BANCO DO BRASIL – Lisboa Serra, poeta, tribuno e presidente
BANCO DO BRASIL – Lisboa Serra, poeta, tribuno e presidente
BANCO DO BRASIL – Lisboa Serra, poeta, tribuno e presidente
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Ah! Não me iludes, sedutor enleio!<br />
Que traz ele o cuidado em triste ausência,<br />
Afogam-lhe o sorrir memórias ternas,<br />
Disfarçadas com as vestes de amargura:<br />
É essa dor que lhe corta os seios d’alma<br />
É a dor da saudade.”<br />
FERNAN<strong>DO</strong> PINHEIRO <strong>–</strong> 28<br />
Ainda na segunda estrofe, <strong>Lisboa</strong> <strong>Serra</strong><br />
encontra similaridade entre as prateadas nuvens do<br />
pôr-do-sol e as cores, em matiz mimoso, que estão<br />
n’alma do pastor. A saudade, mesmo sendo atroz, tem<br />
a cor do poente. Belas imagens de elevada inspiração.<br />
Nas terceira e quarta estrofes, o <strong>poeta</strong><br />
descreve a movimentação do cenário, “O manso gado,<br />
que na oposta margem, / pascendo ao som de pastoris<br />
avenas” e o deslizar de um ligeiro batel faz ondas no rio,<br />
“Com sumido suspiro está turbando/ O silêncio geral à hora tão<br />
meiga, / E sobre o leito de brilhantes pérolas / Obriga a<br />
tremular suavemente / Os salgueiros da margem...”<br />
Em seguida, o autor retrata as paisagens<br />
íntimas em que está envolvido o personagem, um jovem<br />
pastor em transes de aflição. É um mergulho à alma,<br />
ao recôndito do coração, onde se encontram guardados<br />
os segredos e os mistérios da vida. O mundo íntimo<br />
de cada um é tão complexo quanto o mundo externo<br />
onde as aparências têm o seu reino. Se houver<br />
desencantos, a criatura humana logo terá condições<br />
de buscar atitudes que gerem conforto e refazimento<br />
interior.<br />
As sete últimas estrofes do poema Subindo pelo<br />
Vouga, de <strong>Lisboa</strong> <strong>Serra</strong>, espelham a realidade daqueles<br />
que sentem saudades e estão mergulhados na<br />
sensação de perda de algo ou de alguém. Este<br />
sofrimento ainda existe, de forma atroz, porque os