VJ JUN 09.p65 - Visão Judaica
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2<br />
editorial<br />
VISÃO JUDAICA • junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
epercutiu muito o discurso<br />
que o presidente dos EUA Barack<br />
Obama fez no Cairo ao<br />
mundo árabe, como parte de<br />
sua política no Oriente Médio de<br />
obter a paz e de dizer verdades difíceis<br />
de ouvir. Embora Obama, de fato, tenha<br />
feito referências importantes no<br />
assim chamado discurso dirigido ao<br />
mundo islâmico, infelizmente, para<br />
uma alocução rotulada como sendo um<br />
exercício de proferir verdades, a fala<br />
de Obama deixou muito a desejar. Longe<br />
de expressar verdades difíceis,<br />
como bem disse a jornalista israelense<br />
Caroline Glick, do The Jerusalem<br />
Post, analisando o discurso do presidente<br />
norte-americano, foi um testemunho<br />
de conveniência política.<br />
As "durasverdades"<br />
ditas ao<br />
mundo islâmicoincluíramdeclarações<br />
acerca<br />
da necessi-<br />
Publicação mensal independente da dade de<br />
EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />
JUDAICA LTDA.<br />
Redação, Administração e Publicidade<br />
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Arte e Diagramação<br />
SONIA OLESKOVICZ<br />
Webmaster<br />
RAFFAEL FIGLARZ<br />
Colaboram nesta edição:<br />
Antônio Carlos Coelho, Aristide Brodeschi,<br />
Aroldo Murá G. Haygert, Breno Lerner,<br />
Daniel Benjamin Barenbein, Dennis Prager,<br />
Etgar Lefkovits-Dallal, Heitor de Paola,<br />
Henryk M. Broder, Jane Bichmacher de<br />
Glasman, Jonathan Sacks, Maria Lucia<br />
Victor Barbosa, Markin Tuder, Nahum<br />
Sirotsky, Sérgio Feldman e Yossi<br />
Groisseoign.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />
o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou<br />
comentários publicados, sejam de terceiros<br />
(mencionando a fonte) ou próprios e assinados<br />
pelos autores. O fato de publicá-los não indica<br />
que o <strong>VJ</strong> esteja de acordo com alguns<br />
dos conceitos ou dos temas.<br />
Contém termos sagrados, por isso trate<br />
com respeito esta publicação.<br />
www.visaojudaica.com.br<br />
Este jornal é um veículo independente<br />
da Comunidade Israelita do Paraná<br />
As "duras verdades" de Obama<br />
Humor Judaico<br />
Datas importantes<br />
13 de junho<br />
20 de junho<br />
22 de junho<br />
23 de junho<br />
27 de junho<br />
4 de julho<br />
11 de julho<br />
combater os assim chamados extremistas;<br />
dar igualdade de direitos às<br />
mulheres; defender a liberdade de fé<br />
e encorajar a democracia. Mas todas<br />
essas afirmações sobre estes temas<br />
foram apenas manifestações abstratas<br />
e teóricas, desprovidas de quaisquer<br />
prescrições práticas. Obama disse da<br />
necessidade de combater o terrorismo<br />
islâmico, mas não mencionou que o<br />
respaldo e as bases intelectuais, políticas<br />
e financeiras provêm de instituições<br />
religiosas e políticas da Arábia<br />
Saudita e do Egito, enaltecidos como<br />
moderados e responsáveis.<br />
Ele falou da necessidade de garantir<br />
a igualdade das mulheres, porém<br />
deixou de referir-se às práticas comuns<br />
no mundo muçulmano, como os<br />
assassinatos de honra e a mutilação<br />
genital. E deixou de lado o fato de que<br />
em todos os países islâmicos são negados<br />
às mulheres direitos humanos e<br />
os básicos fundamentais. E ainda respaldou<br />
suas declarações alegando dissimuladamente<br />
que as mulheres dos<br />
EUA sofrem similarmente de desigualdade<br />
de direitos. Assim, Obama sina-<br />
SUGESTÃO<br />
SUGESTÃO<br />
Myrna e David namoram há cinco<br />
anos, sem que David faça a mínima menção<br />
ao casamento. Então, a mãe de Myrna<br />
senta-se junto a ela para conversar.<br />
— "Querida, eu acho que você já esperou<br />
o bastante. A próxima vez que vocês<br />
saírem dê a ele uma sugestão sutil<br />
sobre o casamento. Está bem filha?"<br />
No domingo seguinte, David levou<br />
Myrna ao restaurante chinês kasher favorito<br />
deles. Ele lia o menu e casualmente<br />
perguntou a ela:<br />
— "Então Myrna, como vai querer o<br />
seu arroz? Branco ou frito?"<br />
Sem hesitar e olhando fixamente para<br />
ele respondeu:<br />
— "Quero ele atirado sobre mim..."<br />
Shabat Behaalotecha<br />
Shabat Shelach Lecha<br />
1º dia de Rosh Chodesh<br />
2º dia de Rosh Chodesh<br />
Shabat Corach<br />
Shabat Chucat Balak<br />
Shabat Pinchás<br />
lizou de que ele não poderia fazer alguma<br />
coisa pelo pleito das mulheres<br />
no mundo islâmico, porque nos Estados<br />
Unidos aconteceria o mesmo!<br />
Também falou sobre a necessidade<br />
de garantir a liberdade de fé, mas ignorou<br />
o apartheid religioso da Arábia Saudita.<br />
Pronunciou-se sobre as benesses<br />
da democracia, mas passou por cima do<br />
despotismo das ditaduras. Em síntese,<br />
não abordou os aspectos essenciais das<br />
questões que levantou. Alguém poderia<br />
dizer que com isso ele iria irritar a<br />
audiência. Ora, se o próprio Presidente<br />
dos Estados Unidos, não pode dizer<br />
as verdades que precisam ser ditas,<br />
quem então as poderá dizer?<br />
De forma semelhante, as "duras<br />
verdades" de Obama sobre Israel foram<br />
caracterizadas por uma ausência de probidade<br />
factual e moral a serviço de fins<br />
políticos. Aparentemente, Obama censurou<br />
o mundo islâmico por estar totalmente<br />
impregnado da negação do<br />
Holocausto e da infâmia do ódio aos judeus.<br />
A assertiva de que a negação do<br />
Holocausto e o antissemitismo são er-<br />
Nossa capa<br />
A capa reproduz a obra de arte cujo título é: "A pilhagem<br />
do Templo - alto-relevo sobre o Arco de Tito, em<br />
Roma", pintado com a técnica aquarela e dimensões<br />
de 50x35cm, criação de Aristide Brodeschi.<br />
Nota: A imagem da Menorá do Templo (o Candelabro<br />
de sete braços) ladeada por ramos de oliveira<br />
(simbolizando a paz) tornou-se hoje a efígie do Estado<br />
de Israel. Uma réplica do alto-relevo de Roma se<br />
encontra no Museu da Diáspora de Tel-Aviv, Israel.<br />
O autor nasceu em Bucareste, Romênia, é arquiteto<br />
e artista plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já<br />
desenvolveu trabalhos em várias técnicas, dentre elas<br />
pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu premiações por<br />
seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras estão<br />
espalhadas por vários países e tem no judaísmo, uma<br />
das principais fontes de inspiração. É o autor das capas<br />
do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. (Para conhecer mais sobre<br />
ele, visite o site www.brodeschi.com.br).<br />
ACENDIMENTO DAS VELAS<br />
EM CURITIBA<br />
junho / julho de 2009<br />
Shabat<br />
DATA HORA<br />
12 / 6<br />
19 / 6<br />
26 / 6<br />
3 / 7<br />
10 / 7<br />
17 / 7<br />
17h14<br />
17h 15<br />
17h 16<br />
17h 19<br />
17h 21<br />
17h 25<br />
ros parece confirmar seu compromisso<br />
de que a ligação entre a América e Israel<br />
é inabalável. Mas uma análise mais<br />
cuidadosa das declarações mostra que,<br />
na realidade, está aceitando a visão árabe<br />
de que Israel é um intruso estrangeiro,<br />
algo inaceitável, e legitimando a<br />
reação árabe, cujo argumento básico<br />
contra Israel é que a única razão da criação<br />
de Israel foi a de atenuar a consciência<br />
culpada dos europeus em relação<br />
ao Holocausto. Segundo essa narrativa,<br />
os judeus não têm direito legal,<br />
histórico ou moral à terra de Israel.<br />
Este argumento é completamente<br />
falso. A comunidade internacional reconheceu<br />
os direitos legais, históricos<br />
e morais do povo judeu à terra de Israel<br />
muito antes que se ouvisse falar em<br />
Hitler. Em 1922, a Liga das Nações ordenou<br />
que a Comunidade <strong>Judaica</strong> fosse<br />
reconstruída - e não criada - na terra<br />
de Israel, abrangendo suas fronteiras<br />
históricas em ambas as margens<br />
do Rio Jordão. Obama ignorou esse<br />
fato básico preferindo calar-se ante a<br />
mentira árabe. Esta é a dura verdade.<br />
Falecimentos<br />
A Redação<br />
Fani Lerner, dia 21/5/2009 (27 de Iyar de<br />
5769), em Curitiba. Seu corpo, após ser<br />
velado no Salão Nobre da Prefeitura de<br />
Curitiba, foi sepultado, no mesmo dia,<br />
no Cemitério Israelita de S. Cândida<br />
(Leia mais sobre Fani Lerner Z"L, nas<br />
páginas 12 e 13 desta edição).<br />
Felisa Grynbaum, dia 10/6/2009 (19 de<br />
Sivan de 5769), em Curitiba. Seu corpo<br />
depois de velado na capela do Cemitério<br />
Israelita do Água Verde, foi sepultado<br />
na manhã do dia 11/6 no Cemitério<br />
Israelita de S. Cândida.
Sérgio Feldman *<br />
ma edição dedicada a<br />
Tishá BeAv não é algo<br />
que exista em qualquer<br />
jornal. Lembrar<br />
das ruínas de um Templo,<br />
e de uma cidade destruídos<br />
duas vezes, sendo que a última<br />
foi há quase dois mil anos é, no<br />
mínimo, para se refletir e questionar.<br />
Qual é o sentido desta memória? Por<br />
que lembrar de uma perda notável,<br />
mas tão antiga? Proponho uma releitura<br />
do símbolo.<br />
Não tenho todas as respostas,<br />
mas tenho uma das possíveis respostas.<br />
Isto pode ser intitulado como sendo:<br />
memória e identidade. Devemos<br />
lembrar e aprender de nossa experiência<br />
histórica. Nossa religião é imbricada<br />
na História. Perceba só. Nosso<br />
D-us não tem imagem e nem representação,<br />
pois isto é para nós idolatria.<br />
Não temos dogmas, além da<br />
crença no D-us único e na negação<br />
da idolatria. O que servimos? Um<br />
D-us invisível e um livro aberto a perushim<br />
(interpretações) e a ideia de<br />
uma razão e um sentido na História.<br />
O livro também é imbricado na História<br />
e tenta explicá-la. Entender os dilemas<br />
de um povo perseguido, discriminado<br />
e sem pátria por dois mil anos.<br />
Qual é o sentido deste sofrimento?<br />
Qual é o sentido da História? Se houve<br />
um começo, há um sentido e uma<br />
direção à História. E qual é ele?<br />
Difuso e amplo na sua explicação,<br />
o sentido da História no Judaísmo é a<br />
busca de certos elementos: a paz universal<br />
e o fim das guerras e violências;<br />
a Justiça Social sob um líder espiritual<br />
humano, mas divinamente inspirado<br />
e orientado; e o diálogo entre<br />
as diversidades humanas com respeito<br />
ao outro. Como um povo escorraçado<br />
e estereotipado serviu no projeto<br />
divino? Como o povo judeu foi o<br />
instrumento de D-us? Esta identidade<br />
grupal ajudou os judeus a sobreviverem<br />
e a resistirem às agruras da<br />
longa e penosa Diáspora.<br />
A resposta judaica foi sua visão<br />
de mundo e da História. Ao propor uma<br />
ética e a concepção do D-us único e<br />
Criador do Universo, o povo judeu ofereceu<br />
um sentido para História. Uma<br />
razão de ser que explicasse tanto a<br />
dispersão judaica, quanto a existência<br />
do mal e da violência. e oferecesse<br />
uma finalidade para a História.<br />
Qual é o nome disto? Busquei na mística<br />
judaica a resposta. Nada mal para<br />
um historiador, racional e tão crítico:<br />
Ou como celebrar ou "se lembrar" de Nove de Av<br />
Tikun Olam, o conserto do Mundo.<br />
Aprendi este conceito com os rabinos<br />
Roberto Graetz e Nilton Bonder<br />
há vinte anos. Fui buscar o meu entendimento<br />
deste conceito. Sua origem<br />
pode ser atribuída ao eminente<br />
cabalista do século XVI, que viveu na<br />
Galiléia, na cidade de Safed: Ari o<br />
Santo, ou rabi Isaac Luria.<br />
Sua doutrina explicava o sofrimento<br />
judaico, o Galut (Diáspora) e a história<br />
sob um olhar místico. Falava de<br />
Tzimtzum (contração), Shevirat a Keilim,<br />
(quebra dos vasos) e Tikun (conserto),<br />
entre outras coisas. Para Luria<br />
a explicação emanacionista do<br />
neoplatonismo era imprecisa. Nesta,<br />
a Criação seria uma exteriorização de<br />
D-us. Na concepção do Tzimtzum, a<br />
Criação é precedida por um gesto de<br />
amor de D-us, que abre um espaço<br />
para Criação para deixá-la acontecer.<br />
Este é o símbolo do Exílio: no nível<br />
espiritual é D-us que abre espaço e<br />
no plano físico é o povo judeu que vai<br />
para o Exílio. D-us se retira de um<br />
espaço por amor aos seres humanos<br />
e o povo judeu se retira de Eretz Israel<br />
(Terra Prometida), para ser o instrumento<br />
de D-us. Na Redenção o<br />
Povo volta a Israel e a Jerusalém. Ou<br />
seja, a Diáspora é uma etapa prévia<br />
da Redenção. Os sofrimentos do povo<br />
judeu na História são provas e etapas<br />
do processo.<br />
Ele também concebeu a visão cabalística<br />
de um suposto acidente<br />
ocorrido durante a Criação. Era a quebra<br />
dos vasos ou Shevirat a keilim. A<br />
energia gerada pela obra divina fez<br />
com que se quebrassem alguns recipientes<br />
que continham centelhas da<br />
luz divina que se espalharam pelo<br />
mundo material. Em toda a Criação<br />
as centelhas divinas se alojaram: seres<br />
vivos, objetos, matéria inorgânica.<br />
O mundo está impregnado desta<br />
energia divina e há que se consertar<br />
este acidente.<br />
Aqui entra o Tikun (conserto). As<br />
centelhas da luz divina devem ser recolhidas<br />
e levadas de volta aos vasos,<br />
no sentido da realização do conserto<br />
e da restauração da unidade<br />
cósmica. Só o ser humano pode recolher<br />
estas fagulhas divinas. A ele compete<br />
a transformação e restauração<br />
do equilíbrio. O Tikun depende dos<br />
gestos e das ações dos seres humanos:<br />
cada gesto de violência e desamor<br />
ao próximo o distância; cada gesto<br />
de bondade e amor ao outro, o<br />
aproxima. Depende dos seres humanos.<br />
A era messiânica e o fim do exílio<br />
estão configurados no Tikun.<br />
Repensando o Tikun em nossos<br />
dias podemos entabular uma dezena<br />
de interpretações: simbólicas e<br />
literais; místicas ou racionais; ortodoxas<br />
ou conservadoras; radicais ou<br />
moderadas. Mas há um elemento<br />
em comum a todas elas: a Redenção<br />
depende do ser humano. D-us<br />
não pode fazê-la por nós. Esta é<br />
nossa função. Dos judeus e de todos<br />
os seres humanos.<br />
Uma parte da Redenção já ocorreu.<br />
Dois rabinos do século XIX a previram<br />
e acertaram: um era sefaradi<br />
e se chamava Alcalay; outro era<br />
ashkenazi e se chamava Kalisher.<br />
Propuseram não esperar o Messias<br />
e sim agir para que ele pudesse vir.<br />
E a parte que eles propuseram foi:<br />
reconstruir Israel e acelerar o Tikun.<br />
Propuseram o Sionismo como um<br />
gesto da Redenção.<br />
O Tikun Olam (conserto do Mundo)<br />
começou há sessenta e um anos<br />
atrás, na Criação do Estado de Israel.<br />
O espaço cósmico se alterou e a<br />
Diáspora começou a se transformar.<br />
O sentido de celebrar Tishá BeAv se<br />
alterou. Agora não é a tristeza da perda<br />
do Templo e da cidade sagrada.<br />
Jerusalém se refez. Israel é um Estado<br />
livre e soberano.<br />
Não é um país perfeito. Longe disto.<br />
Uma sociedade com altos e baixos,<br />
acertos e erros, tensões sociais<br />
e conflitos externos com palestinos e<br />
árabes. Nada fácil.<br />
A Redenção deve ser feita em diversos<br />
níveis: no macrocosmo das relações<br />
entre nações, fortalecendo a<br />
democracia e o pluralismo, respeitando<br />
a diversidade cultural e religiosa<br />
e lutando pela paz; e no microcosmo<br />
das relações entre indivíduos: pais e<br />
filhos, esposa e marido, irmãos entre<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
Nas ruínas da História<br />
si, companheiros de trabalho, vizinhos<br />
e estranhos com quem cruzamos casualmente<br />
lá e cá. Juntar as fagulhas<br />
da centelha divina é um gesto cotidiano,<br />
constante e intenso.<br />
Não celebro Tishá BeAv há décadas.<br />
Respeito e lembro sempre a data.<br />
Na minha memória o Templo de Jerusalém<br />
é sagrado, mas não o desejo<br />
além da memória. Não sonho com<br />
sacrifícios de animais no Monte Moriah.<br />
Sonho com a paz. Almejo a justiça<br />
social. Quero um mundo sem sofrimento<br />
para judeus, mas também<br />
para palestinos, árabes, negros e ciganos.<br />
São todos dignos do Tikun.<br />
Não jejuo e nem fico de luto em<br />
Tishá BeAv. Israel é real. Celebro Iom<br />
Haatzmaut e rejubilo-me pela pujança<br />
cultural e pela democracia israelense.<br />
Preocupo-me com os nossos<br />
radicais tanto quanto com os radicais<br />
do outro lado. Não almejo um<br />
novo Tishá BeAv, portanto, quero um<br />
Israel forte e que possa se defender<br />
dos Haman (hoje o persa é Ahmandinejad)<br />
ou dos amalekitas (Hamas).<br />
Oxalá um dia haja paz no<br />
mundo, no Oriente Médio e entre<br />
nós e nossos vizinhos. Amém.<br />
3<br />
* Sérgio Feldman<br />
é doutor em<br />
História pela<br />
UFPR e professor<br />
de História Antiga<br />
e Medieval na<br />
Universidade<br />
Federal do<br />
Espírito Santo, em<br />
Vitória, e exprofessor<br />
adjunto<br />
de História Antiga<br />
do Curso de<br />
História da<br />
Universidade<br />
Tuiuti do Paraná.<br />
Concepção artística da destruição de Jerusalém pelos romanos
4<br />
* Markin Tuder é<br />
arquiteto e vive<br />
em Tel Aviv.<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
Caro Breno,<br />
Se não tivesse visto seu nome<br />
como signatário do artigo, não teria<br />
dado a ele a mínima importância. Estou<br />
farto (para não usar a expressão<br />
popular que melhor descreve a situação)<br />
de tentar esclarecer e elucidar<br />
esta turba de fanáticos mal-informados<br />
ou mal-intencionados, ou ambos,<br />
que falam e escrevem sem conhecimento<br />
de causa. Contanto que seja<br />
contra Israel e contra os americanos.<br />
Como é que você se atreve, Breno,<br />
a mencionar e pensar que esta<br />
versão muçulmana de Hitler possa ter<br />
razão? Ou eu não sei mais o significado<br />
da palavra "razão".<br />
Minha mãe, Breno, tia do seu pai,<br />
irmã da sua avó, faleceu em 1943<br />
com 42 anos de idade, vítima de um<br />
câncer. Suas últimas palavras foram<br />
de maldição a Hitler, por ter dizimado<br />
toda a família dela, a minha família,<br />
a sua família. Pai, mãe, irmão, irmãs,<br />
primos, tios. Sobraram duas irmãs<br />
refugiadas na França. Se você,<br />
como eu, tiver um dia a curiosidade<br />
de pesquisar a sua família paterna,<br />
vai encontrar álbuns cheios de rostos.<br />
Em alguns deles você é capaz até de<br />
encontrar alguns traços familiares.<br />
Um nariz, os olhos, a testa, um queixo,<br />
um sorriso. Um amontoado de faces,<br />
rostos sem identidade. Hitler<br />
deu-lhes um número, matou-os das<br />
formas mais cruéis, e os cremou ou<br />
enterrou em valas comuns. Como<br />
pode você, Breno, falar de razão? Você<br />
Um tiroteio ocorrido dentro do Museu<br />
Memorial do Holocausto, em Washington,<br />
matou dia 10/6 um guarda de<br />
segurança do Museu do Holocausto em<br />
Washington. O museu, que fica só a três<br />
quadras da Casa Branca, foi isolado.<br />
Segundo a Polícia do Distrito de Columbia,<br />
James W. von Brunnn entrou no<br />
museu com um rifle e atirou contra um<br />
dos seguranças. Na sequência, o atirador<br />
também foi baleado. As ruas em<br />
torno do museu foram fechadas e bloqueadas<br />
com fita amarela. Vários carros<br />
de polícia e guardas sobre cavalo<br />
cercaram a área.<br />
O museu normalmente tem uma forte<br />
segurança, com guardas posicionados<br />
dentro e fora do prédio. Todos os<br />
Resposta ao artigo de Breno Altman, no site<br />
oficial do PT, ainda sobre Ahmadinejad<br />
Markin Tuder *<br />
vai ver rostos, muitos homens barbudos,<br />
alguns até sorriem para você,<br />
mas a maioria com olhar sério, sisudo.<br />
Nem posso lhes retribuir o sorriso.<br />
Sei que são parentes, mas são<br />
pessoas estranhas. Não as conheço.<br />
Algumas poucas têm o nome escrito<br />
em iídiche. Ainda bem que sei o suficiente<br />
para ler; mas as assinaturas<br />
são difíceis de decifrar. Seu tio pode<br />
ajudá-lo nesta tarefa. Hitler, predecessor<br />
de Ahmadinejad, não permitiu que<br />
eu conhecesse minha família, rouboua<br />
de mim. Minha história começa no<br />
Brasil, país maravilhoso, tolerante,<br />
que acolheu meus pais e seus avôs, e<br />
permitiram que vivessem uma vida digna,<br />
e educassem seus filhos num ambiente<br />
de liberdade e tolerância.<br />
Mas como você foi capaz de escrever<br />
tamanha barbaridade; será<br />
que a mão tremeu-lhe, na hora da<br />
escrita? "O" negador do Holocausto,<br />
pregador do extermínio de Israel e do<br />
povo judeu, o povo de seus avôs. Que<br />
