VJ JUL 2011.p65 - Visão Judaica
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2<br />
editorial<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
ma boa definição para a<br />
ONU atualmente é: Um<br />
santuário de justiça, democracia,<br />
direitos humanos...<br />
com maioria absoluta<br />
de ditaduras e regimes autoritários,<br />
composto por governos<br />
desumanos, repressores e até criminosos,<br />
autoproclamados "de esquerda".<br />
A ONU aprovou a agenda<br />
do seu Conselho de Direitos Humanos<br />
para o próximo quinquênio, e<br />
adivinhe o leitor: Não importa o<br />
assassinato de civis na Síria e no<br />
Iêmen, a guerra na Líbia, o genocídio<br />
na Somália, os atentados no Iraque<br />
e no<br />
Afeganistão,<br />
nem a<br />
matança de<br />
cristãos em<br />
países islâ-<br />
Publicação mensal independente da<br />
EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />
JUDAICA LTDA.<br />
Redação, Administração e<br />
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Curitiba • PR • Brasil<br />
Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />
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Arte e Diagramação<br />
MARCELO CAVALHEIRO DE LIMA<br />
Webmaster<br />
RAFFAEL FIGLARZ<br />
Colaboram nesta edição:<br />
Antônio Carlos Coelho, Aristide<br />
Brodeschi, Breno Lerner, Daniel Pipes,<br />
Heitor De Paola, Gavriel Queenann,<br />
Isaac Cubric, Jane Bichmacher de<br />
Glasman, Jonathan Sacks, Nadine<br />
Epstein, Sérgio Alberto Feldman,<br />
Szyja Lorber e Yossi Groisseoign.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />
o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou comentários<br />
publicados, sejam de terceiros (mencionando a fonte) ou<br />
próprios e assinados pelos autores. O fato de publicá-los<br />
não indica que o <strong>VJ</strong> esteja de acordo com alguns<br />
dos conceitos ou dos temas.<br />
Contém termos sagrados, por isso trate<br />
com respeito esta publicação.<br />
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www .visaoju .visaojudai .visaoju ai aica.com.br ai ca.com.br<br />
Este jornal é um veículo independente<br />
da Comunidade Israelita do Paraná<br />
ONU, direitos humanos e flotilhas<br />
micos na<br />
África e na<br />
Ásia. A<br />
agenda do<br />
Conselho<br />
de Direitos<br />
Humanos<br />
mantém Is-<br />
Nossa capa<br />
rael como o único Estado no mundo<br />
entre 192 nações, especificamente<br />
identificado por violações<br />
dos direitos humanos. Somente os<br />
EUA, o Canadá e Palau, se uniram a<br />
Israel para objetar esse manicômio<br />
internacional.<br />
Ron Prosor, que há poucos dias<br />
assumiu o cargo de embaixador de<br />
Israel na ONU, disse: "É insolência<br />
absoluta que regimes tirânicos estejam<br />
julgando Israel, o único país<br />
democrático no Oriente Médio". E<br />
acrescentou: "O Conselho de Direitos<br />
Humanos perdeu uma bela oportunidade<br />
para transformar-se num<br />
organismo que a comunidade internacional<br />
possa tratar com respeito<br />
e seriedade". O Conselho de Direitos<br />
Humanos foi criado em 2006 e<br />
substituiu a Comissão sobre Direitos<br />
Humanos das Nações Unidas<br />
(CDHNA), que perdeu a credibilidade,<br />
em parte devido ao tratamento<br />
desproporcional a Israel. Agora,<br />
infelizmente, o CDH está tomando o<br />
mesmo rumo. Desde sua criação, o<br />
CDH reuniu-se 17 vezes, 14 das reuniões<br />
terminaram com resoluções<br />
anti-israelenses. Isso acontece porque<br />
o Conselho está sob o comple-<br />
A capa reproduz a obra de arte cujo título é: "9 de<br />
Av (Tishá B'Av), - Lamentações pela destruição do<br />
Templo", pintado com a técnica aquarela e dimensões<br />
de 50x38 cm, criação de Aristide Brodeschi e<br />
pertencente à coleção Jaime Wasserman. O autor<br />
nasceu em Bucareste, Romênia, é arquiteto e artista<br />
plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já<br />
desenvolveu trabalhos em várias técnicas, dentre<br />
elas pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu premiações<br />
por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas<br />
obras estão espalhadas por vários países e tem<br />
no judaísmo, uma das principais fontes de inspiração.<br />
Ele é o autor das capas do jornal <strong>Visão</strong><br />
<strong>Judaica</strong>. (Para conhecer mais sobre o artista, visite<br />
o site www.brodeschi.com.br).<br />
Datas importantes<br />
23 de julho<br />
30 de julho<br />
1º de agosto<br />
6 de agosto<br />
8 de agosto<br />
9 de agosto<br />
13 de agosto<br />
15 de agosto<br />
20 de agosto<br />
Shabat / Matot<br />
Shabat / Mass'é / Bençãos de Av<br />
Rosh Chodesh<br />
Shabat / Chazon<br />
Véspera de 9 de Av<br />
Jejum de de 9 Av<br />
Shabat / Nachamu<br />
Tu Beav<br />
Shabat / Êkev<br />
to controle de um número de nações<br />
que, elas próprias são violadoras<br />
de direitos humanos. A Líbia foi, até<br />
março, também um membro e chegou<br />
a ser cogitada para presidi-lo.<br />
Há um ano Israel evitou a entrada<br />
de uma flotilha que levava "ajuda<br />
humanitária" a Gaza. Tudo terminou<br />
em violência, com mortes e<br />
muita pressão internacional como<br />
ansiavam os organizadores da malfada<br />
expedição. É sabido que todos<br />
os dias centenas de caminhões passam<br />
com alimentos e mercadorias<br />
de Israel para Gaza. Todos sabem<br />
que existe um comércio subterrâneo,<br />
por túneis, sob as vistas grossas<br />
do Egito, de tal magnitude, que<br />
passam automóveis, tratores, foguetes,<br />
armamentos, alimentos, etc.,<br />
a preços especulativos.<br />
Com a revolta egípcia, o novo militar<br />
de turno, o general que substituiu<br />
o ex-presidente Hosni Mubarak,<br />
Mohamad Hussain Tantawi, reabriu<br />
a passagem fronteiriça entre o Egito<br />
e Gaza; dizem que por hora é só<br />
de pessoas e alimentos. Ainda assim<br />
a vassalagem bajuladora da<br />
esquerda europeia e norte-americana<br />
se agitou quando o Hamas orde-<br />
ACENDIMENTO DAS<br />
VELAS EM CURITIBA<br />
<strong>JUL</strong>HO / AGOSTO DE 2011<br />
SHABAT<br />
DATA HORA<br />
22 / 7 17h27<br />
29 / 7 17h30<br />
5 / 8 17h33<br />
12 / 8 17h37<br />
19 / 8 17h40<br />
nou aos idiopáticos anti-israelenses<br />
os preparativos de uma nova<br />
flotilha. Uma não; duas: uma por<br />
mar, com 15 barcos e mil passageiros,<br />
em maio. E outra via aérea, com<br />
mais mil se abalando para invadir<br />
o aeroporto de Tel Aviv, no início<br />
de julho. Ambas fracassaram fragorosamente.<br />
Os "navegantes solidários"<br />
foram proibidos de zarpar<br />
dos portos da Grécia e do Chipre.<br />
A Turquia, ante o vexame do ano<br />
passado, decidiu não se arriscar desta<br />
vez. Já os alegres "invasores do ar"<br />
tiveram suas "asinhas cortadas" antes<br />
de mesmo de levantarem voo.<br />
Está claro e assim o dizem os próprios<br />
provocadores da "flotilha humanitária":<br />
A finalidade é dupla,<br />
política e romper o bloqueio israelense.<br />
O bloqueio israelense é um<br />
fato. O assunto que não mencionam,<br />
é o porquê do bloqueio. A Faixa de<br />
Gaza está em mãos de terroristas que<br />
se propõem a varrer Israel do mapa,<br />
com a ajuda do Irã, Síria e Hezbolá.<br />
Para isso lançam foguetes contra<br />
populações civis israelenses. Por<br />
isso o bloqueio. Israel se reserva o<br />
direito de garantir suas fronteiras,<br />
frente a um vizinho nada pacífico.<br />
Humor judaíco<br />
Falecimentos<br />
A Redação<br />
CONFIANÇA<br />
Numa conversa entre D-us<br />
e um assessor militar:<br />
D-us: Quero um informe<br />
completo de como andam as<br />
coisas na terra.<br />
Assessor: Os iranianos estão<br />
fabricando a bomba atômica;<br />
dizem que vão apagar Israel<br />
do mapa.<br />
D-us: E está feia a coisa?<br />
Assessor: Feia?... Feíssima!<br />
- E que faz o meu povo em<br />
Israel?<br />
- Bem, a maior parte vai à<br />
praia, aos cafés ao ar livre, ao<br />
teatro, comem e bebem com<br />
abundância, ou seja, desfrutam<br />
da vida.<br />
D-us: Oy vey (Oh não, em iídiche),<br />
outra vez confiando em<br />
Mim!<br />
Manoela Stier Reiss, aos 70 anos de<br />
idade, dia 30 de junho de 2011 (28<br />
de Sivan de 5771), em Curitiba. Era<br />
filha de Abraham Leiser Stier e Regina<br />
Tiseer Stier. Seu corpo foi velado<br />
no Cemitério Israelita da Água Verde<br />
e sepultado na manhã do dia 1º/7, no<br />
Cemitério Israelita do Umbará.
NAS SENDAS DA HISTÓRIA 7<br />
Sérgio Alberto Feldman *<br />
m judeu que ousou<br />
tentar abrir as portas<br />
do gueto e inserir os<br />
judeus no mundo<br />
ocidental. Esta telegráfica<br />
definição sintetizaria<br />
a brilhante figura<br />
do terceiro Moisés. Depois de Moisés<br />
(Moshé Rabeinu) que nos liderou<br />
no Êxodo do Egito e do brilhante<br />
Moisés, filho de Maimon (Maimônides),<br />
que aproximou a religião judaica<br />
da filosofia neoaristotélica, este<br />
judeu polonês germanizado foi a luz<br />
que iniciou a senda da modernidade<br />
no seio do Judaísmo.<br />
Nascido em Dessau, em 1729, o<br />
"Sócrates judeu", teve uma educação<br />
judaica tradicional. Foi aluno de<br />
um Cheder, ou seja, uma escola rabínica<br />
de uma pequena cidade. Migrou<br />
para Berlim em 1743, onde frequentou<br />
uma yeshivá (escola talmúdica de<br />
nível superior). Estudava secretamente<br />
línguas e ciências "profanas".<br />
Sobreviveu como professor, guardalivros<br />
e comerciante.<br />
Por volta de 1754, conheceu o<br />
sábio alemão Gotthold Ephraim<br />
Lessing, que se encantou com esse<br />
judeu de baixa estatura e de elevados<br />
saberes. Lessing cognominou<br />
Mendelssohn como "Natan o<br />
Sábio". Introduziu-o nos círculos<br />
literários de Berlim. Lessing publicou<br />
o primeiro livro de Mendelssohn<br />
em 1755, sob o titulo<br />
O Museu de Sobibor, situado no<br />
local do antigo campo de extermínio<br />
nazista, fechou suas portas desde<br />
o início de junho devido à falta<br />
de recursos. Aberto em 1993, o museu<br />
até agora se sustentou com fundos<br />
providenciados pelas autoridades<br />
locais da cidade de Wlodawa.<br />
"Simplesmente percebemos que<br />
não tínhamos dinheiro para pagar<br />
nossas contas deste ano, incluídos os<br />
custos de manutenção", disse Marek<br />
Bem, que trabalha no museu, contou<br />
o Krakow Post. "Sem um orçamento<br />
estável não podemos fazer planos<br />
para o futuro", acrescentou ele.<br />
O museu também tem recebido o<br />
apoio de doadores privados e, nos<br />
últimos anos, a partir de um programa<br />
executado pelo Ministério da Cultura<br />
da Polónia e do Patrimônio Nacional,<br />
o qual agora está encerrado.<br />
"Sem as contribuições voluntárias<br />
Moisés Mendelssohn<br />
"Conversações filosóficas". Foram<br />
ao prelo em seguida, suas obras,<br />
"Dos sentimentos" e "Escritos filosóficos".<br />
Sua fama se acentuou<br />
em 1763, quando venceu o concurso<br />
da Academia Prussiana com sua<br />
obra "Da evidência nas ciências<br />
metafísicas", superando até Imanuel<br />
Kant e Thomas Abt.<br />
Respeitado nos círculos intelectuais<br />
berlinenses, nunca perdeu<br />
seu vínculo com os judeus e com o<br />
Judaísmo. Sua obra mais famosa foi<br />
escrita em 1767 e se denomina "Phaedon<br />
ou Fédon" que o torna uma personalidade<br />
respeitada fora dos<br />
países de língua germânica.<br />
Voltou-se à continuidade judaica<br />
e a inserção dos judeus no mundo<br />
"moderno", criando uma proposta<br />
de uma escola judaica secular<br />
com ênfase no hebraico e na cultura<br />
judaica, denominada Chinuch Naarim,<br />
em 1778. Seu propósito era manter<br />
os judeus na prática de suas crenças<br />
e preceitos, mas inseri-los na<br />
sociedade europeia. Aprender as<br />
línguas dos países onde viviam, e<br />
introduzi-los na cultura do século<br />
"das Luzes" ou no movimento denominado<br />
depois como Iluminismo.<br />
Neste sentido deu um passo gigante.<br />
No mesmo ano de 1778 começou<br />
o projeto de tradução da Torá<br />
(Pentateuco) ao alemão. Esta obra<br />
foi concluída em 1783 e se constituiu<br />
num marco da aproximação dos<br />
judeus ao alemão. Impressa em caracteres<br />
hebraicos em língua ale-<br />
Moisés Mendelssohn<br />
mã. Os comentários eram inseridos<br />
nas novas concepções literárias e<br />
numa exegese renovadora. Os judeus<br />
se dividiram entre entusiastas<br />
e críticos desta renovação.<br />
Em torno de Mendelssohn se<br />
criou um movimento judaico racionalista.<br />
Mesmo sendo um homem<br />
de temperamento suave, conciliador<br />
e pouco agressivo na sua retórica,<br />
catalisou um movimento que será<br />
denominado adiante como Haskalá<br />
ou Iluminismo judaico. Urgia definir<br />
as posições deste grupo.<br />
Mendelssohn não demorou em<br />
escrever sua obra "Jerusalém" ou<br />
"Do poder religioso dos judeus".<br />
Editado e lançado pela primeira vez<br />
em 1783, começou a definir o que<br />
décadas mais tarde seria denomi-<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
nado de Reforma do Judaísmo.<br />
Concebeu a situação dos judeus<br />
na modernidade, sob a condição<br />
de cidadãos de seus países e de<br />
religião judaica. Isso era inovador<br />
e inédito.<br />
Judeus alemães seriam "cidadãos<br />
alemães de fé mosaica". Judeus<br />
franceses seriam "cidadãos<br />
franceses de fé mosaica". Isso é<br />
óbvio em nossos dias, mas não o<br />
era no Medievo e nos primeiros<br />
séculos da Era moderna.<br />
Uma carta foi enviada para ele,<br />
por Kant e este previa a reforma do<br />
judaísmo e sua inserção no mundo<br />
moderno. Palavras sábias de um dos<br />
pilares da cultura ocidental.<br />
Seus companheiros judeus iluministas<br />
criam um jornal em língua<br />
hebraica, denominado Hameassef,<br />
para o qual ele colaborou.<br />
Nas palavras de Jacob Guinsburg,<br />
sua influência no Judaísmo<br />
pode ser percebida no movimento<br />
da reforma judaica que culminou<br />
tanto no Movimento conservador,<br />
quanto no Reformista; e igualmente<br />
no nacionalismo judaico, o Sionismo,<br />
tanto na sua vertente tradicional,<br />
quanto na socialista. Concebe<br />
Guinsburg que Mendelssohn<br />
tenha sido "o primeiro judeu dos<br />
tempos modernos que combinou<br />
Judaísmo e cultura moderna, sendo<br />
como tal reconhecido por judeus<br />
e não judeus". (Da obra: O judeu e a<br />
modernidade).<br />
Museu de Sobibor não consegue pagar as contas<br />
Carente de recursos,<br />
campo fechou as<br />
suas portas<br />
recebidas até agora, tivemos que fechar<br />
a loja mais cedo," explica o prefeito<br />
de Wlodawa, Wieslaw Holaczuk.<br />
"Reunimo-nos várias vezes com<br />
os representantes do Museu de<br />
Majdanek, financiado pelo governo,<br />
a fim de discutir com eles a opção<br />
deles também administrarem Sobibor.<br />
Mas a decisão final depende<br />
de Varsóvia", acrescentou Holaczuk.<br />
O Ministério da Cultura e Património<br />
Nacional, inicialmente se recusou<br />
a comentar sobre os problemas<br />
financeiros do Museu Sobibor,<br />
mas, eventualmente, anunciou que<br />
o museu irá agora passar por uma<br />
reorganização administrativa antes<br />
de reabrir em 2012.<br />
"Os sobreviventes do Holocausto<br />
estão espantados com o fato de<br />
que o museu em Sobibor, o local<br />
dos crimes de John Demjanjuk, por<br />
causa de recursos insuficientes das<br />
autoridades estatais polonesas",<br />
comentou Elan Steinberg, da União<br />
Americana dos Sobreviventes do<br />
Holocausto e seus Descendentes.<br />
Em maio desde ano, o ucraniano<br />
nato John Demjanjuk foi<br />
condenado por um tribunal alemão<br />
por cumplicidade no assassinato<br />
de mais de 28 mil judeus<br />
enquanto serviam no campo<br />
de Sobibor. Demjanjuk, agora<br />
com 91 anos de idade, foi<br />
sentenciado à morte em Israel,<br />
em 1988 depois que sobreviventes<br />
israelenses o identificaram<br />
como sendo 'Ivan o Terrível', um<br />
guarda extremamente cruel nos<br />
campos de extermínio de Treblinka<br />
e Sobibor. A condenação foi mais<br />
tarde revertida por falta de provas.<br />
Cerca de 250,000 pessoas foram<br />
assassinadas nas câmaras de gás<br />
abastecidas com escapamentos de<br />
motores a gasolina no campo de extermínio<br />
de Sobibor, e em seus subcampos,<br />
entre abril de 1942 e outubro<br />
de 1943. As vítimas, incluindo judeus<br />
eram prisioneiros de guerra da Polônia,<br />
França, Alemanha, Holanda, Tchecoslováquia<br />
e da União Soviética.<br />
O drama 'Fuga de Sobibor', filmado<br />
em 1987 pela TV britânica trou-<br />
O campo de Sobibor na atualidade<br />
xe ao campo, ao comovente levante<br />
de prisioneiros, e à fuga que lá<br />
ocorreu em 1943, o maior reconhecimento<br />
de sua história fora da Polônia.<br />
O campo foi desmontado e o<br />
local arborizado, poucos dias depois<br />
da fuga. Até 1989 havia apenas<br />
um único monumento que recordava<br />
as vítimas de Sobibor.<br />
Em 2007 o arqueólogo israelense<br />
Yoram Haimi conseguiu descobrir<br />
os limites da instalação, pela primeira<br />
vez em mais de 60 anos e também<br />
recuperou muitos dos pertences<br />
pessoais de suas vítimas.<br />
3<br />
* Sérgio Alberto<br />
Feldman é doutor<br />
em História pela<br />
UFPR e professor<br />
de História Antiga<br />
e Medieval na<br />
Universidade<br />
Federal do<br />
Espírito Santo, em<br />
Vitória. Foi diretor<br />
de Cultura<br />
<strong>Judaica</strong> da Escola<br />
Israelita Brasileira<br />
Salomão<br />
Guelmann, em<br />
Curitiba.
4<br />
* Heitor De Paola é<br />
médico psiquiatra<br />
e psicanalista,<br />
membro da<br />
International<br />
Psycho-Analytical<br />
Association e do<br />
Board of Directors<br />
da Drug Watch<br />
International e<br />
Diretor Cultural da<br />
BRAHA, Brasileiros<br />
Humanitários em<br />
Ação, articulista e<br />
escritor, com<br />
diversos artigos<br />
publicados no<br />
Brasil e no exterior,<br />
e um livro. No<br />
passado,<br />
pertenceu a<br />
organização Ação<br />
Popular (AP) da<br />
esquerda<br />
revolucionária<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
As lições da política de apaziguamento da<br />
imprensa liberal alemã na República de Weimar<br />
Heitor De Paola *<br />
A imprensa judia choraminga de horror e<br />
medo. Numerosas organizações judias<br />
proclamaram sua lealdade ao governo.<br />
(...) A imprensa já está trabalhando em<br />
completa harmonia (com o governo) (...)<br />
Temos uma esplêndida imprensa!<br />
Paul Joseph Goebbels Ministro da Propaganda e<br />
Esclarecimento do Povo - Março/Abril de 1933<br />
ste texto pode ser<br />
doloroso para muitos<br />
que viveram<br />
aqueles tempos terríveis,<br />
mas, como já<br />
venho fazendo em<br />
outros artigos, tem a intenção<br />
de alertar os leitores para<br />
perigos atuais e muito próximos.<br />
Muito se fala num suposto I slã<br />
pacífico, principalmente agora que<br />
uma "primavera" democrática estar<br />
ia invadindo os países no entorno<br />
imediato de I srael. Há uma<br />
cortina de fumaça bastante tênue<br />
- para quem sabe enxergar - para<br />
es conder a v erdadeira natureza<br />
desta "primaver a" que pode se<br />
transformar num inverno - ou inferno!<br />
- para o ocidente e o povo<br />
judeu: os inimigos das ditaduras árabes<br />
são radicalmente hostis ao Ocidente<br />
e a Israel e favoráveis ao Islã e mantêm<br />
estreitos contatos com grupos<br />
terroristas como Hamas, Hezbolá<br />
e Al Qaeda. Os riscos crescem na<br />
medida em que do lado ocidental<br />
e mesmo dentro de Israel, predomina<br />
a ideia de que é possív el o<br />
apaziguamento mediante concessões,<br />
o land for peace e outras propostas<br />
que prometem 'paz agora'.<br />
As tentativas de apaziguamento de<br />
Hitler por Chamberlain e Daladier<br />
são bem conhecidas. Mas urge evitar<br />
o que é relatado sobre a impr<br />
ensa liberal alemã no livro de<br />
Modris Eksteins The Limits of Reason:<br />
the German Democratic Press and<br />
the Colapse of Weimar Democracy,<br />
(Oxford Univ. Press, 1975).<br />
Os editoriais agressivos contra<br />
os partidos revolucionários comunistas<br />
e nazistas que eram a marca<br />
da imprens a democrática nas<br />
grandes metrópoles enfraqueceram<br />
a ponto de se tornarem dóceis<br />
e subservientes. Em 5 de março,<br />
logo após o incêndio do Reichstag,<br />
p. ex., o Frankfurter Zeitung<br />
declarou 'que estava preparado para<br />
aprovar a eliminação dos direitos civis<br />
contanto que apenas o Partido Comunista<br />
fosse afetado'. Em 21 o Vossiche<br />
Zeitung declarou que 'a revolução<br />
Nacional-Socialista tinha ocorrido<br />
sem romper com o estado legal'.<br />
Os jornalistas liberais e democratas<br />
passaram a receber ameaças<br />
de morte e os assinantes for am<br />
aterrorizados e começaram os can-<br />
celamentos de as sinaturas. Ao<br />
medo da violência física acrescentav<br />
a-se o medo do desemprego.<br />
Muito antes de o governo aplicar<br />
grande pressão a maioria dos jornais<br />
se alinhou por medo e sucumbir<br />
am por vontade pr ópria,<br />
principalmente quanto à demissão dos<br />
inúmeros editorialistas e jornalistas<br />
judeus. Como não podia deixar de<br />
ser, as tentativas de apaziguamento<br />
aplainaram o terreno para destruição<br />
de toda imprensa livre na<br />
Alemanha que veio em outubro do<br />
mesmo ano através da Schriftleitergesetz,<br />
a lei que formalizou o total<br />
contr ole nazista sobr e toda a<br />
imprensa. Como desde 13 de março<br />
existia o Ministério da Propaganda<br />
e do Esclarecimento do Povo<br />
(Propaganda und Volksaufklärung) Goebbels<br />
tor nou-se o editor- chefe<br />
de fato de todos os jornais até sua<br />
extinção.<br />
O exemplo da imprensa fez eco à<br />
atitude da maioria do povo alemão.<br />
A rendição pacífica frente à Gleichschaltung(http://www.historyo<br />
n t h e w e b . c o . u k / c o n c e p t s /<br />
concept72_gleichschaltung.htm), a<br />
total nazificação da Alemanha, o alinhamento<br />
absoluto da população ao<br />
pensamento nazista, processo facilitado<br />
pela crescente votação no NS-<br />
DAP em eleições absolutamente livres,<br />
somada ao tradicional antisse-<br />
mitismo dominante.<br />
Hoje vivemos uma situação semelhante:<br />
a atitude de apaziguamento<br />
frente ao islamofascimo em<br />
todo o Ocidente e, surpreendentemente,<br />
dentro do próprio Estado de<br />
I s rael. Apenas as manifes tações<br />
mais coléricas, como as de Ahmadinej<br />
ad, são claramente v istas<br />
como hostis. Mas delirantemente<br />
se faz de tudo para criar um I slã<br />
pacífico com o qual dialogar. A imprensa<br />
e o povo brasileiro, como<br />
soe acontecer, ignora totalmente a<br />
ameaça que já está em nossas portas:<br />
o Hezbolá plenamente instalado<br />
em doze países de nosso Continente<br />
com comando na Venezuela<br />
de Chávez, aliado de Lula e Dilma,<br />
e na Tríplice Fronteira (http://<br />
w w w . h e i t o r d e p a o l a . c o m /<br />
publicacoes_materia.asp?id_artigo=2715).<br />
Até o Sub-Comitê para o Antiterrorismo<br />
e I nteligência do Comitê<br />
para a Segurança I nterna da Câmara<br />
de Representantes americana<br />
realizou no último dia 7/7 uma audiência<br />
com renomados especialistas<br />
(http://homeland.house. gov/<br />
hearing/subcommittee- hearinghezbollah-latin-america-implications-us-homeland-secur<br />
ity) para<br />
examinar a ameaça à s egurança<br />
dos EUA.<br />
Aqui? Nada! Quando acordarem<br />
será tarde demais!<br />
Ativistas da "aero flotilha" barrados em aeroportos europeus<br />
Cerca de 200 ativistas que planejavam<br />
participar de manifestações de solidariedade<br />
a palestinos na Cisjordânia foram<br />
impedidos de embarcar em voos da Europa<br />
para a cidade israelense de Tel Aviv.<br />
No dia 3 0/6 o gover no is raelense<br />
hav ia env iado às companhias aér eas<br />
europeias uma relação com os nomes<br />
de 342 ativistas pró-palestinos, observando<br />
que essas pessoas seriam impedidas<br />
de entrar em I srael, e de acordo<br />
com a legislação internacional, deportados,<br />
embarcando- as de volta pelas<br />
mesmas companhias aéreas. Não desejando<br />
arcar com as despesas das<br />
passagens de retorno, as empresas barraram<br />
ainda na Europa o embarque dos<br />
ativistas pró-palestinos listados.<br />
No aeroporto Ben Gurion, em Tel<br />
Aviv, pelo menos 60 ativistas que desembarcaram<br />
dia1º/7 em voos da companhia<br />
EasyJet foram detidos para interrogatório<br />
e, depois, deportados.<br />
Houve dois ativistas americanos<br />
que desceram em Tel Aviv vindos da<br />
Grécia e que também foram deportados<br />
pelas autoridades israelenses.<br />
Provocação<br />
O governo de I srael cons iderou a<br />
tentativa "de visita" dos ativistas uma<br />
provocação com o objetivo de deslegitimar<br />
o Estado de I srael. O primeirominis<br />
tro isr aelens e, Biny amin Netanyahu,<br />
disse que seu governo tem o<br />
direito básico de manter afastados do<br />
país o que ele descreveu como "perturbadores<br />
suspeitos".<br />
Por sua vez, os ativistas disseram<br />
que as ações de I srael foram ilegais e<br />
que a manifestação seria pacífica. Os<br />
visitantes planejav am participar de<br />
uma semana de eventos de apoio à criação<br />
de um Estado palestino.<br />
A polêmica ocorreu cerca de um ano<br />
depois que uma ação militar israelense<br />
contra embarcações de ativistas e<br />
terroristas que tentavam furar o bloqueio<br />
a Gaza deixou nove mortos, causando<br />
forte reação da opinião pública<br />
internacional contra I srael.<br />
No dia 4/7, a Grécia interceptou barcos<br />
que novamente tentavam desafiar<br />
o bloqueio israelense ao território palestino.<br />
E st ad o p alest in o<br />
O presidente da Autoridade Nacional<br />
Palestina, Mahmoud Abbas, pretende<br />
pedir, em setembro, o reconhecimen-<br />
to da ONU ao Estado Palestino nas fronteiras<br />
anteriores à Guerra dos Seis Dias,<br />
em junho de 1967.<br />
No conflito, I srael derrotou Egito,<br />
Jordânia e Síria, terminando por ocupar<br />
os territórios da Cisjordânia, Jerusalém<br />
Oriental e a Faixa de Gaza.<br />
A iniciativa de Abbas ganhou o<br />
apoio de alguns países, como Brasil e<br />
Argentina, que de forma absurda já reconheceram<br />
o Estado palestino com as<br />
fronteiras anteriores a 1967.<br />
Aer o flotilha fr ac a ssad a<br />
A tentativa de furar o bloqueio via<br />
aérea foi mais uma artimanha para criar<br />
pr oblemas a I srael e, naturalmente,<br />
contou com o apoio do governo terrorista<br />
do Hamas em Gaza, já que se tratava<br />
de uma nova forma de provocação,<br />
que ficou conhecida como: aero<br />
flotilha.<br />
Para combater isso, as autoridades<br />
israelenses empregaram centenas de<br />
policiais no e ao redor do Aer oporto<br />
I nternacional Ben Gurion com vistas à<br />
chegada dos ativistas provenientes da<br />
Europa e dos EUA, principalmente.<br />
Os organizadores da aero flotilha<br />
fracassada calculavam entre 600 (350<br />
deles franceses) e 1.200 pessoas para<br />
as manifestações, mas só menos de 70<br />
conseguiram desembarcar em Tel Aviv,<br />
sendo em seguida deportadas. Centenas<br />
foram impedidas de embarcar nos<br />
seus aeroportos de origem liquidando<br />
com a provocação.<br />
Antes de partir para a Romênia, o<br />
pr imeir o- minis tr o, Biny amin Netanyahu,<br />
manteve um encontro de coordenação<br />
no aeroporto com os serviços<br />
de s egur ança aos quais ordenou<br />
agir com determinação para impedir<br />
des or dens . " Todos os país es<br />
têm o direito de impedir a entr ada<br />
de pr ov ocador es em suas f r onteiras",<br />
diss e.<br />
A iniciativa, batizada de "Bem-vindos<br />
à Palestina", complementaria a flotilha<br />
para Gaza, tem como objetivo participar<br />
de eventos anti-israelenses tanto<br />
nos territórios palestinos, no Aeroporto<br />
Ben Gurion e no sul de Israel. Os<br />
organizadores disseram que viajaram<br />
para "mostrar que há homens e mulheres<br />
de todos os países que estão dispostos<br />
a dar seu apoio moral" à população<br />
palestina, que se encontra "sob<br />
a ocupação há muito tempo" e por cuja<br />
sorte "não parecem se interessar" os<br />
governos ocidentais.
