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Gallaudet college é um território que permite a luta e o confronto<<strong>br</strong> />

político em instâncias que ultrapassam as barreiras do preconceito e do<<strong>br</strong> />

determinismo positivista, que fecha perspectivas <strong>para</strong> diferentes formas<<strong>br</strong> />

de produção de conhecimento. Foi dentro desse espaço, por exemplo,<<strong>br</strong> />

que se deu a marcha estudantil de 1988 com o lema: ”Agora,<<strong>br</strong> />

presidente surdo”, em reação ao rechaço aos candidatos surdos <strong>para</strong><<strong>br</strong> />

administrar essa instituição, sob a alegação de que “surdos eram<<strong>br</strong> />

incapazes de funcionar no mundo ouvinte”. Houve a mobilização dos<<strong>br</strong> />

estudantes com amplo apoio da população; ocu<strong>para</strong>m as ruas, redes de<<strong>br</strong> />

televisão, interditaram a universidade e conseguiram reverter a eleição<<strong>br</strong> />

em favor do candidato King Jordan. Na oportunidade, os candidatos à<<strong>br</strong> />

presidência dos Estados Unidos enviaram cartas de apoio aos<<strong>br</strong> />

estudantes, e a seguinte frase do líder negro Jesse Jackson sintetizou o<<strong>br</strong> />

cerne da questão: “O problema não é que os estudantes não ouvem; o<<strong>br</strong> />

problema é que o mundo ouvinte não escuta”.<<strong>br</strong> />

A não escuta da alteridade inventa o surdo como um outro<<strong>br</strong> />

deficiente. A não escuta representa um caminhar centrado em si<<strong>br</strong> />

mesmo, nas direções fornecidas por <strong>para</strong>digmas culturais que<<strong>br</strong> />

promovem alguns tipos de escuta e outros não. A sociedade, ao fazer<<strong>br</strong> />

essas eleições, cria um território simbólico que empurra o outro ao não<<strong>br</strong> />

reconhecimento de si como partícipe de uma sociedade. Mesmo que a<<strong>br</strong> />

sociedade seja sempre fragmentada e obscura, e represente a eterna<<strong>br</strong> />

errância estrangeira, ou uma diáspora sem possibilidade de encontros,<<strong>br</strong> />

ela, ainda assim, produz instâncias do imaginário, fundamentais aos<<strong>br</strong> />

processos de subjetivação. Ou seja, o que se constitui como escritura e<<strong>br</strong> />

subjetividade oscila com os significantes dos referenciais culturais.<<strong>br</strong> />

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