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122<br />

vestígios até hoje encontrados no perímetro da<br />

actual cidade, anteriores a esse período, são pontuais<br />

e descontextualizados.<br />

A região a sul do Tejo parece ter sido ocupada<br />

pela força, por Musa - Ibn Nu,sayr (Tahiri, 2002:<br />

159), no seguimento da revolta dos visigodos de<br />

Sevilha e Niebla que se refugiaram <strong>em</strong> Beja, e<br />

também por árabes e berberes, que terão efectuado<br />

a expedição e recebido o pagamento <strong>em</strong><br />

terras onde se terão instalado, sobretudo na<br />

região de Beja e nas margens do Guadiana. Ao<br />

longo da costa, desde Sevilha <strong>ao</strong> Cabo de S.<br />

Vicente, terão sido os árabes i<strong>em</strong>enitas Yahsubî,<br />

sob a direcção do chefe de clã Abu I – Sabbah<br />

Yahsubî, que dominaram a região, tendo este<br />

sido nomeado governador de Ocsonoba.<br />

Aquando da chegada <strong>ao</strong> poder, Abd Al-Rahman<br />

I (756-788), que após a implantação do<br />

poder Abássida na Síria v<strong>em</strong> <strong>para</strong> o al-Andalus<br />

com grupos da clientela Omíada (Catarino, 1998:<br />

84), é organizada uma circunscrição militar, com<br />

o clã Yahsubî que dominava a região, mas estes,<br />

numa tentativa de se autonomizar<strong>em</strong>, dirig<strong>em</strong><br />

diversas revoltas <strong>ao</strong> poder Omíada, <strong>em</strong> 763 e<br />

775, e <strong>ao</strong> saír<strong>em</strong> derrotados refugiam-se <strong>em</strong><br />

Silves, não lhes tendo sido conhecido qualquer<br />

protagonismo a partir daí (Picard, 1998: 26). Este<br />

facto, parece confirmar a existência, já neste<br />

período, de um núcleo urbano, que recebeu o clã<br />

supra-referido.<br />

Segundo Tahiri (2002: 160), a segunda aportação<br />

étnica árabe que afectou o Gharb al-Andalus,<br />

foi igualmente de natureza militar. Tratava-se<br />

de um exército Omíada de mais de 10 000<br />

homens, dirigido por Balay b. Bisr al-Qasayri, dos<br />

quais 8000, seriam árabes. Deste contingente, os<br />

Hins assentaram nas Kura de Niebla e Sevilha e o<br />

contingente egípcio nas Kura de Beja e Ocsonoba.<br />

Após esta ocupação, foi mantida a organização<br />

administrativa já existente, de tradição romana,<br />

então materializada pelos visigodos <strong>em</strong> dioceses,<br />

ficando Silves integrada na Kura (distrito) de<br />

Ocsonoba, cuja capital era uma cidade do mesmo<br />

nome. Xilb ganha, entretanto, alguma importância devido <strong>ao</strong> seu desenvolvimento<br />

socioeconómico, razão pela qual, no período califal, a divisão administrativa existente<br />

mantém-se, mas a capital é transferida <strong>para</strong> Silves, tendo assim perdurado até à constituição<br />

dos primeiros reinos de Taifa, <strong>em</strong> meados do século XI.<br />

Em Silves foram os Banu Muzayn, clã de grande tradição na região, os responsáveis<br />

pela autonomização. Em Ocsonoba, outra elite local toma o poder, os Banu Harun, <strong>ao</strong><br />

que consta, de orig<strong>em</strong> cristã. São estes os dois reinos então existentes no território do<br />

actual Algarve, correspondendo, grosso modo, <strong>ao</strong> barlavento e sotavento, portanto,<br />

extensas regiões das quais dependiam pequenos distritos (iqlim), cidades (madun) e<br />

aldeias (qura). Silves passa então a ser governada a partir de 1031 (?) por Ibn Muzayn,<br />

um juiz conceituado da cidade, que marcará o início do seu verdadeiro florescimento,<br />

tanto <strong>ao</strong> nível socioeconómico como <strong>ao</strong> nível cultural. Não esqueçamos que é sob a<br />

corte dos Muzayn que se inicia literariamente Ibn Ammar e muitos outros poetas.<br />

Consta que na época, Silves era detentora de bibliotecas, livrarias e coleccionadores de<br />

obras literárias, como Abul Casim Al-Cântari (Domingues, 1945: 124). O reino independente<br />

de Silves terá pervivido até 1051 ou 1055, altura <strong>em</strong> que é cobiçado por Al-<br />

-Mo’tadid, rei de Sevilha, que incumbe o seu filho ainda muito jov<strong>em</strong>, Al-Mu’tamid, de<br />

11 ou 12 anos, com um grande e poderoso exército, de tomar a cidade, passando esta<br />

a depender do Reino Abádida de Sevilha.<br />

Al-Mu’tamid é nomeado governador da cidade de Silves, onde permanece, até seu<br />

pai o chamar a Sevilha <strong>para</strong> ser pre<strong>para</strong>do <strong>para</strong> a ascensão <strong>ao</strong> trono, após a sua morte.<br />

Quando esta ocorre, <strong>em</strong> 1074, assume o poder e nomeia Ibn Ammar, conhecido poeta<br />

originário das redondezas de Silves, com qu<strong>em</strong> havia travado conhecimento na Corte<br />

de Sevilha e consolidado amizade durante a sua permanência <strong>em</strong> Silves, <strong>para</strong> governar<br />

a cidade por que se apaixonara e que s<strong>em</strong>pre recorda com saudade nos seus po<strong>em</strong>as.<br />

Algum t<strong>em</strong>po depois, Al-Mu’tamid, não suportando as investidas cristãs protagonizadas<br />

por Afonso VI de Castela, chama uma tribo guerreira do Norte de África <strong>para</strong> o auxiliar,<br />

deslocando-se os Almorávidas <strong>ao</strong> al-Andalus <strong>em</strong> 1086, 1088 e 1090, comandados pelo<br />

t<strong>em</strong>ível Yusuf Taxufin, que acaba por recolher apoios diversos e tomar o poder a Al-<br />

-Mu’tamid, apoderando-se do extensíssimo reino de Sevilha.<br />

É nesta fase que Silves assume de novo grande protagonismo na história do Gharb<br />

al-Andalus. O descontentamento generalizado quanto à política Almorávida, desencadeia<br />

revoltas e a proclamação de novos reinos independentes, designados por segundas<br />

taifas. Em Silves constitui-se novo reino autónomo, por volta de 1145, chefiado por<br />

Ibn Qasí, segundo as fontes, um muladíe recém-convertido mas devotadíssimo, fundador<br />

de um ribat na Qaria Jilla, localizada nos arredores da cidade de Silves (Picard,<br />

2001: 205).<br />

Estamos numa época muito agitada, de anexações e perdas sucessivas de pequenos<br />

reinos, de alianças e traições, situação que entra <strong>em</strong> completo descontrolo, levando<br />

Ibn Qasí a chamar <strong>em</strong> seu auxílio outra tribo do Norte de África, que <strong>em</strong> Marrocos tinha<br />

subtraído o poder <strong>ao</strong>s Almorávidas. Era a primeira vinda dos Almóadas mas continua a<br />

grande conturbação, com novas alianças, ora com cristãos, ora de novo com Almorávidas,<br />

ora mais uma vez com Almóadas e mais uma vez ainda com cristãos, até que, na

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