BANCO DO BRASIL – Lisboa Serra, poeta, tribuno e presidente
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FERNAN<strong>DO</strong> PINHEIRO <strong>–</strong> 32<br />
Saudades? Sim, que em glória embora envoltos<br />
Dos anjos na mansão, junto ao Eterno,<br />
Jamais olvidarão doces primícias<br />
Que gozaram na Terra, e muitas vezes<br />
Tantas delícias trocaram gostosos<br />
Pela tenra lembrança do passado ...<br />
Os beijos maternais quem há de dá-los<br />
Tão suaves no céu? Que seio d’anjo<br />
Pode ao seio d’hum Pai ser igualado<br />
Quando entre risos o filhinho estreita<br />
Em fervoroso amplexo? E os brincos<br />
Infantinos do Irmão? E o doce enlevo<br />
Dos mimos de uma Irmã? Oh! É sublime<br />
A clemência de Deus; <strong>–</strong> aos Seus eleitos<br />
Concede dons sem preço, sem louvores<br />
Na língua dos humanos, mas se acaso<br />
Lhe tirasse a lembrança maviosa<br />
De quanto n’este mundo mais amaram,<br />
Se de todo vedasse as esperanças,<br />
E destruísse os laços que os prendiam<br />
Aos entes que na vida idolatraram,<br />
Se um olvido perpétuo... oh! Menos belo,<br />
Menos grande seria o dom celeste!...”<br />
A seguir, no último bloco, é bem reflexivo o<br />
trecho do poema: “... assim tudo / Nesta vida s’esvai,<br />
acaba, esquece! ...” ; o autor finaliza dirigindo-se, a<br />
exemplo do santo de Assis que fala do irmão Sol e da<br />
irmã Lua, aos ventos da tarde e à lua dos fulgores<br />
para não esquecer seus amados que se foram, e até<br />
encerra suplicando: “Em torno modulai-lhes dúlios cânticos”. Eis<br />
o texto:<br />
“Sagradas cinzas, inanidos restos<br />
Dos filhos que adorei, mimoso símbolo<br />
De inocência e de paz; esta capela<br />
De flores, como vós, puras, singelas,