A PODA EM CAFEZAIS - Fundação Procafé
A PODA EM CAFEZAIS - Fundação Procafé
A PODA EM CAFEZAIS - Fundação Procafé
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A <strong>PODA</strong><br />
ANO 4 - Nº 11 - JANEIRO/ABRIL - 2007<br />
<strong>EM</strong> <strong>CAFEZAIS</strong>
Vem aí o 5º Curso de Atualização em<br />
Cafeicultura, na <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>.<br />
PARTICIP<strong>EM</strong>!<br />
Será realizado em Varginha, no período de 17 a 19 de julho/2007.<br />
As inscrições poderão ser feitas a partir de 15/06/2007, na <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>,<br />
por telefone (35) 3214-1411 ou por e-mail: contato@fundacaoprocafe.com.br<br />
Vagas limitadas.<br />
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Temas a serem abordados:<br />
Cultivares de café<br />
Efeito das mudanças climáticas na cultura do café<br />
Desequilíbrio e interações nas pragas e doenças do cafeeiro<br />
Irrigação do cafeeiro<br />
Práticas de recuperação dos cafezais<br />
Floração e frutificação do cafeeiro<br />
Classificação e manejo de solos para café<br />
Propagação vegetativa de plantas superiores<br />
Café Conillon: Tecnologias e perspectivas<br />
Evolução na poda de cafeeiros<br />
Secagem do café com novos sistemas<br />
Custo de produção: Gestão<br />
Mais informações? Consulte nosso site:
REVISTA BRASILEIRA DE<br />
TECNOLOGIA CAFEEIRA<br />
FUNDAÇÃO PROCAFÉ<br />
CONVÊNIO MAPA/FUNPROCAFÉ/UFLA<br />
Capa: Cafeeiros de lavoura na FEX -<br />
Varginha, da variedade Catuaí, com 20<br />
anos de idade, podados por decote baixo (a<br />
1,5m) em agosto/06. Foto em maio/07.<br />
NOTA DO EDITOR<br />
Neste número especial da Revista<br />
Coffea, dedicamos toda a matéria<br />
sobre a recomendação de poda em<br />
cafezais.<br />
O assunto foi escolhido pela sua<br />
atualidade, tendo em vista a<br />
necessidade de adaptar as lavouras,<br />
por intermédio de podas,<br />
combinando a manutenção de uma<br />
boa produtividade com a facilidade<br />
de manejo dos tratos.<br />
O texto é, na realidade, um tipo de<br />
boletim técnico, que trata dos<br />
objetivos, de como, quando e porque<br />
realizar as podas nos cafezais.<br />
O material se destina a técnicos e a<br />
produtores, que prestam assistência<br />
ou realizam os tratos em suas<br />
lavouras, constituindo a base para a<br />
tomada de decisão sobre a adoção das<br />
podas, de acordo com o tipo da<br />
lavoura, escolhendo o sistema de<br />
poda mais adequado e executando-a<br />
na época e de modo mais corretos.<br />
ANO 4 - Nº 11 - JANEIRO/ABRIL - 2007<br />
RECOMENDANDO<br />
A <strong>PODA</strong> <strong>EM</strong> <strong>CAFEZAIS</strong><br />
Neste número:<br />
1 - OS SIST<strong>EM</strong>AS DE CULTIVO/CONDUÇÃO DE CAFEEIROS NO BRASIL<br />
E SUA RELAÇÃO COM O USO DE <strong>PODA</strong>S<br />
2 - FINALIDADES DAS <strong>PODA</strong>S<br />
3 - DEFINIÇÃO DA NECESSIDADE DAS <strong>PODA</strong>S<br />
4 - TIPOS DE <strong>PODA</strong>S <strong>EM</strong> CAFEEIROS<br />
4.1- Recepa<br />
4.2- Decote<br />
4.3- Esqueletamento e desponte<br />
4.4- Podas de produção<br />
4.5- Podas de limpeza<br />
4.6- Desbrotas<br />
4.7- Controle do tombamento de plantas<br />
5 - FORMAS DE USO DAS <strong>PODA</strong>S NAS LAVOURAS<br />
6 - COMO INDICAR AS <strong>PODA</strong>S<br />
7 - EFEITO DA <strong>PODA</strong> NOS CAFEEIROS E NA ÁREA <strong>PODA</strong>DA<br />
8 - <strong>EM</strong>PREGO DE <strong>PODA</strong>S <strong>EM</strong> SIST<strong>EM</strong>AS OU CONDIÇÕES ESPECÍFICAS<br />
DE CULTIVO<br />
8.1- Podas em cafezais adensados/ superadensados<br />
8.2- Podas em cafezais geados ou atingidos por granizo<br />
8.3- Podas de lavouras em recuperação<br />
8.4- Podas em cafezais Conillon<br />
8.5- Podas para safra zero/safra cem<br />
9 - EQUIPAMENTOS PARA <strong>PODA</strong>S<br />
10- TRATOS ESPECIAIS <strong>EM</strong> <strong>CAFEZAIS</strong> <strong>PODA</strong>DOS<br />
11- ÉPOCAS DE <strong>PODA</strong>S<br />
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37<br />
39
CARTA AO CAFEICULTOR<br />
<strong>PODA</strong>R B<strong>EM</strong> SEU CAFEZAL EXIGE CONHECIMENTOS E<br />
ASSISTÊNCIA ESPECIALIZADA<br />
Nos últimos anos tem crescido o uso de podas em cafezais, diante da necessidade de<br />
renovar e/ou adaptar a ramagem dos cafeeiros, visando manter uma boa estrutura de<br />
ramos produtivos, atendendo ainda à finalidade de contar com plantas que<br />
apresentem facilidades na colheita e nos vários tratos culturais.<br />
Conhecer bem os resultados das podas, observar experiências feitas em outros<br />
talhões, visitar os campos experimentais (como a FEX - Varginha) e obter<br />
informações em publicações constituem a base importante para acertar nas podas.<br />
Procure também se aconselhar com os técnicos da assistência em sua cooperativa,<br />
em consultores privados ou com técnicos de instituições de assistência em sua<br />
região.<br />
Lembre-se: Todo ramo cortado a mais representa desperdício e depois de cortado<br />
não existe cola que conserte o erro.<br />
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO<br />
Secretário de Produção e Agroenergia: Lineu Carlos da Costa Lima.<br />
Chefe do Departamento de Café: Lucas Tadeu Ferreira<br />
Secretário da SARC: Márcio A. Portocarrero<br />
Superintendente Federal de Agricultura em Minas Gerais: João Vicente Diniz<br />
<strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong><br />
Presidente da <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>: José Edgard Pinto Paiva<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS<br />
Reitor da UFLA: Antônio Nazareno Guimarães Mendes<br />
REVISTA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA<br />
Ano 4: nº 11 janeiro-abril/2007.<br />
Conselho Editorial: José Braz Matiello (Editor Executivo); Rubens José Guimarães (Coordenador UFLA); Saulo Roque de<br />
Almeida, Leonardo Bíscaro Japiassú, Rodrigo Naves Paiva e Antônio Wander Rafael Garcia - MAPA/<strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong> e Carlos<br />
Henrique Siqueira de Carvalho - Embrapa Café.<br />
Programação Visual e Impressão: Gráfica Editora Bom Pastor.<br />
Composição: Rosiana de Oliveira Pederiva e Maria Emília Villela Reis<br />
Tiragem: 3000 exemplares.<br />
Endereços: Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere<br />
37026-400 - Varginha/MG<br />
35. 3214-1411<br />
contato@fundacaoprocafe.com.br<br />
e<br />
Av. Rodrigues Alves, 129 - 6º andar - Centro<br />
20081-250 - Rio de Janeiro/RJ<br />
21. 2233-8593<br />
procafe-rj@bol.com.br<br />
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte e autores.<br />
www.fundacaoprocafe.com.br
RECOMENDANDO<br />
A <strong>PODA</strong> <strong>EM</strong> <strong>CAFEZAIS</strong><br />
1- OS SIST<strong>EM</strong>AS DE CULTIVO/CONDUÇÃO<br />
DE CAFEEIROS NO BRASIL E SUA<br />
RELAÇÃO COM O USO DE <strong>PODA</strong>S<br />
O sistema de cultivo ou condução dos<br />
cafeeiros envolve principalmente o espaçamento<br />
J.B.Matiello, A.W.R. Garcia e S.R. Almeida - Engºs. Agros. MAPA/PROCAFÉ<br />
O cafeeiro é uma planta tradicionalmente cultivada sem o uso de<br />
podas, diferentemente de outras, como a videira e a figueira, plantas<br />
que entram em dormência e cuja poda é prevista anualmente.<br />
A cafeicultura moderna, no entanto, considera a poda como<br />
mais uma prática no manejo dos cafezais, que deve ser aplicada de<br />
acordo com a necessidade.<br />
Diz-se, no futebol, que o presidente do clube é que deveria bater<br />
os pênaltis, tamanha a responsabilidade dessa função.<br />
A decisão de podar ou não e o modo adequado envolve,<br />
igualmente, um potencial de risco, de erro ou acerto. Ela requer<br />
conhecimento e bom senso, devendo, por isso, ser assessorada por um<br />
Técnico especializado.<br />
Nesse trabalho, os autores detalham as informações do porque e<br />
de como podar o cafeeiro, visando dar base para que ocorram boas<br />
vitórias do cafeicultor ao efetuar as podas.<br />
da lavoura, mas inclui, ainda, a espécie e variedade<br />
plantada, o uso ou não da irrigação e/ou<br />
arborização, o tipo de manejo (manual ou<br />
mecanização) e o tipo de trato (rotineiro ou<br />
tecnológico, químico ou orgânico, etc.).<br />
A combinação no uso das práticas de<br />
condução caracteriza um ou mais<br />
sistemas de cultivo, que podem ser<br />
empregados nas propriedades<br />
cafeeiras.<br />
O sistema mais tradicional para<br />
cafeeiros da espécie arabica no Brasil é<br />
o cultivo em espaçamentos abertos,<br />
com as plantas conduzidas a livre<br />
crescimento, praticamente sem podas.<br />
Assim era nas grandes áreas cafeeiras<br />
dos Estados do Paraná e São Paulo nas<br />
décadas de 1960 a 1970, com cafeeiros<br />
plantados em quadro de 3 a 4m x 3 a 4m<br />
e nas décadas de 1970 a 1980 com<br />
cafeeiros em todo o país, renovados em<br />
03
04<br />
RECOMENDANDO<br />
renque aberto, com espaçamentos de 3,5 a 4,5m por sistemas de plantio em 3 épocas, buscando a<br />
1,5 a 2,5m. melhoria na produtividade.<br />
As pesquisas mostram, com clareza, que o<br />
número de plantas de café por área (stand) é um Quadro 1: Efeito do espaçamento (número de<br />
fator muito importante na produtividade da plantas/área) sobre a produtividade dos<br />
lavoura. Os exemplos de 3 ensaios com resultados cafeeiros em 3 ensaios.<br />
resumidos no quadro 1 demonstram a evolução nos<br />
Locais e Espaçamentos<br />
Nº de planta/ha<br />
covas<br />
Produtividade<br />
Sacas/ha<br />
1 – Ensaio Pindorama-SP (média 21 safras / 1938-<br />
1959)<br />
Espaçamento 4 x 4m 625 8,7<br />
Espaçamento 3,5 x 2,5m 1142 13,4<br />
Espaçamento 3,5 x 1,7m 1680 17,5<br />
2 – Ensaio Varginha (média de 7 safras / 1978-<br />
1985)<br />
Espaçamento 5 x 2,0m 1000 13,5<br />
Espaçamento 3,8 x 2,0m 1315 19,6<br />
Espaçamento 3,8 x 1m 2630 23,7<br />
Espaçamento 1,5 x 1m 6666 40,1<br />
3 - Ensaio Martins Soares (média de 11 safras /<br />
1996 -2006)<br />
Espaçamento 4 x 0,5m 5000 42,7<br />
Espaçamento 2 x 0,5m 10.000 56,0<br />
Espaçamento 1 x 0,5m 20.000 78,0<br />
Pode-se verificar (quadro 1) que as Esses são dois sistemas básicos e existindo<br />
produtividades obtidas, de acordo com o número variações no adensamento, como o semi-adensado,<br />
de cafeeiros por hectares, variaram de 8 a 80, com espaçamento de 2-3 m nas ruas e o supercoincidindo<br />
com o que se diz no popular para adensamento, com mais de 10 mil plantas por<br />
indicar grandes contrastes. hectare e espaços de 1 a 1,5 m nas ruas.<br />
Os sistemas de espaçamentos mais indicados A redução nos espaçamentos, como visto,<br />
para o plantio de cafeeiros atualmente são: com o conseqüente aumento do número de<br />
plantas/ha, associada ao uso de variedades<br />
a) Sistema “renque” mecanizado, com a lavoura vigorosas e, ainda, o emprego de adubações e<br />
mantida a maior parte do tempo aberta, através outros tratos em níveis adequados, levaram,<br />
de distâncias maiores nas ruas, de 3,5 4,0 m, e gradativamente, à maior necessidade do uso de<br />
pequenos espaços entre plantas nas linhas, de podas nas lavouras cafeeiras atuais no Brasil.<br />
0,5 a 1m, formando um renque de plantas. Verifica-se, deste modo, que a condução de<br />
b) Sistema adensado, para manejo manual, com um cafezal, com ou sem poda, está correlacionada<br />
espaçamentos de 1,5 a 2,0 m por 0,5 1,0 m, com seu sistema de plantio e de manejo dos tratos.<br />
prevendo-se podas futuras. Pode-se agrupar essa relação assim:<br />
a) Condução da lavoura sempre aberta, a livre
RECOMENDANDO<br />
crescimento, por longos períodos, aplicável ao p r o g r a m a a s p o d a s l a t e r a i s<br />
sistema renque mecanizado, que envolve (esqueletamento/desponte) a cada 2 ou mais<br />
distâncias de 3,5 4,0m nas ruas. anos, logo após o ano(s) de safra alta, para zerar<br />
b) Condução com podas somente corretivas a safra baixa.<br />
visando reabrir áreas, eliminar os problemas<br />
eventuais que apareçam e para atender a Outra condição que tem induzido a um maior<br />
finalidades específicas que se deseja das podas uso de podas é o fator preço/renda do café. Nas<br />
(ver item 2). É comum essa condução para épocas de preços baixos os produtores maltratam<br />
reabrir lavouras adensadas ou eliminar as lavouras, os cafeeiros se depauperam, e levando<br />
fechamento provocado por excesso de número muitos a realizar a recepa buscando a recuperação<br />
de hastes e de crescimento em cafezais no dessas lavouras para produzir em períodos mais<br />
sistema renque aberto, para reduzir a altura de favoráveis. Nessa situação os custos ficam mais<br />
plantas, etc. baixos, reduzindo a adubação, os controles de<br />
c) Condução sempre fechada, para lavouras pragas/doenças e, até, os pequenos usam as áreas<br />
adensadas onde propositalmente se deseja a livres para culturas intercalares. Assim, a<br />
produção apenas nos ponteiros, que é bem capacidade financeira do produtor e as condições<br />
significativa, usufruindo das vantagens do de mercado também interferem na tomada de<br />
fechamento, que leva a economias nas capinas, decisão para efetuar podas, principalmente as mais<br />
na adubação, na arruação/esparramação, nas severas, como a recepa.<br />
podas, etc. Nas lavouras de café Conillon (robusta), a<br />
d) Condução com podas programadas essa característica das plantas de emitir muitas hastes<br />
condução se aplica a cafezais adensados ou (multicaule) induz uma maior necessidade de<br />
super-adensados, onde se programa, podas, sendo usual a poda todos os anos, chamada<br />
previamente, a poda escalonada, em uma ou poda de produção, eliminando as hastes<br />
mais linhas a cada ano. Aplica-se, também, ao desgastadas, substituindo por outras novas. Podesistema<br />
“safra-zero” ou “safra 100”, onde se se aplicar, também, a poda corretiva, abrindo a<br />
05
06<br />
RECOMENDANDO<br />
lavoura por poda de recepa (total ou em linhas de cafeeiros, substituindo hastes finas, com<br />
alternadas). poucos ramos laterais, por outras brotações mais<br />
vigorosas.<br />
2 - FINALIDADES DAS <strong>PODA</strong>S d) Eliminar excesso de hastes ou de plantas, devido<br />
ao uso inadequado de mudas duplas no plantio<br />
As podas objetivam manter ou recuperar a e/ou a falta de desbrota dos cafeeiros.<br />
estrutura produtiva (ramagem) dos cafeeiros, e) Reduzir a altura de plantas para facilitar os tratos<br />
