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VJ JUL 2011.p65 - Visão Judaica

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2<br />

editorial<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

ma boa definição para a<br />

ONU atualmente é: Um<br />

santuário de justiça, democracia,<br />

direitos humanos...<br />

com maioria absoluta<br />

de ditaduras e regimes autoritários,<br />

composto por governos<br />

desumanos, repressores e até criminosos,<br />

autoproclamados "de esquerda".<br />

A ONU aprovou a agenda<br />

do seu Conselho de Direitos Humanos<br />

para o próximo quinquênio, e<br />

adivinhe o leitor: Não importa o<br />

assassinato de civis na Síria e no<br />

Iêmen, a guerra na Líbia, o genocídio<br />

na Somália, os atentados no Iraque<br />

e no<br />

Afeganistão,<br />

nem a<br />

matança de<br />

cristãos em<br />

países islâ-<br />

Publicação mensal independente da<br />

EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />

JUDAICA LTDA.<br />

Redação, Administração e<br />

Publicidade<br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Curitiba • PR • Brasil<br />

Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />

Dir. de Operações e Marketing<br />

SHEILLA FIGLARZ<br />

Dir. Administrativa e Financeira<br />

HANA KLEINER<br />

Diretor de Redação<br />

SZYJA B. LORBER<br />

Publicidade<br />

DEBORAH FIGLARZ<br />

Arte e Diagramação<br />

MARCELO CAVALHEIRO DE LIMA<br />

Webmaster<br />

RAFFAEL FIGLARZ<br />

Colaboram nesta edição:<br />

Antônio Carlos Coelho, Aristide<br />

Brodeschi, Breno Lerner, Daniel Pipes,<br />

Heitor De Paola, Gavriel Queenann,<br />

Isaac Cubric, Jane Bichmacher de<br />

Glasman, Jonathan Sacks, Nadine<br />

Epstein, Sérgio Alberto Feldman,<br />

Szyja Lorber e Yossi Groisseoign.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />

o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou comentários<br />

publicados, sejam de terceiros (mencionando a fonte) ou<br />

próprios e assinados pelos autores. O fato de publicá-los<br />

não indica que o <strong>VJ</strong> esteja de acordo com alguns<br />

dos conceitos ou dos temas.<br />

Contém termos sagrados, por isso trate<br />

com respeito esta publicação.<br />

www www.visaoju<br />

www .visaoju .visaojudai .visaoju ai aica.com.br ai ca.com.br<br />

Este jornal é um veículo independente<br />

da Comunidade Israelita do Paraná<br />

ONU, direitos humanos e flotilhas<br />

micos na<br />

África e na<br />

Ásia. A<br />

agenda do<br />

Conselho<br />

de Direitos<br />

Humanos<br />

mantém Is-<br />

Nossa capa<br />

rael como o único Estado no mundo<br />

entre 192 nações, especificamente<br />

identificado por violações<br />

dos direitos humanos. Somente os<br />

EUA, o Canadá e Palau, se uniram a<br />

Israel para objetar esse manicômio<br />

internacional.<br />

Ron Prosor, que há poucos dias<br />

assumiu o cargo de embaixador de<br />

Israel na ONU, disse: "É insolência<br />

absoluta que regimes tirânicos estejam<br />

julgando Israel, o único país<br />

democrático no Oriente Médio". E<br />

acrescentou: "O Conselho de Direitos<br />

Humanos perdeu uma bela oportunidade<br />

para transformar-se num<br />

organismo que a comunidade internacional<br />

possa tratar com respeito<br />

e seriedade". O Conselho de Direitos<br />

Humanos foi criado em 2006 e<br />

substituiu a Comissão sobre Direitos<br />

Humanos das Nações Unidas<br />

(CDHNA), que perdeu a credibilidade,<br />

em parte devido ao tratamento<br />

desproporcional a Israel. Agora,<br />

infelizmente, o CDH está tomando o<br />

mesmo rumo. Desde sua criação, o<br />

CDH reuniu-se 17 vezes, 14 das reuniões<br />

terminaram com resoluções<br />

anti-israelenses. Isso acontece porque<br />

o Conselho está sob o comple-<br />

A capa reproduz a obra de arte cujo título é: "9 de<br />

Av (Tishá B'Av), - Lamentações pela destruição do<br />

Templo", pintado com a técnica aquarela e dimensões<br />

de 50x38 cm, criação de Aristide Brodeschi e<br />

pertencente à coleção Jaime Wasserman. O autor<br />

nasceu em Bucareste, Romênia, é arquiteto e artista<br />

plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já<br />

desenvolveu trabalhos em várias técnicas, dentre<br />

elas pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu premiações<br />

por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas<br />

obras estão espalhadas por vários países e tem<br />

no judaísmo, uma das principais fontes de inspiração.<br />

Ele é o autor das capas do jornal <strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong>. (Para conhecer mais sobre o artista, visite<br />

o site www.brodeschi.com.br).<br />

Datas importantes<br />

23 de julho<br />

30 de julho<br />

1º de agosto<br />

6 de agosto<br />

8 de agosto<br />

9 de agosto<br />

13 de agosto<br />

15 de agosto<br />

20 de agosto<br />

Shabat / Matot<br />

Shabat / Mass'é / Bençãos de Av<br />

Rosh Chodesh<br />

Shabat / Chazon<br />

Véspera de 9 de Av<br />

Jejum de de 9 Av<br />

Shabat / Nachamu<br />

Tu Beav<br />

Shabat / Êkev<br />

to controle de um número de nações<br />

que, elas próprias são violadoras<br />

de direitos humanos. A Líbia foi, até<br />

março, também um membro e chegou<br />

a ser cogitada para presidi-lo.<br />

Há um ano Israel evitou a entrada<br />

de uma flotilha que levava "ajuda<br />

humanitária" a Gaza. Tudo terminou<br />

em violência, com mortes e<br />

muita pressão internacional como<br />

ansiavam os organizadores da malfada<br />

expedição. É sabido que todos<br />

os dias centenas de caminhões passam<br />

com alimentos e mercadorias<br />

de Israel para Gaza. Todos sabem<br />

que existe um comércio subterrâneo,<br />

por túneis, sob as vistas grossas<br />

do Egito, de tal magnitude, que<br />

passam automóveis, tratores, foguetes,<br />

armamentos, alimentos, etc.,<br />

a preços especulativos.<br />

Com a revolta egípcia, o novo militar<br />

de turno, o general que substituiu<br />

o ex-presidente Hosni Mubarak,<br />

Mohamad Hussain Tantawi, reabriu<br />

a passagem fronteiriça entre o Egito<br />

e Gaza; dizem que por hora é só<br />

de pessoas e alimentos. Ainda assim<br />

a vassalagem bajuladora da<br />

esquerda europeia e norte-americana<br />

se agitou quando o Hamas orde-<br />

ACENDIMENTO DAS<br />

VELAS EM CURITIBA<br />

<strong>JUL</strong>HO / AGOSTO DE 2011<br />

SHABAT<br />

DATA HORA<br />

22 / 7 17h27<br />

29 / 7 17h30<br />

5 / 8 17h33<br />

12 / 8 17h37<br />

19 / 8 17h40<br />

nou aos idiopáticos anti-israelenses<br />

os preparativos de uma nova<br />

flotilha. Uma não; duas: uma por<br />

mar, com 15 barcos e mil passageiros,<br />

em maio. E outra via aérea, com<br />

mais mil se abalando para invadir<br />

o aeroporto de Tel Aviv, no início<br />

de julho. Ambas fracassaram fragorosamente.<br />

Os "navegantes solidários"<br />

foram proibidos de zarpar<br />

dos portos da Grécia e do Chipre.<br />

A Turquia, ante o vexame do ano<br />

passado, decidiu não se arriscar desta<br />

vez. Já os alegres "invasores do ar"<br />

tiveram suas "asinhas cortadas" antes<br />

de mesmo de levantarem voo.<br />

Está claro e assim o dizem os próprios<br />

provocadores da "flotilha humanitária":<br />

A finalidade é dupla,<br />

política e romper o bloqueio israelense.<br />

O bloqueio israelense é um<br />

fato. O assunto que não mencionam,<br />

é o porquê do bloqueio. A Faixa de<br />

Gaza está em mãos de terroristas que<br />

se propõem a varrer Israel do mapa,<br />

com a ajuda do Irã, Síria e Hezbolá.<br />

Para isso lançam foguetes contra<br />

populações civis israelenses. Por<br />

isso o bloqueio. Israel se reserva o<br />

direito de garantir suas fronteiras,<br />

frente a um vizinho nada pacífico.<br />

Humor judaíco<br />

Falecimentos<br />

A Redação<br />

CONFIANÇA<br />

Numa conversa entre D-us<br />

e um assessor militar:<br />

D-us: Quero um informe<br />

completo de como andam as<br />

coisas na terra.<br />

Assessor: Os iranianos estão<br />

fabricando a bomba atômica;<br />

dizem que vão apagar Israel<br />

do mapa.<br />

D-us: E está feia a coisa?<br />

Assessor: Feia?... Feíssima!<br />

- E que faz o meu povo em<br />

Israel?<br />

- Bem, a maior parte vai à<br />

praia, aos cafés ao ar livre, ao<br />

teatro, comem e bebem com<br />

abundância, ou seja, desfrutam<br />

da vida.<br />

D-us: Oy vey (Oh não, em iídiche),<br />

outra vez confiando em<br />

Mim!<br />

Manoela Stier Reiss, aos 70 anos de<br />

idade, dia 30 de junho de 2011 (28<br />

de Sivan de 5771), em Curitiba. Era<br />

filha de Abraham Leiser Stier e Regina<br />

Tiseer Stier. Seu corpo foi velado<br />

no Cemitério Israelita da Água Verde<br />

e sepultado na manhã do dia 1º/7, no<br />

Cemitério Israelita do Umbará.


NAS SENDAS DA HISTÓRIA 7<br />

Sérgio Alberto Feldman *<br />

m judeu que ousou<br />

tentar abrir as portas<br />

do gueto e inserir os<br />

judeus no mundo<br />

ocidental. Esta telegráfica<br />

definição sintetizaria<br />

a brilhante figura<br />

do terceiro Moisés. Depois de Moisés<br />

(Moshé Rabeinu) que nos liderou<br />

no Êxodo do Egito e do brilhante<br />

Moisés, filho de Maimon (Maimônides),<br />

que aproximou a religião judaica<br />

da filosofia neoaristotélica, este<br />

judeu polonês germanizado foi a luz<br />

que iniciou a senda da modernidade<br />

no seio do Judaísmo.<br />

Nascido em Dessau, em 1729, o<br />

"Sócrates judeu", teve uma educação<br />

judaica tradicional. Foi aluno de<br />

um Cheder, ou seja, uma escola rabínica<br />

de uma pequena cidade. Migrou<br />

para Berlim em 1743, onde frequentou<br />

uma yeshivá (escola talmúdica de<br />

nível superior). Estudava secretamente<br />

línguas e ciências "profanas".<br />

Sobreviveu como professor, guardalivros<br />

e comerciante.<br />

Por volta de 1754, conheceu o<br />

sábio alemão Gotthold Ephraim<br />

Lessing, que se encantou com esse<br />

judeu de baixa estatura e de elevados<br />

saberes. Lessing cognominou<br />

Mendelssohn como "Natan o<br />

Sábio". Introduziu-o nos círculos<br />

literários de Berlim. Lessing publicou<br />

o primeiro livro de Mendelssohn<br />

em 1755, sob o titulo<br />

O Museu de Sobibor, situado no<br />

local do antigo campo de extermínio<br />

nazista, fechou suas portas desde<br />

o início de junho devido à falta<br />

de recursos. Aberto em 1993, o museu<br />

até agora se sustentou com fundos<br />

providenciados pelas autoridades<br />

locais da cidade de Wlodawa.<br />

"Simplesmente percebemos que<br />

não tínhamos dinheiro para pagar<br />

nossas contas deste ano, incluídos os<br />

custos de manutenção", disse Marek<br />

Bem, que trabalha no museu, contou<br />

o Krakow Post. "Sem um orçamento<br />

estável não podemos fazer planos<br />

para o futuro", acrescentou ele.<br />

O museu também tem recebido o<br />

apoio de doadores privados e, nos<br />

últimos anos, a partir de um programa<br />

executado pelo Ministério da Cultura<br />

da Polónia e do Patrimônio Nacional,<br />

o qual agora está encerrado.<br />

"Sem as contribuições voluntárias<br />

Moisés Mendelssohn<br />

"Conversações filosóficas". Foram<br />

ao prelo em seguida, suas obras,<br />

"Dos sentimentos" e "Escritos filosóficos".<br />

Sua fama se acentuou<br />

em 1763, quando venceu o concurso<br />

da Academia Prussiana com sua<br />

obra "Da evidência nas ciências<br />

metafísicas", superando até Imanuel<br />

Kant e Thomas Abt.<br />

Respeitado nos círculos intelectuais<br />

berlinenses, nunca perdeu<br />

seu vínculo com os judeus e com o<br />

Judaísmo. Sua obra mais famosa foi<br />

escrita em 1767 e se denomina "Phaedon<br />

ou Fédon" que o torna uma personalidade<br />

respeitada fora dos<br />

países de língua germânica.<br />

Voltou-se à continuidade judaica<br />

e a inserção dos judeus no mundo<br />

"moderno", criando uma proposta<br />

de uma escola judaica secular<br />

com ênfase no hebraico e na cultura<br />

judaica, denominada Chinuch Naarim,<br />

em 1778. Seu propósito era manter<br />

os judeus na prática de suas crenças<br />

e preceitos, mas inseri-los na<br />

sociedade europeia. Aprender as<br />

línguas dos países onde viviam, e<br />

introduzi-los na cultura do século<br />

"das Luzes" ou no movimento denominado<br />

depois como Iluminismo.<br />

Neste sentido deu um passo gigante.<br />

No mesmo ano de 1778 começou<br />

o projeto de tradução da Torá<br />

(Pentateuco) ao alemão. Esta obra<br />

foi concluída em 1783 e se constituiu<br />

num marco da aproximação dos<br />

judeus ao alemão. Impressa em caracteres<br />

hebraicos em língua ale-<br />

Moisés Mendelssohn<br />

mã. Os comentários eram inseridos<br />

nas novas concepções literárias e<br />

numa exegese renovadora. Os judeus<br />

se dividiram entre entusiastas<br />

e críticos desta renovação.<br />

Em torno de Mendelssohn se<br />

criou um movimento judaico racionalista.<br />

Mesmo sendo um homem<br />

de temperamento suave, conciliador<br />

e pouco agressivo na sua retórica,<br />

catalisou um movimento que será<br />

denominado adiante como Haskalá<br />

ou Iluminismo judaico. Urgia definir<br />

as posições deste grupo.<br />

Mendelssohn não demorou em<br />

escrever sua obra "Jerusalém" ou<br />

"Do poder religioso dos judeus".<br />

Editado e lançado pela primeira vez<br />

em 1783, começou a definir o que<br />

décadas mais tarde seria denomi-<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

nado de Reforma do Judaísmo.<br />

Concebeu a situação dos judeus<br />

na modernidade, sob a condição<br />

de cidadãos de seus países e de<br />

religião judaica. Isso era inovador<br />

e inédito.<br />

Judeus alemães seriam "cidadãos<br />

alemães de fé mosaica". Judeus<br />

franceses seriam "cidadãos<br />

franceses de fé mosaica". Isso é<br />

óbvio em nossos dias, mas não o<br />

era no Medievo e nos primeiros<br />

séculos da Era moderna.<br />

Uma carta foi enviada para ele,<br />

por Kant e este previa a reforma do<br />

judaísmo e sua inserção no mundo<br />

moderno. Palavras sábias de um dos<br />

pilares da cultura ocidental.<br />

Seus companheiros judeus iluministas<br />

criam um jornal em língua<br />

hebraica, denominado Hameassef,<br />

para o qual ele colaborou.<br />

Nas palavras de Jacob Guinsburg,<br />

sua influência no Judaísmo<br />

pode ser percebida no movimento<br />

da reforma judaica que culminou<br />

tanto no Movimento conservador,<br />

quanto no Reformista; e igualmente<br />

no nacionalismo judaico, o Sionismo,<br />

tanto na sua vertente tradicional,<br />

quanto na socialista. Concebe<br />

Guinsburg que Mendelssohn<br />

tenha sido "o primeiro judeu dos<br />

tempos modernos que combinou<br />

Judaísmo e cultura moderna, sendo<br />

como tal reconhecido por judeus<br />

e não judeus". (Da obra: O judeu e a<br />

modernidade).<br />

Museu de Sobibor não consegue pagar as contas<br />

Carente de recursos,<br />

campo fechou as<br />

suas portas<br />

recebidas até agora, tivemos que fechar<br />

a loja mais cedo," explica o prefeito<br />

de Wlodawa, Wieslaw Holaczuk.<br />

"Reunimo-nos várias vezes com<br />

os representantes do Museu de<br />

Majdanek, financiado pelo governo,<br />

a fim de discutir com eles a opção<br />

deles também administrarem Sobibor.<br />

Mas a decisão final depende<br />

de Varsóvia", acrescentou Holaczuk.<br />

O Ministério da Cultura e Património<br />

Nacional, inicialmente se recusou<br />

a comentar sobre os problemas<br />

financeiros do Museu Sobibor,<br />

mas, eventualmente, anunciou que<br />

o museu irá agora passar por uma<br />

reorganização administrativa antes<br />

de reabrir em 2012.<br />

"Os sobreviventes do Holocausto<br />

estão espantados com o fato de<br />

que o museu em Sobibor, o local<br />

dos crimes de John Demjanjuk, por<br />

causa de recursos insuficientes das<br />

autoridades estatais polonesas",<br />

comentou Elan Steinberg, da União<br />

Americana dos Sobreviventes do<br />

Holocausto e seus Descendentes.<br />

Em maio desde ano, o ucraniano<br />

nato John Demjanjuk foi<br />

condenado por um tribunal alemão<br />

por cumplicidade no assassinato<br />

de mais de 28 mil judeus<br />

enquanto serviam no campo<br />

de Sobibor. Demjanjuk, agora<br />

com 91 anos de idade, foi<br />

sentenciado à morte em Israel,<br />

em 1988 depois que sobreviventes<br />

israelenses o identificaram<br />

como sendo 'Ivan o Terrível', um<br />

guarda extremamente cruel nos<br />

campos de extermínio de Treblinka<br />

e Sobibor. A condenação foi mais<br />

tarde revertida por falta de provas.<br />

Cerca de 250,000 pessoas foram<br />

assassinadas nas câmaras de gás<br />

abastecidas com escapamentos de<br />

motores a gasolina no campo de extermínio<br />

de Sobibor, e em seus subcampos,<br />

entre abril de 1942 e outubro<br />

de 1943. As vítimas, incluindo judeus<br />

eram prisioneiros de guerra da Polônia,<br />

França, Alemanha, Holanda, Tchecoslováquia<br />

e da União Soviética.<br />

O drama 'Fuga de Sobibor', filmado<br />

em 1987 pela TV britânica trou-<br />

O campo de Sobibor na atualidade<br />

xe ao campo, ao comovente levante<br />

de prisioneiros, e à fuga que lá<br />

ocorreu em 1943, o maior reconhecimento<br />

de sua história fora da Polônia.<br />

O campo foi desmontado e o<br />

local arborizado, poucos dias depois<br />

da fuga. Até 1989 havia apenas<br />

um único monumento que recordava<br />

as vítimas de Sobibor.<br />

Em 2007 o arqueólogo israelense<br />

Yoram Haimi conseguiu descobrir<br />

os limites da instalação, pela primeira<br />

vez em mais de 60 anos e também<br />

recuperou muitos dos pertences<br />

pessoais de suas vítimas.<br />

3<br />

* Sérgio Alberto<br />

Feldman é doutor<br />

em História pela<br />

UFPR e professor<br />

de História Antiga<br />

e Medieval na<br />

Universidade<br />

Federal do<br />

Espírito Santo, em<br />

Vitória. Foi diretor<br />

de Cultura<br />

<strong>Judaica</strong> da Escola<br />

Israelita Brasileira<br />

Salomão<br />

Guelmann, em<br />

Curitiba.


4<br />

* Heitor De Paola é<br />

médico psiquiatra<br />

e psicanalista,<br />

membro da<br />

International<br />

Psycho-Analytical<br />

Association e do<br />

Board of Directors<br />

da Drug Watch<br />

International e<br />

Diretor Cultural da<br />

BRAHA, Brasileiros<br />

Humanitários em<br />

Ação, articulista e<br />

escritor, com<br />

diversos artigos<br />

publicados no<br />

Brasil e no exterior,<br />

e um livro. No<br />

passado,<br />

pertenceu a<br />

organização Ação<br />

Popular (AP) da<br />

esquerda<br />

revolucionária<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

As lições da política de apaziguamento da<br />

imprensa liberal alemã na República de Weimar<br />

Heitor De Paola *<br />

A imprensa judia choraminga de horror e<br />

medo. Numerosas organizações judias<br />

proclamaram sua lealdade ao governo.<br />

(...) A imprensa já está trabalhando em<br />

completa harmonia (com o governo) (...)<br />

Temos uma esplêndida imprensa!<br />

Paul Joseph Goebbels Ministro da Propaganda e<br />

Esclarecimento do Povo - Março/Abril de 1933<br />

ste texto pode ser<br />

doloroso para muitos<br />

que viveram<br />

aqueles tempos terríveis,<br />

mas, como já<br />

venho fazendo em<br />

outros artigos, tem a intenção<br />

de alertar os leitores para<br />

perigos atuais e muito próximos.<br />

Muito se fala num suposto I slã<br />

pacífico, principalmente agora que<br />

uma "primavera" democrática estar<br />

ia invadindo os países no entorno<br />

imediato de I srael. Há uma<br />

cortina de fumaça bastante tênue<br />

- para quem sabe enxergar - para<br />

es conder a v erdadeira natureza<br />

desta "primaver a" que pode se<br />

transformar num inverno - ou inferno!<br />

- para o ocidente e o povo<br />

judeu: os inimigos das ditaduras árabes<br />

são radicalmente hostis ao Ocidente<br />

e a Israel e favoráveis ao Islã e mantêm<br />

estreitos contatos com grupos<br />

terroristas como Hamas, Hezbolá<br />

e Al Qaeda. Os riscos crescem na<br />

medida em que do lado ocidental<br />

e mesmo dentro de Israel, predomina<br />

a ideia de que é possív el o<br />

apaziguamento mediante concessões,<br />

o land for peace e outras propostas<br />

que prometem 'paz agora'.<br />

As tentativas de apaziguamento de<br />

Hitler por Chamberlain e Daladier<br />

são bem conhecidas. Mas urge evitar<br />

o que é relatado sobre a impr<br />

ensa liberal alemã no livro de<br />

Modris Eksteins The Limits of Reason:<br />

the German Democratic Press and<br />

the Colapse of Weimar Democracy,<br />

(Oxford Univ. Press, 1975).<br />

Os editoriais agressivos contra<br />

os partidos revolucionários comunistas<br />

e nazistas que eram a marca<br />

da imprens a democrática nas<br />

grandes metrópoles enfraqueceram<br />

a ponto de se tornarem dóceis<br />

e subservientes. Em 5 de março,<br />

logo após o incêndio do Reichstag,<br />

p. ex., o Frankfurter Zeitung<br />

declarou 'que estava preparado para<br />

aprovar a eliminação dos direitos civis<br />

contanto que apenas o Partido Comunista<br />

fosse afetado'. Em 21 o Vossiche<br />

Zeitung declarou que 'a revolução<br />

Nacional-Socialista tinha ocorrido<br />

sem romper com o estado legal'.<br />

Os jornalistas liberais e democratas<br />

passaram a receber ameaças<br />

de morte e os assinantes for am<br />

aterrorizados e começaram os can-<br />

celamentos de as sinaturas. Ao<br />

medo da violência física acrescentav<br />

a-se o medo do desemprego.<br />

Muito antes de o governo aplicar<br />

grande pressão a maioria dos jornais<br />

se alinhou por medo e sucumbir<br />

am por vontade pr ópria,<br />

principalmente quanto à demissão dos<br />

inúmeros editorialistas e jornalistas<br />

judeus. Como não podia deixar de<br />

ser, as tentativas de apaziguamento<br />

aplainaram o terreno para destruição<br />

de toda imprensa livre na<br />

Alemanha que veio em outubro do<br />

mesmo ano através da Schriftleitergesetz,<br />

a lei que formalizou o total<br />

contr ole nazista sobr e toda a<br />

imprensa. Como desde 13 de março<br />

existia o Ministério da Propaganda<br />

e do Esclarecimento do Povo<br />

(Propaganda und Volksaufklärung) Goebbels<br />

tor nou-se o editor- chefe<br />

de fato de todos os jornais até sua<br />

extinção.<br />

O exemplo da imprensa fez eco à<br />

atitude da maioria do povo alemão.<br />

A rendição pacífica frente à Gleichschaltung(http://www.historyo<br />

n t h e w e b . c o . u k / c o n c e p t s /<br />

concept72_gleichschaltung.htm), a<br />

total nazificação da Alemanha, o alinhamento<br />

absoluto da população ao<br />

pensamento nazista, processo facilitado<br />

pela crescente votação no NS-<br />

DAP em eleições absolutamente livres,<br />

somada ao tradicional antisse-<br />

mitismo dominante.<br />

Hoje vivemos uma situação semelhante:<br />

a atitude de apaziguamento<br />

frente ao islamofascimo em<br />

todo o Ocidente e, surpreendentemente,<br />

dentro do próprio Estado de<br />

I s rael. Apenas as manifes tações<br />

mais coléricas, como as de Ahmadinej<br />

ad, são claramente v istas<br />

como hostis. Mas delirantemente<br />

se faz de tudo para criar um I slã<br />

pacífico com o qual dialogar. A imprensa<br />

e o povo brasileiro, como<br />

soe acontecer, ignora totalmente a<br />

ameaça que já está em nossas portas:<br />

o Hezbolá plenamente instalado<br />

em doze países de nosso Continente<br />

com comando na Venezuela<br />

de Chávez, aliado de Lula e Dilma,<br />

e na Tríplice Fronteira (http://<br />

w w w . h e i t o r d e p a o l a . c o m /<br />

publicacoes_materia.asp?id_artigo=2715).<br />

Até o Sub-Comitê para o Antiterrorismo<br />

e I nteligência do Comitê<br />

para a Segurança I nterna da Câmara<br />

de Representantes americana<br />

realizou no último dia 7/7 uma audiência<br />

com renomados especialistas<br />

(http://homeland.house. gov/<br />

hearing/subcommittee- hearinghezbollah-latin-america-implications-us-homeland-secur<br />

ity) para<br />

examinar a ameaça à s egurança<br />

dos EUA.<br />

Aqui? Nada! Quando acordarem<br />

será tarde demais!<br />

Ativistas da "aero flotilha" barrados em aeroportos europeus<br />

Cerca de 200 ativistas que planejavam<br />

participar de manifestações de solidariedade<br />

a palestinos na Cisjordânia foram<br />

impedidos de embarcar em voos da Europa<br />

para a cidade israelense de Tel Aviv.<br />

No dia 3 0/6 o gover no is raelense<br />

hav ia env iado às companhias aér eas<br />

europeias uma relação com os nomes<br />

de 342 ativistas pró-palestinos, observando<br />

que essas pessoas seriam impedidas<br />

de entrar em I srael, e de acordo<br />

com a legislação internacional, deportados,<br />

embarcando- as de volta pelas<br />

mesmas companhias aéreas. Não desejando<br />

arcar com as despesas das<br />

passagens de retorno, as empresas barraram<br />

ainda na Europa o embarque dos<br />

ativistas pró-palestinos listados.<br />

No aeroporto Ben Gurion, em Tel<br />

Aviv, pelo menos 60 ativistas que desembarcaram<br />

dia1º/7 em voos da companhia<br />

EasyJet foram detidos para interrogatório<br />

e, depois, deportados.<br />

Houve dois ativistas americanos<br />

que desceram em Tel Aviv vindos da<br />

Grécia e que também foram deportados<br />

pelas autoridades israelenses.<br />

Provocação<br />

O governo de I srael cons iderou a<br />

tentativa "de visita" dos ativistas uma<br />

provocação com o objetivo de deslegitimar<br />

o Estado de I srael. O primeirominis<br />

tro isr aelens e, Biny amin Netanyahu,<br />

disse que seu governo tem o<br />

direito básico de manter afastados do<br />

país o que ele descreveu como "perturbadores<br />

suspeitos".<br />

Por sua vez, os ativistas disseram<br />

que as ações de I srael foram ilegais e<br />

que a manifestação seria pacífica. Os<br />

visitantes planejav am participar de<br />

uma semana de eventos de apoio à criação<br />

de um Estado palestino.<br />

A polêmica ocorreu cerca de um ano<br />

depois que uma ação militar israelense<br />

contra embarcações de ativistas e<br />

terroristas que tentavam furar o bloqueio<br />

a Gaza deixou nove mortos, causando<br />

forte reação da opinião pública<br />

internacional contra I srael.<br />

No dia 4/7, a Grécia interceptou barcos<br />

que novamente tentavam desafiar<br />

o bloqueio israelense ao território palestino.<br />

E st ad o p alest in o<br />

O presidente da Autoridade Nacional<br />

Palestina, Mahmoud Abbas, pretende<br />

pedir, em setembro, o reconhecimen-<br />

to da ONU ao Estado Palestino nas fronteiras<br />

anteriores à Guerra dos Seis Dias,<br />

em junho de 1967.<br />

No conflito, I srael derrotou Egito,<br />

Jordânia e Síria, terminando por ocupar<br />

os territórios da Cisjordânia, Jerusalém<br />

Oriental e a Faixa de Gaza.<br />

A iniciativa de Abbas ganhou o<br />

apoio de alguns países, como Brasil e<br />

Argentina, que de forma absurda já reconheceram<br />

o Estado palestino com as<br />

fronteiras anteriores a 1967.<br />

Aer o flotilha fr ac a ssad a<br />

A tentativa de furar o bloqueio via<br />

aérea foi mais uma artimanha para criar<br />

pr oblemas a I srael e, naturalmente,<br />

contou com o apoio do governo terrorista<br />

do Hamas em Gaza, já que se tratava<br />

de uma nova forma de provocação,<br />

que ficou conhecida como: aero<br />

flotilha.<br />

Para combater isso, as autoridades<br />

israelenses empregaram centenas de<br />

policiais no e ao redor do Aer oporto<br />

I nternacional Ben Gurion com vistas à<br />

chegada dos ativistas provenientes da<br />

Europa e dos EUA, principalmente.<br />

Os organizadores da aero flotilha<br />

fracassada calculavam entre 600 (350<br />

deles franceses) e 1.200 pessoas para<br />

as manifestações, mas só menos de 70<br />

conseguiram desembarcar em Tel Aviv,<br />

sendo em seguida deportadas. Centenas<br />

foram impedidas de embarcar nos<br />

seus aeroportos de origem liquidando<br />

com a provocação.<br />

Antes de partir para a Romênia, o<br />

pr imeir o- minis tr o, Biny amin Netanyahu,<br />

manteve um encontro de coordenação<br />

no aeroporto com os serviços<br />

de s egur ança aos quais ordenou<br />

agir com determinação para impedir<br />

des or dens . " Todos os país es<br />

têm o direito de impedir a entr ada<br />

de pr ov ocador es em suas f r onteiras",<br />

diss e.<br />

A iniciativa, batizada de "Bem-vindos<br />

à Palestina", complementaria a flotilha<br />

para Gaza, tem como objetivo participar<br />

de eventos anti-israelenses tanto<br />

nos territórios palestinos, no Aeroporto<br />

Ben Gurion e no sul de Israel. Os<br />

organizadores disseram que viajaram<br />

para "mostrar que há homens e mulheres<br />

de todos os países que estão dispostos<br />

a dar seu apoio moral" à população<br />

palestina, que se encontra "sob<br />

a ocupação há muito tempo" e por cuja<br />

sorte "não parecem se interessar" os<br />

governos ocidentais.


