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BANCO DO BRASIL – Lisboa Serra, poeta, tribuno e presidente

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FERNAN<strong>DO</strong> PINHEIRO <strong>–</strong> 26<br />

“Sumiu-se o sol! É quase amortecida<br />

A muda desmaiada natureza!<br />

E em dormente langor, em paz serena<br />

Parece molemente reclinar-se<br />

Nos torvos braços da calada noite,<br />

Que de sombras em leito majestoso<br />

A vai acalentando”.<br />

Na 2ª estrofe em diante, a poesia continua<br />

descrevendo o pôr-do-sol, o cenário bucólico que cerca o<br />

pastor em cismares profundos que a saudade inspira.<br />

Vamos ver a cena que o <strong>poeta</strong> nos legou:<br />

“Sumiu-se o sol! E as prateadas nuvens<br />

Que sobranceiras podem vê-lo ainda<br />

Perder-se pelo abismo, vão-se orlando<br />

De rica franja, que em matiz mimoso<br />

As cores d’alma todas têm pintadas<br />

Na hora da saudade.<br />

O manso gado, que na oposta margem,<br />

Pascendo ao som de pastoris avenas<br />

Gozou do dia fúlgidos ardores<br />

Ora vadeia vagaroso o rio,<br />

Ora já do aprisco ruminando à porta,<br />

E do tenro filhinho a tez lambendo<br />

Pelo pastor aguarda.<br />

Tudo respira plácido sossego!<br />

Só ligeiro batel, que vai cortando<br />

A branda face do cristal luzente,<br />

Ondas formando que os anéis retratam<br />

Crespas, mimosas, de engraçada coma,<br />

Com sumido suspiro está turbando<br />

O silêncio geral à hora tão meiga,<br />

E sobre o leito de brilhantes pérolas<br />

Obriga a tremular suavemente<br />

Os salgueiros da margem...

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