* Breno Lerner é editor e<br />
gourmand, especializado<br />
em culinária judaica.<br />
Escreve para revistas,<br />
sites e jornais. Dá<br />
regularmente cursos e<br />
workshops. Tem três<br />
livros publicados, dois<br />
deles sobre culinária<br />
judaica.<br />
* Breno Lerner<br />
Meu médico pediu para aumentar<br />
a quantidade de peixe e diminuir a<br />
quantidade de carne de minha dieta.<br />
Os anos vão passando e o organismo<br />
começa a reclamar...<br />
Bem, tenho pesquisado umas tantas<br />
r eceitinhas para incrementar os<br />
peixes lá em casa e quero dividir estas<br />
três com vocês. A primeira, com nítida<br />
raiz sefaradi, conheci num fantástico<br />
bistrô em Recife, aliás, atualmente, um<br />
dos pólos gastronômicos do Brasil.<br />
Sarde in Saor é um clássico de Veneza,<br />
lá tendo chegando junto com os judeus<br />
portugueses em 1497 e o Latkes de<br />
Brandade é uma criação do chef Daniel<br />
Rose do Bistro Spring, em Paris, que tem<br />
se dedicado a reinterpretar antigas receitas<br />
e tradições da culinária judaica<br />
misturando-as à moder na culinária<br />
francesa.<br />
Nesta receita não só reinterpreta o<br />
velho latke como o mistura à tradição<br />
da brandade francesa. Note a semelhança<br />
com nosso também tradicional e<br />
lusitano bolinho de bacalhau.<br />
Divirtam-se e bom apetite!<br />
Peixe em<br />
crosta de<br />
c anela<br />
2 files de peixe (robalo ou atum);<br />
1 ovo batido;<br />
4 colheres de sopa de canela em pó;<br />
1 colher e sopa de casca de<br />
limão siciliano ralada;<br />
1 colher de sopa de pão ralado;<br />
Sal e pimenta do reino à gosto;<br />
2 maçãs Fuji, sem sementes,<br />
descascadas e cortadas em<br />
fatias finas (conservar em água<br />
com gotas de limão);<br />
1 colher de sopa de açúcar;<br />
1 colher de sopa de salsinha picada;<br />
2 colheres de sopa de margarina.<br />
Tempere o peixe com sal e pimenta<br />
do reino a gosto. Misture a canela, pão<br />
ralado e a casca de limão. Passe no ovo<br />
batido e empane os files na mistura,<br />
cobrindo-os por igual. Frite os peixes<br />
em azeite de oliva até o ponto desejado,<br />
coloque-os para drenar sobre papel<br />
absorvente em local aquecido. Enquanto<br />
isto derreta a margarina numa frigideira<br />
e acrescente o açúcar, deixe caramelizar.<br />
Frite as fatias de maçã no caramelo,<br />
escorra-as em papel absorvente e<br />
sirva acompanhando o peixe, polvilhando<br />
sobre elas a salsinha picada e mais<br />
uma pitadinha de canela.<br />
Sirva com arroz.<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
Saudáveis pescados<br />
Sarde in saor<br />
1 kg de sardinhas limpas e abertas;<br />
1 kg de cebolas em rodelas finas;<br />
1 xícara de vinagre de vinho branco;<br />
2 colheres de sopa de vinho branco;<br />
6 colheres de sopa de azeite;<br />
2 colheres de sopa de uvas passas;<br />
2 colheres de sopa de pinoli;<br />
Óleo para fritura;<br />
Sal e pimenta do reino a gosto.<br />
Toste levemente os pinoli e reserve.<br />
Coloque as passas em água morna<br />
com uma colher de sopa de conhaque<br />
para reidratar. Deixe por 10<br />
minutos, escoe e reserve.<br />
Enfarinhe suavemente as sardinhas<br />
e frite-as em óleo, sem deixar<br />
escurecer demais. Coloque em<br />
toalha de papel para drenar. Numa<br />
panelinha refogue as cebolas no<br />
azeite e quando começarem a<br />
murchar adicione o vinagre, o<br />
vinho, as passas e os pinoli.<br />
Cozinhe por mais 5 minutos em<br />
fogo bem baixo. Coloque as sardinhas<br />
em um refratário e cubra-as<br />
com o molho. Deixe tomar gosto<br />
por uma noite na geladeira.<br />
<strong>VJ</strong> INDICA<br />
Banzé no Oeste<br />
TÍTULO ORIGINAL: BLAZING SADDLES<br />
FILME<br />
Ficha técnica<br />
Direção: Mel Brooks<br />
Gênero: Comédia / Faroeste<br />
Origem: EUA<br />
Duração: 93 minutos<br />
Tipo: DVD colorido em inglês e espanhol e legendas em português<br />
Ano da produção: 1974<br />
Estúdio/Distribuição: Warner Bros. Pìctures / Warner Home V ideo<br />
5<br />
Latkes de brandade<br />
de bacalhau<br />
1 kg de bacalhau dessalgado (deixar<br />
de molho por uma noite trocando a água<br />
sempre que possível e depois espremer bem<br />
para retirar todo líquido);<br />
½ xícara azeite;<br />
1 xícara leite;<br />
6 ramos de tomilho;<br />
10 dentes de alho em pasta;<br />
1 kg de batatas sem casca e cortadas ao meio;<br />
1 ovo batido;<br />
2 xícaras de migalhas de pão;<br />
Sal e pimenta do reino a gosto.<br />
Cozinhe o bacalhau no azeite com leite,<br />
tomilho e o alho, em fogo muito baixo<br />
até ficar macio (+/- 15 minutos).<br />
Escorra, transforme todo bacalhau em<br />
escamas e reserve o líquido do cozimento.<br />
Separe as folhinhas de tomilho dos<br />
ramos e também reserve. Cozinhe as batatas<br />
em água salgada e transfor me-as<br />
em purê. Numa panela coloque o purê, o<br />
ovo, o bacalhau em escamas e as folhinhas<br />
de tomilho e, em fogo muito baixo,<br />
misture e cozinhe por dois minutos. Teste<br />
a consistência, se muito seco acrescente<br />
um pouco do líquido do cozimento, se<br />
muito mole, um pouco de farinha de rosca.<br />
Tempere com sal e pimenta do reino e<br />
leve à geladeira por ½ hora. Molde os latkes<br />
em discos, passe nas migalhas de pão<br />
e frite em óleo abundante e quente até<br />
dourarem ambos os lados. Es corra em<br />
papel absorvente.<br />
ELENCO<br />
Cleavon Little, Gene Wilder, Slim Pickens, David Huddleston, Liam Dunn, Alex Karras, John Hillerman,<br />
George Furth, Claude Ennis Starrett Jr., Mel Brooks, Harvey Korman, Madeline Kahn.<br />
SINOPSE<br />
Uma nova estrada de ferro vai passar pela pequena Rock Ridge, a mais afastada e monótona cidade do<br />
Velho Oeste. Com a futura valorização das terras, um inescrupuloso empresário quer expulsar os moradores<br />
e ganhar rios de dinheiro. E para isso, nada melhor do que contratar a mais selvagem, malvada<br />
e desordeira gangue de pistoleiros. Trata-se de uma das melhores críticas ao racismo e sátira aos filmes<br />
de faroeste feitas pelo gênio e diretor de origem judaica Mel Brooks. O filme é politicamente incorreto,<br />
cheio de piadas, umas grosseiras outras não, muitas relacionadas a referências étnicas, como a cena<br />
antológica de índios selvagens norte-americanos falando o iídiche. Uma das mais divertidas e alucinadas<br />
comédias já criadas. Difícil de encontrar, mas se conseguir, vale a pena.
6<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
m evento inédito aconteceu<br />
na noite de 28/6 na<br />
sede do Beit Chabad de<br />
Curitiba, numa iniciativa<br />
do Colel Centro de Estudos,<br />
dirigido pelo Rabino<br />
Mendy Labkowski: O lançamento<br />
do primeiro volume do Talmud<br />
em língua portuguesa. Cerca de<br />
uma centena de pessoas presenciaram<br />
o lançamento que também<br />
prestou homenagem à memória de<br />
três patriarcas de famílias judaicas<br />
curitibanas, todos eruditos e estu-<br />
Uma exposição com fotos e objetos pessoais dos homenageados<br />
foi montada no Beit Chabad de Curitiba<br />
Lançado em Curitiba, no Beit Chabad,<br />
o 1º volume do Talmud em português<br />
diosos do Talmud: Menachem Mendel<br />
Knop-fholz z"l, Shmil Troib z"l e<br />
Nathan Yalom z"l. Cópia de um quadro<br />
pintado por volta de 1945 mostrando<br />
os três senhores saindo da<br />
Sinagoga Francisco Frischmann e<br />
carregando seus livros do Talmud,<br />
emprestado pelos familiares, foi<br />
exposto na ocasião. Na exposição<br />
Mendel (Manoel) Knopfholz recordou o avô Menachem Mendel<br />
Knopfholz z"l<br />
Público presente lotou o salão de festas da sede do Beit Chabad<br />
de Curitiba<br />
montada também havia a famosa<br />
Edição Vilna do Talmud, que eles<br />
estudavam, além de objetos pessoais<br />
de cada, também cedidas<br />
pelos parentes dos homenageados.<br />
Quatro netos - três dos quais<br />
carregam os nomes de seus avôs<br />
em hebraico - falaram ao público,<br />
Mendel (Manoel) Knopfholz, Jaime<br />
Zlotnik, Sérgio (Shmil) Mazer e<br />
Nathan Kulisch. Todos eles fizeram<br />
depoimentos históricos recordando<br />
fatos pitorescos e eventos<br />
de suas vidas quando crianças em<br />
relação aos seus ascendentes homenageados.<br />
O diretor do Beit Chabad, Rabino<br />
Yossef Dubrawsky ressaltou<br />
a felicidade do ishuv de Curitiba<br />
ter convivido com aqueles ilustres<br />
exemplos de devoção às tradições<br />
judaicas e ao estudo intenso do<br />
Talmud. E observou que hoje, com<br />
a tradução da grandiosa obra em<br />
outras línguas como o inglês - e<br />
agora também em português - cada<br />
vez será mais fácil à nova geração<br />
estudá-lo. O Rabino lembrou a todos<br />
que o Colel do Beit Chabad já<br />
tem aulas de Talmud abertas aos<br />
jovens e adultos e para novos grupos<br />
que serão formados em breve.<br />
"Atualmente, é possível conciliar a<br />
vida profissional com o estudo da<br />
Torá e do Talmud. Não se torna mais<br />
necessário abrir mão de qualquer<br />
um em prol do outro, como nossos<br />
antepassados tinham que fazer"<br />
concluiu o Rabino Dubrawsky.<br />
Em seguida, foi a vez do Rabino<br />
Shamai Ende, que veio a Curitiba especialmente<br />
para o lançamento,<br />
Reprodução de um pintura cedida por um familiar<br />
dos homenageados, onde se vê a imagem dos três<br />
estudiosos saindo da Sinagoga e carregando<br />
debaixo dos braços o livro do Talmud<br />
como responsável pela obra em português,<br />
fazer uma palestra sobre<br />
aspectos históricos e curiosidades<br />
do Talmud, que também<br />
é conhecido tradicionalmente<br />
a Lei Oral da Torá<br />
ou Torá Oral. Contou histórias<br />
verdadeiras acerca dos<br />
grandes sábios, sobre a incrível<br />
habilidade e memória<br />
para decorar a lei por séculos<br />
e séculos até o dia em<br />
que se chegou a necessidade<br />
de registrá-la para que<br />
não se perdesse nem so-<br />
fresse distorções ao longo<br />
da história do povo judeu. O<br />
Rabino Shamai Ende, diretor<br />
Nathan Kulisch contou histórias e casos sobre seu avô,<br />
Nahtan Yalom z"l<br />
Sergio (Shmil) Mazer relatou passagens interessantes sobre seu<br />
avô Shmil Troib z"l, um dos três homenageados da noite<br />
da Yeshivá Lubavitvch, de S. Paulo<br />
explicou que "todas as ciências, todos<br />
os ramos do conhecimento humano,<br />
todas as novidades tecnológicas<br />
e da medicina já estavam<br />
previstas nas páginas do Talmud<br />
muito antes de se tornarem realidade".<br />
O Rabino Ende informou<br />
ainda que o segundo e terceiro volumes<br />
estão a caminho e que a<br />
obra toda em português, incluindo<br />
os comentários. deverá alcançar<br />
mais de 120 volumes!.<br />
A noite ainda teve sequência<br />
com a venda dos exemplares do Talmud<br />
em português e depois um farbrenguen<br />
para menos pessoas com<br />
Rabino Shamai Ende. Por mais de<br />
uma hora ouviram histórias inspiradoras<br />
do Lubavitcher Rebe, em função<br />
da data que se aproximava, marcando<br />
os 70 anos de sua chegada<br />
aos EUA. Um Sheva Brachot inesperado,<br />
brindando os noivos Jackson<br />
Guelman e Joyce Grimberg que foram<br />
prestigiar o evento, finalizou a<br />
noite com bençãos, alegria e dança.<br />
Os volumes do Talmud, nas edições originais de<br />
Vilna, e em ingês. Ao fundo o Rabino Yossef Dubrawsky<br />
Jaime Zlotinik também prestou seu depoimento sobre seu avô<br />
que foi homenageado<br />
O Rabino Shamai Ende, que coordena a tradução do Talmud,<br />
fez palestra a respeito do tema
ontando a presença<br />
do reitor da Universidade<br />
Federal do<br />
Paraná, Zaki Akel Sobrinho,<br />
do presidente<br />
da Federação Israelita<br />
do Paraná, Manoel<br />
Knopfholz, da presidente da Comunidade<br />
Israelita do Paraná, Ester<br />
Proveller, do rabino da comunidade<br />
Pablo Berman, de professores,<br />
alunos e membros da comunidade<br />
israelita, foi aberta na noite do dia<br />
22/6, no mezanino do setor de Ciências<br />
Jurídicas, no prédio Histórico<br />
da UFPR, na Praça Santos Andrade a<br />
1ª Exposição Imigração <strong>Judaica</strong> no<br />
Paraná, organizada pelo Instituto<br />
Cultural Judaico Brasileiro Bernardo<br />
Schulman com o apoio de um<br />
grupo de jovens da comunidade,<br />
entre eles Diana Axelrud, André<br />
Camlot, Marcel Heilhorn, Eliane<br />
Melnik e Vanessa, com o seu grupo<br />
folclórico.<br />
Abrindo a solenidade os presentes<br />
assistiram a uma apresentação<br />
do grupo folclórico israelita do CIP,<br />
que dançou dois números especialmente<br />
selecionados para o evento<br />
no saguão do prédio histórico. A mostra<br />
fotográfica e de objetos judaicos<br />
permaneceu no local até o dia 30/6,<br />
sendo posteriormente transferida<br />
para o hall de entrada do edifício onde<br />
ficará exposta até o final de agosto<br />
para visitação pública.<br />
O primeiro a discursar foi o presidente<br />
da Federação Israelita do<br />
Paraná, Manoel Knopfholz, que fez<br />
uma retrospectiva a respeito da<br />
imigração judaica ao Paraná, enal-<br />
tecendo a acolhida de imigrantes<br />
judeus em um Brasil ainda<br />
infante que também migrava<br />
de uma monarquia obsoleta<br />
para uma recém-nascida república<br />
repleta de esperança. Ele<br />
também reconheceu "a perfeita<br />
sinergia desta gente de hábitos<br />
seculares europeus, judeus,<br />
com a terra da recém-criada<br />
província do Paraná, já miscigenada<br />
e promissora".<br />
A seguir, fez uso da palavra,<br />
a presidente do Instituto Cultural<br />
Judaico Brasileiro Bernardo<br />
Schulman, Sara Schulman, que depois<br />
de enumerar uma série de personalidades<br />
judaicas que cursaram a<br />
UFPR e brilharam no Paraná, no Brasil<br />
e no exterior, destacou que a Universidade<br />
Federal do Paraná, é um<br />
"melting pot" de experiências, conhecimentos<br />
e cultura. E participantes<br />
dela, nós, os filhos e netos dos imi-<br />
grantes judeus, nos tornamos<br />
orgulhosos de<br />
pertencer à comunidade<br />
brasileira, que tão bem<br />
nos recebeu em seu<br />
meio. Ela permitiu que o<br />
povo judeu, através dela,<br />
pudesse florescer, finalmente,<br />
naquilo que lhe<br />
é peculiar e que cultua,<br />
com fervor: - a ciência e<br />
a cultura universal - em<br />
seus mais diferentes<br />
aspectos.<br />
Depois foi a vez do<br />
reitor Zaki Akel Sobnho falar. Ao ressaltar<br />
a importância da comunidade<br />
judaica no Paraná lembrou também<br />
que a instituição recebeu não<br />
só judeus, mas representantes de<br />
outras nações e evidenciou os fundamentos<br />
democráticos da universidade,<br />
observando que ele próprio<br />
descendente de imigrantes (árabes)<br />
pode chegar à magna direção<br />
da UFPR. Conclamou a todos para<br />
participarem dos eventos do centenário<br />
de fundação da UFPR que serão<br />
desenvolvidos a partir do próximo<br />
ano, mas que a Exposição sobre<br />
a Imigração <strong>Judaica</strong> no Paraná abria<br />
o conjunto de eventos comemorativos<br />
a essa data histórica.<br />
Na continuidade<br />
foi aberta a<br />
mostra fotográfica<br />
e a exibição dos<br />
objetos religiosos<br />
judaicos para a visitação,oportunidade<br />
em que teve<br />
lugar um coquetel<br />
e o lançamento<br />
oficial do livro de<br />
Sara Schulman "O<br />
teatro na coletividade judaica curitibana",<br />
um apanhado histórico e<br />
iconográfico cultural da comunidade<br />
desde os primórdios de sua<br />
constituição.<br />
No dia 22/6, o professor Gabriel<br />
Schulman, mestre em direito pela<br />
UFPR e professor da Universidade<br />
Positivo fez a abertura da palestra<br />
proferida pelo professor e historiador<br />
Sérgio Feldman, da Universidade<br />
Federal do Espírito Santo, "Identidade<br />
e Assimilação: a travessia do<br />
Atlântico ou o Êxodo do século XX. O<br />
dilema da identidade judaica".<br />
Numa explanação de alto nível,<br />
Feldman observou que os judeus foram<br />
discriminados através dos séculos,<br />
por motivos religiosos, sociais e<br />
econômicos. Notou que existem divergências<br />
entre historiadores com<br />
enfoques focos diferenciados. A religião<br />
foi a motivação efetiva desde<br />
o surgimento do Cristianismo e as<br />
causas principais a herança da Revelação<br />
e das Escrituras. O Islã também<br />
conflita, mas de maneira menos<br />
intensa e prolongada.<br />
Ele citou a exclusão social, as<br />
leis restritivas e marginalização dos<br />
judeus no Velho Continente, para<br />
abordar em seguida dos movimentos<br />
de integração e obtenção de cidadania,<br />
tanto internos como externos.<br />
Mencionou a Haskalá ou Iluminismo<br />
judaico que quis aproximar<br />
os judeus da sociedade cristã, sem<br />
perder a identidade coletiva e<br />
aprender as línguas dos países,<br />
atuar na sociedade laica; obter direitos<br />
de cidadania; estudar as ciências<br />
e penetrar na cultura de seus<br />
países de adoção. Enfim, ser parte<br />
da cidadania e da "nacionalidade".<br />
Feldman comentou a seguir a saída<br />
dos judeus da Europa Oriental, a<br />
atuação nos movimentos políticos<br />
que almejavam ou democratizar, ou<br />
derrubar as autocracias e o desenvolver<br />
uma vertente nacional judaica<br />
que visava recriar lar nacional judaico,<br />
na terra de Israel, o Sionismo.<br />
O professor ressaltou que no<br />
caso da maioria dos imigrantes estrangeiros<br />
italianos, espanhóis,<br />
portugueses e japoneses que aportaram<br />
no Brasil prevaleceram motivos<br />
de ordem econômicos. Novas<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
1ª Exposição da Imigração <strong>Judaica</strong><br />
na Universidade Federal do Paraná<br />
Fotos: Paulo Kulisch<br />
A partir da esquerda, o Rabino da comunidade, Pablo Berman; a<br />
presidente do ICJBS Sara Schulman; o Reitor da UFPR Zaki Akel<br />
Sobrinho: a presidente da Kehilá, Ester Proveller; e o presidente da<br />
Federação Israelita do Paraná, Manoel Knopfholz<br />
Apresentação do grupo folclórico da comunidade Israelita do Paraná<br />
Foto: Szyja Lorber<br />
Sérgio Feldman fez palestra sobre os judeus no Brasil<br />
oportunidades e ascensão social.<br />
Entre eles, a hipótese de voltar existia<br />
e é alentada. Poucas vezes ocorre,<br />
mas é uma hipótese real.<br />
Já os judeus entre as duas guerras<br />
(1920-1939) abandonaram seus<br />
locais de moradia não pretendendo<br />
voltar aos países de origem e<br />
como apátridas, pois sequer tinham<br />
a cidadania e direitos civis básicos.<br />
E comparou ainda as dificuldades<br />
dos judeus nas novas terras em relação<br />
aos demais imigrantes.<br />
Os imigrantes latinos tinham<br />
ora a língua e a religião em comum,<br />
ora pelo menos uma delas. Portugueses,<br />
espanhóis e italianos têm<br />
alguma proximidade com o ambiente<br />
cultural e linguístico. A aceitação<br />
era mais fácil e houve abertura relativa.<br />
Os alemães, poloneses e<br />
ucranianos já não tinham esta facilidade,<br />
mas são cristãos.<br />
Judeus e japoneses são agudamente<br />
diferenciados e tiveram mais dificuldades<br />
de se integrar ao ambiente,<br />
embora o tivessem conseguido.<br />
Ele ainda explicou que as ondas<br />
imigratórias judaicas foram<br />
motivadas por diversas razões, tais<br />
como: busca de novos horizontes,<br />
tanto no âmbito sócioeconômico,<br />
quanto no sóciopolítico; perseguições<br />
das autocracias/regimes totalitários<br />
da Europa Oriental, por<br />
exemplo, czarismo ou bolchevismo,<br />
ou do totalitarismo<br />
nazifascista ou ainda<br />
fascistóide na<br />
década de 1930.<br />
Especificamente<br />
no caso sionista,<br />
havia ainda que solucionar<br />
a "questão<br />
judaica" através da<br />
criação de lar Nacional/Estado<br />
judaico<br />
na terra de Israel,<br />
frisou.<br />
Sergio Feldman<br />
ainda fez uma analise<br />
profunda sobre<br />
o processo denominado "melting<br />
pot" (cadinho ou mistura cultural)<br />
que levou a uma aproximação com<br />
os valores culturais, a língua, aos<br />
conceitos de vida, pois as necessidades<br />
do cotidiano dificultaram a<br />
manutenção de hábitos como a<br />
guarda do Shabat (sábado judaico)<br />
e da Kashrut (normas dietéticas judaicas)<br />
além de outras tradições. O<br />
foco na educação religiosa como<br />
ênfase maior perdeu terrenos para<br />
os estudos universitários. Trocouse<br />
o Talmud Torá, pela universidade<br />
e pela profissionalização e inserção<br />
social. Mas ele valorizou o<br />
processo da adaptação judaica, que<br />
a despeito da evolução soube e conseguiu<br />
manter vidas suas tradições<br />
e religião.<br />
Reitor da UFPR Zaki Akel Sobrinho<br />
7
8<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
m seu discurso, Sara<br />
Schulman, presidente<br />
do Instituto Cultural Judaico<br />
Brasileiro 'Bernardo<br />
Schulman' ao homenagear<br />
a Universidade Federal<br />
do Paraná pelos 100<br />
anos de fundação, fez agradecimentos<br />
em nome da comunidade, destacou<br />
que a Universidade que tem<br />
uma história de lutas, proporcionou<br />
ao povo brasileiro<br />
uma estrutura condigna<br />
com o que<br />
havia de melhor,<br />
em termos de prover<br />
o conhecimento<br />
e a cultura universal,<br />
desde seus primórdios,<br />
que a universidade<br />
também<br />
abriu suas portas<br />
para o estudante<br />
judeu, assim como<br />
também aos jovens de todas as<br />
outras etnias.<br />
Ela relatou alguns fatos da história<br />
da comunidade judaica dentro da<br />
nossa universidade mostram a ânsia<br />
daqueles jovens filhos de imigrantes,<br />
em obter conhecimento, aliado à<br />
receptividade que os encontraram,<br />
dentro de nossa universidade, desde<br />
sua chegada ao Paraná:<br />
Conta a nossa história que a primeira<br />
família de imigrantes judeus<br />
aqui chegados foi a família Flaks.<br />
Chegaram em 1889, na época histórica<br />
logo após a promulgação da Lei<br />
Áurea, com a abolição da escravatura;<br />
e, também, o período da Proclamação<br />
da República Brasileira,<br />
em 15 de novembro de 1889.<br />
21 anos depois, em 1929, a primeira<br />
formanda da comunidade judaica,<br />
pela Universidade do Paraná,<br />
foi a jovem, que se formou médica,<br />
Josefina Flaks, filha daquele<br />
primeiro imigrante.<br />
- Um ano mais tarde, em 1930, formou-se<br />
também médico na nossa<br />
universidade, Dório Stolzemberg, filho<br />
de Julio Stolzemberg, de uma das<br />
famílias chegadas logo em seguida.<br />
- Orientados pela Dra. Falce de<br />
Macedo, que foi<br />
uma das fundado-<br />
ras do setor de<br />
Análises Clínicas da<br />
nossa Faculdade<br />
de Medicina, e também<br />
da Faculdade<br />
de Farmácia da<br />
UFPR, os médicos<br />
Fany Frischmann e<br />
Oscar Aisengart,<br />
Homenagem à UFPR pelos 100 anos<br />
fundam o Laboratório<br />
de Análises Clínicas<br />
Frischmann-<br />
Aisengart, com renome<br />
até hoje nesta área.<br />
- Em 1935, forma-se médico Moysés<br />
Goldstein Paciornik, o fundador<br />
da Maternidade e Casa de Saúde<br />
Paciornik, berço de grande parte das<br />
crianças da comunidade curitibana.<br />
"...a primeira família de<br />
imigrantes judeus aqui<br />
chegados foi a família<br />
Flaks, em 1889...quando<br />
nascia a República..."<br />
"Em algumas ocasiões,<br />
o burrico, preso à<br />
charrete, ficava parado<br />
em frente da<br />
universidade, à espera<br />
do carroceiro que<br />
estava em aula, o Dálio".<br />
Além disso, Dr. Moysés ampliou<br />
suas pesquisas também para as<br />
condições físicas e os partos das<br />
índias de nossas matas, instituindo<br />
entre nós o Parto de Cócoras, que<br />
teve aceitação no mundo acadêmico<br />
nacional e internacional.<br />
- Também o prof. Rodolfo Paciornik<br />
forma-se médico, e é o autor do<br />
primeiro "Dicionário Brasileiro de Termos<br />
Médicos", livro sempre consultado<br />
por estudantes e<br />
profissionais da<br />
Medicina, editado<br />
em Curitiba.<br />
- Na Engenharia,<br />
o Prof. Samuel<br />
Chamecki que, convidado,<br />
foi diretor<br />
da área de Ciência<br />
e Tecnologia da<br />
UNESCO, na França,<br />
trabalhando lá durante<br />
18 anos. Como hobby, Chamecki<br />
desenvolveu o precursor do vídeogame,<br />
tendo até recebido um<br />
Oscar de Ouro pelo trabalho.<br />
- Também da área da Engenharia,<br />
Germano Paciornik, foi o fundador<br />
do sistema de Informática do<br />
Estado do Paraná, a Celepar.<br />
- Pela Faculdade de Direito,<br />
destaca-se Dálio Zippin, do qual se<br />
contam fatos pitorescos, que retratam<br />
muito bem as dificuldades dos<br />
imigrantes recém-chegados ao Paraná:<br />
Já matriculado na universidade,<br />
Dálio era obrigado, às vezes, a<br />
faltar às aulas, porque devia fazer<br />
entrega dos colchões fabricados e<br />
vendidos por sua mãe; a entrega<br />
era feita na charrete da família,<br />
puxada por um burrico.<br />
Em algumas ocasiões, o burrico,<br />
preso à charrete, ficava parado em<br />
frente da universidade, à espera do<br />
carroceiro que estava em aula, o Dálio.<br />
Conforme se dizia entre seus colegas,<br />
o burrico também estava na<br />
universidade, porque ficava estacionado<br />
em frente da primeira sede da<br />
Universidade do Paraná, na Rua Comendador<br />