* Breno Lerner é editor e<br />

gourmand, especializado<br />

em culinária judaica.<br />

Escreve para revistas,<br />

sites e jornais. Dá<br />

regularmente cursos e<br />

workshops. Tem três<br />

livros publicados, dois<br />

deles sobre culinária<br />

judaica.<br />

* Breno Lerner<br />

Meu médico pediu para aumentar<br />

a quantidade de peixe e diminuir a<br />

quantidade de carne de minha dieta.<br />

Os anos vão passando e o organismo<br />

começa a reclamar...<br />

Bem, tenho pesquisado umas tantas<br />

r eceitinhas para incrementar os<br />

peixes lá em casa e quero dividir estas<br />

três com vocês. A primeira, com nítida<br />

raiz sefaradi, conheci num fantástico<br />

bistrô em Recife, aliás, atualmente, um<br />

dos pólos gastronômicos do Brasil.<br />

Sarde in Saor é um clássico de Veneza,<br />

lá tendo chegando junto com os judeus<br />

portugueses em 1497 e o Latkes de<br />

Brandade é uma criação do chef Daniel<br />

Rose do Bistro Spring, em Paris, que tem<br />

se dedicado a reinterpretar antigas receitas<br />

e tradições da culinária judaica<br />

misturando-as à moder na culinária<br />

francesa.<br />

Nesta receita não só reinterpreta o<br />

velho latke como o mistura à tradição<br />

da brandade francesa. Note a semelhança<br />

com nosso também tradicional e<br />

lusitano bolinho de bacalhau.<br />

Divirtam-se e bom apetite!<br />

Peixe em<br />

crosta de<br />

c anela<br />

2 files de peixe (robalo ou atum);<br />

1 ovo batido;<br />

4 colheres de sopa de canela em pó;<br />

1 colher e sopa de casca de<br />

limão siciliano ralada;<br />

1 colher de sopa de pão ralado;<br />

Sal e pimenta do reino à gosto;<br />

2 maçãs Fuji, sem sementes,<br />

descascadas e cortadas em<br />

fatias finas (conservar em água<br />

com gotas de limão);<br />

1 colher de sopa de açúcar;<br />

1 colher de sopa de salsinha picada;<br />

2 colheres de sopa de margarina.<br />

Tempere o peixe com sal e pimenta<br />

do reino a gosto. Misture a canela, pão<br />

ralado e a casca de limão. Passe no ovo<br />

batido e empane os files na mistura,<br />

cobrindo-os por igual. Frite os peixes<br />

em azeite de oliva até o ponto desejado,<br />

coloque-os para drenar sobre papel<br />

absorvente em local aquecido. Enquanto<br />

isto derreta a margarina numa frigideira<br />

e acrescente o açúcar, deixe caramelizar.<br />

Frite as fatias de maçã no caramelo,<br />

escorra-as em papel absorvente e<br />

sirva acompanhando o peixe, polvilhando<br />

sobre elas a salsinha picada e mais<br />

uma pitadinha de canela.<br />

Sirva com arroz.<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

Saudáveis pescados<br />

Sarde in saor<br />

1 kg de sardinhas limpas e abertas;<br />

1 kg de cebolas em rodelas finas;<br />

1 xícara de vinagre de vinho branco;<br />

2 colheres de sopa de vinho branco;<br />

6 colheres de sopa de azeite;<br />

2 colheres de sopa de uvas passas;<br />

2 colheres de sopa de pinoli;<br />

Óleo para fritura;<br />

Sal e pimenta do reino a gosto.<br />

Toste levemente os pinoli e reserve.<br />

Coloque as passas em água morna<br />

com uma colher de sopa de conhaque<br />

para reidratar. Deixe por 10<br />

minutos, escoe e reserve.<br />

Enfarinhe suavemente as sardinhas<br />

e frite-as em óleo, sem deixar<br />

escurecer demais. Coloque em<br />

toalha de papel para drenar. Numa<br />

panelinha refogue as cebolas no<br />

azeite e quando começarem a<br />

murchar adicione o vinagre, o<br />

vinho, as passas e os pinoli.<br />

Cozinhe por mais 5 minutos em<br />

fogo bem baixo. Coloque as sardinhas<br />

em um refratário e cubra-as<br />

com o molho. Deixe tomar gosto<br />

por uma noite na geladeira.<br />

<strong>VJ</strong> INDICA<br />

Banzé no Oeste<br />

TÍTULO ORIGINAL: BLAZING SADDLES<br />

FILME<br />

Ficha técnica<br />

Direção: Mel Brooks<br />

Gênero: Comédia / Faroeste<br />

Origem: EUA<br />

Duração: 93 minutos<br />

Tipo: DVD colorido em inglês e espanhol e legendas em português<br />

Ano da produção: 1974<br />

Estúdio/Distribuição: Warner Bros. Pìctures / Warner Home V ideo<br />

5<br />

Latkes de brandade<br />

de bacalhau<br />

1 kg de bacalhau dessalgado (deixar<br />

de molho por uma noite trocando a água<br />

sempre que possível e depois espremer bem<br />

para retirar todo líquido);<br />

½ xícara azeite;<br />

1 xícara leite;<br />

6 ramos de tomilho;<br />

10 dentes de alho em pasta;<br />

1 kg de batatas sem casca e cortadas ao meio;<br />

1 ovo batido;<br />

2 xícaras de migalhas de pão;<br />

Sal e pimenta do reino a gosto.<br />

Cozinhe o bacalhau no azeite com leite,<br />

tomilho e o alho, em fogo muito baixo<br />

até ficar macio (+/- 15 minutos).<br />

Escorra, transforme todo bacalhau em<br />

escamas e reserve o líquido do cozimento.<br />

Separe as folhinhas de tomilho dos<br />

ramos e também reserve. Cozinhe as batatas<br />

em água salgada e transfor me-as<br />

em purê. Numa panela coloque o purê, o<br />

ovo, o bacalhau em escamas e as folhinhas<br />

de tomilho e, em fogo muito baixo,<br />

misture e cozinhe por dois minutos. Teste<br />

a consistência, se muito seco acrescente<br />

um pouco do líquido do cozimento, se<br />

muito mole, um pouco de farinha de rosca.<br />

Tempere com sal e pimenta do reino e<br />

leve à geladeira por ½ hora. Molde os latkes<br />

em discos, passe nas migalhas de pão<br />

e frite em óleo abundante e quente até<br />

dourarem ambos os lados. Es corra em<br />

papel absorvente.<br />

ELENCO<br />

Cleavon Little, Gene Wilder, Slim Pickens, David Huddleston, Liam Dunn, Alex Karras, John Hillerman,<br />

George Furth, Claude Ennis Starrett Jr., Mel Brooks, Harvey Korman, Madeline Kahn.<br />

SINOPSE<br />

Uma nova estrada de ferro vai passar pela pequena Rock Ridge, a mais afastada e monótona cidade do<br />

Velho Oeste. Com a futura valorização das terras, um inescrupuloso empresário quer expulsar os moradores<br />

e ganhar rios de dinheiro. E para isso, nada melhor do que contratar a mais selvagem, malvada<br />

e desordeira gangue de pistoleiros. Trata-se de uma das melhores críticas ao racismo e sátira aos filmes<br />

de faroeste feitas pelo gênio e diretor de origem judaica Mel Brooks. O filme é politicamente incorreto,<br />

cheio de piadas, umas grosseiras outras não, muitas relacionadas a referências étnicas, como a cena<br />

antológica de índios selvagens norte-americanos falando o iídiche. Uma das mais divertidas e alucinadas<br />

comédias já criadas. Difícil de encontrar, mas se conseguir, vale a pena.