promovendo bons níveis de produtividade nos e, especialmente, a colheita, também<br />
cafezais. Visam, paralelamente, facilidades e reequilibrando a parte aérea com o sistema<br />
menores custos na execução dos tratos nas rudicular, condição útil em áreas mais secas.<br />
lavouras. f) Melhorar o ambiente (microclima), facilitando<br />
Finalidades específicas, para atender a esses a entrada de luz e o arejamento dentro do<br />
objetivos maiores, podem ser assim enumeradas: cafezal, para reduzir a incidência e facilitar o<br />
controle de pragas e doenças (broca, ferrugem,<br />
a) Eliminar ou reduzir os problemas de phoma) que são favorecidas pela umidade<br />
fechamento dos cafezais possibilitando melhor (período de molhamento). Também a abertura<br />
entrada de luz, maior quantidade de ramos (principalmente por recepa), favorece o<br />
produtivos ao longo da haste, maior indução controle de pragas do solo, como mosca das<br />
floral e produtividade. raízes e cigarras, que não mais ovipositam e a<br />
b) Aumentar a área de ramos produtivos (número e aplicação de inseticidas é mais eficiente.<br />
comprimento) em plantas desgastadas, g) Acelerar e melhorar a recuperação de cafezais<br />
cinturadas, deformadas, compactadas danificados por geada, granizo, faísca elétrica,<br />
(embatumadas), etc, propiciando o crescimento seca, etc.<br />
de áreas novas de ramagem, aumentando, em h) Facilitar a combinação de cultivos (plantas<br />
conseqüência, o número de nós produtivos. arbóreas ou anuais) no meio do cafezal.<br />
c) Renovar a estrutura primária, as hastes e a copa i) Melhorar e programar a produção das plantas,
RECOMENDANDO<br />
tornando mais econômicos os tratos e a colheita. com seu sistema radicular deficiente, ou atacadas<br />
j) Promover a reciclagem, no terreno, de matéria por pragas/doenças de solo (nematóides, cigarras,<br />
orgânica da ramagem e da folhagem dos cochonillas, fusariose, moscas), respondem mal às<br />
cafeeiros e prover lenha, sendo essas finalidades podas, sendo necessário práticas complementares<br />
da poda somente complementares. de tratamento para melhorar sua recuperação.<br />
k) Facilitar a colheita, com corte simultâneo dos Na condição de lavouras já velhas, com<br />
ramos e daí retirando os frutos, no caso da falhas e, principalmente, com baixo stand de<br />
colheita acoplada ao esqueletamento (safra plantas/área, em função do uso de espaçamento<br />
zero), a coleita de ramos Conillon e a colheita inadequado, deve-se considerar a alternativa de<br />
podada também no decote ou recepa baixa. substituir a lavoura em vez de podá-la. Pode-se,<br />
l) Facilitar a melhoria física e a correção do solo ainda, principalmente nas pequenas propriedades,<br />
em áreas de solo degradadas, através de sub- optar pelo replantio ou repovoamento (dobra)<br />
solagem e calagem mais intensivas. combinados com a poda.<br />
m)Facilitar o replantio e o repovoamento do Essa análise deve, sempre que possível, ser<br />
cafezal, abrindo a lavoura velha e assim assessorada por um técnico especializado,<br />
permitindo o melhor desenvolvimento das buscando racionalizar a poda, atendendo suas<br />
plantas novas plantadas. finalidades com a menor perda de produção e de<br />
renda.<br />
3 - DEFINIÇÃO DA NECESSIDADE DAS Cortar as plantas por cortar ou podar de<br />
<strong>PODA</strong>S forma mais drástica do que o necessário representa<br />
prejuízos no tempo de recuperação, nas perdas de<br />
A decisão sobre a necessidade de uso e a produtividade e no maior custo da operação de<br />
escolha do tipo de poda a empregar, em uma podas.<br />
determinada lavoura de café, deve ser tomada após Assim, a poda deve ser usada visando atender<br />
uma análise detalhada dos fatores relacionados aquelas finalidades específicas que se deseja,<br />
com as condições dos cafeeiros, que estejam conforme já detalhado no item 2.<br />
influindo negativamente na produtividade ou na De modo geral, as pesquisas realizadas com<br />
operacionalidade das práticas de manejo da podas em cafezais mostram que as plantas podadas<br />
lavoura. tendem a ter reduzida sua produtividade média,<br />
Deve-se observar o fechamento, o sendo essa redução tanto maior quanto mais<br />
acinturamento, a altura das plantas, o excesso de drástica for a poda.<br />
hastes e outros aspectos. Vejam os exemplos dos quadros 2 e 3 com<br />
É preciso, também, na análise prévia, resultados de produção em pesquisas com<br />
verificar se a lavoura tem condições de responder cafeeiros podados e sem poda.<br />
às podas, levando-se em conta o vigor da<br />
variedade, a idade das plantas, o estado do sistema<br />
Quadro 2: Resultados de podas no passado.<br />
radicular, a presença de falhas etc.<br />
Efeito de sistemas de poda na produtividade.<br />
Plantas muito velhas, principalmente quando<br />
Cafezal Mundo Novo, 7 anos. Campinas SP,<br />
1963.<br />
Tratamentos<br />
Recepa de 1 planta/cova<br />
Recepa de 3 planta/cova<br />
Decote a 2m de altura<br />
Testemunha<br />
Produtividade média de 4 safras<br />
scs/ha<br />
40,1<br />
39,2<br />
36,5<br />
50,0<br />
Fonte: Figueiredo, Cortes Brilho e Toledo – Exper. Cafeeira, IAC, p. 127, 1964.<br />
07
08<br />
RECOMENDANDO<br />
Quadro 3: Resultados de podas no passado. Efeito de sistemas de poda na produtividade. Campinas -<br />
SP, 1962.<br />
Decote a 2 m<br />
Decote a 1,5 m<br />
Recepa 1, 3, 4, 2<br />
Testemunha<br />
Tratamentos<br />
Produtividade média de 2 safras<br />
scs/ha<br />
12,5<br />
10,1<br />
11,0<br />
16,6<br />
Fonte: Moraes, Cortes Brilho, Toledo e Viana – Exper. Cafeeira, IAC, p. 128, 1964.<br />
A necessidade de poda deve, portanto, de obedece a uma ordem, visando minimizar, dentro<br />
forma resumida, atender às facilidades no manejo da necessidade, a área cortada. Assim, em primeira<br />
do cafezal mantendo ao máximo sua instância usa-se o decote, depois vem o decote com<br />
produtividade. desponte, depois o decote com esqueletamento e,<br />
finalmente, a recepa (alta ou baixa).<br />
4 - TIPOS DE <strong>PODA</strong>S <strong>EM</strong> CAFEEIROS<br />
4.1 - Recepa<br />
As podas usuais em lavouras de café podem<br />
ser agrupadas em 2 tipos principais: As podas a) Como aplicar<br />
drásticas e as podas leves.<br />
As podas drásticas incluem a recepa e o A recepa é uma poda baixa, drástica, que<br />
esqueletamento/desponte, havendo poda e promove a renovação quase total da copa dos<br />
eliminação da maior parte da ramagem e/ou da cafeeiros. Ela é indicada para lavouras ou plantas<br />
haste principal do cafeeiro, justificando o nome que perderam seus ramos produtivos inferiores, na<br />
pelo efeito drástico na estrutura vegetativa da saia, devido ao avançado grau de fechamento. É<br />
planta e na sua produtividade em curto prazo. Elas recomendada, ainda, na renovação da copa de<br />
promovem, no entanto, grande renovação na cafeeiros depauperados, em recuperação após<br />
ramagem, com bons resultados a médio prazo. períodos de maltrato ou devido a problemas<br />
As podas leves abrangem o decote, as podas climáticos, e que apresentem a copa esguia,<br />
de limpeza e, no cafeeiro Conillon, a poda de completamente deformada e com poucos ramos<br />
produção. Nesse tipo de poda elimina-se pequenas laterais. Também é usada para lavouras<br />
partes do cafeeiro, que assim, perde pouco da sua severamente atingidas por geadas, com queima até<br />
produção e, em certos casos, chega a ganhar o tronco, e para lavouras adensadas.<br />
produtividade no curto prazo.<br />
Antigamente se utilizava mais as podas onde b) Tipos de recepa<br />
o corte do cafeeiro era feito apenas sobre a(s)<br />
hastes(s) principal(is), o tronco ou ramo A recepa pode ser de 2 tipos, variando a altura<br />
ortotrópico, com corte do tronco em sua parte de corte do tronco, de 0,2 a 0,8m, assim podendo<br />
baixa, ou no decote, com corte na parte superior da ser: baixa ou alta, esta última também chamada de<br />
planta. recepa “com pulmão”, pois deixa-se alguns ramos<br />
Cresceu bastante nos últimos anos a poda laterais (1 a 3) da parte inferior (da saia) que<br />
feita sobre os ramos laterais, plagiotrópicos, como mantém ainda a produção de energia para a planta,<br />
acontece no esqueletamento/desponte. evitando perda maior do seu sistema radicular, e<br />
A adoção de poda em cafeeiros normalmente que resulta em brotação e produção mais rápidas,
RECOMENDANDO<br />
com o retorno em maiores níveis de produtividade indicando a retomada mais rápida da produção nos<br />
no 2º ano. O quadro 4 mostra, em comparação, os cafeeiros de recepa alta, com “pulmão”.<br />
dados de produção obtidos nos 2 tipos de recepa de<br />
um cafezal, verificando-se acréscimo de Quadro 4: Produção inicial de cafeeiros após 2<br />
produtividade de cerca de 22% favorável à recepa tipos de recepa (baixa e alta), cafezal Mundo<br />
alta, em relação à baixa, diferencial bem maior Novo, 15 anos, 4x0,8m. Elói Mendes-MG 1994.<br />
(110%) se considerada apenas a lª safra pós-poda,<br />
Tratamentos 1ª safra<br />
Safra pós-poda (scs/ha)<br />
2ª safra Média<br />
Recepa a 0,4 m 10,2 87,0 48,6<br />
Recepa a 0,8m (com pulmão), 4-<br />
5 ramos laterais despontados<br />
21,0<br />
98,0<br />
59,5<br />
Fonte: Ferroni, Matiello e Almeida – Anais do 20º CBPC, p. 5-6.<br />
Na recepa alta deve-se procurar a altura, até brotações das linhas recepadas contra a ação de<br />
50-80 cm, onde se pode encontrar pelo menos 1 ventos. Quando as linhas forem muito próximas e<br />
ramo lateral, sendo o ideal dois. Quando houver houver perigo de estiolamento das brotações, pelo<br />
mais de 2 ramos laterais e eles se encontrarem sombreamento lateral, pode-se reduzir ( por decote<br />
muito longos e embatumados deve-se efetuar o ou esqueletamento ) a altura das plantas da linha<br />
desponte (com facão) desses ramos. A recepa alta que ficou ou, mais adequadamente, recepar 2<br />
deve ser preferida, sempre que possível. Caso não linhas e deixar uma a duas, com isso abrindo mais<br />
sejam encontrados ramos laterais vivos até a altura espaço para insolação.<br />
de 80 cm então aplica-se a recepa baixa. A recepa em cafeeiros Conillon deve ser<br />
A recepa baixa é feita no tronco à altura de adotada de forma diferenciada. A prática tem<br />
20-40 cm do solo e no caso do café Conillon (com mostrado que: a) A recepa intercalada (pela<br />
muitas hastes) deve ser mais baixa (até menos de 20 proteção por sombra) sempre brota melhor; b) A<br />
cm). Variedades de porte baixo e lavouras recepa pode ser feita parcial, ou seja, na metade dos<br />
adensadas, onde o tronco é mais fino, devem ser troncos, aí conduzindo a brotação nova e dois anos<br />
recepadas em menor altura, de 20-30 cm. Com esse após se recepa as hastes restantes da planta,<br />
tipo de recepa as plantas voltam com uma pequena funcionando como pulmão; na condução de brotos<br />
produção no 2º ano e com uma boa safra no 3º ano. deixar 3 a 6 por planta, de acordo com o<br />
A recepa deve, sempre que necessário, ser espaçamento.<br />
combinada à eliminação do excesso de hastes,<br />
deixando-se aquelas mais alinhadas e em número c) Como recepar<br />
variável com o espaçamento, não devendo<br />
ultrapassar por cova o nº original de hastes usadas A operação da recepa pode ser feita:<br />
no plantio (1 a 3). manualmente, ou mecanizada, com equipamentos<br />
A recepa, como outros tipos de poda, pode ser descritos no item 10.<br />
feita em toda a área ou em linhas intercaladas. A O trabalho de recepa compreende 4 etapas:<br />
intercalada tem a vantagem de preservar a) o desgalhamento lateral, feito com foice;<br />
parcialmente a produção na lavoura, evitando b) o corte do tronco na altura desejada, e a<br />
deixar o produtor sem renda. Dois anos após, concomitante eliminação do excesso de hastes,<br />
depois de uma safra alta, efetua-se a recepa das seguindo o desponte dos ramos pulmões,<br />
linhas restantes, que servem ainda para proteger as quando indicado;<br />
09
10<br />
c) a retirada da lenha (grossa) e a trituração (com<br />
grade, trincha ou roçadeira) da ramagem fina;<br />
d) a desbrota, conduzindo um número de hastes<br />
(brotos) adequado.<br />
Para facilitar a operação de desgalhamento<br />
dos troncos pode-se efetuar um decote baixo com a<br />
decotadeira, passar o Triton ou a roçadeira para<br />
destruição e, então, efetuar a recepa, ficando<br />
apenas os troncos com pouca ramagem, o que<br />
facilita sua retirada da área.<br />
O corte manual deve, sempre que possível,<br />
ser efetuado em bisel para evitar entrada de água e<br />
reduzir a possibilidade de infecção por doenças, se<br />
bem que aqui no Brasil somente a fusariose tem<br />
aparecido, embora em pequena escala, e sem<br />
problemas sérios, diferentemente de outros países,<br />
onde se indica pincelamento com pasta fungicida<br />
para desinfecção do corte. Também não causa<br />
problema o óleo queimado que sai da motosserra e<br />
que fica sobre o corte e nem o corte com machado,<br />
cuja lascação do tronco não atrapalha a brotação.<br />
O aproveitamento do material vegetal fino<br />
(folhas, ramos laterais e galhos finos) é importante<br />
como fonte de matéria orgânica, além de<br />
RECOMENDANDO<br />
representar uma significativa quantidade de<br />
nutrientes devolvidos ao solo. Existe um<br />
equipamento triturador (trincha) que faz, ao<br />
mesmo tempo, uma roçada de mato e a trituração,<br />
em pequenos pedaços, dos galhos podados. A<br />
trituração da ramagem é mais fácil quando ainda<br />
verde, logo após a poda.<br />
O rendimento na recepa depende da idade da<br />
lavoura e do nº de hastes por cova, e do<br />
equipamento usado, variando de 50-100<br />
plantas/dia com machado ou foice e 500-1000<br />
pl/dia com motosserra, sendo de 5000 a 10.000<br />
pl/dia com a recepadeira tratorizada.<br />
d) Desbrota/condução<br />
A desbrota, feita periodicamente, visa<br />
conduzir apenas as hastes desejadas, devendo ter<br />
início tão logo os brotos atinjam o tamanho de 15-<br />
20 cm. Deve-se selecionar os brotos mais bem<br />
implantados, saindo da parte média a baixa no<br />
tronco, para dar origem a ramos secundários mais<br />
junto ao solo, devendo os brotos deixados<br />
coincidirem na direção da linha.<br />
A quantidade de brotos a serem conduzidos
RECOMENDANDO<br />
por planta está relacionada com o espaçamento, hastes, 2-3 por planta, no espaçamento 2 x 1 m (ver<br />
