Família: O Primeiro Sujeito Educativo - Avsi
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Diferença e<br />
identidade:<br />
realidade<br />
constitutiva do ser<br />
humano<br />
<strong>Família</strong>: o primeiro sujeito educativo<br />
Primeiramente, pedimos ao João Carlos que aprofunde um pouco sobre o<br />
tema das relações familiares, identidade e diferença. Depois pedimos que<br />
esclarecesse como podemos recuperar na tarefa educativa a qualidade dos<br />
relacionamentos familiares frente às dificuldades encontradas na vida, no<br />
cotidiano das família?<br />
A primeira observação é que a diferença entre os sexos é algo originário.<br />
Quando dizemos originário, queremos dizer desde a origem. Devo lembrar que, logo<br />
no início do livro do Gêneses, está escrito: "Deus criou o homem e a mulher à sua<br />
imagem e semelhança". Mesmo na Bíblia aparece esta diferença sexual como originária,<br />
quer dizer desde a origem e através de toda a história e chega assim até nós.<br />
Juntamente com a diferença, percebe-se que essa diferença não é motivo de uma<br />
diversidade de valor de humanidade; há uma diferença e há uma identidade. Quer<br />
dizer homem e mulher têm a mesma dignidade: a do ser humano. Aliás, homem e<br />
mulher não são, como muitas vezes se pensa, duas metades de uma maçã, que no<br />
casamento se encontram, porque a mulher não é meio ser humano, o homem não é<br />
meio ser humano que devem encontrar suas unidades no casamento. São, ao<br />
contrário, seres humanos por inteiro. Quando se fala de identidade e de diferença,<br />
fala-se dessa realidade que é constitutiva do ser humano e que já no plano da natureza<br />
predispõe a pessoa – homem e mulher – a buscar o outro e a construir comunhão.<br />
No encontro com a outra pessoa e no estabelecimento de uma relação que é<br />
de aliança, conjugal, de comunhão, na relação com o outro o homem se realiza, a<br />
mulher se realiza. Isso significa que nós todos somos chamados à comunhão. A<br />
pessoa encontra a sua felicidade e a sua realização humana no encontro com o outro<br />
com o qual estabelece relações de comunhão; uma comunhão que imite a comunhão<br />
da Santíssima Trindade.<br />
Quando nós dizemos isso, parece que estamos dizendo algo óbvio, mas não<br />
é, porque, por exemplo, Thomas Hobbes, um filósofo de 1600, dizia: "o homem é<br />
lobo para o outro homem". Então, é lobo ou é comunhão? Eu devo me defender do<br />
outro já que é lobo? Ou então, com o outro eu me realizo? Sartre também dizia: "o<br />
inferno são os outros"; então, o inferno são os outros ou junto com os outros eu<br />
posso encontrar a minha realização humana? Evidentemente se abrem caminhos