6<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

m evento inédito aconteceu<br />

na noite de 28/6 na<br />

sede do Beit Chabad de<br />

Curitiba, numa iniciativa<br />

do Colel Centro de Estudos,<br />

dirigido pelo Rabino<br />

Mendy Labkowski: O lançamento<br />

do primeiro volume do Talmud<br />

em língua portuguesa. Cerca de<br />

uma centena de pessoas presenciaram<br />

o lançamento que também<br />

prestou homenagem à memória de<br />

três patriarcas de famílias judaicas<br />

curitibanas, todos eruditos e estu-<br />

Uma exposição com fotos e objetos pessoais dos homenageados<br />

foi montada no Beit Chabad de Curitiba<br />

Lançado em Curitiba, no Beit Chabad,<br />

o 1º volume do Talmud em português<br />

diosos do Talmud: Menachem Mendel<br />

Knop-fholz z"l, Shmil Troib z"l e<br />

Nathan Yalom z"l. Cópia de um quadro<br />

pintado por volta de 1945 mostrando<br />

os três senhores saindo da<br />

Sinagoga Francisco Frischmann e<br />

carregando seus livros do Talmud,<br />

emprestado pelos familiares, foi<br />

exposto na ocasião. Na exposição<br />

Mendel (Manoel) Knopfholz recordou o avô Menachem Mendel<br />

Knopfholz z"l<br />

Público presente lotou o salão de festas da sede do Beit Chabad<br />

de Curitiba<br />

montada também havia a famosa<br />

Edição Vilna do Talmud, que eles<br />

estudavam, além de objetos pessoais<br />

de cada, também cedidas<br />

pelos parentes dos homenageados.<br />

Quatro netos - três dos quais<br />

carregam os nomes de seus avôs<br />

em hebraico - falaram ao público,<br />

Mendel (Manoel) Knopfholz, Jaime<br />

Zlotnik, Sérgio (Shmil) Mazer e<br />

Nathan Kulisch. Todos eles fizeram<br />

depoimentos históricos recordando<br />

fatos pitorescos e eventos<br />

de suas vidas quando crianças em<br />

relação aos seus ascendentes homenageados.<br />

O diretor do Beit Chabad, Rabino<br />

Yossef Dubrawsky ressaltou<br />

a felicidade do ishuv de Curitiba<br />

ter convivido com aqueles ilustres<br />

exemplos de devoção às tradições<br />

judaicas e ao estudo intenso do<br />

Talmud. E observou que hoje, com<br />

a tradução da grandiosa obra em<br />

outras línguas como o inglês - e<br />

agora também em português - cada<br />

vez será mais fácil à nova geração<br />

estudá-lo. O Rabino lembrou a todos<br />

que o Colel do Beit Chabad já<br />

tem aulas de Talmud abertas aos<br />

jovens e adultos e para novos grupos<br />

que serão formados em breve.<br />

"Atualmente, é possível conciliar a<br />

vida profissional com o estudo da<br />

Torá e do Talmud. Não se torna mais<br />

necessário abrir mão de qualquer<br />

um em prol do outro, como nossos<br />

antepassados tinham que fazer"<br />

concluiu o Rabino Dubrawsky.<br />

Em seguida, foi a vez do Rabino<br />

Shamai Ende, que veio a Curitiba especialmente<br />

para o lançamento,<br />

Reprodução de um pintura cedida por um familiar<br />

dos homenageados, onde se vê a imagem dos três<br />

estudiosos saindo da Sinagoga e carregando<br />

debaixo dos braços o livro do Talmud<br />

como responsável pela obra em português,<br />

fazer uma palestra sobre<br />

aspectos históricos e curiosidades<br />

do Talmud, que também<br />

é conhecido tradicionalmente<br />

a Lei Oral da Torá<br />

ou Torá Oral. Contou histórias<br />

verdadeiras acerca dos<br />

grandes sábios, sobre a incrível<br />

habilidade e memória<br />

para decorar a lei por séculos<br />

e séculos até o dia em<br />

que se chegou a necessidade<br />

de registrá-la para que<br />

não se perdesse nem so-<br />

fresse distorções ao longo<br />

da história do povo judeu. O<br />

Rabino Shamai Ende, diretor<br />

Nathan Kulisch contou histórias e casos sobre seu avô,<br />

Nahtan Yalom z"l<br />

Sergio (Shmil) Mazer relatou passagens interessantes sobre seu<br />

avô Shmil Troib z"l, um dos três homenageados da noite<br />

da Yeshivá Lubavitvch, de S. Paulo<br />

explicou que "todas as ciências, todos<br />

os ramos do conhecimento humano,<br />

todas as novidades tecnológicas<br />

e da medicina já estavam<br />

previstas nas páginas do Talmud<br />

muito antes de se tornarem realidade".<br />

O Rabino Ende informou<br />

ainda que o segundo e terceiro volumes<br />

estão a caminho e que a<br />

obra toda em português, incluindo<br />

os comentários. deverá alcançar<br />

mais de 120 volumes!.<br />

A noite ainda teve sequência<br />

com a venda dos exemplares do Talmud<br />

em português e depois um farbrenguen<br />

para menos pessoas com<br />

Rabino Shamai Ende. Por mais de<br />

uma hora ouviram histórias inspiradoras<br />

do Lubavitcher Rebe, em função<br />

da data que se aproximava, marcando<br />

os 70 anos de sua chegada<br />

aos EUA. Um Sheva Brachot inesperado,<br />

brindando os noivos Jackson<br />

Guelman e Joyce Grimberg que foram<br />

prestigiar o evento, finalizou a<br />

noite com bençãos, alegria e dança.<br />

Os volumes do Talmud, nas edições originais de<br />

Vilna, e em ingês. Ao fundo o Rabino Yossef Dubrawsky<br />

Jaime Zlotinik também prestou seu depoimento sobre seu avô<br />

que foi homenageado<br />

O Rabino Shamai Ende, que coordena a tradução do Talmud,<br />

fez palestra a respeito do tema


ontando a presença<br />

do reitor da Universidade<br />

Federal do<br />

Paraná, Zaki Akel Sobrinho,<br />

do presidente<br />

da Federação Israelita<br />

do Paraná, Manoel<br />

Knopfholz, da presidente da Comunidade<br />

Israelita do Paraná, Ester<br />

Proveller, do rabino da comunidade<br />

Pablo Berman, de professores,<br />

alunos e membros da comunidade<br />

israelita, foi aberta na noite do dia<br />

22/6, no mezanino do setor de Ciências<br />

Jurídicas, no prédio Histórico<br />

da UFPR, na Praça Santos Andrade a<br />

1ª Exposição Imigração <strong>Judaica</strong> no<br />

Paraná, organizada pelo Instituto<br />

Cultural Judaico Brasileiro Bernardo<br />

Schulman com o apoio de um<br />

grupo de jovens da comunidade,<br />

entre eles Diana Axelrud, André<br />

Camlot, Marcel Heilhorn, Eliane<br />

Melnik e Vanessa, com o seu grupo<br />

folclórico.<br />

Abrindo a solenidade os presentes<br />

assistiram a uma apresentação<br />

do grupo folclórico israelita do CIP,<br />

que dançou dois números especialmente<br />

selecionados para o evento<br />

no saguão do prédio histórico. A mostra<br />

fotográfica e de objetos judaicos<br />

permaneceu no local até o dia 30/6,<br />

sendo posteriormente transferida<br />

para o hall de entrada do edifício onde<br />

ficará exposta até o final de agosto<br />

para visitação pública.<br />

O primeiro a discursar foi o presidente<br />

da Federação Israelita do<br />

Paraná, Manoel Knopfholz, que fez<br />

uma retrospectiva a respeito da<br />

imigração judaica ao Paraná, enal-<br />

tecendo a acolhida de imigrantes<br />

judeus em um Brasil ainda<br />

infante que também migrava<br />

de uma monarquia obsoleta<br />

para uma recém-nascida república<br />

repleta de esperança. Ele<br />

também reconheceu "a perfeita<br />

sinergia desta gente de hábitos<br />

seculares europeus, judeus,<br />

com a terra da recém-criada<br />

província do Paraná, já miscigenada<br />

e promissora".<br />

A seguir, fez uso da palavra,<br />

a presidente do Instituto Cultural<br />

Judaico Brasileiro Bernardo<br />

Schulman, Sara Schulman, que depois<br />

de enumerar uma série de personalidades<br />

judaicas que cursaram a<br />

UFPR e brilharam no Paraná, no Brasil<br />

e no exterior, destacou que a Universidade<br />

Federal do Paraná, é um<br />

"melting pot" de experiências, conhecimentos<br />

e cultura. E participantes<br />

dela, nós, os filhos e netos dos imi-<br />

grantes judeus, nos tornamos<br />

orgulhosos de<br />

pertencer à comunidade<br />

brasileira, que tão bem<br />

nos recebeu em seu<br />

meio. Ela permitiu que o<br />

povo judeu, através dela,<br />

pudesse florescer, finalmente,<br />

naquilo que lhe<br />

é peculiar e que cultua,<br />

com fervor: - a ciência e<br />

a cultura universal - em<br />

seus mais diferentes<br />

aspectos.<br />

Depois foi a vez do<br />

reitor Zaki Akel Sobnho falar. Ao ressaltar<br />

a importância da comunidade<br />

judaica no Paraná lembrou também<br />

que a instituição recebeu não<br />

só judeus, mas representantes de<br />

outras nações e evidenciou os fundamentos<br />

democráticos da universidade,<br />

observando que ele próprio<br />

descendente de imigrantes (árabes)<br />

pode chegar à magna direção<br />

da UFPR. Conclamou a todos para<br />

participarem dos eventos do centenário<br />

de fundação da UFPR que serão<br />

desenvolvidos a partir do próximo<br />

ano, mas que a Exposição sobre<br />

a Imigração <strong>Judaica</strong> no Paraná abria<br />

o conjunto de eventos comemorativos<br />

a essa data histórica.<br />

Na continuidade<br />

foi aberta a<br />

mostra fotográfica<br />

e a exibição dos<br />

objetos religiosos<br />

judaicos para a visitação,oportunidade<br />

em que teve<br />

lugar um coquetel<br />

e o lançamento<br />

oficial do livro de<br />

Sara Schulman "O<br />

teatro na coletividade judaica curitibana",<br />

um apanhado histórico e<br />

iconográfico cultural da comunidade<br />

desde os primórdios de sua<br />

constituição.<br />

No dia 22/6, o professor Gabriel<br />

Schulman, mestre em direito pela<br />

UFPR e professor da Universidade<br />

Positivo fez a abertura da palestra<br />

proferida pelo professor e historiador<br />

Sérgio Feldman, da Universidade<br />

Federal do Espírito Santo, "Identidade<br />

e Assimilação: a travessia do<br />

Atlântico ou o Êxodo do século XX. O<br />

dilema da identidade judaica".<br />

Numa explanação de alto nível,<br />

Feldman observou que os judeus foram<br />

discriminados através dos séculos,<br />

por motivos religiosos, sociais e<br />

econômicos. Notou que existem divergências<br />

entre historiadores com<br />

enfoques focos diferenciados. A religião<br />

foi a motivação efetiva desde<br />

o surgimento do Cristianismo e as<br />

causas principais a herança da Revelação<br />

e das Escrituras. O Islã também<br />

conflita, mas de maneira menos<br />

intensa e prolongada.<br />

Ele citou a exclusão social, as<br />

leis restritivas e marginalização dos<br />

judeus no Velho Continente, para<br />

abordar em seguida dos movimentos<br />

de integração e obtenção de cidadania,<br />

tanto internos como externos.<br />

Mencionou a Haskalá ou Iluminismo<br />

judaico que quis aproximar<br />

os judeus da sociedade cristã, sem<br />

perder a identidade coletiva e<br />

aprender as línguas dos países,<br />

atuar na sociedade laica; obter direitos<br />

de cidadania; estudar as ciências<br />

e penetrar na cultura de seus<br />

países de adoção. Enfim, ser parte<br />

da cidadania e da "nacionalidade".<br />

Feldman comentou a seguir a saída<br />

dos judeus da Europa Oriental, a<br />

atuação nos movimentos políticos<br />

que almejavam ou democratizar, ou<br />

derrubar as autocracias e o desenvolver<br />

uma vertente nacional judaica<br />

que visava recriar lar nacional judaico,<br />

na terra de Israel, o Sionismo.<br />

O professor ressaltou que no<br />

caso da maioria dos imigrantes estrangeiros<br />

italianos, espanhóis,<br />

portugueses e japoneses que aportaram<br />

no Brasil prevaleceram motivos<br />

de ordem econômicos. Novas<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

1ª Exposição da Imigração <strong>Judaica</strong><br />

na Universidade Federal do Paraná<br />

Fotos: Paulo Kulisch<br />

A partir da esquerda, o Rabino da comunidade, Pablo Berman; a<br />

presidente do ICJBS Sara Schulman; o Reitor da UFPR Zaki Akel<br />

Sobrinho: a presidente da Kehilá, Ester Proveller; e o presidente da<br />

Federação Israelita do Paraná, Manoel Knopfholz<br />

Apresentação do grupo folclórico da comunidade Israelita do Paraná<br />

Foto: Szyja Lorber<br />

Sérgio Feldman fez palestra sobre os judeus no Brasil<br />

oportunidades e ascensão social.<br />

Entre eles, a hipótese de voltar existia<br />

e é alentada. Poucas vezes ocorre,<br />

mas é uma hipótese real.<br />

Já os judeus entre as duas guerras<br />

(1920-1939) abandonaram seus<br />

locais de moradia não pretendendo<br />

voltar aos países de origem e<br />

como apátridas, pois sequer tinham<br />

a cidadania e direitos civis básicos.<br />

E comparou ainda as dificuldades<br />

dos judeus nas novas terras em relação<br />

aos demais imigrantes.<br />

Os imigrantes latinos tinham<br />

ora a língua e a religião em comum,<br />

ora pelo menos uma delas. Portugueses,<br />

espanhóis e italianos têm<br />

alguma proximidade com o ambiente<br />

cultural e linguístico. A aceitação<br />

era mais fácil e houve abertura relativa.<br />

Os alemães, poloneses e<br />

ucranianos já não tinham esta facilidade,<br />

mas são cristãos.<br />

Judeus e japoneses são agudamente<br />

diferenciados e tiveram mais dificuldades<br />

de se integrar ao ambiente,<br />

embora o tivessem conseguido.<br />

Ele ainda explicou que as ondas<br />

imigratórias judaicas foram<br />

motivadas por diversas razões, tais<br />

como: busca de novos horizontes,<br />

tanto no âmbito sócioeconômico,<br />

quanto no sóciopolítico; perseguições<br />

das autocracias/regimes totalitários<br />

da Europa Oriental, por<br />

exemplo, czarismo ou bolchevismo,<br />

ou do totalitarismo<br />

nazifascista ou ainda<br />

fascistóide na<br />

década de 1930.<br />

Especificamente<br />

no caso sionista,<br />

havia ainda que solucionar<br />

a "questão<br />

judaica" através da<br />

criação de lar Nacional/Estado<br />

judaico<br />

na terra de Israel,<br />

frisou.<br />

Sergio Feldman<br />

ainda fez uma analise<br />

profunda sobre<br />

o processo denominado "melting<br />

pot" (cadinho ou mistura cultural)<br />

que levou a uma aproximação com<br />

os valores culturais, a língua, aos<br />

conceitos de vida, pois as necessidades<br />

do cotidiano dificultaram a<br />

manutenção de hábitos como a<br />

guarda do Shabat (sábado judaico)<br />

e da Kashrut (normas dietéticas judaicas)<br />

além de outras tradições. O<br />

foco na educação religiosa como<br />

ênfase maior perdeu terrenos para<br />

os estudos universitários. Trocouse<br />

o Talmud Torá, pela universidade<br />

e pela profissionalização e inserção<br />

social. Mas ele valorizou o<br />

processo da adaptação judaica, que<br />

a despeito da evolução soube e conseguiu<br />

manter vidas suas tradições<br />

e religião.<br />

Reitor da UFPR Zaki Akel Sobrinho<br />

7


8<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

m seu discurso, Sara<br />

Schulman, presidente<br />

do Instituto Cultural Judaico<br />

Brasileiro 'Bernardo<br />

Schulman' ao homenagear<br />

a Universidade Federal<br />

do Paraná pelos 100<br />

anos de fundação, fez agradecimentos<br />

em nome da comunidade, destacou<br />

que a Universidade que tem<br />

uma história de lutas, proporcionou<br />

ao povo brasileiro<br />

uma estrutura condigna<br />

com o que<br />

havia de melhor,<br />

em termos de prover<br />

o conhecimento<br />

e a cultura universal,<br />

desde seus primórdios,<br />

que a universidade<br />

também<br />

abriu suas portas<br />

para o estudante<br />

judeu, assim como<br />

também aos jovens de todas as<br />

outras etnias.<br />

Ela relatou alguns fatos da história<br />

da comunidade judaica dentro da<br />

nossa universidade mostram a ânsia<br />

daqueles jovens filhos de imigrantes,<br />

em obter conhecimento, aliado à<br />

receptividade que os encontraram,<br />

dentro de nossa universidade, desde<br />

sua chegada ao Paraná:<br />

Conta a nossa história que a primeira<br />

família de imigrantes judeus<br />

aqui chegados foi a família Flaks.<br />

Chegaram em 1889, na época histórica<br />

logo após a promulgação da Lei<br />

Áurea, com a abolição da escravatura;<br />

e, também, o período da Proclamação<br />

da República Brasileira,<br />

em 15 de novembro de 1889.<br />

21 anos depois, em 1929, a primeira<br />

formanda da comunidade judaica,<br />

pela Universidade do Paraná,<br />

foi a jovem, que se formou médica,<br />

Josefina Flaks, filha daquele<br />

primeiro imigrante.<br />

- Um ano mais tarde, em 1930, formou-se<br />

também médico na nossa<br />

universidade, Dório Stolzemberg, filho<br />

de Julio Stolzemberg, de uma das<br />

famílias chegadas logo em seguida.<br />

- Orientados pela Dra. Falce de<br />

Macedo, que foi<br />

uma das fundado-<br />

ras do setor de<br />

Análises Clínicas da<br />

nossa Faculdade<br />

de Medicina, e também<br />

da Faculdade<br />

de Farmácia da<br />

UFPR, os médicos<br />

Fany Frischmann e<br />

Oscar Aisengart,<br />

Homenagem à UFPR pelos 100 anos<br />

fundam o Laboratório<br />

de Análises Clínicas<br />

Frischmann-<br />

Aisengart, com renome<br />

até hoje nesta área.<br />

- Em 1935, forma-se médico Moysés<br />

Goldstein Paciornik, o fundador<br />

da Maternidade e Casa de Saúde<br />

Paciornik, berço de grande parte das<br />

crianças da comunidade curitibana.<br />

"...a primeira família de<br />

imigrantes judeus aqui<br />

chegados foi a família<br />

Flaks, em 1889...quando<br />

nascia a República..."<br />

"Em algumas ocasiões,<br />

o burrico, preso à<br />

charrete, ficava parado<br />

em frente da<br />

universidade, à espera<br />

do carroceiro que<br />

estava em aula, o Dálio".<br />

Além disso, Dr. Moysés ampliou<br />

suas pesquisas também para as<br />

condições físicas e os partos das<br />

índias de nossas matas, instituindo<br />

entre nós o Parto de Cócoras, que<br />

teve aceitação no mundo acadêmico<br />

nacional e internacional.<br />

- Também o prof. Rodolfo Paciornik<br />

forma-se médico, e é o autor do<br />

primeiro "Dicionário Brasileiro de Termos<br />

Médicos", livro sempre consultado<br />

por estudantes e<br />

profissionais da<br />

Medicina, editado<br />

em Curitiba.<br />

- Na Engenharia,<br />

o Prof. Samuel<br />

Chamecki que, convidado,<br />

foi diretor<br />

da área de Ciência<br />

e Tecnologia da<br />

UNESCO, na França,<br />

trabalhando lá durante<br />

18 anos. Como hobby, Chamecki<br />

desenvolveu o precursor do vídeogame,<br />

tendo até recebido um<br />

Oscar de Ouro pelo trabalho.<br />

- Também da área da Engenharia,<br />

Germano Paciornik, foi o fundador<br />

do sistema de Informática do<br />

Estado do Paraná, a Celepar.<br />

- Pela Faculdade de Direito,<br />

destaca-se Dálio Zippin, do qual se<br />

contam fatos pitorescos, que retratam<br />

muito bem as dificuldades dos<br />

imigrantes recém-chegados ao Paraná:<br />

Já matriculado na universidade,<br />

Dálio era obrigado, às vezes, a<br />

faltar às aulas, porque devia fazer<br />

entrega dos colchões fabricados e<br />

vendidos por sua mãe; a entrega<br />

era feita na charrete da família,<br />

puxada por um burrico.<br />

Em algumas ocasiões, o burrico,<br />

preso à charrete, ficava parado em<br />

frente da universidade, à espera do<br />

carroceiro que estava em aula, o Dálio.<br />

Conforme se dizia entre seus colegas,<br />

o burrico também estava na<br />

universidade, porque ficava estacionado<br />

em frente da primeira sede da<br />

Universidade do Paraná, na Rua Comendador<br />

Araújo, aguardando o carroceiro<br />

retornar da aula.<br />

Sara Schulman<br />

citou ainda nomes<br />

como: Felipe Ler-<br />

ner - clínico geral,<br />

atuante na Santa<br />

Casa de Misericórdia<br />

e professor da<br />

Faculdade de Medicina<br />

da Universidade<br />

do Paraná;<br />

Hermes Paciornik<br />

- Médico e professor<br />

da Faculdade<br />

de Medicina, especialista<br />

em Gastroenterologia;<br />

Dr.<br />

José Weniger, professor da Universidade<br />

Federal e médico pediatra<br />

de toda uma geração de cidadãos<br />

curitibanos, que se tornaram atuantes<br />

nos meios de nosso Estado, entre<br />

muitos outros.<br />

Em seguida, lembrou<br />

que, depois deles, a partir<br />

de seus filhos, vemos seus<br />

netos a frequentar a nossa<br />

Universidade Federal, numa<br />

feliz troca de conhecimento<br />

e cultura, fundidos<br />

numa amálgama de vivências<br />

históricas, de hábitos,<br />

religiões, tradições. Aqui,<br />

os filhos dos primeiros<br />

imigrantes puderam, desde<br />

seus primórdios, usufruir<br />

da sabedoria resultante<br />

dessa fusão: - fusão<br />

da cultura brasileira com a<br />

daqueles que imigraram de<br />

longínquos países do outro<br />

lado do oceano.<br />

É inegável e perfeitamente<br />

compreensível que através<br />

da universalidade dos conhecimentos<br />

que foram sendo adquiridos,<br />

dentro da universidade, é que os<br />

descendentes dos imigrantes, também<br />

aprenderam a avaliar e valorizar<br />

a sua própria tradição e fé, assim<br />

como, ao mesmo tempo, aprenderam<br />

a valorizar a cultura do povo<br />

brasileiro.<br />

Pois, a Universidade Federal do<br />

Paraná, é um "melting pot" de experiências,<br />

conhecimentos e cultura.<br />

E participantes dela, nós, os filhos<br />

e netos dos imigrantes judeus, nos<br />

tornamos orgulhosos de pertencer<br />

à comunidade brasileira, que tão<br />

bem nos recebeu em seu meio. Ela<br />

<strong>VJ</strong> INDICA<br />

Uma Letra da Torá<br />

Rabino Jonathan Sacks - Editora Sêfer<br />

A presidente do Instituto Cultural Judaico Brasileiro<br />

"Bernardo Schulman", Sara Schulman, discursa no evento<br />

permitiu que o povo judeu, através<br />

dela, pudesse florescer, finalmente,<br />

naquilo que lhe é peculiar e que<br />

cultua, com fervor: a ciência e a cultura<br />

universal em seus mais diferentes<br />

aspectos.<br />

Durante seu discurso, Sara<br />

Schulman, em nome do Instituto<br />

que preside homenageou o reitor<br />

Zaki Akel Sobrinho, por seu trabalho,<br />

também, de integração com a<br />

comunidade científica internacional,<br />

através de intercâmbio com estudantes<br />

e cientistas da UFPR e as<br />

universidades de países da América<br />

Latina, da Europa e do Oriente<br />

Médio, como Israel, entregando-lhe<br />

uma placa de recordação.<br />

LIVRO<br />

Prefácio do Autor<br />

Hoje, em toda a Diáspora, um em cada dois<br />

judeus casa-se fora da religião, ou simplesmente<br />

não se casa, ou toma a decisão de não formar um<br />

lar judaico, ter filhos judeus e dar continuidade<br />

à história judaica.<br />

Em momentos assim, raros na nossa história,<br />

nos deparamos com a pergunta: Quem sou<br />

eu e por que devo permanecer judeu? É uma<br />

pergunta que nunca pode ser respondida abstratamente.<br />

Ela é profundamente pessoal e<br />

pede uma resposta pessoal.<br />

Este livro é a minha resposta pessoal. Nenhum de nós pode responder<br />

em nome de outra pessoa. Mas, às vezes, saber o que outros pensavam<br />

sobre o assunto ajuda, e por isso decidi publicar o livro como uma carta aberta<br />

à próxima geração.<br />

Escrevê-lo acabou por tornar-se uma jornada de descobrimento. Todas as<br />

vezes que perguntei não "O Quê?", mas "Por quê?", encontrei o judaísmo a revelar-se<br />

aos meus olhos de uma forma que jamais vira. Por esta razão, no coração<br />

da história que tenho para contar está a minha própria teologia do judaísmo,<br />

algo que eu nunca havia escrito antes.<br />

Quanto mais eu me aprofundava no mistério que envolve a sobrevivência do<br />

judaísmo, mais nitidamente percebia a originalidade, a precisão, a pura sanidade<br />

de sua visão do mundo e da humanidade, e de como ela é pouco compreendida por<br />

nós mesmos e por outros, mesmo hoje em dia. Precisamos voltar aos nossos textos.<br />

A crise é criativa. Ao contrário do que acontece em períodos mais calmos, ela permite-nos<br />

encontrar uma antiga herança de uma nova maneira.<br />

Ofereci o primeiro exemplar deste livro ao nosso filho Joshua e à nossa nora<br />

Eve no dia do seu casamento. É o meu presente a eles. É também um tributo ao<br />

meu pai, de abençoada memória, e ao que aprendi com ele. Este é o meu Yizcor,<br />

a prece que faço em sua memória. Porque quando os judeus se lembram, eles o<br />

fazem em nome do futuro, o lugar onde, se formos fiéis, o passado nunca morre.<br />

Rosh Chodesh Elul, 5760


Os rabinos deram<br />

boas-vindas<br />

ao advento da escrita?<br />

Uma da s<br />

únic as c oisa s<br />

sobre a tra diçã<br />

o juda ic a é<br />

que o valor da<br />

rec orda çã o fo i<br />

mantido mesmo<br />

muito tempo<br />

depois que<br />

fo i po ssível e sc<br />

rever as c oisas.<br />

Ainda tínhamos<br />

e ssa<br />

Joshua Foer<br />

noç ão de que<br />

era melhor ter a tradição oral viva<br />

na memória , ao invés de e m pe rga<br />

minhos o u pa piro s.<br />

Houve algumas pessoas que se afligiram<br />

com o fato de que a escrita pode<br />

interferir com a memória?<br />

Só cra tes estava preoc upa do<br />

co m o pa pel que a escrita teria<br />

sobre a memória das pessoas e as<br />

capacidades cognitivas. Ele pensava<br />

que quando a s pessoas começassem<br />

a pegar a s memó rias e as<br />

ideia s de suas mentes e as coloca<br />

ssem nos papiros, e les se to rnariam<br />

esquecidos e toda a cultura<br />

seria liderada po r e ssa traiç oeira<br />

rampa esc orrega dia que não<br />

terminaria num bom lugar. Felizmente,<br />

algué m teve o bom senso<br />

de escrever esta frase: muito obrigado<br />

, Platão. Caso contrário, não<br />

tería mos ne nhum c onhecimento<br />

dela. Ma s o pensamento de que<br />

as ideias têm que vive r na mente<br />

humana para te r a verdadeira riqueza,<br />

e às vezes mudar e evoluir,<br />

eu suponho que seja uma espé cie<br />

de ideia judaic a.<br />

Há pesquisa científica que apoie<br />

esta ideia judaica?<br />

No nível neurológico, o ato de<br />

lembra r envolve nova a tualiza -<br />

ç ão . C a da ve z que rec o rda mo s<br />

uma memó ria , e sta mo s ativa -<br />

mente reenga jando e ssa me mó -<br />

ria ao nível do neurônio e contextua<br />

liza ndo -a no va me nte se mpre<br />

bem rá pido à luz do que so mo s<br />

no presente .<br />

Você menciona em seu livro que os<br />

rolos na verdade foram feitos com a<br />

intenção de servir como uma memória<br />

rápida. Como assim?<br />

A ma ioria dos textos eram, na<br />

realidade, lidos em voz alta, até<br />

bem dentro da Idade Média. Você<br />

tinha que estar f amilia rizado com<br />

o texto a fim de lê-lo porque os rolos<br />

- tais como a Torá - não são fáceis<br />

de ler. Não é como ter números<br />

de página ou número s de coluna.<br />

Você tem que saber a história, a fim<br />

de encontrar o local que você estará<br />

lendo nele.<br />

Os pergaminhos<br />

ainda<br />

são lidos assim<br />

ho je em<br />

dia?<br />

Um dos<br />

últimos lugares<br />

onde esse<br />

tipo de leitura<br />

sobre vive<br />

é no canto<br />

da leitura da<br />

Torá, todos<br />

os sá bados<br />

nas sinagogas<br />

de todo o<br />

mundo. E eu<br />

suspeito que<br />

da mesma forma somos as últimas<br />

pessoas na face da terra que ainda<br />

leem de pergaminhos, nós seremos<br />

as últimas pessoas na terra que<br />

ainda leem livros impressos. Até<br />

que inventem um amigável Kindle 1<br />

de Shabat, judeus observantes estarão<br />

pre sos à leitura do antiquado<br />

pa pel.<br />

Qual é a técnica de memória judaica<br />

mais importante?<br />

O ritua l é e spec ific ame nte<br />

concebido para no s fazer vo ltar a<br />

e nvolve r- se c om memória s co le -<br />

tivas judaicas. Durante Sucot, não<br />

só lembra mos o que signif ico u<br />

para nossos a ncestrais vagar pelo<br />

de se rto , ma s c omo e xperime ntaram<br />

a fa lta de moradia, o u dormiram<br />

sob a s e stre la s; nó s re almente<br />

f azemos isso. Construímos<br />

essa s ca ba na s frá ge is e m no ssos<br />

quintais e outra ve z atua liza mo s<br />

essa memória. O Sêder é o ato por<br />

excelê ncia de rec ordação judaica.<br />

Nó s to dos no s re unimos e sentamo<br />

s em to rno de uma mesa pa ra<br />

re cordarmo s, c oletivamente , este<br />

e ve nto que a c onte c eu há milha -<br />

res de a no s atrá s. Funda me ntalmente,<br />

somos ordenados a voltar<br />

a nos envolver com esta memória<br />

no c onte xto atua l do que somos<br />

hoje . N ós nã o a pena s c ome mo s<br />

matzot, so mo s o rde na do s a te r<br />

uma co nversa sobre o que significa<br />

comer matzot. Não apenas dizemos:<br />

"Este é o pã o da nossa a fliçã<br />

o", nó s re almente inf ligimo s<br />

nossos intestino s po r o ito dias.<br />

Daye nu! Daye nu! (N o s ba sta ria !<br />

N os ba staria! ). I sso é um tipo<br />

muito juda ico de recordaçã o.<br />

Então o Sêder usa mnemônicos, os<br />

dispositivos de lembrança que você trata<br />

em seu livro?<br />

O Sêder em si é uma espé cie<br />

de mnemônica. E é ca rregado dele<br />

s, co me ça ndo c om a se quê nc ia<br />

do Sê de r, em que c antamos pa ra<br />

que possa mo s no s le mbra r de le .<br />

O prato do Sêder está cheio de símbolos<br />

que são dif íc eis de e sque -<br />

ce r: O o sso da pa ta diante ira de<br />

ave ou de cordeiro, o ovo , o cha-<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