Araújo, aguardando o carroceiro<br />
retornar da aula.<br />
Sara Schulman<br />
citou ainda nomes<br />
como: Felipe Ler-<br />
ner - clínico geral,<br />
atuante na Santa<br />
Casa de Misericórdia<br />
e professor da<br />
Faculdade de Medicina<br />
da Universidade<br />
do Paraná;<br />
Hermes Paciornik<br />
- Médico e professor<br />
da Faculdade<br />
de Medicina, especialista<br />
em Gastroenterologia;<br />
Dr.<br />
José Weniger, professor da Universidade<br />
Federal e médico pediatra<br />
de toda uma geração de cidadãos<br />
curitibanos, que se tornaram atuantes<br />
nos meios de nosso Estado, entre<br />
muitos outros.<br />
Em seguida, lembrou<br />
que, depois deles, a partir<br />
de seus filhos, vemos seus<br />
netos a frequentar a nossa<br />
Universidade Federal, numa<br />
feliz troca de conhecimento<br />
e cultura, fundidos<br />
numa amálgama de vivências<br />
históricas, de hábitos,<br />
religiões, tradições. Aqui,<br />
os filhos dos primeiros<br />
imigrantes puderam, desde<br />
seus primórdios, usufruir<br />
da sabedoria resultante<br />
dessa fusão: - fusão<br />
da cultura brasileira com a<br />
daqueles que imigraram de<br />
longínquos países do outro<br />
lado do oceano.<br />
É inegável e perfeitamente<br />
compreensível que através<br />
da universalidade dos conhecimentos<br />
que foram sendo adquiridos,<br />
dentro da universidade, é que os<br />
descendentes dos imigrantes, também<br />
aprenderam a avaliar e valorizar<br />
a sua própria tradição e fé, assim<br />
como, ao mesmo tempo, aprenderam<br />
a valorizar a cultura do povo<br />
brasileiro.<br />
Pois, a Universidade Federal do<br />
Paraná, é um "melting pot" de experiências,<br />
conhecimentos e cultura.<br />
E participantes dela, nós, os filhos<br />
e netos dos imigrantes judeus, nos<br />
tornamos orgulhosos de pertencer<br />
à comunidade brasileira, que tão<br />
bem nos recebeu em seu meio. Ela<br />
<strong>VJ</strong> INDICA<br />
Uma Letra da Torá<br />
Rabino Jonathan Sacks - Editora Sêfer<br />
A presidente do Instituto Cultural Judaico Brasileiro<br />
"Bernardo Schulman", Sara Schulman, discursa no evento<br />
permitiu que o povo judeu, através<br />
dela, pudesse florescer, finalmente,<br />
naquilo que lhe é peculiar e que<br />
cultua, com fervor: a ciência e a cultura<br />
universal em seus mais diferentes<br />
aspectos.<br />
Durante seu discurso, Sara<br />
Schulman, em nome do Instituto<br />
que preside homenageou o reitor<br />
Zaki Akel Sobrinho, por seu trabalho,<br />
também, de integração com a<br />
comunidade científica internacional,<br />
através de intercâmbio com estudantes<br />
e cientistas da UFPR e as<br />
universidades de países da América<br />
Latina, da Europa e do Oriente<br />
Médio, como Israel, entregando-lhe<br />
uma placa de recordação.<br />
LIVRO<br />
Prefácio do Autor<br />
Hoje, em toda a Diáspora, um em cada dois<br />
judeus casa-se fora da religião, ou simplesmente<br />
não se casa, ou toma a decisão de não formar um<br />
lar judaico, ter filhos judeus e dar continuidade<br />
à história judaica.<br />
Em momentos assim, raros na nossa história,<br />
nos deparamos com a pergunta: Quem sou<br />
eu e por que devo permanecer judeu? É uma<br />
pergunta que nunca pode ser respondida abstratamente.<br />
Ela é profundamente pessoal e<br />
pede uma resposta pessoal.<br />
Este livro é a minha resposta pessoal. Nenhum de nós pode responder<br />
em nome de outra pessoa. Mas, às vezes, saber o que outros pensavam<br />
sobre o assunto ajuda, e por isso decidi publicar o livro como uma carta aberta<br />
à próxima geração.<br />
Escrevê-lo acabou por tornar-se uma jornada de descobrimento. Todas as<br />
vezes que perguntei não "O Quê?", mas "Por quê?", encontrei o judaísmo a revelar-se<br />
aos meus olhos de uma forma que jamais vira. Por esta razão, no coração<br />
da história que tenho para contar está a minha própria teologia do judaísmo,<br />
algo que eu nunca havia escrito antes.<br />
Quanto mais eu me aprofundava no mistério que envolve a sobrevivência do<br />
judaísmo, mais nitidamente percebia a originalidade, a precisão, a pura sanidade<br />
de sua visão do mundo e da humanidade, e de como ela é pouco compreendida por<br />
nós mesmos e por outros, mesmo hoje em dia. Precisamos voltar aos nossos textos.<br />
A crise é criativa. Ao contrário do que acontece em períodos mais calmos, ela permite-nos<br />
encontrar uma antiga herança de uma nova maneira.<br />
Ofereci o primeiro exemplar deste livro ao nosso filho Joshua e à nossa nora<br />
Eve no dia do seu casamento. É o meu presente a eles. É também um tributo ao<br />
meu pai, de abençoada memória, e ao que aprendi com ele. Este é o meu Yizcor,<br />
a prece que faço em sua memória. Porque quando os judeus se lembram, eles o<br />
fazem em nome do futuro, o lugar onde, se formos fiéis, o passado nunca morre.<br />
Rosh Chodesh Elul, 5760
Os rabinos deram<br />
boas-vindas<br />
ao advento da escrita?<br />
Uma da s<br />
únic as c oisa s<br />
sobre a tra diçã<br />
o juda ic a é<br />
que o valor da<br />
rec orda çã o fo i<br />
mantido mesmo<br />
muito tempo<br />
depois que<br />
fo i po ssível e sc<br />
rever as c oisas.<br />
Ainda tínhamos<br />
e ssa<br />
Joshua Foer<br />
noç ão de que<br />
era melhor ter a tradição oral viva<br />
na memória , ao invés de e m pe rga<br />
minhos o u pa piro s.<br />
Houve algumas pessoas que se afligiram<br />
com o fato de que a escrita pode<br />
interferir com a memória?<br />
Só cra tes estava preoc upa do<br />
co m o pa pel que a escrita teria<br />
sobre a memória das pessoas e as<br />
capacidades cognitivas. Ele pensava<br />
que quando a s pessoas começassem<br />
a pegar a s memó rias e as<br />
ideia s de suas mentes e as coloca<br />
ssem nos papiros, e les se to rnariam<br />
esquecidos e toda a cultura<br />
seria liderada po r e ssa traiç oeira<br />
rampa esc orrega dia que não<br />
terminaria num bom lugar. Felizmente,<br />
algué m teve o bom senso<br />
de escrever esta frase: muito obrigado<br />
, Platão. Caso contrário, não<br />
tería mos ne nhum c onhecimento<br />
dela. Ma s o pensamento de que<br />
as ideias têm que vive r na mente<br />
humana para te r a verdadeira riqueza,<br />
e às vezes mudar e evoluir,<br />
eu suponho que seja uma espé cie<br />
de ideia judaic a.<br />
Há pesquisa científica que apoie<br />
esta ideia judaica?<br />
No nível neurológico, o ato de<br />
lembra r envolve nova a tualiza -<br />
ç ão . C a da ve z que rec o rda mo s<br />
uma memó ria , e sta mo s ativa -<br />
mente reenga jando e ssa me mó -<br />
ria ao nível do neurônio e contextua<br />
liza ndo -a no va me nte se mpre<br />
bem rá pido à luz do que so mo s<br />
no presente .<br />
Você menciona em seu livro que os<br />
rolos na verdade foram feitos com a<br />
intenção de servir como uma memória<br />
rápida. Como assim?<br />
A ma ioria dos textos eram, na<br />
realidade, lidos em voz alta, até<br />
bem dentro da Idade Média. Você<br />
tinha que estar f amilia rizado com<br />
o texto a fim de lê-lo porque os rolos<br />
- tais como a Torá - não são fáceis<br />
de ler. Não é como ter números<br />
de página ou número s de coluna.<br />
Você tem que saber a história, a fim<br />
de encontrar o local que você estará<br />
lendo nele.<br />
Os pergaminhos<br />
ainda<br />
são lidos assim<br />
ho je em<br />
dia?<br />
Um dos<br />
últimos lugares<br />
onde esse<br />
tipo de leitura<br />
sobre vive<br />
é no canto<br />
da leitura da<br />
Torá, todos<br />
os sá bados<br />
nas sinagogas<br />
de todo o<br />
mundo. E eu<br />
suspeito que<br />
da mesma forma somos as últimas<br />
pessoas na face da terra que ainda<br />
leem de pergaminhos, nós seremos<br />
as últimas pessoas na terra que<br />
ainda leem livros impressos. Até<br />
que inventem um amigável Kindle 1<br />
de Shabat, judeus observantes estarão<br />
pre sos à leitura do antiquado<br />
pa pel.<br />
Qual é a técnica de memória judaica<br />
mais importante?<br />
O ritua l é e spec ific ame nte<br />
concebido para no s fazer vo ltar a<br />
e nvolve r- se c om memória s co le -<br />
tivas judaicas. Durante Sucot, não<br />
só lembra mos o que signif ico u<br />
para nossos a ncestrais vagar pelo<br />
de se rto , ma s c omo e xperime ntaram<br />
a fa lta de moradia, o u dormiram<br />
sob a s e stre la s; nó s re almente<br />
f azemos isso. Construímos<br />
essa s ca ba na s frá ge is e m no ssos<br />
quintais e outra ve z atua liza mo s<br />
essa memória. O Sêder é o ato por<br />
excelê ncia de rec ordação judaica.<br />
Nó s to dos no s re unimos e sentamo<br />
s em to rno de uma mesa pa ra<br />
re cordarmo s, c oletivamente , este<br />
e ve nto que a c onte c eu há milha -<br />
res de a no s atrá s. Funda me ntalmente,<br />
somos ordenados a voltar<br />
a nos envolver com esta memória<br />
no c onte xto atua l do que somos<br />
hoje . N ós nã o a pena s c ome mo s<br />
matzot, so mo s o rde na do s a te r<br />
uma co nversa sobre o que significa<br />
comer matzot. Não apenas dizemos:<br />
"Este é o pã o da nossa a fliçã<br />
o", nó s re almente inf ligimo s<br />
nossos intestino s po r o ito dias.<br />
Daye nu! Daye nu! (N o s ba sta ria !<br />
N os ba staria! ). I sso é um tipo<br />
muito juda ico de recordaçã o.<br />
Então o Sêder usa mnemônicos, os<br />
dispositivos de lembrança que você trata<br />
em seu livro?<br />
O Sêder em si é uma espé cie<br />
de mnemônica. E é ca rregado dele<br />
s, co me ça ndo c om a se quê nc ia<br />
do Sê de r, em que c antamos pa ra<br />
que possa mo s no s le mbra r de le .<br />
O prato do Sêder está cheio de símbolos<br />
que são dif íc eis de e sque -<br />
ce r: O o sso da pa ta diante ira de<br />
ave ou de cordeiro, o ovo , o cha-<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
Judeus e Memória: Como o judaísmo perpetua<br />
a memória e ativa as nossas redes neurais<br />
* Nadine Epstein entrevista<br />
Joshua Foer<br />
a era do s iPads,<br />
Blackberries e Google,<br />
uma gama enorme<br />
de tec nologias<br />
no s permite f acilme<br />
nte organizar e<br />
ac essar inf ormaçõ es<br />
de mo do que não precisamos<br />
mais de pender ex clusivamente de<br />
memória. Mas esse não foi sempre<br />
o ca so. O fasc ínio de J oshua<br />
Foer co m as técnicas que as pesso<br />
as utilizam para reter grandes<br />
quantida des de informaçã o levouo<br />
a entrar e ganhar o Campeonato<br />
de Memória nos EUA em 2006, e a<br />
documentar a experiênc ia em seu<br />
livro recenteme nte public ado Moonwalking<br />
with Einstein: The Art and<br />
Science of Remembering Everything<br />
[Anda ndo na Lua c om Einstein: A<br />
Arte e a Ciência de Lembrar Tudo,<br />
em livre tradução] . A edito ra da<br />
revista Moment, Nadine Epstein,<br />
conversou com Foer para discutir a<br />
relaç ão histórica entre judeus e<br />
memória, e o pape l que a memória<br />
dese mpe nha na formaç ão da<br />
menta lidade judaic a.<br />
Os judeus são conhecidos como o<br />
"Povo do Livro". Antes dos escribas começarem<br />
a escrever palavras em pergaminhos,<br />
nós éramos o "Povo de Memória"?<br />
Muito mais do que ser o "Povo<br />
do L ivro " co ntinua mo s a ser o<br />
"Povo de Memória". A palavra hebra<br />
ic a pa ra ref erir-se a lembra r<br />
está na To rá 169 vezes. Há um livro<br />
ex trao rdinário chamado<br />
"Zakhor", esc rito por Yosef Hayim<br />
Yerushalmi, no qual ele argumenta<br />
que somos o único povo na terra<br />
que elevou o ato da recordação<br />
de um imperativo religioso. Somos<br />
ordenados consta ntemente a lembra<br />
r disso, lembre- se que, não se<br />
esqueç a disso, não se esqueç a<br />
daquilo .. .<br />
Como lembrávamos antes que a<br />
alfabetização se tornasse generalizada?<br />
A me mó ria era a ltamente valorizada<br />
em todas as culturas antes<br />
que ex istisse a a lfa betizaçã o.<br />
O s jude us tinham to da uma tra -<br />
diç ã o o ral que e ra tra nsmitida<br />
atra vé s da memória . Na rea lida -<br />
de, por um longo tempo, era proibido<br />
a nota r a s leis ora is. Ha via<br />
mesmo indivíduo s que tinha m a<br />
respo nsa bilida de da rec o rdaç ão .<br />
R abino s de via m c onsultá- los e<br />
dizer: "Ajude -me, está me f alta ndo<br />
esse pedaç o de um tex to " ou<br />
"o que a lgué m disse certa vez?"<br />
E sses indivíduo s tinham que c irc<br />
ula r de ac a de mia em a c ademia<br />
apenas para te r a certeza de que<br />
todo mundo tinha os mesmos textos<br />
em mente.<br />
rosset 2 , cada um existe para chamar<br />
a atenção pa ra outra coisa.<br />
Há mnemônicos nos textos judaicos?<br />
O Talmud está repleto de técnicas<br />
para rec ordação . Eles podem<br />
ser acrósticos - a primeira letra de<br />
coisas diferentes que você deveria<br />
se lembra r - ou palavras para inspirar<br />
ima gens mentais. Co isas que<br />
você pode visualiza r são se mpre<br />
mais fáceis de lembrar do que meras<br />
palavras.<br />
E que tal cantar?<br />
Qualquer um que já fez seu bar<br />
mitzvá o u se levanto u pa ra ler a<br />
Torá pode-lhe dizer, o fato de que<br />
você estar cantando torna mais fác<br />
il o a to de lembrar. I sso é e m<br />
parte po rque a música é uma das<br />
me lhores f orma s de e strutura r a<br />
inf o rma ç ão pa ra torná- la inesque<br />
c ível. E la fo rnec e ma is gancho<br />
s. Qua ndo vo cê sabe que uma<br />
linha e stá subindo e desce ndo ,<br />
voc ê po de rea lme nte se ntir que<br />
isso o ajuda e sinaliza o texto que<br />
vem a seguir. Qua se todas as tradições<br />
orais em todo o mundo têm<br />
usado a música como um e lemento<br />
para tornar as c oisa s re cordáveis.<br />
Falemos um pouco sobre a relação<br />
entre inteligência e memória, à qual<br />
você se refere em seu livro.<br />
Há sá bios que se lembram de<br />
uma tonelada de coisas, mas não<br />
co nseguem processá- las, da me sma<br />
forma como existem velhos professores<br />
que não conseguem lembrar<br />
uma c oisa, mas, o bviame nte,<br />
sã o muito intelige nte s. I sso quer<br />
dizer que o que chamamos de inteligência<br />
- a capacidade de colocar<br />
duas ideias juntas, pa ra estruturar<br />
informação de uma forma significativa<br />
e organizar pensamentos<br />
- é realmente relaciona da com a<br />
le mbrança . N ossas memória s são<br />
como uma espécie de teia de aranha,<br />
e quanto mais a teia de aranha<br />
cresce, mais ela pode apanhar,<br />
e quanto mais ela pode pegar, mais<br />
ela cresce. Memória e inteligência<br />
andam de mão s dada s como um<br />
sistema muscular e uma disposição<br />
atlética.<br />
Você fala sobre memórias palácios<br />
- estruturas para pendurar nossas memórias<br />
para que possamos recuperálas<br />
facilmente. O pensamento judaico<br />
é uma vasta estrutura, semelhante a<br />
um palácio de super memória?<br />
De certa forma. Educação judaica<br />
forne ce um conjunto de ide ias<br />
funda mentais e se nsibilidades<br />
co m a qua l se mo ve através do<br />
mundo. É um tipo de estrutura que<br />
molda no ssas perc epçõe s e c omo<br />
pe nsa mo s so bre as co isas. Ela<br />
aponta ao que presta r atençã o, o<br />
que lembrarmos, e que tipo de<br />
pe sso a somo s.<br />
9<br />
* Nadine Epstein é<br />
editora da revista<br />
Moment<br />
C o n ti n ua n a<br />
p ró xi ma p ág in a
10<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
Continuação da página anterior<br />
Poderíamos olhar para o judaísmo<br />
como uma espécie de sistema de memória<br />
gigante?<br />
Como judeus temos ritualizado<br />
do ato de recordar para recordar.<br />
Não só colocamos o Shemá 3 ,<br />
como nossa frase mais sagrada,<br />
na mezuzá 4 dos umbrais de nossas<br />
portas e nos tefilin 5 em nossos<br />
braços. Nós também colocamos em<br />
outro parágrafo, o V'ahavta, que diz,<br />
lembre-se de colocar estas palavras<br />
no umbral de sua porta, lembre-se<br />
de colocá-las em seu tefilin.<br />
As instruções sobre a forma de se<br />
lembrar são tão sagradas que temos<br />
inextricavelmente correlacioná-las<br />
com a linha que supomos<br />
deve ser lembrada.<br />
Existe uma memória judaica coletiva?<br />
Há memórias judaicas coletivas.<br />
Estamos todos ligados a mesma narrativa<br />
básica e, como judeus - não<br />
importa em que espectro você se encontra<br />
- estamos todos envolvidos em<br />
sua transmissão. Mas, obviamente,<br />
s esforços do movimento<br />
nacionalista Al<br />
Fatah e do fundamentalista<br />
islâmico Hamas<br />
para obter na prática a<br />
reconciliação palestina<br />
anunciada como firmada<br />
em maio toparam com seu primeiro<br />
obstáculo importante: o futuro<br />
político do primeiro-ministro, Salam<br />
Fayyad.<br />
Esse futuro se dirime entre a exigência<br />
do Al Fatah para que Fayyad<br />
continue sendo primeiro-ministro e<br />
a férrea oposição do Hamas para<br />
que continue no cargo.<br />
O presidente palestino e líder do<br />
Al Fatah, Mahmud Abbas, designou<br />
o atual chefe do governo como seu<br />
candidato a liderar o próximo executivo<br />
de unidade.<br />
A resposta do Hamas não se fez<br />
esperar e não só rejeitou de plano<br />
a proposta como, além disso, assegurou<br />
que não aceitará Fayyad<br />
nem sequer como ministro no futuro<br />
gabinete.<br />
O desacordo frontal, que transpirou<br />
rapidamente, é um jato de<br />
água fria para a ingente tarefa de<br />
resolver as diferenças que mantêm<br />
os dois principais movimentos palestinos<br />
há quatro anos.<br />
Após as declarações de um e<br />
outro lado, parece complicado, pois<br />
nenhum dos dois quer reconsiderar<br />
sua atitude sem ficar mal ante<br />
seus seguidores.<br />
Os nacionalistas do Al Fatah,<br />
satisfeitos com o trabalho de<br />
Fayyad, a aceitação que goza entre<br />
todos nós filtramos a narrativa do<br />
nosso próprio modo. Todo o empreendimento<br />
judaico é, no sentido mais<br />
redutor, um grande ato de manter um<br />
conjunto de memórias coletivas.<br />
Existe uma relação entre a memória<br />
judaica e a criatividade?<br />
Tendemos a pensar sobre a memória<br />
como se fosse um cofre do qual<br />
tiramos ou guardamos coisas, mas<br />
esse não é o modo que a memória<br />
realmente funciona em nossas vidas.<br />
As memórias estão sempre lá, e eles<br />
estão constantemente tomando a<br />
forma como percebemos o mundo.<br />
Isso faz parte do gênio da memória<br />
judaica: Nosso presente está constantemente<br />
sendo informado por<br />
este conjunto de memórias coletivas<br />
que possuímos como judeus. Estamos<br />
sempre supondo que deveríamos<br />
fazer algo novo com eles.<br />
Judeus nascem com melhor memória<br />
do que outras pessoas?<br />
Não acho que os judeus têm<br />
memória geneticamente melhor do<br />
que qualquer outra pessoa, mas é<br />
evidente que algo acontece na tradição<br />
judaica que torna o ato de<br />
lembrar tão importante para nós. É<br />
algo instilado em nós a partir de<br />
uma idade muito precoce.<br />
Uma bela história cabalística diz<br />
que antes de nascermos possuímos<br />
memória completa, total compreensão<br />
e conhecimento do mundo, e<br />
uma vez que nascemos isso tudo<br />
desaparece. Pensa que há algo sobre<br />
isto?<br />
Não, até você mencionar isso,<br />
mas é uma bela ideia. A noção é de<br />
que o nosso trabalho como indivíduos<br />
e como judeus, é reunir os pedaços<br />
da criação e fazer retornar o<br />
mundo à integridade. Também é verdadeiro<br />
em nossas memórias, que<br />
entramos no mundo totalmente ingênuos,<br />
e parte da nossa obrigação<br />
como judeus e como seres humanos<br />
é construir nossas mentes e reunir<br />
os fragmentos de memória.<br />
Hamas rejeita Fayyad para o<br />
posto de primeiro-ministro<br />
as potências ocidentais e seus avanços<br />
na construção de infraestruturas<br />
para o futuro Estado palestino,<br />
não parecem dispostos a dar seu<br />
braço a torcer.<br />
Consideram, além do mais, que<br />
seu bom nome garante que o novo<br />
governo com participação islamista<br />
não sofrerá isolamento da comunidade<br />
internacional.<br />
"Fayyad tem muitas possibilidades<br />
porque o Hamas não está em posição<br />
de impor muitas condições",<br />
disse uma fonte da Organização<br />
para a Libertação da Palestina (OLP,<br />
cujo núcleo é o Al Fatah), que pediu<br />
para não ser identificada.<br />
Os islamistas, precisou, "não<br />
têm agora uma posição de força<br />
para impor seu candidato, porque<br />
seu principal apoio (alusão à Síria)<br />
está sumido numa grande crise e<br />
qualquer benefício que possa obter<br />
para Gaza passa por colaborar<br />
com o Al-Fatah".<br />
Entretanto, o Hamas colocou-se<br />
numa posição inflexível: "Não aceitaremos<br />
Salam Fayyad, que preside<br />
um governo ilegal em Ramala, como<br />
primeiro-ministro do executivo tecnocrata.<br />
Não o aceitaremos nem<br />
mesmo como ministro", declarou em<br />
um comunicado o dirigente do Hamas,<br />
Salah Al Bardawil.<br />
Para ele, "o nome de Fayyad está<br />
ligado à prisão e tortura de líderes do<br />
Hamas e à acumulação de dívidas".<br />
Mushier Al Masri, outro alto<br />
cargo islamista, declarou: "Não há<br />
nenhuma possibilidade de aceitarmos<br />
a candidatura de Fayyad, por-<br />
que é uma pessoa indesejável para<br />
o povo palestino e uma ferramenta<br />
em mãos estrangeiras".<br />
"Para o Hamas, Fayyad é pouco<br />
mais que um instrumento dos EUA",<br />
explica Samih Hmoudeh, professor<br />
de Ciência Política da Universidade<br />
de Birzeit (Ramala).<br />
Mesmo que o Hamas não tenha<br />
proposto oficialmente ainda nenhum<br />
candidato, se consideram vários nomes<br />
de simpatizantes com o grupo.<br />
Um é Mahnun Abu Sahla, empresário<br />
e político independente de<br />
Gaza, e outro Kamalin Shaat, presidente<br />
da Universidade Islâmica.<br />
Outro possível candidato é Jamal<br />
al Judare, deputado próximo<br />
aos islamistas, que obteve em uma<br />
pesquisa recente o apoio de 12,3<br />
por cento da população, frente aos<br />
44,4 por cento que se mostrou a<br />
favor de Fayyad.<br />
Mazen Sunukrut, empresário e<br />
ex-ministro de Economia obteve na<br />
sondagem o apoio de 5,3 por cento<br />
dos pesquisados.<br />
Em declarações em Gaza, Ahmed<br />
Yusuf, antigo assessor do ex-primeiro-ministro<br />
palestino do governo<br />
que o Hamas manteve na Faixa desde<br />
junho de 2007 e até maio passado,<br />
Ismail Haniye, disse que "temos<br />
que continuar discutindo os prós e<br />
contras de Fayyad. Recentemente,<br />
os dois partidos se reuniram no<br />
Cairo para debater o acordo de um<br />
candidato de consenso".<br />
O professor Hmoudeh considera<br />
que "é o momento de ver se o Al-<br />
Fatah é sério em sua intenção de<br />
Notas:<br />
1. Kindle, do verbo kindle - acender, iluminar.<br />
Mas o autor se refere ao hardware e software, que se<br />
parece com um iPad, um aparelho eletrônico dotado<br />
de uma tela com fundo iluminado onde se pode ler<br />
um livro. Assim como existe um elevador de Shabat,<br />
no qual não é preciso apertar botões elétricos ele<br />
imagina, no futuro, um tipo Kindle para o Shabat.<br />
2. Charosset (hebraico) ou Charosses (iídiche)<br />
- É uma espécie de massa adocicada feita<br />
com purê maçã ou outra fruta fresca ou seca e vinho<br />
que faz parte da ceia de Pêssach, o Sêder, o<br />
que o torna favorito entre as crianças. Simboliza o<br />
barro com o qual os escravos israelitas construíam<br />
a cidades egípcias.<br />
3. Shemá, ou a prece do Shemá é uma das<br />
rezas mais conhecidas no Judaísmo. Shemá Yisrael,<br />
em hebraico "Ouça Israel" são as duas primeiras<br />
palavras da seção da Torá que constitui a profissão<br />
de fé central do monoteísmo.<br />
4. Mezuzá (hebraico) - Símbolo religioso judaico<br />
que consiste em dois parágrafos de uma oração,<br />
colocados num estojo de metal, madeira ou vidro,<br />
pregado nos umbrais das portas, à direita.<br />
5. Tefilin (hebraico) - Proveniente da palavra<br />
tefilá, que significa "prece" é o nome dado às duas<br />
caixinhas de couro, cada qual presa a uma tira de<br />
couro de animal kasher, dentro das quais está contido<br />
um pergaminho com os quatro trechos da Torá<br />
em que se baseia o uso dos filactérios.<br />
Salam Fayyad<br />
reconciliar-se com o Hamas ou<br />
não" e adverte que o movimento<br />
nacionalista teria que escolher entre<br />
seguir adiante com a unidade<br />
ou buscar outro candidato.<br />
O especialista, no entanto, não<br />
vê fácil a ruptura do pacto para nenhuma<br />
das duas partes, porque os<br />
palestinos no tolerarão que volte a<br />
divisão e porque há terceiras partes<br />
envolvidas no acordo, como o Egito,<br />
que não permitirá que fracasse.<br />
Fontes diplomáticas europeias<br />
em Jerusalém assinalaram que ambos<br />
os grupos podem estar tratando<br />
de ganhar tempo, dilatando o estabelecimento<br />
do governo de unidade<br />
porque a situação atual, com<br />
um executivo transitório que goza<br />
da aprovação do Ocidente, pode favorecer<br />
os dois até setembro.<br />
Com o "acordo de unidade" de<br />
maio, asseguram, Abbas pode apresentar-se<br />
à ONU como representante<br />
de todo seu povo quando pedir a<br />
admissão da Palestina como membro<br />
de pleno direito, esteja ou não<br />
formado o governo da Palestina.
