15.05.2013 Views

Crônicas Agudas Coelho de Moraes - Página de Idéias

Crônicas Agudas Coelho de Moraes - Página de Idéias

Crônicas Agudas Coelho de Moraes - Página de Idéias

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Crônicas</strong> <strong>Agudas</strong><br />

Tais seres muganguenses – disse-o eu, lembrando do cheiro <strong>de</strong> goiaba, aos modos <strong>de</strong> Macondo, - eles praticam tudo aquilo já foi, sempre, sem perceber que o futuro é o novo que <strong>de</strong>ve espantar a todos. Mesmo espantar a quem pratica o novo. -<br />

A prática do futuro requer têmpera e coragem, - a musa concluiu, balançando sua cabeça <strong>de</strong> cabelos ruivos. Os cacheados aqueles. E fechou seu livro: - Requer tempo, na verda<strong>de</strong>. Ousadia. Audácia. Sem audácia não se faz uma Revolução -<br />

Sem audácia burguesa. Audácia e a fome do outro. Sim, pois o pobre faminto não tem audácia. Francesa.<br />

para os dois lados para ver se alguém nos observava. - Acho que você exagera, Clio... - Kleio. Não gosto que me chamam assim... não é Clio... é Kleio... Olhei<br />

Desculpa sempre me esqueço que você é quem confere a fiama... a musa da História... - Se não a fama, disse ela, pelo menos o crédito <strong>de</strong> algum feito. -<br />

pestenejar ela tomou do clarim heróico e obrigou os céus a se elevarem durante bem uns cinco mintuos. Quando ela parou perguntei, para puzar qualquer Sem<br />

- O que é que você está lendo? - Tucíddi<strong>de</strong>s... – e, mostrou-me o livro, - o livro é muito antigo, confeccionado num assunto...:<br />

frrágil, mas eu tomo muiuto cuidado com ele. Eu amo os livros... e aqui diz, - abriu repentinamente as páginas amareladas e apontou num verbete, - aqui diz que os muganguenses atuais não praticam o caminho que vai para a frente, porém, pensam que material<br />

- Sei, - disse eu, - in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> romancear futuros frutos e COSMicida<strong>de</strong> por- sim.<br />

Temem, na verda<strong>de</strong>, a CAOScida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>vir e se escon<strong>de</strong>m sob capas duras dos livros já escritos. Muganguenses da estirpe Átila-café dão passos para trás e posam <strong>de</strong> cultos. Estátuas <strong>de</strong> sal. vir.<br />

Há que passar esta geração, - disse ela - Muganguenses, aqui nascidos ou não, pensam na repetição do óbvio e tratam disso como novida<strong>de</strong>. São mímicos e cegos ao mesmo tempo e cada passo representa retorno ao que há <strong>de</strong> pior a uma era romana da -<br />

dos imperadores. Todos loucos, aliás. É necessário reafirmar a burrice pois <strong>de</strong>cadência<br />

impérios on<strong>de</strong> se estabelecem novelas e sopóperas, dizquediz <strong>de</strong> esquinas e papo político do leva e traz inter-bares, sopapos literários e prolapsos <strong>de</strong> úteros tardiamente estéreis, não po<strong>de</strong> merecer epíteto outro que não seja o da limitada capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reflexão.<br />

100 falou como se vento fosse. Brisa macia. Na verda<strong>de</strong> nem estava aí.<br />

Kleio

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!