Judeus e Memória: Como o judaísmo perpetua<br />

a memória e ativa as nossas redes neurais<br />

* Nadine Epstein entrevista<br />

Joshua Foer<br />

a era do s iPads,<br />

Blackberries e Google,<br />

uma gama enorme<br />

de tec nologias<br />

no s permite f acilme<br />

nte organizar e<br />

ac essar inf ormaçõ es<br />

de mo do que não precisamos<br />

mais de pender ex clusivamente de<br />

memória. Mas esse não foi sempre<br />

o ca so. O fasc ínio de J oshua<br />

Foer co m as técnicas que as pesso<br />

as utilizam para reter grandes<br />

quantida des de informaçã o levouo<br />

a entrar e ganhar o Campeonato<br />

de Memória nos EUA em 2006, e a<br />

documentar a experiênc ia em seu<br />

livro recenteme nte public ado Moonwalking<br />

with Einstein: The Art and<br />

Science of Remembering Everything<br />

[Anda ndo na Lua c om Einstein: A<br />

Arte e a Ciência de Lembrar Tudo,<br />

em livre tradução] . A edito ra da<br />

revista Moment, Nadine Epstein,<br />

conversou com Foer para discutir a<br />

relaç ão histórica entre judeus e<br />

memória, e o pape l que a memória<br />

dese mpe nha na formaç ão da<br />

menta lidade judaic a.<br />

Os judeus são conhecidos como o<br />

"Povo do Livro". Antes dos escribas começarem<br />

a escrever palavras em pergaminhos,<br />

nós éramos o "Povo de Memória"?<br />

Muito mais do que ser o "Povo<br />

do L ivro " co ntinua mo s a ser o<br />

"Povo de Memória". A palavra hebra<br />

ic a pa ra ref erir-se a lembra r<br />

está na To rá 169 vezes. Há um livro<br />

ex trao rdinário chamado<br />

"Zakhor", esc rito por Yosef Hayim<br />

Yerushalmi, no qual ele argumenta<br />

que somos o único povo na terra<br />

que elevou o ato da recordação<br />

de um imperativo religioso. Somos<br />

ordenados consta ntemente a lembra<br />

r disso, lembre- se que, não se<br />

esqueç a disso, não se esqueç a<br />

daquilo .. .<br />

Como lembrávamos antes que a<br />

alfabetização se tornasse generalizada?<br />

A me mó ria era a ltamente valorizada<br />

em todas as culturas antes<br />

que ex istisse a a lfa betizaçã o.<br />

O s jude us tinham to da uma tra -<br />

diç ã o o ral que e ra tra nsmitida<br />

atra vé s da memória . Na rea lida -<br />

de, por um longo tempo, era proibido<br />

a nota r a s leis ora is. Ha via<br />

mesmo indivíduo s que tinha m a<br />

respo nsa bilida de da rec o rdaç ão .<br />

R abino s de via m c onsultá- los e<br />

dizer: "Ajude -me, está me f alta ndo<br />

esse pedaç o de um tex to " ou<br />

"o que a lgué m disse certa vez?"<br />

E sses indivíduo s tinham que c irc<br />

ula r de ac a de mia em a c ademia<br />

apenas para te r a certeza de que<br />

todo mundo tinha os mesmos textos<br />

em mente.<br />

rosset 2 , cada um existe para chamar<br />

a atenção pa ra outra coisa.<br />

Há mnemônicos nos textos judaicos?<br />

O Talmud está repleto de técnicas<br />

para rec ordação . Eles podem<br />

ser acrósticos - a primeira letra de<br />

coisas diferentes que você deveria<br />

se lembra r - ou palavras para inspirar<br />

ima gens mentais. Co isas que<br />

você pode visualiza r são se mpre<br />

mais fáceis de lembrar do que meras<br />

palavras.<br />

E que tal cantar?<br />

Qualquer um que já fez seu bar<br />

mitzvá o u se levanto u pa ra ler a<br />

Torá pode-lhe dizer, o fato de que<br />

você estar cantando torna mais fác<br />

il o a to de lembrar. I sso é e m<br />

parte po rque a música é uma das<br />

me lhores f orma s de e strutura r a<br />

inf o rma ç ão pa ra torná- la inesque<br />

c ível. E la fo rnec e ma is gancho<br />

s. Qua ndo vo cê sabe que uma<br />

linha e stá subindo e desce ndo ,<br />

voc ê po de rea lme nte se ntir que<br />

isso o ajuda e sinaliza o texto que<br />

vem a seguir. Qua se todas as tradições<br />

orais em todo o mundo têm<br />

usado a música como um e lemento<br />

para tornar as c oisa s re cordáveis.<br />

Falemos um pouco sobre a relação<br />

entre inteligência e memória, à qual<br />

você se refere em seu livro.<br />

Há sá bios que se lembram de<br />

uma tonelada de coisas, mas não<br />

co nseguem processá- las, da me sma<br />

forma como existem velhos professores<br />

que não conseguem lembrar<br />

uma c oisa, mas, o bviame nte,<br />

sã o muito intelige nte s. I sso quer<br />

dizer que o que chamamos de inteligência<br />

- a capacidade de colocar<br />

duas ideias juntas, pa ra estruturar<br />

informação de uma forma significativa<br />

e organizar pensamentos<br />

- é realmente relaciona da com a<br />

le mbrança . N ossas memória s são<br />

como uma espécie de teia de aranha,<br />

e quanto mais a teia de aranha<br />

cresce, mais ela pode apanhar,<br />

e quanto mais ela pode pegar, mais<br />

ela cresce. Memória e inteligência<br />

andam de mão s dada s como um<br />

sistema muscular e uma disposição<br />

atlética.<br />

Você fala sobre memórias palácios<br />

- estruturas para pendurar nossas memórias<br />

para que possamos recuperálas<br />

facilmente. O pensamento judaico<br />

é uma vasta estrutura, semelhante a<br />

um palácio de super memória?<br />

De certa forma. Educação judaica<br />

forne ce um conjunto de ide ias<br />

funda mentais e se nsibilidades<br />

co m a qua l se mo ve através do<br />

mundo. É um tipo de estrutura que<br />

molda no ssas perc epçõe s e c omo<br />

pe nsa mo s so bre as co isas. Ela<br />

aponta ao que presta r atençã o, o<br />

que lembrarmos, e que tipo de<br />

pe sso a somo s.<br />

9<br />

* Nadine Epstein é<br />

editora da revista<br />

Moment<br />

C o n ti n ua n a<br />

p ró xi ma p ág in a


10<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

Continuação da página anterior<br />

Poderíamos olhar para o judaísmo<br />

como uma espécie de sistema de memória<br />

gigante?<br />

Como judeus temos ritualizado<br />

do ato de recordar para recordar.<br />

Não só colocamos o Shemá 3 ,<br />

como nossa frase mais sagrada,<br />

na mezuzá 4 dos umbrais de nossas<br />

portas e nos tefilin 5 em nossos<br />

braços. Nós também colocamos em<br />

outro parágrafo, o V'ahavta, que diz,<br />

lembre-se de colocar estas palavras<br />

no umbral de sua porta, lembre-se<br />

de colocá-las em seu tefilin.<br />

As instruções sobre a forma de se<br />

lembrar são tão sagradas que temos<br />

inextricavelmente correlacioná-las<br />

com a linha que supomos<br />

deve ser lembrada.<br />

Existe uma memória judaica coletiva?<br />

Há memórias judaicas coletivas.<br />

Estamos todos ligados a mesma narrativa<br />

básica e, como judeus - não<br />

importa em que espectro você se encontra<br />

- estamos todos envolvidos em<br />

sua transmissão. Mas, obviamente,<br />

s esforços do movimento<br />

nacionalista Al<br />

Fatah e do fundamentalista<br />

islâmico Hamas<br />

para obter na prática a<br />

reconciliação palestina<br />

anunciada como firmada<br />

em maio toparam com seu primeiro<br />

obstáculo importante: o futuro<br />

político do primeiro-ministro, Salam<br />

Fayyad.<br />

Esse futuro se dirime entre a exigência<br />

do Al Fatah para que Fayyad<br />

continue sendo primeiro-ministro e<br />

a férrea oposição do Hamas para<br />

que continue no cargo.<br />

O presidente palestino e líder do<br />

Al Fatah, Mahmud Abbas, designou<br />

o atual chefe do governo como seu<br />

candidato a liderar o próximo executivo<br />

de unidade.<br />

A resposta do Hamas não se fez<br />

esperar e não só rejeitou de plano<br />

a proposta como, além disso, assegurou<br />

que não aceitará Fayyad<br />

nem sequer como ministro no futuro<br />

gabinete.<br />

O desacordo frontal, que transpirou<br />

rapidamente, é um jato de<br />

água fria para a ingente tarefa de<br />

resolver as diferenças que mantêm<br />

os dois principais movimentos palestinos<br />

há quatro anos.<br />

Após as declarações de um e<br />

outro lado, parece complicado, pois<br />

nenhum dos dois quer reconsiderar<br />

sua atitude sem ficar mal ante<br />

seus seguidores.<br />

Os nacionalistas do Al Fatah,<br />

satisfeitos com o trabalho de<br />

Fayyad, a aceitação que goza entre<br />

todos nós filtramos a narrativa do<br />

nosso próprio modo. Todo o empreendimento<br />

judaico é, no sentido mais<br />

redutor, um grande ato de manter um<br />

conjunto de memórias coletivas.<br />

Existe uma relação entre a memória<br />

judaica e a criatividade?<br />

Tendemos a pensar sobre a memória<br />

como se fosse um cofre do qual<br />

tiramos ou guardamos coisas, mas<br />

esse não é o modo que a memória<br />

realmente funciona em nossas vidas.<br />

As memórias estão sempre lá, e eles<br />

estão constantemente tomando a<br />

forma como percebemos o mundo.<br />

Isso faz parte do gênio da memória<br />

judaica: Nosso presente está constantemente<br />

sendo informado por<br />

este conjunto de memórias coletivas<br />

que possuímos como judeus. Estamos<br />

sempre supondo que deveríamos<br />

fazer algo novo com eles.<br />

Judeus nascem com melhor memória<br />

do que outras pessoas?<br />

Não acho que os judeus têm<br />

memória geneticamente melhor do<br />

que qualquer outra pessoa, mas é<br />

evidente que algo acontece na tradição<br />

judaica que torna o ato de<br />

lembrar tão importante para nós. É<br />

algo instilado em nós a partir de<br />

uma idade muito precoce.<br />

Uma bela história cabalística diz<br />

que antes de nascermos possuímos<br />

memória completa, total compreensão<br />

e conhecimento do mundo, e<br />

uma vez que nascemos isso tudo<br />

desaparece. Pensa que há algo sobre<br />

isto?<br />

Não, até você mencionar isso,<br />

mas é uma bela ideia. A noção é de<br />

que o nosso trabalho como indivíduos<br />

e como judeus, é reunir os pedaços<br />

da criação e fazer retornar o<br />

mundo à integridade. Também é verdadeiro<br />

em nossas memórias, que<br />

entramos no mundo totalmente ingênuos,<br />

e parte da nossa obrigação<br />

como judeus e como seres humanos<br />

é construir nossas mentes e reunir<br />

os fragmentos de memória.<br />

Hamas rejeita Fayyad para o<br />

posto de primeiro-ministro<br />

as potências ocidentais e seus avanços<br />

na construção de infraestruturas<br />

para o futuro Estado palestino,<br />

não parecem dispostos a dar seu<br />

braço a torcer.<br />

Consideram, além do mais, que<br />

seu bom nome garante que o novo<br />

governo com participação islamista<br />

não sofrerá isolamento da comunidade<br />

internacional.<br />

"Fayyad tem muitas possibilidades<br />

porque o Hamas não está em posição<br />

de impor muitas condições",<br />

disse uma fonte da Organização<br />

para a Libertação da Palestina (OLP,<br />

cujo núcleo é o Al Fatah), que pediu<br />

para não ser identificada.<br />

Os islamistas, precisou, "não<br />

têm agora uma posição de força<br />

para impor seu candidato, porque<br />

seu principal apoio (alusão à Síria)<br />

está sumido numa grande crise e<br />

qualquer benefício que possa obter<br />

para Gaza passa por colaborar<br />

com o Al-Fatah".<br />

Entretanto, o Hamas colocou-se<br />

numa posição inflexível: "Não aceitaremos<br />

Salam Fayyad, que preside<br />

um governo ilegal em Ramala, como<br />

primeiro-ministro do executivo tecnocrata.<br />

Não o aceitaremos nem<br />

mesmo como ministro", declarou em<br />

um comunicado o dirigente do Hamas,<br />

Salah Al Bardawil.<br />

Para ele, "o nome de Fayyad está<br />

ligado à prisão e tortura de líderes do<br />

Hamas e à acumulação de dívidas".<br />

Mushier Al Masri, outro alto<br />

cargo islamista, declarou: "Não há<br />

nenhuma possibilidade de aceitarmos<br />

a candidatura de Fayyad, por-<br />

que é uma pessoa indesejável para<br />

o povo palestino e uma ferramenta<br />

em mãos estrangeiras".<br />

"Para o Hamas, Fayyad é pouco<br />

mais que um instrumento dos EUA",<br />

explica Samih Hmoudeh, professor<br />

de Ciência Política da Universidade<br />

de Birzeit (Ramala).<br />

Mesmo que o Hamas não tenha<br />

proposto oficialmente ainda nenhum<br />

candidato, se consideram vários nomes<br />

de simpatizantes com o grupo.<br />

Um é Mahnun Abu Sahla, empresário<br />

e político independente de<br />

Gaza, e outro Kamalin Shaat, presidente<br />

da Universidade Islâmica.<br />

Outro possível candidato é Jamal<br />

al Judare, deputado próximo<br />

aos islamistas, que obteve em uma<br />

pesquisa recente o apoio de 12,3<br />

por cento da população, frente aos<br />

44,4 por cento que se mostrou a<br />

favor de Fayyad.<br />

Mazen Sunukrut, empresário e<br />

ex-ministro de Economia obteve na<br />

sondagem o apoio de 5,3 por cento<br />

dos pesquisados.<br />

Em declarações em Gaza, Ahmed<br />

Yusuf, antigo assessor do ex-primeiro-ministro<br />

palestino do governo<br />

que o Hamas manteve na Faixa desde<br />

junho de 2007 e até maio passado,<br />

Ismail Haniye, disse que "temos<br />

que continuar discutindo os prós e<br />

contras de Fayyad. Recentemente,<br />

os dois partidos se reuniram no<br />

Cairo para debater o acordo de um<br />

candidato de consenso".<br />

O professor Hmoudeh considera<br />

que "é o momento de ver se o Al-<br />

Fatah é sério em sua intenção de<br />

Notas:<br />

1. Kindle, do verbo kindle - acender, iluminar.<br />

Mas o autor se refere ao hardware e software, que se<br />

parece com um iPad, um aparelho eletrônico dotado<br />

de uma tela com fundo iluminado onde se pode ler<br />

um livro. Assim como existe um elevador de Shabat,<br />

no qual não é preciso apertar botões elétricos ele<br />

imagina, no futuro, um tipo Kindle para o Shabat.<br />

2. Charosset (hebraico) ou Charosses (iídiche)<br />

- É uma espécie de massa adocicada feita<br />

com purê maçã ou outra fruta fresca ou seca e vinho<br />

que faz parte da ceia de Pêssach, o Sêder, o<br />

que o torna favorito entre as crianças. Simboliza o<br />

barro com o qual os escravos israelitas construíam<br />

a cidades egípcias.<br />

3. Shemá, ou a prece do Shemá é uma das<br />

rezas mais conhecidas no Judaísmo. Shemá Yisrael,<br />

em hebraico "Ouça Israel" são as duas primeiras<br />

palavras da seção da Torá que constitui a profissão<br />

de fé central do monoteísmo.<br />

4. Mezuzá (hebraico) - Símbolo religioso judaico<br />

que consiste em dois parágrafos de uma oração,<br />

colocados num estojo de metal, madeira ou vidro,<br />

pregado nos umbrais das portas, à direita.<br />

5. Tefilin (hebraico) - Proveniente da palavra<br />

tefilá, que significa "prece" é o nome dado às duas<br />

caixinhas de couro, cada qual presa a uma tira de<br />

couro de animal kasher, dentro das quais está contido<br />

um pergaminho com os quatro trechos da Torá<br />

em que se baseia o uso dos filactérios.<br />

Salam Fayyad<br />

reconciliar-se com o Hamas ou<br />

não" e adverte que o movimento<br />

nacionalista teria que escolher entre<br />

seguir adiante com a unidade<br />

ou buscar outro candidato.<br />

O especialista, no entanto, não<br />

vê fácil a ruptura do pacto para nenhuma<br />

das duas partes, porque os<br />

palestinos no tolerarão que volte a<br />

divisão e porque há terceiras partes<br />

envolvidas no acordo, como o Egito,<br />

que não permitirá que fracasse.<br />

Fontes diplomáticas europeias<br />

em Jerusalém assinalaram que ambos<br />

os grupos podem estar tratando<br />

de ganhar tempo, dilatando o estabelecimento<br />

do governo de unidade<br />

porque a situação atual, com<br />

um executivo transitório que goza<br />

da aprovação do Ocidente, pode favorecer<br />

os dois até setembro.<br />

Com o "acordo de unidade" de<br />

maio, asseguram, Abbas pode apresentar-se<br />

à ONU como representante<br />

de todo seu povo quando pedir a<br />

admissão da Palestina como membro<br />

de pleno direito, esteja ou não<br />

formado o governo da Palestina.


VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

Não é roubando a Palestina, é comprando Israel<br />

Daniel Pipes *<br />

s sionistas roubaram<br />

terras palestinas: é<br />

esse o mantra que<br />

tanto a Autoridade Palestina<br />

quanto o Hamas<br />

ensinam aos seus filhos<br />

e disseminam na mídia. Essa alegação<br />

tem uma importância enorme,<br />

conforme explica o Palestinian<br />

Media Watch: "Apresentar a criação<br />

do estado [israelense] como um ato<br />

de ladroagem e a continuação de<br />

sua existência como uma injustiça<br />

histórica serve como base da AP<br />

para o não reconhecimento do direito<br />

de Israel existir". A acusação<br />

de roubo também corrói a posição<br />

de Israel internacionalmente.<br />

Imaginário palestino: Um tubarão como<br />

Estrela de Davi devora a Palestina<br />

Contudo, essa acusação é verdadeira?<br />

Não, não é. Ironicamente, a criação<br />

de Israel representa uma das<br />

mais pacíficas migrações e criações<br />

de um Estado na história. Para entender<br />

porque, requer considerar o<br />

sionismo no contexto. Colocado de<br />

maneira simples, conquista é a<br />

norma histórica, em todos os lugares<br />

governos foram estabelecidos<br />

por meio de invasões, praticamente<br />

todos os estados se formaram<br />

às custas de alguém. Ninguém fica<br />

permanentemente no comando, as<br />

raízes de todo e qualquer indivíduo<br />

se originam em algum outro lugar.<br />

Tribos germânicas, hordas da<br />

Ásia Central, czares russos e conquistadores<br />

espanhóis e portugueses<br />

redesenharam o mapa. Os gregos<br />

modernos têm apenas uma conexão<br />

tênue com os gregos da antiguidade.<br />

Quem é capaz de enumerar<br />

quantas vezes<br />

a Bélgica foi invadida?<br />

Os Estados<br />

Unidos foram criados<br />

com a derrota<br />

dos americanos<br />

nativos. Reis saquearam<br />

a África,<br />

os arianos invadiram<br />

a Índia. No<br />

Japão, os falantes<br />

do idioma Yamato<br />

eliminaram praticamente<br />

a todos,<br />

menos alguns minúsculos<br />

grupos como o Ainu.<br />

O Oriente Médio, devido a sua<br />

centralidade e posição geográfica,<br />

viu a sua cota de invasões passar<br />

da conta, incluindo os gregos, romanos,<br />

árabes, cruzados, seljúcidas, timúridas<br />

e europeus modernos. Na<br />

região, ressentimento e tormento<br />

dinástico fizeram com que o mesmo<br />

território - o Egito, por exemplo - fosse<br />

conquistado e reconquistado.<br />

A terra que constitui o Estado de<br />

Israel de hoje, não é exceção. Em<br />

Jerusalem Besieged: From Ancient Canaan<br />

to Modern Israel, Eric H. Cline<br />

escreve sobre Jerusalém: "Por nenhuma<br />

outra cidade se combateu<br />

de maneira tão implacável através<br />

de sua história". Ele fundamenta a<br />

alegação enumerando "pelo menos<br />

118 conflitos distintos, em e por Jerusalém<br />

durante os últimos quatro<br />

milênios". Ele calcula que Jerusalém<br />

foi destruída por completo ao<br />

menos duas vezes, sitiada 23 vezes,<br />

capturada 44 vezes e atacada 52<br />

vezes. A AP fantasia que os palestinos<br />

de hoje são descendentes de<br />

uma tribo do antigo Canaã, os jebu-<br />

Muitas guerras por Jerusalém: O imperador<br />

Tito celebra a sua vitória sobre os judeus<br />

em 70 d.C. com um arco mostrando<br />

soldados romanos retirando uma menorá<br />

do Templo do Monte<br />

sitas; de fato, mas a maioria esmagadora<br />

é descendente de invasores<br />

e imigrantes a procura de oportunidades<br />

econômicas.<br />

Contra esse quadro de conquistas,<br />

violência e golpes incessantes,<br />

o empenho sionista<br />

em construir<br />

uma presença<br />

na Terra Santa<br />

até 1948 se destaca<br />

como espantosamentemoderada,<br />

mais<br />

mercantil do que<br />

militar. Dois gran-<br />

des impérios, o<br />

otomano e o britânicogovernaram<br />

Eretz Yisrael;<br />

contrastando, os<br />

sionistas careciam de poder militar.<br />

Eles não poderiam alcançar a soberania<br />

por meio da conquista.<br />

Como alternativa, compravam terras.<br />

Adquirir propriedade quilômetro<br />

quadrado por quilômetro quadrado,<br />

fazenda por fazenda, casa por<br />

casa, estava no coração do espírito<br />

empreendedor sionista até 1948. O<br />

Fundo Nacional Judaico, fundado<br />

em 1901 com o objetivo de comprar<br />

terras na Palestina "para ajudar na<br />

formação de uma nova comunidade<br />

de judeus livres comprometidos com<br />

atividades produtivas e pacíficas",<br />

foi a instituição chave - e não a Haganá,<br />

a organização de defesa clandestina<br />

fundada em 1920.<br />

Os sionistas também se concentraram<br />

na reabilitação do árido e<br />

do considerado imprestável. Eles<br />

não só fizeram o deserto florescer<br />

como também drenaram os pântanos,<br />

limparam os canais de água,<br />

recuperaram terras devolutas, reflorestaram<br />

colinas despojadas, removeram<br />

rochas e retiraram sal do<br />

solo. O trabalho de recuperação e<br />

saneamento judaico reduziu radicalmente<br />

o número de mortes relacionadas<br />

a doenças.<br />

Somente quando a potência mandatária<br />

britânica desistiu da Palestina<br />

em 1948, imediatamente seguida<br />

pelo ataque dos países árabes usando<br />

todos os recursos e meios disponíveis<br />

para esmagar e expulsar os sionistas,<br />

que eles tiraram a espada da<br />

bainha em legítima defesa e passaram<br />

a adquirir terras através da conquista<br />

militar. Mesmo então, segundo<br />

demonstra o historiador Efraim<br />

Karsh em Palestine Betrayed, a maioria<br />

dos árabes fugiu de suas terras, sendo<br />

que um número extremamente reduzido<br />

foi forçado.<br />

Essa história contradiz a explicação<br />

palestina de que "gangues<br />

sionistas roubaram a Palestina e<br />

expulsaram a sua gente", que levou<br />

à catástrofe "sem precedentes<br />

na história" (de acordo com um livro<br />

escolar do 3º ano do ensino médio<br />

da AP) ou que os sionistas "pilharam<br />

as terras e os interesses<br />

nacionais palestinos e estabeleceram<br />

seu estado sobre as ruínas<br />

do povo árabe palestino"<br />

(conforme<br />

escreve um colunista<br />

no diário da AP).<br />

Organizações internacionais,editoriais<br />

de jornais e petições<br />

de faculdades<br />

reiteram es-sa<br />

falsidade em todo<br />

o mundo.<br />

Os israelenses<br />

deveriam andar de<br />

cabeça erguida e salientar que a<br />

construção do seu país baseou-se<br />

no movimento menos violento e<br />

mais civilizado do que qualquer<br />

outro povo da história. Gangues não<br />

roubaram a Palestina, comerciantes<br />

compraram Israel.<br />

11<br />

* Daniel Pipes é uma<br />

das maiores<br />

autoridades sobre o<br />

Oriente Médio e o<br />

Islã. É diretor do<br />

Middle East Forum,<br />

colunista premiado<br />

dos jornais New<br />

York Sun e The<br />

Jerusalem Post, é<br />

autor de doze livros.<br />

Publicado em<br />

National Review<br />

Online em 21 de<br />

junho de 2011 sob o<br />

título em inglês: Not<br />

Stealing Palestine<br />

but Purchasing Israel<br />

e pode ser lido no<br />

original em http://<br />

pt.danielpipes.org/<br />

9950/roubandopalestinacomprando-israel<br />

Tradução:<br />

Joseph Skilnik.<br />

Anwar Sadat (E) e Menachem Beguin (D),<br />

sob as vistas do então presidente Jimmy<br />

Carter, no Acordo de Camp David em 1978<br />

Instituto Weizmann é número 1 do mundo acadêmico<br />

A pesquisa anual da revista The Scientist<br />

qualificou o Instituto de Ciências<br />

Weizmann, de Israel, como "o melhor<br />

lugar para fazer pesquisa acadêmica<br />

fora dos EUA". A instituição assinou recentemente<br />

com a Coordenação de<br />

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior<br />

(Capes), subordinada ao Ministério<br />

da Educação do Brasil, um acordo<br />

de cooperação científica que vai permitir<br />

intercâmbio de pessoal e cooperação<br />

de grupos de pesquisa de interesse<br />

comum.<br />

Localizado em Rehovot, o Instituto<br />

Weizmann figura na vanguarda da investigação<br />

científica. Tem cinco faculdades:<br />

Matemática e Ciência da Computação,<br />

Física, Química, Bioquímica e<br />

Biologia. Seus laboratórios abrigam<br />

mais de 2.500 cientistas, técnicos e es-<br />

tudantes que vêm fazendo<br />

grandes contribuições para<br />

a humanidade, sobretudo<br />

no campo das investigações<br />

científicas e no tratamento<br />

de doenças como<br />

o câncer e a esclerose múltipla.<br />

Nos EUA, ganhou o Instituto<br />

J. David Gladstone,<br />

em São Francisco, na Califórnia.<br />

A lista é divulgada há nove anos pela<br />

revista, com base em pontos dados pelos<br />

leitores. The Scientist colocou no ar<br />

uma pesquisa entre setembro e novembro<br />

de 2010 e convidou os leitores - só<br />

os que se identificaram como cientistas<br />

em tempo integral trabalhando na academia<br />

ou em instituições de pesquisas<br />

não-comerciais - a responderem. Foram<br />

Sede do Instituto Weizmann<br />

de Cências em Israel<br />

recebidas 2.260 respostas.<br />

A enquete levou em consideração<br />

o local de trabalho:<br />

o ambiente produtivo e<br />

a atmosfera leve e sem estresse<br />

para a realização de<br />

pesquisas.<br />

Em anos anteriores, o<br />

Instituto Weizmann já havia<br />

se destacado. Ficou em primeiro<br />

lugar duas vezes e em segundo<br />

lugar outras duas vezes. A instituição<br />

fica numa área verde pastoral, de 150<br />

mil metros quadrados, numa cidade relativamente<br />

pequena e simpática.<br />

O centro é uma incubadora de cientistas<br />

e ideias. De lá, por exemplo, saiu<br />

a vencedora do Prêmio Nobel de Química<br />

de 2009, a professora Ada Yonath.<br />

O instituto é composto de 100 edifícios<br />

e tem recebido o crescente apoio de<br />

fontes de financiamento de Israel e da<br />

União Europeia, compensando uma queda<br />

de 6 por cento desde 2007 dos financiamentos<br />

efetuados pelo governo dos<br />

EUA, conforme informado pelo vice-presidente<br />

do Instituto Weizmann, Haim Garty.<br />

"Como resultado os fundos totais de<br />

subvenções não só não diminuíram durante<br />

a crise econômica, mas na verdade<br />

aumentaram em quase 20% desde 2007".<br />

O Instituto Weizmann é um dos líderes<br />

mundiais em instituições de pesquisa<br />

multidisciplinar e suas cinco faculdades<br />

estão divididos em 17 departamentos<br />

científicos. Além disso, a Escola<br />

de Graduação Feinberg treina estudantes<br />

de pesquisa interessados em cursarem<br />

pós-graduações.


12<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

Museu do Holocausto em Curitiba pede<br />

colaboração para formar seu acervo<br />

m comunicado dirigido<br />

aos membros da<br />

comunidade israelita<br />

do Paraná, o presidente<br />

da Associação<br />

Casa de Cultura Beit<br />

Yaacov, Miguel Krigsner<br />

está solicitando a colaboração<br />

para a consolidação do primeiro<br />

Museu do Holocausto no Brasil, que<br />

está sendo construído em Curitiba,<br />

junto ao complexo da nova sinagoga<br />

Beit Yaacov, ao lado do Centro<br />

Israelita do Paraná, com previsão<br />

de inauguração no segundo semestre<br />

de 2011.<br />

Estão adiantadas as obras da Sinagoga e do Museu da Associação Casa<br />

de Cultura Beit Yaacov<br />

Inauguração do primeiro memorial brasileiro está prevista para o segundo semestre deste ano<br />

"O museu encontra-se em fase<br />

de pesquisa e implantação. Portanto,<br />

gostaríamos de realizar um levantamento<br />

de nomes e/ou sobrenomes<br />

de familiares que foram vítimas<br />

do regime nazista para que<br />

possamos homenageá-los. Assim,<br />

pedimos a colaboração no intuito<br />

de constituir uma lista com o nome<br />

de familiares mortos ou sobreviventes<br />

da Shoá", destaca a carta enviada<br />

pela ACCBY aos membros da comunidade.<br />

Krigsner observa também em<br />

seu comunicado que, "paralelamente,<br />

o museu está formando um<br />

acervo de fotos e objetos pessoais<br />

daquele período, por meio dos<br />

quais serão narradas pequenas<br />

histórias de sobrevivência, salvamento,<br />

resistência física ou espiritual<br />

- as quais enriquecerão nossa<br />

memória coletiva. Gostaríamos de<br />

consultá-los sobre o possível interesse<br />

em fazer doações ou cessões<br />

temporárias (empréstimos) desses<br />

itens a este acervo".<br />

De acordo com o Presidente da<br />

mais nova instituição comunitária<br />

judaica de Curitiba,<br />

O museu contará, além de arquivo<br />

de documentos, com uma biblioteca<br />

e uma videoteca voltadas<br />

ao tema, como parte do projeto de<br />

transformação do espaço num centro<br />

de referência para o estudo da<br />

Shoá em nosso Estado.<br />

O comunicado também apresenta<br />

a professora Denise Weishof<br />

e o sr. Carlos Reiss como os futuros<br />

interlocutores na implantação e<br />

gerenciamento do museu, bem como<br />

responsáveis voluntários para atuar<br />

no planejamento de ações educativas<br />

do Museu do Holocausto.<br />

Para colaborar, os interessados<br />

devem seguir os procedimentos<br />

para envio de nomes, cessões ou<br />

doações de objetos e de material<br />

bibliográfico e/ou videográfico,<br />

estando a entrega de qualquer item<br />

condicionada a assinatura de um<br />

Termo de Doação ou de Cessão Temporária<br />

para devolução posterior.<br />

Todo o material deve ser encaminhado<br />

até o dia 31 de julho de 2011,<br />

sendo este o prazo hábil para a devida<br />

apreciação.<br />

Nomes e/ou Sobrenomes de vítimas<br />

da Shoá devem encaminhados<br />

para o e-mail: museudoholocausto<br />

@accbeityaacov.org ou para o Centro<br />

Israelita do Paraná, aos cuidados<br />

da Associação Casa de Cultura<br />

Beit Yaacov, Rua Cel. Agostinho<br />

Macedo, 248, Bom Retiro. 80.520-<br />

100. Curitiba-PR.<br />

Fotos, objetos pessoais, material<br />

bibliográfico e/ou videográfico<br />

(devidamente identificados) favor<br />

entrar em contato com os responsáveis<br />

Denise Weishof<br />

e/ou Carlos Reiss<br />

ou encaminhar ao endereço<br />

acima citado.<br />

Os contatos podem<br />

ser feito com Denise<br />

Weishof: (41) 9995-<br />

1846 ou e-mail isac<br />

weishof@uol.com.br e<br />

Carlos Reiss: (41) 9925-<br />

4221 - carlosreiss<br />

@gmail.com<br />

Miguel Krigsner, antes<br />

de encerrar sua carta<br />

e agradecer a colabo-<br />

ração de todos, observa<br />

que "acreditamos<br />

As costas de Israel podem ser<br />

uma mina de ouro em petróleo<br />

Segundo estimativas do Ministério<br />

da Infraestrutura israelense,<br />

cerca de 15% do país pode ter depósitos<br />

de petróleo, o que faria de<br />

Israel o lugar com uma das maiores<br />

reservas do mundo.<br />

Um mapa geológico apresentado<br />

na Universidade Hebraica de Jerusalém<br />

mostra que a concavidade<br />

do Levante, que inclui a enorme jazida<br />

de gás de Leviatã, contém grande<br />

quantidade de petróleo em camas<br />

profundas, com reservas calculadas<br />

em US$ 3 trlhões.<br />

O pesquisador Iaakov Mimran diz<br />

que que se na perfuração da área de<br />

Leviatã se descobrir petróleo, há boas<br />

probabilidades de encontrar mais<br />

"ouro negro" em lugares similares.<br />

Israel também pode estar assen-<br />

Miguel Krigsner, presidente Associação<br />

Casa de Cultura Beit Yaacov<br />

que a fundação deste museu em<br />

Curitiba demonstrará o espírito pioneiro<br />

desta comunidade, vindo a<br />

enriquecer a cultura local. Cumprirá<br />

uma vocação de reflexão sobre<br />

a história, de homenagem aos perseguidos<br />

- falecidos e sobreviventes,<br />

e de formação junto às novas<br />

gerações".<br />

Tanto a a nova Sinagoga como o Museu do Holocausto serão<br />

inaugurados ainda no segundo semestre deste ano<br />

tado em enormes depósitos petrolíferos.<br />

Por isso, a empresa israelense<br />

de energia teve a iniciativa de<br />

colocar em marcha um projeto piloto<br />

no final deste ano, que dará lugar<br />

à produção de 50.000 barris por dia,<br />

um quinto do consumo de Israel.<br />

O Conselho Mundial de Energia<br />

estima que os depósitos de Israel<br />

podem conter até 250 milhões de<br />

barril de petróleo, quase a mesma<br />

quantidade das reservas encontradas<br />

na Arábia Saudita. (AJN).


VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

A 13ª Tribo: Khazares X Ashkenazim<br />

Jane Bichmacher de Glasman *<br />

m 1976, Arthur Koestler,<br />

em seu livro A<br />

13ª Tribo, retomou a<br />

teoria de que os judeus<br />

ashkenazim seriam<br />

descendentes<br />

dos khazares que abandonaram<br />

suas terras, fugindo dos<br />

mongóis, refugiando-se na Europa<br />

Oriental, principalmente nas atuais<br />

Polônia, Hungria e Ucrânia. Essas<br />

populações, não pertencendo a<br />

nenhuma das 12 tribos de Israel, são<br />

definidas no livro como "a 13ª tribo".<br />

Por defender essa ideia, Koestler<br />

recebeu uma avalanche de críticas<br />

e foi acusado de negar o "sagrado"<br />

direito dos judeus ashkenazim<br />

ao território de Israel 1 . Koestler,<br />

judeu ashkenazi, era sionista com<br />

base em razões seculares e não considerou<br />

que uma suposta ascendência<br />

khazar pudesse retirar a legitimidade<br />

da reivindicação dos judeus<br />

sobre Israel - direito que ele<br />

considerava baseado em uma de-<br />

Concepção artística de um guerreiro khazar<br />

cisão das Nações Unidas e não em<br />

promessas bíblicas ou herança genética.<br />

Para ele: "o problema da infusão<br />

khazar mil anos atrás (...) é<br />

irrelevante para o<br />

moderno Estado<br />

de Israel, que se<br />

baseia em mera<br />

tradição etnoteológica<br />

e não em<br />

coerência genômica<br />

real" 2 .<br />

Já em 1971,<br />

Marcos Margulies,<br />

em seu livro<br />

sobre a História<br />

dos Judeus na<br />

Rússia (e, anteriormente,<br />

em 1970,<br />

em sua tese de<br />

doutorado em História, "A evolução<br />

dos contatos intergrupais na Europa<br />

da Idade Média através do relacionamento<br />

entre judeus e russos"),<br />

"levanta a lebre", um pouco<br />

na direção oposta ao dizer que os<br />

khazares se diluíram entre os judeus<br />

ashkenazim da Europa oriental.<br />

Diz o historiador americano Kevin<br />

Alan Brook, no livro The jews of<br />

Khazaria (2003, 2ª Ed., 2006): "cientistas<br />

afirmam que material genético<br />

encontrado em judeus ashkenazim<br />

pode ter sido herdado de ancestrais<br />

khazares. Outro dado interessante<br />

é que a primeira língua falada<br />

pelos judeus da Rússia e Ucrânia<br />

era o eslavo oriental, provavelmente<br />

uma herança dos khazares.<br />

Foi somente mais tarde que estes<br />

judeus adotaram o ídiche".<br />

O historiador Schlomo Sand, da<br />

Universidade de Tel Aviv, em seu livro<br />

publicado When and How Was the<br />

Jewish People Invented? 3 , de 2008, propõe<br />

uma revisão crítica dos mitos<br />

fundadores da história do povo judeu,<br />

retomando a hipótese de Koestler.<br />

Tenta fazer uma reconstrução<br />

da história khazar e salienta que já<br />

na segunda metade do século XIX<br />

emerge uma visão histórica segundo<br />

a qual, na Rússia, existiram na<br />

Grande parte do territóriod a Khazaria<br />

ficava onde hoje é a Rússia<br />

realidade duas comunidades judaicas<br />

que se sedimentaram uma sobre<br />

a outra, no curso dos séculos: a<br />

primeira, formada por judeus provenientes<br />

da costa<br />

do Mar Negro e<br />

da Ásia através<br />

do Cáucaso; a segunda,proveniente<br />

da Germânia,<br />

em sucessivas<br />

ondas migratórias.<br />

A questão<br />

khazar continuou<br />

a alimentar dúvidas<br />

e muitos autores<br />

se mostra-<br />

ram favoráveis à<br />

hipótese de que o<br />

reino dos cazaros<br />

na origem da diáspora dos judeus<br />

na Rússia, na Lituânia e na Polônia.<br />

Os estudiosos citados por Sand são<br />

Avraham Harkavy, Yitzchaq Schipper,<br />

Salo Baron e Ben Zion Dinur.<br />

Por outro lado, Sand recorda que<br />

a historiografia sionista tradicional<br />

sempre sustentou que os judeus da<br />

Europa oriental eram provenientes<br />

da Terra de Israel e vieram da Germânia,<br />

passando por Roma. O uso<br />

da língua iídiche na Polônia, Lituânia<br />

e Rússia tem sido usado como<br />

prova da existência de judeus orientais<br />

de origem judeu-alemã ou<br />

ashkenazi, já que 80% dessa língua<br />

constituem-se de palavras alemãs.<br />

Entre os séculos XIX e XX, outras hipóteses<br />

emergiram para justificar<br />

a difusão do iídiche.<br />

Concluo com palavras de Steven<br />

Plaut 4 , em seu artigo "O mito dos khazares<br />

e o novo anti-semitismo":<br />

"Há um demasiado exagero na<br />

difusão e no mau uso do mito dos<br />

khazares entre os que buscam<br />

deslegitimar Israel e os judeus<br />

hoje. Uma pesquisa recente mostrou<br />

que quase 30.000 websites<br />

usam a "teoria" dos khazares<br />

como um tacape contra Israel e o<br />

Sionismo.(...)<br />

Uma irônica distorção histórica<br />

é que os khazares contribuíram para<br />

o alfabeto cirílico no qual o russo e<br />

alguns outros idiomas eslavos são<br />

escritos. São Cirilo chegou à Khazaria<br />

em 860 numa tentativa de converter<br />

os khazares ao cristianismo.<br />

Como o hebraico dos khazares e grego<br />

eram os principais alfabetos conhecidos<br />

por São Cirilo e os primitivos<br />

eslavos, eles pegaram emprestado<br />

de ambos. (...)<br />

Os judeus sempre se definiram<br />

em termos religiosos, étnico-nacionais<br />

e, às vezes, em condições linguísticas,<br />

mas nunca em termos de linhas<br />

raciais. Se todos os judeus ashkenazim<br />

fossem realmente khazares convertidos,<br />

como alegam os anti-sionistas<br />

racistas, eles não seriam legitimamente<br />

menos judeus e, como tal,<br />

teriam os mesmos direitos de reivindicação<br />

da pátria judaica como qualquer<br />

outro grupo de judeus. (...)<br />

13<br />

* Jane Bichmacher<br />

de Glasman é<br />

doutora em Língua<br />

Hebraica,<br />

Literaturas e Cultura<br />

<strong>Judaica</strong> (USP),<br />

professora adjunta,<br />

fundou e coordenou<br />

o Setor de Hebraico<br />

e o Programa de<br />

Estudos Judaicos da<br />

UERJ, professora e<br />

coordenadora do<br />

Setor de Hebraico<br />

da UFRJ<br />

(aposentada),<br />

escritora<br />

(ashkenazit, com<br />

orgulho).<br />

Sviatoslav I de Kiev (sentado no bote) o destruidor do Império Khazar<br />

encontrando-se com o rei João. Tela de Klavdiy Lebedev (1852–1916)


VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

14 Continuação da página anterior<br />

* Gavriel Queenann<br />

é jornalista e<br />

consultor eventual<br />

de internet,<br />

trabalhou como<br />

mergulhador,<br />

cozinheiro,<br />

investigador<br />

particular,<br />

recuperador de<br />

bens locados e não<br />

pagos e como um<br />

guru de banco de<br />

dados da Microsoft.<br />

Autodidata com<br />

aspirações à cultura<br />

acadêmica, Gavriel<br />

tem um profundo<br />

amor profundo<br />

pelos textos básicos<br />

do judaísmo, e gosta<br />

da epistemologia, da<br />

teoria jurídica, do<br />

textualismo, dos<br />

jogos de estratégia,<br />

da ficção noir, e de<br />

escrever contos.<br />

Convertido ao<br />

judaísmo e iniciante<br />

haredi, ele fez aliá<br />

com a esposa e duas<br />

filhas em 2004,<br />

adotando uma<br />

abordagem firme,<br />

racionalista e<br />

moderna ao<br />

judaísmo. Reside<br />

em Beit El, é<br />

gerente da Rádio<br />

Nacional de Israel<br />

(Israel National<br />

Radio). Publicado no<br />

site do Israel<br />

National News<br />

(http://<br />

www.israelnationalnews.com/<br />

News/News.aspx/<br />

144681).<br />

Se levarmos em conta o argumento<br />

racista à sua conclusão lógica,<br />

os árabes palestinos têm o direito<br />

de exercitar todas as suas reivindicações<br />

sobre a soberania em<br />

Israel devido a serem eles os verdadeiros<br />

judeus raciais, enquanto<br />

os sionistas são khazares não judeus,<br />

impostores étnicos e usurpadores.<br />

Para tornar as coisas até<br />

mais bobas ainda, os próprios árabes<br />

são, é claro, uma mistura de<br />

grupos raciais, com um componente<br />

caucasiano particularmente grande<br />

graças à miscigenação árabe com<br />

espanhóis e italianos, bérberes<br />

caucasianos, vândalos, góticos, e<br />

até mesmo alguns vikings. A deslegitimação<br />

racista do Sionismo como<br />

"imperialismo Khazar" é um golpe<br />

dentro da teoria do mesmo hospício<br />

de que "Jesus era palestino" ou<br />

a conversa de que todos os verdadeiros<br />

judeus (do ponto de vista<br />

A secretária de Estado norteamericana<br />

Hillary Clinton disse que<br />

a administração Obama deseja<br />

abrir um diálogo com a Irmandade<br />

islâmica muçulmana.<br />

"Acreditamos que, dada a evolução<br />

do panorama político no Egito,<br />

que é do interesse dos Estados<br />

Unidos se envolver com todas as<br />

partes que são pacíficas e comprometidas<br />

com a não violência, e que<br />

pretendem concorrer ao Parlamento<br />

e à Presidência", declarou Clinton<br />

a jornalistas, em Budapeste,<br />

Hungria. "E damos as boas-vindas,<br />

portanto, ao diálogo com os membros<br />

da Irmandade Muçulmana, que<br />

querem falar conosco",<br />

Clinton acrescentou que o diálogo<br />

desejado "vai continuar a enfatizar<br />

a importância do e o apoio<br />

para os princípios democráticos, e<br />

especialmente um compromisso<br />

com a não violência, o respeito aos<br />

direitos das minorias, e a plena inclusão<br />

das mulheres em qualquer<br />

democracia. Não pode deixar de<br />

fora metade da população e reivindicar<br />

que está comprometido com<br />

a democracia".<br />

Mahmoud Ghozlan, porta-voz<br />

da Irmandade Muçulmana, disse à<br />

rede CNN que tinha ouvido falar do<br />

interesse dos EUA no diálogo, mas<br />

ouviu isso só das reportagens da<br />

mídia.<br />

"O governo dos Estados Unidos<br />

apoiou ditadores durante décadas<br />

Steven Plaut<br />

racial) se converteram ao Islã depois<br />

da conquista árabe da Palestina<br />

no século 7 e assim se tornaram<br />

os árabes palestinos".<br />

E se os khazares se pareciam com<br />

os povos túrquicos da Ásia, como<br />

eles poderiam dar aos judeus ashkenazim<br />

uma aparência europeia? Há<br />

outros problemas. Se todos os judeus<br />

ashkenazim são descendentes<br />

dos khazares convertidos, por que<br />

há Cohens e Levis entre eles? A pessoa<br />

herda o status de Cohen (sacerdote)<br />

ou Levita de seu pai. (...)<br />

E por que não há nenhum sobrenome<br />

khazar entre os ashkenazim,<br />

ou nomes khazares em cidades<br />

da Europa onde os judeus viveram?<br />

E o que fez a maioria das comunidades<br />

de ashkenazim falarem variações<br />

do iídiche no lugar de línguas<br />

túrquicas?<br />

Arthur Koestler<br />

NOTAS:<br />

1 Lewis, Bernard. Semites and Anti-Semites, W.W. Norton and Company, 1999, ISBN 0-393-31839-7, p.<br />

48; Abramsky, Chimen. "The Khazar Myth". Jewish Chronicle, 9 de abril de 1976; Maccoby, Hyam.<br />

"Koestler's Racism". Midstream 23 (March 1977); McInnes, Neil. "Koestler and His Jewish Thesis".<br />

National Interest. Fall 1999.<br />

2 Michael Barkun, Religion and the Racist Right: The Origins of the Christian Identity Movement, UNC<br />

Press, 1997, ISBN 0807846384, p. 137-139 e 144-145.<br />

3 Déconstruction d'une histoire mythique. Comment fut inventé le peuple juif, por Shlomo Sand.<br />

Le Monde diplomatique, agosto de 2008.<br />

4. Steven Plaut é jornalista, colunista da Jewish Press e professor da Universidade Haifa, em Israel.<br />

O artigo em questão foi publicado em português, no jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, de junho de 2007, edição<br />

nº 58 e pode ser lido na íntegra em www.visaojudaica.com.br/Junho2007/artigos/19.html<br />

EUA reconhecem e dialogam<br />

com a Irmandade Muçulmana<br />

Gavriel Queenann * e autorizou tortura, repressão e<br />

colonização. Os EUA são odiados<br />

na região do Oriente Médio mais<br />

do que qualquer outro país de acordo<br />

com pesquisas publicadas nos<br />

EUA", disse Ghozlan.<br />

"Se os EUA são sérios em abrir<br />

um diálogo, eles devem primeiro<br />

respeitar as escolhas do povo para<br />

uma verdadeira democracia, independência<br />

e respeito a sua escolha<br />

dos líderes", e continuou Ghozlan:<br />

"Gostaríamos de saudar a abertura<br />

do diálogo, se eles forem sérios e<br />

transparentes".<br />

Membros da Irmandade Muçulmana,<br />

acompanhados por aliados militantes<br />

do Hamas da Faixa de Gaza,<br />

estiveram na linha da frente de alguns<br />

dos protestos mais violentos durante<br />

as manifestações no Egito, que resultaram<br />

na derrubada do presidente<br />

Hosni Mubarak, em fevereiro.<br />

Na sequência, a liderança do<br />

grupo lançou seu apoio às escondidas<br />

para a junta provisória, que<br />

assumiu o poder até que as críticas<br />

de outros partidos de oposição começaram<br />

a atingi-la nas pesquisas.<br />

O grupo islâmico, que originalmente<br />

dissera não pretender concorrer<br />

à Presidência, desde então<br />

tem criado uma superampla coalizão<br />

dos partidos da oposição, na<br />

esperança de tomar o próximo governo<br />

do Egito com a agitação.<br />

A mídia internacional frequentemente<br />

cita ex-líderes da Irmandade<br />

que dizem que o novo partido do<br />

grupo Liberdade e Justiça não é teocrático<br />

e apoia a democracia, nas<br />

entrevistas de língua inglesa, mas<br />

os líderes atuais defendem abertamente<br />

a imposição da lei da sharia<br />

na imprensa árabe do Egito.<br />

"Termos como estado civil ou secular<br />

são enganadores", diz Sobhi<br />

Saleh, da Irmandade, ao jornal árabe<br />

egípcio Al Masry Al Youm, completando:<br />

"A sharia islâmica é o<br />

melhor sistema para muçulmanos<br />

e não muçulmanos".<br />

A Irmandade Muçulmana foi<br />

fundada no Egito em 1928 com o<br />

objetivo específico de expulsar os<br />

britânicos e criar um Estado islâmico<br />

independente.<br />

Dialogar com o grupo suscitou<br />

polêmica nos Estados Unidos, onde<br />

um debate sobre o caráter essencial<br />

da Irmandade ainda prossegue.<br />

O presidente dos EUA, Barack<br />

Obama, tentou minimizar a perspectiva<br />

de a Irmandade Muçulmana dominar<br />

a política egípcia dizendo que<br />

é apenas uma facção no Egito, e que<br />

não tem o apoio da maioria.<br />

"Há muita gente secular no Egito,<br />

há um monte de educadores e de<br />

pessoas da sociedade civil no Egito,<br />

que querem apresentar-se também<br />

para concorrer", disse Obama<br />

à Fox News, em fevereiro.<br />

"É importante para nós não dizer<br />

que nossas únicas duas opções<br />

são a Irmandade Muçulmana ou um<br />

povo egípcio reprimido", acrescentou<br />

Obama.<br />

Mas observadores familiarizados<br />

com o que a Irmandade Muçulmana<br />

diz e as proezas da famosa<br />

organização acreditam que ela não<br />

precisa de uma maioria no sistema<br />

parlamentar do Egito para atingir<br />

seu objetivo e impor a sua agenda<br />

radical islâmica.<br />

Para Mike Hayden, ex-diretor da<br />

CIA, a Irmandade poderia "desfrutar<br />

de um poder desproporcional<br />

na formação do novo governo".<br />

A organização pró-sionista<br />

StandWithUs emitiu uma cortante<br />

resposta para a mudança dos EUA.<br />

"A StandWithUs está profundamente<br />

perturbada com o fato do governo<br />

dos EUA estar estabelecendo<br />

relações com a Irmandade Muçulmana<br />

do Egito [MB]. A MB é uma<br />

entidade perigosa, empenhada em<br />

estabelecer uma teocracia repressivo<br />

e intolerante, para substituir<br />

as democracias liberais pela lei da<br />

sharia", lê-se na resposta.<br />

"Pedimos ao governo americano<br />

para reverter o curso, e assegurar<br />

a defesa das forças moderadas<br />

no Egito e de toda a região.<br />

Os EUA não deveriam estar dando<br />

cobertura e apoio para as forças<br />

mais perigosas e repressivas na<br />

região, como a Irmandade Muçulmana<br />

e suas diversas ramificações,<br />

incluindo o Hamas", acrescenta<br />

a nota.<br />

A organização pediu ao público<br />

para travar uma campanha de<br />

cartas escritas ao governo contra<br />

as relações com a Irmandade<br />

Muçulmana.


VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

Quem é a Irmandade Muçulmana?<br />

Irmandade Muçulmana<br />

(IM) tentou retratar-se<br />

como moderada<br />

e democrática.<br />

Mas primordialmente<br />

é tudo menosso<br />

isso. A Irmandade é um<br />

lobo em pele de cordeiro. A logo da<br />

Irmandade Muçulmana mostra bem<br />

o seu lema:<br />

"Alá é nosso objetivo. O Profeta é<br />

o nosso líder. O Corão é a nossa lei.<br />

Jihad é nosso caminho. Morrer no caminho<br />

de Alá é a nossa maior esperança.<br />

Allahu akbar! (Alá é grande!)"<br />

A meta da Irmandade é transformar<br />

o mundo em um império islâmico.<br />

A IM, fundada no Egito em<br />

1928, é um movimento fundamentalista<br />

revolucionário que visa restaurar<br />

o califado e a lei da sharia<br />

estrita (islâmica) em terras muçulmanas<br />

e, no final, no mundo. Hoje,<br />

ela tem filiais em 80 países. "É da<br />

natureza do Islã dominar, não ser<br />

dominado, impor a lei em todas as<br />

nações e estender o poder a todo o<br />

planeta." Esta frase, do fundador da<br />

Irmandade Muçulmana, Hassan-al-<br />

Banna, revela tudo.<br />

A Irmandade deseja a queda da<br />

América. Ela diz aos seus seguidores<br />

para serem "pacientes" porque<br />

os EUA "estão caminhando para o<br />

seu fim". "Os EUA são um infiel que<br />

não é um campeão moral, não tem<br />

valores humanos e não pode liderar<br />

a humanidade." Mohammed<br />

Badi, guia supremo da Irmandade<br />

Muçulmana, em setembro de 2010.<br />

Segundo o ex-guia supremo da<br />

Irmandade, Mohammed Mahdi Akef,<br />

a "para a IM a democracia ocidental<br />

é corrupta, irrealista" e falso.<br />

A Irmandade pede jihad contra<br />

"os reais inimigos dos muçulmanos,<br />

não só Israel, mas também os<br />

Estados Unidos. Travar a jihad contra<br />

estes dois infiéis é um mandamento<br />

de Alá que não pode ser desconsiderado".<br />

Guia supremo da Irmandade<br />

Muçulmana, Mohammed<br />

Badi, em setembro de 2010.<br />

A Irmandade assassinou Anwar<br />

Sadat em 1981 por fazer a paz com<br />

a odiada "entidade sionista". Também<br />

assassinou o primeiro-ministro<br />

do Egito em 1948 e ainda tentou<br />

matar o presidente Nasser em 1954.<br />

O Hamas é uma "ala da Irmandade<br />

Muçulmana", de acordo com<br />

a Carta de Fundação do Hamas,<br />

Capítulo 2. A Carta prevê o assassinato<br />

de judeus, a "eliminação" de<br />

Israel e sua substituição por uma<br />

teocracia islamista.<br />

A Irmandade apoia a guerra do<br />

Hezbolá contra os judeus. O líder da<br />

IM, Mahdi Akef declarou que estava<br />

"preparado para enviar 10.000 combatentes<br />

da jihad Imediatamente para<br />

lutar ao lado do Hezbolá" durante a<br />

guerra contra Israel, em 2006.<br />

A Irmandade glorificou Osama<br />

Bin Laden e lamentou sua morte.<br />

"Osama é com certeza, um mujahid<br />

(combatente heróico), e eu não tenho<br />

dúvida alguma de sua sinceridade<br />

em resistir à ocupação,<br />

perto de Alá nas alturas". Mohammed<br />

Mahdi Akef, ex-guia supremo<br />

da Irmandade Muçulmana, em novembro<br />

de 2007.<br />

A Irmandade "aprovou operações<br />

de martírio na Palestina...<br />

Eles não têm bombas, por isso eles<br />

se transformam em bombas. Isto<br />

é uma necessidade". Yusuf Al-Qaradawi,<br />

líder espiritual da Irmandade<br />

Muçulmana, em 17 de dezembro<br />

de 2010.<br />

A Irmande defende uma jihad<br />

violenta: a "mudança que a nação<br />

[muçulmana] busca alcançar somente<br />

pode ser obtida através do<br />

sacrifício e jihad e da criação de<br />

uma geração de jihadistas que persigam<br />

a morte, assim como os inimigos<br />

perseguem a vida", declarou<br />

o guia supremo da IM Mohammad<br />

Badi em um serão em setembro de<br />

setembro 2010. Onze dos principais<br />

terroristas vieram da Irmandade<br />

Muçulmana, incluindo o vice de Bin<br />

Laden, Ayman al-Zawahiri e Khalid<br />

Sheikh Mohammed (mentor dos<br />

ataques de 9/11).<br />

A Irmandade defende uma estratégia<br />

enganosa nas democracias:<br />

Aparecer como moderada e utilizar<br />

as instituições existentes para ganhar<br />

poder. "O processo civilizatório-jihadista...<br />

é uma espécie de grande<br />

jihad na eliminação e destruição<br />

da civilização ocidental a partir de<br />

dentro e sabotando sua casa miserável...<br />

Então elimando-a é que a religião<br />

de Alá torna-se vitoriosa sobre<br />

as outras religiões", lê-se num<br />

documento de 1991 da Irmandade<br />

Muçulmana nos EUA. Ela acredita<br />

que pode conquistar a Europa pacificamente:<br />

"Depois de ter sido expulso<br />

duas vezes, o Islã sairá vitorioso<br />

e reconquistará a Europa... Estou<br />

certo de que desta vez, a vitória não<br />

será alcançada pela espada, mas,<br />

pela pregação e ideologia [islâmica]",<br />

Yusuf al-Qaradawi, líder espiritual<br />

da Irmandade Muçulmana,<br />

numa fatwa de 2003.<br />

A Irmandade usa a democracia,<br />

mas "uma vez no poder irá substitui-la<br />

pela lei fundamentalista da<br />

sharia porque esta é a 'verdadeira<br />

democracia'. A mensagem final e<br />

absoluta do céu contém todos os<br />

valores que o mundo secular afirma<br />

ter inventado... O Islã e os seus<br />

valores antecederam os do Ocidente<br />

na fundação da verdadeira democracia",<br />

palavras do ex-guia supremo<br />

da Irmandade Muçulmana,<br />

Mohammed Mahdi Akef, em novembro<br />

de 2007.<br />

A visão da Irmandade sobre os<br />

direitos das mulheres é a de segregar<br />

e subjugar as mulheres: A sociedade<br />

ideal incluiria "uma campanha contra<br />

a ostentação no vestir e na liberação<br />

dos costumes; ...separação dos<br />

estudantes do sexo masculino das do<br />

sexo feminino; dos homens e das<br />

mulheres em reuniões privadas, a<br />

menos que dentro dos graus permitidos<br />

de relacionamento, devendo ser<br />

considerado como um crime pelo<br />

qual ambos serão censurados; ...proibição<br />

de dançar e outros passatempos<br />

como tais". Fundador da Irmandade<br />

Muçulmana Hassan-al-Banna.<br />

A Irmandade apoia a mutilação<br />

genital feminina: "[os americanos]<br />

empreendem guerra aos líderes<br />

muçulmanos, suas tradições de fé<br />

e suas ideias. Eles até mesmo fazem<br />

contra a circuncisão feminina,<br />

uma prática corrente em 36 países,<br />

que tem prelalecido desde a época<br />

dos faraós". Ex-guia supremo da Irmandade<br />

Muçulmana, Mohammed<br />

Mahdi Akef, em 2007.<br />

A Irmandade não tratará minorias<br />

não muçulmanas como os cristãos<br />

coptas, de igual para igual, tal<br />

como trata os muçulmanos. "A palavra<br />

de Alá reinará suprema e a palavra<br />

dos infiéis serás inferior". Mohammed<br />

Badi, lider da Irmandade<br />

Muçulmana, em setembro de 2010.<br />

A Irmandade recusa comprometer-se<br />

com a continuidade do Tratado<br />

de Paz entre Israel e o Egito.<br />

Os líderes da Irmandade Muçulmana<br />

disseram que "para o movimento<br />

a questão é que, Israel é uma entidade<br />

sionista que está ocupando<br />

terras árabes e islâmicas sagrada...<br />

E vamos livrar-nos deles não importa<br />

quanto tempo levar". Mohammed<br />

Mahdi Akef, ex-guia supremo<br />

da IM, em 2005 e em 2007.<br />

A Irmandade tem raízes antissemitas.<br />

Apoiou os nazistas, organizou<br />

manifestações em massa<br />

contra com slogans promovendo<br />

a limpeza étnica tais como "Abaixo<br />

os judeus!" e "Judeus fora do<br />

Egito e da Palestina!", em 1936;<br />

realizou um violento pogrom contra<br />

os judeus do Egito em novembro<br />

de 1945; e assegurou ao colaborador<br />

nazista, o mufti palestino<br />

al-Husseini para que recebesse<br />

asilo no<br />

Egito em<br />

1946.<br />

A Irmandadecontinuavirulentamenteantissemita.<br />

"Hoje,<br />

os judeus<br />

não são os<br />

israelitas<br />

louvados<br />

por Alá,<br />

mas os des-<br />

O software gratuito, denominado Third<br />

Intifada (Terceira Intifada), tinha sido lançado<br />

havia alguns dias por programadores árabes<br />

e colocado para download na loja virtual<br />

da empresa, a App Store. O aplicativo<br />

encorajava seus usuários a compartilhar opiniões<br />

e organizar protestos contra Israel.<br />

A palavra Intifada se refere aos levantes<br />

violentos de palestinos contra Israel<br />

nas últimas três décadas. Third Intifada se<br />

referia a um possível futuro levante estimulado<br />

pelo software.<br />

"Retiramos este aplicativo da App Store<br />

porque violava as orientações dadas para<br />

os desenvolvedores ao ser ofensivo a grandes<br />

grupos de pessoas", afirmou Tom Neumayra,<br />

porta-voz da Apple. O aplicativo,<br />

desenvolvido por uma empresa baseada<br />

em Dubai, fazia uma lista de protestos que<br />

iriam acontecer, fornecia notícias e editoriais<br />

em árabe, além de incluir links para<br />

material nacionalista palestino na web.<br />

O ministro israelense para Negócios Públicos<br />

e Diáspora, Yuli Edelstein, enviou uma<br />

carta ao fundador da Apple, Steve Jobs, com<br />

Membro da Irmandade Muçulmana durante<br />

protesto no Cairo<br />

cendentes dos israelitas que desafiaram<br />

Sua palavra. Ele zangou-se<br />

com eles e os transformou<br />

em macacos e porcos... Não há<br />

dúvida de que a batalha em que<br />

os muçulmanos superarão os<br />

judeus [virá]... Nesta batalha os<br />

muçulmanos combaterão os judeus<br />

e os matarão", Yusuf al-Qaradawi,<br />

líder espiritual da Irmandade<br />

Muçulmana. (Texto traduzido<br />

do original escrito pela<br />

equipe de redação do Israel National<br />

News - INN).<br />

Apple retira software que<br />

incitava à violência palestina<br />

15<br />

uma reclamação contra o aplicativo. "Ao navegar<br />

pelos artigos, estórias e fotografias que<br />

aparecem no aplicativo, fica claro que este é<br />

um aplicativo contra Israel e contra o Sionismo<br />

que, na verdade, como seu nome sugere,<br />

chama para um levante contra Israel", afirmou<br />

Edelstein na correspondência a Jobs.<br />

Logo após ter sido comunicado da retirada<br />

do aplicativo, o ministro israelense<br />

aprovou a "ação rápida da Apple". Em março<br />

deste ano, o Facebook já tinha retirado<br />

do ar uma página que pedia por um novo<br />

levante palestino contra Israel.<br />

Segundo o jornal israelense Haaretz,<br />

Edelstein afirmou que a página do Facebook<br />

foi criada pelo mesmo grupo responsável<br />

pelo aplicativo Third Intifada. "A página do<br />

Facebook pedia um levante contra Israel por<br />

meio de violência, e incluía incitação grave",<br />

disse o ministro. Na declaração do Ministério<br />

em que anunciou a medida da Apple,<br />

Edelstein afirmou que a companhia,<br />

como o Facebook, "provou que tem valores<br />

que são opostos à violência, incitação e terrorismo".<br />

(Notícias da Rua <strong>Judaica</strong>).


