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estratigráficos deste período com el<strong>em</strong>entos de<br />
datação fiáveis. Diferente é o panorama referente<br />
<strong>ao</strong>s séculos X e XI <strong>em</strong> que contamos com um<br />
acervo de objectos provenientes de estratos selados<br />
de abandono das vivendas do Castelo de<br />
Mértola, entre os quais se distingue um conjunto<br />
de produções cerâmicas autóctones. Neste<br />
grupo, destacam-se cerâmicas de cozinha e algumas<br />
formas de mesa ornamentadas com motivos<br />
pintados a vermelho ou branco. Trata-se, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, de um tipo de panela de colo cilíndrico<br />
curvo, corpo lev<strong>em</strong>ente piriforme invertido com<br />
uma única asa entre o bordo e o bojo e base convexa<br />
(Fig. 1.1; Gómez, 2006: 315-317). Destaca-<br />
-se, também, um segundo tipo com colo troncocónico<br />
invertido comprido e fort<strong>em</strong>ente estriado,<br />
bojo lev<strong>em</strong>ente piriforme invertido, uma única<br />
asa, e base convexa ou plana (Fig. 1.2; Gómez,<br />
2006: 317). Estes dois tipos encontram-se <strong>em</strong><br />
sítios próximos a Mértola (Fig. 1.3) como o Castelo<br />
Velho e o Castelo das Relíquias <strong>em</strong> Alcoutim,<br />
(Catarino, 1997/98) e <strong>em</strong> Mesas do Castelinho<br />
(Guerra e Fabião, 1991 e Fabião e Guerra, 1993).<br />
O mesmo pod<strong>em</strong>os dizer de vários tipos de<br />
jarrinhas. O primeiro é a jarrinha de colo cilíndrico<br />
e corpo globular, com duas asas verticais<br />
entre a parte superior do colo e o ombro, e base<br />
plana ou convexa (Fig. 2.1; Gómez, 2006: 377). O<br />
segundo tipo corresponde à jarrinha de colo cilíndrico<br />
largo, aproximadamente do mesmo tamanho<br />
que o bojo, sendo este cilíndrico curvo, com<br />
duas suaves carenas, uma no ombro e outra<br />
junto à base lev<strong>em</strong>ente convexa (Fig. 2.2; Gómez,<br />
2006: 389). O terceiro, s<strong>em</strong>elhante <strong>ao</strong> anterior,<br />
possui colo aproximadamente cilíndrico curvo,<br />
largo e alto, maior do que o corpo do qual é se<strong>para</strong>do<br />
por uma forte inflexão, e apresenta carena<br />
baixa pouco marcada e base convexa (Fig. 2.3;<br />
Gómez, 2006: 390). Estes recipientes costumam<br />
aparecer com motivos ornamentais reticulados<br />
pintados a vermelho ou a branco, e encontram-se<br />
num âmbito territorial um pouco mais alargado<br />
(Fig. 2.4) que inclui também o Castro da Cola<br />
Figura 1 – Panelas de produção local encontradas nas escavações do Castelo de Mértola<br />
(século X-XI).<br />
(Viana, 1960), o Montinho das Laranjeiras (Coutinho, 1993), Vilamoura (Matos, 1991) e<br />
São Bartolomeu de Messines (Pires e Ferreira, 2003: Fig. 10).<br />
Assim pois, estes materiais, idênticos àqueles que foram considerados como produções<br />
locais, encontram-se <strong>em</strong> sítios próximos de Mértola, num raio de 100 km. Estes<br />
<strong>para</strong>lelos desenham um mapa de intercâmbios a pequena distância, no qual os percursos<br />
fluviais não parec<strong>em</strong> ter muita mais importância do que os terrestres. Isto pode<br />
observar-se nas fortes conexões existentes com povoações rurais da Serra do Algarve<br />
cujo aceso devia realizar-se a pé ou a dorso de mula. Do qu<strong>em</strong> não existe o mais leve<br />
indício é dos agentes responsáveis por este intercâmbio: seriam almocreves e vendedo