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
Não é roubando a Palestina, é comprando Israel<br />
Daniel Pipes *<br />
s sionistas roubaram<br />
terras palestinas: é<br />
esse o mantra que<br />
tanto a Autoridade Palestina<br />
quanto o Hamas<br />
ensinam aos seus filhos<br />
e disseminam na mídia. Essa alegação<br />
tem uma importância enorme,<br />
conforme explica o Palestinian<br />
Media Watch: "Apresentar a criação<br />
do estado [israelense] como um ato<br />
de ladroagem e a continuação de<br />
sua existência como uma injustiça<br />
histórica serve como base da AP<br />
para o não reconhecimento do direito<br />
de Israel existir". A acusação<br />
de roubo também corrói a posição<br />
de Israel internacionalmente.<br />
Imaginário palestino: Um tubarão como<br />
Estrela de Davi devora a Palestina<br />
Contudo, essa acusação é verdadeira?<br />
Não, não é. Ironicamente, a criação<br />
de Israel representa uma das<br />
mais pacíficas migrações e criações<br />
de um Estado na história. Para entender<br />
porque, requer considerar o<br />
sionismo no contexto. Colocado de<br />
maneira simples, conquista é a<br />
norma histórica, em todos os lugares<br />
governos foram estabelecidos<br />
por meio de invasões, praticamente<br />
todos os estados se formaram<br />
às custas de alguém. Ninguém fica<br />
permanentemente no comando, as<br />
raízes de todo e qualquer indivíduo<br />
se originam em algum outro lugar.<br />
Tribos germânicas, hordas da<br />
Ásia Central, czares russos e conquistadores<br />
espanhóis e portugueses<br />
redesenharam o mapa. Os gregos<br />
modernos têm apenas uma conexão<br />
tênue com os gregos da antiguidade.<br />
Quem é capaz de enumerar<br />
quantas vezes<br />
a Bélgica foi invadida?<br />
Os Estados<br />
Unidos foram criados<br />
com a derrota<br />
dos americanos<br />
nativos. Reis saquearam<br />
a África,<br />
os arianos invadiram<br />
a Índia. No<br />
Japão, os falantes<br />
do idioma Yamato<br />
eliminaram praticamente<br />
a todos,<br />
menos alguns minúsculos<br />
grupos como o Ainu.<br />
O Oriente Médio, devido a sua<br />
centralidade e posição geográfica,<br />
viu a sua cota de invasões passar<br />
da conta, incluindo os gregos, romanos,<br />
árabes, cruzados, seljúcidas, timúridas<br />
e europeus modernos. Na<br />
região, ressentimento e tormento<br />
dinástico fizeram com que o mesmo<br />
território - o Egito, por exemplo - fosse<br />
conquistado e reconquistado.<br />
A terra que constitui o Estado de<br />
Israel de hoje, não é exceção. Em<br />
Jerusalem Besieged: From Ancient Canaan<br />
to Modern Israel, Eric H. Cline<br />
escreve sobre Jerusalém: "Por nenhuma<br />
outra cidade se combateu<br />
de maneira tão implacável através<br />
de sua história". Ele fundamenta a<br />
alegação enumerando "pelo menos<br />
118 conflitos distintos, em e por Jerusalém<br />
durante os últimos quatro<br />
milênios". Ele calcula que Jerusalém<br />
foi destruída por completo ao<br />
menos duas vezes, sitiada 23 vezes,<br />
capturada 44 vezes e atacada 52<br />
vezes. A AP fantasia que os palestinos<br />
de hoje são descendentes de<br />
uma tribo do antigo Canaã, os jebu-<br />
Muitas guerras por Jerusalém: O imperador<br />
Tito celebra a sua vitória sobre os judeus<br />
em 70 d.C. com um arco mostrando<br />
soldados romanos retirando uma menorá<br />
do Templo do Monte<br />
sitas; de fato, mas a maioria esmagadora<br />
é descendente de invasores<br />
e imigrantes a procura de oportunidades<br />
econômicas.<br />
Contra esse quadro de conquistas,<br />
violência e golpes incessantes,<br />
o empenho sionista<br />
em construir<br />
uma presença<br />
na Terra Santa<br />
até 1948 se destaca<br />
como espantosamentemoderada,<br />
mais<br />
mercantil do que<br />
militar. Dois gran-<br />
des impérios, o<br />
otomano e o britânicogovernaram<br />
Eretz Yisrael;<br />
contrastando, os<br />
sionistas careciam de poder militar.<br />
Eles não poderiam alcançar a soberania<br />
por meio da conquista.<br />
Como alternativa, compravam terras.<br />
Adquirir propriedade quilômetro<br />
quadrado por quilômetro quadrado,<br />
fazenda por fazenda, casa por<br />
casa, estava no coração do espírito<br />
empreendedor sionista até 1948. O<br />
Fundo Nacional Judaico, fundado<br />
em 1901 com o objetivo de comprar<br />
terras na Palestina "para ajudar na<br />
formação de uma nova comunidade<br />
de judeus livres comprometidos com<br />
atividades produtivas e pacíficas",<br />
foi a instituição chave - e não a Haganá,<br />
a organização de defesa clandestina<br />
fundada em 1920.<br />
Os sionistas também se concentraram<br />
na reabilitação do árido e<br />
do considerado imprestável. Eles<br />
não só fizeram o deserto florescer<br />
como também drenaram os pântanos,<br />
limparam os canais de água,<br />
recuperaram terras devolutas, reflorestaram<br />
colinas despojadas, removeram<br />
rochas e retiraram sal do<br />
solo. O trabalho de recuperação e<br />
saneamento judaico reduziu radicalmente<br />
o número de mortes relacionadas<br />
a doenças.<br />
Somente quando a potência mandatária<br />
britânica desistiu da Palestina<br />
em 1948, imediatamente seguida<br />
pelo ataque dos países árabes usando<br />
todos os recursos e meios disponíveis<br />
para esmagar e expulsar os sionistas,<br />
que eles tiraram a espada da<br />
bainha em legítima defesa e passaram<br />
a adquirir terras através da conquista<br />
militar. Mesmo então, segundo<br />
demonstra o historiador Efraim<br />
Karsh em Palestine Betrayed, a maioria<br />
dos árabes fugiu de suas terras, sendo<br />
que um número extremamente reduzido<br />
foi forçado.<br />
Essa história contradiz a explicação<br />
palestina de que "gangues<br />
sionistas roubaram a Palestina e<br />
expulsaram a sua gente", que levou<br />
à catástrofe "sem precedentes<br />
na história" (de acordo com um livro<br />
escolar do 3º ano do ensino médio<br />
da AP) ou que os sionistas "pilharam<br />
as terras e os interesses<br />
nacionais palestinos e estabeleceram<br />
seu estado sobre as ruínas<br />
do povo árabe palestino"<br />
(conforme<br />
escreve um colunista<br />
no diário da AP).<br />
Organizações internacionais,editoriais<br />
de jornais e petições<br />
de faculdades<br />
reiteram es-sa<br />
falsidade em todo<br />
o mundo.<br />
Os israelenses<br />
deveriam andar de<br />
cabeça erguida e salientar que a<br />
construção do seu país baseou-se<br />
no movimento menos violento e<br />
mais civilizado do que qualquer<br />
outro povo da história. Gangues não<br />
roubaram a Palestina, comerciantes<br />
compraram Israel.<br />
11<br />
* Daniel Pipes é uma<br />
das maiores<br />
autoridades sobre o<br />
Oriente Médio e o<br />
Islã. É diretor do<br />
Middle East Forum,<br />
colunista premiado<br />
dos jornais New<br />
York Sun e The<br />
Jerusalem Post, é<br />
autor de doze livros.<br />
Publicado em<br />
National Review<br />
Online em 21 de<br />
junho de 2011 sob o<br />
título em inglês: Not<br />
Stealing Palestine<br />
but Purchasing Israel<br />
e pode ser lido no<br />
original em http://<br />
pt.danielpipes.org/<br />
9950/roubandopalestinacomprando-israel<br />
Tradução:<br />
Joseph Skilnik.<br />
Anwar Sadat (E) e Menachem Beguin (D),<br />
sob as vistas do então presidente Jimmy<br />
Carter, no Acordo de Camp David em 1978<br />
Instituto Weizmann é número 1 do mundo acadêmico<br />
A pesquisa anual da revista The Scientist<br />
qualificou o Instituto de Ciências<br />
Weizmann, de Israel, como "o melhor<br />
lugar para fazer pesquisa acadêmica<br />
fora dos EUA". A instituição assinou recentemente<br />
com a Coordenação de<br />
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior<br />
(Capes), subordinada ao Ministério<br />
da Educação do Brasil, um acordo<br />
de cooperação científica que vai permitir<br />
intercâmbio de pessoal e cooperação<br />
de grupos de pesquisa de interesse<br />
comum.<br />
Localizado em Rehovot, o Instituto<br />
Weizmann figura na vanguarda da investigação<br />
científica. Tem cinco faculdades:<br />
Matemática e Ciência da Computação,<br />
Física, Química, Bioquímica e<br />
Biologia. Seus laboratórios abrigam<br />
mais de 2.500 cientistas, técnicos e es-<br />
tudantes que vêm fazendo<br />
grandes contribuições para<br />
a humanidade, sobretudo<br />
no campo das investigações<br />
científicas e no tratamento<br />
de doenças como<br />
o câncer e a esclerose múltipla.<br />
Nos EUA, ganhou o Instituto<br />
J. David Gladstone,<br />
em São Francisco, na Califórnia.<br />
A lista é divulgada há nove anos pela<br />
revista, com base em pontos dados pelos<br />
leitores. The Scientist colocou no ar<br />
uma pesquisa entre setembro e novembro<br />
de 2010 e convidou os leitores - só<br />
os que se identificaram como cientistas<br />
em tempo integral trabalhando na academia<br />
ou em instituições de pesquisas<br />
não-comerciais - a responderem. Foram<br />
Sede do Instituto Weizmann<br />
de Cências em Israel<br />
recebidas 2.260 respostas.<br />
A enquete levou em consideração<br />
o local de trabalho:<br />
o ambiente produtivo e<br />
a atmosfera leve e sem estresse<br />
para a realização de<br />
pesquisas.<br />
Em anos anteriores, o<br />
Instituto Weizmann já havia<br />
se destacado. Ficou em primeiro<br />
lugar duas vezes e em segundo<br />
lugar outras duas vezes. A instituição<br />
fica numa área verde pastoral, de 150<br />
mil metros quadrados, numa cidade relativamente<br />
pequena e simpática.<br />
O centro é uma incubadora de cientistas<br />
e ideias. De lá, por exemplo, saiu<br />
a vencedora do Prêmio Nobel de Química<br />
de 2009, a professora Ada Yonath.<br />
O instituto é composto de 100 edifícios<br />
e tem recebido o crescente apoio de<br />
fontes de financiamento de Israel e da<br />
União Europeia, compensando uma queda<br />
de 6 por cento desde 2007 dos financiamentos<br />
efetuados pelo governo dos<br />
EUA, conforme informado pelo vice-presidente<br />
do Instituto Weizmann, Haim Garty.<br />
"Como resultado os fundos totais de<br />
subvenções não só não diminuíram durante<br />
a crise econômica, mas na verdade<br />
aumentaram em quase 20% desde 2007".<br />
O Instituto Weizmann é um dos líderes<br />
mundiais em instituições de pesquisa<br />
multidisciplinar e suas cinco faculdades<br />
estão divididos em 17 departamentos<br />
científicos. Além disso, a Escola<br />
de Graduação Feinberg treina estudantes<br />
de pesquisa interessados em cursarem<br />
pós-graduações.
12<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
Museu do Holocausto em Curitiba pede<br />
colaboração para formar seu acervo<br />
m comunicado dirigido<br />
aos membros da<br />
comunidade israelita<br />
do Paraná, o presidente<br />
da Associação<br />
Casa de Cultura Beit<br />
Yaacov, Miguel Krigsner<br />
está solicitando a colaboração<br />
para a consolidação do primeiro<br />
Museu do Holocausto no Brasil, que<br />
está sendo construído em Curitiba,<br />
junto ao complexo da nova sinagoga<br />
Beit Yaacov, ao lado do Centro<br />
Israelita do Paraná, com previsão<br />
de inauguração no segundo semestre<br />
de 2011.<br />
Estão adiantadas as obras da Sinagoga e do Museu da Associação Casa<br />
de Cultura Beit Yaacov<br />
Inauguração do primeiro memorial brasileiro está prevista para o segundo semestre deste ano<br />
"O museu encontra-se em fase<br />
de pesquisa e implantação. Portanto,<br />
gostaríamos de realizar um levantamento<br />
de nomes e/ou sobrenomes<br />
de familiares que foram vítimas<br />
do regime nazista para que<br />
possamos homenageá-los. Assim,<br />
pedimos a colaboração no intuito<br />
de constituir uma lista com o nome<br />
de familiares mortos ou sobreviventes<br />
da Shoá", destaca a carta enviada<br />
pela ACCBY aos membros da comunidade.<br />
Krigsner observa também em<br />
seu comunicado que, "paralelamente,<br />
o museu está formando um<br />
acervo de fotos e objetos pessoais<br />
daquele período, por meio dos<br />
quais serão narradas pequenas<br />
histórias de sobrevivência, salvamento,<br />
resistência física ou espiritual<br />
- as quais enriquecerão nossa<br />
memória coletiva. Gostaríamos de<br />
consultá-los sobre o possível interesse<br />
em fazer doações ou cessões<br />
temporárias (empréstimos) desses<br />
itens a este acervo".<br />
De acordo com o Presidente da<br />
mais nova instituição comunitária<br />
judaica de Curitiba,<br />
O museu contará, além de arquivo<br />
de documentos, com uma biblioteca<br />
e uma videoteca voltadas<br />
ao tema, como parte do projeto de<br />
transformação do espaço num centro<br />
de referência para o estudo da<br />
Shoá em nosso Estado.<br />
O comunicado também apresenta<br />
a professora Denise Weishof<br />
e o sr. Carlos Reiss como os futuros<br />
interlocutores na implantação e<br />
gerenciamento do museu, bem como<br />
responsáveis voluntários para atuar<br />
no planejamento de ações educativas<br />
do Museu do Holocausto.<br />
Para colaborar, os interessados<br />
devem seguir os procedimentos<br />
para envio de nomes, cessões ou<br />
doações de objetos e de material<br />
bibliográfico e/ou videográfico,<br />
estando a entrega de qualquer item<br />
condicionada a assinatura de um<br />
Termo de Doação ou de Cessão Temporária<br />
para devolução posterior.<br />
Todo o material deve ser encaminhado<br />
até o dia 31 de julho de 2011,<br />
sendo este o prazo hábil para a devida<br />
apreciação.<br />
Nomes e/ou Sobrenomes de vítimas<br />
da Shoá devem encaminhados<br />
para o e-mail: museudoholocausto<br />
@accbeityaacov.org ou para o Centro<br />
Israelita do Paraná, aos cuidados<br />
da Associação Casa de Cultura<br />
Beit Yaacov, Rua Cel. Agostinho<br />
Macedo, 248, Bom Retiro. 80.520-<br />
100. Curitiba-PR.<br />
Fotos, objetos pessoais, material<br />
bibliográfico e/ou videográfico<br />
(devidamente identificados) favor<br />
entrar em contato com os responsáveis<br />
Denise Weishof<br />
e/ou Carlos Reiss<br />
ou encaminhar ao endereço<br />
acima citado.<br />
Os contatos podem<br />
ser feito com Denise<br />
Weishof: (41) 9995-<br />
1846 ou e-mail isac<br />
weishof@uol.com.br e<br />
Carlos Reiss: (41) 9925-<br />
4221 - carlosreiss<br />
@gmail.com<br />
Miguel Krigsner, antes<br />
de encerrar sua carta<br />
e agradecer a colabo-<br />
ração de todos, observa<br />
que "acreditamos<br />
As costas de Israel podem ser<br />
uma mina de ouro em petróleo<br />
Segundo estimativas do Ministério<br />
da Infraestrutura israelense,<br />
cerca de 15% do país pode ter depósitos<br />
de petróleo, o que faria de<br />
Israel o lugar com uma das maiores<br />
reservas do mundo.<br />
Um mapa geológico apresentado<br />
na Universidade Hebraica de Jerusalém<br />
mostra que a concavidade<br />
do Levante, que inclui a enorme jazida<br />
de gás de Leviatã, contém grande<br />
quantidade de petróleo em camas<br />
profundas, com reservas calculadas<br />
em US$ 3 trlhões.<br />
O pesquisador Iaakov Mimran diz<br />
que que se na perfuração da área de<br />
Leviatã se descobrir petróleo, há boas<br />
probabilidades de encontrar mais<br />
"ouro negro" em lugares similares.<br />
Israel também pode estar assen-<br />
Miguel Krigsner, presidente Associação<br />
Casa de Cultura Beit Yaacov<br />
que a fundação deste museu em<br />
Curitiba demonstrará o espírito pioneiro<br />
desta comunidade, vindo a<br />
enriquecer a cultura local. Cumprirá<br />
uma vocação de reflexão sobre<br />
a história, de homenagem aos perseguidos<br />
- falecidos e sobreviventes,<br />
e de formação junto às novas<br />
gerações".<br />
Tanto a a nova Sinagoga como o Museu do Holocausto serão<br />
inaugurados ainda no segundo semestre deste ano<br />
tado em enormes depósitos petrolíferos.<br />
Por isso, a empresa israelense<br />
de energia teve a iniciativa de<br />
colocar em marcha um projeto piloto<br />
no final deste ano, que dará lugar<br />
à produção de 50.000 barris por dia,<br />
um quinto do consumo de Israel.<br />
O Conselho Mundial de Energia<br />
estima que os depósitos de Israel<br />
podem conter até 250 milhões de<br />
barril de petróleo, quase a mesma<br />
quantidade das reservas encontradas<br />
na Arábia Saudita. (AJN).