razão pode ter? Este é um termo que<br />
não se coaduna com a "personalidade"<br />
em questão. Já chegou às suas<br />
mãos fotos ou filmes de como por ele<br />
são tratados os oponentes? Ou de<br />
como as mulheres "adúlteras" são<br />
apedrejadas até a morte; ou os homossexuais?<br />
No Irã não existem homossexuais,<br />
ele declarou; será que<br />
conseguiu assassinar todos, nenhum<br />
escapou? Já viu como são tratadas as<br />
mulheres? O PT, fiel aos seus princípios<br />
de igualdade e fraternidade, deveria<br />
enviar uma delegação de mulheres<br />
para fomentar e ajudar a for-<br />
mação de um movimento feminista lá.<br />
Isto seria racional para quem procura<br />
a razão. Seria uma atitude mais condigna<br />
para um partido revolucionário,<br />
do que muitas das atitudes assumidas<br />
pelo PT contra Israel e contra os<br />
judeus. Duvido que seja necessária<br />
passagem de volta. Só "one-way".<br />
Mas há coisas, verdade Breno, sobre<br />
as quais é melhor calar. Como, por<br />
exemplo, os enforcamentos públicos.<br />
De onde você conhece as condições<br />
de vida dos palestinos em Israel,<br />
Breno? Pois eu lhe digo francamente:<br />
Não conhece! O mínimo que<br />
você poderia desejar é que os árabes<br />
de todos os países muçulmanos tivessem<br />
as condições de vida que têm os<br />
palestinos em Israel. Não acredita?<br />
Venha ver. Eu o convido, você pode<br />
ficar em minha casa. Então, visitaremos<br />
juntos as cidades e as aldeias<br />
árabes. Visitaremos as escolas, onde<br />
as crianças estudam na língua árabe.<br />
Aliás, o árabe é a segunda língua do<br />
país, sendo que todas as placas oficiais<br />
são obrigadas por lei a serem<br />
escritas também em árabe. Visitaremos<br />
as enfermarias onde a população<br />
recebe tratamento médico e sanitário<br />
igual ao de toda a população.<br />
Você verá o sistema de iluminação,<br />
água corrente, esgotos, telefones,<br />
transportes, bombeiros. Entraremos<br />
em algumas casas, a sua escolha, e<br />
veremos as pessoas e os pertences.<br />
Pessoas sadias, com todos os pertences<br />
que uma pessoa que vive na nossa<br />
época possui. Você poderá falar<br />
com eles em inglês, sim, grande par-<br />
Tiros matam guarda de segurança no<br />
Museu do Holocausto nos EUA<br />
visitantes são obrigados a passar por<br />
detectores de metal na entrada, e mochilas<br />
e bolsas são fiscalizadas. O museu<br />
recebe cerca de 1,7 milhão de visitantes<br />
por ano.<br />
O atirador foi identificado como<br />
James Von Brunn, de 88 anos, morador<br />
do Estado de Maryland. Von Brunn<br />
é ligado a grupos supremacistas brancos<br />
e, segundo a imprensa americana,<br />
tem um site no qual veicula conteúdo<br />
racista. Ele já havia sido preso<br />
em 1981 por ter entrado na sede do<br />
Federal Reserve (o Banco Central dos<br />
Estados Unidos) portando armas para<br />
sequestrar membros da instituição.<br />
Ele foi sentenciado a quatro anos por<br />
tentativa de seqüestro, roubo, assal-<br />
to e porte ilegal de armas.<br />
O segurança atingido, identificado<br />
como Stephen Tyrone Johns, chegou a<br />
ser socorrido, mas morreu no hospital.<br />
Segundo a direção do museu, Johns trabalhava<br />
no local há seis anos e "morreu<br />
no cumprimento de seu dever".<br />
Pessoas entrevistadas pelas emissoras<br />
de TV americanas que estavam<br />
no local no momento dos disparos contam<br />
ter ouvido gritos, visto sangue espalhado<br />
pelo chão e vidro quebrado.<br />
O presidente dos Estados Unidos,<br />
Barack Obama, disse estar entristecido<br />
com o incidente, informou<br />
a Casa Branca. A Embaixada de Israel<br />
em Washington também condenou<br />
o ataque.<br />
te da população fala inglês, e perguntar<br />
o que você quiser. E eles responderão<br />
o que quiserem, sem medo de<br />
serem presos ou espancados ou torturados.<br />
E nem enforcados em praça<br />
pública. Visitaremos algumas universidades,<br />
e você terá a oportunidade<br />
de conversar com quantos estudantes<br />
árabes você tiver vontade e há<br />
muitos. Podemos tentar conversar<br />
também com algum dos deputados<br />
árabes democraticamente eleitos.<br />
Não há numerus clausus, as eleições<br />
são proporcionais, e há árabes que<br />
votam em partidos judeus e judeus<br />
que votam em partidos árabes. Talvez<br />
então você saiba os verdadeiros<br />
problemas da minoria palestina em<br />
Israel. Mas, de que verdade e de que<br />
gueto você está falando? Você sabe<br />
como viveu seu bisavô no gueto de<br />
Varsóvia, onde morreu de tifo devido<br />
à absoluta falta de condições de<br />
higiene. Venha, vamos procurar juntos,<br />
um gueto em Israel, algum lugar<br />
onde pessoas estejam confinadas,<br />
não possam sair ou movimentar-se livremente.<br />
Temo que fique surpreso e<br />
decepcionado, Breno. Pois não vai encontrar<br />
nenhum. Talvez em alguns<br />
bairros de judeus ultra-religiosos, por<br />
livre escolha.<br />
Diferente é a situação nos territórios<br />
ocupados. Lá estamos em estado<br />
de guerra, não por nós declarada.<br />
Enquanto os palestinos adotarem<br />
a linha facínora do Hamas, apoiados,<br />
sustentados e armados pelo seu<br />
"dono da razão" de Teerã, não haverá<br />
entendimento e não haverá paz.<br />
Na mesma noite do ataque, o museu<br />
abrigaria um evento que contaria<br />
com a presença do procurador geral dos<br />
EUA, Eric Holder.<br />
James Brunn conforme se vê em<br />
seu site, acredita em várias teorias<br />
conspiratórias envolvendo judeus, negros<br />
e outros grupos minoritários. O<br />
prefeito de Washington, Adrian M. Fenty<br />
declarou que as condições do atirador<br />
são críticas.<br />
A chefe de polícia, Cathy Lanier,<br />
disse que o atirador caminhou até a<br />
entrada principal do museu e de lá começou<br />
a atirar sem aviso. Nesse momento<br />
um guarda de segurança atirou<br />
de volta, e um, total de cinco ou seis<br />
balas foram disparadas.
*Breno Lerner é<br />
editor e gourmand,<br />
especializado em<br />
culinária judaica.<br />
Escreve para<br />
revistas, sites e<br />
jornais. Dá<br />
regularmente cursos<br />
e workshops. Tem<br />
três livros<br />
publicados, dois<br />
deles sobre culinária<br />
judaica.<br />
PASTRAME DO MAR<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
Mas 9 de Av é dia de jejum...<br />
Sempre sobra para mim nos dias de jejum. Como fazer uma coluna<br />
de culinária para um dia triste e onde não se come?<br />
Bem, ensinam nossos sábios que nenhuma alegria pode ser suplantada<br />
por uma tristeza, seja ela qual for.<br />
De todos os termos que os judeus levaram para os Estados<br />
Unidos talvez nenhum tenha se entranhado tanto no cotidiano<br />
americano como o Lachs.<br />
Tanto é que alguns americanos menos avisados ou não associam<br />
salmão ao que ele é (só reconhecem a palavra Lox) ou<br />
acham que salmon é uma coisa e Lox (do iídiche Lachs) é outra.<br />
Aliás, na sua origem a palavra Lachs designava o salmão em<br />
salmoura, que vinha em barris ou latas e não o salmão defumado,<br />
como hoje é utilizada.<br />
O Lox Sandwich é um absoluto clássico de Nova York, tendo<br />
sido glorificado em músicas, filmes e peças de teatro. Uma das<br />
melhores memórias que tenho de minhas viagens é ir, ainda<br />
moleque, com meu pai (que aliás, foi quem me ensinou o gosto<br />
pela cozinha e pela culinária) ao bar do Waldorf Astoria comer<br />
Lox Sandwich e ouvir o Bob Short ao piano.<br />
Já o Pastrame de Salmão vem da Itália (a receita original do<br />
pastrame de carne vem da Turquia) e foi introduzido no Brasil<br />
pelo genial Luciano Boseggia quando era cozinheiro do Fasano.<br />
Foi incluído em nosso receituário por sua semelhança com<br />
a clássica receita de carne, quase impossível de ser feita em<br />
casa por sua complexidade e que tornou-se sinônimo de receita<br />
judaica praticamente em todo o mundo.<br />
1 lateral inteira do salmão, com a pele,<br />
de aproximadamente ½ kg.<br />
2 colheres sopa de mostarda tipo l'ancienne<br />
(aquela que contém os grãos inteiros)<br />
2 colheres sopa de sal marinho<br />
2 colheres sopa de açúcar mascavo<br />
1 colher chá de pimenta do reino<br />
2 colheres sopa de dill picadinho<br />
2 colheres sopa de salsinha picadinha<br />
PARA O MOLHO:<br />
4 colheres sopa de azeite<br />
2 colheres chá de mostarda em grão<br />
1 colher café de dill picado<br />
suco de ½ limão<br />
MODO DE PREPARAR:<br />
Passe a mão pelo salmão para verificar a ausência de espinhas.<br />
Coloque-o numa tábua com a pele para baixo.<br />
Esfregue delicadamente o sal e o açúcar.<br />
Misture a mostarda com o dill e a salsinha e esfregue no salmão.<br />
Deixe descansar em temperatura ambiente por duas horas e<br />
depois leve à geladeira por um dia.<br />
Retire o excesso de mostarda do salmão, misture bem os<br />
ingredientes do molho, fatie o salmão em fatias finíssimas e sirva<br />
acompanhado do molho.<br />
Pode ser enfeitado com alcaparras picadas e ovos cozidos<br />
ralados.<br />
Pode ser utilizado para canapés em pão preto, também<br />
enfeitados com os mesmos ingredientes.<br />
CARPACCIO DE BETERRABAS<br />
* Breno Lerner<br />
A vida continua. Comíamos antes e comeremos depois de cada dia triste.<br />
Descobri faz pouco tempo que alguns grupos costumam não<br />
comer carne nos 9 dias que antecedem Tishá BeAv, assim vão<br />
aqui algumas sugestões sem carne, para a quebra do jejum.<br />
O carpaccio foi inventado pelo genial Giuseppe Cipriani, fundador do Harry's Bar,<br />
em Veneza. Em 1950, a condessa Amalia Nani Mocenigo, assídua frequentadora<br />
do bar, pede a Cipriani um prato leve, que não levasse carne assada ou cozida,<br />
proibidas por seu médico. O prato foi criado e batizado em honra a Vittore Carpaccio,<br />
pintor renascentista vêneto, famoso pelo uso da cor vermelha, e que estava<br />
sendo homenageado com uma grande exposição naquele ano, na cidade. O<br />
molho da receita original, segundo Arrigo Cipriani, filho de Giuseppe, levava apenas<br />
maionese, gotas de molho inglês, suco de limão, duas colheres de sopa de<br />
leite, sal e pimenta do reino branca, tudo bem batido para fazer uma emulsão.<br />
Hoje vamos utilizar a genial idéia do Cipriani num prato cuja base são as beterrabas.<br />
6 beterrabas grandes,<br />
descascadas e cozidas<br />
suco de 1 limão<br />
4 colheres de sopa de aceto<br />
balsâmico<br />
4 dentes de alho bem picados<br />
1 maço de salsinha muito bem<br />
picada<br />
2 colheres de sopa de shoyu<br />
½ xícara de azeite<br />
sal e pimenta do reino à gosto<br />
IMAN BAYILDY<br />
MODO DE PREPARAR<br />
Corte as beterrabas em fatias<br />
finíssimas no mandolim.<br />
Misture todos os ingredientes<br />
menos o azeite e as beterrabas.<br />
Coloque então o azeite em fio,<br />
batendo bem para emulsificar.<br />
Numa vasilha alterne camadas de<br />
beterrabas e do molho.<br />
Deixe tomar gosto por uma noite.<br />
Esta moderna receita é do chef Yaron Kasterbaum, de Tel Aviv. Seu nome quer dizer,<br />
o califa desmaiou, numa alegação que um determinado califa, no século IX teria se<br />
extasiado com a criação de seu chef.<br />
4 berinjelas não muito grandes<br />
4 colheres de sopa de molho tahini<br />
4 colheres de sopa de iougurte (a receita<br />
original é feita com iogurte de leite de cabra)<br />
4 tomates grandes e maduros<br />
3 colheres de sopa de mel<br />
4 colheres de sopa de suco de limão<br />
8 colheres de sopa de azeite<br />
1 colher de chá de pimenta dedo de moça picadinha<br />
1 colher de chá de alho picadinho<br />
sal e pimenta do reino à gosto<br />
Folhas de orégano fresco para enfeitar<br />
MODO DE PREPARAR:<br />
Abra uma tampa em cada tomate e com uma colherzinha retire todo seu miolo.<br />
Pique bem este miolo e reserve.<br />
Grelhe as berinjelas na chama do fogão até a casca ficar bem queimada.<br />
Corte ao meio no sentido do comprimento, coloque em prato e amasse ligeiramente<br />
com a mão, para a berinjela ficar fininha.<br />
Sobre cada berinjela divida o molho de tahini, iogurte, mel e o suco de limão<br />
Sobre estes divida o miolo dos tomates e salpique com o alho, sal, pimenta do reino<br />
e a pimenta dedo de moça. Complete com o azeite e enfeite com as folhas de<br />
orégano.<br />
5
6<br />
* Jane<br />
Bichmacher de<br />
Glasman é<br />
escritora,<br />
professoraadjunta,<br />
fundadora e ex-<br />
Coordenadora do<br />
Programa de<br />
Estudos Judaicos<br />
e do Setor de<br />
Hebraico- UERJ.<br />
Doutora em<br />
Língua Hebraica,<br />
Literaturas e<br />
Cultura <strong>Judaica</strong> -<br />
USP.<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
Jane Bichmacher de Glasman *<br />
Rupturas Rupturas e e angústias angústias<br />
angústias<br />
O período de três semanas de 17<br />
de Tamuz a 9 de Av (este ano de 9 a<br />
30 de julho) é conhecido como bein<br />
há-meitzarim que significa entre angústias,<br />
aflições ou literalmente,<br />
estreitezas 1 .<br />
Em 17 de Tamuz recordamos muitas<br />
rupturas: das tábuas por Moisés;<br />
das muralhas de Jerusalém; do santuário<br />
do Templo profanado; da oferenda<br />
diária interrompida; dos rolos<br />
de Torá queimados por Apóstomo...<br />
Não foi à toa que Sadam Hussein "batizou"<br />
seu reator nuclear de Tamuz 17!<br />
Já 9 de Av é a data mais sombria<br />
do calendário judaico.<br />
O Talmud (Taanit 29-a) nos conta<br />
que tudo começou um ano e meio após<br />
o êxodo do Egito: antes de o povo judeu<br />
entrar e conquistar a Terra Prometida,<br />
Moisés enviou para lá doze espiões.<br />
Ao voltarem, disseram ao povo<br />
que os habitantes eram muito fortes e<br />
que os judeus tinham poucas chances<br />
de vencê-los. Segundo a Torá, "Naquela<br />
noite, o povo chorou" (Nm 14:1).<br />
D-us puniu os israelitas por essa falta<br />
de fé, decretando que iriam errar pelo<br />
deserto durante 40 anos até morrer.<br />
Somente seus filhos<br />
iriam entrar na Terra<br />
Prometida. E acrescentou:<br />
"Esta noite choraram<br />
em vão; Proclamarei<br />
este dia como dia<br />
de luto para as gerações<br />
vindouras". Era<br />
dia 9 de Av...<br />
E é longa a lista de<br />
fatos trágicos que<br />
nele se registram:<br />
586 a.e.c. - Destruição do Primeiro<br />
Templo pelos babilônios;<br />
70 e.c. - Destruição do Segundo Templo<br />
pelos romanos e o início do Exílio;<br />
135 - Queda de Betar, último reduto<br />
da Revolta de Bar Kochba, com milhares<br />
de judeus mortos ou exilados<br />
e a última esperança de reconquistar<br />
a independência dos romanos<br />
destruída;<br />
136 - Jerusalém foi destruída e a romana<br />
Aelia Capitolina estabelecida<br />
em seu lugar;<br />
9 de av: rompendo muralhas<br />
1290 - Assinatura do édito de expulsão<br />
dos judeus da Inglaterra;<br />
1492 - Os judeus foram expulsos da<br />
Espanha;<br />
1555 - O Papa Paulo IV força todos os<br />
judeus de Roma a se mudarem para<br />
uma área malcheirosa, próxima ao<br />
Rio Tiber e a pagar pelo muro que<br />
cercava o gueto;<br />
1914 - Início da Primeira Guerra Mundial<br />
(e a Alemanha derrotada foi o<br />
solo fértil da Shoá);<br />
1942 - Começo da deportação dos judeus<br />
do Gueto de Varsóvia.<br />
No ciclo de vida judaico, que continua<br />
e se repete, foram inseridas tradições<br />
para lembrar que a alegria não está<br />
completa sem Jerusalém e o Templo:<br />
um prato é quebrado na assinatura<br />
de um contrato de noivado;<br />
o noivo quebra um copo debaixo da<br />
hupá após a cerimônia de casamento;<br />
uma pequena parte de parede em<br />
toda casa nova é deixada sem gesso<br />
ou sem pintura<br />
Por Por que?<br />
que?<br />
O Talmud (Yomah 9b) explica que<br />
o Primeiro Templo foi destruído por<br />
causa de idolatria, homicídios e imoralidade<br />
sexual. Durante a época do<br />
Segundo Templo, os judeus estudavam<br />
a Torá e respeitavam suas leis;<br />
todavia, se odiavam. Ele foi destruído<br />
por uma só razão: sinat hinam ou<br />
ódio gratuito: as pessoas se odiavam<br />
sem nenhuma razão, não havia compaixão<br />
e falavam mal uns dos outros<br />
(lashon hará). Nossos sábios ensinam<br />
que esses atos são equivalentes (ou<br />
piores) do que idolatria, imoralidade<br />
e assassinato. Tanto que o Primeiro<br />
Templo foi reconstruído 70 anos após<br />
sua destruição, e o segundo, quase<br />
2000 anos depois, ainda não...<br />
O Talmud (Guitin 55-57a) conta<br />
uma estória que simboliza este ódio:<br />
no meio de um banquete dado por um<br />
homem rico, este descobre que Bar<br />
Kamtsa, seu inimigo, tinha sido convidado<br />
em vez de Kamtsa, seu amigo,<br />
e se recusa a ouvir a súplica de Bar<br />
Kamtsa para não ser humilhado em<br />
público ou mesmo sua oferta para<br />
pagar as despesas. Pôs Bar Kamtsa<br />
para fora à força, o qual, em represália,<br />
incitou Roma contra o povo judeu.<br />
O anfitrião não aceitou Bar Kamtsa<br />
de jeito algum. Qualquer reconhecimento<br />
seria admitir que existisse um<br />
intrínseco relacionamento. Permitir<br />
que Bar Kamtsa ficasse significaria<br />
haver uma conexão, e, portanto, em<br />
algum nível, um compromisso - e isso,<br />
para o anfitrião, era impensável.<br />
E esta é a essência do Sinat hinam,<br />
ódio gratuito: a recusa em reconhecer<br />
um relacionamento, uma<br />
conexão, um compromisso com o outro,<br />
não por causa de algo que a pessoa<br />
fez, mas tão somente por causa<br />
da pessoa, sua presença, intruso no<br />
"espaço pessoal". Sinat hinam significa<br />
que o simples fato de a outra<br />
pessoa existir é uma ofensa.<br />
Uma lenda (Midrash Eicha Raba) narra,<br />
com fins educativos, que na noite de<br />
Tisha BeAv, a alma do patriarca Abrahão<br />
entrou no Kodesh há-Kodashim 2 e perguntou:<br />
D-us, onde estão meus filhos?<br />
D-us respondeu: Eles pecaram, portanto<br />
os exilei entre as nações. Abrahão<br />
insiste: Mas não havia nenhum virtuoso?<br />
D-us explicou: Cada um se regozijou<br />
com a ruína do outro...<br />
As As As muralhas muralhas<br />
muralhas<br />
E qual a relação disto com as muralhas<br />
de Jerusalém?<br />
Uma muralha protege os que estão<br />
dentro de invasores indesejáveis<br />
e une os que estão dentro de seus limites,<br />
forçando o reconhecimento de<br />
um vínculo entre as pessoas. Quando<br />
ela é rompida, ambas as funções<br />
são perturbadas - inimigos podem penetrar<br />
na cidade e as pessoas podem<br />
ignorar suas obrigações, abandonar<br />
a cidade, romper sua unidade.<br />
A muralha que cercava Jerusalém<br />
unia os judeus numa existência comum<br />
através de Ahavat Israel, amor<br />
fraterno, porque dentro do muro localizava-se<br />
o Templo, representando<br />
a mais elevada conexão e o mais profundo<br />
compromisso. Sinat hinam, a<br />
falta de união, de consciência da conexão<br />
essencial entre o povo judeu,<br />
provocou o exílio. Para trazermos a<br />
Redenção, precisamos praticar Ahavat<br />
chinam, amor gratuito e incondicional.<br />
Para reconstruir a muralha,<br />
precisamos reconhecer e validar nossos<br />
relacionamentos, exprimir nossa<br />
unidade essencial.<br />
Um Um só só coração...<br />
coração...<br />
"Nada mais inteiro do que um coração<br />
partido... 3 "<br />
Conta-se que, certa vez, Napoleão<br />
Bonaparte ouviu lamentos e choros<br />
vindos de uma sinagoga. Querendo<br />
saber o motivo, vieram lhe informar<br />
que aquele era o dia de Tisha BeAv e<br />
que os judeus estavam chorando pela<br />
destruição de seu Templo em Jerusalém.<br />
"Como eu não ouvi falar? Quando<br />
aconteceu?", perguntou Napoleão.<br />
Quando descobriu que o fato havia<br />
ocorrido quase 2.000 anos atrás, Napoleão<br />
disse: "Uma nação que recorda<br />
seu Templo destruído e lamenta<br />
tão profundamente e por tanto tempo<br />
sua perda, certamente terá o mérito<br />
de vê-lo reconstruído!"<br />
É hora de unirmos nossos corações.<br />
Parafraseando Napoleão, não<br />
há outro povo no mundo cuja vida<br />
tenha sido tão influenciada por acontecimentos<br />
tão antigos. Apenas<br />
quem sabe lembrar e sofrer as dores<br />
do passado é capaz de reconstruir o<br />
seu futuro.<br />
NOTAS:<br />
1 Esta seria a origem judaica da expressão<br />
"agosto, mês de desgosto", introduzida<br />
por cristãos-novos, pois o mês<br />
de Av costuma cair nesta época. Ver "9<br />
de Av e Sefarad" <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> nº 70,<br />
julho de 2008 www.visaojudaica.<br />
com.br/Julho2008/artigos/4.html<br />
2 O lugar mais sagrado do Templo em que<br />
apenas o Sumo Sacerdote podia entrar<br />
em Iom Kipur<br />
3 Frase de Rabi Menachem Mendel de Kotzk<br />
(Polônia, 1787-1859), um dos grandes<br />
líderes hassídicos do século XIX.
