APOSTILA - O sol da Igreja - Maria Mãe da Igreja
APOSTILA - O sol da Igreja - Maria Mãe da Igreja
APOSTILA - O sol da Igreja - Maria Mãe da Igreja
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Não sei se é possível, ou se é conveniente, falar de “reforma <strong>da</strong> reforma”. O que vejo<br />
ab<strong>sol</strong>utamente necessário e urgente, segundo o que deseja o Papa, é <strong>da</strong>r vi<strong>da</strong> a um novo, claro e<br />
vigoroso movimento litúrgico em to<strong>da</strong> a <strong>Igreja</strong>. Porque, como explica Bento XVI, no primeiro<br />
volume de sua Opera Omnia, em relação à liturgia se decide o destino <strong>da</strong> fé e <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>. Cristo<br />
está presente na <strong>Igreja</strong> através dos sacramentos. Deus é o sujeito <strong>da</strong> história, e não nós. A<br />
liturgia não é uma ação do homem, mas de Deus.<br />
O Papa, mais que decisões impostas de cima, fala com o exemplo. Como ler as mu<strong>da</strong>nças<br />
introduzi<strong>da</strong>s por ele nas celebrações papais?<br />
Acima de tudo, não deve haver nenhuma dúvi<strong>da</strong> sobre a bon<strong>da</strong>de <strong>da</strong> renovação litúrgica<br />
conciliar, que trouxe grandes benefícios para a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>, como a participação mais<br />
consciente e ativa dos fiéis e a presença enriqueci<strong>da</strong> <strong>da</strong> Sagra<strong>da</strong> Escritura. Mas, além destes e<br />
outros benefícios, não faltaram sombras, surgi<strong>da</strong>s nos anos seguintes ao Vaticano II: a liturgia,<br />
isso é fato, foi “feri<strong>da</strong>” por deformações arbitrárias, provoca<strong>da</strong>s também pela secularização que<br />
desgraça<strong>da</strong>mente atinge também dentro <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>. Consequentemente, em muitas celebrações<br />
já não se coloca Deus no centro, mas o homem e seu protagonismo, sua ação criativa; o papel<br />
principal é <strong>da</strong>do à assembléia. A renovação conciliar foi entendi<strong>da</strong> como uma ruptura, e não<br />
como um desenvolvimento orgânico <strong>da</strong> Tradição. Devemos reavivar o espírito <strong>da</strong> liturgia e para<br />
isso são significativos os gestos introduzidos nas liturgias do Papa: a orientação <strong>da</strong> ação<br />
litúrgica, a cruz no centro do altar, a comunhão de joelhos, o canto gregoriano, o espaço para o<br />
silêncio, a beleza na arte sacra. É também necessário e urgente promover a Adoração<br />
Eucarística: diante <strong>da</strong> presença real do Senhor, não se pode senão estar em adoração.<br />
Quando se fala de uma recuperação <strong>da</strong> dimensão do sagrado, há sempre quem apresente tudo<br />
isso como um simples retorno ao passado, fruto de nostalgia. Como o senhor responde?<br />
A per<strong>da</strong> do sentido do sagrado, do Mistério, de Deus, é uma <strong>da</strong>s per<strong>da</strong>s de consequências<br />
mais graves para um ver<strong>da</strong>deiro humanismo. Quem pensa que reavivar, recuperar, reforçar o<br />
espírito <strong>da</strong> liturgia e a ver<strong>da</strong>de <strong>da</strong> celebração é um simples retorno a um passado superado,<br />
ignora a ver<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s coisas. Colocar a liturgia no centro <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> não é em na<strong>da</strong><br />
nostálgico, mas, pelo contrário, é garantia de estar a caminho em direção ao futuro.<br />
Como julga o estado <strong>da</strong> liturgia católica no mundo?<br />
Diante do risco <strong>da</strong> rotina, diante de algumas confusões, <strong>da</strong> pobreza e <strong>da</strong> banali<strong>da</strong>de do<br />
canto e <strong>da</strong> música sacra, pode-se dizer que há uma certa crise. Por isso é urgente um novo<br />
movimento litúrgico. Bento XVI, indicando o exemplo de São Francisco de Assis, muito devoto<br />
do Santíssimo Sacramento, explicou que o ver<strong>da</strong>deiro reformador é alguém que obedece a fé:<br />
não se move de maneira arbitrária e não se arroga nenhuma discricionarie<strong>da</strong>de sobre o rito.<br />
Não é o dono, mas o custódio do tesouro instituído pelo Senhor e confiado a nós. O Papa,<br />
portanto, pede à nossa Congregação promover uma renovação segundo o Vaticano II, em<br />
sintonia com a tradição litúrgica <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>, sem esquecer a norma conciliar que prescreve não<br />
introduzir inovações exceto quando as requererem uma ver<strong>da</strong>deira e comprova<strong>da</strong> utili<strong>da</strong>de<br />
para a <strong>Igreja</strong>, com a advertência de que as novas formas, em todo caso, devem surgir<br />
organicamente <strong>da</strong>s já existentes.<br />
O que pretende fazer como Congregação?<br />
Devemos considerar a renovação litúrgica segundo a hermêutica <strong>da</strong> continui<strong>da</strong>de na<br />
reforma indica<strong>da</strong> por Bento XVI para ler o Concílio. E para fazê-lo, é necessário superar a<br />
tendência de “congelar” o estado atual <strong>da</strong> reforma pós-conciliar, de um modo que não faz<br />
justiça ao desenvolvimento orgânico <strong>da</strong> liturgia <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>.<br />
Estamos tentando levar adiante um grande empenho na formação dos sacerdotes,<br />
seminaristas, consagrados e fiéis leigos, para favorecer a compreensão do ver<strong>da</strong>deiro significado<br />
<strong>da</strong>s celebrações <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>. Isso requer uma adequa<strong>da</strong> e ampla instrução, vigilância e fideli<strong>da</strong>de<br />
nos ritos, e uma autêntica educação para vivê-los plenamente. Este empenho será acompanhado<br />
pela revisão e pela atualização dos textos introdutórios de diversas celebrações. Somos<br />
conscientes também de que <strong>da</strong>r impulso a este novo movimento não será possível sem uma<br />
renovação pastoral <strong>da</strong> iniciação cristã.<br />
Uma perspectiva que deveria ser aplica<strong>da</strong> também à arte e à música…<br />
O novo movimento litúrgico deverá fazer descobrir a beleza <strong>da</strong> liturgia. Por isso,<br />
abriremos uma nova seção em nossa Congregação dedica<strong>da</strong> à “Arte e música sacra” a serviço<br />
35