câmara Municipal, prefeito municipal J.P. da Veiga<br />

Miranda:<br />

Instrucção Pública<br />

Deixando <strong>de</strong> subvencionar as escolas particulares, procurei<br />

augmentar o número <strong>de</strong> escolas providas pelo Estado e isso consegui<br />

graças à boa vonta<strong>de</strong> do ex-Secretário do Interior, Dr. Gustavo <strong>de</strong> Godoy<br />

e do actual, Dr. Carlos Guimarães.<br />

[...] Não só às escolas isoladas prestei a minha attenção e sympathia como<br />

representante da Câmara municipal. Também às escolas particulares<br />

DIALOGUS, Ribeirão Preto, v.4, n.1, 2008. 155


procurei estimular e, graças à boa vonta<strong>de</strong> do actual diretor do Grupo<br />

Escolar, Sr. Carlos Gallet, organisámos uma festa infantil, a 7 <strong>de</strong> Setembro,<br />

em que tomaram parte mais <strong>de</strong> mil creanças das escolas primárias.<br />

Além do cunho patriótico da festa, a reunião e contacto <strong>de</strong> mil<br />

creanças <strong>de</strong>senvolve a camaradagem e a fraternida<strong>de</strong>, nivelando-as a<br />

[...](1909, p.45)<br />

Interpretamos que, a educação, apesar <strong>de</strong> toda carga legal e<br />

teoricamente <strong>de</strong> direito da população, era administrada em meio a<br />

negociatas, bom grado <strong>de</strong> instâncias superiores e pessoas <strong>de</strong> alto po<strong>de</strong>r<br />

aquisitivo, daí a referência aos nomes dos secretários e o uso <strong>de</strong> palavras<br />

que indicam camaradagem entre os homens públicos, como boa<br />

vonta<strong>de</strong>, sympathia. Estes, por sua vez, seriam agra<strong>de</strong>cidos e<br />

homenageados na referida tômbola, angariando assim o apoio da<br />

numerosa população, configurando os tais mecanismos <strong>de</strong> favor.<br />

Visualizamos então, o jogo <strong>de</strong> interesses, jogo este, praticado por trás <strong>de</strong><br />

um discurso <strong>de</strong> que se preza pelo ensino, já que é indispensável para a<br />

saú<strong>de</strong> mental do povo.<br />

Analisando diversos fragmentos na redação do prefeito, po<strong>de</strong>mos<br />

i<strong>de</strong>ntificar outros elementos da educação, na época:<br />

As aulas das escolas isoladas encerraram-se no dia 22 <strong>de</strong> Dezembro com<br />

uma festa infantil no Bosque do Retiro, havendo por essa occasião uma<br />

distribuição <strong>de</strong> prendas às creanças. Para angariar essas prendas eu<br />

dirigira, dias antes, aos jornaes locais a seguinte carta:<br />

Illmo. Snr. Redactor<br />

Saudações. Devem encerrar-se a 22 do corrente as aulas das escolas<br />

públicas isoladas, a cujos exames finaes estamos proce<strong>de</strong>ndo [...]lembrei<br />

me, <strong>de</strong> naquella festa, justamente em vésperas do Natal, realisar uma<br />

tombola <strong>de</strong> brinquedos que será sorteada entre as creanças matriculadas<br />

nas escolas primarias.<br />

DIALOGUS, Ribeirão Preto, v.4, n.1, 2008. 156


[...] Para esse fim sympathico, creio todos terão prazer <strong>de</strong> concorrer. E, é<br />

por isso que me lembrei <strong>de</strong> appellar para os particulares [...] e para as<br />

casas commerciaes <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong>, pedindo pequeninos objetos para a<br />

referida tombola [...] (1909, p.45-46)<br />

Apesar do empenho que os governantes diziam possuir no<br />

tocante à criação <strong>de</strong> novas escolas, as palavras do chefe <strong>de</strong> prefeitura<br />

transparecem que havia gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> crianças excluídas do<br />

ambiente escolar (“[...]meio <strong>de</strong> attrahir para as escolas as pequenas<br />