Jonathan Sacks *<br />
odos os judeus que são<br />
conscientes de suas<br />
identidades como judeus<br />
estão impregnados<br />
de história" - escreveu<br />
Sir Isaiah Berlin. "Eles<br />
têm lembranças mais longas, estão<br />
cônscios de uma continuidade mais<br />
longa como comunidade que qualquer<br />
outra que tenha sobrevivido".<br />
Ele estava certo. O Judaísmo é<br />
uma religião de memória. O verbo zachor,<br />
lembrar, aparece nada menos<br />
que 169 vezes na Torá. "Lembrem-se<br />
que vocês eram estrangeiros no Egito."<br />
"Lembrem-se dos dias de antigamente."<br />
"Lembrem-se do sétimo dia<br />
para mantê-lo sagrado."<br />
A memória,<br />
para os judeus, é<br />
uma obrigação religiosa.<br />
Especialmente<br />
nesta época do<br />
ano. Nós a chamamos<br />
de "três semanas",<br />
que nos conduz<br />
ao dia mais<br />
triste no Calendário<br />
Judaico, Nove<br />
de Av, aniversário<br />
da destruição dos<br />
dois Templos, o primeiro por Nabucodonosor,<br />
rei da Babilônia em 586<br />
a.e.c. e o segundo por Tito, em 70 e.c.<br />
Os judeus jamais esqueceram<br />
aquelas tragédias. Até hoje, em<br />
todo casamento, quebramos um<br />
copo em sua memória. Durante as<br />
três semanas, não temos celebrações.<br />
Em Nove de Av passamos o dia<br />
jejuando, sentados no chão ou em<br />
assentos baixos como enlutados,<br />
lendo o Livro das Lamentações. É<br />
um dia de profundo luto coletivo.<br />
Dois mil e quinhentos anos é um<br />
longo tempo para recordar. Muitas<br />
vezes me perguntam - geralmente em<br />
Para ser livre, é preciso<br />
abandonar o ódio.<br />
Transforme-o numa<br />
bênção, não numa<br />
maldição; numa fonte<br />
de esperança, não em<br />
humilhação.<br />
O mapa da vida<br />
conexão com o Holocausto - é realmente<br />
certo recordar? Não deveria<br />
haver uma moratória no luto? A maioria<br />
dos conflitos étnicos no mundo<br />
não é alimentada por lembranças de<br />
antigas injustiças? O mundo não seria<br />
mais pacífico se de vez em quando<br />
esquecêssemos?<br />
Sim e não. Depende de como nos<br />
lembramos. Meu falecido predecessor<br />
Lord Jacobovits costumava enfatizar<br />
um fato fascinante. Três vezes no Livro<br />
de Bereshit D-us é mencionado<br />
como tendo Se lembrado. "D-us Se lembrou<br />
de Nôach" e tirou-o da Arca para<br />
a terra firme. "D-us Se lembrou de<br />
Avraham" e salvou seu sobrinho Lot da<br />
destruição das cidades da planície.<br />
"D-us Se lembrou de Raquel" e deu um<br />
filho a ela. Quando D-us Se lembra, Ele<br />
o faz para o futuro e<br />
para a vida.<br />
De fato, embora<br />
as duas sejam confundidas<br />
com frequência,<br />
memória é<br />
diferente de história.<br />
A história é sobre<br />
eventos ocorridos<br />
há muito tempo<br />
com outra pessoa.<br />
Memória é a minha<br />
história. Trata de<br />
onde eu vim e de<br />
qual narrativa eu faço parte. A história<br />
responde à pergunta: "O que aconteceu?"<br />
A memória responde a pergunta.<br />
"Quem, então, sou eu?" É sobre<br />
identidade e a conexão entre as<br />
gerações. No caso da memória coletiva,<br />
tudo depende de como relatamos<br />
a história.<br />
Não nos lembramos para buscar<br />
vingança. "Não odeiem os egípcios" -<br />
disse Moshê - "pois vocês foram estrangeiros<br />
na terra deles." Para ser<br />
livre, é preciso abandonar o ódio.<br />
Transforme-o numa bênção, não<br />
numa maldição; numa fonte de esperança,<br />
não em humilhação.<br />
Até hoje, os sobreviventes do Holocausto<br />
que conheço passam o tempo<br />
partilhando suas lembranças com<br />
os jovens, não por vingança, mas o<br />
oposto: para ensinar tolerância e o<br />
valor da vida. Cientes das lições de<br />
Bereshit, nós também tentamos nos<br />
lembrar para o futuro e para a vida.<br />
Na cultura apressada de hoje,<br />
desprezamos atos de recordação. A<br />
memória dos computadores aumentou,<br />
enquanto que a nossa encolheu.<br />
Nossos filhos não memorizam mais<br />
trechos de poesia. Seu conhecimento<br />
de história é muito vago. Nosso senso<br />
de espaço se expandiu. Nosso senso<br />
de tempo encolheu. Sociedades,<br />
como indivíduos, podem sofrer do<br />
Mal de Alzheimer.<br />
Isso não pode estar certo. Um dos<br />
maiores presentes que podemos dar<br />
aos nossos filhos é o conhecimento<br />
<strong>VJ</strong> INDICA<br />
O Pequeno Traidor<br />
Título original: The Little Traitor<br />
Ficha Técnica<br />
Gênero: Drama<br />
País de origem: EUA/Israel<br />
Duração: 89 minutos<br />
Ano de Lançamento: 2007<br />
DVD colorido<br />
Estúdio/Distribuição: Universal<br />
Pictures<br />
Classificação etária: 12 anos<br />
Direção: Lynn Roth<br />
Roteiro: Amos Oz e Lynn Roth<br />
Elenco<br />
Alfred Molina (Dunlop), Ido Port (Proffi),<br />
Jake Barker (Chaim Zosoma), Theodore<br />
Bikel Oficial), Levana Finkelstein<br />
(Tykocinski), Rami Heuberger (Pai de<br />
Proffi), Boris Reinis (Pai de Chita) e Lior<br />
Sasson (Sr. Hochberg).<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
de onde nós viemos, as coisas pelas<br />
quais lutamos, e por quê. Nenhuma<br />
das coisas que valorizamos - liberdade,<br />
dignidade humana, justiça - foi<br />
conquistada sem conflito. Nem pode<br />
ser sustentada sem uma vigilância<br />
consciente. Uma sociedade sem memória<br />
é como uma jornada sem mapa.<br />
É muito fácil se perder.<br />
Quanto a mim, prezo a riqueza de<br />
saber que minha vida é um capítulo<br />
num livro iniciado pelos meus ancestrais<br />
há muito tempo, ao qual acrescentarei<br />
minha contribuição antes de<br />
entregá-lo aos meus filhos. A vida<br />
tem significado quando é parte de<br />
uma história, e quanto maior a história,<br />
mais nossos horizontes se expandem.<br />
Além disso, as coisas lembradas<br />
não morrem. É o mais próximo<br />
que podemos chegar da imortalidade<br />
na terra.<br />
FILME<br />
Sinopse<br />
Baseado no romance de Amos Oz "Pantera no<br />
Porão". Em 1947, meses antes da criação do<br />
Estado de Israel, tudo o que Proffi Leibowitz<br />
(Ido Port) deseja é que o exército britânico saia<br />
de sua terra. Numa noite, ao soar o toque de<br />
recolher, o menino é pego pelo sargento Dunlop.<br />
Proffi tinha a intenção de espionar o bunker<br />
inglês. O militar, ao invés de prendê-lo, decide<br />
deixá-lo em casa. Proffi fica surpreso ao perceber<br />
que Dunlop tem grande curiosidade pela<br />
cultura local. Quando os amigos de Proffi descobrem<br />
que ele visita o inimigo, o denunciam.<br />
O garoto é levado a um tribunal para ser julgado<br />
como traidor.<br />
7<br />
* Jonathan Sacks<br />
é professor e<br />
rabino-chefe da<br />
Inglaterra.
8<br />
* Daniel Benjamin<br />
Barenbein é<br />
jornalista, editorchefe<br />
do site, "De<br />
Olho na Mídia"<br />
(www.deolho<br />
namidia.org.br). É<br />
coordenador do<br />
movimento juvenil<br />
Betar de SP e<br />
exerce<br />
voluntariamente<br />
cargos de<br />
Hasbará na<br />
Organização<br />
Sionista de São<br />
Paulo, Espaço K e<br />
Aish Brasil.<br />
Possui um livro<br />
publicado na<br />
internet sobre<br />
neonazismo<br />
digital:<br />
www.varsovia.jor.br<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
Daniel Benjamin Barenbein *<br />
omplôs e shows neonazistas,<br />
infiltração da Al<br />
Qaeda, convites a ditadores<br />
para visitar o Brasil,<br />
apoio a indivíduos<br />
racistas em órgãos da ONU,<br />
vista grossa para massacres no mundo.<br />
Estaria a democracia brasileira<br />
com seus dias contados?<br />
Uma análise do editor-chefe do De<br />
Olho Na Mídia, Daniel Benjamin Barenbein,<br />
sobre as principais ameaças<br />
totalitaristas que rondam terras e<br />
governo da nossa nação, incluindo<br />
com exclusividade, denúncia sobre a<br />
existência de livros revisionistas do<br />
Holocausto na biblioteca online do<br />
Supremo Tribunal Federal<br />
Brasil: Brasil: De De volta volta ao ao ao passado?<br />
passado?<br />
A democracia é sempre algo muito<br />
frágil, porque o tempo todo existem<br />
inúmeros indivíduos querendo<br />
derrubá-la. Mas parece que de pouco<br />
tempo para cá, no Brasil, desde<br />
altos escalões do governo até movimentos<br />
clandestinos, a tendência<br />
tem chegado a níveis elevados demais,<br />
e perigosos.<br />
A bala que Barollo disparou contra<br />
Dayrell, e que trouxe à tona os segredos<br />
obscuros da suástica no Brasil<br />
- que pretendia dominar o sul do<br />
país e criar uma nova nação, racista<br />
e excludente, que depois seria exportada<br />
para a Europa - relembra a noite<br />
das facas longas, quando Hitler matou<br />
todas as seções da SA - sua tropa<br />
de elite - que ele desconfiava que<br />
queriam lhe aplicar um golpe. Mas<br />
isto é só a ponta do iceberg. Esta bala<br />
tinha alvo mais longínquo: os direitos<br />
humanos e a liberdade no Brasil.<br />
Gávea, Rio de Janeiro. Festa da<br />
alemã Adidas. Local: mansão, com<br />
suástica desenhada no fundo da piscina,<br />
e quadros com fotos de dirigentes<br />
nazistas na parede. A empresa<br />
pediu desculpas. Não teria sabido da<br />
existência dos adereços até a hora do<br />
evento. É o suficiente? Negligência<br />
demais, principalmente para uma<br />
empresa alemã, com tudo o que este<br />
background significa.<br />
Neuland é o nome do país que os<br />
neonazistas pretendiam implementar no<br />
Brasil. Na prova para admissão no grupo,<br />
o candidato precisava mostrar ser<br />
adepto dos ideais revisionistas e negar<br />
o Holocausto, entre outras coisas.<br />
Grupo Grupo Grupo pretendia pretendia explodir explodir<br />
explodir<br />
sinagogas sinagogas em em Porto Porto Alegre<br />
Alegre<br />
Há pouco tempo foi publicado no<br />
site do De Olho na Mídia (www.<br />
deolhonamidia.org.br), o depoimento<br />
de um cidadão gaúcho que não pode<br />
A Democracia sob ameaça<br />
por razões óbvias se identificar, e que<br />
era divulgador do revisionismo e se<br />
arrependeu. Em seu testemunho ele<br />
nos mostra a penetração que estes<br />
ideais têm em sua região e como é<br />
fácil se tornar vítima deste tipo de "ensinamento":<br />
"O começo da jornada foi quando,<br />
adolescente, encontrei em uma livraria<br />
uma cópia do livro 'Holocausto:<br />
Judeu ou Alemão?', de S. E. Castan.<br />
Como já faz tempo, não vou garantir<br />
de que me lembre com exatidão,<br />
mas creio que o que me chamou<br />
a atenção não foi o título, pois não<br />
tinha idade para compreendê-lo muito<br />
bem, mas sim o subtítulo: 'Nos<br />
Bastidores da Mentira do Século'. Lendo-o,<br />
sem base alguma, tanto pela<br />
idade imatura quanto pela ausência<br />
de conhecimento, saí evidentemente<br />
convencido da veracidade de sua<br />
tese: o Holocausto de seis milhões de<br />
judeus jamais acontecera. Sim, era<br />
verdade que o Partido Nazista era<br />
antissemita, que existiram campos de<br />
concentração e que muita gente morreu<br />
lá, mas isso não era uma política<br />
deliberada de extermínio, e havia<br />
muitas, digamos assim, 'circunstâncias<br />
atenuadoras' para a Alemanha.<br />
As testemunhas do genocídio mentiam.<br />
As confissões dos SS foram forjadas<br />
ou obtidas sob tortura. Com o<br />
interesse despertado, passei a ler<br />
grande quantidade de material sobre<br />
a II Guerra Mundial e o nazismo".<br />
Pesquisas recentes apontam que<br />
cerca de 50 mil pessoas flutuam nas<br />
comunidades antissemitas e nazistas<br />
do Orkut. Letras de músicas neonazistas<br />
abertamente eram divulgadas<br />
no site Terra até denúncia do De Olho<br />
Na Mídia, apesar dos controles e<br />
moderações que o site dizia realizar.<br />
Alguém falou em bandas neonazistas?<br />
E quem está sabendo que se<br />
apresentaria no Brasil, em turnê, a<br />
banda EndStufe? O show divulgado,<br />
entre outros que o grupo faria (pois<br />
tratou-se de uma turnê, conforme<br />
anunciado) seria realizado no festival<br />
de música de Macaé, Rio de Janeiro.<br />
Quem é a EndStufe? Leia abaixo o<br />
currículo da mesma:<br />
"O Endstufe é uma das maiores<br />
bandas neonazistas da Europa e está<br />
vindo ao Brasil para realizar uma turnê<br />
em junho.<br />
A banda é conhecida na cena fascista<br />
européia por ser um grupo organizado<br />
e também por ter se envolvido<br />
em ataques a estrangeiros, negros<br />
e judeus.<br />
O Endstufe tem estrita ligação com<br />
grupos nazistas como Combat 88 e<br />
outros, sendo que eles e seus seguidores<br />
já participaram de ataques a<br />
organizações de esquerda e imigran-<br />
tes, mas atualmente tentam esconder<br />
sua faceta neonazista por não terem<br />
mais locais para se apresentar na Alemanha,<br />
declarando-se atualmente<br />
como uma banda Oi! apolítica.<br />
O Endstufe já tocou ao lado de outras<br />
bandas nazistas como Brutal Attack,<br />
Skrewdriver, etc e também se<br />
apresentou com Ian Stuart (falecido<br />
vocalista do Skrewdriver e fundador de<br />
uma das maiores organizações neonazistas<br />
do mundo, a Blood and Honour),<br />
no Memorial Festival na Bélgica".<br />
Há poucas semanas ainda foi divulgada<br />
a apreensão de material nazista<br />
em Minas Gerais. O Globo informa:<br />
"Quatro mandados de busca e<br />
apreensão foram cumpridos na operação<br />
batizada de "Opa", três em Belo<br />
Horizonte e um e Contagem. Segundo<br />
a polícia, nos locais havia muito<br />
material impresso e arquivos de computador.<br />
Tudo foi levado para a sede<br />
da Polícia Federal em Belo Horizonte.<br />
Quatro pessoas vão responder a<br />
processo na Justiça Federal por crime<br />
de ódio e preconceito. Se forem condenados,<br />
a pena prevista é de dois a<br />
cinco anos de prisão, além de multa".<br />
O ódio está sendo inculcado no<br />
país. As bases da democracia estremecem.<br />
E qual um dos pilares que<br />
deveriam ser nossa salvaguarda? A<br />
justiça. E o que dizer, quando na biblioteca<br />
pública do Senado e do Supremo<br />
Tribunal Federal, existem à disposição<br />
livros de negacionistas do<br />
Holocausto, tais quais os de S.E. Castan,<br />
condenado por este mesmo Supremo,<br />
ou então "O Judeu Internacional"<br />
de Henry Ford?<br />
Clicando no site da biblioteca e<br />
procurando pelas palavras chaves,<br />
"Castan", "Holocausto", "Hitler" o leitor<br />
verá as surpresas desagradáveis<br />
que estas reservam.<br />
Vivemos tempos confusos. Sombrios.<br />
Em que não se sabe exatamente<br />
o que guia o Ministério das Relações<br />
Exteriores do Brasil (talvez inclusive<br />
planos obscuros pessoais de<br />
Celso Amorim: não seria a primeira<br />
vez que um ser humano colocaria sua<br />
carreira acima do bem-estar da Nação),<br />
que ao abrir o tapete para os<br />
ditadores mais atrozes, responsáveis<br />
pelos piores crimes existentes hoje<br />
na humanidade e fiéis seguidores da<br />
tendência hitleriana, acaba por não<br />
fazer muito diferente do que estes<br />
grupos clandestinos: promulgar o nazismo<br />
e a intolerância.<br />
Tempos empos empos sombrios sombrios sombrios a a a vista? vista?<br />
vista?<br />
Não foi só a visita de Mahmoud<br />
Ahmadinejad, presidente do Irã, cancelada<br />
por iniciativa do iraniano que<br />
incomoda. Sim, ele é um perseguidor<br />
de judeus, revisionista do Holocaus-<br />
to, assassino de Bahais, mulheres,<br />
homossexuais e crianças, além de<br />
muçulmanos que ousam discordar<br />
dele. Ameaça Israel de ser varrida do<br />
mapa. Diferente de Hitler? Se alguém<br />
disser que muda alguma coisa pelo<br />
fato dele ser muçulmano, eu diria que<br />
seria para pior. Afinal, apelar para<br />
D-us e o fanatismo é muito mais grave.<br />
Os seguidores de Hitler iriam até<br />
um certo ponto pelo Fuhrer. Ir "servir<br />
a D-us" faz com que pessoas se alucinem<br />
e se entreguem muito mais.<br />
Só o convite para um verme deste<br />
porte já deveria gerar asco. Mas não é<br />
só isso. É a aproximação com regimes<br />
déspotas como a Cuba de Fidel, a Venezuela<br />
de Hugo Chávez, e a Bolívia<br />
de Evo Morales. É cortejar o mundo<br />
árabe, indo contra um brasileiro e indicando<br />
um antissemita e membro de<br />
mais um regime ditatorial com nosso<br />
voto para a direção geral da Unesco<br />
Para por ai? Que nada! O Brasil legitimou<br />
o genocídio que ocorre no Sudão<br />
ao votar contra sanções ao governo<br />
desse país que já matou 400 mil<br />
pessoas e provocou o êxodo de quase<br />
3 milhões. Quem cala, consente. O<br />
Brasil esta sendo cúmplice de genocídios<br />
agora? É este o exemplo da democracia<br />
e tolerância tupiniquim?<br />
Acabou? Vocês que pensam!<br />
Quando achávamos que estávamos<br />
envergonhados o suficiente, nossa<br />
chancelaria promove seu mais novo<br />
evento: A visita da mais recente de<br />
uma personalidade ao Brasil, o presidente<br />
do Uzbequistão Islam Karimov.<br />
Quem é a figura? Cito o currículo que<br />
traz todo o desgosto que um ser humano<br />
pode sentir por figuras asquerosas<br />
deste naipe:<br />
"Islam Karimov, segundo o ex-embaixador<br />
britânico Craig Murray, fervia<br />
em água até a morte seus inimigos<br />
políticos. Literalmente. O governo<br />
uzbeque talvez seja o mais fechado<br />
do mundo. Conseguir um visto de<br />
entrada no país, para um jornalista, é<br />
praticamente impossível. Outro amigo,<br />
Burt Herman, que até há um ano<br />
era o diretor da sucursal nas Coréias<br />
da AP, foi um dos raros repórteres a<br />
entrar no Uzbequistão. Em 2005, Karimov<br />
ordenou que o exército abrisse<br />
fogo contra manifestantes, incluindo<br />
mulheres e crianças. Lá estava a passeata,<br />
então todos os corpos no chão.<br />
Herman tentou levantar quantos morreram.<br />
Ele acredita que foram mais<br />
de mil, mas não tem como provar.<br />
Nenhum dos direitos fundamentais<br />
de uma democracia existem no<br />
Uzbequistão. Tortura e prisões sem<br />
mandado judicial são a norma. Segundo<br />
a Human Rights Watch, a prática<br />
habitual na lida com prisioneiros<br />
inclui choques elétricos, abuso
sexual e asfixia. Não há liberdades<br />
de culto, de imprensa, de livre associação<br />
ou de assembléia. Estados<br />
Unidos, União Européia e ONU já<br />
pediram que investigações a respeito<br />
da conduta do governo uzbeque<br />
fossem conduzidas. Karimov sempre<br />
negou qualquer tipo de acesso".<br />
Estes são os amigos da nossa<br />
chancelaria e do nosso governo, que<br />
quando lembra de criticar alguém, é<br />
sempre Israel, e as vítimas palesti-<br />
ATUALIDADE<br />
ATUALIDADE<br />
judaísmo é regido por<br />
regras de moral e ética<br />
bem amplas e definidas,<br />
transmitidas<br />
através da Torá e que<br />
abrangem todas as<br />
áreas da vida.<br />
Para um judeu ser religioso ele<br />
precisa antes de mais nada ser ético.<br />
Esta é a marca que deve reger o comportamento<br />
de qualquer judeu em todos<br />
