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turma, a directora confrontou os pais das raparigas, usando um único resultado de<br />
objeção como desculpa para excluir a filha de Douglass.<br />
Que uma mulher branca associada ao movimento anti-escravatura pudesse assumir<br />
uma postura racista para com uma rapariga negra no Norte reflete a maior fraqueza da<br />
campanha abolicionista – a sua falha em promover a consciência anti-racista. Esta<br />
séria fraqueza abundantemente criticada pelas irmãs Grimke foi infelizmente<br />
transportada para dentro da organização do movimento dos direitos das <strong>mulheres</strong>.<br />
Apesar do esquecimento inicial que as ativistas de direitos de <strong>mulheres</strong> tiveram sobre<br />
a promessa das suas irmãs negras, o eco do novo movimento de <strong>mulheres</strong> foi sentido<br />
por toda a luta organizada da libertação dos negros. Como acima mencionado, a<br />
National Convention of Colored Freedmen (Convenção Nacional dos Homens de Cor<br />
Livres) passou uma resolução sobre igualdade para as <strong>mulheres</strong> em 1848. Por<br />
iniciativa de Frederick Douglass esta reunião de Cleveland resolveu que as <strong>mulheres</strong><br />
seriam eleitas delegadas em bases iguais aos homens. Pouco depois, a convenção do<br />
povo negro em Philapelphia não apenas convidou <strong>mulheres</strong> negras a participarem,<br />
mas em reconhecimento ao novo movimento lançado em Seneca Falls, convidou as<br />
<strong>mulheres</strong> brancas a juntarem-se a eles. Lucretia Mott descreve a sua decisão em<br />
assistir numa carta a Elizabeth Cady Santon:<br />
“Estamos agora a meio da convenção das pessoas negras da cidade. Douglass e<br />
Delany – Remond e Garnet estão aqui – todos tomando parte ativa – e como incluíram<br />
<strong>mulheres</strong> e também <strong>mulheres</strong> brancas, não posso fazer menos, pelo interesse que<br />
sinto pela causa do escravo, e também da mulher, do que estar presente e fazer parte<br />
pelo menos um pouco – Por isso ontem, numa chuva torrencial, Sarah Pugh e eu<br />
fomos lá e espero que façamos o mesmo hoje.”<br />
Dois anos depois da Convenção de Seneca Falls aconteceu a primeira National<br />
Convention on Women’s Rights (Convenção Nacional de Direitos das Mulheres) em<br />
Worcester, Massachusetts. Tendo sido convidada ou estando lá por sua iniciativa,<br />
Sojouner Truth estava entre os participantes. A sua presença e os seus discursos<br />
simbolizaram nas subsequentes reuniões de direitos de <strong>mulheres</strong> a solidariedade das<br />
<strong>mulheres</strong> negras com a nova causa. Elas aspiravam a liberdade não apenas da<br />
opressão racista como da dominação sexista. “Ain´t I a woman?” (Não sou eu<br />
mulher?) o refrão do discurso pronunciado por Sojourner Truth em 1851 na convenção<br />
de <strong>mulheres</strong> em Akron, Ohio – permanece um dos mais frequentes soglans do<br />
movimento de <strong>mulheres</strong> do séc XIX.<br />
Sojourner Truth sozinha salvou a reunião de <strong>mulheres</strong> de Akron do disruptivo escárnio<br />
dos homens hostis. De todas as <strong>mulheres</strong> assistindo à reunião, foi capaz sozinha de<br />
responder agressivamente aos rudes e provocadores argumentos da supremacia<br />
masculina. Possuindo um carisma inegável e uma habilidade poderosa de oralidade,<br />
Sojourner Truth mandou abaixo a pretensão de que a fraqueza da mulher era<br />
incompatível com o sufrágio – e fê-lo com uma lógica irrefutável. O líder dos<br />
provocadores argumentou que era ridículo que as <strong>mulheres</strong> desejassem votar, quando<br />
não podiam sequer atravessar uma poça de água, ou entrar numa carruagem sem a<br />
ajuda de um homem. Sojourner Truth apontou para fora desse argumento com a<br />
simplicidade de que ela nunca foi ajudada a atravessas poças de água nem a entrar<br />
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