principalmente a distância na linha. Para distâncias quadro 5). Essa condução de brotos leva a um<br />
menores de 1m deve-se conduzir somente 1 número ideal de hastes/ha. A pesquisa mostra que<br />
broto/planta, de 1 a 1,5m pode-se conduzir 1-2 para plantios largos esse número se situa entre 5-7<br />
brotos e com 1,5m ou mais conduzir 2-4 mil hastes/ha e no adensado entre 7-10 mil/ha.<br />
brotos/cova. Em áreas sujeitas a ventos e onde os<br />
tratos podem acabar quebrando alguns brotos Quadro 5: Produção de café na cata inicial e em<br />
pode-se deixar um número maior por planta na 1ª 4 safras após recepa e com plantas conduzidas<br />
desbrota e eliminar o excesso na segunda. Em sob diferentes números de brotos/pl. Cafezal<br />
lavouras adensadas, resultados de pesquisa Catuaí 2 x 1m - Manhuaçu, MG, 2004.<br />
recente, mostram a necessidade de conduzir mais<br />
TRATAMENTOS<br />
PRODUÇÃO (scs/ha)<br />
(nº de hastes p/pl) 2000 2001 2002 2003 2004 Média<br />
1 haste/planta 2,0 36,36 86,6 ab 41,9 b 106,5 a 67,8 ab<br />
2 hastes/planta 7,0 56,4 a 200,6 a 56,9 a 74,4 ab 72,1 a<br />
4 hastes/planta 10,0 46,3 ab 80,8 bc 56,9 a 69,2 ab 63,3 ab<br />
Substituição * 0 12,4 c 98,5 a 22,6 c 73,7 ab 51,8 b<br />
(*) Plantio 2 x 0,5m<br />
Fonte: Matiello et alli, Anais do 30ºCBPC, MAPA/PROCAFÉ, 2004, p. 13.<br />
Nas áreas muito batidas por ventos a recepa ainda possibilita a eliminação do excesso de hastes.<br />
intercalar, ou a manutenção de uma linha de café, Nas lavouras adensadas permite a abertura total da<br />
sem podas, a cada 4-5 linhas recepadas, favorece a lavoura.<br />
proteção das brotações, contra o efeito de ventos As desvantagens da recepa são: a) a redução<br />
frios e o ataque de doenças, como Phoma e que provoca na produção nos 2 primeiros anos; b) a<br />
Ascochyta. Pode-se, também, instalar quebra- operação onerosa; c) a exigência de tratos<br />
ventos temporários, como renques de milho, sorgo, diferenciados (nutrição, controle fitossanitário<br />
cana ou crotalária. etc); d) o aumento da área a ser capinada e a<br />
dificuldade inicial de controle com herbicidas, e) a<br />
e) Vantagens e desvantagens mortalidade que pode causar nas plantas,<br />
principalmente nas mais fracas.<br />
A poda de recepa apresenta como A morte de plantas por efeito de recepa<br />
vantagens: a possibilidade de renovação total da baixa foi pesquisada em um ensaio com diferentes<br />
planta; o aproveitamento da lenha (para secadores, espaçamentos em Varginha-MG.. Verificou-se,<br />
carvão etc); a abertura da área para correção do solo conforme dados resumidos no quadro 6, que após 2<br />
e cultivo de culturas intercalares; o favorecimento ciclos de recepa feitas ao longo de 18 anos, mesmo<br />
ao controle de pragas de raízes, tanto pela redução em material vigoroso (Acaiá), ocorre perda de<br />
da população re-infestante (muito importante no stand de plantas por morte, verificado percentual<br />
caso de cigarras e mosca das raízes) como pela de 10 a 44%, sendo tanto maio quanto maio for o<br />
facilidade na aplicação de produtos para controle; distanciamento de plantas na linha, motivado pelo<br />
facilita a adaptação da lavoura, através de replantio maior stres das plantas com maior carga individual.<br />
ou repovoamento, melhorando o seu “stand”; e<br />
11
12<br />
RECOMENDANDO<br />
Quadro 6: Rebrota e perda de stand de plantas após 2 ciclos de recepa baixa em cafeeiros Acaiá,<br />
em diferentes espaçamentos, Varginha-MG, 1999.<br />
Espaçamentos<br />
Plantas/ha- stand<br />
inicial<br />
Plantas/ha- stand<br />
final<br />
Perda (%)<br />
2 x 0,5 m 10 000 7 200 28<br />
2 x 1,0 m 5 000 2 800 44<br />
2,5 x 0,5 m 8 000 6 240 22<br />
4,0 x 1,5 m 1 666 1 428 14<br />
4,0 x 2,0 m ( 2 mudas/ cv. ) 2 500 2 250 10<br />
Fonte: Garcia et alli, Anais do 25 CBPC, p.333,1999<br />
4.2 - Decote<br />
a) Onde se aplica<br />
O decote é um tipo de poda alta, que resulta<br />
na eliminação da parte superior da copa do<br />
cafeeiro, sendo indicada para lavouras em vias de<br />
fechamento, ainda com boa ramificação lateral na<br />
parte baixa das plantas. Ela pode ser usada,<br />
também, para reduzir a altura das plantas, para<br />
facilitar pulverizações e a colheita, principalmente<br />
a mecânica, para corrigir pequenas deformações na<br />
copa ou para reequilibrar a parte aérea e o sistema<br />
radicular. As deformações são corrigidas tanto pela<br />
eliminação da parte estragada, normalmente acima<br />
do acinturamento, como pelo estímulo ao<br />
alongamento e às novas brotações de ramos na<br />
parte baixa da planta, recompondo a copa.<br />
O decote se aplica, ainda, para cafeeiros<br />
atingidos por geada de capote (queima da parte<br />
superior da planta) ou por faísca elétrica nas<br />
mesmas condições, quando deve ser eliminada a<br />
parte superior do cafeeiro, onde a queima atingiu<br />
folhas e a maioria dos ramos e até a haste principal,<br />
condução que resulta em perda de produtividade.<br />
b) Tipos de decote<br />
A altura de corte da planta determina dois<br />
tipos de decote: alto e baixo.<br />
O decote alto: de 2-2,5m de altura, é usado<br />
para reduzir a altura da planta, mantendo-a<br />
constante, por determinado período, para a colheita<br />
mecânica e para adequá-la à irrigação por pivô. É<br />
indicado quando a copa se<br />
apresenta em bom estado, não<br />
necessitando de recomposição da<br />
ramagem na sua parte superior, já<br />
que esse tipo de decote prevê, em<br />
sua maioria, o manejo com<br />
desbrota constante na parte<br />
superior, o que representa menor<br />
produtividade.<br />
Como a planta fica com<br />
uma altura constante (menor)<br />
ocorre um melhor equilíbrio com<br />
o sistema radicular, o que é útil<br />
para regiões com problemas de<br />
déficit hídrico e para variedades<br />
de porte alto, mais sujeitas ao<br />
déficit, como os Icatus. O
RECOMENDANDO<br />
aproveitamento da maior altura da planta no terminal do tronco é mais lenta. Uma maneira de<br />
condiciona melhor produção a curto prazo, porém acelerar, nesse caso, consiste em eliminar os ramos<br />
esta altura do decote deve estar relacionada com o laterais da extremidade, deixando um “cotocó” de<br />
espaço disponível na rua e o manejo desejado. mais ou menos 10cm.<br />
O decote baixo: de 1,0 a 1,8m se aplica em O decote herbáceo é feito manualmente,<br />
cafeeiros que precisam de uma recomposição da cortando o ponteiro com a mão ou canivete, nas<br />
parte superior, com novos ramos, para lavouras plantas mais jovens, com 3-5 anos, para regular a<br />
com cinturamento ou deformidades na parte altura das plantas. Ocorre, entretanto, um<br />
superior da copa pois nesse tipo de decote a crescimento compensatório da ramagem lateral, o<br />
condução é feita com desbrota seletiva, deixando que acelera o fechamento.<br />
1-2 brotos/planta original ( de 500 a 7000 O rendimento do decote manual, com foice, é<br />
hastes/há), ou a livre crescimento, voltando ao de 800 a 1200 plantas por dia e com a decotadeira<br />
decote, quando necessário, abaixo ou acima da tratorizada é de 5000-10000 plantas por dia.<br />
altura de corte anterior. Corte acima é usado<br />
quando o decote é conduzido com 1 a 2 brotos. d) Condução/desbrota<br />
Quanto mais baixa a altura da poda maior será a<br />
perda na produção inicial, porém a poda é mais A condução a livre crescimento é a que tem<br />
duradoura. apresentado melhores resultados em produção,<br />
Dentro de uma mesma lavoura o decote é, porém exige novas podas futuras, 2-3 anos após,<br />
geralmente, feito a uma só altura em todas as cortando-se mais baixo ou esqueletando, pois<br />
plantas. Ele pode, também, no caso de poda por forma-se um grande nº de ramos (finos) na parte<br />
plantas, ser aplicado a diferentes alturas, superior da planta e a recomposição da parte baixa<br />
dependendo do exame de cada planta, sendo da planta é inadequada, havendo menor<br />
eliminada somente a parte superior, estragada, recuperação de ramos secundários e terciários.<br />
acima do cinturamento. Pelos dados do quadro 7 observa-se que, no<br />
ensaio realizado na Fazenda Experimental de<br />
c) Como fazer Varginha, as plantas decotadas e conduzidas a livre<br />
crescimento ou com 2 brotos por planta tiveram,<br />
O decote pode ser lenhoso ou herbáceo. O em média, produções quase 100 % superiores à<br />
decote lenhoso corta a parte lenhosa da planta, condução com desbrota total.<br />
usando ferramentas manuais ou mecanizadas (item<br />
5.4.6.11) serrote de poda, foice, tesoura de poda, Quadro 7: Tipo de poda e condução do decote<br />
decotadeira. Em plantas com copa embatumada, em cafezal adulto em recuperação (MN, 12<br />
como em cafeeiros Catuaí mais velhos, a brotação anos, 4 x 1m). Varginha-MG - 1998.<br />
Produção (scs/benef./ha)<br />
Tipos de poda e condução 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Média<br />
1) Decote (1,6m), cond. 1 haste<br />
2) Decote (1,6m), cond. 2 hastes<br />
3) Decote (1,6m), sem desbrota<br />
4) Decote (1,6m), desbrota total<br />
5) Idem 2, mais desponte<br />
6) Idem 2, mais esqueletamento<br />
7) Testemunha<br />
28<br />
30<br />
34<br />
15<br />
13<br />
18<br />
39<br />
74<br />
74<br />
64<br />
36<br />
65<br />
75<br />
44<br />
Fonte: Garcia e Ferreira – Anais do 24º CBPC, p. 155-6, 1998.<br />
3<br />
3<br />
8<br />
2<br />
3<br />
5<br />
12<br />
37<br />
35<br />
43<br />
20<br />
61<br />
66<br />
31<br />
13<br />
7<br />
16<br />
16<br />
6<br />
5<br />
18<br />
79<br />
94<br />
83<br />
42<br />
80<br />
71<br />
48<br />
(6 safras)<br />
39,0<br />
40,5<br />
41,3<br />
21,8<br />
38,2<br />
40,0<br />
32,0<br />
13
14<br />
A desbrota deve ser feita quando os ramos<br />
atingirem 15-20 cm, através do arranquio manual,<br />
ou seu corte com foices leves ou com a decotadeira<br />
(regulada 15-20 cm superior à altura do corte do<br />
tronco) quando a condução for por desbrota total.<br />
Foi testada, com sucesso, também a desbrota<br />
química, aplicando-se herbicidas sobre a nova<br />
brotação. Indica-se o Gliphosate a 1% na calda ou o<br />
Finale a 0,7%. O primeiro freia o crescimento dos<br />
brotos e o segundo mata a parte nova dos brotos.<br />
e) Vantagens e desvantagens<br />
O decote é uma poda bastante utilizada na<br />
cafeicultura devido às suas vantagens,<br />
principalmente por não causar perdas<br />
significativas de produção, além de ser uma<br />
operação mais simples e menos onerosa do que a<br />
recepa, não exigindo, na maioria das áreas, a<br />
retirada dos ramos podados, bastando passar a<br />
roçadeira ou a trincha para destruí-los e aproveitá-<br />
los como material orgânico. O decote ainda é<br />
vantajoso por diminuir a altura das plantas,<br />
facilitando os tratos e a colheita. Em lavouras em<br />
recuperação (mal-tratadas) o decote é útil para<br />
RECOMENDANDO<br />
forçar a recomposição da ramagem lateral da<br />
planta e a formação da copa. Nessas condições o<br />
decote melhora a planta para, 2-3 anos após, ser<br />
efetuado um desponte de renovação da ramagem,<br />
contra-indicado no 1º ano, pois agravaria a situação<br />
de fraqueza das plantas. O decote tende a aumentar<br />
o diâmetro do caule dos cafeeiros, tornando-os<br />
mais firmes e com menor tombamento.<br />
A desvantagem do decote é o de ser uma poda<br />
transitória, resolvendo o problema por um período<br />
mais curto, não possibilitando uma renovação mais<br />
duradoura.<br />
4.3 Esqueletamento e desponte<br />
a) Como se aplica<br />
O esqueletamento e o desponte são podas<br />
semelhantes, aplicadas sobre os ramos laterais do<br />
cafeeiro, os quais são cortados mais próximos ao<br />
tronco, mantendo pequenas porções desses ramos,<br />
deixando-se apenas o “esqueleto” da planta. No<br />
esqueletamento, essas porções são menores, com<br />
cerca de 1 palmo (20 cm), e no desponte o corte é<br />
mais longo, ficando porções de 30-60 cm. Em<br />
podas sucessivas deve-se prever variação nas
RECOMENDANDO<br />
distâncias de corte dos ramos laterais. O tronco só é lateral, para refazer toda a copa, de cima a baixo,<br />
cortado à altura normal de decote (1,7m) para em curto período.<br />
quebrar a dominância apical e, assim, facilitar a Os dados dos quadros 7 e 8, obtidos em 2<br />
brotação nos ramos laterais da planta. São podas ensaios realizados na FEV-Varginha, mostram que<br />
com uso crescente na cafeicultura com bons em uma lavoura em recuperação, podada por<br />
resultados para determinadas condições de decote a 1,6 m, ou recepada a 0,8m, com e sem<br />
lavoura, como: excesso de ramificação lateral, desponte ou esqueletamento dos ramos laterais,<br />
produção restrita a apenas alguns nós da não foram obtidas melhorias significativas para<br />
extremidade de ramos laterais finos, e no caso de produção nas parcelas que receberam o desponte<br />
safra zero. ou esqueletamento, o que leva à constatação muito<br />
As podas laterais são uma opção útil quando válida, que nem todas as lavouras necessitam ou<br />
os cafeeiros estiverem “embatumados”, quando os respondem a esse tipo de poda. Lavouras mais<br />
ramos são longos, em grande número e finos em novas, até a 5ª- 6ª safra, normalmente possuem<br />
sua extremidade, onde poucos nós dão frutos. ramos laterais em boas condições, situação em que<br />
Levantando esses ramos se percebe, no interior da o desponte ou esqueletamento são desnecessários.<br />
planta, ramos pelados, com poucas folhas, restritas Para cafezais adensados, o esqueletamento<br />
à sua extremidade. Nessas condições ocorrem ou desponte são úteis apenas a curto prazo, pois a<br />
vantagens produtivas em relação ao decote. condição de fechamento volta rapidamente. Além<br />
O esqueletamento e o desponte são indicados disso, a brotação dos ramos baixos pode ser<br />
para lavouras ainda sem fechamento, ou com um prejudicada pela proximidade (e sombreamento)<br />
número razoável de ramos laterais saindo do dos cafeeiros da outra linha, muito próxima nesse<br />
tronco, de cima a baixo. Quando houver poucos sistema de cultivo.<br />
ramos laterais, mesmo com a brotação promovida<br />
pelo seu corte, a planta fica deformada, não b) Como fazer<br />
preenchendo toda a copa. Uma alternativa para<br />
esses casos é a condução de alguns brotos No esqueletamento ou desponte faz-se o<br />