os campos, tanto nos relacionamentos<br />
interpessoais, dele com outros<br />
seres humanos, quanto dele em<br />
relação a D-us.<br />
Desde a Criação do mundo, do<br />
homem, da mulher e a confiança em<br />
ambos depositada pelo Criador logo<br />
definiu qual deveria ser o padrão de<br />
conduta para merecer o recebimento<br />
das bênçãos Divinas: um compromisso<br />
estabelecido, uma palavra<br />
dada sempre devem ser mantidos.<br />
Esta é uma entre tantas lições que<br />
se aprende do pecado ocorrido no<br />
Gan Eden, Paraíso.<br />
O Dilúvio que devastou o mundo<br />
a fim de purificá-lo com suas águas,<br />
poupou um único homem bom e justo,<br />
Nôach (Noé) e sua família, fornecendo<br />
uma prova ímpar sobre a importância<br />
de quem se conduz com<br />
moralidade no mundo.<br />
Yaacov (Jacó), apesar de tantas<br />
vezes ter sido enganado por seu sogro<br />
Lavan (Labão), homem sem escrúpulos,<br />
que trocava um sem número de<br />
vezes sua palavra, cumpriu compromissos<br />
mesmo duvidosos a fim de<br />
manter intacta sua integridade, o que<br />
o levou a sacrificar 20 anos de sua<br />
vida trabalhando sem trégua.<br />
A Torá segue com tantos e incontáveis<br />
exemplos nos dando uma<br />
visão de qual caminho devemos seguir<br />
e de como devemos agir durante<br />
todos os anos de nossa vida: devemos<br />
ser o espelho de D-us aos<br />
olhos do mundo.<br />
Religioso significa ser ético; aquele<br />
que pratica atos justos e bons. Um<br />
nas (quando não morrem em choques<br />
entre si, porque ai nesta hora<br />
não interessa). O resto do mundo, e<br />
as vítimas inocentes de crimes diários<br />
e muito mais graves, inclusive<br />
no Brasil não interessam. Seletivo,<br />
este pessoal do PT, com suas notinhas<br />
condenatórias e blá blá blá para<br />
militantes verem, não?<br />
É claro que não poderíamos esquecer<br />
o fato do governo querer<br />
abafar a infiltração da Al-Qaeda no<br />
judeu sem ética não é considerado<br />
observante nem religioso, e apesar de<br />
cumprir cuidadosamente as leis do<br />
Judaísmo entre o homem e D-us, enquanto<br />
permanecer não-ético, também<br />
não chegará a entender que o<br />
Criador rejeita a observância de leis<br />
entre o indivíduo e D-us por aqueles<br />
que agem de forma imoral.<br />
Como então se explica que judeus<br />
religiosos possam ser desprovidos<br />
de ética?<br />
Religioso significa ser ético; aquele<br />
que pratica atos justos e bons. Esta<br />
é uma questão que incomoda todo<br />
judeu sensível ao se defrontar com a<br />
existência de judeus que observam<br />
muitas leis judaicas, mas são destituídos<br />
de ética. É como possuir apenas<br />
uma embalagem, um invólucro<br />
que não condiz com seu conteúdo. O<br />
problema é ocasionado quando parte<br />
da comunidade observante transforma<br />
e ensina a Lei <strong>Judaica</strong> como um<br />
fim em si mesma, ao invés de um meio<br />
para "aperfeiçoar o mundo sob o domínio<br />
de D-us".<br />
Infelizmente há judeus que acostumaram-se<br />
a restringir suas preocupações<br />
religiosas à prática de rituais<br />
repetitivos. Os Profetas censuraram<br />
veementemente aqueles judeus<br />
cuja observância mecânica destas<br />
leis demonstraram uma falta de<br />
preocupação pelos princípios éticos<br />
nelas contidos.<br />
Aquele que é observante das leis<br />
entre o indivíduo e D-us, dedica cuidado<br />
especial às regras que regem a<br />
cashrut, alimentação judaica, ou a<br />
suas preces, por exemplo, deve dedicar<br />
a mesma atenção e ser minucioso<br />
ao tratar com educação e respeito<br />
seu próximo. A observância das leis<br />
entre pessoa a pessoa - amar ao próximo<br />
como a si mesmo, é uma mitsvá<br />
de tanto peso que deve ser levada à<br />
prática em todos os atos que interlaçam<br />
os relacionamentos humanos.<br />
A Torá mostra como a má inclinação,<br />
a que todos estamos sujeitos,<br />
Brasil, que acabou sendo qualificada<br />
como "boato" em uma investigação<br />
sobre neonazismo. Só que<br />
cada vez mais surgem evidências<br />
ao contrário. Como se não soubéssemos<br />
também de longa data da infiltração<br />
de Hamas e Hezbolá na<br />
Tríplice Fronteira, e que pelo nosso<br />
país transitam com certa frequência<br />
membros das mais diversas<br />
organizações terroristas. Este assunto<br />
estar vinculado a uma inves-<br />
pode ser driblada e dominada; dependerá<br />
muito mais do nível de discernimento<br />
espiritual, do refinamento em<br />
que cada alma se encontra pelo mérito<br />
de seu esforço pessoal, do que<br />
simplesmente relegar a justificativa<br />
de atos negativos simplesmente<br />
como obra do azar ou do acaso.<br />
A ética é o equilíbrio permanente<br />
na balança onde o bem está acima<br />
do mal, e os atos são direcionados<br />
seguindo a orientação apontada pela<br />
própria Torá. Dominar nossos maus<br />
instintos, vencer obstáculos e tentações<br />
da vida é uma forma de exercer<br />
nosso livre arbítrio de forma efetiva,<br />
isto é, positiva.<br />
Espera-se sempre dos judeus um<br />
excelente comportamento ético, pois<br />
não é difícil constatar em seu currículo<br />
o que os dados estatísticos comprovam:<br />
homicídios, raptos, crimes hediondos<br />
é praticamente inexistente<br />
<strong>VJ</strong> INDICA<br />
As Benevolentes<br />
Jonathan Littell<br />
Editora: Alfaguara/ Objetiva<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
tigação neonazista, eu não duvidaria,<br />
pois tenho certeza que ambos<br />
trabalham em conjunto, como o<br />
mufti já fez outrora com Hitler. Mas<br />
dizer que não existe o assunto, são<br />
outros quinhentos mais uma vez<br />
tapar o sol com a peneira?<br />
A sombra da suástica passeia em<br />
suas mais diversas formas sobre o<br />
Brasil. A democracia está mais frágil<br />
do que jamais esteve nas últimas décadas.<br />
E você, o que fará a respeito?<br />
Ética e moral: uma obrigação judaica<br />
Como se explica que certas pessoas religiosas não as tenham<br />
entre judeus, e isto ocorre tanto em sociedades<br />
onde constituem a maioria da<br />
população (como em Israel), como onde<br />
os judeus estão em minoria.<br />
Conseqüentemente, as pessoas<br />
esperam que atos maus jamais sejam<br />
cometidos por pessoas consideradas<br />
praticantes, pois se presume que sejam<br />
regidas pelo mesmo código legal<br />
de conduta.<br />
O termo hebraico Halachá, Código<br />
das Leis <strong>Judaica</strong>s, significa caminho.<br />
A Halachá fornece todos os instrumentos<br />
necessários para se chegar<br />
a um determinado lugar, que deve<br />
ser o da santidade, moralidade e ética.<br />
As Leis da ética e conduta do povo<br />
judeu é o meio, mas depende exclusivamente<br />
de cada um de nós usá-lo<br />
da maneira certa para realmente nos<br />
tornarmos exemplos vivos da Torá,<br />
judeus verdadeiros, por dentro e por<br />
fora. (Fonte: www.chabad.org.br).<br />
LIVRO<br />
Considerado pela crítica um "novo Guerra e Paz", chamado<br />
também de "futuro clássico" da literatura, "As Benevolentes"<br />
tornou-se, na França, um fenômeno de vendas -<br />
são mais de 700 mil exemplares vendidos - e já é considerado um clássico<br />
da literatura contemporânea. Para se ter idéia da repercussão da obra no país, o<br />
autor, Jonathan Littell, chegou a ser comparado a Tolstói pelo jornal Le Monde.<br />
Profundo e arrebatador, este livro trata dos horrores da Segunda Guerra Mundial sob<br />
a ótica do carrasco. São as memórias de Maximilien Aue, jovem alemão de origens<br />
francesas que, como oficial nazista, participa de momentos sombrios da recente história<br />
mundial: a execução dos judeus, as batalhas no front de Stalingrado, a organização<br />
dos campos de concentração, até a derrocada final da Alemanha.<br />
Mas Aue não tem somente lembranças de guerra. Vivendo anonimamente na França,<br />
onde administra uma tecelagem, ele se recorda também de sua deturpada relação<br />
com a família. Seu relato compõe um livro impressionante, assombrado tanto por sua<br />
fria meticulosidade quanto por seu delírio insano. Através dos olhos de Aue, o leitor é<br />
levado a vislumbrar o mal de uma forma jamais imaginada.<br />
9
10<br />
* Heitor De Paola<br />
é escritor e<br />
comentarista<br />
político, membro<br />
da International<br />
Psychoanalytical<br />
Association e<br />
Clinical<br />
Consultant, Boyer<br />
House<br />
Foundation,<br />
Berkeley,<br />
Califórnia, e<br />
Membro do Board<br />
of Directors da<br />
Drug Watch<br />
International.<br />
Possui trabalhos<br />
publicados no<br />
Brasil e exterior. E<br />
é ex-militante da<br />
organização<br />
comunista<br />
clandestina, Ação<br />
Popular (AP).<br />
DENÚNCIA<br />
DENÚNCIA<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
Heitor De Paola *<br />
m junho de 2007 Obama<br />
afirmou que os EUA não<br />
eram mais uma nação cristã.<br />
No seu discurso no Egito,<br />
semana passada, disse<br />
que "podemos dizer que a<br />
América é uma nação muçulmana".<br />
Com esta afirmação caiu a máscara<br />
que Obama vinha tentando manter de<br />
que apenas queria um "recomeço"<br />
com o Islã e ficou evidente o que<br />
muitos afirmavam há tempos: Obama<br />
não tem apenas "raízes" muçulmanas:<br />
ou ele é muçulmano ou suas<br />
simpatias estão totalmente com a<br />
religião de Alá! A vergonhosa reverência<br />
ao rei saudita, a política de<br />
apaziguamento com o Irã, sua afirmação<br />
absurda que os EUA devem muito<br />
aos muçulmanos e sua radical mudança<br />
da política americana em relação<br />
ao conflito do Oriente Médio, indicam<br />
claramente suas inclinações.<br />
A administração não só pôs fim<br />
ao enfoque das mudanças no lado palestino<br />
realizadas por George W. Bush<br />
como até desconsiderou entendimentos<br />
verbais a que Bush chegou com<br />
Ariel Sharon e Ehud Olmert. A exigência<br />
de que cessem os assentamentos<br />
na Cisjordânia sem obrigar as autori-<br />
Israel suspeita que a Venezuela e a Bolívia<br />
ajudam o Irã em seu controvertido<br />
programa nuclear, ao abastecê-lo de urânio,<br />
segundo um documento oficial do Ministério<br />
das Relações Exteriores israelense,<br />
do qual várias partes foram divulgadas<br />
pela imprensa há poucos dias.<br />
A Venezuela ajuda Teerã a esquivarse<br />
das sanções econômicas impostas pelo<br />
Conselho de Segurança da ONU, de acordo<br />
com o documento da chancelaria israelense.<br />
"Temos informações de que a Venezuela<br />
fornece ao Irã urânio para o seu<br />
programa nuclear", indica o informe.<br />
O texto afirma ainda que Teerã "está<br />
estabelecendo células do Hezbolá no norte<br />
da Venezuela e na ilha venezuelana de<br />
Margarita". O documento se baseia em informações<br />
recolhidas por fontes diplomáticas<br />
e militares, tanto israelenses como<br />
estrangeiras, em todo o mundo.<br />
"O presidente Hugo Chávez é quem<br />
contribuiu para a aproximação entre o Irã e<br />
a Bolivia. Parece que a Bolívia é igualmente<br />
um fornecedor de urânio do programa<br />
nuclear iraniano", sublinha o documento.<br />
"As relações entre a Venezuela e o Irã<br />
são particularmente estreitas. Segundo<br />
várias fontes, a Venezuela ajuda o Irã concedendo<br />
salvo-condutos de viagem venezuelanos<br />
a cidadãos iranianos, permitin-<br />
Obama é inimigo de Israel!<br />
dades palestinas a cederem e reconhecer<br />
a existência do Estado de Israel<br />
é totalmente contrária ao espírito<br />
da diplomacia. Pois esta é definida<br />
por negociações que envolvam<br />
concessões de todos os lados em contenda.<br />
Obama deu um grande passo<br />
no sentido de dar aos palestinos um<br />
cheque sem fundo, pois Abbas rejeita<br />
a noção de que ele deva fazer qualquer<br />
concessão comparável - tal<br />
como reconhecer Israel como um estado<br />
judaico, o que implicaria na renúncia<br />
de qualquer "retorno" em larga<br />
escala de refugiados palestinos.<br />
Muitos acreditam que pela primeira<br />
vez um Presidente adotou um<br />
tom balanceado em relação ao conflito,<br />
mas isto é um engano por três<br />
razões: em primeiro lugar este discurso<br />
abandona e põe em risco a própria<br />
existência do maior aliado americana<br />
na região - talvez em todo o<br />
mundo; segundo, não leva em conta<br />
as características que diferenciam<br />
os dois lados, um terrorista e o outro<br />
o maior inimigo do terrorismo; e<br />
terceiro, desloca para um simples<br />
conflito regional o que é muito maior:<br />
o conflito entre muçulmanos e infiéis<br />
(não apenas judeus).<br />
De fato, Obama sabe muito bem<br />
disto e não é um deslocamento for-<br />
do-lhes desta forma deslocar-se com total<br />
impunidade por toda a América Latina,<br />
sem vistos", agrega o documento da chancelaria<br />
israelense.<br />
A publicação deste informe coincidiu<br />
com a visita recente à América Latina do<br />
vice-ministro israelense das Relações Exteriores,<br />
Danny Ayalon, como prévia de<br />
um possível giro pela região do chanceler<br />
israelense, Avigdor Lieberman.<br />
Por sua vez, o presidente iraniano,<br />
Mahmud Ahmadinejad, excluiu há poucos<br />
dias a discussão do programa nuclear de<br />
Teerã com as grandes potências, dias antes<br />
das eleições presidenciais. "Já dissemos<br />
(...) que não discutiremos o programa<br />
nuclear (iraniano) fora da AIEA (Agência<br />
Internacional de Energia Atômica)",<br />
disse Ahmadinejad numa entrevista.<br />
As seis grandes potências (EUA, China,<br />
França, Grã Bretanha, Rússia e Alemanha)<br />
tentam convencer o Irã para que finalize<br />
suas atividades nucleares.<br />
As grandes potências estão ainda à espera<br />
da resposta iraniana à proposta que<br />
fizeram em 8 de abril para uma reunião com<br />
Teerã. Mas para Ahmadinejad, que esteve<br />
em campanha para se reeleger a presidente<br />
em 12 de junho, "o tema nuclear encerrou".<br />
Assim, parece ter minimizado a oferta<br />
formulada pelo grupo 5+1 de organizar a<br />
tuito ou casual, mas parte da estratégia<br />
dos inimigos internos da América<br />
de destrui-la por dentro e, com<br />
ela, fazer ruir a civilização ocidental<br />
judaico-cristã.<br />
Ao dizer que a América é um país<br />
muçulmano Obama adota uma tática<br />
discursiva muito comum: fala do passado<br />
que não existiu para indicar os<br />
rumos do futuro que está implementando.<br />
Ora, não havia muçulmanos no<br />
Mayflower (ver http://www.heitor<br />
depaola.com/publicacoes_ materia.<br />
asp?id_artigo=920), a Constituição<br />
Americana não abriga nenhuma regra<br />
corânica e o primeiro encontro da jovem<br />
nação com o Islã foi com piratas<br />
berberes que atacavam navios americanos<br />
no norte da África. Os negociadores,<br />
Jefferson e Adams, argutamente<br />
perceberam do que se trata o<br />
âmago do Islã:<br />
"... foi fundado nas Leis de seu Profeta,<br />
que estava escrito em seu Corão,<br />
que todas as nações que não reconheciam<br />
sua autoridade eram pecadoras,<br />
que era seu direito e dever fazer guerra<br />
contra eles, onde quer que estejam,<br />
e fazer de escravos todos os prisioneiros,<br />
e que todo Musselman (Muçulmano)<br />
que morresse em batalha certamente<br />
iria para o Paraíso."<br />
E é disto que se trata realmen-<br />
Venezuela e Bolívia fornecem urânio ao Irã<br />
reunião entre o chefe da diplomacia da<br />
União Européia (UE), Javier Solana, representantes<br />
dos seis países negociadores e<br />
do negociador iraniano, Said Jalili.<br />
Teerã havia se declarado disposta a um<br />
"diálogo construtivo" com as grandes potências,<br />
mas insistindo sempre em sua<br />
própria oferta de negociação que consiste,<br />
segundo Ahmadinejad, em "garantir a<br />
paz e a justiça no mundo". Há poucos dias<br />
voltou á carga sobre este ponto lançado<br />
uma proposta ao presidente dos EUA, Barack<br />
Obama: "Realizar um debate na ONU<br />
para falar das raízes dos problemas e da<br />
direção do mundo", caso se reeleja.<br />
As grandes decisões da política exterior<br />
são competência do guia supremo iraniano,<br />
o aiatolá Ali Khamenei, que não<br />
desmentiu até agora a posição de Ahmadinejad<br />
sobre o programa nuclear do Irã.<br />
As grandes potências exigem que o Irã suspenda<br />
suas atividades de enriquecimento<br />
de urânio em troca de uma oferta de<br />
cooperação ampliada feita em 2006.<br />
O enriquecimento de urânio permite<br />
obter combustível para centrais nucleares<br />
de uso civil, mas também fabricar bombas<br />
atômicas. O Irã não dispõe por ora de uma<br />
central nuclear, mas a está construindo<br />
com ajuda da Rússia.<br />
Teerã sempre sustenta que suas ambi-<br />
te, o que Obama sabe, mas serve<br />
muito bem a seus desígnios: enquanto<br />
os judeus querem algum tipo<br />
de acordo e não querem aniquilar a<br />
população palestina, mesmo exigindo<br />
o direito judeu a Jerusalém como<br />
sua capital, os "palestinos" não são<br />
um povo em si, mas representam o<br />
Islã que não aceita negociações com<br />
os infiéis, sejam judeus ou não, seu<br />
objetivo é a conquista do mundo inteiro<br />
para a submissão - islã - a Alá<br />
e ao seu Profeta.<br />
Comentando a afirmação de que<br />
a América é uma nação islâmica, Pat<br />
Boone (http://www.wnd.comindex.<br />
php?fa=PAGE.view&pageId =100283) -<br />
que muitos de nós conhecemos como<br />
cantor de rock - pergunta a Obama:<br />
"Por que não somos então uma<br />
nação chinesa, ou coreana ou até<br />
vietnamita? Existem mais pessoas<br />
destes grupos na América do que<br />
muçulmanos. E se a distinção que o<br />
senhor faz é religiosa, por que a<br />
América não é uma nação judia? Há<br />
muito mais razão para esta última<br />
afirmação porque nossa Constituição<br />
- e o sucesso de nossa Revolução e<br />
Fundação - tem um débito profundo<br />
com nossos irmãos judeus".<br />
E os judeus que apoiaram Obama,<br />
como ficam?<br />
Chávez obedecendo aos comandos do<br />
ventríloquo Castro: Urânio para o Irã<br />
ções nucleares são exclusivamente civis. As<br />
grandes potências temem que esteja produzindo<br />
a bomba atômica. De seu lado, e<br />
por seis anos de investigação, a AIEA se<br />
declara incapaz de garantir que o Irã diz a<br />
verdade. Ahmadinejad reiterou semanas<br />
atrás que seu país não parará o programa<br />
nuclear, mesmo que isso implique num<br />
quarto ciclo de sanções internacionais.<br />
Israel, por sua vez, não exclui uma operação<br />
militar contra as instalações iranianas<br />
se a diplomacia não der frutos rapidamente,<br />
embora a operação seja desmentida<br />
por Avigdor Lieberman.<br />
O ministro israelense de Defesa, Ehud<br />
Barak, que esteve em Washington há poucos<br />
dias para discutir sobre o tema nuclear<br />
iraniano, lembrou que "Israel considera que<br />
não se pode descartar nenhuma opção".