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
A 13ª Tribo: Khazares X Ashkenazim<br />
Jane Bichmacher de Glasman *<br />
m 1976, Arthur Koestler,<br />
em seu livro A<br />
13ª Tribo, retomou a<br />
teoria de que os judeus<br />
ashkenazim seriam<br />
descendentes<br />
dos khazares que abandonaram<br />
suas terras, fugindo dos<br />
mongóis, refugiando-se na Europa<br />
Oriental, principalmente nas atuais<br />
Polônia, Hungria e Ucrânia. Essas<br />
populações, não pertencendo a<br />
nenhuma das 12 tribos de Israel, são<br />
definidas no livro como "a 13ª tribo".<br />
Por defender essa ideia, Koestler<br />
recebeu uma avalanche de críticas<br />
e foi acusado de negar o "sagrado"<br />
direito dos judeus ashkenazim<br />
ao território de Israel 1 . Koestler,<br />
judeu ashkenazi, era sionista com<br />
base em razões seculares e não considerou<br />
que uma suposta ascendência<br />
khazar pudesse retirar a legitimidade<br />
da reivindicação dos judeus<br />
sobre Israel - direito que ele<br />
considerava baseado em uma de-<br />
Concepção artística de um guerreiro khazar<br />
cisão das Nações Unidas e não em<br />
promessas bíblicas ou herança genética.<br />
Para ele: "o problema da infusão<br />
khazar mil anos atrás (...) é<br />
irrelevante para o<br />
moderno Estado<br />
de Israel, que se<br />
baseia em mera<br />
tradição etnoteológica<br />
e não em<br />
coerência genômica<br />
real" 2 .<br />
Já em 1971,<br />
Marcos Margulies,<br />
em seu livro<br />
sobre a História<br />
dos Judeus na<br />
Rússia (e, anteriormente,<br />
em 1970,<br />
em sua tese de<br />
doutorado em História, "A evolução<br />
dos contatos intergrupais na Europa<br />
da Idade Média através do relacionamento<br />
entre judeus e russos"),<br />
"levanta a lebre", um pouco<br />
na direção oposta ao dizer que os<br />
khazares se diluíram entre os judeus<br />
ashkenazim da Europa oriental.<br />
Diz o historiador americano Kevin<br />
Alan Brook, no livro The jews of<br />
Khazaria (2003, 2ª Ed., 2006): "cientistas<br />
afirmam que material genético<br />
encontrado em judeus ashkenazim<br />
pode ter sido herdado de ancestrais<br />
khazares. Outro dado interessante<br />
é que a primeira língua falada<br />
pelos judeus da Rússia e Ucrânia<br />
era o eslavo oriental, provavelmente<br />
uma herança dos khazares.<br />
Foi somente mais tarde que estes<br />
judeus adotaram o ídiche".<br />
O historiador Schlomo Sand, da<br />
Universidade de Tel Aviv, em seu livro<br />
publicado When and How Was the<br />
Jewish People Invented? 3 , de 2008, propõe<br />
uma revisão crítica dos mitos<br />
fundadores da história do povo judeu,<br />
retomando a hipótese de Koestler.<br />
Tenta fazer uma reconstrução<br />
da história khazar e salienta que já<br />
na segunda metade do século XIX<br />
emerge uma visão histórica segundo<br />
a qual, na Rússia, existiram na<br />
Grande parte do territóriod a Khazaria<br />
ficava onde hoje é a Rússia<br />
realidade duas comunidades judaicas<br />
que se sedimentaram uma sobre<br />
a outra, no curso dos séculos: a<br />
primeira, formada por judeus provenientes<br />
da costa<br />
do Mar Negro e<br />
da Ásia através<br />
do Cáucaso; a segunda,proveniente<br />
da Germânia,<br />
em sucessivas<br />
ondas migratórias.<br />
A questão<br />
khazar continuou<br />
a alimentar dúvidas<br />
e muitos autores<br />
se mostra-<br />
ram favoráveis à<br />
hipótese de que o<br />
reino dos cazaros<br />
na origem da diáspora dos judeus<br />
na Rússia, na Lituânia e na Polônia.<br />
Os estudiosos citados por Sand são<br />
Avraham Harkavy, Yitzchaq Schipper,<br />
Salo Baron e Ben Zion Dinur.<br />
Por outro lado, Sand recorda que<br />
a historiografia sionista tradicional<br />
sempre sustentou que os judeus da<br />
Europa oriental eram provenientes<br />
da Terra de Israel e vieram da Germânia,<br />
passando por Roma. O uso<br />
da língua iídiche na Polônia, Lituânia<br />
e Rússia tem sido usado como<br />
prova da existência de judeus orientais<br />
de origem judeu-alemã ou<br />
ashkenazi, já que 80% dessa língua<br />
constituem-se de palavras alemãs.<br />
Entre os séculos XIX e XX, outras hipóteses<br />
emergiram para justificar<br />
a difusão do iídiche.<br />
Concluo com palavras de Steven<br />
Plaut 4 , em seu artigo "O mito dos khazares<br />
e o novo anti-semitismo":<br />
"Há um demasiado exagero na<br />
difusão e no mau uso do mito dos<br />
khazares entre os que buscam<br />
deslegitimar Israel e os judeus<br />
hoje. Uma pesquisa recente mostrou<br />
que quase 30.000 websites<br />
usam a "teoria" dos khazares<br />
como um tacape contra Israel e o<br />
Sionismo.(...)<br />
Uma irônica distorção histórica<br />
é que os khazares contribuíram para<br />
o alfabeto cirílico no qual o russo e<br />
alguns outros idiomas eslavos são<br />
escritos. São Cirilo chegou à Khazaria<br />
em 860 numa tentativa de converter<br />
os khazares ao cristianismo.<br />
Como o hebraico dos khazares e grego<br />
eram os principais alfabetos conhecidos<br />
por São Cirilo e os primitivos<br />
eslavos, eles pegaram emprestado<br />
de ambos. (...)<br />
Os judeus sempre se definiram<br />
em termos religiosos, étnico-nacionais<br />
e, às vezes, em condições linguísticas,<br />
mas nunca em termos de linhas<br />
raciais. Se todos os judeus ashkenazim<br />
fossem realmente khazares convertidos,<br />
como alegam os anti-sionistas<br />
racistas, eles não seriam legitimamente<br />
menos judeus e, como tal,<br />
teriam os mesmos direitos de reivindicação<br />
da pátria judaica como qualquer<br />
outro grupo de judeus. (...)<br />
13<br />
* Jane Bichmacher<br />
de Glasman é<br />
doutora em Língua<br />
Hebraica,<br />
Literaturas e Cultura<br />
<strong>Judaica</strong> (USP),<br />
professora adjunta,<br />
fundou e coordenou<br />
o Setor de Hebraico<br />
e o Programa de<br />
Estudos Judaicos da<br />
UERJ, professora e<br />
coordenadora do<br />
Setor de Hebraico<br />
da UFRJ<br />
(aposentada),<br />
escritora<br />
(ashkenazit, com<br />
orgulho).<br />
Sviatoslav I de Kiev (sentado no bote) o destruidor do Império Khazar<br />
encontrando-se com o rei João. Tela de Klavdiy Lebedev (1852–1916)
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
14 Continuação da página anterior<br />
* Gavriel Queenann<br />
é jornalista e<br />
consultor eventual<br />
de internet,<br />
trabalhou como<br />
mergulhador,<br />
cozinheiro,<br />
investigador<br />
particular,<br />
recuperador de<br />
bens locados e não<br />
pagos e como um<br />
guru de banco de<br />
dados da Microsoft.<br />
Autodidata com<br />
aspirações à cultura<br />
acadêmica, Gavriel<br />
tem um profundo<br />
amor profundo<br />
pelos textos básicos<br />
do judaísmo, e gosta<br />
da epistemologia, da<br />
teoria jurídica, do<br />
textualismo, dos<br />
jogos de estratégia,<br />
da ficção noir, e de<br />
escrever contos.<br />
Convertido ao<br />
judaísmo e iniciante<br />
haredi, ele fez aliá<br />
com a esposa e duas<br />
filhas em 2004,<br />
adotando uma<br />
abordagem firme,<br />
racionalista e<br />
moderna ao<br />
judaísmo. Reside<br />
em Beit El, é<br />
gerente da Rádio<br />
Nacional de Israel<br />
(Israel National<br />
Radio). Publicado no<br />
site do Israel<br />
National News<br />
(http://<br />
www.israelnationalnews.com/<br />
News/News.aspx/<br />
144681).<br />
Se levarmos em conta o argumento<br />
racista à sua conclusão lógica,<br />
os árabes palestinos têm o direito<br />
de exercitar todas as suas reivindicações<br />
sobre a soberania em<br />
Israel devido a serem eles os verdadeiros<br />
judeus raciais, enquanto<br />
os sionistas são khazares não judeus,<br />
impostores étnicos e usurpadores.<br />
Para tornar as coisas até<br />
mais bobas ainda, os próprios árabes<br />
são, é claro, uma mistura de<br />
grupos raciais, com um componente<br />
caucasiano particularmente grande<br />
graças à miscigenação árabe com<br />
espanhóis e italianos, bérberes<br />
caucasianos, vândalos, góticos, e<br />
até mesmo alguns vikings. A deslegitimação<br />
racista do Sionismo como<br />
"imperialismo Khazar" é um golpe<br />
dentro da teoria do mesmo hospício<br />
de que "Jesus era palestino" ou<br />
a conversa de que todos os verdadeiros<br />
judeus (do ponto de vista<br />
A secretária de Estado norteamericana<br />
Hillary Clinton disse que<br />
a administração Obama deseja<br />
abrir um diálogo com a Irmandade<br />
islâmica muçulmana.<br />
"Acreditamos que, dada a evolução<br />
do panorama político no Egito,<br />
que é do interesse dos Estados<br />
Unidos se envolver com todas as<br />
partes que são pacíficas e comprometidas<br />
com a não violência, e que<br />
pretendem concorrer ao Parlamento<br />
e à Presidência", declarou Clinton<br />
a jornalistas, em Budapeste,<br />
Hungria. "E damos as boas-vindas,<br />
portanto, ao diálogo com os membros<br />
da Irmandade Muçulmana, que<br />
querem falar conosco",<br />
Clinton acrescentou que o diálogo<br />
desejado "vai continuar a enfatizar<br />
a importância do e o apoio<br />
para os princípios democráticos, e<br />
especialmente um compromisso<br />
com a não violência, o respeito aos<br />
direitos das minorias, e a plena inclusão<br />
das mulheres em qualquer<br />
democracia. Não pode deixar de<br />
fora metade da população e reivindicar<br />
que está comprometido com<br />
a democracia".<br />
Mahmoud Ghozlan, porta-voz<br />
da Irmandade Muçulmana, disse à<br />
rede CNN que tinha ouvido falar do<br />
interesse dos EUA no diálogo, mas<br />
ouviu isso só das reportagens da<br />
mídia.<br />
"O governo dos Estados Unidos<br />
apoiou ditadores durante décadas<br />
Steven Plaut<br />
racial) se converteram ao Islã depois<br />
da conquista árabe da Palestina<br />
no século 7 e assim se tornaram<br />
os árabes palestinos".<br />
E se os khazares se pareciam com<br />
os povos túrquicos da Ásia, como<br />
eles poderiam dar aos judeus ashkenazim<br />
uma aparência europeia? Há<br />
outros problemas. Se todos os judeus<br />
ashkenazim são descendentes<br />
dos khazares convertidos, por que<br />
há Cohens e Levis entre eles? A pessoa<br />
herda o status de Cohen (sacerdote)<br />
ou Levita de seu pai. (...)<br />
E por que não há nenhum sobrenome<br />
khazar entre os ashkenazim,<br />
ou nomes khazares em cidades<br />
da Europa onde os judeus viveram?<br />
E o que fez a maioria das comunidades<br />
de ashkenazim falarem variações<br />
do iídiche no lugar de línguas<br />
túrquicas?<br />
Arthur Koestler<br />
NOTAS:<br />
1 Lewis, Bernard. Semites and Anti-Semites, W.W. Norton and Company, 1999, ISBN 0-393-31839-7, p.<br />
48; Abramsky, Chimen. "The Khazar Myth". Jewish Chronicle, 9 de abril de 1976; Maccoby, Hyam.<br />
"Koestler's Racism". Midstream 23 (March 1977); McInnes, Neil. "Koestler and His Jewish Thesis".<br />
National Interest. Fall 1999.<br />
2 Michael Barkun, Religion and the Racist Right: The Origins of the Christian Identity Movement, UNC<br />
Press, 1997, ISBN 0807846384, p. 137-139 e 144-145.<br />
3 Déconstruction d'une histoire mythique. Comment fut inventé le peuple juif, por Shlomo Sand.<br />
Le Monde diplomatique, agosto de 2008.<br />
4. Steven Plaut é jornalista, colunista da Jewish Press e professor da Universidade Haifa, em Israel.<br />
O artigo em questão foi publicado em português, no jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, de junho de 2007, edição<br />
nº 58 e pode ser lido na íntegra em www.visaojudaica.com.br/Junho2007/artigos/19.html<br />
EUA reconhecem e dialogam<br />
com a Irmandade Muçulmana<br />
Gavriel Queenann * e autorizou tortura, repressão e<br />
colonização. Os EUA são odiados<br />
na região do Oriente Médio mais<br />
do que qualquer outro país de acordo<br />
com pesquisas publicadas nos<br />
EUA", disse Ghozlan.<br />
"Se os EUA são sérios em abrir<br />
um diálogo, eles devem primeiro<br />
respeitar as escolhas do povo para<br />
uma verdadeira democracia, independência<br />
e respeito a sua escolha<br />
dos líderes", e continuou Ghozlan:<br />
"Gostaríamos de saudar a abertura<br />
do diálogo, se eles forem sérios e<br />
transparentes".<br />
Membros da Irmandade Muçulmana,<br />
acompanhados por aliados militantes<br />
do Hamas da Faixa de Gaza,<br />
estiveram na linha da frente de alguns<br />
dos protestos mais violentos durante<br />
as manifestações no Egito, que resultaram<br />
na derrubada do presidente<br />
Hosni Mubarak, em fevereiro.<br />
Na sequência, a liderança do<br />
grupo lançou seu apoio às escondidas<br />
para a junta provisória, que<br />
assumiu o poder até que as críticas<br />
de outros partidos de oposição começaram<br />
a atingi-la nas pesquisas.<br />
O grupo islâmico, que originalmente<br />
dissera não pretender concorrer<br />
à Presidência, desde então<br />
tem criado uma superampla coalizão<br />
dos partidos da oposição, na<br />
esperança de tomar o próximo governo<br />
do Egito com a agitação.<br />
A mídia internacional frequentemente<br />
cita ex-líderes da Irmandade<br />
que dizem que o novo partido do<br />
grupo Liberdade e Justiça não é teocrático<br />
e apoia a democracia, nas<br />
entrevistas de língua inglesa, mas<br />
os líderes atuais defendem abertamente<br />
a imposição da lei da sharia<br />
na imprensa árabe do Egito.<br />
"Termos como estado civil ou secular<br />
são enganadores", diz Sobhi<br />
Saleh, da Irmandade, ao jornal árabe<br />
egípcio Al Masry Al Youm, completando:<br />
"A sharia islâmica é o<br />
melhor sistema para muçulmanos<br />
e não muçulmanos".<br />
A Irmandade Muçulmana foi<br />
fundada no Egito em 1928 com o<br />
objetivo específico de expulsar os<br />
britânicos e criar um Estado islâmico<br />
independente.<br />
Dialogar com o grupo suscitou<br />
polêmica nos Estados Unidos, onde<br />
um debate sobre o caráter essencial<br />
da Irmandade ainda prossegue.<br />
O presidente dos EUA, Barack<br />
Obama, tentou minimizar a perspectiva<br />
de a Irmandade Muçulmana dominar<br />
a política egípcia dizendo que<br />
é apenas uma facção no Egito, e que<br />
não tem o apoio da maioria.<br />
"Há muita gente secular no Egito,<br />
há um monte de educadores e de<br />
pessoas da sociedade civil no Egito,<br />
que querem apresentar-se também<br />
para concorrer", disse Obama<br />
à Fox News, em fevereiro.<br />
"É importante para nós não dizer<br />
que nossas únicas duas opções<br />
são a Irmandade Muçulmana ou um<br />
povo egípcio reprimido", acrescentou<br />
Obama.<br />
Mas observadores familiarizados<br />
com o que a Irmandade Muçulmana<br />
diz e as proezas da famosa<br />
organização acreditam que ela não<br />
precisa de uma maioria no sistema<br />
parlamentar do Egito para atingir<br />
seu objetivo e impor a sua agenda<br />
radical islâmica.<br />
Para Mike Hayden, ex-diretor da<br />
CIA, a Irmandade poderia "desfrutar<br />
de um poder desproporcional<br />
na formação do novo governo".<br />
A organização pró-sionista<br />
StandWithUs emitiu uma cortante<br />
resposta para a mudança dos EUA.<br />
"A StandWithUs está profundamente<br />
perturbada com o fato do governo<br />
dos EUA estar estabelecendo<br />
relações com a Irmandade Muçulmana<br />
do Egito [MB]. A MB é uma<br />
entidade perigosa, empenhada em<br />
estabelecer uma teocracia repressivo<br />
e intolerante, para substituir<br />
as democracias liberais pela lei da<br />
sharia", lê-se na resposta.<br />
"Pedimos ao governo americano<br />
para reverter o curso, e assegurar<br />
a defesa das forças moderadas<br />
no Egito e de toda a região.<br />
Os EUA não deveriam estar dando<br />
cobertura e apoio para as forças<br />
mais perigosas e repressivas na<br />
região, como a Irmandade Muçulmana<br />
e suas diversas ramificações,<br />
incluindo o Hamas", acrescenta<br />
a nota.<br />
A organização pediu ao público<br />
para travar uma campanha de<br />
cartas escritas ao governo contra<br />
as relações com a Irmandade<br />
Muçulmana.
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
Quem é a Irmandade Muçulmana?<br />
Irmandade Muçulmana<br />
(IM) tentou retratar-se<br />
como moderada<br />
e democrática.<br />
Mas primordialmente<br />
é tudo menosso<br />
isso. A Irmandade é um<br />
lobo em pele de cordeiro. A logo da<br />
Irmandade Muçulmana mostra bem<br />
o seu lema:<br />
"Alá é nosso objetivo. O Profeta é<br />
o nosso líder. O Corão é a nossa lei.<br />
Jihad é nosso caminho. Morrer no caminho<br />
de Alá é a nossa maior esperança.<br />
Allahu akbar! (Alá é grande!)"<br />
A meta da Irmandade é transformar<br />
o mundo em um império islâmico.<br />
A IM, fundada no Egito em<br />
1928, é um movimento fundamentalista<br />
revolucionário que visa restaurar<br />
o califado e a lei da sharia<br />
estrita (islâmica) em terras muçulmanas<br />
e, no final, no mundo. Hoje,<br />
ela tem filiais em 80 países. "É da<br />
natureza do Islã dominar, não ser<br />
dominado, impor a lei em todas as<br />
nações e estender o poder a todo o<br />
planeta." Esta frase, do fundador da<br />
Irmandade Muçulmana, Hassan-al-<br />
Banna, revela tudo.<br />
A Irmandade deseja a queda da<br />
América. Ela diz aos seus seguidores<br />
para serem "pacientes" porque<br />
os EUA "estão caminhando para o<br />
seu fim". "Os EUA são um infiel que<br />
não é um campeão moral, não tem<br />
valores humanos e não pode liderar<br />
a humanidade." Mohammed<br />
Badi, guia supremo da Irmandade<br />
Muçulmana, em setembro de 2010.<br />
Segundo o ex-guia supremo da<br />
Irmandade, Mohammed Mahdi Akef,<br />
a "para a IM a democracia ocidental<br />
é corrupta, irrealista" e falso.<br />
A Irmandade pede jihad contra<br />
"os reais inimigos dos muçulmanos,<br />
não só Israel, mas também os<br />
Estados Unidos. Travar a jihad contra<br />
estes dois infiéis é um mandamento<br />
de Alá que não pode ser desconsiderado".<br />
Guia supremo da Irmandade<br />
Muçulmana, Mohammed<br />
Badi, em setembro de 2010.<br />
A Irmandade assassinou Anwar<br />
Sadat em 1981 por fazer a paz com<br />
a odiada "entidade sionista". Também<br />
assassinou o primeiro-ministro<br />
do Egito em 1948 e ainda tentou<br />
matar o presidente Nasser em 1954.<br />
O Hamas é uma "ala da Irmandade<br />
Muçulmana", de acordo com<br />
a Carta de Fundação do Hamas,<br />
Capítulo 2. A Carta prevê o assassinato<br />
de judeus, a "eliminação" de<br />
Israel e sua substituição por uma<br />
teocracia islamista.<br />
A Irmandade apoia a guerra do<br />
Hezbolá contra os judeus. O líder da<br />
IM, Mahdi Akef declarou que estava<br />
"preparado para enviar 10.000 combatentes<br />
da jihad Imediatamente para<br />
lutar ao lado do Hezbolá" durante a<br />
guerra contra Israel, em 2006.<br />
A Irmandade glorificou Osama<br />
Bin Laden e lamentou sua morte.<br />
"Osama é com certeza, um mujahid<br />
(combatente heróico), e eu não tenho<br />
dúvida alguma de sua sinceridade<br />
em resistir à ocupação,<br />
perto de Alá nas alturas". Mohammed<br />
Mahdi Akef, ex-guia supremo<br />
da Irmandade Muçulmana, em novembro<br />
de 2007.<br />
A Irmandade "aprovou operações<br />
de martírio na Palestina...<br />
Eles não têm bombas, por isso eles<br />
se transformam em bombas. Isto<br />
é uma necessidade". Yusuf Al-Qaradawi,<br />
líder espiritual da Irmandade<br />
Muçulmana, em 17 de dezembro<br />
de 2010.<br />
A Irmande defende uma jihad<br />
violenta: a "mudança que a nação<br />
[muçulmana] busca alcançar somente<br />
pode ser obtida através do<br />
sacrifício e jihad e da criação de<br />
uma geração de jihadistas que persigam<br />
a morte, assim como os inimigos<br />
perseguem a vida", declarou<br />
o guia supremo da IM Mohammad<br />
Badi em um serão em setembro de<br />
setembro 2010. Onze dos principais<br />
terroristas vieram da Irmandade<br />
Muçulmana, incluindo o vice de Bin<br />
Laden, Ayman al-Zawahiri e Khalid<br />
Sheikh Mohammed (mentor dos<br />
ataques de 9/11).<br />
A Irmandade defende uma estratégia<br />
enganosa nas democracias:<br />
Aparecer como moderada e utilizar<br />
as instituições existentes para ganhar<br />
poder. "O processo civilizatório-jihadista...<br />
é uma espécie de grande<br />
jihad na eliminação e destruição<br />
da civilização ocidental a partir de<br />
dentro e sabotando sua casa miserável...<br />
Então elimando-a é que a religião<br />
de Alá torna-se vitoriosa sobre<br />
as outras religiões", lê-se num<br />
documento de 1991 da Irmandade<br />
Muçulmana nos EUA. Ela acredita<br />
que pode conquistar a Europa pacificamente:<br />
"Depois de ter sido expulso<br />
duas vezes, o Islã sairá vitorioso<br />
e reconquistará a Europa... Estou<br />
certo de que desta vez, a vitória não<br />
será alcançada pela espada, mas,<br />
pela pregação e ideologia [islâmica]",<br />
Yusuf al-Qaradawi, líder espiritual<br />
da Irmandade Muçulmana,<br />
numa fatwa de 2003.<br />
A Irmandade usa a democracia,<br />
mas "uma vez no poder irá substitui-la<br />
pela lei fundamentalista da<br />
sharia porque esta é a 'verdadeira<br />
democracia'. A mensagem final e<br />
absoluta do céu contém todos os<br />
valores que o mundo secular afirma<br />
ter inventado... O Islã e os seus<br />
valores antecederam os do Ocidente<br />
na fundação da verdadeira democracia",<br />
palavras do ex-guia supremo<br />
da Irmandade Muçulmana,<br />
Mohammed Mahdi Akef, em novembro<br />
de 2007.<br />
A visão da Irmandade sobre os<br />
direitos das mulheres é a de segregar<br />
e subjugar as mulheres: A sociedade<br />
ideal incluiria "uma campanha contra<br />
a ostentação no vestir e na liberação<br />
dos costumes; ...separação dos<br />
estudantes do sexo masculino das do<br />
sexo feminino; dos homens e das<br />
mulheres em reuniões privadas, a<br />
menos que dentro dos graus permitidos<br />
de relacionamento, devendo ser<br />
considerado como um crime pelo<br />
qual ambos serão censurados; ...proibição<br />
de dançar e outros passatempos<br />
como tais". Fundador da Irmandade<br />
Muçulmana Hassan-al-Banna.<br />
A Irmandade apoia a mutilação<br />
genital feminina: "[os americanos]<br />
empreendem guerra aos líderes<br />
muçulmanos, suas tradições de fé<br />
e suas ideias. Eles até mesmo fazem<br />
contra a circuncisão feminina,<br />
uma prática corrente em 36 países,<br />
que tem prelalecido desde a época<br />
dos faraós". Ex-guia supremo da Irmandade<br />
Muçulmana, Mohammed<br />
Mahdi Akef, em 2007.<br />
A Irmandade não tratará minorias<br />
não muçulmanas como os cristãos<br />
coptas, de igual para igual, tal<br />
como trata os muçulmanos. "A palavra<br />
de Alá reinará suprema e a palavra<br />
dos infiéis serás inferior". Mohammed<br />
Badi, lider da Irmandade<br />
Muçulmana, em setembro de 2010.<br />
A Irmandade recusa comprometer-se<br />
com a continuidade do Tratado<br />
de Paz entre Israel e o Egito.<br />
Os líderes da Irmandade Muçulmana<br />
disseram que "para o movimento<br />
a questão é que, Israel é uma entidade<br />
sionista que está ocupando<br />
terras árabes e islâmicas sagrada...<br />
E vamos livrar-nos deles não importa<br />
quanto tempo levar". Mohammed<br />
Mahdi Akef, ex-guia supremo<br />
da IM, em 2005 e em 2007.<br />
A Irmandade tem raízes antissemitas.<br />
Apoiou os nazistas, organizou<br />
manifestações em massa<br />
contra com slogans promovendo<br />
a limpeza étnica tais como "Abaixo<br />
os judeus!" e "Judeus fora do<br />
Egito e da Palestina!", em 1936;<br />
realizou um violento pogrom contra<br />
os judeus do Egito em novembro<br />
de 1945; e assegurou ao colaborador<br />
nazista, o mufti palestino<br />
al-Husseini para que recebesse<br />
asilo no<br />
Egito em<br />
1946.<br />
A Irmandadecontinuavirulentamenteantissemita.<br />
"Hoje,<br />
os judeus<br />
não são os<br />
israelitas<br />
louvados<br />
por Alá,<br />
mas os des-<br />
O software gratuito, denominado Third<br />
Intifada (Terceira Intifada), tinha sido lançado<br />
havia alguns dias por programadores árabes<br />
e colocado para download na loja virtual<br />
da empresa, a App Store. O aplicativo<br />
encorajava seus usuários a compartilhar opiniões<br />
e organizar protestos contra Israel.<br />
A palavra Intifada se refere aos levantes<br />
violentos de palestinos contra Israel<br />
nas últimas três décadas. Third Intifada se<br />
referia a um possível futuro levante estimulado<br />
pelo software.<br />
"Retiramos este aplicativo da App Store<br />
porque violava as orientações dadas para<br />
os desenvolvedores ao ser ofensivo a grandes<br />
grupos de pessoas", afirmou Tom Neumayra,<br />
porta-voz da Apple. O aplicativo,<br />
desenvolvido por uma empresa baseada<br />
em Dubai, fazia uma lista de protestos que<br />
iriam acontecer, fornecia notícias e editoriais<br />
em árabe, além de incluir links para<br />
material nacionalista palestino na web.<br />
O ministro israelense para Negócios Públicos<br />
e Diáspora, Yuli Edelstein, enviou uma<br />
carta ao fundador da Apple, Steve Jobs, com<br />
Membro da Irmandade Muçulmana durante<br />
protesto no Cairo<br />
cendentes dos israelitas que desafiaram<br />
Sua palavra. Ele zangou-se<br />
com eles e os transformou<br />
em macacos e porcos... Não há<br />
dúvida de que a batalha em que<br />
os muçulmanos superarão os<br />
judeus [virá]... Nesta batalha os<br />
muçulmanos combaterão os judeus<br />
e os matarão", Yusuf al-Qaradawi,<br />
líder espiritual da Irmandade<br />
Muçulmana. (Texto traduzido<br />
do original escrito pela<br />
equipe de redação do Israel National<br />
News - INN).<br />
Apple retira software que<br />
incitava à violência palestina<br />
15<br />
uma reclamação contra o aplicativo. "Ao navegar<br />
pelos artigos, estórias e fotografias que<br />
aparecem no aplicativo, fica claro que este é<br />
um aplicativo contra Israel e contra o Sionismo<br />
que, na verdade, como seu nome sugere,<br />
chama para um levante contra Israel", afirmou<br />
Edelstein na correspondência a Jobs.<br />
Logo após ter sido comunicado da retirada<br />
do aplicativo, o ministro israelense<br />
aprovou a "ação rápida da Apple". Em março<br />
deste ano, o Facebook já tinha retirado<br />
do ar uma página que pedia por um novo<br />
levante palestino contra Israel.<br />
Segundo o jornal israelense Haaretz,<br />
Edelstein afirmou que a página do Facebook<br />
foi criada pelo mesmo grupo responsável<br />
pelo aplicativo Third Intifada. "A página do<br />
Facebook pedia um levante contra Israel por<br />
meio de violência, e incluía incitação grave",<br />
disse o ministro. Na declaração do Ministério<br />
em que anunciou a medida da Apple,<br />
Edelstein afirmou que a companhia,<br />
como o Facebook, "provou que tem valores<br />
que são opostos à violência, incitação e terrorismo".<br />
(Notícias da Rua <strong>Judaica</strong>).