ortotrópicos para preencher as falhas do tronco corte dos ramos laterais, combinando, quase<br />
onde não existem ramos laterais. sempre, com o corte superior (1,70 2,00m) do topo<br />
As podas de esqueletamento devem ser, da planta, o que induz maior brotação lateral. Podepreferencialmente,<br />
aplicadas sobre lavouras em se usar a poda sem cortar a haste principal, em<br />
bom estado nutricional e com bom vigor, pois as casos em que se deseja aproveitar a safra do<br />
plantas podadas precisam rebrotar em toda sua área ponteiro e quando se quer menor diâmetro futuro<br />
Quadro 8: Tipos de poda por recepa alta e decote, com e sem desponte ou esqueletamento. Cafezal<br />
MN, 12 anos, espaçamento 4 x 1,5m. Varginha-MG - 1998.<br />
Tipos de Podas<br />
1) Recepa a 0,8m, sem desponte<br />
2) Recepa a 0,8m, com desponte<br />
3) Recepa a 0,8m, com esqueletamento<br />
4) Decote a 1,6m, sem desponte<br />
5) Decote a 1,6m, com desponte<br />
6) Decote a 1,6m, com esqueletamento<br />
7) Testemunha<br />
Fonte: Garcia e Ferreira, Anais 24º CBPC, p. 155-6.<br />
Produção Média<br />
6 safras (scs/ha)<br />
31,5<br />
31,3<br />
35,3<br />
36,3<br />
40,4<br />
35,0<br />
34,3<br />
15
16<br />
nos cafeeiros.<br />
O corte pode ser feito manualmente, com<br />
foice ou com roçadeira costal motorizada, ou<br />
mecanicamente, com esqueletadeira tratorizada<br />
(ver item 10)<br />
O corte dos ramos deve ficar oblíquo em<br />
relação ao tronco, a parte inferior mais longe e a<br />
superior mais perto, na forma de cone, para evitar<br />
sombreamento.<br />
Nas plantas esqueletadas ou despontadas,<br />
cada ramo lateral cortado dá origem a vários<br />
outros, que se desenvolvem mais longos e<br />
vigorosos. Ocorre que quanto mais longo for o<br />
desponte, maior é a área de brotação e,<br />
consequentemente, maior será a quantidade de<br />
ramos formados, o que pode tornar a planta<br />
“embatumada” no futuro.<br />
No 2° ciclo de poda lateral deve-se aplicar o<br />
corte dos ramos em região mais junto ao tronco,<br />
com isso eliminando o embatumado de ramos da<br />
poda anterior.<br />
c) Condução/desbrota<br />
Para a condução normal do desponte, deve-se<br />
retirar todos os brotos ladrões que saem nas hastes<br />
do cafeeiro, deixando, apenas, 1-2 no ponteiro.<br />
Pode-se manter alguns brotos ladrões para<br />
RECOMENDANDO<br />
preencher a falta de ramos<br />
laterais. No caso de aplicação do<br />
sistema safra zero, com<br />
esqueletamento a cada 2 anos, a<br />
desbrota fica muito onerosa e,<br />
assim, não vem sendo feita em<br />
muitas lavouras , não se<br />
conhecendo o seu efeito no longo<br />
prazo.<br />
Plantas esqueletadas/<br />
despontadas, com brotações<br />
novas em toda sua extensão,<br />
ficam muito sujeitas a<br />
Phoma/Ascochyta e<br />
Pseudomonas, além de sua maior<br />
exposição a ventos frios e<br />
granizo. Pelo embatumado de<br />
ramos, em seguida, tornam-se<br />
susceptíveis à ferrugem, o que exige controle<br />
diferenciado, especialmente quando o<br />
esqueletamento estiver sendo usado para o sistema<br />
safra-zero.<br />
d) Vantagens e desvantagens<br />
A principal vantagem do esqueletamento ou<br />
desponte está na característica desse tipo de poda<br />
que, mesmo drástica, permite renovar<br />
praticamente toda a copa do cafeeiro e abrir a<br />
lavoura, com perda de somente uma produção,<br />
havendo possibilidade de compensar parte dessa<br />
perda por acréscimo na safra seguinte.<br />
Outra vantagem é que o esqueletamento<br />
dispensa o trabalho de retirada de material podado<br />
para fora da área, pois a poda mantém a parte<br />
grossa do tronco das plantas o que não ocorre com a<br />
recepa.<br />
As desvantagens estão relacionadas com o<br />
maior trabalho na execução da poda, quando feita<br />
manualmente, e, também, é muito trabalhosa a<br />
desbrota . Quando comparada ao decote a poda de<br />
desponte apresenta as desvantagens da perda da<br />
produção do ano e a abertura da área que, assim, vai<br />
dar mais mato.
RECOMENDANDO<br />
4.4 - Podas de produção 4.6 - Desbrotas<br />
O conceito de poda de produção se aplica Quando o tronco do cafeeiro fica exposto à<br />
mais ao cafeeiro Conillon, cuja planta é multicaule, insolação direta em função das podas ou quando<br />
indicando-se podas anuais para eliminar as hastes ocorre qualquer anormalidade que interfere na<br />
desgastadas, substituindo-as por outras novas, com dominância apical da planta, aparecem brotações<br />
isso mantendo ou mesmo elevando a produção de ramos ortotrópicos, saindo desse tronco,<br />
No cafeeiro arábica pode ser considerada conhecidas como ramos ladrões, os quais vão dar<br />
uma poda de produção a aplicação d decote por origem a novas hastes.<br />
planta ( por apreciação ), cortando a parte superior O mal trato, que provoca a seca de ramos<br />
estragada somente dos cafeeiros que produziram laterais, expondo o tronco, o vergamento pelo<br />
muito. Essa poda é especialmente útil em cafezais vento, as machucaduras mecânicas (por granizo,<br />
adensados e que foram conduzidos ou houve por colheita mecânica ou por geada), a desnutrição<br />
escape de várias hastes ortotrópicas.. e o ataque severo e continuado de pragas e doenças<br />
e o stress por seca, são fatores que agravam a<br />
4.5 - Podas de limpeza brotação, e que podem levar a um número<br />
excessivo de hastes.<br />
A operação conhecida como poda de limpeza A operação de desbrota deve ser praticada<br />
consiste na eliminação de partes secas, galhos ou nas plantas podadas sempre que necessário,<br />
ramos, que aparecem nos cafeeiros em função de conduzindo o número adequado de brotos,<br />
carga alta associada a desequilíbrio nutricional, conforme já apresentado para cada tipo de poda.<br />
ataque de ferrugem, cercóspora ou Phoma, por Nas lavouras não podadas a desbrota deve ser feita<br />
estiagem prolongada ou por queima leve de geada. de forma preventiva, a partir do plantio e formação<br />
Ela era muito usada no passado, porem não traz da lavoura, seguindo-se na lavoura adulta,<br />
benefícios, pois essas partes secas apodrecem e realizando desbrotas anualmente, após a colheita,<br />
caem, naturalmente, no período seguinte de visando manter o nº adequado de hastes, uma vez<br />
chuvas. É, portanto, uma prática desnecessária. que o excesso acelera o fechamento da lavoura,<br />
devido ao vergamento destas hastes, sempre mais<br />
17
18<br />
RECOMENDANDO<br />
finas, para o meio da rua.<br />
O quadro 9 mostra a importância da Quadro 9: Produção em cafeeiros sob efeito do<br />
condução de hastes na formação do cafezal, com o nº de hastes/cova, oriundo de plantio de mudas<br />
excesso de hastes, mesmo em lavoura aberta, simples e duplas, com e sem poda. Lavoura<br />
provocando redução na produtividade. Verifica-se Mundo Novo, espaçamento 3,8 x 1,5m.<br />
que no espaçamento usado (1,5 m entre plantas), Varginha-MG 1989.<br />
com 1 haste/planta a produção foi 15 % superior a 4<br />
hastes/cova.<br />
Sistemas de plantio/nº de hastes Produção média<br />
5 safras (scs/ha)<br />
1 haste, 1 muda simples<br />
19,0<br />
2 hastes, 1 muda simples, podada<br />
18,8<br />
4 hastes, 2 mudas simples, podadas<br />
16,5<br />
2 hastes, 1 muda dupla<br />
16,8<br />
Fonte: Toledo, Miguel, Matiello e Almeida – Anais do 15º CBPC, p.161-2.<br />
A perda de produção devida á má condução compactação de ramos. Outra condição que<br />
está relacionada com: a) O auto-sombreamento e o favorece o aumento do n° de hastes por planta é o<br />
“embatumado” de hastes na planta; b) o menor seu vergamento, na fase de formação, pela ação de<br />
comprimento dos ramos laterais que saem das ventos.<br />
hastes (normalmente mais finas) comportando, No quadro 10 abaixo, verifica-se os bons<br />
assim, menor número de nós produtivos/ramo; c) a resultados obtidos com a eliminação de plantas<br />
manutenção de um micro-clima mais favorável ao duplas de um cafezal com 7 anos.<br />
ataque de doenças; e d) o menor tamanho dos frutos Já, para a eliminação de plantas no renque,<br />
produzidos em hastes mais finas. muito próximas, a 0,5m, não existem respostas<br />
As desbrotas anuais são ideais, pois atuam de positivas, ao contrário, em certos casos, ocorrem<br />
forma preventiva. Em certos casos, com as plantas perdas de produção pela eliminação alternada<br />
mais novas (até 3º-4º anos) é possível efetuar passando de 0,5m para 1,0m e para 1,5m.,<br />
desbrotas pela eliminação de hastes velhas sem conforme se pode observar no quadro 11.8 (na<br />
deixar muitas seqüelas (buracos) nas plantas. Em página seguinte).<br />
plantações velhas, essa eliminação normalmente<br />
só pode ser feita associada a uma poda drástica. Quadro 10: Produção de cafeeiros M. Novo (7<br />
Uma situação encontrada na prática é o excesso de anos), no espaçamento 3,8 x 0,75m, submetidos<br />
hastes provocado pelo plantio de mudas duplas, e à eliminação da muda dupla. Resultados de 4<br />
com a variedade Catuaí, mais susceptível à colheitas. Alfenas-MG - 1990.<br />
Tratamentos<br />
1) Testemunha: muda dupla 3,8 x 0,75 – 4 hastes<br />
2) Eliminação de covas alternadas 3,8 x 1,5 – 2 hastes<br />
3) Elimin. de cvs altern. c/elim. de 1 haste 3,8 x 1,5 – 1 haste<br />
4) Eliminação de 1 haste nas mudas duplas 3,8 x 0,75 - 1 haste.<br />
Fonte: Toledo, Miguel, Garcia e Matiello – Anais do 15º CBPC, p. 119 -1.<br />
Produção<br />
média 4 safras<br />
(scs benef./ha)<br />
10,8<br />
13,1<br />
14,0<br />
12,8<br />
Acréscimo<br />
%<br />
-<br />
21<br />
30<br />
18
RECOMENDANDO<br />
Quadro 11: Efeito do desbaste na linha sobre as 2 safras posteriores, em cafeeiros plantados no<br />
espaçamento 3,75 x 0,5m, com Catuaí - no Oeste da Bahia - 2001.<br />
Ensaios<br />
1º<br />
2º<br />
Tratamentos<br />
Modificados após 1ª safra<br />
1) original 3,75 x 0,5m<br />
2) modif. 3,75 x 1,0m<br />
3) modif. 3,75 x 1,5m<br />
Modificados após 2ª safra<br />
a) original 3,75 x 0,5m<br />
b) modif. 3,75 x 1,0 m<br />
c) modif. 3,75 x 1,5m<br />
Modificados após 3ª safra<br />
a) original 3,75 x 0,5m<br />
3º b) modif. 3,75 x 1,0m<br />
c) modif. 3,75 x 1,5m<br />
Fonte: Santinato et alli – Anais 27º CBPC, p. 196-7.<br />
4.7 - Controle do tombamento de plantas<br />
O tombamento de plantas de café tem se<br />
tornado um problema sério nos últimos anos em<br />
algumas regiões. Ele é observado em cafezais onde<br />
se usa melhores níveis tecnológicos nas lavouras,<br />
com adubações pesadas, irrigação e emprego de<br />
espaçamentos menores nas linhas de plantio<br />
Produção média anual em 2<br />
safras, pós-modificação<br />
(scs/ha)<br />
91,5<br />
63<br />
57<br />
87<br />
51<br />
36<br />
70<br />
41<br />
30,5<br />
(renque), visando maior produtividade e facilidade<br />
de tratos mecanizados.<br />
O tombamento ocorre pelo rápido<br />
crescimento dos cafeeiros, associado a troncos<br />
finos. A produção vai se concentrando na parte alta<br />
das plantas, que tombam para o meio da rua,<br />
dificultando a passagem de tratores (para os tratos<br />
normais) e a colhedeira mecanizada.<br />
19
20<br />
RECOMENDANDO<br />
As regiões de maior ocorrência são aquelas área.<br />
onde se utiliza a irrigação, principalmente nas que A poda parcial ou intercalada se caracteriza<br />
apresentam temperaturas médias mais altas pelo corte de algumas linhas, por exemplo,<br />
durante o ano, com inverno mais quente recepando uma e deixando outra sem recepar.<br />
(temperatura média mensal sempre acima de A poda por apreciação ou por planta prevê o<br />
19°C). exame e a aplicação de poda diferenciada para cada<br />
O controle do tombamento pode ser cafeeiro. Uma planta muito estragada pode ser<br />
efetuado, com os conhecimentos atuais, de 2 recepada, a outra pode receber decote e outras<br />
maneiras: ficarem sem ser podadas.<br />
As vantagens do uso da poda intercalada e da<br />
a) Preventivamente, plantando mais longe de pé a por apreciação são a manutenção de boa parte da<br />
pé, pelo menos 1,25 m entre plantas, mas nesse produção do talhão, aproveitando fileiras ou<br />
caso perde-se em produtividade. Ensaios em plantas individuais deixadas sem podar. Em áreas<br />
diferentes distâncias na linha, no Oeste baiano, com problemas de vento e também de excesso de<br />
mostram que o tombamento decresce na medida insolação as plantas em linhas sem podar oferecem<br />
em que se aumenta as distâncias na linha e a proteção àquelas podadas.<br />
produtividade também decresce. As desvantagens da poda parcial são a<br />
b) Correlativamente, tem sido adotado o amarrio dificuldade dos tratos diferenciados, no controle do<br />
d mato, na adubação, no controle de pragas/doenças<br />
e plantas, ou com auxílio de bambus e na colheita, principalmente na operacionalização<br />
entremeados na linha, entre as plantas. mecanizada.. Também ela favorece a permanência<br />
de inóculo de doenças e focos de pragas na lavoura.<br />
Outras tentativas que vem sendo testadas Na aplicação da poda intercalada ou naquela<br />
pela pesquisa são o decote (herbáceo ou lenhoso) por apreciação vai-se, nos anos seguintes (2dos<br />
cafeeiros, após a primeira safra. Isto também 3anos), podando, gradativamente, toda a lavoura.<br />
vai reduzir a produtividade. Outras alternativas a<br />
estudar são: a aplicação de hormônios anti- 6 - COMO INDICAR AS <strong>PODA</strong>S<br />
giberelina e o uso de variedades de menor<br />
crescimento, aliando menores níveis de trato A indicação das podas significa a escolha<br />
durante a formação da lavoura, para as plantas dos talhões ou parte deles onde devem ser<br />
crescerem menos. efetuadas as podas, definindo qual o tipo, a altura e<br />
O decote lenhoso, feito após a terceira safra, o modo de podar.<br />
promove o engrossamento do tronco e reduz o peso Nessa indicação deve-se levar em conta os<br />
na parte alta das plantas, assim, firma e diminui a objetivos que se deseja alcançar com a poda diante<br />
queda de plantas. dos fatores ou problemas que a lavoura vem<br />
apresentando. Esses fatores principais vão ser<br />
5 - FORMAS DE USO DAS <strong>PODA</strong>S NAS discutidos em seguida.<br />
LAVOURAS<br />
a) Fechamento da lavoura<br />
As podas nos cafezais podem ser usadas de 3<br />
formas: A poda contínua; a poda intercalda ou O fechamento de cafezais tem origem no<br />
parcial; e a poda por apreciação ou por planta. grande crescimento dos cafeeiros, cujas hastes se<br />