creaturas que tantas e tantas vão crescendo na ignorancia e no<br />

analphabetismo”).<br />

Ao pensarmos que, pelos projetos urbanísticos implantados no<br />

centro da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão Preto, sob aspirações haussmanianas, e<br />

assim, conseqüente valorização da área (PAZIANI, 2004), há a<br />

transubstanciação espacial em distinção entre escola do Estado, no<br />

centro, e escolas municipais, na periferia (“[...]foram offerecidos premios<br />

a todas as classes do Grupo Escolar, assim como a todas as escolas<br />

isoladas [...].”).<br />

Além disso, encontramos os rumos incertos da receita pública,<br />

nas débeis cercas entre público e privado, na passagem “Deixando <strong>de</strong><br />

subvencionar as escolas particulares [...]”, e o apelo aos sentimentos<br />

cristãos <strong>de</strong> particulares, para subsidiar uma ação municipal, que<br />

englobava tanto instituições municipais, quanto estadual e privadas.<br />

Através da análise <strong>de</strong> diários <strong>de</strong> classe, <strong>de</strong> ensino municipal e<br />

primário (Diários <strong>de</strong> classe diversos, <strong>de</strong> escolas públicas, da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Ribeirão Preto, 1900 a 1912), encontra-se gran<strong>de</strong> abandono escolar. Tal<br />

evasão dava-se ou por mortes <strong>de</strong> doenças epidêmicas, ou por solicitação<br />

dos pais, já que os filhos <strong>de</strong>veriam se <strong>de</strong>dicar ao trabalho. Segundo Cunha<br />

(2000), o ginásio estadual igualmente não era, incólume ao grave número<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sistências, já que, no período estudado pelo autor, do total dos alunos<br />

que ingressaram na escola, computando tanto os admitidos na primeira<br />

série, quanto os que entraram nas séries intermediárias, 83,8% não se<br />

apresentaram para os exames <strong>de</strong> conclusão da sexta série.<br />

DIALOGUS, Ribeirão Preto, v.4, n.1, 2008. 157


Pensar ainda, que a instrução secundária era <strong>de</strong> acesso apenas<br />

dos filhos dos sujeitos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável po<strong>de</strong>r aquisitivo da “Petit Paris”,<br />

traz a compreensão do apontamento sobre a finalida<strong>de</strong> do ensino<br />

secundário. Uma vez que apenas as pessoas instruídas com refinamento,<br />

altamente civilizadas, eram formadas para a lida com o progresso, assim,<br />

somente uma pequena camada dominante estaria habilitada a tomar as<br />

ré<strong>de</strong>as do governo.<br />

Tais reflexões nos fazem inferir que, apesar <strong>de</strong> a educação ser<br />

um ícone da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, ao menos em Ribeirão Preto, a escola tornase<br />

apenas mais um elemento constituinte do cenário construído para<br />

criar-se a ilusão <strong>de</strong> um progresso alcançado por esta elite <strong>de</strong> novos<br />

homens, consumidora <strong>de</strong> novos hábitos, todavia, enredados nas velhas<br />

tradições.<br />

É neste sentido que chamamos a atenção para a elite que<br />

comumente é colocada nos bancos escolares do Ginásio Estadual <strong>de</strong><br />

Ribeirão Preto, durante a Primeira República. Claro que, para freqüentar<br />

as aulas do ensino secundário, era preciso ser endinheirado, pois a<br />

instituição consi<strong>de</strong>rada pública cobrava taxas obrigatórias, contudo, ao<br />

analisar os diários <strong>de</strong> classe do referido colégio, não encontramos alunos<br />

<strong>de</strong> sobrenomes dos po<strong>de</strong>rosos coronéis. Acreditamos, então, que a real<br />

elite cafeicultora não confiava a educação <strong>de</strong> seus filhos à escola local,<br />

o ensino parece não acompanhar as mesmas serieda<strong>de</strong> e soli<strong>de</strong>z<br />

proclamadas na figura dos professores. Mais seguro e legitimado pelas<br />

famílias tradicionais, era ainda, a opção pelas escolas em gran<strong>de</strong>s centros<br />

nacionais e internacionais, como São Paulo e França, e também,<br />

professores particulares, preferencialmente estrangeiros.<br />

Logo, ao consi<strong>de</strong>rar que o ensino apesar <strong>de</strong> público, era<br />

