macunaíma: entre a carnavalização eo fantástico - Cielli
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Universidade Estadual de Maringá – UEM<br />
Maringá-PR, 9, 10 e 11 de junho de 2010 – ANAIS - ISSN 2177-6350<br />
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Macunaíma sofre metamorfoses raciais [...] o protagonista de Mário<br />
não tem uma identidade racial fixa. Nascido negro de uma mãe índia,<br />
ele posteriormente se transforma num príncipe branco português e até<br />
numa divorciada francesa [...] suas transformações étnicas enfatizam<br />
a natureza necessariamente sincrética do ser dentro do contexto da<br />
metrópole multiétnica (STAM, 2008, p. 418).<br />
Essas transformações étnicas que ocorrem com Macunaíma representam uma critica<br />
sutil e cínica do racismo brasileiro, que ainda fazia parte da sociedade brasileira, ao<br />
regime militar e ao milagre econômico, ao considerar que o regime militar da época<br />
poderia transformar o Brasil numa nação próspera, porém esta prosperidade não dura<br />
muito e logo irá ceder espaço para uma divida nacional recorde que dará margem para o<br />
aumento na corrupção governamental.<br />
Outro elemento mágico é a figura do personagem Venceslau Pietro Pietra, o<br />
estrangeiro que encontrou a pedra muiraquitã, este no primeiro momento representa os<br />
capitalistas, as multinacionais e por fim a burguesia nacional que se utiliza de uma<br />
tecnologia americana de segunda mão.<br />
A lógica do carnaval é que o mundo é virado de cabeça para baixo; os<br />
poderosos são escarnecidos e reis ridículos são entronados e<br />
destronados [...] a figura mais poderosa em Macunaíma – o magnata<br />
industrial ubuesco e comedor de gente Pietro Pietra – é repetidas<br />
vezes entronado e destronado [...] ele se parece muito com o<br />
burlesco Rei da Folia, o Rei Momo, que reina no carnaval brasileiro<br />
[...] a figura de Pietro Pietra é relacionada no romance aos capitalistas<br />
novos ricos italianos da década de 1920, [...] ele incorpora a<br />
burguesia nacional dependente e sua tecnologia americana de<br />
segunda mão [...] Pietro invoca gigantes econômicos<br />
“multinacionais” que devoram o Brasil e seus recursos (STAM, 2008,<br />
p. 426 – 427).<br />
O gigante Venceslau Pietro Pietra representa portanto, a iniciativa privada e a<br />
extensão de abertura econômica e internacionalização do capital nacional, ou seja, é o<br />
canibalismo não só cultural, mas social.<br />
Macunaíma luta contra o gigante Venceslau Pietro Pietra, vencendo-o, porém ao<br />
final o herói/protagonista também é destronado, desperdiçando sua conquista, seu<br />
heroísmo, renuncia a sua vitória e retorna ao seu local de origem levando consigo