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Durante o tempo da escravatura, os homens negros que protestaram esse tratamento<br />

para as suas irmãs negras, filhas e <strong>mulheres</strong> podiam sempre esperar por serem<br />

castigados pelos seus esforços.<br />

“Quando o meu marido avançou para o homem que me insultou, o homem<br />

amaldiçoou-o, esbofeteou-o e – prendeu-o. O polícia multou o meu marido em vinte e<br />

cinco dólares”.<br />

Depois de ela testemunhar no tribunal, “o velho juiz olhou para cima e disse ‘Este<br />

tribunal nunca aceitará a palavra de um nigger/negro contra a palavra de um homem<br />

branco”.<br />

Em 1919, quando as lideres do Sul da National Association of Colored Women<br />

(Assoicação Nacional das Mulheres de Cor) desenharam as suas injustiças o serviço<br />

doméstico era o primeiro da sua lista. Foi com uma boa razão que elas protestaram o<br />

que elas educadamente chamaram de “expostas a tentações morais” no trabalho. Sem<br />

dúvida, a trabalhadora doméstica de Georgia expressou a concordância sem<br />

classificação com o protesto da Associação. Nas suas palavras,<br />

“Eu acreditava que quase todos os homens brancos tomavam indevidas liberdades<br />

com as suas serventes/criadas negras – não apenas os pais, mas em muitos casos os<br />

filhos também. As criadas que se revoltavam contra essa familiaridade deviam<br />

abandonar ou esperar um tempo duro se ficassem.”<br />

Desde a escravatura, a vulnerável condição das trabalhadoras domésticas alimentava<br />

continuadamente muitos dos retardados mitos sobre a “imoralidade” das <strong>mulheres</strong><br />

negras. Nesta clássica situação “apanha 22”, as trabalhadoras domésticas eram<br />

consideradas degradadas porque eram desproporcionalmente desempenhadas por<br />

<strong>mulheres</strong> negras, que por sua vez eram vista como “ineptas” e “promíscuas”. Mas a<br />

sua ostensiva inaptidão e promiscuidade são mitos repetidamente confirmados pela<br />

degradação do trabalho que eram forçadas a fazer. Como disse W.E.B. DuBois,<br />

qualquer homem branco “decente” certamente cortava a garganta da sua filha antes<br />

de permitir que ela aceitasse trabalho doméstico.<br />

Quando o povo negro começou a imigrar para o Sul, homens e <strong>mulheres</strong> descobriram<br />

que os seus empregadores brancos fora do Sul não eram fundamentalmente<br />

diferentes dos seus donos agricultores nas suas atitudes sobre o potencial da<br />

ocupação dos novos escravos libertados. Eles também pareciam acreditar que “negros<br />

são servos, servos são negros”. De acordo com os censos de 1890 Delaware foi o<br />

único estado fora do Sul onde a maioria da população negra era trabalhadora do<br />

campo e cultivadores em oposição aos empregados domésticos. Em trinta e dois dos<br />

quarente e oito Estados, o serviço doméstico era a ocupação dominante dos homens e<br />

das <strong>mulheres</strong>. Em sete dos dez desses Estados, havia mais pessoas negras a<br />

trabalhar como domésticas que todas as outras ocupações combinadas. Os censos<br />

reportam a prova de que negros são servos e servos são negros.<br />

O ensaio de Isabel Eaton sobre serviço doméstico, publicado no estudo The<br />

Philadelphia Negro (O negro de Filadélfia) de DuBois em 1899, revela que 60% de<br />

todos os trabalhadores negros no estado de Pennssylvania estavam engajados em<br />

alguma forma de trabalho doméstico. A <strong>classe</strong> das <strong>mulheres</strong> era ainda pior, todas<br />

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