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uma das outras. Lutou, ainda, incansavelmente, <strong>para</strong> modificar as<<strong>br</strong> />

políticas educacionais <strong>para</strong> surdos, no intuito de prevenir o que<<strong>br</strong> />

denominou de “a formação de uma variedade surda da raça humana”.<<strong>br</strong> />

A guerra contra as línguas de sinais também não pode ser<<strong>br</strong> />

desvinculada de razões religiosas, filosóficas e políticas. 13 Em termos<<strong>br</strong> />

religiosos, um dos argumentos registrados no Congresso de Milão foi a<<strong>br</strong> />

questão incômoda da visibilidade que a língua de sinais oferecia durante<<strong>br</strong> />

os atos confessionais. Havia algumas crenças de que o sigilo da<<strong>br</strong> />

confissão com a oralidade seria preservado. Quanto às questões<<strong>br</strong> />

filosóficas, acreditava-se que as línguas orais permitiam a abstração e o<<strong>br</strong> />

pensamento complexo, enquanto os gestos ficavam reduzidos à<<strong>br</strong> />

concretude e ao primitivo. E, por fim, houve uma razão política, a<<strong>br</strong> />

Europa estava em um momento de definir os territórios dos países e a<<strong>br</strong> />

língua foi uma questão central <strong>para</strong> essa reterritorialização; os dialetos<<strong>br</strong> />

foram proibidos e consideraram a língua de sinais também uma espécie<<strong>br</strong> />

de dialeto.<<strong>br</strong> />

Os movimentos que configuraram políticas de educação pública<<strong>br</strong> />

assumiram, de certa maneira, a própria prerrogativa oficial da formação<<strong>br</strong> />

de nação: a unidade lingüística como ponto de soberania nacional. Para<<strong>br</strong> />

ter laços com os ouvintes, os surdos deveriam dominar a língua da<<strong>br</strong> />

nação, uma língua oral, vazia de sentidos <strong>para</strong> eles, na contra-mão de<<strong>br</strong> />

seu campo lingüístico visual. Nesse sentido, é relevante lem<strong>br</strong>ar, como<<strong>br</strong> />

destacou Pratt (1998), referendando Anderson(1989), que ocorreu uma<<strong>br</strong> />

identificação da cidadania com a linguagem baseada em uma<<strong>br</strong> />

comunidade de fala homogênea e totalizante. Fato que marcou o<<strong>br</strong> />

pensamento lingüístico moderno e tornou-se um sustentáculo de um<<strong>br</strong> />

modelo idealizado do Estado-Nação: uma língua tomada como uma<<strong>br</strong> />

totalidade unificada e fraternalmente compartilhada. As diferenças<<strong>br</strong> />

lingüísticas, nessa perspectiva, tendiam a desaparecer ou se apresentar<<strong>br</strong> />

como desvios e aberrações.<<strong>br</strong> />

13 Palestra so<strong>br</strong>e “História da educação dos surdos” <strong>prof</strong>erida por Carlos Skliar, em 24<<strong>br</strong> />

fev. 2000, no Centro Federal de Educação Tecnológica. Texto não publicado.<<strong>br</strong> />

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