ecebo e-mails com críticas<br />
negativas à visita<br />
de Obama ao Egito e a<br />
Arábia Saudita. Há um<br />
descontentamento com<br />
a nova postura do governo americano<br />
em buscar uma reaproximação<br />
com os países árabes. Particularmente,<br />
não vejo motivo para grandes<br />
preocupações e nem julgo que Obama<br />
esteja a favor das causas árabes<br />
em detrimento de Israel. Apesar de<br />
carregar um Hussein no seu nome,<br />
Obama sabe que o único país que<br />
pode contar para deter o Irã, sem<br />
grande estardalhaço, é Israel, e sabe<br />
também que, por mais que se crie um<br />
Estado palestino, não encontrará outro<br />
aliado com tantas afinidades que<br />
se sedimentam há mais de 60 anos.<br />
O jogo continua e os EUA não querem<br />
perder mais do que já perderam<br />
com a guerra do Iraque. Também não<br />
querem fazer do combate à Al Qaeda,<br />
no Afeganistão, uma agressão ao<br />
Islã. O empenho americano é para<br />
restabelecer sua presença no Oriente<br />
Médio, conseguir isolar a Síria e,<br />
principalmente, seu parceiro, o Irã,<br />
que nos últimos meses vem ameaçando<br />
com a construção de armas atômicas<br />
e, igualmente, reconquistar,<br />
com uma suposta paz no Oriente<br />
Médio, o mesmo prestígio que gozava<br />
há alguns anos.<br />
* Etgar Lefkovits-<br />
Dallal é jornalista,<br />
escreve no The<br />
Jerusalem Post,<br />
de Israel, e é o<br />
responsável pela<br />
cobertura dos<br />
assuntos da<br />
cidade de<br />
Jerusalém, desde<br />
políticos, até<br />
policiais e<br />
atentados<br />
terroristas.<br />
Antônio Carlos Coelho *<br />
Os grupos de direitos humanos<br />
israelenses e outras ONGs que estão<br />
sendo generosamente financiadas<br />
pela União Européia promovem interesses<br />
palestinos na capital, segundo<br />
uma organização de pesquisa sediada<br />
em Jerusalém.<br />
Vários grupos, incluindo B'Tselem<br />
e Ir Amim, ostensivamente devotados<br />
a uma maior coexistência, estão "adotando<br />
uma agenda abertamente antiisraelense<br />
em uma guerra de narrativas<br />
que tenta reescrever três mil anos de<br />
história judaica em Jerusalém", declarou<br />
um observador da organização de<br />
pesquisa que monitora as ONGs.<br />
Ambas as ONGs se referem aos<br />
residentes israelenses do bairro judeu<br />
da Cidade Velha como "colonos",<br />
denominação que faz parte de uma<br />
"campanha política" ostensiva, apesar<br />
de que a presença dos judeus nessa<br />
área antecede o estabelecimento<br />
do estado em 1948. A barreira de se-<br />
O jogo da paz<br />
O problema é que os EUA mantêm<br />
o mesmo estilo de jogo, o de não<br />
considerar as implicações internas e<br />
bastante profundas que envolvem as<br />
relações entre países e grupos políticos<br />
e religiosos do Oriente Médio. Sua<br />
pressão sobre Israel, no sentido de<br />
retirar colônias da Cisjordânia e de<br />
impedir sua multiplicação, pôs em risco<br />
a estabilidade de Bibi no Knesset.<br />
Os partidos conservadores apostaram<br />
no Likud esperando uma atuação dura<br />
com os grupos terroristas que ameaçam<br />
as fronteiras de Israel e a manutenção<br />
dos assentamentos na Cisjordânia,<br />
mas, com a pressão americana<br />
as relações terão que se conduzir<br />
de outra maneira e Bibi terá que encontrar<br />
outros apoios no Parlamento.<br />
A posição dos EUA junto aos árabes<br />
é mais complicada. A complexa<br />
relação entre governo, fundamentalistas,<br />
sociedade e outros grupos de<br />
poder impõem limites às pretensões<br />
americanas. Esses são países que se<br />
revestem de uma casca de modernidade<br />
que atende às relações externas,<br />
mas, internamente, ainda mantêm<br />
estruturas tribais. Seus governos,<br />
após a Segunda Guerra, formaram dinastias<br />
de governantes vinculados à<br />
política do Ocidente e, hoje sofrem<br />
pressão dos fundamentalistas com<br />
apoio das classes populares, como a<br />
Fraternidade Islâmica, o Hezbolá e o<br />
Hamas, que juntamente com o xiita<br />
Irã minam a estabilidade dos gover-<br />
gurança da Margem Ocidental é retratada<br />
pela B'Tselem como uma tentativa<br />
de anexar terras, desconsiderando<br />
as preocupações de Israel com<br />
a segurança, de acordo com a análise<br />
do grupo de observadores.<br />
A União Européia pagou 1,7 milhões<br />
em moeda israelense do orçamento<br />
de 4 milhões (em novos shekalim<br />
israelenses) da Ir Amin, declarou<br />
a organização que faz o monitoramento.<br />
A Embaixada Britânica contribuiu<br />
com NIS 800.000 e o governo norueguês<br />
doou NIS 165.000.<br />
Similarmente, a União Européia<br />
financiou cerca de 10% do orçamento<br />
de 7,8 milhões de New Israeli<br />
Shekalim da B'Tselem em 2007, com<br />
sua contribuição de 120 mil euros (cerca<br />
de NIS 675.000), novamente de<br />
acordo com a instituição que faz o<br />
monitoramento.<br />
"O fluxo de fundos governamentais<br />
europeus, inclusive da União Européia<br />
propriamente dita, para organizações<br />
políticas como B'Tselem e<br />
nos vizinhos, que só se garantem a<br />
troco de apoio ao conflito com Israel<br />
e ao terrorismo contra o Ocidente.<br />
A recente derrota eleitoral do Hezbolá<br />
no Líbano, deixa a pensar o quanto<br />
houve de influência dos EUA para<br />
a vitória do partido sunita pró-ocidente.<br />
Isto foi mais um golpe contra a<br />
Síria, que buscará o amparo de Ahmadinejad.<br />
E para Israel o que isto<br />
significa? Segurança? Um novo confronto<br />
na fronteira norte do país patrocinado<br />
pela Síria?<br />
O Egito promove as conversações<br />
entre Hamas e o Fatah buscando, novamente<br />
um acordo entre os partidos<br />
e, consequentemente, o progresso<br />
para a criação de um Estado palestino.<br />
Mas, para isso, é preciso que o<br />
Hamas abandone a bandeira que o<br />
sustenta por tantos anos, a destruição<br />
de Israel, e volte às costas para<br />
a Síria e o Irã.<br />
A iniciativa de Obama é louvável.<br />
Se conseguir seu intento, terá reconquistado<br />
significativa parte do prestígio<br />
de seu país, perdido no tempo de<br />
Bush. No entanto, Obama terá que<br />
contar com a boa vontade dos governos<br />
árabes para a criação do Estado<br />
palestino, e, o que é mais difícil, contar<br />
com a coragem suficiente, desses<br />
governos, para aguentar a pressão dos<br />
grupos fundamentalistas dentro das<br />
suas fronteiras. E terá, também, que,<br />
excluir dos seus discursos qualquer<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
Ir Amin, com a finalidade de investir<br />
na guerra política contra Israel na<br />
questão de Jerusalém, é um dos aspectos<br />
mais prejudiciais do financiamento<br />
europeu dirigido contra Israel",<br />
disse o professor Gerald Steinberg,<br />
diretor executivo da ONG de<br />
Monitoramento.<br />
"Similarmente, essas ONGs não<br />
deveriam violar suas alegações éticas<br />
baseadas na defesa dos direitos<br />
humanos e na coexistência, fazendo<br />
o relógio voltar aos dias nefastos de<br />
1948 a 1967, quando nenhum judeu<br />
podia residir ou mesmo visitar a Cidade<br />
Velha e os lugares sagrados judeus",<br />
acrescentou.<br />
A B'Tselem negou dias atrás que<br />
defendia qualquer posição política<br />
sobre Jerusalém "ou qualquer outra<br />
questão" e acusou a ONG observadora<br />
de elaborar relatórios "distorcidos<br />
e irresponsáveis".<br />
"A única preocupação da B'TSelem<br />
é com as obrigações legais de Israel<br />
no sentido de assegurar a dignidade<br />
promessa vinculada ao status e a unidade<br />
de Jerusalém, capital de Israel.<br />
Da parte de Israel, sua democracia<br />
permite superar as divergências<br />
políticas internas e resolver a questão<br />
dos assentamentos, mesmo que<br />
isto custe a perda do apoio no Parlamento<br />
dos partidos mais radicais. E,<br />
diante da inquietação causada pela<br />
tentativa de aproximação EUA aos<br />
árabes, podemos ficar tranquilos. Há<br />
uma relação de 400 anos de afinidade<br />
entre americanos e Israel. Uma<br />
afinidade de raiz, baseada em sólidos<br />
princípios e esperanças religiosas<br />
que, nem mesmo Obama ou outro<br />
carismático e bem votado, romperia<br />
esse vínculo centenário. Além disso,<br />
as relações políticas e econômicas<br />
entre os dois países são muito sólidas,<br />
apesar da relutância de alguns<br />
governos em apoiar Israel em momentos<br />
cruciais, o elo de ligação e compromissos<br />
mútuos permanecem.<br />
Obama terá muito a discursar<br />
para árabes até que os convença de<br />
que uma paz será vantajosa para todos<br />
e, mais do que oferecer garantias<br />
de que Israel cederá na criação do<br />
Estado palestino, terá que fortalecer<br />
os regimes árabes atuais para vencer<br />
o terrorismo e os grupos fundamentalistas.<br />
A experiência com o Iraque<br />
ensina que fortalecer governos<br />
árabes pode ter um custo muito alto<br />
no futuro. Será que Obama vencerá<br />
só com discursos?<br />
Você quer financiamento da União Européia?<br />
Então promova os interesses palestinos.<br />
Etgar Lefkovits-Dallal *<br />
11<br />
* Antônio Carlos<br />
Coelho é<br />
professor<br />
universitário,<br />
escritor, diretor do<br />
Instituto de<br />
Ciência e Fé e<br />
colaborador do<br />
jornal <strong>Visão</strong><br />
<strong>Judaica</strong>.<br />
básica de qualquer pessoa que viva<br />
sob sua jurisdição", declarou a diretora<br />
executiva do B'Tselem, Jessica Montell.<br />
"Promover igualdade e direitos<br />
humanos em Jerusalém é um claro interesse<br />
de Israel, algo que todos podemos<br />
defender, independentemente<br />
de nossa posição política".<br />
Em contraste, um funcionário da<br />
Ir Amim disse que o grupo realmente<br />
tinha uma agenda política, e que não<br />
era uma organização destinada a promover<br />
a coexistência.<br />
"Sem dúvida temos concepções<br />
diferentes sobre uma série de questões,<br />
mas esse é o direito de uma ONG<br />
em um estado democrático", declarou<br />
Haim Erlich, funcionário da Ir<br />
Amim. "Ninguém tem o monopólio dos<br />
interesses israelenses".<br />
Os quase 50% do financiamento da<br />
União Européia que a organização recebeu<br />
em 2007, de acordo com a ONG que<br />
faz o monitoramento, se "enquadram nas<br />
disposições da lei israelense".
12<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
orreu na madrugada<br />
de quinta-feira<br />
21/5 a ex-primeiradama<br />
do Paraná Fani<br />
Lerner, esposa do exgovernador<br />
e ex-prefeito Jaime Lerner.<br />
A ex-primeira dama Fani Lerner, de 63<br />
anos, lutava contra um câncer desde<br />
fevereiro de 1.995, quando foi submetida<br />
a uma cirurgia, primeira etapa de<br />
um longo tratamento que a levou a<br />
várias internações e a outras cirurgias.<br />
Mesmo assim, continuou a trabalhar,<br />
mas no mês passado o quadro<br />
se agravou a ponto de não sair mais<br />
de seu apartamento no bairro do Cabral,<br />
onde passou seus últimos dias,<br />
ao lado da família, e atendida por<br />
médicos e enfermeiras.<br />
Casada com o arquiteto Jaime<br />
Lerner desde 1.964, deixou as filhas<br />
Andrea, casada com Sebastiaan<br />
Bremer, e Ilana, casada com<br />
Cláudio Hoffmann, e os netos Ben,<br />
9 anos, Liana, 7, Tobias, 7, e Sophie,<br />
5. Nos três mandatos de prefeito<br />
(71 a 75, 79 a 83, 89 a 93) e<br />
nos dois de governador ( 95 a 99 e<br />
99 a 2003) do marido, Fani comandou<br />
a área de assistência à criança,<br />
trabalho a que se dedicava com<br />
entusiasmo e inovação.<br />
Ela foi velada no Salão Nobre<br />
da Prefeitura de Curitiba e sepul-<br />
Fani Lerner z'l morre aos 63<br />
anos, deixando seu exemplo<br />
e muitas saudades<br />
tada na tarde do dia 21 no Cemitério<br />
Israelita de Santa Cândida.<br />
Fani foi a criadora do Provopar<br />
(programa de trabalho voluntário),<br />
uma organização não governamental<br />
que conta com uma rede de mais<br />
de 400 voluntárias. Foi secretária<br />
municipal da Criança de Curitiba<br />
nas gestões de Jaime Lerner. Em<br />
2003, foi vencedora do Prêmio<br />
Kellogg's para o Desenvolvimento<br />
da Criança, oferecido pela organização<br />
americana World of Children,<br />
em parceria com a instituição Hannah<br />
Neil. Foi a primeira latino-americana<br />
a ser condecorada com o prêmio,<br />
criado em 1998. Fani Lerner<br />
nasceu em Curitiba, filha de imigrantes<br />
judeu-poloneses que vieram<br />
para o Brasil para escapar do<br />
nazismo. Formou-se psicóloga e<br />
atuou como voluntária em favelas.<br />
Exemplo Exemplo de de humildade humildade e<br />
e<br />
coragem<br />
coragem<br />
Fani Lerner tornou-se conhecida<br />
e admirada por desenvolver<br />
projetos sociais em favor da população<br />
carente, sobretudo crianças.<br />
Muita gente que a conheceu de<br />
perto a definia como uma pessoa<br />
doce, meiga, equilibrada e muito<br />
serena no trato com todos.<br />
"O Estado do Paraná e Curitiba<br />
devem muito à competência dela,<br />
que criou políticas públicas sociais<br />
formidáveis", afirmou o prefeito<br />
Beto Richa. O presidente da Assembleia,<br />
Nelson Justus, se disse feliz<br />
por ter tido o privilégio de conviver<br />
com Fani Lerner e disse que não há<br />
um município no Paraná que não<br />
tenha o dedo da ex-primeira-dama.<br />
Segundo o deputado, ela era um<br />
exemplo de humildade e coragem,<br />
que foi muito além das funções de<br />
uma primeira-dama. "O Paraná perde<br />
uma grande mulher. Com toda a<br />
certeza, ela será insubstituível", lamentou.<br />
"Para todos nós, fica um<br />
exemplo a ser seguido".<br />
Para o conselheiro do Tribunal<br />
de Contas do Estado, Heinz Herwig,<br />
Jaime Lerner não seria o prefeito e<br />
governador que foi sem o apoio da<br />
esposa, que sempre atuou nos bastidores.<br />
A fundadora e coordenadora<br />
nacional da Pastoral da Criança,<br />
Zilda Arns, que realizou vários trabalhos<br />
sociais em parceria com Fani<br />
Lerner disse que pediu a D-us que a<br />
"recompense pelo bem que fez às<br />
crianças, famílias pobres e idosos".<br />
Por sua vez, a ex-vice governadora<br />
Emilia Belinati, declarou que<br />
"Fani era uma pessoa sensível e que<br />
exerceu a função como secretária<br />
com dignidade, apesar da doença e<br />
do sofrimento. Se eu pudesse resumir,<br />
diria que ela colocou alma no<br />
governo, sentimento, afeto".<br />
A Câmara de Vereadores de Curitiba<br />
lamentou a morte da ex-primeira-dama,<br />
lembrando o trabalho realizado<br />
por ela na área social e destacou<br />
a grande contribuição que ela teve<br />
para o desenvolvimento do setor em<br />
todo o Estado. Em razão de seu falecimento<br />
tanto o Governo do Estado<br />
como o Município da Capital decretaram<br />
luto oficial de três dias. Os legislativos<br />
estadual e municipal também<br />
decretaram luto e suspenderam<br />
as cerimônias públicas que estavam<br />
programadas para aquele dia.<br />
Realizações Realizações sociais<br />
sociais<br />
Fani Lerner como secretária da<br />
Criança de Curitiba e do Paraná, desenvolveu<br />
muitos projetos sociais,<br />
com foco no desenvolvimento de<br />
crianças e jovens. Entre as ações<br />
conduzidas por ela estão o Programa<br />
de Integração para Crianças e<br />
Jovens (PIÁ), o SOS-Crianças, a Casa<br />
Lar, para órfãos ou crianças abandonadas;<br />
e o programa Da Rua para a<br />
Escola, que fornecia uma cesta básica<br />
de alimentos para s famílias<br />
que mantivessem as crianças no<br />
colégio. Em 1997, este programa<br />
ganhou o prêmio Criança e Paz da<br />
Unicef. Fani também foi responsável<br />
pela criação do programa Supersopa<br />
na Provopar, que distribuía alimentos<br />
a crianças carentes em suas<br />
escolas ou nas creches.<br />
Lerner assumiu a Prefeitura de<br />
Curitiba pela primeira vez, em<br />
1971, quando Fani tinha 24 anos,<br />
mas foi na segunda gestão do marido<br />
como prefeito (79-83) que ela<br />
passou a construir suas grandes<br />
obras de assistência social. Tinha<br />
vocação para isso. Desolada com a<br />
morte do pai, Manoel Proveller, por<br />
causa de uma diverticulite, quando<br />
ela tinha apenas 4 anos de idade,<br />
trabalhou a vida inteira para tentar<br />
impedir que outras crianças ficassem<br />
desamparadas.<br />
Numa época que ninguém ouvira<br />
falar de ONG, criou a Provopar<br />
e já no começo reuniu 400 mulheres<br />
voluntárias, que trabalhavam<br />
principalmente em creches, dando<br />
apoio às crianças carentes.<br />
Em 1989, quando Jaime Lerner<br />
assumiu a Prefeitura de Curitiba<br />
mais uma vez, Fani foi nomeada<br />
secretária municipal da Criança. Na<br />
sequência, com o marido eleito governador,<br />
acompanhou-o ao Palácio<br />
Iguaçu e chefiou a Secretaria da<br />
Criança, durante os dois mandatos.<br />
A A curitibana curitibana F FFani<br />
F ani<br />
Fani Lerner era curitibana. Nasceu<br />
com o sobrenome de Woller<br />
Proveller em 1945, e cresceu em<br />
uma casa na Avenida Sete de Setembro.<br />
Logo após a morte do pai, Fani<br />
foi matriculada pela mãe Anna no<br />
jardim de infância do Instituto de<br />
Educação do Paraná, então expoente<br />
do ensino público. Saiu de lá com<br />
o diploma de normalista (equivalente<br />
ao magistério), pronta para<br />
dar aulas. Lecionou em um grupo<br />
escolar na Vila Lindoia por quase<br />
cinco anos.<br />
Em 2006, seu nome foi cogitado<br />
para compor a chapa de Osmar Dias<br />
ao governo estadual, mas a proposta<br />
não seguiu adiante. Nos últimos<br />
anos, Fani se dividiu entre as viagens<br />
com o marido - que vem apresentando<br />
projetos urbanísticos em vários<br />
países - e à administração da<br />
Associação Alírio Pfiffer, que presta<br />
assistência a quem necessita de<br />
transplante de medula óssea.