16<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

OLHAR HIGH-TECH<br />

Software detecta pedofilia e bullying digital<br />

Um software desenvolvido pela empresa<br />

israelense United Parents protege<br />

crianças de pedofilia digital e de cyberbullies<br />

por meio de envio de alertas<br />

aos pais quando detecta relacionamentos<br />

suspeitos nos computadores.<br />

"Os pais provavelmente conhecem<br />

uma ou duas contas de e-mail ou apelido<br />

que a criança usa, mas muitas<br />

vezes há outras contas que eles desconhecem",<br />

explica Hanan Lavy, cofundador<br />

e executivo chefe da United Parents.<br />

"damos a informação aos pais<br />

e eles escolhem o que fazer com elas".<br />

O programa não compartilha com os<br />

pais o conteúdo privado e os diálogos<br />

dos filhos, apenas a análise feita<br />

por um algoritmo de computador que<br />

também é capaz de decifrar a linguagem<br />

de chat usado por crianças que<br />

muitas vezes é desconhecido pelos<br />

adultos (Pletz).<br />

Supercarregador de baterias sem fio<br />

A empresa israelense Powermat desenvolveu<br />

um dispositivo que permite<br />

carregar o smartphone, iPod ou<br />

qualquer outro aparelho sem fios,<br />

sem complicações. Só é precisa um<br />

pequeno adaptador que fica conectado<br />

ao aparelho permanentemente<br />

e, assim que a bateria estiver carregada,<br />

o Powermat desliga sozinho.<br />

Ele determina o quanto de carga é necessário<br />

e por quanto tempo vai carregar.<br />

Consome menos energia e reduz<br />

emissão de poluentes no meio<br />

ambiente. O Powermat pode carregar<br />

qualquer coisa, desde celulares a automóveis<br />

elétricos. Recentemente, a<br />

empresa anunciou um projeto com a<br />

General Motors para carregar seus<br />

carros elétricos mesmo com o veículo<br />

em movimento. Fundada em 2006,<br />

a empresa tem seu centro de Pesquisa<br />

e Desenvolvimento em Jerusalém.<br />

(Jornal Alef).<br />

Empresa cria peixes até no deserto<br />

A empresa israelense Grow Fish<br />

Anywhere desenvolveu uma maneira<br />

de criar peixes comercialmente sob<br />

quaisquer condições, inclusive no<br />

deserto. A tecnologia é totalmente independente<br />

da água do mar. Para produzir<br />

um quilo de peixe da forma tradicional,<br />

são utilizados de 5 a 7,5 mil<br />

litros de água. Já com o sistema da<br />

GFA, são utilizados apenas 40 litros.<br />

A empresa afirma que sua tecnologia<br />

poderá ser copiada no mundo todo.<br />

Além de ser ecologicamente correta e<br />

não descartar resíduos poluentes,<br />

poderá contribuir muito para a solução<br />

da escassez de água e peixes.<br />

(Cambici).<br />

Controle de velocidade para carrinhos de bebê<br />

A ideia do carrinho de bebê poder descer<br />

uma ladeira de repente em grande<br />

velocidade é o pior pesadelo de toda<br />

mãe. O mesmo medo é comum entre cadeirantes<br />

ou pessoas em macas. Uma<br />

startup israelense chamada Smart Wheels<br />

2Go surgiu com uma invenção simples<br />

que limita a velocidade do carrinho<br />

de bebê ou de cadeiras de rodas. A<br />

invenção venceu a competição israelense<br />

Biztec e está pronta para participar<br />

das competições internacionais de empreendedorismo.<br />

O homem por trás disso,<br />

Lior Friedman, é um estudante de administração<br />

do terceiro ano da Ono Academic<br />

College. (Cambici/No Camels).<br />

Controle de velocidade 2<br />

A startup desenvolveu um mecanismo<br />

que é inserido em apenas uma das rodas<br />

e limita a velocidade a um ritmo<br />

lento. A velocidade pode ser adaptada<br />

e possui até um botão para desligar<br />

o mecanismo, caso você queira<br />

levar seu bebê para uma volta mais<br />

animada. Friedman disse que a ideia<br />

veio em um sonho onde ele estava em<br />

carrinho de bebê descendo uma ladeira<br />

em descontrolada velocidade.<br />

Quando acordou, percebeu que tinha<br />

tido uma grande ideia. Aposentado do<br />

exército, Lior Friedman testou a invenção<br />

e dois anos depois deu início ao<br />

desenvolvimento do seu projeto. Três<br />

meses atrás, a empresa criou um protótipo<br />

e está planejando o lançamento<br />

do primeiro produto para o ano que<br />

vem. (Cambici/No Camels).<br />

Combate ao vício de drogas<br />

com testes em ratos<br />

Pesquisadores da Universidade Hebraica<br />

de Jerusalém estão desenvolvendo<br />

uma forma de combater o vício em drogas<br />

através de uma espécie de vacina.<br />

Ratos de um laboratório israelense receberam<br />

doses de cocaína até ficarem<br />

dependentes da droga. Ao menor estímulo,<br />

conta Rami Yaka, coordenador da<br />

pesquisa, eles voltavam para buscar<br />

nova dose, mesmo depois de longo período<br />

de abstinência - exatamente como<br />

acontece com seres humanos. Tudo porque<br />

a memória do prazer provocado<br />

pela experiência fica guardada em uma<br />

região do cérebro, conhecida como Núcleo<br />

Acumbens. Os pesquisadores descobriram<br />

que, ao injetar diretamente<br />

em células da região que controla o<br />

prazer, uma proteína conhecida como<br />

ZIP, em inglês, aconteceu algo surpreendente:<br />

os ratos simplesmente passaram<br />

a ignorar a droga. Eles não respondiam<br />

mais aos estímulos. A sensação<br />

de prazer desapareceu e eles ficaram<br />

livres do vício. (Jornal Nacional).<br />

O LEITOR<br />

ESCREVE<br />

Carta a Sérgio Feldman<br />

Visitei Córdoba em duas ocasiões, a primeira numa peregrinação aos<br />

sítios judaicos de Portugal e Espanha em Rosh Hashaná e Iom Kipur de<br />

2008, e posteriormente em 2010 para participar de um evento em homenagem<br />

a 165 judeus queimados e queimados em "estatua" pela inquisição.<br />

(http://www.esefarad.com/? p=10703)<br />

Mais tarde, buscando entender e conhecer Sefarad encontrei um artigo<br />

seu no jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

Fiquei surpreso com a coincidência entre os sentimentos que afloraram<br />

durante sua visita a Córdoba, e o que senti ao cruzar pelas pedras e<br />

muros da juderia.<br />

Lembro a emoção que me tomou por vários dias e também a perplexidade<br />

ao verificar que a cidade, que viu acontecer a "Idade de Ouro" do judaísmo<br />

(séculos X, XI, e parte de XII), "de festejada convivência e tolerância" entre as<br />

religiões, guarda mínimos sinais da presença judaica daquela época.<br />

A palavra usada para descrever a convivência, talvez coexistência<br />

naqueles séculos é, repetidamente, tolerância. Você mesmo em seu artigo<br />

a menciona em duas passagens.<br />

Porém, a palavra tolerar, em princípio aceita com sentido positivo,<br />

pode ter significado, naquele momento, tão somente uma decisão prudente<br />

dos califas conscientes de que, para manter a ordem, governabilidade<br />

e desenvolvimento em El Andaluz, o papel dos judeus era importante<br />

e imprescindível para governar. Em suma, a convivência era imposta<br />

de cima para baixo e conveniente para as partes envolvidas, cristãos,<br />

judeus e muçulmanos.<br />

No entanto há que esclarecer que a produção cultural que se desenvolveu<br />

e chegou ao ápice naquele período não diminuiu o sofrimento de<br />

uma sociedade "tolerada".<br />

Pesquisas de Poliakov e outros que estudaram Sefarad nos relatam a<br />

constante necessidade dos reis cristãos e dos califas de proteger essas<br />

minorias de ataques e agressões, pois a população dominante, insuflada<br />

pela inveja ou por motivos religiosos, os agrediam.<br />

Mais tarde, em Portugal, pela necessidade de cuidar das tarefas de<br />

Estado, o Rei manteve a tradicional proteção aos judeus.<br />

Assim, acreditar na existência de tranquila convivência na Idade de<br />

Ouro é não levar em consideração que a diversidade e a tolerância<br />

foram impostos em função de uma necessidade, e principalmente pelo<br />

período de dominação da região pela dinastia dos califas Omíadas,<br />

quando El Andaluz atingiu o seu esplendor e propiciou uma exuberante<br />

produção intelectual e progresso nunca antes constatados.<br />

Aliás, mais tarde com o Iluminismo, a convivência que propiciou momentos<br />

de efetivo progresso da comunidade judia alemã, terminou em<br />

algo semelhante, no que se refere à perseguição aos judeus, ao acontecido<br />

após a queda do califado Omíada em Sefarad.<br />

Simplificando, e considerando a pureza de sangue, a Inquisição e o Nazismo,<br />

com motivações e dimensões distintas, guardam alguma semelhança.<br />

E agora, a proposição de destruir Israel, inimaginável após o Holocausto<br />

e um período de convivência com vizinhos como Turquia, Egito,<br />

Jordânia e outros, não teria sido Israel simplesmente "tolerado"? Até<br />

quando o interesse ocidental suportará Israel?<br />

Gostaria de compartilhar com você a utopia da convivência e buscar<br />

na História momentos e exemplos que nos façam sonhar com a coexistência<br />

pacífica.<br />

Não consigo porém encontrar a convivência espontânea e sim exemplos<br />

de tolerância utilitária e sob um regime de força.<br />

Israel é ainda mais forte que seus vizinhos e veja, mesmo num dia a dia<br />

de conflitos, consegue viver uma Idade de Ouro na cultura e na tecnologia<br />

Um forte abraço.<br />

Nota: A convivência, porém demonstrou a fertilidade cultural e consequente<br />

progresso. Donde podemos concluir que a paz no Oriente Médio<br />

seria benéfica a todos. Por que não acontece? Será que ameaça o poder<br />

muçulmano?<br />

Helio Cherman<br />

Engenheiro, casado, pai de quatro filhos e avô de seis, Rio de Janeiro.


e você ou os seus<br />

parentes judeus<br />

possuíam alguma<br />

propriedade que foi<br />

confiscada, pilhada<br />

ou vendida à força durante<br />

a época do Holocausto,<br />

pode ter direito a participar<br />

no Projeto Heart.<br />

O Projeto Heart é um Grupo de<br />

Trabalho para a Restituição de Bens<br />

da Época do Holocausto (Holocaust<br />

Era Asset Restitution Taskforce -<br />

Project Heart). Seu objetivo é auxiliar<br />

as pessoas com a restituição<br />

de bens que foram confiscados, pilhados<br />

ou vendidos à força durante<br />

a época do Holocausto.<br />

A primeira fase do processo é<br />

identificar as pessoas que perderam<br />

seus bens durante aquele período e<br />

incentivá-los a responder um questionário.<br />

O site http://www.<br />

heartwebsite.org/default.<br />

aspx?cc=pt-PT contém as informações<br />

necessárias para determinar se<br />

alguém se qualifica para participar<br />

no Projeto, e se alguma propriedade<br />

confiscada, pilhada ou vendida à<br />

força possa ser elegível para uma<br />

eventual restituição. Ao seguir as instruções<br />

passo a passo, o site guiará<br />

o candidato de modo a submeter o<br />

questionário e iniciar o seu processo<br />

de candidatura. O site descreve,<br />

além disso, os tipos e as localizações<br />

dos bens incluídos e excluídos<br />

do Projeto Heart e forneça informa-<br />

Projeto Heart procura restituição<br />

dos bens tomados no Holocausto<br />

ções adicionais e os prazos.<br />

O Projeto Heart não tem fins lucrativos,<br />

é da Agência <strong>Judaica</strong> para<br />

Israel (Jewish Agency for Israel -<br />

JAFI), financiado por e em cooperação<br />

com o Governo de Israel.<br />

Na fase atual, o objetivo principal<br />

do Projeto Heart é identificar indivíduos<br />

que possam ter potenciais<br />

reivindicações relativas às propriedades.<br />

Para se qualificar, a referida<br />

propriedade reivindicada deve cumprir<br />

todos os seguintes critérios:<br />

1. Propriedade localizada em<br />

países que foram controlados pelas<br />

forças nazistas ou Potências do<br />

Eixo em qualquer altura durante a<br />

época do Holocausto.<br />

2. A propriedade pertencia a<br />

pessoas judias, como definido pelas<br />

leis raciais nazistas/Eixo.<br />

3. A propriedade foi confiscada,<br />

pilhada ou vendida à força pelas<br />

forças nazistas e Potências do Eixo<br />

durante a época do Holocausto.<br />

4. Não tenha sido recebido qualquer<br />

restituição pela propriedade<br />

em questão após a época do Holocausto.<br />

O objetivo final do Projeto é facultar<br />

as ferramentas, estratégias<br />

e informações necessárias a fim de<br />

permitir ao Governo de Israel, ao<br />

Projeto Heart e aos seus parceiros<br />

obterem alguma justiça para as vítimas<br />

judias elegíveis e seus herdeiros<br />

- e para o povo judeu.<br />

Entre as propriedades elegíveis<br />

para o Projeto Heart encontram-se<br />

propriedades privadas de todos os<br />

gêneros:<br />

1. Imóvel: bem que não pode ser<br />

movido sem o destruir ou alterar.<br />

Isso inclui terrenos e propriedades<br />

afins, como terrenos construídos,<br />

incluindo quaisquer construções ou<br />

edifícios inseridos nos mesmos, e<br />

terrenos sem construção.<br />

2. Propriedade móvel: qualquer<br />

propriedade que pode ser movida<br />

de um local para outro. Isso inclui<br />

arte, objetos e peças de arte relacionados<br />

com o judaísmo, gado, ferramentas<br />

profissionais, metais preciosos,<br />

pedras preciosas, joias e<br />

outras propriedades móveis.<br />

3. Propriedade intangível: propriedade<br />

pessoal que não pode<br />

de fato ser movida, tocada ou sentida<br />

sem destrui-la ou alterá-la.<br />

Inclui instrumentos negociáveis<br />

como ações, títulos, apólices de<br />

seguros, contas bancárias e poupança,<br />

patentes registadas, dotes<br />

e outras propriedades pessoais<br />

intangíveis. Pode igualmente incluir<br />

ativos negativos - dívidas e<br />

obrigações devidas a essa pessoa<br />

- tais como empréstimos pendentes<br />

e hipotecas.<br />

Para poder ser elegível e enviar<br />

o questionário ao Projeto Heart, a<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

pessoa deve cumprir os seguintes<br />

critérios:<br />

1. O requerente deve ser uma<br />

pessoa judia sujeita à perseguição<br />

sob as leis raciais nazistas e do Eixo<br />

durante a época do Holocausto; ou<br />

seu herdeiro.<br />

2. O requerente ou seus parentes<br />

judeus foram proprietários ou<br />

estiverem em condições de reclamar<br />

propriedade imóvel, móvel, ou<br />

intangível que era: (i) localizada em<br />

países governados/ocupados pelas<br />

forças nazistas e Potências do Eixo,<br />

e (ii) que foi confiscada, pilhada ou<br />

vendida à força durante a época do<br />

Holocausto.<br />

3. Não tiver feito qualquer restituição<br />

pela propriedade em questão<br />

após a época do Holocausto.<br />

O site descreve também o procedimento<br />

para apresentação da<br />

sua informação e participação no<br />

Projeto Heart. Se for elegível para<br />

participar, basta preencher e enviar<br />

o questionário que se encontra no<br />

site. O questionário pode ser enviado<br />

eletronicamente pela própria<br />

página na internet, por fax para o<br />

número indicado na seção Contatar<br />

Projeto Heart do site, por e-mail<br />

para portuguese@heartwebsite.org<br />

ou ainda pelo correio até 1º de dezembro<br />

de 2011, para o endereço<br />

também indicado na seção Contatar<br />

o Projeto Heart (http://<br />

www.heartwebsite.org/<br />

default.aspx?cc=pt-PT).<br />

A vergonha de uma nação ou o triste episódio<br />

do "Velódromo de Inverno"<br />

Isaac Cubric *<br />

Durante a Segunda Guerra Mundial,<br />

a França foi ocupada de 1940<br />

a 1944 após uma campanha fulminante<br />

dos exércitos alemães, que<br />

durou menos do que o Levante do<br />

Gueto de Varsóvia.<br />

Foram quatro anos nos quais<br />

os franceses viveram sob o tacão<br />

da Alemanha nazista. A esta inusitada<br />

situação eles se adaptaram<br />

de diferentes formas: alguns se recusando<br />

a admitir esta afronta a<br />

seu país, outros se curvando e tentando<br />

suportar a humilhação que<br />

lhes era infligida, mas outros, muito<br />

numerosos, fazendo arranjos ou<br />

procurando se entender com o ocupante,<br />

para salvar suas peles ou<br />

conseguir benefícios, o que resultou<br />

numa profunda colaboração<br />

com o ocupante.<br />

Neste quadro de colaboracio-<br />

nismo insere-se a maior detenção<br />

de judeus na França no decorrer<br />

do conflito.<br />

Em 1942 o regime nazista organizou<br />

a operação "Vento Primaveril"<br />

que deveria resultar na prisão,<br />

em grande escala, de judeus que<br />

viviam em vários países europeus.<br />

Na França, o regime colaboracionista<br />

de Vichy mobilizou a polícia<br />

francesa. Em Paris, 9000 policiais<br />

ficaram encarregados de arrebanhar<br />

os judeus. Instruções da<br />

chefatura determinavam que as<br />

operações deviam realizar-se rapidamente,<br />

sem discussões nem comentários.<br />

A batida deveria ter lugar no dia<br />

14 de julho, mas temendo a repercussão,<br />

por tratar-se de uma das<br />

datas mais respeitadas pelos franceses,<br />

foi transferida para o dia 16.<br />

Assim, policiais franceses, conduziram<br />

para ônibus, os judeus que<br />

conseguiram aprisionar, veículos<br />

dirigidos por motoristas franceses<br />

que os levaram para um centro de<br />

detenção provisório, no Velódromo<br />

de Inverno. Cerca de 7000 judeus<br />

permaneceram neste lugar por cinco<br />

dias, sem alimentos, tendo somente<br />

uma torneira para matar a<br />

sede e tentar permanecer mais ou<br />

menos limpos, antes de serem enviados,<br />

em trens franceses, dirigidos<br />

por maquinistas franceses, aos diferentes<br />

campos de extermínio.<br />

Do total aprisionado sobreviveram<br />

apenas 25 adultos e algumas<br />

crianças.<br />

Em 1995, o presidente Jacques<br />

Chirac, diante do monumento que<br />

relembra o triste episódio, reconheceu<br />

a responsabilidade da França:<br />

"Esta ação mancha para sempre<br />

nossa história e representa uma<br />

injúria a nosso passado e a nossas<br />

tradições. Em 1942, bem aqui,<br />

em Paris, como também em toda a<br />

França, a tragédia começou a<br />

acontecer. A sombra da Shoá já<br />

havia atingido os inocentes confinados<br />

no Velódromo".<br />

Quanto aos responsáveis franceses<br />

pela tragédia que ficou conhecida<br />

como "O Velódromo de Inverno",<br />

um morreu na prisão antes<br />

do julgamento. Os demais fugiram<br />

e permaneceram ocultos até seu falecimento.<br />

Da mancha negra e injuriosa<br />

que envergonha o passado dos<br />

franceses, somente nos resta tirar<br />

uma conclusão:<br />

Muitos perderam tudo, menos a<br />

honra; a grande maioria nada perdeu,<br />

senão a honra...<br />

17<br />

* Isaac Cubric é membro da comunidade judaica, secretário da B'nai B'rith<br />

no Paraná e diretor do Centro de Letras do Paraná. Foi durante longos<br />

anos funcionário da Embaixada de Israel no Rio de Janeiro transferindo-se<br />

posteriormente para a Agência <strong>Judaica</strong>. Foi também presidente do Rotary<br />

Club de Curitiba Santa Felicidade (2005-2006).


18<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

Celebrando os 75 anos de existência<br />

do Congresso Judaico<br />

Mundial (CJM), dirigentes de todas<br />

as comunidades judaicas se<br />

reuniram em Jerusalém, Israel,<br />

entre os dias 19 e 21/6 para o<br />

Board of Governors, que acontece<br />

anualmente para promover<br />

debates e análises sobre a situação<br />

do Oriente Médio e as repercussões<br />

na região e nas comunidades<br />

judaicas do mundo.<br />

A reunião, liderada por Ronald<br />

Lauder-presidente do CJM, contou<br />

com a participação do presidente<br />

de Israel Shimon Peres,<br />

e dos ex-presidentes Alejandro<br />

Toledo e Luis Alberto Lacalle,<br />

respectivamente, do Peru e Uru-<br />

guai, que discursaram na ocasião, e teve Chella Safra, como convidada especial.<br />

A delegação latino-americana foi chefiada por Jack Terpins, presidente do Congresso<br />

Judaico Latino-Americano (CJL) e teve também integrantes do Brasil,<br />

como Julia Guivant, presidente da Associação Israelita Catarinense, e Karen Sasson,<br />

diretora da Conib. Para ela, que participou pela primeira vez de uma reunião<br />

dessa amplitude, "foi uma experiência muito enriquecedora e gratificante".<br />

A professora Jane Bichmacher de Glasman, assídua colaboradora<br />

do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, com temas sempre interessantes<br />

fez uma palestra no dia 14/7, no Centro Cultural<br />

Midrash, do Rio de Janeiro, sobre a "História secreta das<br />

palavras: A influência dos judeus na cultura brasileira".<br />

Ela abordou a origem judaica e marrana de diversos costumes<br />

da cultura brasileira, bem como de vocábulos e<br />

expressões do português e seus significados. Falou sobre<br />

a era dos Grandes Descobrimentos, parte de um longo<br />

período de trevas medievais na História <strong>Judaica</strong> até<br />

o Iluminismo, dos judeus sefaradim, da Península Ibéri-<br />

Faleceu em S. Paulo Eliahu Chut, deixando<br />

mulher e três filhos. Chut, desde cedo, mostrouse<br />

um ativista da comunidade judaica no Rio e<br />

em SP, além de atleta macabeu exemplar. Foi<br />

campeão de basquete pelo Botafogo de Futebol<br />

e Regatas e participou de diversas Macabíadas<br />

pelo mundo, inclusive em Israel. Já radicado<br />

em São Paulo, foi fundador da revista O Hebreu,<br />

que teve circulação nacional, sempre<br />

pautada pela defesa dos interesses da comunidade<br />

judaica no Brasil, e que deixou muitas saudades.<br />

Nossas condolências à família.<br />

Isaac Candi, Samuel Klein e Jaime Rabinovitch<br />

Na reunião do Board of Governors, o presidente da CJL, Jack<br />

Terpins, o segundo à esquerda, ao lado dos ex-presidentes<br />

do Uruguai, Luis Alberto Lacalle e do Peru, Alejandro Toledo<br />

(ambos no centro)<br />

A Congregação Israelita Paulista apresentará<br />

dia 23/8, às 20 h, em S. Paulo<br />

"The Voices of Peace Choir" e Fabiana<br />

Cozza em Acordes pela Paz. Trata-se do<br />

coral árabe-israelense "The Voices of<br />

Peace Choir", formado por jovens de 12<br />

a 18 anos que vêm pela primeira vez ao<br />

Brasil, e que cantarão num encontro inédito<br />

com a cantora de música popular<br />

brasileira Fabiana Cozza. A direção musical<br />

é do maestro Marcelo Ghelfi.<br />

O coral cantou na recepção oferecida ao<br />

Papa Bento XVI na residência oficial do<br />

presidente de Israel, Shimon Peres, em 11<br />

de maio de 2009, em Jerusalém. Vozes da<br />

Paz é um grupo singular que acredita que<br />

suas músicas serão capazes de transmitir<br />

a mensagem de paz, harmonia e compreensão<br />

entre as nações.<br />

A apresentação será no Teatro Bradesco<br />

do Shopping Bourbon. A renda será revertida<br />

para as obras assistenciais da<br />

Congregação Israelita Paulista. Ingressos:<br />

www.ingressorapido.com.br ou (11)<br />

4003.1212 e informações: (11) 2808.6299.<br />

ca, que procuraram refúgio em países no Mediterrâneo,<br />

norte da África, Holanda e nas recém-descobertas terras<br />

de além-mar, nas Américas, para refugiarem-se das<br />

garras da Inquisição e apresentou exemplos dos costumes<br />

dos cristãos-novos ou criptojudeus.<br />

Jane é doutora em Língua Hebraica, Literaturas e<br />

Cultura <strong>Judaica</strong>, professora adjunta, fundou e coordenou<br />

o Setor de Hebraico da UERJ e da UFRJ, o<br />

Programa de Estudos Judaicos da UERJ, é escritora<br />

colaboradora de vários jornais e revistas judaicas e<br />

não judaicas... e avó corujíssima de Pietro!<br />

O livro "O teatro na vida da comunidade judaica curitibana", de<br />

Sara Schulman, o primeiro a ser lançado sob o selo do Instituto<br />

Cultural Judaico Brasileiro 'Bernardo Schulman', recentemente<br />

na Universidade Federal do Paraná, durante a exposição sobre<br />

Imigração <strong>Judaica</strong> no Paraná, está à venda na secretaria do Centro<br />

Israelita do Paraná (CIP) ao preço de R$ 25,00 o exemplar.<br />

Trata-se de uma obra resultante de extensa pesquisa dedicada à<br />

preservação da memória da coletividade, que toda família judaica<br />

deveria ter. Fartamente ilustrado, o livro aborda o teatro falado em<br />

ídiche, principal manifestação cultural da comunidade judaica desde<br />

os seus primórdios até as primeiras décadas do século passado.<br />

Parte da renda é revertida em benefício do Ichud Habonim<br />

Dror, de Curitiba.<br />

Dia 13/6, o empresário Samuel Klein (Casas<br />

Bahia, uma das maiores redes de varejo<br />

do país) e o seu filho Michael Klein foram<br />

à Sinagoga do Colégio Renascença, em<br />

S. Paulo, participar de um encontro com 200<br />

alunos dos colégios Beit Iaacov, Iavne, IL<br />

Peretz, Renascença e das Yeshivot Gevoá<br />

e Or Israel (de Cotia), que participam do<br />

Projeto Educação para a Vida 2011 - Viagem<br />

à Polônia e Israel.<br />

Além dos presidentes e diretores das escolas<br />

envolvidas, o evento contou com a presença<br />

de Boris Ber, Isaac Candi, Ricardo<br />

Berkiensztat e Alberto Milkewitz, da Federação<br />

Israelita do Estado de São Paulo e de<br />

Moises Nigri e Rafi Nasser, presidentes do<br />

Ten Yad e do Fundo Comunitário.<br />

Ao abrir o encontro, o presidente do Renascença,<br />

Jaime Rabinovitsch, fez questão de<br />

frisar: "os alunos que estão aqui hoje, não são<br />

apenas convidados, mas sim privilegiados".<br />

A plateia de jovens se emocionou com<br />

trechos do filme exibido sobre a vida de<br />

Samuel Klein, bem como de suas palavras<br />

encorajadoras.<br />

"Fiz questão de vir aqui para contar pessoalmente<br />

a vocês tudo o que aconteceu comigo.<br />

Quando eu fui para o Campo de Concentração<br />

tinha a idade de vocês, a lição que eu<br />

Da coluna do jornalista Aroldo Murá<br />

do dia 28/6 no jornal Indústria &<br />

Comércio: "É de André Camlot e<br />

Marcel Heilborn o cartaz promocional<br />

da exposição de fotografias da<br />

comunidade judaica de Curitiba<br />

aberta na semana passada no prédio<br />

histórico da Universidade Federal<br />

do Paraná"<br />

Segundo o respeitado jornalista "a<br />

peça publicitária dos jovens curitibanos<br />

pode participar de qualquer<br />

mostra de artes plásticas, dadas as<br />

qualidades visuais e de texto.<br />

Apenas para esclarecer em vista de<br />

conceitos imprecisos sobre a representatividade<br />

do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>,<br />

que circulam nos meios comunitários,<br />

informamos que o <strong>VJ</strong> não é<br />

um órgão externo de comunicação<br />

de nenhuma das nossas instituições<br />

judaicas, como Federação ou Kehilá,<br />

mas sim um órgão independente<br />

da comunidade.<br />

Em assembleia geral Ordinária realizada dia<br />

30/6, foi eleita por aclamação a nova diretoria<br />

da Federação Israelita do Paraná para o biênio<br />

2011/2013, composta pelos seguintes membros:<br />

Presidente - Manoel Knopfholz; 1° Vice-<br />

Presidente - Nathan Kulisch; 2° Vice-Presidente<br />

- Leo Kriger; 1° Secretário - Izhak Polikar; 2°<br />

Secretário - Davi Knopfholz; Diretor Jurídico -<br />

Fernando Muniz Santos; Diretor de Relações<br />

Institucionais - Isac Baril; Diretora de Divulgação<br />

e Eventos - Ilana Lerner Hoffmann.<br />

O Conselho Fiscal da FEIP é composto por Artur<br />

Grynbaum, Helio Rotenberg e Sidney Axelrud<br />

Nova diretoria da Federação Israelita foi eleita no final de junho<br />

aprendi, depois de tudo que passei e até chegar<br />

aos dias de hoje, foi de que é preciso olhar<br />

para frente sempre. Quero deixar uma mensagem<br />

a vocês jovens: tenham D-us no seu<br />

coração, amor e simpatia ao próximo e a coragem<br />

de não ter medo do futuro". de Samuel<br />

Klein.<br />

O Projeto Educação para a Vida - Viagem<br />

à Polônia e Israel, propõe fortalecer a<br />

identidade judaica e sionista dos alunos,<br />

possibilitar o testemunho de cenários do<br />

Holocausto e preservar a memória judaica<br />

e mundial, além de estimular a compreensão<br />

da importância do Estado de<br />

Israel para os judeus de todo o mundo.<br />

Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br


ARI ZUGMAN E FAMÍLIA<br />

ARTUR GRYNBAUM<br />

AVRAM FISELOVICI E FAMÍLIA<br />

BORIS E GENY AISENBERG<br />

BUNIA FINKEL<br />

GAL CZERNY E FAMÍLIA<br />

HAROLDO JACOBOVICZ E FAMÍLIA<br />

HELCIO KRONBERG E FAMÍLIA<br />

IDA LERNER E FAMÍLIA<br />

ISMAR STRACHMAN E FAMÍLIA<br />

JAIME ARON TEIG E FAMÍLIA<br />

JAIME GUELMANN E FAMÍLIA<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

Operação Entebbe completa 35 anos<br />

o dia 27 de junho de<br />

19 76, um jato da<br />

Air F rance na rota<br />

de Tel Aviv para Paris<br />

f oi seques trado<br />

por quarto terr oristas<br />

depois de uma escala<br />

em Atenas. A aeronave Airbus<br />

A300 foi desviada para a Líbia, onde<br />

foi reabastecida e mais tarde seguiu<br />

para o aeroporto de Entebbe,<br />

em Uganda.<br />

Em Entebbe, os sequestradores<br />

se juntaram a outros terroristas. Os<br />

terroristas também foram apoiados<br />

pelas forças do então presidente de<br />

Uganda, Idi Amin.<br />

Os sequestradores exigiram a libertação<br />

de 53 condenados por terrorismo.<br />

Destes, 40 encontravam-se<br />

presos em I srael, 6 na Alemanha<br />

Ocidental, 5 no Quênia, um na Suíça<br />

e outro na França.<br />

Os passageiros não judeus e a<br />

tripulação de voo foram libertados.<br />

Mas a tripulação da Air France, li-<br />

derada pelo capitão Michel Bacos,<br />

recusou-se a sair sem os passageiros<br />

judeus.<br />

Ao longo da semana seguinte,<br />

esforços foram feitos para negociar<br />

a libertação dos passageiros.<br />

Ao mesmo tempo, estrategistas militares<br />

das Forças de Defesa de Israel<br />

começaram a analisar a possibilidade<br />

de levar a cabo uma missão<br />

de resgate à distância no coração<br />

da África central.<br />

Em 3 de julho o gabinete israelense<br />

liderado pelo primeiro-ministro<br />

Yitzhak Rabin, aprovou a audaciosa<br />

operação de resgate.<br />

No meio da tarde daquele mesmo<br />

dia, quatro aviões Hercules C-<br />

130 da Força Aérea Israelense, bem,<br />

como dois jatos Boeing 707 decolaram<br />

de I srael e rumaram para o<br />

Sul sobre o Mar Vermelho A força<br />

de resgate consistia de aproximadamente<br />

100 soldados das Forças<br />

de Defesa de Israel (FDI).<br />

A força de resgate das FDI aterrissou<br />

em Entebbe sob a cobertura<br />

da escuridão por volta das 23 h locais.<br />

Numa operação que duraria<br />

menos de uma<br />

hora, os soldados<br />

das FDI mataram<br />

todos os<br />

terroristas e libertaram<br />

os reféns.<br />

" K u l a m<br />

lishkvav! Todos<br />

no chão. Somos<br />

do exército israelense".<br />

Com estas<br />

palavras, o<br />

soldado Amos Goren anunciava às<br />

103 pessoas mantidas como reféns<br />

pelo grupo de terroristas, no Aeroporto<br />

Internacional de Entebbe, que<br />

a história de seu trágico sequestro,<br />

iniciado no dia 27 de junho de 1976,<br />

Aeronave C-130 Hercules, utilizada no assalto aeroterrestre e resgate dos reféns em Entebbe<br />

