macunaíma: entre a carnavalização eo fantástico - Cielli
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Universidade Estadual de Maringá – UEM<br />
Maringá-PR, 9, 10 e 11 de junho de 2010 – ANAIS - ISSN 2177-6350<br />
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objetos que mantém relação consumista e capitalista, ou seja, o herói deixou ser levado<br />
pelo consumismo e se tornou tão egoísta e individualista quanto seu inimigo, ou seja,<br />
ele não sabe aproveitar as conquistas adquiridas, e, ao retornar acaba morrendo sozinho<br />
e abandonado no meio da mata virgem, talvez por esta razão o herói seja também<br />
denominado O herói sem nenhum caráter.<br />
O protagonista na obra representa de forma geral a voz coletiva do povo brasileiro,<br />
as raízes étnicas, qualidades e defeitos desta nação brasileira que está nascendo tendo<br />
como base outras raças, lendas, mitos, crendices, provérbios e outros aspectos culturais<br />
que darão origem ao povo brasileiro.<br />
A sátira menipéia está vinculada a <strong>carnavalização</strong>, é representada de forma<br />
fantástica durante o nascimento do protagonista, no inicio do romance e do filme, o<br />
nascimento é sinalizado pelo nascimento do herói que representa o corpo grotesco do<br />
povo, através das expressões corporais, os contrastes: mãe homem/mulher, o bebê<br />
adulto, a família branca/negra, o velho já próximo da morte que dá a luz ao novo (bebê<br />
de 50 anos), através de um parto sangrento, conforme Stam cita em sua obra...<br />
Uma improvável mulher idosa branca (representada pelo ator Paulo<br />
José), de pé, grunhe até que ela /ele deposita um “bebê” chorão,<br />
negro, de cinqüenta anos (Grande Otelo) no chão. [...] O filme<br />
apresenta ainda os “violentos contrastes” da menipéia: a “mãe”<br />
homem/mulher [...], o “bebê” adulto [...], a “familia” branca/negra.<br />
Ao mesmo tempo prodigioso e grotesco, o nascimento em si<br />
representa o que Bakthin vê como uma imagem privilegiada do<br />
carnaval: o velho, próximo à morte, através de um parto sangrento, dá<br />
à luz ao novo (STAM, 2008, p. 425).<br />
O herói, representante de nossa gente, representa um herói possessivo,<br />
individualista, considerando este último aspecto como fator preponderante do espírito<br />
capitalista que naquele momento histórico se apossava da população. Macunaíma busca<br />
apenas benefícios próprios, lucratividade, representando assim uma alegoria quanto ao<br />
cenário político-econômico do Brasil, ou seja, o protagonista apresenta todos os<br />
problemas da sociedade brasileira, mostrando que o Brasil era inocente, assim como ele.