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positivos. Eram apoiadas por alguns dos homens líderes da anti-escravatura, que se<br />
opunham ao movimento da sua exclusão. William Lloyd Garrison – “bravo e nobre<br />
Garrison” - que chegou tarde para participar no debate, recusou sentar-se no seu<br />
lugar, permanecendo durante os dez dias da convenção como um “espetador<br />
silencioso na galeria”. De acordo com Elizabeh Cady Stanton, Nathaniel Rogers de<br />
Concord, New Hampshire, foi o único outro homem abolicionista que se juntou às<br />
<strong>mulheres</strong> na galeria. O motivo pelo qual o abolicionista negro Charles Remond não é<br />
mencionado na descrição do evento de Stanton é um tanto intrigante. Ele também foi,<br />
como ele próprio escreveu num artigo publicado no “Liberator”, “um ouvinte silencioso”<br />
Charles Remond escreveu que experienciou uma das maiores das poucas desilusões<br />
da sua vida quando descobriu, ao chegar, que as <strong>mulheres</strong> tinham sido excluídas do<br />
palco da convenção. Ele tinha boas razões para esse sentimento pois a sua viagem<br />
tinham sido paga por vários grupos de <strong>mulheres</strong>.<br />
“eu fiquei quase inteiramente endividado para com a bondade e generosidade dos<br />
membros do Bangor Female Ant-Slavery Society (Sociedade Feminina Antiescravatura<br />
de Bangor), do Portland Sewing Circle (Círculo de Costureiras de<br />
Portland), e do Newport Young Ladies Juvenil Anti-Slavery Society (Sociedade Antiescravatura<br />
de Mulheres Jovens) pela ajuda na visita a este país”.<br />
Remond sentiu-se forçado a recusar o seu assento na convenção porque não podia<br />
ser senão “o honroso representante de três associações de <strong>mulheres</strong>, e louvavelmente<br />
cooperar no seu objeto e de forma eficiente nessa cooperação”. Assim sendo, nem<br />
todos os homens foram “abolicionistas intolerantes” para quem Stanton se referiu na<br />
sua narrativa histórica. Pelo menos alguns deles aprenderam a detetar e a desafiar as<br />
injustiças da supremacia masculina.<br />
Ao passo que o interesse no abolicionismo de Elizabeth Cady Stanton era muito<br />
recente, ela conduziu uma luta pessoal contra o sexismo durante a sua juventude.<br />
Encorajada pelo seu pai – um próspero e abastado juiz conservador – ela desafiou a<br />
ortodoxia nos seus estudos bem como nas suas atividades de lazer. Estudou grego e<br />
matemática e aprendeu a cavalgar, tudo atividades geralmente inacessíveis às<br />
raparigas. Aos dezasseis anos, Elizabeth era a única rapariga graduada na sua turma.<br />
Antes de casar passou muito tempo com o seu pai e começou a estudar seriamente as<br />
leis a partir da sua orientação.<br />
Em 1848 Stanton era mãe e dona-de-casa a tempo inteiro. Vivia com o seu marido em<br />
Seneca Falls, New York, e frequentemente não conseguia contratar criados porque<br />
eram insuficientes nessa área. A sua vida frustrante tornou-a especialmente sensível à<br />
situação difícil das <strong>mulheres</strong> brancas de <strong>classe</strong> média. Explicando a sua decisão de<br />
contatar Lucretia Mott, que não viu durante oito anos, ela mencionou a sua situação<br />
doméstica como um dos principais motivos para emitir um convite para uma<br />
convenção de <strong>mulheres</strong>.<br />
“O descontentamento generalizado que sentia com a parte de mulher como esposa,<br />
mãe, dona-de-casa, médica e guia espiritual … e o olhar cansado e ansioso da<br />
maioria das <strong>mulheres</strong>, impressionou-me com um forte sentimento de que se tinham de<br />
tomar medidas ativas para remediar as incorreções da sociedade em geral e das<br />
<strong>mulheres</strong> em particular. As minhas experiências na World Anti-Slavery Convention<br />
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