Missão de resgate israelense marcou significativa derrota do terrorismo que ressoa até hoje<br />

Tenente-coronel Yonatan Netaanyahu z"l<br />

poderia ter um final feliz.<br />

Dois reféns foram mortos no<br />

fogo cruzado. O contingente das<br />

FDI sofreu uma única fatalidade -<br />

o tenente- coronel Yonatan Netanyahu,<br />

comandante da unidade<br />

ass alto, que foi baleado fora do<br />

edifício do terminal<br />

aéreo<br />

durante a batalha<br />

contra os<br />

terr or is tas e<br />

os s oldados<br />

u g a n d e n s e s .<br />

Yonatan era irmão<br />

do atual<br />

p r i m e ir o - mi -<br />

nistro de Israel,<br />

Biny amin Netanyahu.<br />

A força de resgate das FDI e os<br />

passageiros libertados chegaram de<br />

volta a Israel no dia 4 de julho.<br />

A missão de resgate israelense<br />

marcou uma significativa derrota do<br />

terrorismo que ressoa até hoje em dia.<br />

COLABORADORES DE VISÃO<br />

JAIME INGBERMAN E FAMÍLIA<br />

JAYME NUDELMAN E FAMÍLIA<br />

JAYME ZLOTNIK E FAMÍLIA<br />

JOSÉ SCHWEIDSON E FAMÍLIA<br />

<strong>JUL</strong>IO ZUGMAN E FAMÍLIA<br />

LEILA BURKINSKI E FAMÍLIA<br />

LINA BURKINSKI E FAMÍLIA<br />

MAURÍCIO SCHULMAN E FAMÍLIA<br />

MAURÍCIO FRISCHMANN E FAMÍLIA<br />

MIGUEL KRIGSNER E FAMÍLIA<br />

RUBENS LICHTENSTEIN E FAMÍLIA<br />

SABINE WAHRHAFTIG<br />

Reféns libertados em Uganda chegam a Israel<br />

SALIM IBRAHIM BELACIANO<br />

SAMUEL GRYNBAUM E FAMÍLIA<br />

SARA BURSTEIN<br />

SAUL ZUGMAN E FAMÍLIA<br />

SULAMITA P. MACIORO E FAMÍLIA<br />

SULAMITA PACIORNIK E FAMÍLIA<br />

TÂNIA MARIA BAIBICH-FARIA<br />

VERGIL TRIFAN E FAMÍLIA<br />

VICTOR RICARDO HERTZ E FAMÍLIA<br />

VITCIA E BETY ITZCOVICH<br />

ZALMEN CHAMECKI E FAMÍLIA<br />

ANÔNIMOS<br />

19


20<br />

* Antônio Carlos<br />

Coelho é professor<br />

universitário,<br />

escritor, diretor do<br />

Instituto de Ciência<br />

e Fé e colaborador<br />

do jornal <strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong>.<br />

Papa Pio XII: uma grande controvérsia<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

Antônio Carlos Coelho *<br />

ugênio Pacelli, o<br />

Papa Pio XII, era a<br />

absoluta autoridade<br />

na Igreja durante um<br />

mundo conflitado<br />

pela guerra. Na opinião<br />

de muitos grandes da época ele a<br />

conduzia como um experiente marujo<br />

nos mares revoltos dos anos<br />

40. Nada se tinha a obstar sobre<br />

sua autoridade e fidelidade aos<br />

princípios do Evangelho e do Magistério<br />

da Igreja.<br />

Teria sido Pacelli fiel aos princípios<br />

do Evangelho, ou estaria<br />

mais preocupado e preservar seu<br />

poder e sua segurança? Pio XII está<br />

sendo colocado em dúvida por omissão<br />

diante do maior crime contra a<br />

Humanidade. Quando foi anunciada<br />

a abertura do processo de sua<br />

canonização, houve protestos, o<br />

Papa não merecia a dignidade proposta<br />

por Paulo VI. Tinha sido omisso,<br />

segundo alguns, diante das atrocidades<br />

nazistas. Dali para diante<br />

passou a ser chamado por uns de<br />

"o Papa de Hitler", por outros, em<br />

clara defesa do pontífice, "o Papa<br />

dos judeus".<br />

Este artigo não tem outra razão<br />

senão contribuir para uma<br />

justa avaliação do pontificado e<br />

da pessoa de Eugênio Pacelli. Não<br />

tenho interesse em transformá-lo<br />

num justo, mas também não quero<br />

mandá-lo para o inferno. Ensina-nos<br />

a sabedoria buscar a verdade<br />

e a justiça.<br />

No atual momento conhecer a<br />

verdade para fazer-se<br />

justiça é difícil. A força<br />

das opiniões correntes<br />

na mídia e, principalmente,<br />

na internet<br />

ofusca as tentativas.<br />

Sites e mensagens<br />

e textos pouco contribuem<br />

para a verdade,<br />

mais confundem as opiniões,<br />

confirmando o<br />

quanto há de superficialidade<br />

e partidarismo<br />

nos seus conteúdos.<br />

E, mesmo que haja<br />

verdade no conteúdo Eugenio Zolli<br />

Pio XII e os judeus - I<br />

dos textos e afirmações de alguns,<br />

no embolado das opiniões, não<br />

ganham nenhum crédito. Para julgar<br />

Pio XII faltam-nos provas. Ainda<br />

não foi concluído o trabalho<br />

no arquivo do Vaticano relativo ao<br />

período de Pio XII. Contou-me um<br />

conhecedor dos arquivos que há<br />

uma forma de arquivamento própria<br />

da documentação e que ela<br />

não obedece à cronologia dos fatos,<br />

daí a demora na viabilização<br />

da pesquisa. Enquanto isso cabe<br />

ao senso de justiça aguardar.<br />

Mas, vamos em frente.<br />

Sisudo e tímido, Pio XII não era<br />

dono da mesma simpatia e carisma<br />

dos Papas Pio XI, que o antecedeu,<br />

e de João XXII que o sucedeu.<br />

Pio XII governou a Igreja num período<br />

tenso de excessiva pressão do<br />

nazismo e do fascismo de Mussolini.<br />

Somava-se como um peso ao seu<br />

governo, a antiga postura da Igreja<br />

contra os movimentos liberais do<br />

século XIX e contra o comunismo.<br />

Pio XII viveu na turbulenta transição<br />

do mundo moderno para o contemporâneo.<br />

Os regimes políticos em voga<br />

na Europa pós-primeira guerra<br />

não se afinavam com a Doutrina<br />

Social da Igreja. Pio XI havia criticado<br />

severamente o fascismo<br />

(1931) na Encíclica "No Abbiamo<br />

Bisogno" (Nós não Precisamos).<br />

Oito anos após condenou o comunismo<br />

através da encíclica Divini<br />

Redemptoris. Por outro lado, Mussulini<br />

já havia manifestado desde<br />

seus tempos de militância no<br />

partido socialista seu ódio à Igreja<br />

e, pregava em seus discursos<br />

às classes trabalhadoras, a morte<br />

dos padres.<br />

E, no ano de 1937, Pio XI, lançou<br />

uma "bomba" sobre o nazismo,<br />

a Encíclica "Mit brennender<br />

Sorge" (Com profunda preocupação)¹.<br />

Publicada exclusivamente<br />

em alemão, condenava expressa<br />

e formalmente os erros do nacional-socialismo,<br />

classificando-a<br />

com uma ideologia racista e<br />

pagã. A leitura da Enciclica foi<br />

feita no Domingo de Ramos - 21<br />

de março de 1937 - em mais de<br />

11 mil igrejas católicas<br />

da Alemanha. A<br />

carta pontifícia, pelo<br />

seu conteúdo e pela<br />

forma como foi levada<br />

a público, causou<br />

uma surpresa geral<br />

para os fiéis e autoridades<br />

alemãs. O<br />

Terceiro Reich jamais<br />

havia recebido uma<br />

contestação de tal<br />

amplitude. No entanto,surpreendentemente<br />

o jornal do<br />

partido nacional so-<br />

OPINIÃO<br />

Uma questão polêmica<br />

para ler e refletir<br />

Szyja Lorber *<br />

O tema é de fato muito polêmico.<br />

De um lado, estão os acusadores<br />

de Pio XII de que ele nada fez<br />

como Papa para salvar os judeus<br />

durante o Holocausto, que não levantou<br />

a voz para criticar o nazismo.<br />

No outro campo, surgem pessoas,<br />

entre eles proeminentes judeus,<br />

que, dizem o contrário, que<br />

Pio XII salvou sim judeus - e muitos<br />

- mas de forma silenciosa e em<br />

segredo e, teria justificadas razões<br />

para isso: represálias nazistas contra<br />

os católicos na Europa.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> resolveu abordar<br />

o assunto - e ninguém melhor<br />

para isso que o professor Antônio<br />

Carlos Coelho, conhecedor profundo<br />

da Igreja Católica e outras<br />

religiões, mas judeu de alma, coração<br />

e cabeça - já há algum tempo,<br />

porém apressou-se em fazê-lo,<br />

depois que o embaixador israelense<br />

junto ao Vaticano, Mordechai<br />

Levy, fez o mais favorável comentário<br />

de um representante do<br />

governo de Israel sobre Pio XII,<br />

recentemente, causando surpresa<br />

e grande controvérsia dentro do<br />

mundo judaico, fato que, posteriormente<br />

o levou, de certa forma<br />

a se retratar dos elogios ao Papa,<br />

dizendo que os seus comentários<br />

estariam "incorporados em um<br />

contexto histórico mais amplo e,<br />

dado o fato de que este contexto é<br />

ainda objeto de investigação em<br />

andamento, divulgar a minha opinião<br />

histórica sobre o Papa Pio<br />

cialista Völkischer Beobachter publicou<br />

a Encíclica, ampliando a<br />

divulgação da condenação ao nazismo.<br />

Joseph Goebbels percebeu<br />

a força das palavras papais e o<br />

que ela representava diante do<br />

projeto nazista.<br />

Logo após a publicação da<br />

"Mit brennender Sorge", tiveram<br />

início as perseguições aos religiosos:<br />

em 1937, 1.100 deles foram<br />

presos; em 1938, 304 sacerdotes<br />

foram mandados para o campo<br />

de Dachau e as organizações e<br />

escolas católicas foram interditadas.<br />

No final da guerra cerca<br />

de 11 mil sacerdotes receberam<br />

medidas punitivas, até as mais<br />

severas, a morte nos campos de<br />

extermínio. A relação entre o Va-<br />

* Szyja Lorber é jornalista e editor do <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

XII foi prematura". Claro, foi uma<br />

evidente tentativa de acalmar os<br />

ânimos de seus críticos que rapidamente<br />

o atacaram - alguns grupos<br />

judaicos, incluindo sobreviventes<br />

do Holocausto.<br />

O episódio do embaixador em<br />

si, sem dúvida alguma, mostra o<br />

quão delicado ainda é o tema Pio<br />

XII. A questão do que Papa fez ou<br />

deixou de fazer para ajudar os<br />

judeus tem atormentado as relações<br />

entre católicos e judeus por<br />

décadas e é muito raro um líder<br />

judeu ou israelense elogiar Pio<br />

XII. Mas esses elogios existiram<br />

como se irá verificar na primeira<br />

parte deste texto impecável de<br />

Antônio Carlos Coelho.<br />

O embaixador Levy discursou<br />

numa cerimônia em homenagem<br />

a um padre italiano que ajudou<br />

os judeus. Disse - e há documentos<br />

comprobatórios disso - que<br />

conventos e mosteiros católicos<br />

abriram suas portas para salvar<br />

judeus depois que os nazistas<br />

começaram as perseguições no<br />

Gueto de Roma em 16 de outubro<br />

de 1943. "Há razões para se acreditar<br />

que isso aconteceu sob a<br />

supervisão dos mais altos escalões<br />

do Vaticano, que eram informados<br />

sobre o que estava acontecendo.<br />

Portanto, seria um erro<br />

dizer que a Igreja Católica, o Vaticano<br />

e o próprio Papa se opuseram<br />

sobre ações para salvar judeus.<br />

Ao contrário, o oposto é o<br />

verdadeiro" afirmou então o embaixador.<br />

ticano e os regimes totalitários<br />

de Hitler e Mossulini era extremamente<br />

frágil, levando Pio XII<br />

governar a Igreja Católica sobre<br />

o fio da navalha.<br />

Pio XII pouco manifestava a<br />

doçura de um pastor, no entanto,<br />

transmitia segurança e firmeza de<br />

princípios ao seu rebanho naqueles<br />

dias conturbados de uma Europa<br />

dividida entre os regimes ditatoriais<br />

de direita e da ameaça do<br />

comunismo. Para a Igreja ambos<br />

eram péssimos, mas, naquelas circunstâncias<br />

deveria ser prudente.<br />

Comunidades cristãs inteiras, na<br />

Polônia, na Áustria, na Alemanha<br />

corriam o risco da perseguição.<br />

Qual seria a melhor política a ser<br />

adotada pelo Vaticano?