16<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
OLHAR HIGH-TECH<br />
Software detecta pedofilia e bullying digital<br />
Um software desenvolvido pela empresa<br />
israelense United Parents protege<br />
crianças de pedofilia digital e de cyberbullies<br />
por meio de envio de alertas<br />
aos pais quando detecta relacionamentos<br />
suspeitos nos computadores.<br />
"Os pais provavelmente conhecem<br />
uma ou duas contas de e-mail ou apelido<br />
que a criança usa, mas muitas<br />
vezes há outras contas que eles desconhecem",<br />
explica Hanan Lavy, cofundador<br />
e executivo chefe da United Parents.<br />
"damos a informação aos pais<br />
e eles escolhem o que fazer com elas".<br />
O programa não compartilha com os<br />
pais o conteúdo privado e os diálogos<br />
dos filhos, apenas a análise feita<br />
por um algoritmo de computador que<br />
também é capaz de decifrar a linguagem<br />
de chat usado por crianças que<br />
muitas vezes é desconhecido pelos<br />
adultos (Pletz).<br />
Supercarregador de baterias sem fio<br />
A empresa israelense Powermat desenvolveu<br />
um dispositivo que permite<br />
carregar o smartphone, iPod ou<br />
qualquer outro aparelho sem fios,<br />
sem complicações. Só é precisa um<br />
pequeno adaptador que fica conectado<br />
ao aparelho permanentemente<br />
e, assim que a bateria estiver carregada,<br />
o Powermat desliga sozinho.<br />
Ele determina o quanto de carga é necessário<br />
e por quanto tempo vai carregar.<br />
Consome menos energia e reduz<br />
emissão de poluentes no meio<br />
ambiente. O Powermat pode carregar<br />
qualquer coisa, desde celulares a automóveis<br />
elétricos. Recentemente, a<br />
empresa anunciou um projeto com a<br />
General Motors para carregar seus<br />
carros elétricos mesmo com o veículo<br />
em movimento. Fundada em 2006,<br />
a empresa tem seu centro de Pesquisa<br />
e Desenvolvimento em Jerusalém.<br />
(Jornal Alef).<br />
Empresa cria peixes até no deserto<br />
A empresa israelense Grow Fish<br />
Anywhere desenvolveu uma maneira<br />
de criar peixes comercialmente sob<br />
quaisquer condições, inclusive no<br />
deserto. A tecnologia é totalmente independente<br />
da água do mar. Para produzir<br />
um quilo de peixe da forma tradicional,<br />
são utilizados de 5 a 7,5 mil<br />
litros de água. Já com o sistema da<br />
GFA, são utilizados apenas 40 litros.<br />
A empresa afirma que sua tecnologia<br />
poderá ser copiada no mundo todo.<br />
Além de ser ecologicamente correta e<br />
não descartar resíduos poluentes,<br />
poderá contribuir muito para a solução<br />
da escassez de água e peixes.<br />
(Cambici).<br />
Controle de velocidade para carrinhos de bebê<br />
A ideia do carrinho de bebê poder descer<br />
uma ladeira de repente em grande<br />
velocidade é o pior pesadelo de toda<br />
mãe. O mesmo medo é comum entre cadeirantes<br />
ou pessoas em macas. Uma<br />
startup israelense chamada Smart Wheels<br />
2Go surgiu com uma invenção simples<br />
que limita a velocidade do carrinho<br />
de bebê ou de cadeiras de rodas. A<br />
invenção venceu a competição israelense<br />
Biztec e está pronta para participar<br />
das competições internacionais de empreendedorismo.<br />
O homem por trás disso,<br />
Lior Friedman, é um estudante de administração<br />
do terceiro ano da Ono Academic<br />
College. (Cambici/No Camels).<br />
Controle de velocidade 2<br />
A startup desenvolveu um mecanismo<br />
que é inserido em apenas uma das rodas<br />
e limita a velocidade a um ritmo<br />
lento. A velocidade pode ser adaptada<br />
e possui até um botão para desligar<br />
o mecanismo, caso você queira<br />
levar seu bebê para uma volta mais<br />
animada. Friedman disse que a ideia<br />
veio em um sonho onde ele estava em<br />
carrinho de bebê descendo uma ladeira<br />
em descontrolada velocidade.<br />
Quando acordou, percebeu que tinha<br />
tido uma grande ideia. Aposentado do<br />
exército, Lior Friedman testou a invenção<br />
e dois anos depois deu início ao<br />
desenvolvimento do seu projeto. Três<br />
meses atrás, a empresa criou um protótipo<br />
e está planejando o lançamento<br />
do primeiro produto para o ano que<br />
vem. (Cambici/No Camels).<br />
Combate ao vício de drogas<br />
com testes em ratos<br />
Pesquisadores da Universidade Hebraica<br />
de Jerusalém estão desenvolvendo<br />
uma forma de combater o vício em drogas<br />
através de uma espécie de vacina.<br />
Ratos de um laboratório israelense receberam<br />
doses de cocaína até ficarem<br />
dependentes da droga. Ao menor estímulo,<br />
conta Rami Yaka, coordenador da<br />
pesquisa, eles voltavam para buscar<br />
nova dose, mesmo depois de longo período<br />
de abstinência - exatamente como<br />
acontece com seres humanos. Tudo porque<br />
a memória do prazer provocado<br />
pela experiência fica guardada em uma<br />
região do cérebro, conhecida como Núcleo<br />
Acumbens. Os pesquisadores descobriram<br />
que, ao injetar diretamente<br />
em células da região que controla o<br />
prazer, uma proteína conhecida como<br />
ZIP, em inglês, aconteceu algo surpreendente:<br />
os ratos simplesmente passaram<br />
a ignorar a droga. Eles não respondiam<br />
mais aos estímulos. A sensação<br />
de prazer desapareceu e eles ficaram<br />
livres do vício. (Jornal Nacional).<br />
O LEITOR<br />
ESCREVE<br />
Carta a Sérgio Feldman<br />
Visitei Córdoba em duas ocasiões, a primeira numa peregrinação aos<br />
sítios judaicos de Portugal e Espanha em Rosh Hashaná e Iom Kipur de<br />
2008, e posteriormente em 2010 para participar de um evento em homenagem<br />
a 165 judeus queimados e queimados em "estatua" pela inquisição.<br />
(http://www.esefarad.com/? p=10703)<br />
Mais tarde, buscando entender e conhecer Sefarad encontrei um artigo<br />
seu no jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
Fiquei surpreso com a coincidência entre os sentimentos que afloraram<br />
durante sua visita a Córdoba, e o que senti ao cruzar pelas pedras e<br />
muros da juderia.<br />
Lembro a emoção que me tomou por vários dias e também a perplexidade<br />
ao verificar que a cidade, que viu acontecer a "Idade de Ouro" do judaísmo<br />
(séculos X, XI, e parte de XII), "de festejada convivência e tolerância" entre as<br />
religiões, guarda mínimos sinais da presença judaica daquela época.<br />
A palavra usada para descrever a convivência, talvez coexistência<br />
naqueles séculos é, repetidamente, tolerância. Você mesmo em seu artigo<br />
a menciona em duas passagens.<br />
Porém, a palavra tolerar, em princípio aceita com sentido positivo,<br />
pode ter significado, naquele momento, tão somente uma decisão prudente<br />
dos califas conscientes de que, para manter a ordem, governabilidade<br />
e desenvolvimento em El Andaluz, o papel dos judeus era importante<br />
e imprescindível para governar. Em suma, a convivência era imposta<br />
de cima para baixo e conveniente para as partes envolvidas, cristãos,<br />
judeus e muçulmanos.<br />
No entanto há que esclarecer que a produção cultural que se desenvolveu<br />
e chegou ao ápice naquele período não diminuiu o sofrimento de<br />
uma sociedade "tolerada".<br />
Pesquisas de Poliakov e outros que estudaram Sefarad nos relatam a<br />
constante necessidade dos reis cristãos e dos califas de proteger essas<br />
minorias de ataques e agressões, pois a população dominante, insuflada<br />
pela inveja ou por motivos religiosos, os agrediam.<br />
Mais tarde, em Portugal, pela necessidade de cuidar das tarefas de<br />
Estado, o Rei manteve a tradicional proteção aos judeus.<br />
Assim, acreditar na existência de tranquila convivência na Idade de<br />
Ouro é não levar em consideração que a diversidade e a tolerância<br />
foram impostos em função de uma necessidade, e principalmente pelo<br />
período de dominação da região pela dinastia dos califas Omíadas,<br />
quando El Andaluz atingiu o seu esplendor e propiciou uma exuberante<br />
produção intelectual e progresso nunca antes constatados.<br />
Aliás, mais tarde com o Iluminismo, a convivência que propiciou momentos<br />
de efetivo progresso da comunidade judia alemã, terminou em<br />
algo semelhante, no que se refere à perseguição aos judeus, ao acontecido<br />
após a queda do califado Omíada em Sefarad.<br />
Simplificando, e considerando a pureza de sangue, a Inquisição e o Nazismo,<br />
com motivações e dimensões distintas, guardam alguma semelhança.<br />
E agora, a proposição de destruir Israel, inimaginável após o Holocausto<br />
e um período de convivência com vizinhos como Turquia, Egito,<br />
Jordânia e outros, não teria sido Israel simplesmente "tolerado"? Até<br />
quando o interesse ocidental suportará Israel?<br />
Gostaria de compartilhar com você a utopia da convivência e buscar<br />
na História momentos e exemplos que nos façam sonhar com a coexistência<br />
pacífica.<br />
Não consigo porém encontrar a convivência espontânea e sim exemplos<br />
de tolerância utilitária e sob um regime de força.<br />
Israel é ainda mais forte que seus vizinhos e veja, mesmo num dia a dia<br />
de conflitos, consegue viver uma Idade de Ouro na cultura e na tecnologia<br />
Um forte abraço.<br />
Nota: A convivência, porém demonstrou a fertilidade cultural e consequente<br />
progresso. Donde podemos concluir que a paz no Oriente Médio<br />
seria benéfica a todos. Por que não acontece? Será que ameaça o poder<br />
muçulmano?<br />
Helio Cherman<br />
Engenheiro, casado, pai de quatro filhos e avô de seis, Rio de Janeiro.
e você ou os seus<br />
parentes judeus<br />
possuíam alguma<br />
propriedade que foi<br />
confiscada, pilhada<br />
ou vendida à força durante<br />
a época do Holocausto,<br />
pode ter direito a participar<br />
no Projeto Heart.<br />
O Projeto Heart é um Grupo de<br />
Trabalho para a Restituição de Bens<br />
da Época do Holocausto (Holocaust<br />
Era Asset Restitution Taskforce -<br />
Project Heart). Seu objetivo é auxiliar<br />
as pessoas com a restituição<br />
de bens que foram confiscados, pilhados<br />
ou vendidos à força durante<br />
a época do Holocausto.<br />
A primeira fase do processo é<br />
identificar as pessoas que perderam<br />
seus bens durante aquele período e<br />
incentivá-los a responder um questionário.<br />
O site http://www.<br />
heartwebsite.org/default.<br />
aspx?cc=pt-PT contém as informações<br />
necessárias para determinar se<br />
alguém se qualifica para participar<br />
no Projeto, e se alguma propriedade<br />
confiscada, pilhada ou vendida à<br />
força possa ser elegível para uma<br />
eventual restituição. Ao seguir as instruções<br />
passo a passo, o site guiará<br />
o candidato de modo a submeter o<br />
questionário e iniciar o seu processo<br />
de candidatura. O site descreve,<br />
além disso, os tipos e as localizações<br />
dos bens incluídos e excluídos<br />
do Projeto Heart e forneça informa-<br />
Projeto Heart procura restituição<br />
dos bens tomados no Holocausto<br />
ções adicionais e os prazos.<br />
O Projeto Heart não tem fins lucrativos,<br />
é da Agência <strong>Judaica</strong> para<br />
Israel (Jewish Agency for Israel -<br />
JAFI), financiado por e em cooperação<br />
com o Governo de Israel.<br />
Na fase atual, o objetivo principal<br />
do Projeto Heart é identificar indivíduos<br />
que possam ter potenciais<br />
reivindicações relativas às propriedades.<br />
Para se qualificar, a referida<br />
propriedade reivindicada deve cumprir<br />
todos os seguintes critérios:<br />
1. Propriedade localizada em<br />
países que foram controlados pelas<br />
forças nazistas ou Potências do<br />
Eixo em qualquer altura durante a<br />
época do Holocausto.<br />
2. A propriedade pertencia a<br />
pessoas judias, como definido pelas<br />
leis raciais nazistas/Eixo.<br />
3. A propriedade foi confiscada,<br />
pilhada ou vendida à força pelas<br />
forças nazistas e Potências do Eixo<br />
durante a época do Holocausto.<br />
4. Não tenha sido recebido qualquer<br />
restituição pela propriedade<br />
em questão após a época do Holocausto.<br />
O objetivo final do Projeto é facultar<br />
as ferramentas, estratégias<br />
e informações necessárias a fim de<br />
permitir ao Governo de Israel, ao<br />
Projeto Heart e aos seus parceiros<br />
obterem alguma justiça para as vítimas<br />
judias elegíveis e seus herdeiros<br />
- e para o povo judeu.<br />
Entre as propriedades elegíveis<br />
para o Projeto Heart encontram-se<br />
propriedades privadas de todos os<br />
gêneros:<br />
1. Imóvel: bem que não pode ser<br />
movido sem o destruir ou alterar.<br />
Isso inclui terrenos e propriedades<br />
afins, como terrenos construídos,<br />
incluindo quaisquer construções ou<br />
edifícios inseridos nos mesmos, e<br />
terrenos sem construção.<br />
2. Propriedade móvel: qualquer<br />
propriedade que pode ser movida<br />
de um local para outro. Isso inclui<br />
arte, objetos e peças de arte relacionados<br />
com o judaísmo, gado, ferramentas<br />
profissionais, metais preciosos,<br />
pedras preciosas, joias e<br />
outras propriedades móveis.<br />
3. Propriedade intangível: propriedade<br />
pessoal que não pode<br />
de fato ser movida, tocada ou sentida<br />
sem destrui-la ou alterá-la.<br />
Inclui instrumentos negociáveis<br />
como ações, títulos, apólices de<br />
seguros, contas bancárias e poupança,<br />
patentes registadas, dotes<br />
e outras propriedades pessoais<br />
intangíveis. Pode igualmente incluir<br />
ativos negativos - dívidas e<br />
obrigações devidas a essa pessoa<br />
- tais como empréstimos pendentes<br />
e hipotecas.<br />
Para poder ser elegível e enviar<br />
o questionário ao Projeto Heart, a<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
pessoa deve cumprir os seguintes<br />
critérios:<br />
1. O requerente deve ser uma<br />
pessoa judia sujeita à perseguição<br />
sob as leis raciais nazistas e do Eixo<br />
durante a época do Holocausto; ou<br />
seu herdeiro.<br />
2. O requerente ou seus parentes<br />
judeus foram proprietários ou<br />
estiverem em condições de reclamar<br />
propriedade imóvel, móvel, ou<br />
intangível que era: (i) localizada em<br />
países governados/ocupados pelas<br />
forças nazistas e Potências do Eixo,<br />
e (ii) que foi confiscada, pilhada ou<br />
vendida à força durante a época do<br />
Holocausto.<br />
3. Não tiver feito qualquer restituição<br />
pela propriedade em questão<br />
após a época do Holocausto.<br />
O site descreve também o procedimento<br />
para apresentação da<br />
sua informação e participação no<br />
Projeto Heart. Se for elegível para<br />
participar, basta preencher e enviar<br />
o questionário que se encontra no<br />
site. O questionário pode ser enviado<br />
eletronicamente pela própria<br />
página na internet, por fax para o<br />
número indicado na seção Contatar<br />
Projeto Heart do site, por e-mail<br />
para portuguese@heartwebsite.org<br />
ou ainda pelo correio até 1º de dezembro<br />
de 2011, para o endereço<br />
também indicado na seção Contatar<br />
o Projeto Heart (http://<br />
www.heartwebsite.org/<br />
default.aspx?cc=pt-PT).<br />
A vergonha de uma nação ou o triste episódio<br />
do "Velódromo de Inverno"<br />
Isaac Cubric *<br />
Durante a Segunda Guerra Mundial,<br />
a França foi ocupada de 1940<br />
a 1944 após uma campanha fulminante<br />
dos exércitos alemães, que<br />
durou menos do que o Levante do<br />
Gueto de Varsóvia.<br />
Foram quatro anos nos quais<br />
os franceses viveram sob o tacão<br />
da Alemanha nazista. A esta inusitada<br />
situação eles se adaptaram<br />
de diferentes formas: alguns se recusando<br />
a admitir esta afronta a<br />
seu país, outros se curvando e tentando<br />
suportar a humilhação que<br />
lhes era infligida, mas outros, muito<br />
numerosos, fazendo arranjos ou<br />
procurando se entender com o ocupante,<br />
para salvar suas peles ou<br />
conseguir benefícios, o que resultou<br />
numa profunda colaboração<br />
com o ocupante.<br />
Neste quadro de colaboracio-<br />
nismo insere-se a maior detenção<br />
de judeus na França no decorrer<br />
do conflito.<br />
Em 1942 o regime nazista organizou<br />
a operação "Vento Primaveril"<br />
que deveria resultar na prisão,<br />
em grande escala, de judeus que<br />
viviam em vários países europeus.<br />
Na França, o regime colaboracionista<br />
de Vichy mobilizou a polícia<br />
francesa. Em Paris, 9000 policiais<br />
ficaram encarregados de arrebanhar<br />
os judeus. Instruções da<br />
chefatura determinavam que as<br />
operações deviam realizar-se rapidamente,<br />
sem discussões nem comentários.<br />
A batida deveria ter lugar no dia<br />
14 de julho, mas temendo a repercussão,<br />
por tratar-se de uma das<br />
datas mais respeitadas pelos franceses,<br />
foi transferida para o dia 16.<br />
Assim, policiais franceses, conduziram<br />
para ônibus, os judeus que<br />
conseguiram aprisionar, veículos<br />
dirigidos por motoristas franceses<br />
que os levaram para um centro de<br />
detenção provisório, no Velódromo<br />
de Inverno. Cerca de 7000 judeus<br />
permaneceram neste lugar por cinco<br />
dias, sem alimentos, tendo somente<br />
uma torneira para matar a<br />
sede e tentar permanecer mais ou<br />
menos limpos, antes de serem enviados,<br />
em trens franceses, dirigidos<br />
por maquinistas franceses, aos diferentes<br />
campos de extermínio.<br />
Do total aprisionado sobreviveram<br />
apenas 25 adultos e algumas<br />
crianças.<br />
Em 1995, o presidente Jacques<br />
Chirac, diante do monumento que<br />
relembra o triste episódio, reconheceu<br />
a responsabilidade da França:<br />
"Esta ação mancha para sempre<br />
nossa história e representa uma<br />
injúria a nosso passado e a nossas<br />
tradições. Em 1942, bem aqui,<br />
em Paris, como também em toda a<br />
França, a tragédia começou a<br />
acontecer. A sombra da Shoá já<br />
havia atingido os inocentes confinados<br />
no Velódromo".<br />
Quanto aos responsáveis franceses<br />
pela tragédia que ficou conhecida<br />
como "O Velódromo de Inverno",<br />
um morreu na prisão antes<br />
do julgamento. Os demais fugiram<br />
e permaneceram ocultos até seu falecimento.<br />
Da mancha negra e injuriosa<br />
que envergonha o passado dos<br />
franceses, somente nos resta tirar<br />
uma conclusão:<br />
Muitos perderam tudo, menos a<br />
honra; a grande maioria nada perdeu,<br />
senão a honra...<br />
17<br />
* Isaac Cubric é membro da comunidade judaica, secretário da B'nai B'rith<br />
no Paraná e diretor do Centro de Letras do Paraná. Foi durante longos<br />
anos funcionário da Embaixada de Israel no Rio de Janeiro transferindo-se<br />
posteriormente para a Agência <strong>Judaica</strong>. Foi também presidente do Rotary<br />
Club de Curitiba Santa Felicidade (2005-2006).
18<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
Celebrando os 75 anos de existência<br />
do Congresso Judaico<br />
Mundial (CJM), dirigentes de todas<br />
as comunidades judaicas se<br />
reuniram em Jerusalém, Israel,<br />
entre os dias 19 e 21/6 para o<br />
Board of Governors, que acontece<br />
anualmente para promover<br />
debates e análises sobre a situação<br />
do Oriente Médio e as repercussões<br />
na região e nas comunidades<br />
judaicas do mundo.<br />
A reunião, liderada por Ronald<br />
Lauder-presidente do CJM, contou<br />
com a participação do presidente<br />
de Israel Shimon Peres,<br />
e dos ex-presidentes Alejandro<br />
Toledo e Luis Alberto Lacalle,<br />
respectivamente, do Peru e Uru-<br />
guai, que discursaram na ocasião, e teve Chella Safra, como convidada especial.<br />
A delegação latino-americana foi chefiada por Jack Terpins, presidente do Congresso<br />
Judaico Latino-Americano (CJL) e teve também integrantes do Brasil,<br />
como Julia Guivant, presidente da Associação Israelita Catarinense, e Karen Sasson,<br />
diretora da Conib. Para ela, que participou pela primeira vez de uma reunião<br />
dessa amplitude, "foi uma experiência muito enriquecedora e gratificante".<br />
A professora Jane Bichmacher de Glasman, assídua colaboradora<br />
do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, com temas sempre interessantes<br />
fez uma palestra no dia 14/7, no Centro Cultural<br />
Midrash, do Rio de Janeiro, sobre a "História secreta das<br />
palavras: A influência dos judeus na cultura brasileira".<br />
Ela abordou a origem judaica e marrana de diversos costumes<br />
da cultura brasileira, bem como de vocábulos e<br />
expressões do português e seus significados. Falou sobre<br />
a era dos Grandes Descobrimentos, parte de um longo<br />
período de trevas medievais na História <strong>Judaica</strong> até<br />
o Iluminismo, dos judeus sefaradim, da Península Ibéri-<br />
Faleceu em S. Paulo Eliahu Chut, deixando<br />
mulher e três filhos. Chut, desde cedo, mostrouse<br />
um ativista da comunidade judaica no Rio e<br />
em SP, além de atleta macabeu exemplar. Foi<br />
campeão de basquete pelo Botafogo de Futebol<br />
e Regatas e participou de diversas Macabíadas<br />
pelo mundo, inclusive em Israel. Já radicado<br />
em São Paulo, foi fundador da revista O Hebreu,<br />
que teve circulação nacional, sempre<br />
pautada pela defesa dos interesses da comunidade<br />
judaica no Brasil, e que deixou muitas saudades.<br />
Nossas condolências à família.<br />
Isaac Candi, Samuel Klein e Jaime Rabinovitch<br />
Na reunião do Board of Governors, o presidente da CJL, Jack<br />
Terpins, o segundo à esquerda, ao lado dos ex-presidentes<br />
do Uruguai, Luis Alberto Lacalle e do Peru, Alejandro Toledo<br />
(ambos no centro)<br />
A Congregação Israelita Paulista apresentará<br />
dia 23/8, às 20 h, em S. Paulo<br />
"The Voices of Peace Choir" e Fabiana<br />
Cozza em Acordes pela Paz. Trata-se do<br />
coral árabe-israelense "The Voices of<br />
Peace Choir", formado por jovens de 12<br />
a 18 anos que vêm pela primeira vez ao<br />
Brasil, e que cantarão num encontro inédito<br />
com a cantora de música popular<br />
brasileira Fabiana Cozza. A direção musical<br />
é do maestro Marcelo Ghelfi.<br />
O coral cantou na recepção oferecida ao<br />
Papa Bento XVI na residência oficial do<br />
presidente de Israel, Shimon Peres, em 11<br />
de maio de 2009, em Jerusalém. Vozes da<br />
Paz é um grupo singular que acredita que<br />
suas músicas serão capazes de transmitir<br />
a mensagem de paz, harmonia e compreensão<br />
entre as nações.<br />
A apresentação será no Teatro Bradesco<br />
do Shopping Bourbon. A renda será revertida<br />
para as obras assistenciais da<br />
Congregação Israelita Paulista. Ingressos:<br />
www.ingressorapido.com.br ou (11)<br />
4003.1212 e informações: (11) 2808.6299.<br />
ca, que procuraram refúgio em países no Mediterrâneo,<br />
norte da África, Holanda e nas recém-descobertas terras<br />
de além-mar, nas Américas, para refugiarem-se das<br />
garras da Inquisição e apresentou exemplos dos costumes<br />
dos cristãos-novos ou criptojudeus.<br />
Jane é doutora em Língua Hebraica, Literaturas e<br />
Cultura <strong>Judaica</strong>, professora adjunta, fundou e coordenou<br />
o Setor de Hebraico da UERJ e da UFRJ, o<br />
Programa de Estudos Judaicos da UERJ, é escritora<br />
colaboradora de vários jornais e revistas judaicas e<br />
não judaicas... e avó corujíssima de Pietro!<br />
O livro "O teatro na vida da comunidade judaica curitibana", de<br />
Sara Schulman, o primeiro a ser lançado sob o selo do Instituto<br />
Cultural Judaico Brasileiro 'Bernardo Schulman', recentemente<br />
na Universidade Federal do Paraná, durante a exposição sobre<br />
Imigração <strong>Judaica</strong> no Paraná, está à venda na secretaria do Centro<br />
Israelita do Paraná (CIP) ao preço de R$ 25,00 o exemplar.<br />
Trata-se de uma obra resultante de extensa pesquisa dedicada à<br />
preservação da memória da coletividade, que toda família judaica<br />
deveria ter. Fartamente ilustrado, o livro aborda o teatro falado em<br />
ídiche, principal manifestação cultural da comunidade judaica desde<br />
os seus primórdios até as primeiras décadas do século passado.<br />
Parte da renda é revertida em benefício do Ichud Habonim<br />
Dror, de Curitiba.<br />
Dia 13/6, o empresário Samuel Klein (Casas<br />
Bahia, uma das maiores redes de varejo<br />
do país) e o seu filho Michael Klein foram<br />
à Sinagoga do Colégio Renascença, em<br />
S. Paulo, participar de um encontro com 200<br />
alunos dos colégios Beit Iaacov, Iavne, IL<br />
Peretz, Renascença e das Yeshivot Gevoá<br />
e Or Israel (de Cotia), que participam do<br />
Projeto Educação para a Vida 2011 - Viagem<br />
à Polônia e Israel.<br />
Além dos presidentes e diretores das escolas<br />
envolvidas, o evento contou com a presença<br />
de Boris Ber, Isaac Candi, Ricardo<br />
Berkiensztat e Alberto Milkewitz, da Federação<br />
Israelita do Estado de São Paulo e de<br />
Moises Nigri e Rafi Nasser, presidentes do<br />
Ten Yad e do Fundo Comunitário.<br />
Ao abrir o encontro, o presidente do Renascença,<br />
Jaime Rabinovitsch, fez questão de<br />
frisar: "os alunos que estão aqui hoje, não são<br />
apenas convidados, mas sim privilegiados".<br />
A plateia de jovens se emocionou com<br />
trechos do filme exibido sobre a vida de<br />
Samuel Klein, bem como de suas palavras<br />
encorajadoras.<br />
"Fiz questão de vir aqui para contar pessoalmente<br />
a vocês tudo o que aconteceu comigo.<br />
Quando eu fui para o Campo de Concentração<br />
tinha a idade de vocês, a lição que eu<br />
Da coluna do jornalista Aroldo Murá<br />
do dia 28/6 no jornal Indústria &<br />
Comércio: "É de André Camlot e<br />
Marcel Heilborn o cartaz promocional<br />
da exposição de fotografias da<br />
comunidade judaica de Curitiba<br />
aberta na semana passada no prédio<br />
histórico da Universidade Federal<br />
do Paraná"<br />
Segundo o respeitado jornalista "a<br />
peça publicitária dos jovens curitibanos<br />
pode participar de qualquer<br />
mostra de artes plásticas, dadas as<br />
qualidades visuais e de texto.<br />
Apenas para esclarecer em vista de<br />
conceitos imprecisos sobre a representatividade<br />
do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>,<br />
que circulam nos meios comunitários,<br />
informamos que o <strong>VJ</strong> não é<br />
um órgão externo de comunicação<br />
de nenhuma das nossas instituições<br />
judaicas, como Federação ou Kehilá,<br />
mas sim um órgão independente<br />
da comunidade.<br />
Em assembleia geral Ordinária realizada dia<br />
30/6, foi eleita por aclamação a nova diretoria<br />
da Federação Israelita do Paraná para o biênio<br />
2011/2013, composta pelos seguintes membros:<br />
Presidente - Manoel Knopfholz; 1° Vice-<br />
Presidente - Nathan Kulisch; 2° Vice-Presidente<br />
- Leo Kriger; 1° Secretário - Izhak Polikar; 2°<br />
Secretário - Davi Knopfholz; Diretor Jurídico -<br />
Fernando Muniz Santos; Diretor de Relações<br />
