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previam esta possibilidade, aliás, previam até a<br />

possibilidade da existência simultânea de duas<br />

mesquitas aljama na mesma cidade, quando esta<br />

detivesse dois sectores e a separá-los um obstáculo<br />

difícil de transpor, como um rio ou fosso<br />

s<strong>em</strong> ponte, ou ainda, quando a aljama se situasse<br />

muito longe e o percurso oferecesse perigo<br />

(Calero, 2000: 128). Também poderia suceder<br />

não ser possível ampliar a mesquita existente e,<br />

tal como supomos ter sucedido <strong>em</strong> Silves, esta já<br />

não albergar toda a população na velha mesquita<br />

(Carmona, 2000: 151). Por vezes era difícil ou<br />

impossível expropriar os edifícios adjacentes, ou<br />

seria mais caro ampliar do que construir de novo,<br />

sendo que, neste caso, a mesquita nova substituiria<br />

a velha. De qualquer modo, são três argumentos<br />

que derivam de uma pr<strong>em</strong>issa – a necessidade.<br />

De uma perspectiva diferente, pod<strong>em</strong>os sustentar<br />

a existência da mesquita principal nesta<br />

zona ribeirinha, quiçá muito perto do porto, se tal<br />

como Torres Balbás (1982a: 215), equacionarmos<br />

as cidades portuárias, como seria Silves,<br />

com o seu centro nevrálgico – mercados e mesquita,<br />

muito perto da zona portuária. Julgamos,<br />

obviamente, necessitar de mais vestígios físicos<br />

que eventualmente possam dar um pouco mais<br />

de sustentação a qualquer destas teses.<br />

4.2. Os banhos públicos<br />

A notícia mais antiga da existência de banhos<br />

<strong>em</strong> Silves é-nos dada pelo Foral Afonsino, datado<br />

de 1266. No mesmo, o rei guarda <strong>para</strong> si e todos<br />

os seus sucessores, entre outros bens, as fangas<br />

e os banhos da vila (Silva e Andrade, 1993: 23).<br />

Quanto à sua localização, a informação v<strong>em</strong> do já<br />

tão falado Livro do Almoxarifado de Silves, de<br />

1474. Ali, <strong>ao</strong> ser descrita a propriedade da coroa,<br />

o almoxarife vai localizando os seus bens com<br />

referências que nos permit<strong>em</strong> algumas reconstituições<br />

topográficas. Ao mencionar umas tendas<br />

existentes do lado esquerdo da antiga Rua Direita, actual Rua da Sé, a que se acede<br />

directamente <strong>ao</strong> transpor a Porta da Almedina, ele vai referindo umas tendas que pelas<br />

traseiras entestavam «com huns chãas que <strong>em</strong> outro t<strong>em</strong>po foram banhos» (Leal e<br />

Domingues, 1984: 13, 14, 15). Tal menção permite localizar com exactidão a implantação<br />

dos banhos muçulmanos, que ocupariam, sensivelmente, umas três a quatro habitações<br />

cuja fachada principal abriria <strong>para</strong> a actual Rua da Cadeia (Fig. 1 – B).<br />

Curiosamente, Rosa Varela Gomes situa os banhos um pouco mais <strong>para</strong> poente e a<br />

uma cota inferior, relacionando os 8 arcos construídos <strong>para</strong> suportar a plataforma que<br />

recebe o edifício da Câmara Municipal, que destruiu o sector de muralha aí existente e a<br />

torre que ostentava a Porta <strong>em</strong> Ferradura já referidos, como parte do edifício dos banhos<br />

(Gomes, 2002a: 111; 2006: 8). Se observarmos a foto de 1883 (Fig. 5) verificámos a<br />

existência do tramo de muralha referido b<strong>em</strong> como da porta <strong>em</strong> ferradura mas, se com<strong>para</strong>rmos<br />

esta foto com outra (Fig. 7), registada algures entre 1883 e 1889 (o edifício da<br />

Câmara Municipal inaugurou <strong>em</strong> 1891), verificamos profundas alterações naquela zona<br />

e a construção da arcaria <strong>para</strong> suportar o novo edifício da Câmara Municipal. Julgamos<br />

que se percebe b<strong>em</strong>, que a construção daquela estrutura porticada, é uma solução técnica<br />

<strong>para</strong> contenção de terras e suporte do imponente edifício municipal, não tendo<br />

qualquer relação com r<strong>em</strong>iniscências de outro qualquer edifício hipoteticamente ali existente<br />

<strong>em</strong> período islâmico.<br />

4.3. Os mercados<br />

(…) A cidade é bonita e nela se vêm elegantes edifícios e mercados b<strong>em</strong> fornecidos<br />

(…) (Coelho, 1989: 66). É assim que Al-Edrisí se refere a Silves na primeira metade do<br />

século XII.<br />

Tal como era habitual nas cidades islâmicas, existiam mercados permanentes e<br />

mercados ocasionais ou t<strong>em</strong>porários. Os mercados permanentes situavam-se, <strong>em</strong> regra,<br />

perto da mesquita principal <strong>em</strong>bora pudess<strong>em</strong> coexistir outros nos arrabaldes, quando<br />

se tratasse de cidades de grandes dimensões. Era frequente que os mercados permanentes<br />

se distribuíss<strong>em</strong> por diversas ruas e tendess<strong>em</strong> a organizar-se por sectores<br />

de actividade, parece que assim ditava Ibn Abdun no seu Tratado de Hisba <strong>em</strong> 1100<br />

(Sevilha) – «que o Almotacén deveria colocar reunidos os artesãos de um mesmo<br />

ofício, por ser mais digno e seguro» (Torres Balbás, 1982: 59).<br />

Em 1474, o Livro do Almoxarifado de Silves começa por descrever a propriedade<br />

régia existente no lado esquerdo da Rua Direita e, curiosamente, as cinco primeiras propriedades<br />

eram tendas, a oitava era aduana e a nona era loja (Leal e Domingues, 1984:<br />

13, 14 e 15) sendo que, um pouco mais acima e ainda na mesma rua se situava a casa<br />

das fangas e os açougues. Certamente que se trata de uma rua que teria um carácter<br />

comercial <strong>em</strong> período islâmico, mantendo-se esta vocação, pelo menos até final do<br />

século XV. Ainda na mesma fonte medieva é referida a Rua da Çapataria Velha (id<strong>em</strong>: 30<br />

e 31), a única, <strong>para</strong> além da Rua Direita, designada por nome próprio. Tratar-se-ia com<br />

grande probabilidade de uma rua onde no período islâmico se situariam várias sapata

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