A Igreja tinha seus membros perseguidos<br />

tanto na parte comunista<br />

como na Alemanha. Organizações e<br />

escolas católicas já tinham sido<br />

interditadas e muitos foram presos<br />

e enviados aos campos de concentração.<br />

O caminho natural da diplomacia<br />

era a de evitar perdas. Mesmo<br />

assim, há registros de conventos<br />

italianos, como é o caso do Convento<br />

dos Quatro Santos Coroados,<br />

próximo a Roma, que recebeu, a<br />

partir de 1943, perseguidos do regime<br />

nazista, inclusive judeus. Segundo<br />

ata do Convento, esses realizavam<br />

suas orações de Shabat e das<br />

Grandes Festas. Um amigo que estudou<br />

na Itália contou-me, recentemente,<br />

sobre uma família que desde<br />

1943 permanecia na casa dos<br />

Missionários Claretianos em Roma.<br />

Há inúmeros testemunhos da atuação<br />

do Papa Pio XII em favor dos<br />

judeus. O Grão-Rabino de Roma, Italo<br />

Zolli² afirmou que no conhecido<br />

episódio dos 50 quilos de ouro exigidos<br />

dos judeus de Roma, 15 quilos<br />

foram ofertados pelo Vaticano,<br />

para completar aos 35 quilos conseguidos<br />

pelos judeus locais.<br />

O rabino norte-americano David<br />

Dalin³, contrariando<br />

as acusações ao Papa:<br />

"Pio XII salvou algo em<br />

torno de 800.000 judeus<br />

italianos, a atitude<br />

não colaborativa do<br />

Vaticano levou Hitler a<br />

traçar planos de invasão<br />

e prisão do papa,<br />

a rádio do Vaticano foi<br />

a primeira e uma das<br />

únicas a anunciar e denunciar<br />

as atrocidades<br />

nazistas contra judeus<br />

e católicos poloneses a<br />

partir de 1940".<br />

São fatos conhecidos que Golda<br />

Meir, Moshe Sharett, Einstein e<br />

Pinchas Lapide, agradeceram publicamente<br />

a Pio XII pela ajuda que<br />

prestou aos judeus. Sabe-se que,<br />

durante a guerra, o cardeal Angelo<br />

Roncalli (Papa João XXIII), então<br />

núncio apostólico na Grécia e Turquia,<br />

emitiu certificados de batismo<br />

a judeus, bem como o padre<br />

Karol Wojtyla (mais tarde Papa<br />

João Paulo II) falsificou passaportes<br />

a judeus poloneses.<br />

Dalin também afirma que "a comunidade<br />

judaica italiana reco-<br />

Neonazistas queriam criar<br />

novo país no Sul do Brasil<br />

Um novo país no Sul do Brasil era<br />

o desejo de um grupo neonazista, formado<br />

principalmente por membros<br />

do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande<br />

do Sul, São Paulo e Minas Gerais.<br />

Segundo as polícias gaúcha e paranaense,<br />

o plano foi descoberto há<br />

dois anos, após o homicídio que envolveu<br />

neonazistas rivais. De acordo<br />

com o delegado Francisco Alberto<br />

Caricati, titular do 10º Distrito Policial<br />

de Curitiba, o caso que envolveu<br />

a morte de um casal neonazista durante<br />

uma comemoração do grupo em<br />

abril de 2009, foi o estopim para a<br />

descoberta os anseios políticos do<br />

grupo. O casal foi executado na BR-<br />

116, próximo de Quatro Barras.<br />

Durante as investigações, os<br />

policiais descobriram que havia<br />

um estatuto de uma nova nação<br />

nazista a partir de Santa Catarina<br />

e Rio Grande do Sul. "Eles queriam<br />

tomar o poder a partir desses Estados<br />

para depois expandir para<br />

outros lugares", disse o delegado.<br />

Assim como em São Paulo, no Sul o<br />

perfil dos agressores é de jovens<br />

entre 15 e 30 anos. Sempre agindo<br />

em bandos, eles costumam usar<br />

armas brancas, como facas, martelos,<br />

estiletes e tacos.<br />

Dez meses depois de ser condenado<br />

pela Justiça por liderar uma<br />

gangue de skinheads acusada de praticar<br />

um atentado a bomba durante a<br />

Parada Gay de 2009 em São Paulo,<br />

Guilherme Witiuk Ferreira de Carvalho,<br />

o Chuck, de 21 anos, voltou a ser<br />

preso por um crime de intolerância.<br />

Ele e mais quatro rapazes são acusados<br />

de agredir fisicamente quatro<br />

pessoas, novamente na região da<br />

Avenida Paulista. As vítimas contaram<br />

que, enquanto recebiam socos e<br />

pontapés, seus agressores gritavam<br />

a seguinte frase: "Negros, nordestinos,<br />

filhos da p., somos skinheads e<br />

vamos matar vocês, seus zumbis". A<br />

Polícia apreendeu com os acusados<br />

três machados, quatro punhais, um<br />

facão, uma caneta de ferro com duas<br />

pontas e um cinto com soco inglês<br />

como fivela.<br />

De acordo com a polícia, os acusados<br />

detidos em flagrante foram<br />

indiciados por tentativa de homicídio,<br />

injúria racial e formação de<br />

quadrilha e fazem parte de uma gangue<br />

chamada Impacto Hooligan, que<br />

é um dos 25 grupos investigados<br />

pela Delegacia de Crimes Raciais e<br />

Delitos de Intolerância (Decradi) por<br />

cometer crimes contra minorias em<br />

São Paulo. Segundo a polícia, a maioria<br />

é formada por neonazistas.<br />

O Decradi já havia detido Ferreira<br />

de Carvalho e mais seis suspeitos<br />

em dezembro de 2009, seis meses<br />

após um atentado a bomba ferir pelo<br />

menos 13 pessoas que participaram<br />

da Parada Gay na Avenida Paulista.<br />

nheceu que a sobrevivência<br />

de grande<br />

parte de seus integrantes<br />

se deveu à<br />

atuação da Santa Sé,<br />

e que o número de<br />

deportações teria<br />

sido muito maior sem<br />

ela".<br />

Talvez, uma das<br />

razões que alimentem<br />

as acusações a<br />

Eugênio Pacelli te-<br />

Rabino David Dalin<br />

nha sido a própria<br />

característica da comunidade<br />

judaica italiana, principalmente<br />

a romana. Os judeus<br />

italianos eram muito mais esperançosos<br />

que seus irmãos de outras<br />

comunidades europeias. Afinal,<br />

eles estavam na Itália e confiavam<br />

na força da diplomacia do<br />

Vaticano, e isto os fazia mais confiantes<br />

e seguros diante da ameaça<br />

nazista. O fato de muitos judeus<br />

terem sidos levados aos campos<br />

de extermínio pode ter despertado<br />

dúvidas a respeito da atuação da<br />

Igreja junto às autoridades germânicas,<br />

o que é muito compreensível.<br />

(Continua na próxima edição).<br />

Por veicular matéria discriminatória<br />

em relação ao Estado de Israel e ao povo<br />

judeu, o site www.multiplosuniversos.<br />

com.br foi interditado pela justiça paraibana.<br />

Seu proprietário, um conhecido antissemita<br />

brasileiro que diz ser só antissionista,<br />

Gilson Marques Gondin impetrou<br />

um "mandamus" para liberar o site, mas os<br />

juízes mantiveram sua interdição. Ainda assim,<br />

até o dia 17/7 Gondin ainda não havia<br />

tirado do ar o endereço eletrônico que, pela<br />

decisão judicial deveria ficar inacessível<br />

na internet.<br />

A decisão da Câmara Criminal do Tribunal<br />

de Justiça da Paraíba, no julgamento do<br />

Mandado de Segurança (200.2010.037804-<br />

7/002), na sessão de 5/6 é unânime. A ação<br />

penal é oriunda da 5ª Vara Criminal da comarca<br />

de João Pessoa.<br />

O impetrante recorreu de decisão do Juízo<br />

da 5ª Vara, que suspendeu a publicação,<br />

alegando que teve restringida sua<br />

liberdade de expressão, visto que<br />

o blog contém outras divulgações<br />

estranhas à matéria objeto da<br />

ação penal, "sendo bastante visitado<br />

e aberto a manifestações as<br />

mais variadas do público."<br />

A ação penal tramita na Paraíba<br />

porque o provedor do site<br />

hotstore.com.br tem endereço no<br />

Estado. Para o relator do processo,<br />

desembargador João Benedito<br />

da Silva, a ordem constitucional<br />

não admite a existência de<br />

direitos ou garantias de caráter<br />

absoluto.<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

NOTAS:<br />

1. A Encíclica foi escrita com auxílio dos cardeais<br />

alemães Adolf Bertram, Michael von Faulhaber e Karl<br />

Joseph Schulte e dos dois bispos alemães mais<br />

contrários ao regime, Clemens von Gallen e Konrad von<br />

Preysing e, também, com os auxiliares do Papa Mons.<br />

Ludwig Kaas e dos jesuítas Robert Leiber e Augustin Bea.<br />

2. Italo Zolli foi grão-rabino de Roma. Nasceu em Brody,<br />

Ucrânia, 1881. Adotou um nome italiano por força da lei<br />

fascista. Após a liberação de Roma converteu-se,<br />

juntamente com a mulher e fílha, ao catolicismo, adotando<br />

o nome do Papa, Eugenio Pio Zolli. Morreu em 1956.<br />

3. David G. Dalin, rabino conservador e historiador. É<br />

autor, coautor ou editor de dez livros sobre a história<br />

judaica americana, política e relações judaico-cristãs.<br />

Foi professor de história judaica americana na<br />

Universidade de Hartford, professor visitante no<br />

Seminário Teológico Judaico da América e em outras<br />

instituições. Escreveu inúmeros artigos e resenhas de<br />

livros que foram publicados em História <strong>Judaica</strong><br />

Americana, Commentary, First Things, The Weekly Standard<br />

e o Livro do Ano Judaico Americano. Dalin pertenceu ao<br />

Conselho Editorial e o Conselho Consultivo da revista First<br />

Things, ao Conselho Editorial da revista Judaísmo<br />

Conservador, é membro do Conselho Consultivo<br />

Acadêmico da American Jewish Historical Society.<br />

O Rabino Dalin apresentando seu livro "O Mito do Papa de Hitler"<br />

21<br />

Justiça mantém interditado site<br />

que discrimina Israel e povo judeu<br />

O desembargador afirma, em seu voto,<br />

que, diante de fortes indícios do blog do<br />

impetrante veicular comentários discriminatórios<br />

e racistas contra o povo judeu,<br />

ofendendo o direito fundamental ao<br />

respeito, ao tratamento digno e não discriminatório,<br />

"perde relevância jurídica<br />

o argumento no sentido de que as inserções<br />

contidas no site são meras manifestações<br />

da liberdade de pensamento."<br />

O magistrado ainda rejeitou o pedido de<br />

permanência do site, ao menos nas partes<br />

em que a questão israelita não seja tratada.<br />

Segundo o julgador, é impossível conceder a<br />

sugestão nesse ponto, por inexistência de<br />

prova pré-constituída.<br />

Resta aguardar quais as penas que serão<br />

cominadas ao réu por desobediência à<br />

decisão do Poder Judiciário mantendo seu<br />

site no ar, após a decisão judicial.<br />

O Tribunal de Justiça da Paraíba tomou importante decisão:<br />

interditou e mandou tirar do ar site que ofendia o Estado de Israel


22<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

VISÃO<br />

Vereador mais votado em B. Aires é rabino<br />

Rabino Bergman<br />

panorâmica<br />

O rabino Sergio Bergman, candidato pelo<br />

Partido Propuesta Republicana é o vereador<br />

mais votado em Buenos Aires,<br />

com 45% do total de votos, três vezes<br />

mais que o segundo colocado com 14%.<br />

O fato, inédito, não se deve ao "voto judaico",<br />

mas é também uma resposta contundente<br />

dos argentinos contra os candidatos<br />

nazistas e o antissemitismo argentino.<br />

Bergman é o criador da Fundación<br />

Argentina Ciudadana que protesta<br />

todos os meses contra a impunidade no<br />

caso AMIA na frente do Supremo Tribunal<br />

e é rabino da Congregação Israelita<br />

da República Argentina. Ele disse que<br />

seu trabalho como vereador será expressar<br />

a voz das pessoas, algo que<br />

sempre fez. Tem 49 anos, é casado, quatro<br />

filhos, formado pela Faculdade de<br />

Farmácia e Bioquímica de Buenos Aires.<br />

Ordenado rabino em 1992, tem<br />

mestrado em educação "Suma Cum<br />

Laude" na Universidade Hebraica de Jerusalém,<br />

mestrado em literatura rabínica<br />

no Hebrew Union College, e mestrado<br />

em estudos judaicos no Jewish<br />

Theological Seminary. (AJN).<br />

Ultrassom israelense contra câncer em SP<br />

Único na América Latina, um avançado<br />

aparelho de ultrassom de alta frequência,<br />

que utiliza tecnologia israelense,<br />

foi instalado no Instituto do Câncer do<br />

Estado de S. Paulo e estará disponível à<br />

população pelo Sistema Único de Saúde<br />

(SUS). Ele destrói células cancerígenas<br />

sem a necessidade de cirurgia e<br />

anestesia. A principal vantagem é que<br />

as áreas ao redor do tumor não são afetadas,<br />

já que a técnica é muito precisa<br />

e só ataca onde é necessário. Também<br />

dispensa o uso de anestésicos e permite<br />

que os pacientes fiquem conscientes<br />

durante toda a operação. Além disto, o<br />

procedimento não causa dor intensa. A<br />

cerimônia de inauguração contou com<br />

a presença do governador Geraldo Alckmin.<br />

(Jornal Alef).<br />

Após 5 anos, ONU advoga por Shalit<br />

Em declaração de seu porta-voz Mar-<br />

(com informações das agências AP, Reuters, AFP,<br />

EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem Post,<br />

Haaretz, Notícias da Rua Judaíca e IG)<br />

• Yossi Groisseoign •<br />

tin Nesirky, o secretário-geral da ONU,<br />

Ban Ki-moon, pediu ao grupo terrorista<br />

Hamas a imediata libertação do soldado<br />

israelense Gilad Shalit, cujo sequestro<br />

completou cinco anos. "O secretário-geral<br />

pede ao Hamas que proteja<br />

sua vida, que o trate com humanidade<br />

e que prove estar vivo, assim<br />

como permita à sua família ter contato<br />

com ele", disse o porta-voz de Ban,<br />

num comunicado. Shalit foi sequestrado<br />

em 25 de junho de 2006, dentro do<br />

território israelense na fronteira de<br />

Gaza, quando foram assassinados outros<br />

dois soldados. A ONU exortou ainda<br />

o Hamas a "cumprir com o direito<br />

humanitário internacional". O secretário<br />

disse que as Nações Unidas continuarão<br />

apoiando os esforços para<br />

que as negociações resultem na sua<br />

libertação. Desde seu sequestro, Shalit<br />

está cativo supostamente na Faixa<br />

e sua libertação depende de uma troca<br />

que se arrasta pela falta de acordo<br />

entre as partes. O Hamas exige a libertação<br />

de centenas de terroristas condenados<br />

por atentados terroristas<br />

sangrentos que vitimaram mais de 400<br />

civis. (Aurora).<br />

Gaza recebe tudo o que necessita<br />

Caminhões na fila para Gaza levando tudo o que a<br />

população precisa<br />

Enquanto a África e alguns países da<br />

América Latina não têm o que comer,<br />

Gaza, dominada pelo grupo terrorista<br />

Hamas, equipado com mísseis sofisticados<br />

pelo Irã e Síria, tem tudo o que<br />

precisa. As Forças de Defesa de Israel<br />

assinalaram que ingressam diariamente<br />

em Gaza 6 mil toneladas de produtos,<br />

que se traduz aproximadamente<br />

em 260 caminhões, através da passagem<br />

de Kerem Shalom. Apesar de<br />

toda a comoção causada pela provocação<br />

da flotilha em 2010, os barcos<br />

transportavam somente 4 mil toneladas<br />

de bens (em sua maioria medicamentos<br />

vencidos), dois terços do que<br />

Israel transfere todos os dias para o<br />

enclave. As FDI indicaram que semanalmente<br />

passam cerca de 1.250 caminhões<br />

carregados com aproximadamente<br />

34 mil toneladas para Gaza: 385<br />

caminhões transportam produtos<br />

como alimentos para crianças, produtos<br />

avícolas, verduras e frutas; 340<br />

caminhões com materiais de construção<br />

como cimento e madeira; 523 caminhões<br />

com diversos tipos de artigos<br />

de medicina, vestuário, equipamentos<br />

elétricos e produtos de higiene. Um<br />

porta-voz das FDI disse que a transferência<br />

nunca é maximizada pelos funcionários<br />

palestinos encarregados de<br />

formular os pedidos. (Aurora).<br />

AP deu passaportes diplomáticos<br />

a procurados pela Interpol<br />

O presidente da Autoridade Palestina<br />

Mahmoud Abbas entregou passaportes<br />

diplomáticos palestinos a dois<br />

cidadãos libaneses que estão sendo<br />

procurados pela Interpol (Polícia Internacional)<br />

segundo informações divulgadas<br />

por um noticiário da televisão<br />

israelense, dias atrás. Os dois libaneses<br />

são procurados por crimes<br />

que vão desde terrorismo, tráfico de<br />

drogas e lavagem de dinheiro. Segundo<br />

os Acordos de Oslo, a Autoridade<br />

Palestina não pode entregar passaportes<br />

diplomáticos para pessoas<br />

procuradas, nem para cidadãos de<br />

outros países. (El Reloj.com).<br />

Israel adverte Assad<br />

Segundo notícia do jornal kuwaitiano<br />

Al-Jarida, sem confirmação por parte<br />

de Israel, Jerusalém teria enviado uma<br />

mensagem ao presidente sírio Bashar<br />

Assad, advertindo-o de que se houver<br />

uma ofensiva contra o Estado judeu<br />

para desviar a atenção dos problemas<br />

internos, se ele tornará pessoalmente<br />

um objetivo militar. O diário do Kuwait<br />

destacou que a mensagem foi transmitida<br />

diretamente ao presidente sírio<br />

através da Turquia, após informes da<br />

inteligência sobre movimentos incomuns<br />

de tropas sírias, incluindo o deslocamento<br />

de mísseis de longo alcance<br />

que poderiam ser empregados para<br />

combater Israel. Ao mesmo tempo, a<br />

reportagem menciona que o Tzahal<br />

(Exército de Israel) elevou o grau de<br />

alerta na fronteira norte com receio de<br />

que o Hezbolá tente sequestrar soldados<br />

ou civis na fronteira libanesa. Há<br />

algumas semanas, especialistas sírios<br />

estabelecidos nos Estados Unidos<br />

acusaram o regime de Assad de organizar<br />

os protestos do dia da Naksa na<br />

fronteira com Israel como uma medida<br />

de distração frente à prolongada<br />

revolta popular que trata de derrubar<br />

seu repressivo regime. (Efe).<br />

Partido egípcio quer anular<br />

acordos de paz com Israel<br />

Uma das principais prioridades do<br />

partido político egípcio Al Karama é<br />

derrogar o Tratado de Paz de Camp<br />

David, firmado em 1978 pelo Egito e<br />

por Israel. Amin Iskander, representante<br />

do partido, disse que o acordo<br />

de paz deve ser anulado "imediatamente<br />

porque não corresponde aos<br />

interesses do Egito". Iskander declarou<br />

que "seremos amigos dos querem<br />

ser nossos amigos, e seremos inimigos<br />

dos que querem ser nossos inimigos".<br />

Al Karama é um partido político<br />

nasserista com tendências socialistas<br />

que defende o pluralismo político.<br />

O partido havia solicitado várias<br />

vezes, sem êxito, sua legalização à<br />

Comissão de Partidos Políticos; não<br />

obstante, seu líder Hamdin Sabbahy<br />

participou das eleições do ano 2000<br />

como independente e ganhou um assento<br />

de deputado. Sabbahy se apresenta<br />

como candidato presidencial do<br />

Al Karama para as eleições que serão<br />

levadas a cabo entre outubro e novembro<br />

deste ano. (Aurora).<br />

Muçulmano subinspetor de Polícia em Israel<br />

O subinspetor geral de Polícia Hakroush<br />

"É uma posição pela qual estive esperando<br />

e que oferece muitos desafios",<br />

disse Hakroush, em entrevista à imprensa.<br />

"Estou orgulhoso da Polícia de<br />

Israel escolher-me baseada nas minhas<br />

qualificações e nada mais", declarou<br />

o oficial que acrescentou: "Minha<br />

religião e origem são fatos que não<br />

ignoro, mas nunca, em todos meus<br />

anos de serviço me senti discriminado<br />

ou prejudicado por isso". Hakroush diz<br />

que seu povoado natal de Kfar Kana,<br />

deu-lhe um grande apoio. "As pessoas<br />

do meu povoado ligaram-me para dar<br />

felicitações", observou. "Espero que<br />

possa abrir também o caminho para<br />

outros". O subinspetor geral Jamal<br />

Hakroush é o primeiro oficial de polícia<br />

muçulmano a ascender a esse cargo<br />

em Israel. Exercia, anteriormente, a<br />

função de subchefe adjunto do Departamento<br />

de Trânsito. Hakroush começou<br />

a servir na Polícia em 1978. Foi<br />

também, comandante policial dos distritos.<br />

Não esconde seu orgulho de ser<br />

"o primeiro muçulmano que tem o cargo<br />

de subinspetor geral da Polícia de<br />

Israel". (Israelseen).<br />

Multa de 6.500 euros ao bispo<br />

negador do Holocausto<br />

Por negar o assassinato de 6 milhões<br />

de judeus pelos nazistas e a existência<br />

de câmaras de gás, numa entrevista em<br />

2008, o bispo católico britânico Richard<br />

Williamson foi condenado à revelia<br />

na Alemanha a pagar 6.500 euros,<br />

dia 11/7. O bispo é membro da ultra-


conservadora Irmandade Pio X. O promotor<br />

e Williamson recorreram da decisão<br />

e, em um novo processo, a acusação<br />

havia exigido 12 mil euros de<br />

multa. A juíza Birgit Eisvogel justificou<br />

que a atual decisão confirma o veredito<br />

de culpado, declarado em primeira<br />

instância, mas por conta da situação<br />

financeira do acusado, a multa foi reduzida<br />

6.500 euros. Williamson indagado<br />

pelo entrevistador sobre o Holocausto,<br />

não hesitou em falar sobre o<br />

tema durante seis minutos. "O réu sabia<br />

das possíveis consequências", afirma<br />

a juíza Eisvogel. O caso instaurou<br />

uma crise na Igreja Católica, pois na<br />

época em que a entrevista com a negação<br />

do Holocausto foi transmitida, o<br />

Vaticano havia acabado de anular a<br />

excomunhão de Williamson e de três<br />

outros bispos da irmandade, sem que<br />

o Papa soubesse da entrevista. Desde<br />

o escândalo, Williamson não ocupa<br />

mais nenhuma função na irmandade e<br />

vive em Londres. (DPA/AFP).<br />

Morre o inspirador do filme "A vida é bela"<br />

Rubino Romero Salmoni<br />

Morreu dia 9/7 em Roma, aos 91 anos,<br />

Rubino Romeo Salmoni, judeu que inspirou<br />

o roteiro do longa vencedor do<br />

Oscar de melhor filme estrangeiro em<br />

1999, A Vida é Bela, de Roberto Benigni.<br />

Salmoni nasceu na capital da Itália<br />

em 22 de janeiro de 1920 e foi enviado<br />

à Auschwitz, na Polônia, em<br />

abril de 1944, campo onde foram exterminadas<br />

de milhões de pessoas,<br />

principalmente judeus, nos três últimos<br />

anos da 2ª Guerra Mundial. Antes<br />

disso, passou pelo campo de concentração<br />

de Fossoli, ao norte da Itália,<br />

o que descreveu como o início da<br />

"longa viagem em direção à morte".<br />

Sua vida foi contada em diversos trabalhos,<br />

o mais recente deles, Ho Sconfitto<br />

Hitler (Derrotei Hitler, em português).<br />

Salmoni tinha tatuado no braço<br />

o número A1581. "Salmoni dedicou<br />

sua vida a manter viva a lembrança,<br />

certo de que só a memória pode ser<br />

capaz de impedir o retorno dos monstros<br />

do passado", disse o presidente<br />

da Câmara dos Deputados da Itália,<br />

Gianfranco Fini. (Corriere Della Sera).<br />

Shakira em Israel<br />

Em visita a Jerusalém, a cantora colombiana<br />

Shakira foi aclamada por<br />

centenas de crianças judias e árabes<br />

em um colégio da cidade. A artista<br />

também participou de uma série de<br />

conferências organizadas pelo presidente<br />

Shimon Peres que, entre outros<br />

assuntos, abordaram a educação infantil.<br />

Ela é embaixadora da Boa Vontade<br />

pela Unicef e, em 1995, criou a<br />

fundação "Pies Descalzos", que tem<br />

como objetivo melhorar a vida das<br />

crianças na Colômbia. A cantora<br />

Shakira e o namorado Gérard Piqué,<br />

jogador de futebol do Barcelona também<br />

visitaram o Muro das Lamentações<br />

em Jerusalém. (Jornal Alef).<br />

AMIA: Seleção argentina de<br />

futebol pede justiça<br />

Seleção de futebol da Argentina: lembrando a<br />

impunidade pelo atentado à AMIA<br />

A seleção argentina de futebol, na disputa<br />

da Copa América, posou com uma<br />

faixa pedindo justiça no caso AMIA<br />

(Associação Mutual Israelita Argentina).<br />

Os dizerem do cartaz exibido antes<br />

de um jogo foram: "A Seleção Nacional<br />

não se esquece que, há 17 anos,<br />

85 pessoas foram assassinadas no<br />

atentado à AMIA. Você também não<br />

deve esquecer". O ato de lembrança e<br />

homenagem às vítimas ocorreu no dia<br />

18 de julho, em frente à sede da entidade,<br />

em Buenos Aires, quando foi<br />

marcado o 17º aniversário do atentado<br />

terrorista. (Jornal Alef).<br />

Direita suíça tem cartaz antissemita<br />

Um grupo suíço de extrema direita chamado<br />

Cumple Geneve (GNC) anunciou<br />

um "dia nacional para preservar a<br />

Suíça" com um cartaz que mostra um<br />

boneco envolto numa bandeira de Israel,<br />

usando kipá e peyot (cachos laterais<br />

de cabelo), e deitado sobre suas<br />

costas com uma flecha atravessada<br />

na cabeça. A mensagem foi distribuída<br />

em 17 de junho, mas só no início<br />

de julho chamou a atenção dos grupos<br />

judaicos. Johanne Gurfinkiel, de<br />

uma ONG judaica de direitos humanos,<br />

disse que a imagem "define o profundo<br />

ódio antissemita" dos líderes do<br />

movimento, e acrescentou que o cartaz<br />

é "um chamado ao assassinato,<br />

puro e simples". O GNC se define como<br />

uma associação cultural anti-imigração<br />

e antiglobalização, mas nega que<br />

seja antissemita. Após a denúncia da<br />

organização judaica, o cartaz foi alterado,<br />

retiram o kipá e os cachos. Um<br />

comunicado no site do grupo alegou<br />

que o boneco no cartaz representava<br />

"o extremismo israelense (o sionismo)"<br />

e "não um ataque contra os judeus".<br />

O Centro Simon Wiesenthal pediu<br />

às autoridades suíças medidas<br />

contra o GNC. (CSW).<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

O mapa da vida<br />

Jonathan Sacks*<br />

23<br />

"Todos os judeus que são conscientes de sua identidade<br />

como judeus estão impregnados de história" - escreveu Sir<br />

Isaiah Berlin. "Eles têm lembranças mais longas, estão cônscios<br />

de uma continuidade mais longa como comunidade<br />

que qualquer outra que tenha sobrevivido".<br />

Ele estava certo. O Judaísmo é uma religião de memória. O verbo zachor,<br />

lembrar, aparece nada menos que 169 vezes na Torá. "Lembrem-se que vocês<br />

eram estrangeiros no Egito." "Lembrem-se dos dias de antigamente." "Lembrem-se<br />

do sétimo dia para mantê-lo sagrado."<br />

A memória, para os judeus, é uma obrigação religiosa.<br />

Para ser livre, é preciso abandonar o ódio. Transforme-o numa bênção,<br />

não numa maldição; numa fonte de esperança, não em humilhação.<br />

Especialmente nesta época do ano. Nós a chamamos de "três semanas",<br />

que nos conduz ao dia mais triste no Calendário Judaico, Nove de Av, aniversário<br />

da destruição dos dois Templos, o primeiro por Nabucodonosor, Rei da<br />

Babilônia em 586 a.e.c e o segundo por Tito em 70 e.c.<br />

Os judeus jamais esqueceram aquelas tragédias. Até hoje, em todo casamento,<br />

quebramos um copo em sua memória. Durante as três semanas não<br />

temos celebrações. Em Nove de Av passamos o dia jejuando, sentados no<br />

chão ou em assentos baixos como enlutados, lendo o Livro das Lamentações.<br />

É um dia de profundo luto coletivo.<br />

Dois mil e quinhentos anos é um longo tempo para recordar. Muitas vezes<br />

me perguntam - geralmente em conexão com o Holocausto - é realmente certo<br />

recordar? Não deveria haver uma moratória no luto? A maioria dos conflitos<br />

étnicos no mundo não é alimentada por lembranças de antigas injustiças? O<br />

mundo não seria mais pacífico se de vez em quando esquecêssemos?<br />

Sim e não. Depende de como nos lembramos. Meu falecido predecessor Lord<br />

Jacobovits costumava enfatizar um fato fascinante. Três vezes no Livro de Bereshit<br />

D-us é mencionado como tendo Se lembrado. "D-us Se lembrou de Nôach"<br />

e tirou-o da Arca para a terra firme. "D-us Se lembrou de Avraham" e salvou seu<br />

sobrinho Lot da destruição das cidades da planície. "D-us Se lembrou de Raquel"<br />

e deu um filho a ela. Quando D-us Se lembra, Ele o faz para o futuro e para a vida.<br />

De fato, embora as duas sejam confundidas com frequência, memória é<br />

diferente de história. A história é sobre eventos ocorridos há muito tempo<br />

com outra pessoa. Memória é a minha história. Trata de onde eu vim e de qual<br />

narrativa eu faço parte. A história responde à pergunta: "O que aconteceu?"<br />

A memória responde a pergunta. "Quem, então, sou eu?" É sobre identidade e<br />

a conexão entre as gerações. No caso da memória coletiva, tudo depende de<br />

como relatamos a história.<br />

Não nos lembramos para buscar vingança. "Não odeiem os egípcios" -<br />

disse Moshê - "pois vocês foram estrangeiros na terra deles". Para ser livre,<br />

é preciso abandonar o ódio. Transforme-o numa bênção, não numa maldição;<br />

numa fonte de esperança, não em humilhação.<br />

Prezo a riqueza de saber que minha vida é um capítulo num livro iniciado<br />

pelos meus ancestrais há muito tempo, ao qual acrescentarei minha contribuição<br />

antes de entregá-lo aos meus filhos.<br />

Até hoje, os sobreviventes do Holocausto que conheço passam o tempo<br />

partilhando suas lembranças com os jovens, não por vingança, mas o oposto:<br />

para ensinar tolerância e o valor da vida. Cientes das lições de Bereshit,<br />

nós também tentamos nos lembrar para o futuro e para a vida.<br />

Na cultura apressada de hoje, desprezamos atos de recordação. A memória<br />

dos computadores aumentou, enquanto que a nossa encolheu. Nossos<br />

filhos não memorizam mais trechos de poesia. Seu conhecimento de história<br />

é muito vago. Nosso senso de espaço se expandiu. Nosso senso de tempo<br />

encolheu. Sociedades, como indivíduos, podem sofrer do Mal de Alzheimer.<br />

Isso não pode estar certo. Um dos maiores presentes que podemos dar<br />

aos nossos filhos é o conhecimento de onde nós viemos, as coisas pelas<br />

quais lutamos, e por quê. Nenhuma das coisas que valorizamos - liberdade,<br />

dignidade humana, justiça - foi conquistada sem conflito. Nem pode ser sustentada<br />

sem uma vigilância consciente. Uma sociedade sem memória é como<br />

uma jornada sem mapa. É muito fácil se perder.<br />

Quanto a mim, prezo a riqueza de saber que minha vida é um capítulo num<br />

livro iniciado pelos meus ancestrais há muito tempo, ao qual acrescentarei<br />

minha contribuição antes de entregá-lo aos meus filhos. A vida tem significado<br />

quando é parte de uma história, e quanto maior a história, mais nossos<br />

horizontes se expandem. Além disso, as coisas lembradas não morrem. É o<br />

mais próximo que podemos chegar da imortalidade na terra.<br />

* Jonathan Sacks é professor e Rabino chefe da Inglaterra. Artigo sobre o significado de 9 de Av,<br />

publicado no website www.chabad.org.br


24<br />

VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />

o dia 18 de julho se<br />

completaram 17<br />

anos do atentado<br />

terrorista realizado<br />

à sede da AMIA, instituiçãoemblemática<br />

da comunidade judaica<br />

na Argentina, onde<br />

morreram 85 pessoas e mais de 300<br />

foram feridas. A Justiça argentina<br />

tem reivindicado a extradição de<br />

oito iranianos implicados no atentado,<br />

aos quais, apesar dos esforços<br />

da Interpol em procurá-los, o<br />

Governo do Irã os protege.<br />

O Congresso Judaico Latino-Americano<br />

(CJL), presidido pelo brasileiro<br />

Jack Terpins, promoveu dois atos contra<br />

o terrorismo e em defesa dos direitos<br />

humanos. No dia 17/7, ocasião<br />

em que parlamentares, personalidades<br />

ligadas aos direitos humanos e a<br />

liderança judaica de toda a América<br />

Latina se reuniram para discutir quais<br />

as formas de combater o terrorismo,<br />

mantendo um ambiente de paz e colaboração<br />

entre todos os seres humanos,<br />

não importando credo, raça, fé,<br />

ou preferência sexual.<br />

No dia 18/7, o CJL realizou um ato<br />

em memória às vítimas do maior aten-<br />

AMIA, 17 anos<br />

tado terrorista ocorrido em toda a<br />

América Latina. O local escolhido<br />

para a manifestação é o prédio da<br />

AMIA, o mesmo que sofreu com a explosão<br />

de um carro-bomba, há 17<br />

anos, vitimando centenas de argentinos.<br />

Os organizadores do movimento<br />

entregaram à presidente Cristina<br />

Kirschner, um abaixo-assinado, que<br />

já percorreu o mundo e conta com milhares<br />

de assinaturas, exigindo justiça<br />

para as vítimas do atentado, uma<br />

vez que os oito acusados pelo ato,<br />

mesmo procurados pela Interpol,<br />

permanecem sob a proteção do Irã.<br />

Quem ainda quiser colocar sua assinatura<br />

na petição deve acessar um<br />

dos sites www.justiciaporamia.org ou<br />

www.signforjustice.org Todos estão<br />

convidados a fazer parte desta campanha,<br />

e difundi-la entre o maior<br />

número de pessoas possível.<br />

Do Brasil, participaram, além do<br />

presidente Jack Terpins, os deputados<br />

federais Roberto Lucena (PV) e<br />

Fátima Pelaes (PMDB), o vereador<br />

Gilberto Natalini (PSDB), e o presidente<br />

e o vice-presidente da Federação<br />

Israelita do Estado de São<br />

Paulo, respectivamente Boris Ber e<br />

Ricardo Berkiensztat. (CJL).<br />

Bloqueio de Israel a Gaza é legal<br />

A Comissão Palmer das Nações<br />

Unidas que investiga os eventos da<br />

flotilha a Gaza, de maio do ano passado,<br />

encabeçada pelo ex-primeiro-ministro<br />

da Nova Zelândia, Geoffrey<br />

Palmer, determinou que o bloqueio<br />

naval sobre a Faixa de Gaza<br />

é legal e cumpre os requisitos da<br />

lei internacional. O informe também<br />

critica duramente o governo<br />

turco em relação à flotilha.<br />

Palmer, que é um expert em legislação<br />

marítima internacional, acrescentou<br />

que a Comissão Turkel, criada<br />

por Israel, investigou os acontecimentos<br />

de forma profissional, imparcial e<br />

independente. Por outro lado, o exprimeiro-ministro<br />

neozelandês ressaltou<br />

que a investigação da comissão<br />

turca estava politicamente influenciada<br />

e que seu trabalho não foi nem profissional<br />

nem independente. A Comissão<br />

Palmer apresentará seu informe<br />

ao secretário geral da ONU, Ban Kimoon.<br />

Entretanto, ainda não se sabe<br />

quando será publicada.<br />

A Turquia pressiona a ONU para<br />

que postergue a publicação do relatório.<br />

No entanto, espera-se que saia<br />

à luz nos próximos dias. A Comissão<br />

Palmer também critica a organização<br />

islâmica IHH que organizou a flotilha<br />

e seus vínculos com o governo turco,<br />

sugere que Ankara não fez o suficiente<br />

para deter a flotilha. Não obstante, sobre<br />

Israel a comissão Palmer manifestou,<br />

segundo testemunhos dos passageiros<br />

do navio Mavi Marmara, que<br />

os comandos navais israelenses usaram<br />

força excessiva. Israel justificou<br />

a ação de seus combatentes observando<br />

que agiram em defesa própria.<br />

O informe não exige que Israel peça<br />

desculpas à Turquia, mas recomenda<br />

expressar seu pesar pelos mortos e<br />

feridos. A Comissão Palmer também<br />

não estipula que Israel deva pagar<br />

uma compensação às vítimas como<br />

quer a Turquia, mas sugere que o Estado<br />

judeu transfira dinheiro a um<br />

fundo humanitário criado especialmente<br />

para esses propósitos.<br />

Palmer declarou que apesar da<br />

lei internacional permitir a interceptação<br />

de barcos em águas internacionais,<br />

Israel deveria ter tomado o<br />

controle da flotilha quando as embarcações<br />

estivessem mais próximas<br />

do limite marítimo (20 milhas<br />

marítimas da costa). Sobre isso, Israel<br />

respondeu que a flotilha foi interceptada<br />

longe da costa devido a<br />

considerações táticas e militares, e<br />

porque os organizadores se negaram<br />

a deter-se. Os esforços de reconciliação<br />

entre Israel e Turquia<br />

chegaram a um beco sem saída, em<br />

função das conclusões do relatório,<br />

assinalou uma fonte política de Jerusalém.<br />

A reunião do vice-primeiro<br />

ministro Moshê Yalon com o subsecretário<br />

das Relações Exteriores,<br />

Feridun Sinirlioglu, em Nova York<br />

culminou sem resultados positivos.<br />

O primeiro-ministro turco, Recep<br />

Tayyip Erdogan, exige uma desculpa<br />

oficial por parte de Israel. No entanto,<br />

o Estado judeu está disposto apenas<br />

a expressar seu pesar pelos resultados<br />

trágicos da flotilha.<br />

Há 17 anos um atentato terrorista destruiu a AMIA em Buenos Aires<br />

Irã ajuda a Síria a reprimir povo<br />

Altos comandantes militares<br />

iranianos têm auxiliado ativamente<br />

o ditador sírio Bashar al-Assad a<br />

reprimir brutalmente os manifestantes<br />

pró-democracia, em operações<br />

que já mataram cerca de<br />

12.400 civis em diversas cidades<br />

sírias, nos últimos quatro meses, de<br />

acordo com novo relatório divulgado<br />

pela União Europeia.<br />

O documento, publicado no<br />

dia 23/6, declara que três membros<br />

de elite do alto escalão da<br />

Guarda Revolucionária Iraniana<br />

estão suprindo o regime sírio<br />

com "equipamento e apoio". Os<br />

três são os comandantes-gerais<br />

da Guarda Revolucionária, brigadeiro<br />

comandante Mohammad<br />

Ali Jafari; o major-general comandante<br />

Qasem Soleimani; e o<br />

vice-comandante para a Inteligência<br />

da Guarda Revolucionária,<br />

Hossein Taeb.<br />

A assistência inclui "equipamento<br />

de controle de rebeliões e<br />

dispositivos técnicos do Corpo da<br />

Guarda Revolucionária Islâmica<br />

para sufocar distúrbios de dissidentes,<br />

por exemplo, como inundar<br />

áreas com pessoal de segurança,"<br />

de acordo com um funcionário do<br />

Reino Unido.<br />

O relatório também informa que<br />

a União Europeia impôs sanções a<br />

quarto cidadãos sírios ligados a<br />

Assad e a quarto instituições incluindo<br />

estabelecimentos militares<br />

por seu envolvimento nas sangrentas<br />

repressões. As sanções conge-<br />

laram bens e depósitos dos nominados<br />

e os proibiu de viajar para a<br />

União Europeia.<br />

O Irã tem sido conhecido há<br />

tempos por fomentar violência e<br />

intranquilidade entre seus vizinhos,<br />

tipicamente através do uso<br />

de use de prepostos como o Hezbolá<br />

no Líbano e o Hamas em Gaza.<br />

O Hezbolá recentemente tomou o<br />

controle do governo libanês enquanto<br />

o Hamas manda em Gaza,<br />

de onde terroristas lançaram 332<br />

foguetes, mísseis e morteiros sobre<br />

a população civil israelense<br />

desde janeiro deste ano.<br />

As forças sírias mataram cerca<br />

de 1.400 manifestantes e detiveram<br />

milhares de outros desde que os<br />

protestos antigovernamentais começaram<br />

em março deste ano. O<br />

governo sírio tem sido indiscriminado<br />

em seus ataques contra a população,<br />

utilizando munição verdadeira<br />

contra os manifestantes.<br />

Num caos recente, cinco pessoas<br />

foram mortas quando deixavam<br />

uma mesquita, de acordo com a<br />

Organização Árabe para os Direitos<br />

Humanos na Síria.<br />

Cerca de 12.000 sírios fugiram<br />

até agora para a Turquia e os Estados<br />

Unidos têm expressado sua<br />

preocupação com os movimentos<br />

de tropas síria junto à fronteira<br />

turca. Uma declaração da União<br />

Europeia denunciou a "inaceitável<br />

e chocante violência que o regime<br />

sírio continua a aplicar sobre<br />

seus cidadãos".

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