Institucionais - Isac Baril; Diretora de Divulgação<br />
e Eventos - Ilana Lerner Hoffmann.<br />
O Conselho Fiscal da FEIP é composto por Artur<br />
Grynbaum, Helio Rotenberg e Sidney Axelrud<br />
Nova diretoria da Federação Israelita foi eleita no final de junho<br />
aprendi, depois de tudo que passei e até chegar<br />
aos dias de hoje, foi de que é preciso olhar<br />
para frente sempre. Quero deixar uma mensagem<br />
a vocês jovens: tenham D-us no seu<br />
coração, amor e simpatia ao próximo e a coragem<br />
de não ter medo do futuro". de Samuel<br />
Klein.<br />
O Projeto Educação para a Vida - Viagem<br />
à Polônia e Israel, propõe fortalecer a<br />
identidade judaica e sionista dos alunos,<br />
possibilitar o testemunho de cenários do<br />
Holocausto e preservar a memória judaica<br />
e mundial, além de estimular a compreensão<br />
da importância do Estado de<br />
Israel para os judeus de todo o mundo.<br />
Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br
ARI ZUGMAN E FAMÍLIA<br />
ARTUR GRYNBAUM<br />
AVRAM FISELOVICI E FAMÍLIA<br />
BORIS E GENY AISENBERG<br />
BUNIA FINKEL<br />
GAL CZERNY E FAMÍLIA<br />
HAROLDO JACOBOVICZ E FAMÍLIA<br />
HELCIO KRONBERG E FAMÍLIA<br />
IDA LERNER E FAMÍLIA<br />
ISMAR STRACHMAN E FAMÍLIA<br />
JAIME ARON TEIG E FAMÍLIA<br />
JAIME GUELMANN E FAMÍLIA<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
Operação Entebbe completa 35 anos<br />
o dia 27 de junho de<br />
19 76, um jato da<br />
Air F rance na rota<br />
de Tel Aviv para Paris<br />
f oi seques trado<br />
por quarto terr oristas<br />
depois de uma escala<br />
em Atenas. A aeronave Airbus<br />
A300 foi desviada para a Líbia, onde<br />
foi reabastecida e mais tarde seguiu<br />
para o aeroporto de Entebbe,<br />
em Uganda.<br />
Em Entebbe, os sequestradores<br />
se juntaram a outros terroristas. Os<br />
terroristas também foram apoiados<br />
pelas forças do então presidente de<br />
Uganda, Idi Amin.<br />
Os sequestradores exigiram a libertação<br />
de 53 condenados por terrorismo.<br />
Destes, 40 encontravam-se<br />
presos em I srael, 6 na Alemanha<br />
Ocidental, 5 no Quênia, um na Suíça<br />
e outro na França.<br />
Os passageiros não judeus e a<br />
tripulação de voo foram libertados.<br />
Mas a tripulação da Air France, li-<br />
derada pelo capitão Michel Bacos,<br />
recusou-se a sair sem os passageiros<br />
judeus.<br />
Ao longo da semana seguinte,<br />
esforços foram feitos para negociar<br />
a libertação dos passageiros.<br />
Ao mesmo tempo, estrategistas militares<br />
das Forças de Defesa de Israel<br />
começaram a analisar a possibilidade<br />
de levar a cabo uma missão<br />
de resgate à distância no coração<br />
da África central.<br />
Em 3 de julho o gabinete israelense<br />
liderado pelo primeiro-ministro<br />
Yitzhak Rabin, aprovou a audaciosa<br />
operação de resgate.<br />
No meio da tarde daquele mesmo<br />
dia, quatro aviões Hercules C-<br />
130 da Força Aérea Israelense, bem,<br />
como dois jatos Boeing 707 decolaram<br />
de I srael e rumaram para o<br />
Sul sobre o Mar Vermelho A força<br />
de resgate consistia de aproximadamente<br />
100 soldados das Forças<br />
de Defesa de Israel (FDI).<br />
A força de resgate das FDI aterrissou<br />
em Entebbe sob a cobertura<br />
da escuridão por volta das 23 h locais.<br />
Numa operação que duraria<br />
menos de uma<br />
hora, os soldados<br />
das FDI mataram<br />
todos os<br />
terroristas e libertaram<br />
os reféns.<br />
" K u l a m<br />
lishkvav! Todos<br />
no chão. Somos<br />
do exército israelense".<br />
Com estas<br />
palavras, o<br />
soldado Amos Goren anunciava às<br />
103 pessoas mantidas como reféns<br />
pelo grupo de terroristas, no Aeroporto<br />
Internacional de Entebbe, que<br />
a história de seu trágico sequestro,<br />
iniciado no dia 27 de junho de 1976,<br />
Aeronave C-130 Hercules, utilizada no assalto aeroterrestre e resgate dos reféns em Entebbe<br />
Missão de resgate israelense marcou significativa derrota do terrorismo que ressoa até hoje<br />
Tenente-coronel Yonatan Netaanyahu z"l<br />
poderia ter um final feliz.<br />
Dois reféns foram mortos no<br />
fogo cruzado. O contingente das<br />
FDI sofreu uma única fatalidade -<br />
o tenente- coronel Yonatan Netanyahu,<br />
comandante da unidade<br />
ass alto, que foi baleado fora do<br />
edifício do terminal<br />
aéreo<br />
durante a batalha<br />
contra os<br />
terr or is tas e<br />
os s oldados<br />
u g a n d e n s e s .<br />
Yonatan era irmão<br />
do atual<br />
p r i m e ir o - mi -<br />
nistro de Israel,<br />
Biny amin Netanyahu.<br />
A força de resgate das FDI e os<br />
passageiros libertados chegaram de<br />
volta a Israel no dia 4 de julho.<br />
A missão de resgate israelense<br />
marcou uma significativa derrota do<br />
terrorismo que ressoa até hoje em dia.<br />
COLABORADORES DE VISÃO<br />
JAIME INGBERMAN E FAMÍLIA<br />
JAYME NUDELMAN E FAMÍLIA<br />
JAYME ZLOTNIK E FAMÍLIA<br />
JOSÉ SCHWEIDSON E FAMÍLIA<br />
<strong>JUL</strong>IO ZUGMAN E FAMÍLIA<br />
LEILA BURKINSKI E FAMÍLIA<br />
LINA BURKINSKI E FAMÍLIA<br />
MAURÍCIO SCHULMAN E FAMÍLIA<br />
MAURÍCIO FRISCHMANN E FAMÍLIA<br />
MIGUEL KRIGSNER E FAMÍLIA<br />
RUBENS LICHTENSTEIN E FAMÍLIA<br />
SABINE WAHRHAFTIG<br />
Reféns libertados em Uganda chegam a Israel<br />
SALIM IBRAHIM BELACIANO<br />
SAMUEL GRYNBAUM E FAMÍLIA<br />
SARA BURSTEIN<br />
SAUL ZUGMAN E FAMÍLIA<br />
SULAMITA P. MACIORO E FAMÍLIA<br />
SULAMITA PACIORNIK E FAMÍLIA<br />
TÂNIA MARIA BAIBICH-FARIA<br />
VERGIL TRIFAN E FAMÍLIA<br />
VICTOR RICARDO HERTZ E FAMÍLIA<br />
VITCIA E BETY ITZCOVICH<br />
ZALMEN CHAMECKI E FAMÍLIA<br />
ANÔNIMOS<br />
19
20<br />
* Antônio Carlos<br />
Coelho é professor<br />
universitário,<br />
escritor, diretor do<br />
Instituto de Ciência<br />
e Fé e colaborador<br />
do jornal <strong>Visão</strong><br />
<strong>Judaica</strong>.<br />
Papa Pio XII: uma grande controvérsia<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
Antônio Carlos Coelho *<br />
ugênio Pacelli, o<br />
Papa Pio XII, era a<br />
absoluta autoridade<br />
na Igreja durante um<br />
mundo conflitado<br />
pela guerra. Na opinião<br />
de muitos grandes da época ele a<br />
conduzia como um experiente marujo<br />
nos mares revoltos dos anos<br />
40. Nada se tinha a obstar sobre<br />
sua autoridade e fidelidade aos<br />
princípios do Evangelho e do Magistério<br />
da Igreja.<br />
Teria sido Pacelli fiel aos princípios<br />
do Evangelho, ou estaria<br />
mais preocupado e preservar seu<br />
poder e sua segurança? Pio XII está<br />
sendo colocado em dúvida por omissão<br />
diante do maior crime contra a<br />
Humanidade. Quando foi anunciada<br />
a abertura do processo de sua<br />
canonização, houve protestos, o<br />
Papa não merecia a dignidade proposta<br />
por Paulo VI. Tinha sido omisso,<br />
segundo alguns, diante das atrocidades<br />
nazistas. Dali para diante<br />
passou a ser chamado por uns de<br />
"o Papa de Hitler", por outros, em<br />
clara defesa do pontífice, "o Papa<br />
dos judeus".<br />
Este artigo não tem outra razão<br />
senão contribuir para uma<br />
justa avaliação do pontificado e<br />
da pessoa de Eugênio Pacelli. Não<br />
tenho interesse em transformá-lo<br />
num justo, mas também não quero<br />
mandá-lo para o inferno. Ensina-nos<br />
a sabedoria buscar a verdade<br />
e a justiça.<br />
No atual momento conhecer a<br />
verdade para fazer-se<br />
justiça é difícil. A força<br />
das opiniões correntes<br />
na mídia e, principalmente,<br />
na internet<br />
ofusca as tentativas.<br />
Sites e mensagens<br />
e textos pouco contribuem<br />
para a verdade,<br />
mais confundem as opiniões,<br />
confirmando o<br />
quanto há de superficialidade<br />
e partidarismo<br />
nos seus conteúdos.<br />
E, mesmo que haja<br />
verdade no conteúdo Eugenio Zolli<br />
Pio XII e os judeus - I<br />
dos textos e afirmações de alguns,<br />
no embolado das opiniões, não<br />
ganham nenhum crédito. Para julgar<br />
Pio XII faltam-nos provas. Ainda<br />
não foi concluído o trabalho<br />
no arquivo do Vaticano relativo ao<br />
período de Pio XII. Contou-me um<br />
conhecedor dos arquivos que há<br />
uma forma de arquivamento própria<br />
da documentação e que ela<br />
não obedece à cronologia dos fatos,<br />
daí a demora na viabilização<br />
da pesquisa. Enquanto isso cabe<br />
ao senso de justiça aguardar.<br />
Mas, vamos em frente.<br />
Sisudo e tímido, Pio XII não era<br />
dono da mesma simpatia e carisma<br />
dos Papas Pio XI, que o antecedeu,<br />
e de João XXII que o sucedeu.<br />
Pio XII governou a Igreja num período<br />
tenso de excessiva pressão do<br />
nazismo e do fascismo de Mussolini.<br />
Somava-se como um peso ao seu<br />
governo, a antiga postura da Igreja<br />
contra os movimentos liberais do<br />
século XIX e contra o comunismo.<br />
Pio XII viveu na turbulenta transição<br />
do mundo moderno para o contemporâneo.<br />
Os regimes políticos em voga<br />
na Europa pós-primeira guerra<br />
não se afinavam com a Doutrina<br />
Social da Igreja. Pio XI havia criticado<br />
severamente o fascismo<br />
(1931) na Encíclica "No Abbiamo<br />
Bisogno" (Nós não Precisamos).<br />
Oito anos após condenou o comunismo<br />
através da encíclica Divini<br />
Redemptoris. Por outro lado, Mussulini<br />
já havia manifestado desde<br />
seus tempos de militância no<br />
partido socialista seu ódio à Igreja<br />
e, pregava em seus discursos<br />
às classes trabalhadoras, a morte<br />
dos padres.<br />
E, no ano de 1937, Pio XI, lançou<br />
uma "bomba" sobre o nazismo,<br />
a Encíclica "Mit brennender<br />
Sorge" (Com profunda preocupação)¹.<br />
Publicada exclusivamente<br />
em alemão, condenava expressa<br />
e formalmente os erros do nacional-socialismo,<br />
classificando-a<br />
com uma ideologia racista e<br />
pagã. A leitura da Enciclica foi<br />
feita no Domingo de Ramos - 21<br />
de março de 1937 - em mais de<br />
11 mil igrejas católicas<br />
da Alemanha. A<br />
carta pontifícia, pelo<br />
seu conteúdo e pela<br />
forma como foi levada<br />
a público, causou<br />
uma surpresa geral<br />
para os fiéis e autoridades<br />
alemãs. O<br />
Terceiro Reich jamais<br />
havia recebido uma<br />
contestação de tal<br />
amplitude. No entanto,surpreendentemente<br />
o jornal do<br />
partido nacional so-<br />
OPINIÃO<br />
Uma questão polêmica<br />
para ler e refletir<br />
Szyja Lorber *<br />
O tema é de fato muito polêmico.<br />
De um lado, estão os acusadores<br />
de Pio XII de que ele nada fez<br />
como Papa para salvar os judeus<br />
durante o Holocausto, que não levantou<br />
a voz para criticar o nazismo.<br />
No outro campo, surgem pessoas,<br />
entre eles proeminentes judeus,<br />
que, dizem o contrário, que<br />
Pio XII salvou sim judeus - e muitos<br />
- mas de forma silenciosa e em<br />
segredo e, teria justificadas razões<br />
para isso: represálias nazistas contra<br />
os católicos na Europa.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> resolveu abordar<br />
o assunto - e ninguém melhor<br />
para isso que o professor Antônio<br />
Carlos Coelho, conhecedor profundo<br />
da Igreja Católica e outras<br />
religiões, mas judeu de alma, coração<br />
e cabeça - já há algum tempo,<br />
porém apressou-se em fazê-lo,<br />
depois que o embaixador israelense<br />
junto ao Vaticano, Mordechai<br />
Levy, fez o mais favorável comentário<br />
de um representante do<br />
governo de Israel sobre Pio XII,<br />
recentemente, causando surpresa<br />
e grande controvérsia dentro do<br />
mundo judaico, fato que, posteriormente<br />
o levou, de certa forma<br />
a se retratar dos elogios ao Papa,<br />
dizendo que os seus comentários<br />
estariam "incorporados em um<br />
contexto histórico mais amplo e,<br />
dado o fato de que este contexto é<br />
ainda objeto de investigação em<br />
andamento, divulgar a minha opinião<br />
histórica sobre o Papa Pio<br />
cialista Völkischer Beobachter publicou<br />
a Encíclica, ampliando a<br />
divulgação da condenação ao nazismo.<br />
Joseph Goebbels percebeu<br />
a força das palavras papais e o<br />
que ela representava diante do<br />
projeto nazista.<br />
Logo após a publicação da<br />
"Mit brennender Sorge", tiveram<br />
início as perseguições aos religiosos:<br />
em 1937, 1.100 deles foram<br />
presos; em 1938, 304 sacerdotes<br />
foram mandados para o campo<br />
de Dachau e as organizações e<br />
escolas católicas foram interditadas.<br />
No final da guerra cerca<br />
de 11 mil sacerdotes receberam<br />
medidas punitivas, até as mais<br />
severas, a morte nos campos de<br />
extermínio. A relação entre o Va-<br />
* Szyja Lorber é jornalista e editor do <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
XII foi prematura". Claro, foi uma<br />
evidente tentativa de acalmar os<br />
ânimos de seus críticos que rapidamente<br />
o atacaram - alguns grupos<br />
judaicos, incluindo sobreviventes<br />
do Holocausto.<br />
O episódio do embaixador em<br />
si, sem dúvida alguma, mostra o<br />
quão delicado ainda é o tema Pio<br />
XII. A questão do que Papa fez ou<br />
deixou de fazer para ajudar os<br />
judeus tem atormentado as relações<br />
entre católicos e judeus por<br />
décadas e é muito raro um líder<br />
judeu ou israelense elogiar Pio<br />
XII. Mas esses elogios existiram<br />
como se irá verificar na primeira<br />
parte deste texto impecável de<br />
Antônio Carlos Coelho.<br />
O embaixador Levy discursou<br />
numa cerimônia em homenagem<br />
a um padre italiano que ajudou<br />
os judeus. Disse - e há documentos<br />
comprobatórios disso - que<br />
conventos e mosteiros católicos<br />
abriram suas portas para salvar<br />
judeus depois que os nazistas<br />
começaram as perseguições no<br />
Gueto de Roma em 16 de outubro<br />
de 1943. "Há razões para se acreditar<br />
que isso aconteceu sob a<br />
supervisão dos mais altos escalões<br />
do Vaticano, que eram informados<br />
sobre o que estava acontecendo.<br />
Portanto, seria um erro<br />
dizer que a Igreja Católica, o Vaticano<br />
e o próprio Papa se opuseram<br />
sobre ações para salvar judeus.<br />
Ao contrário, o oposto é o<br />
verdadeiro" afirmou então o embaixador.<br />
ticano e os regimes totalitários<br />
de Hitler e Mossulini era extremamente<br />
frágil, levando Pio XII<br />
governar a Igreja Católica sobre<br />
o fio da navalha.<br />
Pio XII pouco manifestava a<br />
doçura de um pastor, no entanto,<br />
transmitia segurança e firmeza de<br />
princípios ao seu rebanho naqueles<br />
dias conturbados de uma Europa<br />
dividida entre os regimes ditatoriais<br />
de direita e da ameaça do<br />
comunismo. Para a Igreja ambos<br />
eram péssimos, mas, naquelas circunstâncias<br />
deveria ser prudente.<br />
Comunidades cristãs inteiras, na<br />
Polônia, na Áustria, na Alemanha<br />
corriam o risco da perseguição.<br />
Qual seria a melhor política a ser<br />
adotada pelo Vaticano?
A Igreja tinha seus membros perseguidos<br />
tanto na parte comunista<br />
como na Alemanha. Organizações e<br />
escolas católicas já tinham sido<br />
interditadas e muitos foram presos<br />
e enviados aos campos de concentração.<br />
O caminho natural da diplomacia<br />
era a de evitar perdas. Mesmo<br />
assim, há registros de conventos<br />
italianos, como é o caso do Convento<br />
dos Quatro Santos Coroados,<br />
próximo a Roma, que recebeu, a<br />
partir de 1943, perseguidos do regime<br />
nazista, inclusive judeus. Segundo<br />
ata do Convento, esses realizavam<br />
suas orações de Shabat e das<br />
Grandes Festas. Um amigo que estudou<br />
na Itália contou-me, recentemente,<br />
sobre uma família que desde<br />
1943 permanecia na casa dos<br />
Missionários Claretianos em Roma.<br />
Há inúmeros testemunhos da atuação<br />
do Papa Pio XII em favor dos<br />
judeus. O Grão-Rabino de Roma, Italo<br />
Zolli² afirmou que no conhecido<br />
episódio dos 50 quilos de ouro exigidos<br />
dos judeus de Roma, 15 quilos<br />
foram ofertados pelo Vaticano,<br />
para completar aos 35 quilos conseguidos<br />
pelos judeus locais.<br />
O rabino norte-americano David<br />
Dalin³, contrariando<br />
as acusações ao Papa:<br />
"Pio XII salvou algo em<br />
torno de 800.000 judeus<br />
italianos, a atitude<br />
não colaborativa do<br />
Vaticano levou Hitler a<br />
traçar planos de invasão<br />
e prisão do papa,<br />
a rádio do Vaticano foi<br />
a primeira e uma das<br />
únicas a anunciar e denunciar<br />
as atrocidades<br />
nazistas contra judeus<br />
e católicos poloneses a<br />
partir de 1940".<br />
São fatos conhecidos que Golda<br />
Meir, Moshe Sharett, Einstein e<br />
Pinchas Lapide, agradeceram publicamente<br />
a Pio XII pela ajuda que<br />
prestou aos judeus. Sabe-se que,<br />
durante a guerra, o cardeal Angelo<br />
Roncalli (Papa João XXIII), então<br />
núncio apostólico na Grécia e Turquia,<br />
emitiu certificados de batismo<br />
a judeus, bem como o padre<br />
Karol Wojtyla (mais tarde Papa<br />
João Paulo II) falsificou passaportes<br />
a judeus poloneses.<br />
Dalin também afirma que "a comunidade<br />
judaica italiana reco-<br />
Neonazistas queriam criar<br />
novo país no Sul do Brasil<br />
Um novo país no Sul do Brasil era<br />
o desejo de um grupo neonazista, formado<br />
principalmente por membros<br />
do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande<br />
do Sul, São Paulo e Minas Gerais.<br />
Segundo as polícias gaúcha e paranaense,<br />
o plano foi descoberto há<br />
dois anos, após o homicídio que envolveu<br />
neonazistas rivais. De acordo<br />
com o delegado Francisco Alberto<br />
Caricati, titular do 10º Distrito Policial<br />
de Curitiba, o caso que envolveu<br />
a morte de um casal neonazista durante<br />
uma comemoração do grupo em<br />
abril de 2009, foi o estopim para a<br />
descoberta os anseios políticos do<br />
grupo. O casal foi executado na BR-<br />
116, próximo de Quatro Barras.<br />
Durante as investigações, os<br />
policiais descobriram que havia<br />
um estatuto de uma nova nação<br />
nazista a partir de Santa Catarina<br />
e Rio Grande do Sul. "Eles queriam<br />
tomar o poder a partir desses Estados<br />
para depois expandir para<br />
outros lugares", disse o delegado.<br />
Assim como em São Paulo, no Sul o<br />
perfil dos agressores é de jovens<br />
entre 15 e 30 anos. Sempre agindo<br />
em bandos, eles costumam usar<br />
armas brancas, como facas, martelos,<br />
estiletes e tacos.<br />
Dez meses depois de ser condenado<br />
pela Justiça por liderar uma<br />
gangue de skinheads acusada de praticar<br />
um atentado a bomba durante a<br />
Parada Gay de 2009 em São Paulo,<br />
Guilherme Witiuk Ferreira de Carvalho,<br />
o Chuck, de 21 anos, voltou a ser<br />
preso por um crime de intolerância.<br />
Ele e mais quatro rapazes são acusados<br />
de agredir fisicamente quatro<br />
pessoas, novamente na região da<br />
Avenida Paulista. As vítimas contaram<br />
que, enquanto recebiam socos e<br />
pontapés, seus agressores gritavam<br />
a seguinte frase: "Negros, nordestinos,<br />
filhos da p., somos skinheads e<br />
vamos matar vocês, seus zumbis". A<br />
Polícia apreendeu com os acusados<br />
três machados, quatro punhais, um<br />
facão, uma caneta de ferro com duas<br />
pontas e um cinto com soco inglês<br />
como fivela.<br />
De acordo com a polícia, os acusados<br />
detidos em flagrante foram<br />
indiciados por tentativa de homicídio,<br />
injúria racial e formação de<br />
quadrilha e fazem parte de uma gangue<br />
chamada Impacto Hooligan, que<br />
é um dos 25 grupos investigados<br />
pela Delegacia de Crimes Raciais e<br />
Delitos de Intolerância (Decradi) por<br />
cometer crimes contra minorias em<br />
São Paulo. Segundo a polícia, a maioria<br />
é formada por neonazistas.<br />
O Decradi já havia detido Ferreira<br />
de Carvalho e mais seis suspeitos<br />
em dezembro de 2009, seis meses<br />
após um atentado a bomba ferir pelo<br />
menos 13 pessoas que participaram<br />
da Parada Gay na Avenida Paulista.<br />
nheceu que a sobrevivência<br />
de grande<br />
parte de seus integrantes<br />
se deveu à<br />
atuação da Santa Sé,<br />
e que o número de<br />
deportações teria<br />
sido muito maior sem<br />
ela".<br />
Talvez, uma das<br />
razões que alimentem<br />
as acusações a<br />
Eugênio Pacelli te-<br />
Rabino David Dalin<br />
nha sido a própria<br />
característica da comunidade<br />
judaica italiana, principalmente<br />
a romana. Os judeus<br />
italianos eram muito mais esperançosos<br />
que seus irmãos de outras<br />
comunidades europeias. Afinal,<br />
eles estavam na Itália e confiavam<br />
na força da diplomacia do<br />
Vaticano, e isto os fazia mais confiantes<br />
e seguros diante da ameaça<br />
nazista. O fato de muitos judeus<br />
terem sidos levados aos campos<br />
de extermínio pode ter despertado<br />
dúvidas a respeito da atuação da<br />
Igreja junto às autoridades germânicas,<br />
o que é muito compreensível.<br />
(Continua na próxima edição).<br />
Por veicular matéria discriminatória<br />
em relação ao Estado de Israel e ao povo<br />
judeu, o site www.multiplosuniversos.<br />
com.br foi interditado pela justiça paraibana.<br />
Seu proprietário, um conhecido antissemita<br />
brasileiro que diz ser só antissionista,<br />
Gilson Marques Gondin impetrou<br />
um "mandamus" para liberar o site, mas os<br />
juízes mantiveram sua interdição. Ainda assim,<br />
até o dia 17/7 Gondin ainda não havia<br />
tirado do ar o endereço eletrônico que, pela<br />
decisão judicial deveria ficar inacessível<br />
na internet.<br />
A decisão da Câmara Criminal do Tribunal<br />
de Justiça da Paraíba, no julgamento do<br />
Mandado de Segurança (200.2010.037804-<br />
7/002), na sessão de 5/6 é unânime. A ação<br />
penal é oriunda da 5ª Vara Criminal da comarca<br />
de João Pessoa.<br />
O impetrante recorreu de decisão do Juízo<br />
da 5ª Vara, que suspendeu a publicação,<br />
alegando que teve restringida sua<br />
liberdade de expressão, visto que<br />
o blog contém outras divulgações<br />
estranhas à matéria objeto da<br />
ação penal, "sendo bastante visitado<br />
e aberto a manifestações as<br />
mais variadas do público."<br />
A ação penal tramita na Paraíba<br />
porque o provedor do site<br />
hotstore.com.br tem endereço no<br />
Estado. Para o relator do processo,<br />
desembargador João Benedito<br />
da Silva, a ordem constitucional<br />
não admite a existência de<br />
direitos ou garantias de caráter<br />
absoluto.<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
NOTAS:<br />
1. A Encíclica foi escrita com auxílio dos cardeais<br />
alemães Adolf Bertram, Michael von Faulhaber e Karl<br />
Joseph Schulte e dos dois bispos alemães mais<br />
contrários ao regime, Clemens von Gallen e Konrad von<br />
Preysing e, também, com os auxiliares do Papa Mons.<br />
Ludwig Kaas e dos jesuítas Robert Leiber e Augustin Bea.<br />
2. Italo Zolli foi grão-rabino de Roma. Nasceu em Brody,<br />
Ucrânia, 1881. Adotou um nome italiano por força da lei<br />
fascista. Após a liberação de Roma converteu-se,<br />
juntamente com a mulher e fílha, ao catolicismo, adotando<br />
o nome do Papa, Eugenio Pio Zolli. Morreu em 1956.<br />
3. David G. Dalin, rabino conservador e historiador. É<br />
autor, coautor ou editor de dez livros sobre a história<br />
judaica americana, política e relações judaico-cristãs.<br />
Foi professor de história judaica americana na<br />
Universidade de Hartford, professor visitante no<br />
Seminário Teológico Judaico da América e em outras<br />
instituições. Escreveu inúmeros artigos e resenhas de<br />
livros que foram publicados em História <strong>Judaica</strong><br />
Americana, Commentary, First Things, The Weekly Standard<br />
e o Livro do Ano Judaico Americano. Dalin pertenceu ao<br />
Conselho Editorial e o Conselho Consultivo da revista First<br />
Things, ao Conselho Editorial da revista Judaísmo<br />
Conservador, é membro do Conselho Consultivo<br />
Acadêmico da American Jewish Historical Society.<br />
O Rabino Dalin apresentando seu livro "O Mito do Papa de Hitler"<br />
21<br />
Justiça mantém interditado site<br />
que discrimina Israel e povo judeu<br />
O desembargador afirma, em seu voto,<br />
que, diante de fortes indícios do blog do<br />
impetrante veicular comentários discriminatórios<br />
e racistas contra o povo judeu,<br />
ofendendo o direito fundamental ao<br />
respeito, ao tratamento digno e não discriminatório,<br />
"perde relevância jurídica<br />
o argumento no sentido de que as inserções<br />
contidas no site são meras manifestações<br />
da liberdade de pensamento."<br />
O magistrado ainda rejeitou o pedido de<br />
permanência do site, ao menos nas partes<br />
em que a questão israelita não seja tratada.<br />
Segundo o julgador, é impossível conceder a<br />
sugestão nesse ponto, por inexistência de<br />
prova pré-constituída.<br />
Resta aguardar quais as penas que serão<br />
cominadas ao réu por desobediência à<br />
decisão do Poder Judiciário mantendo seu<br />
site no ar, após a decisão judicial.<br />
O Tribunal de Justiça da Paraíba tomou importante decisão:<br />
interditou e mandou tirar do ar site que ofendia o Estado de Israel
22<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
VISÃO<br />
Vereador mais votado em B. Aires é rabino<br />
Rabino Bergman<br />
panorâmica<br />
O rabino Sergio Bergman, candidato pelo<br />
Partido Propuesta Republicana é o vereador<br />
mais votado em Buenos Aires,<br />
com 45% do total de votos, três vezes<br />
mais que o segundo colocado com 14%.<br />
O fato, inédito, não se deve ao "voto judaico",<br />
mas é também uma resposta contundente<br />
dos argentinos contra os candidatos<br />
nazistas e o antissemitismo argentino.<br />
Bergman é o criador da Fundación<br />
Argentina Ciudadana que protesta<br />
todos os meses contra a impunidade no<br />
caso AMIA na frente do Supremo Tribunal<br />
e é rabino da Congregação Israelita<br />
da República Argentina. Ele disse que<br />
seu trabalho como vereador será expressar<br />
a voz das pessoas, algo que<br />
sempre fez. Tem 49 anos, é casado, quatro<br />
filhos, formado pela Faculdade de<br />
Farmácia e Bioquímica de Buenos Aires.<br />
Ordenado rabino em 1992, tem<br />
mestrado em educação "Suma Cum<br />
Laude" na Universidade Hebraica de Jerusalém,<br />
mestrado em literatura rabínica<br />
no Hebrew Union College, e mestrado<br />
em estudos judaicos no Jewish<br />
Theological Seminary. (AJN).<br />
Ultrassom israelense contra câncer em SP<br />
Único na América Latina, um avançado<br />
aparelho de ultrassom de alta frequência,<br />
que utiliza tecnologia israelense,<br />
foi instalado no Instituto do Câncer do<br />
Estado de S. Paulo e estará disponível à<br />
população pelo Sistema Único de Saúde<br />
