macunaíma: entre a carnavalização eo fantástico - Cielli
macunaíma: entre a carnavalização eo fantástico - Cielli
macunaíma: entre a carnavalização eo fantástico - Cielli
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Universidade Estadual de Maringá – UEM<br />
Maringá-PR, 9, 10 e 11 de junho de 2010 – ANAIS - ISSN 2177-6350<br />
_________________________________________________________________________________________________________<br />
tradições de diversas regiões brasileiras, estaria rompendo com os modelos<br />
socioculturais e econômicos europeus passando a valorizar e exaltar a cultura nacional.<br />
Mário de Andrade buscou através de sua obra retratar os problemas brasileiros<br />
daquele período histórico, como: a falta de definição de um caráter nacional, o descaso<br />
para com a cultura existente em nosso país, importação dos modelos culturais e<br />
econômicos estrangeiros, <strong>entre</strong> outros, pois queria romper e desmistificar a idéia de que<br />
o Brasil não era capaz de produzir sua própria cultura. Portanto, na obra literária,<br />
segundo Stam,<br />
Macunaíma representou o auge romanesco do movimento modernista<br />
e foi um poderoso precursor do realismo mágico [...] o autor inspirouse<br />
nos elementos arcaicos da cultura indígena brasileira [...] o que<br />
Macunaíma representa é um exemplo de “(pós-modernismo arcaico”<br />
na medida em que ele utiliza mitos antigos do Amazonas [...]. A<br />
linguagem do romance é sincrética, <strong>entre</strong>meando palavras africanas,<br />
indígenas e portuguesas; é um discurso que carrega os genes<br />
lingüísticos de todos os imigrantes indígenas, africanos e europeus do<br />
Brasil (STAM, 2008, p. 415 – 416).<br />
Na obra fílmica produzida quatro décadas depois da obra literária, mantém a<br />
essência e o objetivo principal que é o rompimento com a cultura estrangeira. A ênfase<br />
desta estará centrada no período da ditadura militar, nos golpes de estado nos anos de<br />
1964 e 1968, apresentando uma critica política deste período histórico, utilizando-se da<br />
censura, da sátira e de elementos <strong>fantástico</strong>s no decorrer do enredo. Com relação à obra<br />
fílmica, Robert Stam coloca,<br />
O filme é um exercício genial de atualização política e estética de<br />
uma fonte romanesca [...] apelou para a sensibilidade anárquica do<br />
povo brasileiro, alimentando sentimentos de revolta através da<br />
festividade satírica mesmo no auge da ditadura [...] ênfase no bizarro,<br />
na falta de caráter nacional e na mistura da tradição da alta arte com a<br />
cultura de massa divulgada pela mídia [...] com o seu desejo de fazer<br />
uma critica amplamente simbólica da situação brasileira, que é<br />
compreendida com humor e destreza que conseguiram enganar até<br />
mesmo os censores do regime (STAM, 2008, p. 434).<br />
Joaquim Pedro de Andrade e Mário de Andrade utiliza-se de uma linguagem<br />
simples, mas rica de vocábulos indígenas e africanos, expressões e provérbios populares<br />
que tentam se aproximar ao máximo da oralidade popular, formando um estilo narrativo<br />
irônico de representação do povo brasileiro, na busca pela construção de uma identidade