Aroldo Murá G. Haygert *<br />
primeira tentação<br />
que temos ao perder<br />
um amigo é a de elogiar<br />
aquele que nos<br />
deixa. "Dos amigos não<br />
se diga senão o bem" - o adágio latino<br />
apenas reforça essa ideia.<br />
Não fujo à regra ao falar de Fani<br />
Lerner. Mas se assim ajo é antes<br />
por absoluto respeito à verdade do<br />
que pelo respeito e carinho que por<br />
ela tive. Estou certo de que só falaram<br />
bem dela todos os que a conheceram,<br />
digo sem nenhum medo<br />
de errar. Jamais detectei uma restrição<br />
de qualquer pessoa a Fani<br />
nos meus longos anos de convivência<br />
com ela e Jaime Lerner.<br />
Divergências administrativas ela<br />
contornava com a sabedoria que só<br />
estadistas mostram: argumentava,<br />
com doçura, em favor de suas teses,<br />
fazendo novos aliados surgirem<br />
dos antigos adversários. Seu alvo final<br />
é o que interessava: a criança, o<br />
adolescente, o idoso, a família.<br />
Usar adjetivos para elogiá-la<br />
não é o caso. Muito menos citar estatísticas<br />
e relatórios definidores de<br />
sua ação social nas três administrações<br />
de Jaime na Prefeitura de Curitiba<br />
e nas duas no governo do<br />
estado. Até conheço boa parte dos<br />
números que resumem seu trabalho<br />
sem paralelo porque fiz parte<br />
dos Conselhos do Provopar Municipal<br />
e do Estadual e dirigi a Creche<br />
Ana Proveller (que leva o nome de<br />
sua mãe), parceria, então, da prefeitura<br />
com o Instituto Ciência e Fé.<br />
Com uma luz própria, ela recor-<br />
Fani, a dama que fica<br />
ria, no entanto, às vezes, à inventividade<br />
de Lerner para apoiá-la em<br />
concepções pioneiras que amadurecia<br />
e depois transformaria em<br />
prática única no Brasil, como o chamado<br />
Vale-Creche, resultante de<br />
contribuições de empresas para o<br />
programa de expansão de creches<br />
que desenvolvia em Curitiba com<br />
foco nos bairros periféricos. A então<br />
prefeita Luiza Erundina, de São<br />
Paulo, esteve entre os que vieram<br />
conhecer essa ação de Fani em favor<br />
da criança, sobretudo a carente.<br />
Reconhecimento que, em 2002<br />
- ela já distante do poder - a Fundação<br />
Kellog, dos EUA, tornaria<br />
mundial concedendo-lhe premiação<br />
de US$ 100 mil pelo conjunto<br />
de sua obra em favor da infância<br />
paranaense. Fani tinha intenção de,<br />
em parceria com uma universidade<br />
particular, criar um centro de introdução<br />
da criança carente às novas<br />
realidades tecnológicas. Seria<br />
uma espécie de Villette, modelo<br />
pedagógico francês.<br />
A conhecida "multimistura" foi<br />
outro ovo de Colombo: o alimento<br />
resultava da utilização de verduras<br />
e frutas que seriam descartados no<br />
Ceasa. Passando por tratamento<br />
adequado, moderna engenharia de<br />
alimentos, seria enlatada e abasteceria<br />
creches, asilos e escolas, assim<br />
como abrigos e albergues do<br />
estado todo. Em cooperação com<br />
a Fundação Ayrton Senna, a multimistura<br />
foi uma das marcas mais<br />
identificadoras das preocupações<br />
de Fani em combater a fome dos<br />
desvalidos com baixos investimentos.<br />
Inexplicavelmente (ou terá ex-<br />
plicação?), esse programa, cujas<br />
benesses não poderão jamais ser<br />
avaliadas na exata dimensão, foi<br />
desativado pelos novos senhores<br />
do poder estadual.<br />
Mas o que sempre me impressionou<br />
em Fani foi sua simplicidade,<br />
o forte sotaque "leite quente",<br />
as tiradas linguísticas bem curitibanas<br />
a denunciar uma familiaridade<br />
surpreendente (para uma filha de<br />
imigrantes judeus-poloneses) com a<br />
realidade de Curitiba e do Paraná,<br />
que ela ajudaria a definir na sua fase<br />
áurea. Falava com muito carinho de<br />
Irati, onde chegou a morar quando<br />
criança e onde seu pai, seu Manoel,<br />
comercializava batatas em larga escala.<br />
O Manoel que era só saudade<br />
no inventário afetivo dela e da família<br />
toda, cedo levado pela morte.<br />
Foi com toda essa simplicidade<br />
que mostrou liderança não repetível<br />
na ação social da capital: formou<br />
um amplo, diversificado, atento e<br />
fiel voluntariado unido a ela e ao<br />
Provopar. Voluntários, mulheres na<br />
maioria, que deram sangue, suor e<br />
lágrimas no atendimento às crianças,<br />
em périplos intermináveis, por<br />
muitos anos.<br />
Conhecia os curitibanos, sabia<br />
das conexões familiares e de seus<br />
inúmeros desdobramentos, das ruas<br />
da cidades e de suas peculiaridades,<br />
dos usos e costumes, dos longos<br />
serões familiares com cadeiras nas<br />
calçadas, dos pontos de "footing" de<br />
sua mocidade de normalista do Instituto<br />
de Educação, das sessões vespertinas<br />
de cinema na João Pessoa,<br />
das rivalidades entre os colégios. Era<br />
memorialista ímpar: boa parte da<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
vida curitibana vira desfilar a partir<br />
do final dos anos 50 na loja A Moderna<br />
que sua mãe tinha na Praça<br />
Zacarias. Uma parceira inseparável<br />
era a irmã Esther.<br />
Brasileiríssima, não conhecia o<br />
polonês. Falava esparsas palavras de<br />
iídiche. Sabia, isso sim, quem era<br />
quem em Curitiba, desde as lideranças<br />
de Vila Lindoia, onde começou a<br />
vida lecionando em escola pública,<br />
dando jeito, quase sempre, de suprir<br />
deficiências básicas de alguns<br />
alunos muito pobres. Com igual simplicidade<br />
tratava a todos, o patriciado<br />
de Curitiba, os líderes políticos e<br />
os "socialites" do país com que se<br />
relacionavam ela e Jaime.<br />
Os últimos dias foram vividos no<br />
apartamento, ao lado de Jaime. Uma<br />
espécie de UTI doméstica dava garantia<br />
a um tratamento já, acredito,<br />
fundamentalmente paliativo.<br />
Mas nos olhos tinha brilho forte,<br />
dizem os que a viram mais recentemente.<br />
A mesma luminosidade que<br />
levava aos pequeninos carentes de<br />
creches periféricas, aos quais abraçava<br />
e beijava o ano todo. E não apenas<br />
em tempos de eleições. Assim<br />
como, entusiasmado, a via um de<br />
seus fãs ardorosos, o taumaturgo e<br />
místico de Vila Nossa Senhora da Luz<br />
dos Pinhais, frei Miguel, que um dia<br />
me disse: "Fani? Ela é diferente, ela<br />
é uma alma nossa."<br />
O bondoso capuchinho queria<br />
se referir, naturalmente, a cristãos<br />
exemplares, almas excelsas.<br />
Como ele o foi e também era a<br />
Fani, que agora retorna à Casa do<br />
Pai. Uma singular filha de Israel,<br />
semeadora da paz.<br />
13<br />
* Aroldo Murá G.<br />
Haygert, jornalista,<br />
é professor do<br />
Grupo Uninter e<br />
presidente do<br />
Instituto Ciência e<br />
Fé. É autor de<br />
Vozes do Paraná.<br />
Publicado<br />
originalmente no<br />
jornal Gazeta do<br />
Povo, de Curitiba,<br />
dia 22/5/2009.
14<br />
* Maria Lucia<br />
Victor Barbosa é<br />
socióloga.<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
Banalidade do mal<br />
Maria Lucia Victor Barbosa * namentais e políticos estão se lixan- O leitor pode indagar: o que o Bra- de uma polêmica resolução na ONU<br />
staremos no fim de uma<br />
era? Essa pergunta não<br />
pretende uma interpretação<br />
milenarista de cunho<br />
profético ou religioso, que<br />
prevê catástrofes destruidoras<br />
da ordem vigente, a qual seria substituída<br />
por tempos de felicidade. Mesmo<br />
porque, dificilmente dá para imaginar<br />
um mundo onde o mal deixe de<br />
ser o locatário.<br />
Seja como for, não se pode deixar<br />
de constatar que o mal tem estado<br />
bastante ativo. Pior. Está se vivendo<br />
a banalidade do mal, expressão da<br />
filósofa judia, Hannah Arendt, que<br />
tomo emprestado.<br />
Isto não é difícil de constatar, pois<br />
nessa época em que valores foram<br />
perdidos, os horrores da violência, da<br />
impiedade, da indiferença à vida, aumentaram<br />
substancialmente. Lidedo<br />
para a opinião pública. Eles sabem<br />
que na verdade opinião pública inexiste.<br />
Mesmo porque, façam o que fizerem,<br />
são eleitos e reeleitos.<br />
Se tudo é processo, foram gestadas<br />
nas mudanças mundiais figuras<br />
malignas, entre as quais se destacam<br />
Mahmoud Ahmadinejad, o fanático<br />
e despótico presidente do Irã, e<br />
Kim Jong-il, o tirano comunista da<br />
Coreia do Norte.<br />
Ahmadinejad, que nega o holocausto,<br />
tem como obsessão destruir Israel.<br />
E enquanto o presidente norte-americano,<br />
Barack Hussein Obama, prefere<br />
as luvas de pelica da diplomacia, Ahmadinejad,<br />
o odiento, avança em seu<br />
programa nuclear pondo em risco não<br />
só Israel, mas todo o mundo.<br />
Quanto ao ditador Kim Jong-il, deu<br />
demonstração de força ao realizar<br />
neste mês de maio seu segundo tessil<br />
tem a ver com tais turbulências?<br />
Respondo que tem a ver com a banalização<br />
do mal. Isto porque, nossa<br />
política externa, comandada de fato<br />
por Marco Aurélio Garcia, tem demonstrado<br />
uma atração irresistível<br />
para o que não presta.<br />
Por exemplo, Ahmadinejad foi convidado<br />
a nos visitar mesmo após seu<br />
discurso violento contra Israel, pronunciado<br />
na conferência sobre racismo<br />
promovida pela ONU. Felizmente<br />
ele cancelou a vinda e pesaram para<br />
isso os protestos de judeus e de movimentos<br />
sociais contra a presença<br />
nefanda. Ahmadinejad deixou, por<br />
assim dizer, seu anfitrião e presidente<br />
da República, Lula da Silva, esperando<br />
no aeroporto.<br />
Kim, chamado de o "Grande Sol do<br />
século 20", também merece a paixão<br />
de nossa diplomacia. Tanto é que pela<br />
que poupa críticas ao governo da Sri<br />
Lanka e evita investigação internacional<br />
sobre crimes de guerra.<br />
Estamos à beira de perder mais um<br />
cargo internacional, entre os muitos<br />
que já perdemos, diante da escolha do<br />
Itamaraty que recai sobre um egípcio<br />
antissemita para diretor da UNESCO,<br />
em detrimento de um brasileiro.<br />
Na América Latina existe um indisfarçável<br />
caso de amor entre Lula<br />
da Silva e seus admirados companheiros<br />
da esquerda caudilhista: Hugo<br />
Chávez, Evo Morales, Rafael Correia,<br />
Fernando Lugo e o eterno ditador do<br />
Caribe, Fidel Castro. Na África o presidente<br />
da República visita ditadores<br />
e pergunta como fazer para ficar tanto<br />
tempo no poder.<br />
Para culminar, o terrorista e assassino<br />
italiano, Cesare Battisti, é<br />
nosso, sem possibilidade de extradiranças<br />
perniciosas manipulam a maiote nuclear. Ele explodiu um artefato primeira vez o Brasil poria uma emção para a Itália. E, segundo Janio de<br />
ria incapaz de discernir sua própria ruí- que pode ter potência comparável à baixada na Coréia do Norte. O presi- Freitas, colunista da Folha de S. Pauna.<br />
Através de conceitos deturpados bomba que os Estados Unidos lançadente Lula da Silva teve que recolher lo, em 26/05/09, "está preso no Brasil,<br />
governos utilizam o "duplipensar", ram em Hiroshima, em 1945. Isto às pressas a tal embaixada, que fi- sob sigilo rigoroso, um integrante da<br />
termo criado por George Orwell em além dos mísseis que vem lançando, cou postergada para quando o tres- alta hierarquia do Al Qaeda, identifi-<br />
"1984". Desse modo, despotismo pas- o que põe em alerta especialmente a loucado tirano, quem sabe, ficar mais cado como responsável pelo setor insa<br />
por democracia. Populismo é visto Coreia do Sul e o Japão. Um dos mís- calmo e parar de provocar o mundo ternacional da organização".<br />
como defesa dos interesses do povo. seis que fazem parte do arsenal da do alto de seus sapatos de platafor- Posteriormente foi dito que o ho-<br />
Arbitrariedades de toda espécie são Coreia do Norte, o Taepodong, pode ma, tentativa de aumentar sua dimimem chamado apenas de K tinha sido<br />
apresentadas como exercício de so- atingir o Alasca e o Havaí. Naturalnuta estatura.<br />
solto e o ministro da Justiça, Tarso<br />
berania. Intoxicadas pela propaganmente tais atos desencadearam a re- Na ONU o Brasil vem consolidan- Genro, defensor da permanência de<br />
da enganosa as massas louvam e culprovação mundial, inclusive, a do Condo a posição de poupar países acusa- Battisti no Brasil, desmentiu o relaciotuam<br />
personalidades equivocadas. selho de Segurança (CS) da ONU. Até dos de violar direitos humanos, como namento de K com a organização ter-<br />
Evolui no mundo o terrorismo que se a China, que sustenta a miserável a Coréia do Norte e o Congo. Tampourorista. Será isso mesmo?<br />
alimenta do fanatismo religioso. Avo- Coreia do Norte se posicionou contra co menciona esses direitos em seus Tudo é aceito com indiferença.<br />
luma-se a corrupção nos meios gover- as provocações do homenzinho. negócios com a China. E votou a favor Tudo está banalizado. Inclusive, o mal.<br />
Desta coluna anunciamos agora,<br />
para os que ainda não sabem, que na<br />
África, Ásia e América Latina não há mais<br />
problemas: a pobreza foi extinta, já não<br />
existem cidadãos analfabetos, os índices<br />
de mortalidade por carência de alimentos<br />
se reduziram a zero, os sistemas<br />
de saúde pública alcançaram a população<br />
em sua totalidade. Também não existem<br />
mais problemas de discriminação<br />
contra mulheres e homossexuais. Deixaram<br />
de se enviar à prisão, sem julgamento,<br />
os opositores políticos e jornalistas<br />
que fazem denúncias contra os governos.<br />
A democracia voltou aos países<br />
que até ontem estavam dominados por<br />
tiranos repugnantes e não há mais perseguições<br />
por motivos étnicos, nem<br />
crença religiosa.<br />
Não há mais problemas no mundo<br />
Como sabemos que estas afirmações,<br />
surpreendentes por si próprias,<br />
estão corretas? Muito simples: há poucas<br />
semanas reuniu-se a Conferência<br />
Mundial da ONU contra o Racismo, a<br />
Discriminação Racial, a Xenofobia e as<br />
Formas Conexas de Intolerância e seu<br />
principal tema de debate foi a relação<br />
de Israel com seus vizinhos palestinos.<br />
Xeques árabes que mantêm escravos<br />
em Bangladesh e em outros lugares<br />
sentaram-se ao lado dos representantes<br />
de prestigiosos "paladinos da<br />
democracia", como alguns ditadores de<br />
conhecida fama, para condenar a Israel<br />
por sua atitude com os palestinos.<br />
Israel adiantou há muito tempo que não<br />
enviaria delegados ao que, a partir de então,<br />
passou a ser considerado como o even-<br />
to antissemita oficial do presente ano. Logo<br />
depois, os Estados Unidos e outros oitopaíses<br />
se somaram a esta postura.<br />
Os enviados do Departamento de<br />
Estado mantiveram reuniões com delegações<br />
de 30 países na intenção de<br />
"moderar" o texto da resolução final do<br />
encontro, que já havia sido redigida, e<br />
nada mais faltava. Ali diz que "Israel é<br />
uma potência racista e de apartheid".<br />
Contém parágrafos dedicados "ao sofrimento<br />
dos palestinos sob ocupação",<br />
entre outras coisas.<br />
Nem uma palavra, é claro, sobre a<br />
verdadeira discriminação e a intolerância<br />
que supõe o viver em um destes "regimes<br />
democráticos". Os delegados da<br />
Síria e da Arábia Saudita certamente<br />
não deram explicações sobre os enfor-<br />
camentos nas praças públicas por delitos<br />
comuns ou sexuais. Os terroristas<br />
palestinos não foram o centro de uma<br />
condenação pelas centenas de foguetes<br />
que continuam lançando contra populações<br />
civis nem tampouco receberam<br />
protestos por assassinar nas ruas<br />
membros de outros grupos palestinos.<br />
Também não houve críticas por roubar<br />
e vender a ajuda humanitária que<br />
recebem para entregar à população da<br />
Faixa de Gaza nem por reter um soldado<br />
israelense, sem sequer permitir que representantes<br />
da Cruz Vermelha possam<br />
visitá-lo, como impõe a norma internacional.<br />
(Publicado no jornal Aurora, decano<br />
da imprensa israelense em espanhol,<br />
na edição nº 2556, de 11 a 15 de<br />
março de 2009. Tradução: Szyja Lorber).
