macunaíma: entre a carnavalização eo fantástico - Cielli
macunaíma: entre a carnavalização eo fantástico - Cielli
macunaíma: entre a carnavalização eo fantástico - Cielli
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Universidade Estadual de Maringá – UEM<br />
Maringá-PR, 9, 10 e 11 de junho de 2010 – ANAIS - ISSN 2177-6350<br />
_________________________________________________________________________________________________________<br />
• Venceslau Pietro Pietra prepara<br />
uma feijoada antropófaga para<br />
comemorar o casamento de sua<br />
filha, nesta comemoração há uma<br />
loteria, onde as pessoas que são<br />
sorteadas são jogadas na piscina<br />
Imagem 2: Piscina da feijoada antropofágica.<br />
da feijoada, onde posteriormente entram em decomposição, conforme Stam<br />
cita em sua obra,<br />
Uma feijoada antropofágica em que os membros humanos substituem a lingüiça.<br />
Macunaíma induz Pietro a cair nela, e, enquanto ele está sendo devorado, o gigante que morre<br />
alegremente grita que a feijoada “precisa de mais sal” (STAM, 2008, p. 433).<br />
• No final da obra fílmica aparece a sereia devoradora de homens que atrai o<br />
protagonista para a morte.<br />
Estes aspectos antropofágicos ficam evidentes de forma satírica no decorrer da obra<br />
fílmica de forma a levar o telespectador a perceber que os mais fortes dominam os mais<br />
fracos, deixando claro que “os ricos devoram os pobres, e estes, desesperados, devoramse<br />
uns aos outros representando o canibalismo dos fracos” (STAM, 2008, p. 425).<br />
Por outro lado, ao compreender a antropofagia associada ao modernismo nos<br />
reportamos ao que Robert Stam cita em sua obra que...<br />
os “modernistas” clamavam pela “antropofagia” cultural, uma<br />
devoração das técnicas e informações dos países subdesenvolvidos<br />
para melhor combater a dominação [...] os artistas e intelectuais<br />
brasileiros deveriam digerir produtos culturais importados e explorálos<br />
como matéria-prima para uma nova síntese, dessa forma fazendo<br />
voltar ao colonizador a cultura imposta, transformada. Para os<br />
modernistas, o canibalismo era uma tradição nativa autêntica, bem<br />
como uma metáfora crucial para a independência cultural [...] o<br />
artista da cultura dominada não deveria ignorar a presença<br />
estrangeira, mas sim engoli-la, carnavalizá-la, reciclá-la para fins<br />
nacionais (STAM, 2008, p. 412).<br />
A antropofagia cultural, portanto, seria a exaustão dos modelos estrangeiros de forma a<br />
combater a dominação dos países superdesenvolvidos, explorando a matéria-prima destes para a<br />
construção de uma cultura nacional, transformada e independente, porém é inevitável o