BANCO DO BRASIL – Lisboa Serra, poeta, tribuno e presidente
BANCO DO BRASIL – Lisboa Serra, poeta, tribuno e presidente
BANCO DO BRASIL – Lisboa Serra, poeta, tribuno e presidente
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
FERNAN<strong>DO</strong> PINHEIRO <strong>–</strong> 30<br />
“Borbulhai, doces lágrimas; caí-me<br />
Por sobre as murchas faces desbotadas<br />
Pelo afã da saudade; <strong>–</strong> vinde, amigas,<br />
Vinde abrandar-me com o roçar mavioso<br />
Este febril ardor que as afogueia.<br />
Assim... assim, correi; oh! São mais doces<br />
Os vossos ternos ósculos que os beijos<br />
Das formosas Huris; cala-me n’alma<br />
Um bálsamo suavíssimo que embebe<br />
As fibras todas do ulcerado peito<br />
E a medula dos ossos m’ estremece.<br />
A terra em que caís envolve os restos<br />
De dois entes que amei com as forças d’ alma;<br />
Regai-a, minhas lágrimas, ditosas.”<br />
Desdobramos o primeiro bloco do poema com<br />
as palavras iniciais de <strong>Lisboa</strong> <strong>Serra</strong>: “Borbulhai, doces<br />
lágrimas: caí-me”. Materialmente, sabemos que elas são<br />
salgadas mas o <strong>poeta</strong>, amando-as intensamente, disse<br />
“doces lágrimas” e, revestindo-as nesse grande amor,<br />
acrescentou com ternura: “Assim... assim, correi os vossos<br />
ternos ósculos são mais doces que os beijos das formosas Huris”.<br />
O escritor Lúcio de Mendonça, pai de Daniel<br />
de Mendonça, <strong>presidente</strong> do Banco do Brasil (27/12/1922 a<br />
21/02/1923 <strong>–</strong> interino), também nos falou das famosas huris<br />
(virgens belas do Alcorão, mulheres de beleza prodigiosa):<br />
“o paraíso maometano, com todas as huris do profeta,<br />
não sorria mais delicioso à mente sonhadora do<br />
beduíno errante!” (8)<br />
(8) LÚCIO DE MEN<strong>DO</strong>NÇA, imortal da Academia Brasileira de<br />
Letras <strong>–</strong> in Esboços e Perfis, p. 109.