A poda contínua é aquela onde todas as vergam para o meio das ruas, reduzindo a insolação<br />
plantas do talhão são podadas, como por exemplo, sobre os ramos produtivos, principalmente<br />
uma recepa ou decote ou esqueletamento total da daqueles na parte baixa do cafeeiro (saia). Eles
RECOMENDANDO<br />
passam a produzir pouco e morrem, ocorrendo a Nesse caso, o sol penetra e atinge lateralmente a<br />
derramagem e a perda da saia. Na evolução do ramagem.<br />
fechamento formam-se verdadeiros túneis na Os fatores que aceleram o fechamento são: o<br />
lavoura e a produção fica restrita à parte alta uso de variedades de porte alto e de maior diâmetro<br />
(ponteiros) das plantas, com redução na de copa; o uso de espaçamentos mais juntos na rua;<br />
produtividade da lavoura. a condução sem desbrota, que dá origem a várias<br />
As lavouras fechadas apresentam hastes/planta; o uso de adubações pesadas,<br />
dificuldades na execução da maioria dos tratos, principalmente de N. Deste modo, pode-se<br />
especialmente aqueles mecanizáveis, pois fica prevenir ou atrasar os problemas de fechamento<br />
quase impraticável transitar com máquinas no através do uso adequado de variedades, de sistemas<br />
cafezal. Assim, as pulverizações, a colheita, a de plantio e de condução de plantas, com desbrotas<br />
adubação e outros tratos apresentam menor eliminando o excesso de hastes, adubação<br />
rendimento operacional, tendo-se que, em muitos equilibrada etc. A face do terreno e o alinhamento<br />
casos, passar a usar a alternativa da operação das linhas de cafeeiros em relação ao<br />
manual, mais onerosa. caminhamento do sol também interferem no<br />
Além disso, o sombreamento provocado pelo fechamento.<br />
fechamento favorece o microclima (úmido e Os problemas de fechamento constituem o<br />
sombrio) para o desenvolvimento da broca, da principal fator que levam ao uso de podas na<br />
ferrugem e da Phoma/Ascochyta, resultando, cafeicultura brasileira e em função do seu estágio<br />
também, no atraso da maturação dos frutos e tende são indicados os vários tipos de poda, de forma<br />
a piorar a qualidade do café, devido à dificuldade mais ou menos drástica.<br />
na seca mais lenta dos frutos e às fermentações, É preciso considerar, ainda, que um pouco de<br />
decorrentes do ambiente mais úmido. fechamento não é problemático e é até desejável<br />
O fechamento pode ocorrer na rua e na linha. nas lavouras de Conillon, onde a produção é<br />
Na rua o fechamento é prejudicial, pois fica sem concentrada na parte alta das hastes e nas lavouras<br />
espaço para o sol penetrar na lavoura. Já, o no sistema adensado ou semi-adensado nas regiões<br />
fechamento na linha é previsto pelo plantio em montanhosas e nas áreas quentes. Ali o autorenque,<br />
a distâncias menores de 1m entre plantas. sombreamento reduz o trabalho de controle do<br />
21
22<br />
RECOMENDANDO<br />
mato, evita excesso de insolação nas regiões ramos, que passarão a receber melhor irrigação de<br />
quentes e promove o melhor aproveitamento dos seiva.<br />
adubos e de nutrientes.<br />
Nessas condições, a condução da lavoura c) Altura excessiva das plantas<br />
com fechamento, por um certo período, não leva a<br />
perdas de produtividade. Ao contrário, se efetuadas Lavouras de café com plantas muito altas<br />
podas muito freqüentes, para abertura da lavoura, tem os trabalhos de pulverização e de colheita<br />
ocorrem perdas na produtividade média do dificultados, embora em espaçamentos mais largos<br />
período. a boa altura das plantas represente maior área<br />
externa de ramos produtivos, pois o cafeeiro é<br />
b) Desgaste, cinturamento, deformação e similar a um cilindro, onde essa área é resultado de<br />
embatumado sua base (perímetro) vezes sua altura.<br />
Estudo realizado na FEV-Varginha, no Sul<br />
Cafeeiros mal tratados, com deficiências de Minas, mostrou um rendimento de colheita 38%<br />
nutricionais graves por longos períodos, agravados superior na operação em cafeeiros Catuaí, que não<br />
por ataque de pragas/doenças e o por déficits precisaram de escada, em relação a cafeeiros<br />
hídricos, apresentam desgaste da ramagem lateral Mundo Novo, colhidos com auxílio de escadas.<br />
que, secando, acabam deixando as plantas esguias Para a colheita com máquinas automotrizes<br />
e com pouca área produtiva. Quando restrita a uma ou similares (KTR), até pouco tempo a altura ideal<br />
parte da copa a morte de ramos laterais provoca das plantas era ao redor de 2,7 m, sendo que<br />
deformações e acinturamento. algumas máquinas de gerações mais atuais colhem<br />
Dependendo do nível e da altura onde com até 3,5 m. Na colheita manual, especialmente<br />
ocorrem os problemas pode-se aplicar decote, para em áreas montanhosas, com o crescente custo da<br />
forçar a formação de ramos terciários e, assim, mão-de-obra, a tendência é a de manter planta mais<br />
recompor de ramagem a parte baixa do cafeeiro e, baixas, que não ocupem escadas para a colheita e<br />
em estágio mais crítico, indica-se uma recepa. Em nas quais o colhedor possa colher com maior<br />
cafeeiros fracos, maltratados, o esqueletamento rendimento.<br />
não é indicado até que as plantas possam A poda por decote pode ser empregada para<br />
recuperar parcialmente os ramos e folhas e, assim, reduzir a altura de plantas, aplicando-a,<br />
terem capacidade de melhor.resposta à poda. periodicamente, de acordo com a necessidade.<br />
Outra condição que ocorre, em plantas mais A altura mais comum do decote é entre 1,7 e<br />
velhas, principalmente em variedades compactas, 2,0 m. Como o topo da planta cresce por 2-3 safras,<br />
como o Catuaí, é o embatumado de ramos laterais, significa uma altura total de 2,3 2,8 m, considerada<br />
principalmente na parte baixa e média do cafeeiro. uma boa altura adequada de planta de café, que<br />
Os ramos vão se alongando com o passar dos anos, facilita a colheita e possibilita uma boa cobertura<br />
vão ficando finos e assim suportam o pela pulverização.<br />
desenvolvimento de apenas 3-4 nós produtivos em Em lavouras com espaçamento largo na rua<br />
sua extremidade e dão origem a frutos pequenos. pode-se trabalhar com cafeeiros mais altos, pois no<br />
Ao afastar os ramos para ver o interior da copa, movimento do sol durante o dia, a sombra<br />
verifica-se uma enorme porção dos ramos promovida pelas plantas não chega a ser excessiva<br />
suberificada, e pelo seu grande número formam um para a parte baixa dos cafeeiros, como seria para<br />
embatumado. Nesse caso, o esqueletamento ou aqueles em menores distâncias entre linhas. Para a<br />
desponte é o ideal, para eliminar o excesso lateral, colheita mecânica também pode-se trabalhar com<br />
deixando apenas pequenas porções mais grossas plantas mais altas, conforme já discutido.<br />
dos ramos produtivos, que vão dar origem a novos A redução da altura da planta por decote
RECOMENDANDO<br />
tende a promover o engrossamento do tronco e de nutrientes pelo material vegetal (folhas, ramos,<br />
reduz o tombamento de plantas, comum nos troncos) podado; a morte do sistema radicular; o<br />
plantios em renque, em áreas irrigadas e regiões aumento na brotação e sua condução; a perda de<br />
mais quentes. Essa redução auxilia, ainda, no produção no curto prazo; a ocorrência de<br />
reequilíbrio da parte aérea com o sistema radicular, deficiências nutricionais e a mudança nas ervas,<br />
sendo útil em regiões com déficit hídrico. pragas/doenças.<br />
d) Excesso de hastes a) Reposição de nutrientes pela ramagem<br />
O excesso de hastes é promovido pela falta É muito clara e de fácil entendimento a<br />
da desbrota anual. prática de aproveitar todo o material vegetal<br />
Quando se constata o problema na lavoura podado, composto por folhas, ramos e partes finas<br />
ainda jovem, com até 3-4 anos, pode-se eliminar as do tronco, para repor nutrientes e matéria orgânica<br />
hastes em excesso, eliminando aquelas mais novas no solo da área podada. Mesmo assim, muitos<br />
e finas, por arranqio ou corte baixo delas. produtores ainda arrastam para fora da área e até<br />
Nas lavouras mais velhas, onde as hastes já queimam os restos da poda.<br />
se estabeleceram e o seu arranquio deixaria O quadro 12 abaixo mostra o conteúdo<br />
“buracos” na planta, o excesso de hastes deve ser nutricional das partes de cafeeiros podados, nos<br />
eliminado por ocasião de uma recepa da lavoura. diversos tipos de poda. Os teores de nutrientes<br />
foram tanto maiores quanto mais drástica foi o<br />
7 - EFEITO DA <strong>PODA</strong> NOS CAFEEIROS E NA sistema de poda usado. Para destacar apenas os<br />
ÁREA <strong>PODA</strong>DA teores de NK eles variavam de 40 kg/ha no decote<br />
alto para a faixa de 150-170 kg/ha na recepa baixa.<br />
A execução de podas nas lavouras de café A volta para o solo da enorme quantidade de<br />
interfere nas características da área e na condição nutrientes acumulada nos tecidos vegetais<br />
vegetativa e produtiva dos cafeeiros, exigindo podados, ainda melhor, na forma orgânica, com<br />
manejo diferenciado nas áreas podadas. melhor aproveitamento nutricional, reduz a<br />
Os principais aspectos que devem ser necessidade de adubação em seguida à poda.<br />
observados pelo efeito das podas são: a reposição Esse aproveitamento da grande parte da<br />
Quadro 12: Quantidade de macro e micronutrientes nas partes podadas de cafeeiros (folhas + ramos<br />
+ tronco), em cafezal Mundo Novo, 12 anos, 4 x 1,2m. - Varginha-MG - 1984.<br />
Nutrientes<br />
N (g/planta)<br />
P (g/planta)<br />
K (g/planta)<br />
Ca (g/planta)<br />
Mg (g/planta)<br />
S (g/planta)<br />
B (mg/planta)<br />
Cu (mg/planta)<br />
Zn (mg/planta)<br />
Recepa<br />
0,4m<br />
169<br />
10<br />
150<br />
78<br />
16<br />
5<br />
189<br />
120<br />
91<br />
Tipo e altura de poda<br />
Decote Decote<br />
1m<br />
154<br />
8<br />
139<br />
72<br />
17<br />
4<br />
197<br />
115<br />
79<br />
Fonte: Garcia et alli – Anais do 13º CBPC, p. 158-64.<br />
1,5m<br />
85<br />
5<br />
88<br />
33<br />
8<br />
3<br />
86<br />
64<br />
39<br />
Decote<br />
2m<br />
42<br />
2<br />
41<br />
17<br />
4<br />
2<br />
93<br />
26<br />
14<br />
23
24<br />
RECOMENDANDO<br />
ramagem é facilitado, nas áreas mecanizadas, pelo função da redução da parte aérea da planta, a qual é<br />
uso de roçadeiras e, principalmente, a trincha, a responsável pelo fornecimento de reservas de<br />
implementos que reduzem os materiais podados sobrevivência e crescimento das raízes.<br />
em pequenos pedaços, facilitando sua O quadro 13 mostra perdas de raízes<br />
decomposição e evitando que eles atrapalhem proporcionais à intensidade das podas. A morte é<br />
qualquer tipo de trato na lavoura (controle do mato, gradual e persiste até aos 4 meses na recepa e<br />
adubação, etc). esqueletamento (podas drásticas) e já ocorre<br />
Apenas a parte grossa dos troncos, no caso de recuperação a partir dos 2 meses nas plantas<br />
recepa, deve ser retirada, aproveitando-se a mesma decotadas.<br />
para lenha, muito usada na secagem do café, ou até A morte de raízes influi negativamente na<br />
para venda como lenha ou carvão. absorção de nutrientes e água e tende a ser maior<br />
quanto mais perdurar o período seco pós-poda.<br />
b) Morte de raízes Portanto, sempre que possível, é indicado irrigar as<br />
plantas recepadas/esqueletadas. Esse aspecto vem<br />
Os trabalhos de pesquisa mostram que ocorre agora sendo pesquisado. Em Mutum-MG, o<br />
uma significativa morte de raízes finas nos tratamento com irrigação pós recepa baixa em<br />
cafeeiros podados, essa morte ocorrendo em cafeeiros Conillon se recuperou rapidamente,<br />
Quadro 13: Mortalidade de raízes de cafeeiros em vários tipos de podas cafezal Mundo Novo, 7<br />
anos, 3,5 x 1,5m (3-4 hastes/cova) - Alfenas-MG - 1986.<br />
Tipos de<br />
% de raízes vivas (em peso)<br />
Podas Aos 30 dias Aos 60 dias Aos 120 dias Média<br />
Recepa<br />
87 32<br />
17<br />
44<br />
Esqueletamento 75 37<br />
17<br />
42<br />
Decote<br />
90 55<br />
77<br />
77<br />
Test. sem poda 100 100 100 100<br />
Fonte: Miguel, Oliveira, Matiello e Fioravante – Anais 11º CBPC, p. 240 -1
RECOMENDANDO<br />
crescendo 39% a mais em altura e<br />
45% a mais no diâmetro das<br />
plantas e resultando num<br />
acréscimo de 75 % de produção<br />
na 1ª colheita pós recepa.<br />
a) Aumento nas brotações e<br />
crescimento de ramos<br />
As podas resultam no corte<br />
do tronco e dos ramos do<br />
cafeeiro, quebrando a<br />
dominância apical e, por isso,<br />
induzindo a formação de novas<br />
gemas ou brotos, que dão origem<br />
a novos ramos ortotrópicos ou<br />
ramos ladrões e, também, levam<br />
ao crescimento e formação de<br />
novos ramos laterais, gemas ortotrópicas e leva a um superbrotamento de<br />
plagiotrópicos. ladrões, que também necessita desbrota.<br />
No decote, por exemplo, o corte do tronco,<br />
na parte alta dos cafeeiros induz a u formação de b) Perda de produção no curto prazo<br />
um “tapete de ramos” ladrões, saídos do tronco na<br />
área inferior ao corte, podendo ou não ser feita a A perda de produção nas plantas podadas,<br />
desbrota. A curto prazo essa brotação aumenta a principalmente no curto prazo, nos dois primeiros<br />
área produtiva. Paralelamente, ocorre um anos pós-poda, é a principal razão que muitas vezes<br />
crescimento dos ramos laterais, tendendo a contra-indica o uso de podas em cafezais e/ou<br />
aumentar o diâmetro da planta e, principalmente na reduz a aceitação da prática pelos produtores.<br />
condução sem brotos na parte alta, leva a planta, De fato, quanto mais drástica for a poda, mais<br />
através de bifurcações e crescimento dos ramos tempo a planta necessita para reformar sua<br />
produtivos, a estruturar melhor a copa do cafeeiro, estrutura produtiva, isto fazendo com que, dentro<br />
que se torna mais cilíndrica, havendo, assim, um da necessidade, se deva podar o mínimo possível<br />
crescimento compensatório, que auxilia na da planta.<br />
manutenção da produtividade, mesmo com o corte Veja-se o exemplo do quadro 14 onde após<br />
e perda de produção na parte alta dos cafeeiros. uma geada de capote se podou baixo, por recepa,<br />
Na recepa ocorre grande brotação no tronco, alto, por decote, ou não se podou.<br />
que precisa ser conduzida para gerar novas hastes,<br />
mais grossas e produtivas. Quadro 14: Produção de café após sistemas de<br />
