07.05.2013 Views

máscaras e mãos - Centro Universitário Barão de Mauá

máscaras e mãos - Centro Universitário Barão de Mauá

máscaras e mãos - Centro Universitário Barão de Mauá

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Pensar ainda, que a instrução secundária era <strong>de</strong> acesso apenas<br />

dos filhos dos sujeitos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável po<strong>de</strong>r aquisitivo da “Petit Paris”,<br />

traz a compreensão do apontamento sobre a finalida<strong>de</strong> do ensino<br />

secundário. Uma vez que apenas as pessoas instruídas com refinamento,<br />

altamente civilizadas, eram formadas para a lida com o progresso, assim,<br />

somente uma pequena camada dominante estaria habilitada a tomar as<br />

ré<strong>de</strong>as do governo.<br />

Tais reflexões nos fazem inferir que, apesar <strong>de</strong> a educação ser<br />

um ícone da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, ao menos em Ribeirão Preto, a escola tornase<br />

apenas mais um elemento constituinte do cenário construído para<br />

criar-se a ilusão <strong>de</strong> um progresso alcançado por esta elite <strong>de</strong> novos<br />

homens, consumidora <strong>de</strong> novos hábitos, todavia, enredados nas velhas<br />

tradições.<br />

É neste sentido que chamamos a atenção para a elite que<br />

comumente é colocada nos bancos escolares do Ginásio Estadual <strong>de</strong><br />

Ribeirão Preto, durante a Primeira República. Claro que, para freqüentar<br />

as aulas do ensino secundário, era preciso ser endinheirado, pois a<br />

instituição consi<strong>de</strong>rada pública cobrava taxas obrigatórias, contudo, ao<br />

analisar os diários <strong>de</strong> classe do referido colégio, não encontramos alunos<br />

<strong>de</strong> sobrenomes dos po<strong>de</strong>rosos coronéis. Acreditamos, então, que a real<br />

elite cafeicultora não confiava a educação <strong>de</strong> seus filhos à escola local,<br />

o ensino parece não acompanhar as mesmas serieda<strong>de</strong> e soli<strong>de</strong>z<br />

proclamadas na figura dos professores. Mais seguro e legitimado pelas<br />

famílias tradicionais, era ainda, a opção pelas escolas em gran<strong>de</strong>s centros<br />

nacionais e internacionais, como São Paulo e França, e também,<br />

professores particulares, preferencialmente estrangeiros.<br />

Logo, ao consi<strong>de</strong>rar que o ensino apesar <strong>de</strong> público, era<br />

<strong>de</strong>stinado à pequena parcela da população, a educação é forma, além<br />

<strong>de</strong> reza médico-sanitarista da época, <strong>de</strong> exclusão, pois ao mesmo tempo<br />

que eleva os indivíduos instruídos ao patamar da cidadania e<br />

esclarecimento, acaba por bestializar o gran<strong>de</strong> povo, já que os bancos<br />

escolares são precários e incertos por <strong>de</strong>mais.<br />

DIALOGUS, Ribeirão Preto, v.4, n.1, 2008. 158

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!