Nahum Sirotsky *<br />
ão se conhecem todos<br />
os detalhes do plano<br />
de paz de Obama para<br />
o conflito israelensepalestino.<br />
Então recordo<br />
que, único jornalista<br />
brasileiro (era meu titulo que escondia<br />
a ignorância de meus 20 anos) cobrindo<br />
as Nações Unidas, de 45/46,<br />
lembro os argumentos para aprovação<br />
da Resolução da Partilha do que<br />
se chamava Palestina entre um país<br />
árabe e outro judeu. A Palestina que<br />
equivalia a cerca de um terço da província<br />
otomana do mesmo nome da<br />
qual o governo inglês, que recebera<br />
um mandato sobre a região da Liga<br />
das Nações no fim da primeira grande<br />
guerra, de 1914/18, precursora das<br />
Nações Unidas, destacara cerca de<br />
dois terços para implantar o Emirado<br />
(Principado) da Transjordânia, hoje<br />
Jordânia. Abdala, um dos dois irmãos<br />
beduínos que haviam apoiado o mitológico<br />
Lawrence Arábia numa revolta<br />
contra os turcos, fora feito Emir.<br />
Seu irmão mais velho, Faiçal, recebera<br />
o trono da Babilônia, hoje Iraque.<br />
Um magnífico filme com a história da<br />
revolta foi feito e é emocionante,<br />
Lawrence da Arábia.<br />
Os irmãos tiveram morte violenta.<br />
Abdala foi assassinado por ára-<br />
Pilar Rahola,<br />
que recebeu<br />
o prêmio<br />
"Senador Ángel<br />
Pulido 2009",<br />
outorgado<br />
anualmente pela Federação das Comunidades<br />
<strong>Judaica</strong>s na Espanha, declarou:<br />
"não estamos num país no qual exista<br />
um problema de religiões", mas que o<br />
principal problema para os judeus "são<br />
alguns de nossos colegas de esquerda<br />
e do jornalismo único".<br />
A jornalista, que denunciou os atos<br />
de antissemitismo que vêm sendo produzidos<br />
na Espanha, e dos quais ela tem<br />
sido vítima por dizer que se trata de um<br />
problema complexo, indicou que intelectuais<br />
e gente importante "tornam-se<br />
imbecis quando falam de Israel".<br />
"Sobre Israel não se debate, se impõe<br />
um pensamento único; repetem-se<br />
Obama não é Aladim<br />
be fanático após as preces de sexta-feira,<br />
dia santo muçulmano, na<br />
saída da mesquita da al Aksa, em<br />
Jerusalém. Faiçal foi massacrado<br />
com toda a sua família em revolução<br />
contra a monarquia. Ambos eram<br />
Husseni, descendentes do Profeta<br />
Maomé, filhos do derrubado rei de<br />
Medina pela tribo dos Saud que hoje<br />
reina na Arábia Saudita de Meca,<br />
Medina e ricas reservas de petróleo.<br />
Trinta e três foi o número anunciado<br />
pelo presidente da Segunda Assembléia<br />
Geral das Nações Unidas, o<br />
gaúcho Oswaldo Aranha, considerando<br />
aprovada a resolução da partilha.<br />
Foi há tanto tempo que às vezes me<br />
sinto pré-histórico. A decisão resultou<br />
de anos de tentativas de pacificar<br />
árabes e judeus. A coexistência<br />
parecia impossível. No Oriente Médio<br />
todos os países são habitados e<br />
divididos entre minorias com tranqüilidade<br />
imposta por autoritários.<br />
A língua brasileira fez do Brasil um<br />
só país. Não é o caso do Oriente Médio<br />
dividido entre religiões, seitas,<br />
etnias, línguas. A partilha logo resultou<br />
em guerras. Passados 61 anos Israel<br />
aumentou de 500 mil a cerca de<br />
seis milhões de judeus e milhão e 500<br />
mil árabes, todos cidadãos israelenses.<br />
Mas de forma geral cada um vive<br />
em seu canto. Nos centros urbanos<br />
árabes elevado percentual não fala o<br />
hebraico ou um hebraico precário.<br />
Uma minoria de judeus fala árabe.<br />
Árabes são isentos de certas obrigações<br />
dos judeus como serviço militar.<br />
Existe um estado de muitas culturas<br />
que não é um estado multicultural<br />
como, por exemplo. Estados Unidos.<br />
Há milhões de refugiados palestinos<br />
nos chamados territórios ocupados<br />
pelos judeus na guerra de 1967. Em<br />
Gaza, mais de milhão e meio. Palestinos<br />
sem direitos políticos espalharam-se<br />
e vivem em países árabes<br />
como estrangeiros. A fórmula de dois<br />
países na mesma terra é a única solução<br />
visível e possível. Os palestinos<br />
são um povo mais aberto à modernidade<br />
do que os seus irmãos árabes.<br />
Com apoio econômico e técnico<br />
poderão criar um estado de grande<br />
potencial de desenvolvimento.<br />
No Oriente Médio nasceram as<br />
três religiões monoteístas, os Mandamentos,<br />
a Bíblia, o Corão, e obras<br />
literárias insuperáveis como as Histórias<br />
das Mil e Uma Noites. Mas<br />
Obama pode ter a visão, mas não tem<br />
poderes mágicos. E presença e orador<br />
irresistíveis, mas não basta. Já<br />
investiu trilhões para salvar a economia<br />
das conseqüências de cínica vigarice<br />
de grandes empresários. Mostrou<br />
a mesma coragem que o elevou<br />
de senador a presidente. Mas ainda<br />
não se pode dizer que venceu.<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
Obama mandou George Mitchell<br />
à região para dizer que quer uma solução<br />
do conflito israelense-palestino<br />
nos próximos dois anos. Mitchell<br />
conhece bem a questão que tentou<br />
resolver em 2.002. A vontade do Presidente<br />
na basta. Digamos que, para<br />
começar, opte-se por tentar traçar as<br />
linhas de fronteira do país que quer<br />
ser estado, Palestina, mas não tem a<br />
infra-estrutura burocrática de governo,<br />
o povo não é unido. Não é provável<br />
Israel aceitar recuar para as linhas<br />
de há 42 anos e os riscos de ter um<br />
país islâmico vizinho e inimigo. Compartilhar<br />
a soberania da cidade antiga<br />
de Jerusalém com um Hamas que<br />
não reconheceu o seu direto de existir<br />
numa região?<br />
Não duvido que o governo israelense<br />
atual confirme apoio à formula<br />
de dois estados.<br />
Não há alternativa. O chefe do<br />
governo deve discursar domingo e<br />
talvez faça isto. Mas é um longo caminho<br />
cheio de obstáculos a serem<br />
superados. Dois anos? Chega a ser<br />
piada. Há milhares de anos que os judeus<br />
rezam "paz para nós a todo o<br />
povo". "Shabat Shalom", Sábado de<br />
Paz, desejam uns aos outros no Shabat,<br />
o sétimo dia de criação, e como<br />
escrito de descanso de D-us.<br />
Mas Obama não é Aladim.<br />
Pilar Rahola: "Intelectuais e gente importante<br />
tornam-se imbecis quando falam de Israel"<br />
os clichês e cai-se num maniqueísmo<br />
de bons e maus que não ajuda ninguém.<br />
É a derrota do jornalismo espanhol".<br />
Pilar Rahola teve palavras de agradecimento<br />
pelo "orgulho e o alívio que<br />
supõe ver que alguém te quer", mas<br />
também o prêmio - acrescentou - traz<br />
uma enorme responsabilidade que te<br />
leva a implicar-se mais, a comprometer-se<br />
mais "em cair de cara com a palavra<br />
nas trincheiras" nas quais ainda<br />
há muito o quem fazer.<br />
A premiada dirigiu estas palavras ao<br />
ministro de Justiça, Francisco Caamaño,<br />
que estava entre os assistentes ao ato,<br />
e que havia expressado o propósito do<br />
Governo de "manter-se vigilante e beligerante"<br />
contra qualquer reaparição<br />
do antissemitismo.<br />
"Nenhuma sociedade que se considere<br />
decente, disse Caamaño, pode esquecer<br />
o Holocausto. Tolerância zero com o<br />
antissemitismo", afirmou categórico, em<br />
respostas à intervenção de Jacobo Israel,<br />
presidente da Federação de Comunidades<br />
<strong>Judaica</strong>s, que denunciara o crescimento<br />
de atos de antissemitismo na Espanha.<br />
Caamaño referiu-se à reforma da Lei<br />
da Liberdade Religiosa em trâmite, reforma<br />
que busca, explicou, estabelecer<br />
as regras de convivência e a melhor<br />
política de igualdade e de equiparação<br />
em relação às confissões religiosas,<br />
respeitando as diferenças.<br />
Jacobo Israel, que abriu o ato, assinalou<br />
que a comunidade judaica espanhola<br />
"está com a legitimidade do Estado<br />
de Israel, independentemente de qual<br />
seja seu Governo", e citou casos recentes<br />
de antissemitismo na Espanha por<br />
causa da recente operação israelense em<br />
Gaza, e enfatizou que "queremos a paz<br />
com todos os vizinhos, a paz para todos".<br />
Avaliou as atuações do governo es-<br />
15<br />
* Nahum Sirotsky<br />
é jornalista,<br />
correspondente<br />
da RBS e do<br />
Último Segundo/IG<br />
em Israel. A<br />
publicação<br />
exclusiva desta<br />
coluna tem a<br />
autorização do<br />
autor.<br />
panhol em torno da liberdade religiosa<br />
e o reconhecimento das minorias, assim<br />
como o trabalho que a respeito vem<br />
sendo realizado pela Fundação Pluralismo<br />
e Convivência, e agregou que "necessitamos<br />
que o Estado avance na<br />
neutralidade religiosa e que se resolvam<br />
alguns problemas".<br />
E citou a respeito a atenção religiosa<br />
nos quartéis, a necessidade de terrenos<br />
públicos para a construção de sinagogas,<br />
o avanço do antissemitismo,<br />
a conservação do patrimônio e um sistema<br />
de financiamento estável.<br />
Durante o evento, Enrique Múgica,<br />
que recebeu o prêmio "Senador Ángel<br />
Pulido" no ano passado, apresentou Pilar<br />
Rahola, enquanto que o embaixador<br />
de Israel na Espanha, Raphael Schtz<br />
expressou seu reconhecimento e amizade<br />
à homenageada, por sua defesa<br />
do Estado de Israel.
16 ○<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
OLHAR<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
HIGH-TECH<br />
○<br />
Etiqueta inteligente monitora<br />
gripe suína<br />
Foi desenvolvida em Israel uma etiqueta<br />
inteligente capaz de monitorar<br />
doenças em animais e pode ser usada<br />
para evitar a propagação da gripe<br />
suína, segundo os inventores. A empresa<br />
CartaSense, criadora da tecnologia<br />
diz estar já em negociação com<br />
várias empresas do setor alimentar<br />
para começar a produção em massa.<br />
A etiqueta reúne um sensor, uma pequena<br />
bateria, um micro controlador,<br />
uma memória e um circuito de radiofrequência<br />
que transmite informação<br />
a uma unidade de controle. As etiquetas<br />
são úteis para ajudar os grandes<br />
criadores de animais a monitorar os<br />
dados vitais do seu gado, fato extremamente<br />
importante numa altura em<br />
que se prevê uma pandemia de gripe<br />
suína. (El Mundo).<br />
Sistema para videogames Xbox<br />
Através da 3DV Systems, empresa israelense<br />
especializada em equipamentos<br />
3D, a Microsoft está desenvolvendo<br />
uma câmera para o videogame<br />
Xbox 360 que vai reconhecer<br />
os movimentos do jogador em games<br />
mais intuitivos, ao estilo Nintendo<br />
Wii. A câmera reconheceria movimentos<br />
tridimensionais e seria mais<br />
precisa que outros acessórios semelhantes.<br />
O novo sistema de jogo não<br />
exigiria controles especiais como o<br />
Remote, do Nintendo Wii. (Cambici -<br />
Câmara Brasil-Israel de Comércio e<br />
Indústria).<br />
Controle natural contra roedores<br />
Corujas e gaviões estão sendo empregados<br />
por fazendeiros no Oriente<br />
Médio para controlar pestes de roedores<br />
na agricultura. Eles estão instalando<br />
caixas para encorajar a construção<br />
de ninhos pelos pássaros, que<br />
são predadores naturais dos roedores.<br />
Um casal de corujas pode consumir<br />
até 2.000 roedores em um ano.<br />
A iniciativa, que pretende reduzir o<br />
uso de pesticidas tóxicos na agricultura,<br />
foi transformada em um programa<br />
com financiamento do governo israelense.<br />
Agora, cientistas e organizações<br />
pela conservação da natureza<br />
da Jordânia e dos territórios palestinos<br />
se uniram ao esquema. (Jornal<br />
Alef).<br />
Bahia pode usar irrigação por<br />
gotejamento<br />
O sistema de irrigação por gotejamento<br />
subterrâneo usado em Israel<br />
pode ser uma referência para as culturas<br />
irrigadas da Bahia. O sistema<br />
possibilita conjugar, com economia<br />
de água, uma irrigação de alta eficiência,<br />
usando o gotejamento, com<br />
a mecanização agrícola, comum em<br />
grandes áreas, a exemplo da produção<br />
de grãos e da cana-de-açúcar. A<br />
técnica já é utilizada com sucesso em<br />
alguns países, inclusive no Brasil, em<br />
Alagoas. A intenção é que a experiência<br />
possa orientar o plantio de<br />
cana-de-açúcar no Estado, no âmbito<br />
do programa "Bahiabio", que prevê<br />
a ocupação de uma área de cerca<br />
de 800 mil hectares. (Jornal Alef).<br />
Descoberta peça de três mil anos<br />
Arqueólogos em escavação no Monte<br />
das Oliveiras, em Jerusalém, descobriram<br />
uma asa de jarro de quase<br />
3.000 anos que traz uma antiga inscrição<br />
hebraica. O achado é o mais<br />
antigo dos artefatos descobertos na<br />
velha cidade. Na asa, da Idade do Ferro,<br />
está inscrito o nome hebreu "Menachem",<br />
que foi o nome de um rei<br />
israelita. A inscrição inclui ainda uma<br />
letra parcialmente intacta, o caractere<br />
hebraico "lamed", que significa<br />
"para". De acordo com Ron Beeri, que<br />
diretor da escavação, isso sugere que<br />
a jarra foi um presente para alguém<br />
chamado Menachem. Não há indício<br />
de que a inscrição se refira ao rei. O<br />
mesmo nome e versões variantes já<br />
foi encontrado em cerâmica egípcia<br />
de até 3.500 anos atrás, e a Bíblia<br />
menciona Menachem Ben Gadi como<br />
um antigo rei de Israel. Mas é a primeira<br />
vez que um artefato com esse<br />
nome é descoberto em Jerusalém. De<br />
acordo com o especialista, o vasilhame<br />
a que a asa pertencia não foi resgatado,<br />
então é impossível dizer para<br />
que era usado. Vasilhames semelhantes<br />
podiam conter produtos como<br />
óleo ou trigo. (Jornal Alef).<br />
Cooperação espacial com a Índia<br />
A Agência Espacial Índia Isro colocou<br />
em órbita seu primeiro satélite espião<br />
adquirido em Israel. A cooperação<br />
Índia-Israel neste setor assumiu<br />
dimensões significativas quando, em<br />
janeiro de 2008, a Índia contribuiu<br />
para colocar em órbita o satélite espião<br />
israelense TecSar de última geração,<br />
dotado de instrumentos capazes<br />
de ler desde o espaço a placa de<br />
um automóvel (Revista Horizonte).<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Quatro homens acusados de planejar<br />
atentados contra uma sinagoga em Nova<br />
York e contra aeronaves militares numa base<br />
aérea das proximidades compareceram a um<br />
tribunal da cidade e foram indiciados dia 21/<br />
5. Eles usaram armas "falsas" fornecidas sob<br />
orientação do FBI e das autoridades novaiorquinas.<br />
Os suspeitos foram identificados<br />
como sendo James Cromitie, David Williams,<br />
Onta Williams e Laguerre Payen. De acordo<br />
com o jornal The New York Times, três deles<br />
seriam cidadãos americanos e o outro haitiano.<br />
Todos residem nos EUA.<br />
Segundo a promotoria, Cromitie teria lamentado<br />
que "o melhor alvo", as Torres Gêmeas<br />
do World Trade Center, derrubadas nos<br />
ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova<br />
York, não estariam mais disponíveis.<br />
O promotor Eric Snyder os descreveu<br />
como "homens extremamente violentos" e<br />
"desejosos de levar morte aos judeus".<br />
Os suspeitos são acusados de planejar,<br />
além dos atentados, o uso de armas de destruição<br />
em massa em território americano e<br />
a compra e o uso de mísseis antiaéreos.<br />
Caso condenados, segundo a promotoria<br />
de Nova York, eles podem pegar penas que vão<br />
de 25 anos de detenção à prisão perpétua.<br />
Investigação<br />
Investigação<br />
Israel reabrirá Consulado<br />
em São Paulo<br />
O Ministério das Relações Exteriores de<br />
Israel planeja abrir um novo Consulado Geral<br />
em São Paulo até 2010. O chanceler israelense<br />
Avigdor Liberman informou 19/5<br />
pessoalmente por telefone ao chanceler brasileiro,<br />
Celso Amorim, a novidade.<br />
Nos últimos anos houve um considerável<br />
crescimento nas relações econômicas<br />
entre os dois países, como o acordo assinado<br />
de livre comércio entre o Mercosul e<br />
o Estado de Israel, por exemplo. Hoje existem<br />
mais de 150 escritórios representando<br />
empresas israelenses em São Paulo, e<br />
cada vez mais companhias tem interesses<br />
em desenvolver negócios no Brasil. Em<br />
2008 houve um aumento de mais de 35%<br />
no intercâmbio comercial entre os dois países<br />
e o fechamento do ano ultrapassou 1,5<br />
bilhões de dólares.<br />
Desde o início de maio deste ano a El-Al<br />
Israel Airlines opera um vôo direto entre Tel-<br />
Aviv e São Paulo. São três viagens semanais<br />
entre os dois países, o que consequentemen-<br />
TERRORISMO<br />
TERRORISMO<br />
Os suspeitos teriam planejado detonar<br />
explosivos em uma sinagoga do Bronx e lançar<br />
mísseis terra-ar modelo Stinger contra<br />
aeronaves militares em uma base aérea na<br />
cidade de Newburgh, que fica a cerca de 60<br />
km ao norte de Nova York.<br />
te gerou um aumento no turismo de pessoas<br />
e de negócios entre Brasil e Israel.<br />
Mas o motivo da reabertura do Consulado<br />
não é somente econômico. Ambos os<br />
países mantém relações bilaterais para cooperação<br />
cientifica, tecnológica, acadêmica,<br />
nos campos de saúde e agropecuária,<br />
além de cooperações e trocas culturais. Israel<br />
também quer fortalecer as relações com<br />
as comunidades judaicas de São Paulo e do<br />
Sul do Brasil. Todos estes dados mostram a<br />
necessidade de uma nova representação<br />
israelense na cidade, além dos escritórios<br />
da Missão Econômica e do Ministério do<br />
Turismo de Israel já existentes.<br />
Hoje os brasileiros não precisam de visto<br />
para visitar Israel e o mesmo vale para<br />
israelenses visitarem o Brasil. Ambos os<br />
países mantém um acordo que permite a<br />
entrada de seus cidadãos e a permanência<br />
nos dois países (como turistas) por até três<br />
meses, salvas as exceções, sem a necessidade<br />
de visto.<br />
Indiciados os acusados de planejar<br />
Atentados contra sinagogas em NY<br />
Segundo as autoridades americanas, as<br />
investigações contra os suspeitos começaram<br />
em junho de 2008. Um informante do FBI se<br />
encontrou com James Cromitie afirmando pertencer<br />
a uma organização terrorista.<br />
Na ocasião, o suspeito teria expressado<br />
interesse em integrar a organização<br />
para "fazer a jihad", e se disse triste com<br />
o fato de muitos muçulmanos estarem sendo<br />
mortos no Afeganistão e Paquistão por<br />
forças americanas.<br />
Munido de equipamentos de áudio e uma<br />
câmera escondida, o informante do FBI manteve<br />
outros encontros com os suspeitos, que<br />
manifestaram interesse em promover ataques<br />
contra alvos em Nova York, incluindo a<br />
sinagoga e a base aérea.<br />
De acordo com as autoridades, os suspeitos<br />
chegaram inclusive a fazer fotos de<br />
seus alvos para planejar os atentados.<br />
Eles foram presos ao comprar mísseis e<br />
explosivos falsos do informante do FBI.<br />
"Os acusados queriam empreender ataques<br />
terroristas. Eles selecionaram os alvos<br />
e buscaram as armas necessárias para colocar<br />
seu plano em prática", afirmou Lev L.<br />
Dassin, procurador federal em exercício para<br />
o Distrito Sul de Nova York.<br />
"Embora as armas fornecidas pelo informante<br />
fossem falsas, os réus achavam que<br />
elas eram reais".<br />
"Eles queriam atacar aviões militares<br />
com mísseis terra-ar e destruir uma sinagoga<br />
e um centro da comunidade judaica usando<br />
explosivos plásticos", disse o procurador.