No esqueletamento/desponte, a exposição do podas na recuperação de cafeeiros atingidos por<br />
tronco ao sol promove a quebra de dormência de geada superficial (“capote”), em cafezal MN, 5<br />
Tratamentos<br />
Produção média anual de 2<br />
safras pós- poda (scs/ha)<br />
Recepa a 40 cm 3,2<br />
Decote a 1,8 m 15,8<br />
Testemunha 14,5<br />
25
26<br />
RECOMENDANDO<br />
anos, 4 x 2 m Elói Mendes-MG, 1979. pela morte das raízes, porém essa redução é<br />
A perda total de uma safra, como ocorre na temporária, voltando a atacar as raízes novas<br />
recepa e no esqueletamento e a perda parcial na emitidas e se tornando muito prejudicial na<br />
segunda, principalmente na recepa, pode recuperação da rebrota.<br />
comprometer a média de um período mais longo, Nas doenças, a ferrugem e a cercosporiose<br />
com isso a produtividade nas plantas sem poda são menos graves nas plantas podadas, pelo maior<br />
tende a se manter sempre mais alta. arejamento e pela redução na produção. A Phoma,<br />
Ascochyta e a Pseudomonas, ao contrário, são<br />
a) Deficiências nutricionais: favorecidas, pois atacam as brotações novas e são<br />
auxiliadas pela maior ação dos ventos. Nas podas<br />
As carências nutricionais tendem a ficar intercaladas as plantas sem podar fornecem<br />
reduzidas nas plantas podadas, devido à sua menor inoculo para o ataque nas brotações dos cafeeiros<br />
produção. Por um lado a morte de raízes traria recepados, além de formarem um ambiente( micromaior<br />
dificuldade de absorção de nutrientes. Por clima) mais sombrio e úmido sobre eles.<br />
outro lado a reposição de material vegetal podado é<br />
uma boa fonte de suprimento 8. <strong>EM</strong>PREGO DE <strong>PODA</strong>S <strong>EM</strong> SIST<strong>EM</strong>AS OU<br />
O que se pode observar de diferente nas CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DE CULTIVO<br />
plantas podadas é uma necessidade maior de<br />
micronutrientes, pela maior brotação que ocorre, 8.1 - Podas em cafezais adensados/<br />
como de zinco e boro associados aos tecidos superadensados<br />
meristemáticos, nas zonas de crescimento dos<br />
ramos. Com isso são exigidos maiores cuidados no A poda é uma prática mais importante para os<br />
seu suprimento. cafezais conduzidos em sistemas adensados,<br />
devido às menores distâncias usadas nos<br />
b) Problemas de ervas, pragas e doenças espaçamentos de plantio, que favorecem o<br />
fechamento precoce da lavoura e os problemas<br />
As lavouras podadas, pela maior abertura das inerentes de dificuldade no manejo dos tratos, de<br />
áreas, são mais infestadas por ervas daninhas e o perda de produtividade etc.<br />
seu controle, por herbicidas de pós-emergência, é O fechamento é o principal problema na<br />
dificultado nos casos de recepa, onde as brotações adoção do sistema adensado, sendo programadas<br />
ficam muito sujeitas à deriva das aplicações e, podas para prevenir ou, então, de forma corretiva,<br />
assim, podem ser intoxicadas. proceder a reabertura da lavoura. Porem, o<br />
Quanto às pragas, existem comportamentos fechamento pode ser admitido, até certo ponto,<br />
diferentes entre elas. O ataque de broca tende a ser uma vez que a produtividade por área pode manterreduzido<br />
(pelo maior arejamento), ao contrário, se suficientemente alta, mesmo quando restrita à<br />
pela maior insolação, tende a aumentar o ataque de parte superior das plantas. Uma nova alternativa de<br />
bicho-mineiro e de ácaros. Pequenos besouros, condução da lavoura preconiza, até, o fechamento<br />
como carneirinhos e vaquinhas, costumam atacar como uma forma de simplificar os tratos (poucas<br />
bastante as brotações de recepa. capinas, colheita no chão etc.). Esses conceitos se<br />
As pragas de sistema radicular ficam aplicam melhor nas condições de pequenas<br />
reduzidas nos cafeeiros podados drasticamente, propriedades e em regiões montanhosas<br />
principalmente na recepa. As cigarras e a mosca de O uso de podas em cafezais adensados pode<br />
raiz não ovipositam na área recepada e, assim, sua ser feita dento de 3 formas:<br />
população fica gradativamente reduzida. Os Podas programadas.<br />
nematóides também têm sua população diminuída,<br />
Podas corretivas.
RECOMENDANDO<br />
Novos sistemas<br />
primeiras colheitas, efetuadas no espaçamento<br />
Sem podas. menor. Em geral esse sistema reduz a<br />
produtividade em relação à ausência do arranquio.<br />
a) Podas programadas: A recepa de linhas alternadas: também deve<br />
ser iniciada após a 3ª ou 5ª colheita, antes do<br />
São podas que podem ser aplicadas de desaparecimento dos ramos da “saia”. Quando o<br />
forma preventiva, ou seja, previne-se o fechamento espaçamento entre linhas for pequeno e,<br />
crítico. principalmente, com plantas de porte alto pode<br />
Elas podem ser de vários tipos: haver o estiolamento (entre-nós longos) da<br />
Arranquio de linhas alternadas; brotação, devido à falta de luz. Nesse caso, a<br />
Recepa de linhas alternadas (1 ou 2);<br />
solução é adotar a recepa a cada 2 linhas alternadas.<br />
Recepa de 1/3 das linhas conforme previamente Outra opção é a recepa de uma linha e o decote da<br />
programado;<br />
outra.<br />
Recepa e decote alternados;<br />
Após a 1ª ou 2ª colheita nas plantas<br />
Recepa de 20 a 25% das linhas, conforme recepadas, se houver necessidade, poda-se as<br />
esquema programado, tipo “Fukunaga”; linhas não podadas anteriormente.<br />
Recepa por talhão;<br />
Na recepa de 1/3 das linhas inicia-se a partir<br />
Esqueletamento em ciclos.<br />
da 4ª safra, recepando a 1ª fileira; no ano seguinte a<br />
3ª e a 2ª em seguida, voltando novamente à 1ª<br />
O arranquio de linhas alternadas: pode ser fileira (no 4º ano).<br />
efetuado após a 3ª ou 5ª colheita, de acordo com o Na recepa de 20% das linhas Sistema<br />
espaçamento adotado. Deve ser efetuado antes que “Fukunaga” modificado: implica na poda<br />
as plantas sofram perda significativa dos ramos da programada do cafezal, conforme esquema<br />
“saia”. Assim, a lavoura fica transformada para o previamente elaborado, recepando-se 1/5 das<br />
sistema aberto, porém a produtividade média por linhas e decotando-se 2/5. Assim, se o esquema de<br />
área será maior, devido à colaboração das 4 ou 5<br />
recepa a ser estabelecido, em cada conjunto de 5<br />
27
28<br />
RECOMENDANDO<br />
linhas, for na ordem: 1, 3, 5, 2, 4, ou seja, após a 2ª produção pode-se manter a lavoura e, em alguns<br />
colheita, recepa-se a linha nº 1 e decota-se as linhas casos, a produção permanece vantajosa por mais de<br />
nº 2 e nº 4, no ano seguinte (após a 3ª colheita), 12 safras, conforme pode ser observado mediante<br />
recepa-se a linha nº 3; após a 4ª colheita poda-se a os dados do quadro 15 no fim da página.<br />
linha nº 5; após a 5ª colheita, a linha nº 2 e Para evitar a perda total da produção na<br />
finalmente após a 6ª colheita, corta-se a linha nº 4, propriedade pode-se adotar a recepa por talhões,<br />
encerrando-se o 1º ciclo de poda. Após a 7ª colheita em plantios escalonados (a cada 1-2 anos),<br />
reinicia-se novo ciclo de poda, seguindo-se o cortando-se, também, de forma escalonada.<br />
mesmo esquema anterior ou modificando-o<br />
conforme o aspecto da lavoura. c) Novos sistemas<br />
A recepa por talhão é um sistema que pode ser<br />
programado com o plantio escalonado ou, Trabalhos de pesquisa mais recentes<br />
simplesmente, de acordo com o ciclo (número de demonstram a viabilidade de aplicar novos<br />
safras ) que se deseja entre as podas. Ele se mostra sistemas de poda em cafezais adensados ou semiaplicável<br />
também ao superadensamento, nesse adensados.<br />
caso a ciclos mais curtos. O esqueletamento pode ser uma opção<br />
O esqueletamento se adapta melhor nas temporária, pois com a proximidade das linhas de<br />
lavouras semi-adensadas, onde a poda é cafeeiros, o fechamento volta a se manifestar<br />
programada a cada ciclo de 3-4 safras, visando rapidamente. Outro problema é que não ocorre<br />
manter as condições de mecanização dos tratos. recomposição na saia, visto ali já se encontrarem<br />
mortos os ramos laterais, pelo fechamento anterior,<br />
b) Podas corretivas o que pode ser corrigido parcialmente pela<br />
condução de alguns ramos ladrões, saídos do<br />
Nesse sistema de podas a lavoura é mantida tronco nas porções onde se deseja cobrir as falhas<br />
sem poda enquanto a produtividade permanecer dos laterais. Como já dito anteriormente, o<br />
boa, e quando houver grande declínio ou, então, as esqueletamento vai bem para lavouras semiplantas<br />
ficarem excessivamente altas efetua-se a adensadas.<br />
recepa total da lavoura, a 20-30 cm de altura. A segunda opção é a aplicação de decote<br />
Os ensaios têm mostrado que até a 8ª ou 10ª baixo nos cafeeiros adensados, que pode ser<br />
Quadro 15: Tipos de poda em cafezal adensado, Catuaí 1,75 x 1m. Produção média em scs. benef./ha<br />
em períodos separados. Varginha-MG 1993.<br />
Tratamentos<br />
1) Testemunha<br />
2) Fukunaga<br />
3) 2 alternos<br />
4) Recepa total<br />
5) Decote herbáceo<br />
6) Arranquio alternado<br />
Três 1ªs safras<br />
82-84<br />
25,4<br />
25,2<br />
24,1<br />
25,7<br />
25,4<br />
23,6<br />
4ª - 7ª safras<br />
85-88<br />
41,6<br />
29,2<br />
29,1<br />
41,1<br />
39,4<br />
26,9<br />
8ª - 12ª safras<br />
89-93<br />
35,5<br />
30,0<br />
25,5<br />
10,5<br />
11,9<br />
27,8<br />
Média das 12<br />
safras 82-93<br />
34,8 (*)<br />
28,5<br />
23,7<br />
24,8<br />
22,4<br />
26,4<br />
Obs.: Podas 2, 3, 5 e 6 iniciadas em 1984; recepa total (4) efetuada em 1989. O decote herbáceo (5) também<br />
levou recepa total em 1989.<br />
(*) Melhor produção até a 12ª safra, onde não levou poda.<br />
Fonte: Miguel, Matiello, Almeida e Toledo – Anais 19º CBPC, p. 100-1, 1993
RECOMENDANDO<br />
adotado em todas as plantas, em linhas alternadas Para cafeeiros muito adensados o ideal seria<br />
ou só nas plantas estragadas por alta produção. O recepar baixo 2 linhas e as 2 restantes ficariam<br />
decote pode ser feito após 3ª ou 4ª safras, quando a abertas, assim seu tronco emitiria brotos, que<br />
carga se concentra somente na parte alta dos seriam conduzidos. Dois anos após essas plantas<br />
cafeeiros. Esses topos das plantas se esgotam seriam recepadas, porém com corte acima,<br />
depois de uma safra alta, quando, então, devem ser, aproveitando esses brotos já crescidos.<br />
cortados (decotados), voltando a brotação em Essas várias opções, principalmente as duas<br />
seguida. Com esse tipo de poda amplia-se a área últimas, se aplicam melhor aos casos de pequenos<br />
superior do cafeeiro e, conseqüentemente, sua cafeicultores.<br />
produtividade. Além disso, a altura das plantas é O quadro 16 mostra os resultados de um<br />
reduzida, facilitando a colheita e os tratos. Outras ensaio em cafezal adensado em área montanhosa<br />
vantagens são: a) a não abertura da área, o que evita na Zona da Mata de Minas Gerais. Pode-se<br />
a reinfestação de ervas; e b) a pouca quebra nas verificar que o decote, principalmente na<br />
safras, que seria grande na opção por podas modalidade de apreciação, resultou nos melhores<br />
drásticas (recepa). resultados de produtividade.<br />
A terceira opção é a recepa “a posteriori”,<br />
ou seja, recepando a planta após brotação Quadro 16: Produção de café (scs/ha) em<br />
provocada e conduzida na parte baixa da planta. lavoura adensada 2,0 x 0,7m sob diferentes<br />
Tratamentos<br />
Recepa total<br />
Decote total<br />
Decote alternado<br />
Decote por apreciação<br />
Testemunha<br />
Produção (scs./ha)<br />
2003 2004 2005 2006 Média<br />
- 38,5 43,9 118,2 50,1<br />
7,0 83,0 35,3 132,7 64,5<br />
35,6 74,4 18,9 99,6 57,1<br />
33,7 81,5 42,5 129,8 71,9<br />
48,1 61,5 39,2 124,9 68,4<br />
tipos de poda. Martins Soares-MG, 2006. Dentre os sistemas aqui apresentados para<br />
d) Condução sem podas lavouras adensadas o que tem sido mais usado, na<br />
prática, é a recepa total do talhão. Também pode ser<br />
Um sistema novo prevê a condução das indicada a recepa a cada 2 linhas alternadas. Essa<br />
lavouras adensadas sem poda, formando “salões” recepa, quando efetuada mais cedo na lavoura,<br />
sob os cafeeiros, ficando a produção restrita aos deve ser, preferencialmente, feita mais alta,<br />
ponteiros. As capinas ficam muito reduzidas, pelo aproveitando 1 a 2 ramos laterais (“pulmões”)<br />
sombreamento total do solo, e a colheita é prevista desde que encontrados até 60-70 cm do solo, os<br />
por derriça (com varas) no chão. quais, quando muito longos ou “embatumados”,<br />
Algumas dificuldades observadas são: devem ser despontados. Caso contrário, recepar<br />
problemas com a qualidade do café; colheita pouco baixo (20-40 cm). Conduzir 1 broto por planta a 0,5<br />
aceita pelos trabalhadores; ataque maior de broca e m e 2 brotos no espaçamento de 1m entre plantas.<br />
ferrugem; e pulverizações quase impraticáveis O decote seria normalmente uma poda<br />
pelos sistemas normais, sendo aplicável, quase que imprópria para o sistema adensado, visto que<br />
somente, o uso de canhões-atomizadores. elimina, justamente, a parte alta da planta, onde se<br />
concentra a produção nesse sistema. Além disso,<br />
e) Recomendações das podas quando efetuado mais cedo, acelera o fechamento,<br />
pois aumenta o crescimento dos ramos laterais.<br />
29
30<br />
RECOMENDANDO<br />
Atualmente, porém, novos<br />
resultados, conforme dados já<br />
apresentadas no quadro , estão<br />
mostrando a viabilidade do<br />
decote, aplicado por planta,<br />
também em lavouras adensadas<br />
(ver item c).<br />
As podas de desponte ou<br />
esqueletamento (laterais), tem<br />
menor uso. A princípio, elas tem<br />
se mostrado menos adequadas às<br />
lavouras adensadas, pois o<br />
espaço é pequeno, havendo<br />
estiolamento das brotações<br />
laterais. Também, essas podas<br />
voltam a fechar rapidamente, já podar os cafeeiros. Primeiro porque logo após a<br />
no 2º ano pós-podas. Nos sistemas semi-adensados geada não se sabe exatamente até onde queimou.<br />
elas encontram melhor aplicação. Depois porque a poda sempre elimina reservas,<br />
Nas podas com tipos intercalados um dos necessárias à recuperação das brotações, em uma<br />
problemas é a necessidade de adubação e tratos época normalmente seca (julho-setembro).<br />
diferenciados, o que dificulta o manejo. Outra Não se pode descuidar, ainda, de antecipar<br />
