07.06.2013 Views

Coletânea de Textos - Módulo I - Ministério da Educação

Coletânea de Textos - Módulo I - Ministério da Educação

Coletânea de Textos - Módulo I - Ministério da Educação

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Lembro que aos 7 anos já dizia que iria ser professora e, talvez inconscientemente, já me <strong>da</strong>va<br />

conta <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> importância <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>sejo para minha vi<strong>da</strong>.<br />

Meu pai, um homem analfabeto, sempre me incentivou e achava motivo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> orgulho eu ser<br />

professora. Dizia ele: "Filha, estu<strong>da</strong>, estu<strong>da</strong> mesmo, para não ser burro <strong>de</strong> carga como eu". Sabia,<br />

em sua simplici<strong>da</strong><strong>de</strong>, que ter conhecimentos, saber ler e escrever era uma porta para a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia,<br />

e isto sempre tentava passar para os seus filhos, aliás oito.<br />

Fiz o antigo 1º grau na Escola Municipal Armando <strong>de</strong> Arru<strong>da</strong> Pereira e, ao terminá-lo, fui fazer o<br />

2º grau (antigo colegial) na Escola Estadual <strong>de</strong> Segundo Grau Doutor Carlos Augusto <strong>de</strong> Freitas<br />

Villalva Júnior. Comecei a trabalhar em um escritório <strong>de</strong> contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> para po<strong>de</strong>r aju<strong>da</strong>r minha<br />

família e na<strong>da</strong> melhor que um escritório, em tempos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> empregos, nos<br />

quais se ensinava o serviço e se oferecia "oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s" <strong>de</strong> trabalho. Não fiz Magistério, pois<br />

os cursos eram pagos e não havia cursos gratuitos no período noturno nas escolas próximas<br />

à minha residência.<br />

Trabalhava e aju<strong>da</strong>va meus pais no sustento <strong>de</strong> minha família, pois passei a estu<strong>da</strong>r no período<br />

noturno.Tudo caminhava razoavelmente bem, mas li<strong>da</strong>r só com números não estava trazendo<br />

satisfação. Surgiu então a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar como catequista em uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

paroquial, um serviço voluntário feito nos finais <strong>de</strong> semana. Foi com esse trabalho que pu<strong>de</strong><br />

pensar em didática, começando a ter contato com o ensinar, e a me entusiasmar com o que fazia.<br />

Com o grupo <strong>de</strong> catequistas estava sempre estu<strong>da</strong>ndo, pensando na tarefa <strong>de</strong> conciliar evangelização<br />

e confronto <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, preocupar-se em criar condições para que as crianças ficassem à<br />

vonta<strong>de</strong>, se sentissem alegres e com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar. Isto envolvia a parte didática e, para<br />

isto, tínhamos uma coor<strong>de</strong>nação que nos aju<strong>da</strong>va a preparar o trabalho <strong>de</strong> forma significativa.<br />

Irmã Rejane Chedid era coor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> um colégio particular e sempre fazia reflexões profun<strong>da</strong>s<br />

sobre o educar, reflexões que para a época e o ambiente on<strong>de</strong> atuávamos eram bastante<br />

avança<strong>da</strong>s, envolvia o compromisso com a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, mu<strong>da</strong>r sua própria vi<strong>da</strong>, abrindo a si<br />

mesmo e aos outros, trabalhando para transformar as estruturas do mundo, aju<strong>da</strong>r o outro a ter<br />

uma vi<strong>da</strong> melhor.<br />

Trabalhei ain<strong>da</strong> como voluntária na <strong>Educação</strong> <strong>de</strong> Jovens e Adultos no Movimento Comunitário<br />

<strong>de</strong> Promoção Humana <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> Paroquial <strong>de</strong> Santo Antônio. Professores formados<br />

orientavam o trabalho <strong>de</strong> leigos na educação <strong>de</strong> adultos e a ca<strong>da</strong> dia sentia-me mais entusiasma<strong>da</strong>.<br />

Terminei o antigo 2º grau e estava tenta<strong>da</strong> a <strong>da</strong>r uma gran<strong>de</strong> vira<strong>da</strong> em minha vi<strong>da</strong>, largar algo<br />

seguro como a contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e trabalhar com o Magistério. Em meio a pon<strong>de</strong>rações e incertezas<br />

<strong>de</strong> como começar a trabalhar como professora, fui fazer Pe<strong>da</strong>gogia no Instituto Metodista <strong>de</strong><br />

Ensino Superior, e no último ano <strong>de</strong> facul<strong>da</strong><strong>de</strong> fiz a inscrição para o concurso ao cargo <strong>de</strong><br />

professora. Passei, e comecei na <strong>Educação</strong> Infantil no Ensino Municipal <strong>de</strong> São Paulo em 1984.<br />

Inicialmente sentia muita dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>, até porque a formação que recebi na facul<strong>da</strong><strong>de</strong> não oferecia<br />

a prática necessária para o trabalho com as crianças <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> Infantil. Apareciam alguns<br />

cursos esporádicos e tudo isso era pouco para o início do trabalho. Os cursos oferecidos não<br />

aju<strong>da</strong>vam no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências profissionais, havia pouca parceria na escola e os<br />

professores caminhavam muito mais pela "intuição" do que com alicerces teóricos.<br />

M1U1T6<br />

21

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!