(SUS). Ele destrói células cancerígenas<br />
sem a necessidade de cirurgia e<br />
anestesia. A principal vantagem é que<br />
as áreas ao redor do tumor não são afetadas,<br />
já que a técnica é muito precisa<br />
e só ataca onde é necessário. Também<br />
dispensa o uso de anestésicos e permite<br />
que os pacientes fiquem conscientes<br />
durante toda a operação. Além disto, o<br />
procedimento não causa dor intensa. A<br />
cerimônia de inauguração contou com<br />
a presença do governador Geraldo Alckmin.<br />
(Jornal Alef).<br />
Após 5 anos, ONU advoga por Shalit<br />
Em declaração de seu porta-voz Mar-<br />
(com informações das agências AP, Reuters, AFP,<br />
EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem Post,<br />
Haaretz, Notícias da Rua Judaíca e IG)<br />
• Yossi Groisseoign •<br />
tin Nesirky, o secretário-geral da ONU,<br />
Ban Ki-moon, pediu ao grupo terrorista<br />
Hamas a imediata libertação do soldado<br />
israelense Gilad Shalit, cujo sequestro<br />
completou cinco anos. "O secretário-geral<br />
pede ao Hamas que proteja<br />
sua vida, que o trate com humanidade<br />
e que prove estar vivo, assim<br />
como permita à sua família ter contato<br />
com ele", disse o porta-voz de Ban,<br />
num comunicado. Shalit foi sequestrado<br />
em 25 de junho de 2006, dentro do<br />
território israelense na fronteira de<br />
Gaza, quando foram assassinados outros<br />
dois soldados. A ONU exortou ainda<br />
o Hamas a "cumprir com o direito<br />
humanitário internacional". O secretário<br />
disse que as Nações Unidas continuarão<br />
apoiando os esforços para<br />
que as negociações resultem na sua<br />
libertação. Desde seu sequestro, Shalit<br />
está cativo supostamente na Faixa<br />
e sua libertação depende de uma troca<br />
que se arrasta pela falta de acordo<br />
entre as partes. O Hamas exige a libertação<br />
de centenas de terroristas condenados<br />
por atentados terroristas<br />
sangrentos que vitimaram mais de 400<br />
civis. (Aurora).<br />
Gaza recebe tudo o que necessita<br />
Caminhões na fila para Gaza levando tudo o que a<br />
população precisa<br />
Enquanto a África e alguns países da<br />
América Latina não têm o que comer,<br />
Gaza, dominada pelo grupo terrorista<br />
Hamas, equipado com mísseis sofisticados<br />
pelo Irã e Síria, tem tudo o que<br />
precisa. As Forças de Defesa de Israel<br />
assinalaram que ingressam diariamente<br />
em Gaza 6 mil toneladas de produtos,<br />
que se traduz aproximadamente<br />
em 260 caminhões, através da passagem<br />
de Kerem Shalom. Apesar de<br />
toda a comoção causada pela provocação<br />
da flotilha em 2010, os barcos<br />
transportavam somente 4 mil toneladas<br />
de bens (em sua maioria medicamentos<br />
vencidos), dois terços do que<br />
Israel transfere todos os dias para o<br />
enclave. As FDI indicaram que semanalmente<br />
passam cerca de 1.250 caminhões<br />
carregados com aproximadamente<br />
34 mil toneladas para Gaza: 385<br />
caminhões transportam produtos<br />
como alimentos para crianças, produtos<br />
avícolas, verduras e frutas; 340<br />
caminhões com materiais de construção<br />
como cimento e madeira; 523 caminhões<br />
com diversos tipos de artigos<br />
de medicina, vestuário, equipamentos<br />
elétricos e produtos de higiene. Um<br />
porta-voz das FDI disse que a transferência<br />
nunca é maximizada pelos funcionários<br />
palestinos encarregados de<br />
formular os pedidos. (Aurora).<br />
AP deu passaportes diplomáticos<br />
a procurados pela Interpol<br />
O presidente da Autoridade Palestina<br />
Mahmoud Abbas entregou passaportes<br />
diplomáticos palestinos a dois<br />
cidadãos libaneses que estão sendo<br />
procurados pela Interpol (Polícia Internacional)<br />
segundo informações divulgadas<br />
por um noticiário da televisão<br />
israelense, dias atrás. Os dois libaneses<br />
são procurados por crimes<br />
que vão desde terrorismo, tráfico de<br />
drogas e lavagem de dinheiro. Segundo<br />
os Acordos de Oslo, a Autoridade<br />
Palestina não pode entregar passaportes<br />
diplomáticos para pessoas<br />
procuradas, nem para cidadãos de<br />
outros países. (El Reloj.com).<br />
Israel adverte Assad<br />
Segundo notícia do jornal kuwaitiano<br />
Al-Jarida, sem confirmação por parte<br />
de Israel, Jerusalém teria enviado uma<br />
mensagem ao presidente sírio Bashar<br />
Assad, advertindo-o de que se houver<br />
uma ofensiva contra o Estado judeu<br />
para desviar a atenção dos problemas<br />
internos, se ele tornará pessoalmente<br />
um objetivo militar. O diário do Kuwait<br />
destacou que a mensagem foi transmitida<br />
diretamente ao presidente sírio<br />
através da Turquia, após informes da<br />
inteligência sobre movimentos incomuns<br />
de tropas sírias, incluindo o deslocamento<br />
de mísseis de longo alcance<br />
que poderiam ser empregados para<br />
combater Israel. Ao mesmo tempo, a<br />
reportagem menciona que o Tzahal<br />
(Exército de Israel) elevou o grau de<br />
alerta na fronteira norte com receio de<br />
que o Hezbolá tente sequestrar soldados<br />
ou civis na fronteira libanesa. Há<br />
algumas semanas, especialistas sírios<br />
estabelecidos nos Estados Unidos<br />
acusaram o regime de Assad de organizar<br />
os protestos do dia da Naksa na<br />
fronteira com Israel como uma medida<br />
de distração frente à prolongada<br />
revolta popular que trata de derrubar<br />
seu repressivo regime. (Efe).<br />
Partido egípcio quer anular<br />
acordos de paz com Israel<br />
Uma das principais prioridades do<br />
partido político egípcio Al Karama é<br />
derrogar o Tratado de Paz de Camp<br />
David, firmado em 1978 pelo Egito e<br />
por Israel. Amin Iskander, representante<br />
do partido, disse que o acordo<br />
de paz deve ser anulado "imediatamente<br />
porque não corresponde aos<br />
interesses do Egito". Iskander declarou<br />
que "seremos amigos dos querem<br />
ser nossos amigos, e seremos inimigos<br />
dos que querem ser nossos inimigos".<br />
Al Karama é um partido político<br />
nasserista com tendências socialistas<br />
que defende o pluralismo político.<br />
O partido havia solicitado várias<br />
vezes, sem êxito, sua legalização à<br />
Comissão de Partidos Políticos; não<br />
obstante, seu líder Hamdin Sabbahy<br />
participou das eleições do ano 2000<br />
como independente e ganhou um assento<br />
de deputado. Sabbahy se apresenta<br />
como candidato presidencial do<br />
Al Karama para as eleições que serão<br />
levadas a cabo entre outubro e novembro<br />
deste ano. (Aurora).<br />
Muçulmano subinspetor de Polícia em Israel<br />
O subinspetor geral de Polícia Hakroush<br />
"É uma posição pela qual estive esperando<br />
e que oferece muitos desafios",<br />
disse Hakroush, em entrevista à imprensa.<br />
"Estou orgulhoso da Polícia de<br />
Israel escolher-me baseada nas minhas<br />
qualificações e nada mais", declarou<br />
o oficial que acrescentou: "Minha<br />
religião e origem são fatos que não<br />
ignoro, mas nunca, em todos meus<br />
anos de serviço me senti discriminado<br />
ou prejudicado por isso". Hakroush diz<br />
que seu povoado natal de Kfar Kana,<br />
deu-lhe um grande apoio. "As pessoas<br />
do meu povoado ligaram-me para dar<br />
felicitações", observou. "Espero que<br />
possa abrir também o caminho para<br />
outros". O subinspetor geral Jamal<br />
Hakroush é o primeiro oficial de polícia<br />
muçulmano a ascender a esse cargo<br />
em Israel. Exercia, anteriormente, a<br />
função de subchefe adjunto do Departamento<br />
de Trânsito. Hakroush começou<br />
a servir na Polícia em 1978. Foi<br />
também, comandante policial dos distritos.<br />
Não esconde seu orgulho de ser<br />
"o primeiro muçulmano que tem o cargo<br />
de subinspetor geral da Polícia de<br />
Israel". (Israelseen).<br />
Multa de 6.500 euros ao bispo<br />
negador do Holocausto<br />
Por negar o assassinato de 6 milhões<br />
de judeus pelos nazistas e a existência<br />
de câmaras de gás, numa entrevista em<br />
2008, o bispo católico britânico Richard<br />
Williamson foi condenado à revelia<br />
na Alemanha a pagar 6.500 euros,<br />
dia 11/7. O bispo é membro da ultra-
conservadora Irmandade Pio X. O promotor<br />
e Williamson recorreram da decisão<br />
e, em um novo processo, a acusação<br />
havia exigido 12 mil euros de<br />
multa. A juíza Birgit Eisvogel justificou<br />
que a atual decisão confirma o veredito<br />
de culpado, declarado em primeira<br />
instância, mas por conta da situação<br />
financeira do acusado, a multa foi reduzida<br />
6.500 euros. Williamson indagado<br />
pelo entrevistador sobre o Holocausto,<br />
não hesitou em falar sobre o<br />
tema durante seis minutos. "O réu sabia<br />
das possíveis consequências", afirma<br />
a juíza Eisvogel. O caso instaurou<br />
uma crise na Igreja Católica, pois na<br />
época em que a entrevista com a negação<br />
do Holocausto foi transmitida, o<br />
Vaticano havia acabado de anular a<br />
excomunhão de Williamson e de três<br />
outros bispos da irmandade, sem que<br />
o Papa soubesse da entrevista. Desde<br />
o escândalo, Williamson não ocupa<br />
mais nenhuma função na irmandade e<br />
vive em Londres. (DPA/AFP).<br />
Morre o inspirador do filme "A vida é bela"<br />
Rubino Romero Salmoni<br />
Morreu dia 9/7 em Roma, aos 91 anos,<br />
Rubino Romeo Salmoni, judeu que inspirou<br />
o roteiro do longa vencedor do<br />
Oscar de melhor filme estrangeiro em<br />
1999, A Vida é Bela, de Roberto Benigni.<br />
Salmoni nasceu na capital da Itália<br />
em 22 de janeiro de 1920 e foi enviado<br />
à Auschwitz, na Polônia, em<br />
abril de 1944, campo onde foram exterminadas<br />
de milhões de pessoas,<br />
principalmente judeus, nos três últimos<br />
anos da 2ª Guerra Mundial. Antes<br />
disso, passou pelo campo de concentração<br />
de Fossoli, ao norte da Itália,<br />
o que descreveu como o início da<br />
"longa viagem em direção à morte".<br />
Sua vida foi contada em diversos trabalhos,<br />
o mais recente deles, Ho Sconfitto<br />
Hitler (Derrotei Hitler, em português).<br />
Salmoni tinha tatuado no braço<br />
o número A1581. "Salmoni dedicou<br />
sua vida a manter viva a lembrança,<br />
certo de que só a memória pode ser<br />
capaz de impedir o retorno dos monstros<br />
do passado", disse o presidente<br />
da Câmara dos Deputados da Itália,<br />
Gianfranco Fini. (Corriere Della Sera).<br />
Shakira em Israel<br />
Em visita a Jerusalém, a cantora colombiana<br />
Shakira foi aclamada por<br />
centenas de crianças judias e árabes<br />
em um colégio da cidade. A artista<br />
também participou de uma série de<br />
conferências organizadas pelo presidente<br />
Shimon Peres que, entre outros<br />
assuntos, abordaram a educação infantil.<br />
Ela é embaixadora da Boa Vontade<br />
pela Unicef e, em 1995, criou a<br />
fundação "Pies Descalzos", que tem<br />
como objetivo melhorar a vida das<br />
crianças na Colômbia. A cantora<br />
Shakira e o namorado Gérard Piqué,<br />
jogador de futebol do Barcelona também<br />
visitaram o Muro das Lamentações<br />
em Jerusalém. (Jornal Alef).<br />
AMIA: Seleção argentina de<br />
futebol pede justiça<br />
Seleção de futebol da Argentina: lembrando a<br />
impunidade pelo atentado à AMIA<br />
A seleção argentina de futebol, na disputa<br />
da Copa América, posou com uma<br />
faixa pedindo justiça no caso AMIA<br />
(Associação Mutual Israelita Argentina).<br />
Os dizerem do cartaz exibido antes<br />
de um jogo foram: "A Seleção Nacional<br />
não se esquece que, há 17 anos,<br />
85 pessoas foram assassinadas no<br />
atentado à AMIA. Você também não<br />
deve esquecer". O ato de lembrança e<br />
homenagem às vítimas ocorreu no dia<br />
18 de julho, em frente à sede da entidade,<br />
em Buenos Aires, quando foi<br />
marcado o 17º aniversário do atentado<br />
terrorista. (Jornal Alef).<br />
Direita suíça tem cartaz antissemita<br />
Um grupo suíço de extrema direita chamado<br />
Cumple Geneve (GNC) anunciou<br />
um "dia nacional para preservar a<br />
Suíça" com um cartaz que mostra um<br />
boneco envolto numa bandeira de Israel,<br />
usando kipá e peyot (cachos laterais<br />
de cabelo), e deitado sobre suas<br />
costas com uma flecha atravessada<br />
na cabeça. A mensagem foi distribuída<br />
em 17 de junho, mas só no início<br />
de julho chamou a atenção dos grupos<br />
judaicos. Johanne Gurfinkiel, de<br />
uma ONG judaica de direitos humanos,<br />
disse que a imagem "define o profundo<br />
ódio antissemita" dos líderes do<br />
movimento, e acrescentou que o cartaz<br />
é "um chamado ao assassinato,<br />
puro e simples". O GNC se define como<br />
uma associação cultural anti-imigração<br />
e antiglobalização, mas nega que<br />
seja antissemita. Após a denúncia da<br />
organização judaica, o cartaz foi alterado,<br />
retiram o kipá e os cachos. Um<br />
comunicado no site do grupo alegou<br />
que o boneco no cartaz representava<br />
"o extremismo israelense (o sionismo)"<br />
e "não um ataque contra os judeus".<br />
O Centro Simon Wiesenthal pediu<br />
às autoridades suíças medidas<br />
contra o GNC. (CSW).<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
O mapa da vida<br />
Jonathan Sacks*<br />
23<br />
"Todos os judeus que são conscientes de sua identidade<br />
como judeus estão impregnados de história" - escreveu Sir<br />
Isaiah Berlin. "Eles têm lembranças mais longas, estão cônscios<br />
de uma continuidade mais longa como comunidade<br />
que qualquer outra que tenha sobrevivido".<br />
Ele estava certo. O Judaísmo é uma religião de memória. O verbo zachor,<br />
lembrar, aparece nada menos que 169 vezes na Torá. "Lembrem-se que vocês<br />
eram estrangeiros no Egito." "Lembrem-se dos dias de antigamente." "Lembrem-se<br />
do sétimo dia para mantê-lo sagrado."<br />
A memória, para os judeus, é uma obrigação religiosa.<br />
Para ser livre, é preciso abandonar o ódio. Transforme-o numa bênção,<br />
não numa maldição; numa fonte de esperança, não em humilhação.<br />
Especialmente nesta época do ano. Nós a chamamos de "três semanas",<br />
que nos conduz ao dia mais triste no Calendário Judaico, Nove de Av, aniversário<br />
da destruição dos dois Templos, o primeiro por Nabucodonosor, Rei da<br />
Babilônia em 586 a.e.c e o segundo por Tito em 70 e.c.<br />
Os judeus jamais esqueceram aquelas tragédias. Até hoje, em todo casamento,<br />
quebramos um copo em sua memória. Durante as três semanas não<br />
temos celebrações. Em Nove de Av passamos o dia jejuando, sentados no<br />
chão ou em assentos baixos como enlutados, lendo o Livro das Lamentações.<br />
É um dia de profundo luto coletivo.<br />
Dois mil e quinhentos anos é um longo tempo para recordar. Muitas vezes<br />
me perguntam - geralmente em conexão com o Holocausto - é realmente certo<br />
recordar? Não deveria haver uma moratória no luto? A maioria dos conflitos<br />
étnicos no mundo não é alimentada por lembranças de antigas injustiças? O<br />
mundo não seria mais pacífico se de vez em quando esquecêssemos?<br />
Sim e não. Depende de como nos lembramos. Meu falecido predecessor Lord<br />
Jacobovits costumava enfatizar um fato fascinante. Três vezes no Livro de Bereshit<br />
D-us é mencionado como tendo Se lembrado. "D-us Se lembrou de Nôach"<br />
e tirou-o da Arca para a terra firme. "D-us Se lembrou de Avraham" e salvou seu<br />
sobrinho Lot da destruição das cidades da planície. "D-us Se lembrou de Raquel"<br />
e deu um filho a ela. Quando D-us Se lembra, Ele o faz para o futuro e para a vida.<br />
De fato, embora as duas sejam confundidas com frequência, memória é<br />
diferente de história. A história é sobre eventos ocorridos há muito tempo<br />
com outra pessoa. Memória é a minha história. Trata de onde eu vim e de qual<br />
narrativa eu faço parte. A história responde à pergunta: "O que aconteceu?"<br />
A memória responde a pergunta. "Quem, então, sou eu?" É sobre identidade e<br />
a conexão entre as gerações. No caso da memória coletiva, tudo depende de<br />
como relatamos a história.<br />
Não nos lembramos para buscar vingança. "Não odeiem os egípcios" -<br />
disse Moshê - "pois vocês foram estrangeiros na terra deles". Para ser livre,<br />
é preciso abandonar o ódio. Transforme-o numa bênção, não numa maldição;<br />
numa fonte de esperança, não em humilhação.<br />
Prezo a riqueza de saber que minha vida é um capítulo num livro iniciado<br />
pelos meus ancestrais há muito tempo, ao qual acrescentarei minha contribuição<br />
antes de entregá-lo aos meus filhos.<br />
Até hoje, os sobreviventes do Holocausto que conheço passam o tempo<br />
partilhando suas lembranças com os jovens, não por vingança, mas o oposto:<br />
para ensinar tolerância e o valor da vida. Cientes das lições de Bereshit,<br />
nós também tentamos nos lembrar para o futuro e para a vida.<br />
Na cultura apressada de hoje, desprezamos atos de recordação. A memória<br />
dos computadores aumentou, enquanto que a nossa encolheu. Nossos<br />
filhos não memorizam mais trechos de poesia. Seu conhecimento de história<br />
é muito vago. Nosso senso de espaço se expandiu. Nosso senso de tempo<br />
encolheu. Sociedades, como indivíduos, podem sofrer do Mal de Alzheimer.<br />
Isso não pode estar certo. Um dos maiores presentes que podemos dar<br />
aos nossos filhos é o conhecimento de onde nós viemos, as coisas pelas<br />
quais lutamos, e por quê. Nenhuma das coisas que valorizamos - liberdade,<br />
dignidade humana, justiça - foi conquistada sem conflito. Nem pode ser sustentada<br />
sem uma vigilância consciente. Uma sociedade sem memória é como<br />
uma jornada sem mapa. É muito fácil se perder.<br />
Quanto a mim, prezo a riqueza de saber que minha vida é um capítulo num<br />
livro iniciado pelos meus ancestrais há muito tempo, ao qual acrescentarei<br />
minha contribuição antes de entregá-lo aos meus filhos. A vida tem significado<br />
quando é parte de uma história, e quanto maior a história, mais nossos<br />
horizontes se expandem. Além disso, as coisas lembradas não morrem. É o<br />
mais próximo que podemos chegar da imortalidade na terra.<br />
* Jonathan Sacks é professor e Rabino chefe da Inglaterra. Artigo sobre o significado de 9 de Av,<br />
publicado no website www.chabad.org.br
24<br />
VISÃO JUDAICA • julho de 2011 • Tamuz / Av 5771<br />
o dia 18 de julho se<br />
completaram 17<br />
anos do atentado<br />
terrorista realizado<br />
à sede da AMIA, instituiçãoemblemática<br />
da comunidade judaica<br />
na Argentina, onde<br />
morreram 85 pessoas e mais de 300<br />
foram feridas. A Justiça argentina<br />
tem reivindicado a extradição de<br />
oito iranianos implicados no atentado,<br />
aos quais, apesar dos esforços<br />
da Interpol em procurá-los, o<br />
Governo do Irã os protege.<br />
O Congresso Judaico Latino-Americano<br />
(CJL), presidido pelo brasileiro<br />
Jack Terpins, promoveu dois atos contra<br />
o terrorismo e em defesa dos direitos<br />
humanos. No dia 17/7, ocasião<br />
em que parlamentares, personalidades<br />
ligadas aos direitos humanos e a<br />
liderança judaica de toda a América<br />
Latina se reuniram para discutir quais<br />
as formas de combater o terrorismo,<br />
mantendo um ambiente de paz e colaboração<br />
entre todos os seres humanos,<br />
não importando credo, raça, fé,<br />
ou preferência sexual.<br />
No dia 18/7, o CJL realizou um ato<br />
em memória às vítimas do maior aten-<br />
AMIA, 17 anos<br />
tado terrorista ocorrido em toda a<br />
América Latina. O local escolhido<br />
para a manifestação é o prédio da<br />
AMIA, o mesmo que sofreu com a explosão<br />
de um carro-bomba, há 17<br />
anos, vitimando centenas de argentinos.<br />
Os organizadores do movimento<br />
entregaram à presidente Cristina<br />
Kirschner, um abaixo-assinado, que<br />
já percorreu o mundo e conta com milhares<br />
de assinaturas, exigindo justiça<br />
para as vítimas do atentado, uma<br />
vez que os oito acusados pelo ato,<br />
mesmo procurados pela Interpol,<br />
permanecem sob a proteção do Irã.<br />
Quem ainda quiser colocar sua assinatura<br />
na petição deve acessar um<br />
dos sites www.justiciaporamia.org ou<br />
www.signforjustice.org Todos estão<br />
convidados a fazer parte desta campanha,<br />
e difundi-la entre o maior<br />
número de pessoas possível.<br />
Do Brasil, participaram, além do<br />
presidente Jack Terpins, os deputados<br />
federais Roberto Lucena (PV) e<br />
Fátima Pelaes (PMDB), o vereador<br />
Gilberto Natalini (PSDB), e o presidente<br />
e o vice-presidente da Federação<br />
Israelita do Estado de São<br />
Paulo, respectivamente Boris Ber e<br />
Ricardo Berkiensztat. (CJL).<br />
Bloqueio de Israel a Gaza é legal<br />
A Comissão Palmer das Nações<br />
Unidas que investiga os eventos da<br />
flotilha a Gaza, de maio do ano passado,<br />
encabeçada pelo ex-primeiro-ministro<br />
da Nova Zelândia, Geoffrey<br />
Palmer, determinou que o bloqueio<br />
naval sobre a Faixa de Gaza<br />
é legal e cumpre os requisitos da<br />
lei internacional. O informe também<br />
critica duramente o governo<br />
turco em relação à flotilha.<br />
Palmer, que é um expert em legislação<br />
marítima internacional, acrescentou<br />
que a Comissão Turkel, criada<br />
por Israel, investigou os acontecimentos<br />
de forma profissional, imparcial e<br />
independente. Por outro lado, o exprimeiro-ministro<br />
neozelandês ressaltou<br />
que a investigação da comissão<br />
turca estava politicamente influenciada<br />
e que seu trabalho não foi nem profissional<br />
nem independente. A Comissão<br />
Palmer apresentará seu informe<br />
ao secretário geral da ONU, Ban Kimoon.<br />
Entretanto, ainda não se sabe<br />
quando será publicada.<br />
A Turquia pressiona a ONU para<br />
que postergue a publicação do relatório.<br />
No entanto, espera-se que saia<br />
à luz nos próximos dias. A Comissão<br />
Palmer também critica a organização<br />
islâmica IHH que organizou a flotilha<br />
e seus vínculos com o governo turco,<br />
sugere que Ankara não fez o suficiente<br />
para deter a flotilha. Não obstante, sobre<br />
Israel a comissão Palmer manifestou,<br />
segundo testemunhos dos passageiros<br />
do navio Mavi Marmara, que<br />
os comandos navais israelenses usaram<br />
força excessiva. Israel justificou<br />
a ação de seus combatentes observando<br />
que agiram em defesa própria.<br />
O informe não exige que Israel peça<br />
desculpas à Turquia, mas recomenda<br />
expressar seu pesar pelos mortos e<br />
feridos. A Comissão Palmer também<br />
não estipula que Israel deva pagar<br />
uma compensação às vítimas como<br />
quer a Turquia, mas sugere que o Estado<br />
judeu transfira dinheiro a um<br />
fundo humanitário criado especialmente<br />
para esses propósitos.<br />
Palmer declarou que apesar da<br />
lei internacional permitir a interceptação<br />
de barcos em águas internacionais,<br />
Israel deveria ter tomado o<br />
controle da flotilha quando as embarcações<br />
estivessem mais próximas<br />
do limite marítimo (20 milhas<br />
marítimas da costa). Sobre isso, Israel<br />
respondeu que a flotilha foi interceptada<br />
longe da costa devido a<br />
considerações táticas e militares, e<br />
porque os organizadores se negaram<br />
a deter-se. Os esforços de reconciliação<br />
entre Israel e Turquia<br />
chegaram a um beco sem saída, em<br />
função das conclusões do relatório,<br />
assinalou uma fonte política de Jerusalém.<br />
A reunião do vice-primeiro<br />
ministro Moshê Yalon com o subsecretário<br />
das Relações Exteriores,<br />
Feridun Sinirlioglu, em Nova York<br />
culminou sem resultados positivos.<br />
O primeiro-ministro turco, Recep<br />
Tayyip Erdogan, exige uma desculpa<br />
oficial por parte de Israel. No entanto,<br />
o Estado judeu está disposto apenas<br />
a expressar seu pesar pelos resultados<br />
trágicos da flotilha.<br />
Há 17 anos um atentato terrorista destruiu a AMIA em Buenos Aires<br />
Irã ajuda a Síria a reprimir povo<br />
Altos comandantes militares<br />
iranianos têm auxiliado ativamente<br />
o ditador sírio Bashar al-Assad a<br />
reprimir brutalmente os manifestantes<br />
pró-democracia, em operações<br />
que já mataram cerca de<br />
12.400 civis em diversas cidades<br />
sírias, nos últimos quatro meses, de<br />
acordo com novo relatório divulgado<br />
pela União Europeia.<br />
O documento, publicado no<br />
dia 23/6, declara que três membros<br />
de elite do alto escalão da<br />
Guarda Revolucionária Iraniana<br />
estão suprindo o regime sírio<br />
com "equipamento e apoio". Os<br />
três são os comandantes-gerais<br />
da Guarda Revolucionária, brigadeiro<br />
comandante Mohammad<br />
Ali Jafari; o major-general comandante<br />
Qasem Soleimani; e o<br />
vice-comandante para a Inteligência<br />
da Guarda Revolucionária,<br />
Hossein Taeb.<br />
A assistência inclui "equipamento<br />
de controle de rebeliões e<br />
dispositivos técnicos do Corpo da<br />
Guarda Revolucionária Islâmica<br />
para sufocar distúrbios de dissidentes,<br />
por exemplo, como inundar<br />
áreas com pessoal de segurança,"<br />
de acordo com um funcionário do<br />
Reino Unido.<br />
O relatório também informa que<br />
a União Europeia impôs sanções a<br />
quarto cidadãos sírios ligados a<br />
Assad e a quarto instituições incluindo<br />
estabelecimentos militares<br />
por seu envolvimento nas sangrentas<br />
repressões. As sanções conge-<br />
laram bens e depósitos dos nominados<br />
e os proibiu de viajar para a<br />
União Europeia.<br />
O Irã tem sido conhecido há<br />
tempos por fomentar violência e<br />
intranquilidade entre seus vizinhos,<br />
tipicamente através do uso<br />
de use de prepostos como o Hezbolá<br />
no Líbano e o Hamas em Gaza.<br />
O Hezbolá recentemente tomou o<br />
controle do governo libanês enquanto<br />
o Hamas manda em Gaza,<br />
de onde terroristas lançaram 332<br />
foguetes, mísseis e morteiros sobre<br />
a população civil israelense<br />
desde janeiro deste ano.<br />
As forças sírias mataram cerca<br />
de 1.400 manifestantes e detiveram<br />
milhares de outros desde que os<br />
protestos antigovernamentais começaram<br />
em março deste ano. O<br />
governo sírio tem sido indiscriminado<br />
em seus ataques contra a população,<br />
utilizando munição verdadeira<br />
contra os manifestantes.<br />
Num caos recente, cinco pessoas<br />
foram mortas quando deixavam<br />
uma mesquita, de acordo com a<br />
Organização Árabe para os Direitos<br />
Humanos na Síria.<br />
Cerca de 12.000 sírios fugiram<br />
até agora para a Turquia e os Estados<br />
Unidos têm expressado sua<br />
preocupação com os movimentos<br />
de tropas síria junto à fronteira<br />
turca. Uma declaração da União<br />
Europeia denunciou a "inaceitável<br />
e chocante violência que o regime<br />
sírio continua a aplicar sobre<br />
seus cidadãos".