questão é a contaminação, por doenças e pragas, podas, em áreas sujeitas a geadas dentro do período<br />
das plantas remanescentes sobre aquelas de risco, uma vez que a planta podada fica muito<br />
recepadas. mais sujeita a danos pelo frio.<br />
É necessário, ainda, prestar atenção ao fato Quanto ao modo de podar cafezais geados,<br />
de que as plantas podadas ficam mais sujeitas às deve-se seguir a orientação normal, adotando<br />
geadas e o efeito do frio é sempre mais danoso podas leves (decote) ou drásticas (recepa) ou<br />
nessas plantas. dispensar as podas, efetuando apenas desbrotas, o<br />
que é comum nos casos de lavouras com queima<br />
8.2 Podas em cafezais geados ou atingidos por superficial (“capotinho”) por geada ou atingidas<br />
granizo. levemente por chuva de granizo.<br />
Para queima parcial do cafeeiro (“capote”)<br />
A aplicação de podas em cafezais atingidos pode-se adotar um decote, que pode ser feito<br />
por geadas ou chuvas de granizo vai depender da previamente à brotação, ou, então, conduzir os<br />
observação prévia do nível de dano causado à copa brotos no ponteiro e, depois, quebrar manualmente<br />
das plantas, valendo para elas a mesma as hastes secas. Para queima grave, até o tronco,<br />
recomendação geral aplicável às lavouras não pode-se adotar podas por recepa. Nesse caso podeatingidas:<br />
quanto menos cortar melhor, pois deve- se efetuá-la à altura logo abaixo do ponto que<br />
se aproveitar, ao máximo, a estrutura produtiva das queimou, podendo ocorrer, nessa condição,<br />
plantas, ganhando-se com menores gastos com recepas mais altas, ou até decotes baixos (1-1,2 m),<br />
poda e com o retorno mais rápido à produção. costumando-se chamar a operação como recote.<br />
Outro ponto importante é a época de podar. Quando a operação é feita manualmente pode-se<br />
Os trabalhos de pesquisa mostram que se deve usar alturas variadas por planta. O esqueletamento<br />
esperar de 60-90 dias após a geada (coincidindo e o desponte normalmente não são indicados pois a<br />
com o reinício do período quente chuvoso) para geada já efetua um desponte natural dos ramos
RECOMENDANDO<br />
Cafeeiros cinturados<br />
podem receber poda<br />
leve de recuperação,<br />
como um decote<br />
seletivo (planta da<br />
frente) vendo-se a<br />
situação de planta<br />
podada no ano<br />
anterior (fundo).<br />
laterais. depauperadas, com pequena área produtiva na<br />
Para plantas novas, atingidas por canela de copa.<br />
geada, deve-se primeiro esperar as brotações, logo Na fase de recuperação dessas lavouras deveabaixo<br />
da canela. Quando os brotos estiverem com se analisar, previamente, a condição vegetativa dos<br />
cerca de 10 cm deve-se efetuar a desbrota, cafeeiros, para verificar a necessidade de poda e a<br />
conduzindo 1 broto por planta e, na medida em que capacidade de resposta, observando a parte aérea e<br />
esse broto estiver firme, cortar logo acima, o sistema radicular das plantas. Cafeeiros muito<br />
eliminando a haste original, uma vez que a parte velhos, de variedades pouco vigorosas, atacados<br />
superior à lesão vai, aos poucos, amarelecendo até por nematóides e com sistema radicular deficiente<br />
morrer. têm reduzida sua capacidade de recuperação e,<br />
Como já foi citado anteriormente, as lavouras muitas vezes, precisam ser substituídos.<br />
atingidas por granizo normalmente não precisam O tipo e a altura da poda, indicados para<br />
de poda. Muitas vezes é necessário desbrotas, pois auxiliar na recuperação, variam com o que a<br />
as machucaduras causadas na haste dos cafeeiros lavoura mostrar, podendo ser decote ou recepa, ou<br />
estimulam as brotações. Deve-se, no entanto, ambos na mesma lavoura (poda por planta), com ou<br />
cuidar do controle fitossanitário, pois as aberturas sem desponte. Plantas ainda com a copa<br />
são porta de entrada para microrganismos (fungos aproveitável, geralmente se recuperam bem com<br />
e bactérias), que causam desfolha e seca de ramos. um decote, que promove o forçamento na<br />
formação de novos ramos laterais, brotados a partir<br />
8.3 Podas de lavouras em recuperação de outros. A recepa tem a vantagem de renovar toda<br />
a copa, além de favorecer o reequilibro da parte<br />
Em lavouras submetidas a mal trato, durante aérea e do sistema radicular, facilitando, ainda, o<br />
anos sucessivos, boa parte das plantas apresentam tratamento contra pragas de solo eventualmente<br />
grande quantidade de ramos laterais mortos (não presentes.<br />
havendo renovação de gemas para esses ramos) As podas, quando necessárias, devem ser<br />
deixando as plantas deformadas, cinturadas e complementadas pelo uso adequado dos tratos,<br />
31
32<br />
RECOMENDANDO<br />
visando a recuperação no desenvolvimento e b) Regularização da produção anual.<br />
produtividade das plantas podadas, destacando-se c) Redução do tamanho das plantas.<br />
a correta adequação do solo, (física e química) d) Eliminação do excesso de brotos ou ramos.<br />
suprindo e reequilibrando os nutrientes, o controle e) Eliminação de ramos improdutivos.<br />
das ervas e das pragas/doenças, especialmente as f) Facilidades no controle de broca, ferrugem e na<br />
do sistema radicular. colheita.<br />
g) Viabilidade na mecanização e no manejo da<br />
8.4 Podas em cafezais Conillon lavoura.<br />
h) Melhoria da relação galho/folhas.<br />
O conceito de poda em café Conillon é<br />
bastante diferente daquele usado para variedades Existem, ainda, poucos trabalhos de pesquisa<br />
de café arábica, em função de 2 características sobre tipos de podas em cafezais Conillon. Um<br />
básicas do cafeeiro Conillon: a) as plantas experimento realizado em Marilandia pelos<br />
apresentam uma intensa ramificação ortotrópica Técnicos do ex-IBC, comparou os tipos: recepa<br />
(multi-caule) ficando sem saia e a produção fica baixa total, recepa baixa parcial, desbaste lateral e<br />
restrita à parte alta das plantas; e b) o manejo decote. Após 4 safras, os melhores resultados de<br />
tradicional é feito sem desbrota, só ultimamente, produção média foram com o desbaste lateral (30<br />
em plantios mais adensados, se adota um menor nº scs/ha/ano) e com a recepa parcial (22 scs/ha/ano)<br />
de hastes/planta. onde se deixou 3-5 hastes, eliminadas 2 anos após,<br />
Em conseqüência dessas características é ficando a recepa total com 15sacas, e a testemunha<br />
normal um cafeeiro Conillon adulto possuir mais (sem poda) com 28 scs/ha, confirmando a<br />
de 30-50 hastes ortotrópicas. A planta, assim, expectativa de que o fechamento não estava<br />
cresce em forma de uma taça (moita), não mantém restringindo significativamente a produção, no<br />
saia e a produção é restrita à parte superior das período estudado.<br />
hastes, as quais são continuamente renovadas. Na prática, três tipos de podas vêm sendo<br />
Deste modo, o problema de fechamento no mais usados: a) a recepa baixa total, ou<br />
café Conillon não é grave como nos cafezais de intercalada, à semelhança do que se usa em café<br />
arábica, nos quais a condução é feita com poucas arábica; b) a eliminação anual de ramos velhos,<br />
hastes (1-2/planta) e onde a produção deve ocorrer esgotados, chamada de poda de produção,<br />
em toda a superfície da copa cilíndrica, de alto a associada à condução de novas hastes; e c) a<br />
baixo. O fechamento nos cafezais Conillon desbrota do excesso de brotos.<br />
atrapalha a mecanização dos tratos e favorece o Ultimamente vem sendo praticada no<br />
ataque de broca e de ferrugem, além de dificultar Espírito Santo, sem base experimental, a<br />
seu controle. Porém, o fechamento facilita bastante eliminação (desbaste) de ramos produtivos, de<br />
o controle do mato, o que é desejado pelos baixo para cima nas hastes, aqueles que já<br />
produtores de áreas não mecanizáveis. frutificaram no ano anterior.<br />
Assim, até a década de 80, praticamente não Deste modo, observando os resultados de<br />
se usava podas em Conillon. De lá para cá, novas ensaios e as experiências práticas realizadas com o<br />
lavouras, mais empresariais, foram implantadas, café Conillon no Brasil, pode-se indicar:<br />
muitas com irrigação e mecanização, outras mais a) Fazer desbaste lateral, após a colheita, dos<br />
adensadas, e o trabalho de poda foi muito ramos vergados para o meio da rua, visando<br />
ampliado, com bons resultados. prolongar o período de abertura da lavoura.<br />
A poda em cafeeiros Conillon pode ser usada b) Em áreas pequenas ou onde houver<br />
para uma ou mais das seguintes finalidades: disponibilidade de mão-de-obra aplicar a poda<br />
a) Renovação das plantas. de produção, de forma preventiva, a partir da 3ª-
RECOMENDANDO<br />
4ª safra, eliminando, a cada ano, logo após a junto na linha (1 m), com a condução de uma só<br />
colheita, os ramos que produziram muito, e haste, que assim forma uma planta cilíndrica,<br />
normalmente os que já produziram 2-3 safras e semelhante à de café arábica. O problema é que nas<br />
que se encontram esgotados (com poucos regiões mais secas as plantas costumam cinturar e,<br />
ramos laterais enfolhados). também, com o tempo, a saia fica muito larga,<br />
c) A renovação da planta pode ser feita através da exigindo desponte. Outra observação curiosa é que<br />
recepa baixa ou da aplicação da poda de logo os ramos plagiotrópicos se engrossam e<br />
produção de forma mais drástica, deixando começam a emitir ramos ortotrópicos. Os estudos<br />
menos hastes velhas por planta, e com maior feitos sobre essa alternativa mostram que uma só<br />
número de hastes novas conduzidas, nesse caso haste reduz a produtividade e que o ideal para esse<br />
podendo ser usada mais tardiamente, a partir da sistema de condução é deixar 3 hastes/planta, como<br />
6ª-8ª safras. se pode ver no quadro 17. Para apenas uma haste<br />
d) Em lavouras mais adensadas (2 a 2,5m x 1m) está sendo testada uma distância menor, de 0,5m<br />
conduzir 2-3 hastes por planta e iniciar sua entre plantas. Nessa condição as plantas ficam com<br />
renovação, por poda de produção anual, após a saia, se assemelham a cafeeiros arábica e podem<br />
2ª ou 3ª safra. ser passíveis de colheita mecânica.<br />
A poda de produção pode ser feita com 8.5 Podas para safra zero/safra cem<br />
facão, serra de poda ou podão. Os ramos esgotados<br />
(emponteirados) devem ser cortados deixando-se o Nos últimos anos tem crescido bastante o<br />
melhor broto existente, mais abaixo, para renovar a uso de podas sistemáticas nas lavouras, mesmo nas<br />
copa. Pode-se combinar essa poda com a abertas, visando zerar a safra no ciclo de baixa<br />
eliminação do excesso de brotos existentes na produção. Esse sistema recebeu o nome de safra<br />
planta, possibilitando uma melhor entrada de luz zero ou, mais propriamente, safra cem, pois é<br />
dentro da mesma. Não existem, entretanto, dados preciso ter safras altas para manter boa<br />
que permitam afirmar se essa desbrota favorece ou produtividade média diante de outra safra zerada<br />
não a produtividade. As hastes esgotadas pela poda.<br />
apresentam a casca mais clara, esbranquiçada. O sistema utiliza a poda de desponte nos<br />
Quanto antes essa poda é realizada (após a colheita, cafeeiros, aplicada após a colheita da safra alta, e<br />
a partir de abril/maio) melhor. no ano seguinte eles não produzem, recuperam sua<br />
Uma nova alternativa de condução de ramificação lateral , e voltam a produzir muito 2<br />
cafeeiros Conillon vem sendo adotada por anos após.<br />
produtores de Rondônia. Trata-se do plantio mais Com isso objetiva-se baratear o custo da<br />
Quadro 17: Produção de cafeeiros Conillon, no espaçamento 2 x 1m, conduzidos com diferentes<br />
números de hastes/planta Mutum-MG -2002.<br />
Tratamentos<br />
Uma haste/planta<br />
Duas hastes/planta<br />
Três hastes/planta<br />
Quatro hastes/planta<br />
Livre crescimento<br />
Fonte: Matiello et alli – Anais 28º CBPC, p. 37-8<br />
Produtividade média<br />
2 primeiras safras (scs/ha)<br />
52<br />
69<br />
80<br />
54<br />
50<br />
33
34<br />
RECOMENDANDO<br />
colheita, operação que apresenta maior de poda. Para certos casos é preciso esperar mais<br />
rendimento na condição de alta produtividade, safras e não duas como é comum.<br />
ficando zerada, portanto sem custo, naqueles anos Os novos experimentos em andamento tem<br />
em que ficaria uma operação onerosa pela baixa mostrado que para se obter bons resultados com o<br />
produtividade. sistema safra-zero, é preciso: contar com uma<br />
O s i s t e m a s a f r a z e r o t e m b o a variedade bem vigorosa; ter um bom stand de<br />
fundamentação técnica e econômica mas é preciso plantas; realizar a poda mais cedo; cuidar de<br />
considerar os fatores que podem influenciar nos problemas fitossanitários mais graves na planta<br />
seus bons resultados. Dentre esses fatores deve-se super-brotada (Phoma, ferrugem); observar<br />
levar em conta: o problema de risco climático problemas de pragas de solo para uso de<br />
(geada, seca) que possa vir a ocorrer coincidindo granulados; deixar o material podado nas lavouras;<br />
quando haveria a boa colheita, o que ampliaria as efetuar desbrotas corretamente.<br />
perdas; o comportamento das variedades em Relativamente ao nível nutricional e ao<br />
relação ao esqueletamento; o ciclo ideal da poda; a ciclo de poda, o quadro 18 mostra alguns resultados<br />
condição da lavoura, sua capacidade de resposta e obtidos. Verifica-se, pelos resultados preliminares,<br />
seu stand de plantas; e o nível de trato adequado a que a adubação normal, com níveis semelhantes<br />
cada ano todos os anos, tem funcionado melhor do que a<br />
A recuperação de cafeeiros Mundo-Novo indicação que se preconiza hoje, que consiste numa<br />
tem sido melhor do que no Catuaí, este último adubação mais pesada no ano da poda ou safra<br />
dependendo mais das reservas que ele ainda baixa, visando maior recuperação da ramagem.<br />
mantinha no pós-colheita da safra alta. Tudo indica que o material vegetal podado<br />
Com relação ao tipo de trato, atualmente contribua bastante para o suprimento nutricional<br />
está sendo recomendado o maior nível nutricional no pós-poda. Sobre o ciclo de poda pode-se<br />
e de controle fitossanitário no ano da poda. verificar diferenças importantes entre variedades,<br />
Não se conhece bem, ainda, o melhor ciclo com o Catuaí respondendo pior em ciclos curtos.
