APOSTILA - O sol da Igreja - Maria Mãe da Igreja
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que significa ver<strong>da</strong>deiramente a “reforma do clero” no pensamento e magistério do Santo Padre Bento<br />
XVI?<br />
Cardeal Piacenza: Se aqueles que argumentam isto fossem seguidos, criariam um crack<br />
inaudito. Os remédios sugeridos agravariam terrivelmente os males e seguiriam a lógica inversa do<br />
Evangelho. Fala-se de <strong>sol</strong>idão? Mas por quê? Acaso Cristo é um fantasma? A <strong>Igreja</strong> é um cadáver<br />
ou está viva? Os Santos sacerdotes dos séculos passados foram homens anormais? A santi<strong>da</strong>de é<br />
uma utopia, um assunto para poucos predestinados, ou uma vocação universal, como nos<br />
recordou o Concílio Vaticano II?<br />
Não se deve baixar e sim elevar o tom: esse é o caminho. Se a subi<strong>da</strong> for árdua devemos tomar<br />
vitaminas, devemos reforçar-nos e, fortemente motivados, sobe-se com muita alegria no coração.<br />
Vocação significa “chama<strong>da</strong>” e Deus segue chamando, mas é necessário poder escutar e, para<br />
escutar, é necessário não ter as orelhas tampa<strong>da</strong>s, é necessário fazer silêncio, é necessário poder ver<br />
exemplos e sinais, é necessário olhar a <strong>Igreja</strong> como o Corpo, no qual ocorre sempre o acontecimento<br />
do Encontro com Cristo.<br />
Para ser fiéis é necessário estar apaixonados. Obediência, casti<strong>da</strong>de no celibato, dedicação<br />
total no serviço pastoral sem limite de calendário ou de horário, se estamos realmente<br />
apaixonados, não são percebidos como constrições, mas como exigências do amor que<br />
constitutivamente não poderia não doar-se. Não são tantos “nãos,” mas um grande “sim” como<br />
aquele <strong>da</strong> Santa Virgem na Anunciação.<br />
A reforma do clero? É o que eu invoco desde que era seminarista e logo um jovem sacerdote<br />
(falo dos anos 1968 -1969) e me enche de alegria escutar como o Santo Padre invoca continuamente<br />
tal reforma como uma <strong>da</strong>s mais urgentes e necessárias na <strong>Igreja</strong>. Mas recordemos que a reforma <strong>da</strong><br />
qual se fala não é “mun<strong>da</strong>na” e sim católica!<br />
Acredito que, em uma extrema síntese, pode-se dizer que o Papa considera muito importante<br />
um clero seguro e humildemente orgulhoso <strong>da</strong> própria identi<strong>da</strong>de, completamente identificado com o<br />
dom de graça recebido e pelo qual, conseguintemente, seja clara a distinção entre “Reino de Deus”<br />
e mundo. Um clero não secularizado, que não sucumbe às mo<strong>da</strong>s passageiras nem aos costumes<br />
do mundo. Um clero que reconheça, viva e proponha a primazia de Deus e, de tal primazia, saiba<br />
fazer descender to<strong>da</strong>s as conseqüências. Mais simplesmente a reforma consiste em ser o que devemos<br />
ser e procurar ca<strong>da</strong> dia chegar a ser o que somos. Trata-se então de não confiar tanto nas estruturas,<br />
nas programações humanas, mas sim e sobre tudo na força do Espírito.<br />
Grupo ACI: Fala-se com freqüência também do “sacerdócio feminino”. De fato existe nos<br />
Estados Unidos um movimento que pretende e exige o sacerdócio e a ordenação de bispas mulheres, e<br />
que afirmam ter recebido tal man<strong>da</strong>to dos sucessores dos Apóstolos.<br />
Cardeal Piacenza: A Tradição Apostólica, neste sentido, é de uma clari<strong>da</strong>de ab<strong>sol</strong>utamente<br />
inequívoca. A grande e ininterrupta Tradição eclesiástica sempre reconheceu que a <strong>Igreja</strong> não recebeu<br />
de Cristo o poder de conferir a ordenação às mulheres.<br />
Qualquer outra reivindicação tem o sabor <strong>da</strong> auto-justificação e é, histórica e dogmaticamente,<br />
infun<strong>da</strong><strong>da</strong>. Em qualquer sentido, a <strong>Igreja</strong> não pode “inovar” simplesmente porque não tem o poder<br />
para fazê-lo neste caso. A <strong>Igreja</strong> não tem um poder superior ao de Cristo!<br />
Onde vemos comuni<strong>da</strong>des não católicas guia<strong>da</strong>s por mulheres, não devemos nos maravilhar<br />
porque onde não é reconhecido o sacerdócio ordenado, a guia obviamente é confia<strong>da</strong> a um fiel leigo e,<br />
em tal caso, que diferença existe se esse fiel for homem ou mulher? A preferência de um sobre outro<br />
seria só um <strong>da</strong>do sociológico e portanto mutável, em evolução. Se fossem apenas homens então seria<br />
discriminador. A questão não é entre homens e mulheres mas entre fiéis ordenados e fiéis leigos, e a<br />
<strong>Igreja</strong> é hierárquica porque Jesus Cristo a fundou assim.<br />
O Sacerdócio ordenado, próprio <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> Católica e <strong>da</strong>s <strong>Igreja</strong>s Ortodoxas, está reservado aos<br />
homens e isto não é discriminação à mulher, mas simplesmente conseqüência <strong>da</strong> insuperável<br />
historici<strong>da</strong>de do evento <strong>da</strong> Encarnação e <strong>da</strong> teologia paulina do corpo místico, no qual ca<strong>da</strong> um tem<br />
seu próprio papel e se santifica e produz fruto em coerência com o próprio lugar.<br />
Se logo depois tudo isto for interpretado em chave de poder, então estamos completamente fora<br />
do caminho, porque na <strong>Igreja</strong> só a Beata Virgem <strong>Maria</strong> é “onipotência suplicante”, como nenhum<br />
outro o é, pelo qual uma mulher é bastante mais poderosa que São Pedro. Mas Pedro e a Virgem têm<br />
papéis diferentes e ambos essenciais. Eu escutei muito isto também em não poucos ambientes <strong>da</strong><br />
Comunhão anglicana.<br />
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