<strong>de</strong>stinado à pequena parcela da população, a educação é forma, além<br />

<strong>de</strong> reza médico-sanitarista da época, <strong>de</strong> exclusão, pois ao mesmo tempo<br />

que eleva os indivíduos instruídos ao patamar da cidadania e<br />

esclarecimento, acaba por bestializar o gran<strong>de</strong> povo, já que os bancos<br />

escolares são precários e incertos por <strong>de</strong>mais.<br />

DIALOGUS, Ribeirão Preto, v.4, n.1, 2008. 158


Consi<strong>de</strong>rações Finais<br />

No final <strong>de</strong>ste artigo, percebemos alguns sentidos da educação<br />

na Primeira República, principalmente em Ribeirão Preto.<br />

Os homens que viveram durante o regime exposto,<br />

experimentaram a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> em essência, ou seja, contraditória,<br />

produtora <strong>de</strong> dicotomias, <strong>de</strong> encenações em meio à busca por uma nova<br />

realida<strong>de</strong>, em um tempo em que arcaico e mo<strong>de</strong>rno, junto às heranças<br />

do período colonial e escravidão, constituíam uma mistura única.<br />

Na ânsia <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar, as nascentes elites trabalharam para<br />

submeter a complexa realida<strong>de</strong> brasileira aos ajustes europeus e norteamericanos.<br />

Estes mo<strong>de</strong>los, entre eles, <strong>de</strong> uma missão civilizadora, <strong>de</strong><br />

população esclarecida e participativa e da crença no progresso infalível.<br />

(SEVCENKO, 1999, p.27-28). A educação, assim, está intimamente<br />

relacionada aos projetos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e civilização, pois é imagem e<br />

indícios <strong>de</strong>stas. É intrínseca ainda, aos jogos políticos, pois legitima o<br />

po<strong>de</strong>r dos comandantes da socieda<strong>de</strong>.<br />

O ensino, na época, era máscara <strong>de</strong> uma elite que em nome do<br />

progresso rege o público em função <strong>de</strong> interesses individuais ou <strong>de</strong><br />

pequeno grupo. Pessoas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r político e econômico, que<br />

preocupavam-se sim, em pequenas e indispensáveis porções com o<br />

povo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que este fizesse parte do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões. (CARVALHO,<br />

1987, p.35).<br />

Por fim, cientes <strong>de</strong> que cada região e localida<strong>de</strong>s possuem suas<br />

particularida<strong>de</strong>s, buscamos inserir Ribeirão Preto na conjuntura da<br />

educação nacional, em uma macro-esfera, contudo, atentando a<br />

condições inerentes à cida<strong>de</strong>, o que resultou na observação dos<br />

mecanismos <strong>de</strong> cordialida<strong>de</strong> presentes também no ensino e <strong>de</strong>terminada<br />

cautela em conceber uma instrução que civilizasse toda a “plebe<br />

ignorante” ribeirãopretana.<br />

JAYME, Lúcia <strong>de</strong> R.; SOUZA, Juliana Cristina T.; CHICHITOSTTI, Angela<br />

P. M. Masks and hands: Education in Ribeirão Preto, in Primeira República.<br />

DIALOGUS, Ribeirão Preto, v.4, n.1, 2008. 159


DIALOGUS. Ribeirão Preto, v.4, n.1, 2008, p. 141-161.<br />

ABSTRACT: In this article, through the interpretation of documentary<br />

sources, we insert the education of Ribeirão Preto, during the first republic,<br />

in an education dynamics as element of mo<strong>de</strong>rnity and i<strong>de</strong>al of civilizadora<br />

mission, gifts in the end of century XIX and beginning of the XX, besi<strong>de</strong>s<br />

relating instruction as form of being able.<br />

KEYWORDS: Education, Mo<strong>de</strong>rnity, Ribeirão Preto, First Republic<br />

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