Crônicas Agudas Coelho de Moraes - Página de Idéias
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<strong>Crônicas</strong> <strong>Agudas</strong><br />
Atraso Histórico: Qual é a ação dos interessados afro-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes? Há reuniões? Debatem<br />
o assunto? Refletem sobre as perdas? É reunião secreta? O Brasil foi o último país no mundo<br />
a abolir a escravidão e o penúltimo a interromper o tráfico <strong>de</strong> seres humanos. A Igreja via<br />
tudo dava apoio. Tinha ela também sua cota <strong>de</strong> escravos. O país foi também o que mais<br />
recebeu escravos vindos da África entre as Américas – cerca <strong>de</strong> 3,6 milhões. Fica por isso<br />
mesmo? Sugiro que as terras das igrejas <strong>de</strong> cada cida<strong>de</strong> sejam divididas entre os<br />
afro/<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Po<strong>de</strong>mos começar daí. E que cada igreja <strong>de</strong> cada cida<strong>de</strong> peça <strong>de</strong>sculpas<br />
públicas. De joelhos.<br />
Números vergonhosos: Um Brasil branco 2,5 vezes mais rico que o Brasil negro. Dos<br />
pobres, 64% é negro e dos indigentes 69% são negros. De acordo com o MEC – po<strong>de</strong>-se<br />
questionar, mas, não sentado em seu trono <strong>de</strong> cana-ver<strong>de</strong> - 15,7% dos estudantes formados<br />
são negros e 84,3% são brancos (quer dizer, brancos... quem é branco nesse país?). De acordo<br />
com o IBGE, para cada ano <strong>de</strong> estudo, os consi<strong>de</strong>rados brancos têm sua renda elevada em<br />
1,25 salários, enquanto os negros 0,53 salários. Portanto há preferência clara e a facilida<strong>de</strong> que<br />
advieram dos 300 anos <strong>de</strong> escravidão. Isso é inegável.<br />
Quem muda a situação?: De acordo com a justiça distributiva um indivíduo ou grupo têm<br />
direito <strong>de</strong> reivindicar as vantagens perdidas por condições sociais adversas. Será esse o caso?<br />
Quem sabe uma análise <strong>de</strong> ascendência. Netos e bisnetos <strong>de</strong> escravos. Alguém ainda tem a<br />
carta <strong>de</strong> alforria da família? Ou Reivindicações: Para a superação do racismo, é imperativo<br />
que se adote uma política <strong>de</strong> reparações que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a in<strong>de</strong>nização material, passando por<br />
um conjunto <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> ações afirmativas. Todos se interessam por ações como essa? Tem<br />
algum advogado quem vai peitar a situação? Isso tudo tem a ver com a realida<strong>de</strong> e a<br />
conjuntura política atual? Os políticos negros se interessam pelo caso? Há quem diga que os<br />
negros escravizavam a si mesmo. Isso serve <strong>de</strong> atenuante ou agravante? Ou serve para nada?<br />
Seguirão daí como consequências: Cotas proporcionais à dimensão populacional <strong>de</strong><br />
negros/as no Brasil, concomitante a um super-melhoramento no ensino gratuito para todos, e<br />
esperamos que isso queira dizer melhora no sentido <strong>de</strong> LIBERDADE, e não <strong>de</strong> obediência.<br />
Mais. Cotas proporcionais a negros/as nos cargos comissionados no serviço público<br />
municipal. Isso po<strong>de</strong> começar hoje aqui em Mococa. É fácil, pois, tem muita gente<br />
incompetente em seus troninhos e sinecuras e no próximo concurso a quota já po<strong>de</strong> valer – os<br />
legisladores levantarão suas penas e trabalharão nisso. E não há dúvida alguma sobre isso. A<br />
cor da pele manda. Se ficar no café com leite negro não é. Tem que ser negro negro mesmo.<br />
Quase azul. Elegeremos como padrão os BANTOS. Ou mais condizente com as crianças<br />
Yoruba da foto. E, à medida que negros e brancos mais se miscigenam as cotas diminuirão<br />
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