RECOMENDANDO<br />
Quadro 18: Produção de café, na média de 3 safras, em cafeeiros sob diferentes ciclos de<br />
Tratamento<br />
Esqueletamento cada 2 anos<br />
Esqueletamento cada 3 anos<br />
Esqueletamento cada 4 anos<br />
Testemunha/sem esquel.<br />
Adubações: Produção média 2004-2005-2006 (scs/ha)<br />
03/04 / 04/05 / 05/06 Ensaio Catuaí Ensaio Catucaí<br />
Baixa / Alta / Baixa 26,4 26,2<br />
Média / Média / Média 30,1 36,4<br />
Alta / Baixa / Alta 21,4 30,2<br />
Baixa / Alta / Baixa 50,8 62,5<br />
Média / Média / Média 51,2 68,9<br />
Alta / Baixa / Alta 48,3 64,1<br />
----- ----- -----<br />
----- ----- -----<br />
----- ----- -----<br />
Baixa / Alta / Baixa 69,0 66,3<br />
Média / Média / Média 57,0 63,4<br />
Alta / Baixa / Alta 65,6 69,3<br />
esqueletamento e níveis de adubação N/ K2O, em 2 grupos: os de operação manual e os<br />
Martins Soares - MG, 2006.<br />
mecanizados, operados por trator.<br />
Quanto à época do desponte, o ensaio cujos Para os serviços de poda manual são usados:<br />
dados se encontram na figura 1 (abaixo) mostram foices, facões, machados, serrinhas, podões,<br />
que quanto mais cedo melhor foi o crescimento da motoserras e podadeiras costais motorizadas.<br />
ramagem, que apresentou maior número de nós por As foices e facões são usados para o<br />
ramo produtivo, portanto com maior potencial de desgalhamento dos cafeeiros, preparando-os para a<br />
produção, nas épocas mais cedo.<br />
recepa ou para podas leves, como as de limpeza ou<br />
de produção, muito usadas nos cafeeiros Conillon,<br />
9 - EQUIPAMENTOS PARA <strong>PODA</strong>S<br />
ou para decote em cafeeiros arábica.<br />
Os podões podem ser de 2 tipos, o comum,<br />
Os equipamentos disponíveis para os operado com as 2 mãos, usados no corte e<br />
trabalhos de poda em cafezais podem ser reunidos eliminação de ramos improdutivos (caso do café<br />
Nº de nós/ramo<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
10,2 a<br />
Crescimento Vegetativo<br />
9,4 b<br />
8,3 c<br />
6,5 d<br />
5,5 e<br />
4,2 f<br />
Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro<br />
35<br />
Figura 1. Crescimento<br />
vegetativo medido pelo n° de<br />
nós em cafeeiros submetidos<br />
ao esqueletamento e desponte<br />
realizados em diferentes<br />
épocas, nos meses de julho a<br />
dezembro. (Médias seguidas<br />
de mesma letra não diferem<br />
entre si pelo teste de Skott-<br />
Knot a 5%).
36<br />
RECOMENDANDO<br />
Conillon) ou para decote. O outro tipo, menos uma mangueira de ar comprimido (mesma da<br />
comum, é a tesoura podadeira, ligada a um derriçadeira). Esse tipo vem sendo empregado no<br />
compressor (mesmo da máquina derriçadeira de corte de ramos laterais, nas podas de<br />
café), através de uma mangueira e o corte, operado esqueletamento ou desponte. A pare cortante pode<br />
com uma só mão, é feito pela força pneumática (ar ficar próxima ao motor ou no final de um<br />
comprimido) podendo, assim, cortar galhos mais alongador, que pode chegar a altura de corte até 5m<br />
grossos. do chão, nesse caso tendo na extremidade um<br />
O machado e a motoserra são usados na conjunto de corte de 30 cm, com corrente cortante<br />
recepa, ou seja, no corte da haste (ou hastes) grossa semelhante à da motoserra.<br />
do cafeeiro. A motoserra indicada para o trabalho é A máquina mais comum, para uso em áreas<br />
a de modelo de sabre menor, mais leve. mecanizáveis, é a recepadeira/decotadeira, que<br />
As máquinas podadeiras motorizadas trabalha acoplada aos 3 pontos do trator, sendo<br />
também podem ser de 2 tipos: o 1º é um acionada pela TDF. Um conjunto de polias e<br />
equipamento costal motorizado (motor de 2 correias transmite rotação para um grande disco de<br />
tempos) que aciona um disco com 2-3 lâminas, serra circular, que efetua o corte na altura<br />
sendo esta a mesma máquina comumente usada (regulável) desejada. O conjunto de corte é o<br />
para roçar grama em jardins. Ela é mais útil no mesmo para a recepa ou o decote. Para adaptar ao<br />
trabalho de desponte ou esqueletamento de decote coloca-se uma outra base para acoplar aos 3<br />
cafeeiros. Existe um Kit para adaptar a máquina pontos, adiciona-se uma polia com as correias e<br />
derriçadeira, para, também, efetuar poda. uma torre de alongamento em altura. Trabalhando<br />
O 2º tipo opera o corte dos ramos com um como recepadeira a máquina pode ser regulada<br />
implemento que tem um conjunto de laminas tipo desde 30 cm até 1,20m e como decotadeira desde<br />
pente ou segadeira, que pode ser acoplado em um 1,50 até 2,30m, em tratores mais altos até 2,50m.<br />
motor de 2 tempos, tipo motosserra, ou ligado a A t u a l m e n t e , a l g u m a s f á b r i c a s
RECOMENDANDO<br />
comercializam modelos da máquina recepadeira chamado de duplex, possui serras laterais e<br />
separadamente daquela decotadeira, sendo: Serra também no ponteiro, efetuando, assim, o<br />
recepadeira, serra decotadeira e recepadeira, com esqueletamento e o decote ao mesmo tempo. No<br />
regulagem de altura de 40 cm até 2,80 m. A equipamento pirâmide doblô, usada para<br />
transmissão é feita por caixa multiplicativa esqueletar, pode-se acoplar um triturado, fazendo a<br />
acionada pela bomba hidráulica. poda lateral e a trituração dos galhos em uma só<br />
Uma haste metálica é acoplada na parte operação. O material fino, podado, composto de<br />
lateral da máquina, com o objetivo de conduzir os ramos e folhas, pode ser deixado no próprio local,<br />
ramos (hastes ortotrópicas) dos cafeeiros para a passando-se em seguida uma roçadeira para trituráárea<br />
central, na região de corte do disco. Em lo ou uma grade para efetuar a redução do tamanho<br />
lavouras com cafeeiros com grande número de dos resíduos da poda, de modo a permitir os tratos.<br />
hastes, abertas, às vezes é preciso, na poda de A manutenção desse material na lavoura significa o<br />
decote, fazer um repasse manual (com foice), em aproveitamento dos nutrientes nele contidos e de<br />
algumas hastes que sobram do corte pela seu efeito orgânico, dispensando adubações. Os<br />
decotadeira. caules grossos devem ser removidos, podendo ser<br />
Os equipamentos acoplados a trator para usados como lenha nos secadores. Para triturar<br />
esqueletar ou despontar os cafeeiros, constam de melhor os galhos existem 3 equipamentos<br />
um conjunto de discos de serra circular (modelos) que funcionam acoplados ao trator,<br />
(normalmente 3 ) ou de facas triangulares dispostos constituídos por um rolo, com martelos, que gira e<br />
em uma haste que caminha lateralmente e em reduzem os galhos em pedaços pequenos (Triton,<br />
posição oblíqua à linha de cafeeiros, efetuando o Triturador TP 1510 Urso Branco e Berton).<br />
corte dos ramos laterais em forma cônica. O<br />
equipamento permite regulagem do angulo de 10 - TRATOS ESPECIAIS <strong>EM</strong> <strong>CAFEZAIS</strong><br />
corte de 75, 90, 105 e 120 graus. <strong>PODA</strong>DOS<br />
Um equipamento de introdução mais recente,<br />
37<br />
Dois tipos de<br />
trinchas, usados<br />
para passagem<br />
sobre ramos<br />
podados,<br />
visando<br />
triturá-los.
38<br />
RECOMENDANDO<br />
As lavouras podadas devem merecer alguns recuperação de cafezais, o que não é realidade. É<br />
cuidados especiais, visando suprir e proteger as fato que ao podar o cafeeiro promove-se um<br />
novas brotações, melhorar o crescimento da melhor equilíbrio da parte aérea com o sistema<br />
ramagem e resultar na recuperação mais adequada radicular. De forma paralela, são incorporados<br />
em tempo e em quantidade produzida. materiais vegetais podados, e ocorre baixa<br />
Os brotos ficam mais sujeitos aos ventos, às produção inicial, condições essas que facilitam a<br />
pragas e doenças (como o Bicho-Mineiro e a recuperação das plantas podadas no curto prazo.<br />
Phoma), ao abafamento pelo mato e à fitoxidade No entanto, a pesquisa mostra a importância de<br />
por herbicidas. Assim, principalmente no caso de adotar novos padrões tecnológicos na recuperação<br />
poda drástica (recepa) em toda a lavoura, deve-se de cafezais pós-podas ou mesmo sem elas,<br />
observar a necessidade de quebra-ventos conforme demonstra dados do quadro 19 (abaixo).<br />
(temporários) ou, então, deixa-se linhas do cafezal Com relação à nutrição destaca-se a maior<br />
sem podar para proteger àquelas podadas. exigência em nutrientes para a brotação,<br />
O mato deve ser mantido controlado na linha especialmente para o zinco, boro, cálcio e<br />
e as pragas e doenças devidamente tratadas. É magnésio, na medida em que há necessidade de<br />
comum aparecer ataques de besouros (vaquinhas, ativar o crescimento.<br />
burrinhos) na folhagem nova, nas brotações de As recomendações de adubação em<br />
recepa, estas sendo muito sujeitas a intoxicações cafeeiros podados são as seguintes:<br />
com herbicidas (deriva).<br />
No caso de poda intercalar, deve-se observar Para cafeeiros recepados, no primeiro ano pósque<br />
a linha não podada fornece inóculo de doenças poda, se a brotação vier bem não é necessário<br />
e pragas para as plantas podadas. O uso de a d u b a r c o m N P K . S e h o u v e r m a<br />
granulados de solo é bastante efetivo para a desenvolvimento dessa brotação é indicado<br />
recuperação no sistema radicular, seja pelo seu usar 30-50 g de N/K2O por planta ou metro de<br />
efeito tônico/hormonal, seja por auxiliar no linha, correspondendo a cerca de 80 a 140 kg de<br />
controle de pragas do solo (nematóides, cigarras, N/K2O por há. No segundo ano usar as doses de<br />
cochonilhas, moscas).<br />
acordo com a carga estimada.<br />
A irrigação também tem se mostrado de Para lavouras decotadas, sendo mantida a<br />
grande utilidade na recuperação de plantas capacidade produtiva, havendo, por outro lado,<br />
podadas, especialmente nas áreas de café Conillon. uma vegetação adicional, são recomendadas as<br />
Muitos produtores confundem poda com mesmas doses de NPK usadas em lavouras sem<br />
Quadro 19: Efeito dos níveis de tecnologia e do tipo de poda na recuperação de cafezal velho,<br />
M.Novo 379/19, espaçamento 3x2,5m. E.S.Pinhal, SP 1997. Produção média, 4 safras.<br />
SIST<strong>EM</strong>AS DE MANEJO Livre cresc.<br />
- em sacas/ha<br />
Sistemas de poda<br />
Decote 2m Recepa alta<br />
1 - Testemunha 10,8 20,2 13,2<br />
2 - Correção do solo 17,9 21,9 13,6<br />
3 - Corr. Solo + NPKS 19,4 28,5 18,7<br />
4 - 3 + micro + fung. cúprico 32,5 32,8 23,3<br />
5 - 4 + granul. de solo 41,4 44,5 28,1<br />
Fonte: Santinatto et alli - Anais do 23° CBPC, p. 143 - 4
RECOMENDANDO<br />
Brotação maior,<br />
resultado de<br />
recepa cedo, em<br />
julho (em cima),<br />
em outubro (em<br />
baixo) e em<br />
dezembro, muito<br />
tarde (dir.)<br />
poda, ajustando de acordo com a carga de produção, as hastes que se mostrarem fracas,<br />
esperada. com pouca capacidade produtiva, devem ser<br />
Para cafeeiros esqueletados/despontados não eliminadas, assim efetuando-se podas todos os<br />
existe uma recomendação bem testada, anos.<br />
devendo-se considerar o mesmo critério de A época ideal para a poda é no período entre<br />
lavoura normal, calculando a dose de nutrientes o término da colheita e o reinício das chuvas,<br />
pela média das duas safras esperadas, sendo normalmente isso ocorre em agosto/setembro.<br />
uma zero e a outra a ser estimada. Nas regiões com risco de geada ou em áreas<br />
muito expostas a ventos frios, as podas devem ser<br />
Na condição em que, principalmente os realizadas após passado o período sujeito a esses<br />
pequenos produtores, efetuam podas para fenômenos climáticos.<br />
reduzir custos em períodos de preços baixos, As podas leves em cafeeiros arábica e as<br />
plantando, inclusive, culturas intercalares para podas de produção no Conillon devem ser<br />
ajudar na renda, tem acontecido a falta de realizadas o mais cedo possível, para promover a<br />
capitalização do produtor no médio prazo para abertura das plantas, e, assim, melhorar as floradas.<br />
que possa dar o trato adequado as áreas podadas. Nas podas drásticas em regiões muito secas<br />
e sem irrigação pode-se retardar um pouco a<br />
11 - ÉPOCAS DE <strong>PODA</strong>S operação visando evitar que a planta podada fique<br />
muito tempo sem chuva, o que tende a causar maior<br />
As podas, no geral, devem ser efetuadas morte de raízes.<br />
sempre após uma safra alta ou na perspectiva de Pesquisas mais recentes na Zona da Mata e<br />
safra baixa no ano seguinte. Com isso, Sul de Minas mostram, no entanto, que a recepa a<br />
aproveitando o ciclo bienal de produção nos partir de julho e o esqueletamento também mais<br />
cafeeiros arabica, a perda de safra fica reduzida. cedo, em agosto, apresentou recuperação mais<br />
Nos cafeeiros conillon, onde se faz a poda rápida nas brotações e no alongamento de ramos<br />
39
40<br />
conforme pode-se observar no quadro 20 e figura 1.<br />
Épocas de poda (meses)<br />
Produção, em litros por planta<br />
Julho 4,0<br />
Agosto 3,5<br />
Setembro 1,5<br />
Outubro 0,8<br />
Novembro 0,2<br />
Dezembro 0,0<br />
Fonte:Mendonça et alli, dados em publicação<br />
RECOMENDANDO<br />
Quadro 20: Produção na primeira safra aos 2,5 Nas podas após geadas ou chuvas de granizo<br />
anos da primeira época, em litros de café cereja deve-se aguardar melhor a definição da altura em<br />
por planta, em cafeeiros recepados em 6 que as plantas irão brotar, assim evitando cortar<br />
diferentes épocas.Martins Soares -MG, 2007. mais que o necessário. Três meses após a
ESQUELETADEIRA LATERAL DIANTEIRA<br />
ELD - 2.500 PLUS<br />
APLICAÇÃO:<br />
DESENVOLVIDA PARA ESQUELETAMENTO<br />
DE CAFEEIROS (CONDUZIDOS C/ DESBROTA)<br />
ISENTOS DE RAMOS LADRÕES.<br />
- CERCAVIVA<br />
( SANSÃO<br />
DO CAMPO).<br />
ÁREA DE CORTE - 2.280 MM<br />
ALTURA MÍN. INF. DE CORTE - 100 MM<br />
ALTURA MÁX. INF. DE CORTE - 300 MM<br />
GRAU DE INCLINAÇÃO - 35°<br />
EQUIPADA COM 36 FACAS<br />
OPCIONAL: PISTON HIDRÁULICO P/<br />
REGULAG<strong>EM</strong> DE INCLINAÇÃO LATERAL<br />
(NECESSÁRIO COMANDO DUPLO)<br />
GIRO DAS FACAS - 400 GPM<br />
TRATOR: A PARTIR DE 40 CV<br />
TRATOR: EQUIPADO COM BOMBA<br />
ALIMENTAÇÃO CONTÍNUA.<br />
EQUIPADA COM MOTOR HIDRÁULICO 10 CV<br />
ACOPLAMENTO NA DIANTEIRA DO TRATOR