m São Paulo quase 40<br />
pessoas estão sendo<br />
investigadas pela<br />
Delegacia de Crimes<br />
Raciais e Delitos de<br />
Intolerância (Decradi),<br />
suspeitas de integrar o grupo<br />
neonazista liderado por Ricardo<br />
Barollo, preso e acusado de ser o<br />
mandante da morte de um casal de<br />
integrantes do movimento no Paraná.<br />
Segundo a delegada Margarette<br />
Barreto, titular da Decradi, cerca de<br />
25 grupos neonazistas atuam no Estado,<br />
mas o de Barollo, denominado<br />
Neuland, é considerado o mais organizado<br />
ideologicamente, possuindo<br />
inclusive atuação política. Além<br />
de São Paulo, os neonazistas estão<br />
sendo investigados em Minas Gerais,<br />
no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa<br />
Catarina.<br />
O grupo Neuland tem células em<br />
atuação na capital paulista, onde está<br />
o maior número de participantes, e<br />
nas cidades de Campinas, Sorocaba<br />
e Limeira. Além de Barollo, foi indiciado<br />
também por crime ligado à ação<br />
do grupo, Alessandro Martines, 31<br />
anos, preso em 13 de junho de 2008,<br />
em Santo André, no ABC paulista, com<br />
147 itens de armamentos, entre espingardas,<br />
pistolas, carabinas, carregadores,<br />
munição e facas Butterfly.<br />
O recrudescimento da ação do<br />
grupo, com compra de armamentos<br />
em grande quantidade, teria sido, segundo<br />
a polícia gaúcha, a principal divergência<br />
que levou ao assassinato<br />
dos estudantes Bernardo Dayrell Pedroso,<br />
de 24 anos, e de Renata Waechter<br />
Ferreira, de 21 anos, ocorrido<br />
em 21 de abril passado no km 6 da<br />
BR-116, no município de Quatro Barras,<br />
no Paraná.<br />
Os integrantes do Neuland têm<br />
entre 16 e 40 anos, mas não é descartada<br />
a presença de outros mentores.<br />
Barollo, por exemplo, aparece<br />
como financiador de cursos de informática<br />
e compra de computadores a<br />
jovens integrantes do grupo, mas não<br />
há informações de como obteve os<br />
recursos. Funcionário de uma construtora,<br />
ele recebia salário mensal em<br />
torno de R$ 10 mil, segundo o delegado<br />
Paulo César Jardim, responsável<br />
pela investigação.<br />
Investigação Investigação no no RS<br />
RS<br />
A Polícia Civil investiga a compra<br />
de armas por parte de um grupo neonazista<br />
do Rio Grande do Sul. Duas testemunhas,<br />
de dez supostos integrantes<br />
do movimento convocados para depor,<br />
disseram que foram adquiridas entre 30<br />
e 40 armas. Entre o armamento, há revólveres<br />
e pistolas, mas haveria também<br />
duas metralhadoras no arsenal.<br />
As armas estariam com pelo menos<br />
quatro dos cinco proprietários<br />
das residências em que foram encontrados<br />
materiais de apologia ao<br />
nazismo. As apreensões ocorreram<br />
em Cachoeirinha, Viamão, Porto<br />
Alegre, Alvorada, Caxias do Sul e<br />
Bento Gonçalves.<br />
A operação teve como objetivo<br />
detectar uma célula neonazista no<br />
Rio Grande do Sul, de acordo com a<br />
Polícia Civil. Foram apreendidos livros,<br />
camisetas, CDs e DVDs relacionados<br />
à ideologia. Também foram recolhidas<br />
três bombas de fabricação<br />
caseira e facas.<br />
As buscas prosseguiram no interior<br />
do Estado onde se investiga a conexão<br />
desse grupo Neuland com outros<br />
do Uruguai e da Argentina. Segundo<br />
a polícia, Jairo Fischer, apontado<br />
como líder do movimento, foi<br />
preso em Teutônia, no interior do Rio<br />
Grande do Sul, sob suspeita de homicídio.<br />
Ele teria adquirido a arma em<br />
um dos países vizinhos.<br />
Além disso, o grupo teria contatos<br />
com facções do Chile, Inglaterra<br />
e França. A polícia investiga ainda se<br />
Neuland tem envolvimento com outros<br />
dez assassinatos. O grupo também<br />
estaria financiando cursos de<br />
fabricação de bombas caseiras, que<br />
seriam utilizadas no ataque a sinagogas<br />
e homossexuais.<br />
Articulação Articulação política<br />
política<br />
A quadrilha de neonazistas que<br />
começou a ser desarticulada no Rio<br />
Grande do Sul pretendia realizar atentados<br />
a sinagogas no país e pelo menos<br />
50 pessoas estão envolvidas no<br />
movimento apenas em cidades gaúchas.<br />
Segundo o delegado Paulo César<br />
Jardim, titular do 1° DP de Porto<br />
Alegre, responsável pela investigação,<br />
o grupo articula também candidaturas<br />
políticas em pequenas cidades. Para<br />
atrair adeptos entre os que não têm<br />
simpatia pela ideologia nazista, integrantes<br />
do movimento passaram a<br />
colecionar casos de homicídios praticados<br />
por negros em todo o país.<br />
"Não estamos lidando com marginais<br />
ou traficantes comuns. Eles<br />
acreditam que existam sub-raças e se<br />
organizam em torno desta idéia", disse<br />
o delegado Jardim.<br />
Material de propaganda nazista foi<br />
apreendido em residências de cinco<br />
municípios gaúchos. Entre as cerca de<br />
300 peças e documentos apreendidos<br />
foi achado o plano de ataques a sinagogas,<br />
além de identificada a compra<br />
de pelo menos 40 armas, incluindo<br />
metralhadora e submetralhadora. Os<br />
neonazistas são ainda suspeitos de 10<br />
mortes nos últimos 60 dias.<br />
A primeira cidade em que os par-<br />
tidários do neonazismo pretendia lançar<br />
candidato fica em Santa Catarina.<br />
Segundo Jardim, dois grupos neonazistas<br />
estão identificados nos quatro<br />
estados. O mais antigo deles é o<br />
Blood & Honor (Sangue e Honra),<br />
acompanhado há cerca de oito anos<br />
pela polícia gaúcha. O outro é o Neuland<br />
(terra nova, em alemão), cuja<br />
criação é atribuída ao economista<br />
paulista Ricardo Barollo, de 33 anos.<br />
Segundo Jardim, os dois jovens<br />
mortos no Paraná foram assassinados<br />
porque discordaram dos atentados<br />
que começaram a ser planejados pelas<br />
pessoas ligadas ao grupo Neuland.<br />
A polícia gaúcha não descarta a possibilidade<br />
de envolvimento de empresários<br />
e executivos.<br />
O braço político, além de organizar<br />
candidaturas, tem como objetivo<br />
cooptar novos participantes, a quem<br />
chamam de "soldados". Boa parte dos<br />
novos adeptos são jovens. O líderes,<br />
como o Barollo, alugam sítios e convidam<br />
pessoas de seu relacionamento,<br />
que por sua vez convidam outras.<br />
Nesta reunião, a doutrina é divulgada.<br />
Os que aceitam participar, porém,<br />
são submetidos a testes de coragem<br />
e enfrentamento. E fazem juramento<br />
similar ao da máfia, diz o delegado.<br />
Fazem ainda juramento de lealdade:<br />
"Se tu me traíres, só tem um destino:<br />
a morte" .<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
Grupos neonazistas desmantelados e<br />
investigação prossegue em 5 Estados<br />
Três hotéis de Alexandria,<br />
a segunda maior cidade do Egito,<br />
se recusaram a receber um<br />
evento organizado pelo consulado<br />
israelense que celebraria<br />
os 61 anos da criação de Israel,<br />
comemorado em maio.<br />
Segundo a imprensa egípcia,<br />
os hotéis tomaram a decisão<br />
por temer um boicote por<br />
parte de seus turistas árabes,<br />
seus maiores clientes.<br />
A imprensa também especulou<br />
que a realização do<br />
evento em Alexandria poderia<br />
provocar uma reação negativa<br />
em membros de facções<br />
palestinas que devem participar<br />
de um evento no Cairo<br />
para promover o diálogo e a<br />
reconciliação desses grupos.<br />
"Uma celebração israelense<br />
no Egito poderia desagradar alguma<br />
facção palestina e prejudicar<br />
os esforços do governo<br />
egípcio para este encontro", disse<br />
um jornal em seu editorial.<br />
Integrantes de grupos neonazistas presos no Paraná<br />
Armas e muita propaganda foi encontrada<br />
nas casas dos neonazistas gaúchos<br />
Jardim afirmou que o trabalho de<br />
acompanhamento destes grupos é<br />
permanente e os estados envolvidos<br />
têm trocado informações. Segundo<br />
ele, o crime só pode ser punido em<br />
fase de execução, não de planejamento,<br />
se não houver provas.<br />
Hotéis egípcios recusam<br />
evento de aniversário de Israel<br />
Um deputado egípcio teria<br />
inclusive enviado uma carta ao<br />
Parlamento do país agradecendo<br />
publicamente os três hotéis<br />
por terem tomado a decisão.<br />
Alexandria é um grande<br />
destino de turistas de várias<br />
partes do mundo, especialmente<br />
do Oriente Médio.<br />
O Egito foi o primeiro país<br />
árabe a assinar um acordo de<br />
paz com Israel, em 1979, mas a<br />
relação entre os dois países<br />
sempre foi fria.<br />
Além de Egito, a Jordânia<br />
também possui relações diplomáticas<br />
com Israel, que<br />
possui embaixadas nos dois<br />
países árabes.<br />
O cônsul de Israel em Alexandria,<br />
Hassan Ka'bia, um árabe-isralelense,<br />
ficou frustrado<br />
em não poder levar adiante a<br />
celebração, viajando ao Cairo<br />
para protestar contra a decisão<br />
do governo egípcio.<br />
17<br />
No ano passado, Ka'bia organizou<br />
a celebração pelos 60<br />
anos do Estado de Israel e contou,<br />
inclusive, com a presença<br />
de políticos de Alexandria.<br />
O próprio presidente do<br />
Parlamento se viu envolvido em<br />
outra polêmica recentemente<br />
quando recebeu um convite<br />
para visitar o Parlamento israelense,<br />
o Knesset, mas jornais revelaram<br />
que ele não pretendia<br />
aceitar o convite.<br />
Sorour negou que tivesse<br />
recusado o convite, mas disse<br />
que só visitaria Israel se isso<br />
lhe fosse pedido pelo Parlamento<br />
do Egito.<br />
"Mas acho isso impossível<br />
porque o Parlamento condena<br />
as ações contra a paz feitas por<br />
Israel", declarou ele aos jornais.<br />
Ele explicou que só visitaria<br />
Israel se a paz fosse atingida<br />
e um Estado palestino fosse<br />
criado, com Israel desocupando<br />
os territórios ocupados.
18<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
A segunda shlichut da nova presidente da Na'amat<br />
Pioneiras Brasil, Céres Maltz Bin, iniciou em São Paulo,<br />
em 14/5, quando participou com outras chaverot,<br />
do ato central de Iom Haatzmaut na Hebraica, e de<br />
uma reunião com suas assessoras.<br />
As pioneiras de Curitiba com a nova presidente da<br />
Na'Amat Céres Maltz Bin e com Claudio Goldman, no<br />
evento dedicado ao Dia das Mães, no Hotel Radisson<br />
Prosseguindo com a shlichut, Ceres esteve em Curitiba,<br />
onde conversou com as chaverot do novo grupo<br />
de Dor Hemshech, Tzeirot, e também da comemoração<br />
do Dia das Mães no Hotel Radisson, onde<br />
realizou-se um jantar com show do cantor Cláudio<br />
Goldman e uma homenagem a Eti Fontes, fundadora<br />
voluntária do Hospital Pequeno Príncipe, entidade<br />
essa para a qual foi revertida a renda do evento.<br />
No domingo 17/5, no CIP teve a<br />
palestra "Arte e Ficção. Um desdobrar<br />
da memória?" A psicóloga<br />
Elisabete Tassi Teixeira (foto)<br />
falou sobre o livro Merkabah, o<br />
relato de uma família judia de<br />
nossa comunidade e seu desdobramento<br />
no tempo e na memória.<br />
Houve programação musical<br />
com a violinista Íris Knopfholz e foi servido um<br />
lanche, depois de distribuído o livro, escrito por<br />
Elisabete Tassi Teixeira 'para aqueles que não<br />
esqueceram'. A iniciativa toda começou com o<br />
interesse de Selma Morgenstern Axelrud pela<br />
história de seus familiares, os Zak, em Hubieszow,<br />
na Polônia, antes da Segunda Guerra Mundial<br />
e também os bisavós dela das famílias Chamecki,<br />
Morgenstern e Goldman.<br />
A instituição "Amigos de la Universidad de Tel Aviv<br />
de habla hispana" está convidando para a conferência<br />
magistral que será realizada pela escritora e jornalista<br />
Pilar Rahola, qualificada como "valente lutadora,<br />
comprometida com os valores da liberdade,<br />
justiça e paz". O título da conferência é: "A importância<br />
de Israel para a liberdade, a democracia e a<br />
segurança no mundo". A apresentação dela será<br />
feita pelo engenheiro Eduardo Bigio, no auditório<br />
Smolarz, em Tel Aviv, israel, dia 26/6 às 11h. A entrada<br />
é franca, mas pede-se a contribuição de 10 shekels<br />
para bolsas estudantis.<br />
Uma grata surpresa para muita gente da comunidade<br />
- e de fora também - foi a estréia do programa de<br />
TV "Shalom Paraná", no domingo 7 de junho, às 12h,<br />
pelo canal 20 da Net. O programa que terá sequência<br />
todos os domingos será sempre reprisado às terças-feiras<br />
às 22h30 e às quintas-feiras às 21h no mesmo<br />
canal. A iniciativa é da nova diretoria da Federação<br />
Israelita do Paraná para divulgar a cultura de<br />
Israel e do judaísmo. A apresentação é da jornalista<br />
Danielle Sommer, com participação de Marina Feldman,<br />
Diana Axelrud e Leo Kriger. A direção do programa<br />
é de André Osna.<br />
Sugestões de temas ou entrevistas para o programa<br />
de TV Shalom Paraná podem ser enviadas pelo<br />
e-mail shalom@kehila.com.br<br />
O Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar - CIAM<br />
(www.ciam.org.br), presidido por Anna Schvartzman,<br />
promoveu dia 6/6 concorrida avant-premiére<br />
da peça 'Gloriosa', para marcar o início das comemorações<br />
dos 50 anos de trabalho da entidade.<br />
Fernando Lottenberg, vice-presidente do CIAM,<br />
abriu a noite agradecendo a Porto Seguro, Bradesco,<br />
Bonsucex e GAS Investimentos, patrocinadores<br />
do evento, e também os apoiadores Tecnisa<br />
e Banco Safra, e colaboradores - Buffet França,<br />
Chris Ayrosa, Ciro Lilla, Dentsu e DPZ.<br />
Lottenberg destacou a presença de familiares de<br />
Harry Fromer, fundador do CIAM junto com outros<br />
integrantes da comunidade judaica paulista.<br />
Depois, falou em breves palavras como é o trabalho<br />
feito pela entidade que, de forma pioneira,<br />
vem promovendo a inclusão social e o desenvolvimento<br />
de crianças, jovens e adultos com deficiência<br />
intelectual, sem distinção de gênero, religião<br />
ou etnia, do nascimento até a terceira idade.<br />
Relatou sobre os milhares de atendimentos feitos<br />
pelo CIAM, anualmente, contemplando famílias<br />
carentes do Jaguaré, Osasco e regiões<br />
próximas de onde funcionam o Centro de Educação<br />
e Desenvolvimento e o Centro de Estimulação<br />
Essencial. Destacou o apoio da entidade<br />
às escolas da rede pública e particular, proporcionando<br />
recursos teóricos e práticos para<br />
favorecer sua transformação em escolas realmente<br />
para todos. E discorreu sobre a Aldeia da<br />
Esperança, um conceito inédito de moradia assistida<br />
vitalícia para pessoas com deficiência intelectual<br />
e distúrbios psiquiátricos, e sobre o<br />
moderno Centro de Reabilitação e Hidroterapia,<br />
ambos localizados em Franco da Rocha.<br />
Na sequência foram apresentados dois pequenos<br />
filmes produzidos em 2007, que demonstram<br />
como o CIAM vê o mundo e desenvolve seus projetos.<br />
Lottenberg finalizou agradecendo a presença<br />
e apoio de todos, com as seguintes palavras:<br />
"Convidamos para que continuem conosco<br />
nos próximos 50 anos - até porque, diferentemente,<br />
da cantora Florence Jenkis, cuja história<br />
assistiremos a seguir, nossa parceria será sempre<br />
afinadíssima!".<br />
Ao fim do espetáculo, a presidente do CIAM Anna<br />
Schvartzman subiu ao palco para entregar flores<br />
à Marília Pêra, protagonista da peça, que agradeceu<br />
aos presentes e ao CIAM, pela oportunidade.<br />
A presidente do CIAM Anna Schvartzman<br />
(D) entrega flores à atriz Marília Pêra<br />
A renda do evento foi revertida às obras assistenciais<br />
do Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar-CIAM,<br />
que completa 50 anos de ininterrupta<br />
batalha em prol da cidadania da pessoa<br />
com deficiência intelectual.<br />
A Escola Israelita Brasileira Salomão Guelman fechou a campanha<br />
do leite em pó de Shavuot com a visita de um representante do<br />
Lar O Bom Caminho, entidade filantrópica que atende crianças de<br />
zero a dois anos. Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer<br />
um pouco mais sobre essa instituição e ao mesmo tempo praticar<br />
a Tsedaká!<br />
Concluindo as atividades de Shavuot de 4ª a 8ª séries, o volume<br />
de frutas, verduras e grãos comprado e arrecadado na visita ao<br />
Mercado Municipal dia 3/6, foi doado ao Instituto Paranaense de<br />
Cegos. Mais uma vez, os alunos da EIBSG mostraram que Tsedaká<br />
se aprende na prática!<br />
Na última semana de junho, estão programadas visitas dos alunos<br />
da Escola Israelita a instituições beneficentes, com o objetivo<br />
de colocar em prática o Projeto Mitzvá, esse ano ligado à sacola<br />
literária, um projeto de Língua Portuguesa. Os alunos e professores<br />
visitarão diferentes lugares como: Hospital Pequeno Príncipe,<br />
Instituto Paranaense de Cegos, Casa Chai, Residência para idosos<br />
Felicitá e Creche Vó Ester e contarão histórias, promoverão atividades<br />
e passarão algumas horas agradáveis praticando o bem. A<br />
escola acredita que esse projeto é a semente para a formação de<br />
cidadãos conscientes.<br />
Dia 17/6 aconteceu no CIP a 4ª Feira do Livro Judaico promovida<br />
pelo Beit Chabad de Curitiba. Foi uma oportunidade para adquirir<br />
literatura e livros religiosos judaicos com desconto de 20%.<br />
Pouco antes, o rabino Avraham Beuthner, autor de livros sobre<br />
a Cabalá em português, proferiu a interessante palestra "A Cabala<br />
mística de Shabat". Houve ainda uma exposição de mesas<br />
de shabat promovida pelas entidades.<br />
De 14 a 18 de maio,<br />
aconteceu num clima<br />
de muita confraternização<br />
e aprendizado,<br />
o XII Congresso<br />
Wizo Latino<br />
Americano no Panamá.<br />
Dentre todas as<br />
No centro da foto a presidente da<br />
Wizo Panamá Estela Faskha, ladeada<br />
pelas chaverot da Wizo de Curitiba<br />
delegações participantes, destacou-se a do Brasil por seu<br />
maior número de participantes. De Curitiba estiveram presentes<br />
as chaverot: Edi Balid, Elizabeth Kulisch, Helena Grimbaum,<br />
Regina Brener, Regina Morgernstern e Vera Sasson.<br />
A Wizo vai comemorar no próximo 1º de agosto o Dia dos<br />
Pais, realizando um grande Bingo com jantar, excelentes<br />
prêmios e sorteios. Em breve, mais informações.<br />
Dia 27/6 (um sábado), às 19h30, no CIP, o Grupo Apoio e a<br />
Kehilá vão apresentar uma peça teatral formada por um<br />
sketchs humorísticos sob o nome "Era Assim...". O espetáculo<br />
é comemorativo aos 120 anos da imigração da comunidade<br />
judaica no Paraná. Participam, entre outros artistas,<br />
Victor Hertz, Clara Grimberg, Sarita Kulisch Fatuch, José<br />
Jakobson, Ethel Klein, Sandra Coelho, Edna e Luis Fernando<br />
Boros, Regina Boscardin, Busia Finkiel, Alexandre Distefano e<br />
Geni Aisemberg. Um evento que não pode ser perdido.<br />
O prefeito Beto Richa reuniu-se dia 2/6 no salão Brasil da<br />
Prefeitura, com representantes de 80 jornais de bairro e de<br />
segmentos étnicos de Curitiba. Foi uma oportunidade para<br />
troca de idéias sobre assuntos de interesse das comunidades<br />
locais e de toda a cidade. "Esses jornais acompanham a<br />
vida dos moradores e conhecem as demandas locais. Ao mostrarem<br />
a realidade de seus bairros e fiscalizarem o trabalho<br />
da Prefeitura, nos ajudam a administração a se tornar cada<br />
vez mais eficiente", afirmou Richa, que esteve acompanhado<br />
do vice-prefeito, Luciano Ducci, dos secretários municipais<br />
de Comunicação, Marcelo Cattani, de Governo, Rui Hara,<br />
e dos vereadores Mário Celso Cunha e Francisco Garcez.<br />
Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail:<br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
Discurso de Obama no Cairo:<br />
novo começo entre EUA e mundo islâmico<br />
Os laços entre Israel e os EUA<br />
são inquebrantáveis;<br />
Da mesma maneira que não se<br />
pode negar o direito de Israel existir,<br />
tampouco se pode aos palestinos;<br />
Os palestinos devem abandonar<br />
a violência; a resistência por<br />
violência e mortes é errada<br />
presidente dos Estados<br />
Unidos, Barack<br />
Obama, sugeriu em<br />
discurso dia 4/6 no Cairo<br />
"um novo começo"<br />
entre os Estados Unidos e<br />
os muçulmanos de todo o mundo, e<br />
afirmou que "o ciclo de suspeitas e<br />
discórdia precisa terminar".<br />
Ele afirmou que os Estados Unidos<br />
"não estão nem nunca estarão"<br />
em guerra contra o Islã, mas advertiu<br />
que seu país fará de tudo para enfrentar<br />
extremistas que representem<br />
uma ameaça à segurança do país.<br />
Ao fim de seu discurso na Universidade<br />
do Cairo, na capital egípcia, o<br />
presidente americano foi ovacionado<br />
pela platéia. O evento já era esperado<br />
como o ponto alto de seu giro pelo<br />
Oriente Médio, que tem o objetivo de<br />
tentar reduzir as tensões entre seu<br />
país e os países árabes ou islâmicos.<br />
"Venho aqui para buscar um novo<br />
começo entre os Estados Unidos e os<br />
muçulmanos em todo o mundo; um<br />
começo baseado em interesses e respeito<br />
mútuos; um começo baseado na<br />
verdade de que os Estados Unidos e<br />
o Islã não são únicos; e de que não<br />
precisam competir entre si. Pelo contrário,<br />
eles se sobrepõem e dividem<br />
princípios comuns - princípios de Justiça<br />
e progresso, tolerância e dignidade<br />
de todos os seres humanos",<br />
afirmou Obama em seu discurso.<br />
Obama disse que as tensões que<br />
marcam as atuais relações entre os<br />
Estados Unidos e os muçulmanos em<br />
todo o mundo "estão enraizadas em<br />
forças históricas que vão além de<br />
qualquer debate político atual" e que<br />
são exploradas por uma minoria de<br />
muçulmanos extremistas.<br />
Objetivo: Objetivo: reduzir reduzir tensões<br />
tensões<br />
"Enquanto nossas relações forem<br />
definidas por nossas diferenças, vamos<br />
fortalecer aqueles que semeiam<br />
o ódio no lugar da paz e que promovem<br />
o conflito no lugar da cooperação<br />
que poderia ajudar todos os nossos<br />
povos alcançarem a Justiça e a<br />
prosperidade. Este ciclo de suspeitas<br />
e discórdia precisa acabar", afirmou.<br />
O presidente tocou em áreas sensíveis<br />
para o Oriente Médio. Na questão<br />
entre israelenses e palestinos, por<br />
exemplo, adotou palavras duras para<br />
ambos os lados.<br />
Obama disse que os laços entre<br />
Israel e os EUA são "inquebráveis" e<br />
que os palestinos "devem abandonar<br />
a violência". "A resistência por violência<br />
e mortes é errada", afirmou.<br />
Por outro lado, Obama disse que "a<br />
situação para o povo palestino é intolerável".<br />
"Os israelenses devem reconhecer<br />
que da mesma maneira que não<br />
se pode negar a Israel o direito de existir,<br />
tampouco se pode aos palestinos".<br />
Na questão dos assentamentos israelenses<br />
da Cisjordânia, Obama disse que<br />
"não pode haver progresso em direção à<br />
paz sem interromper essa construção".<br />
Ele também se pronunciou sobre<br />
a questão nuclear iraniana. Defendeu<br />
o direito do Irã à energia nuclear para<br />
fins pacíficos. "Nenhuma nação pode<br />
sozinha indicar e escolher que nações<br />
podem deter capacidade nuclear", disse.<br />
Mas advertiu que não deve haver<br />
uma corrida nuclear no Oriente Médio.<br />
Antes do discurso, o mais importante<br />
líder religioso do Irã, aiatolá Ali Khamenei,<br />
disse que os Estados Unidos são<br />
"profundamente odiados" na região.<br />
Sobre democracia, Barack Obama afirmou<br />
que "a América não pressupõe saber<br />
o que é melhor para todo mundo". "Nenhum<br />
sistema de governo pode ou deve<br />
ser imposto sobre uma nação por outra".<br />
Ele também falou dos direitos das<br />
mulheres: "Nossas filhas podem contribuir<br />
para a sociedade tanto quanto<br />
nossos filhos".<br />
Ciclo Ciclo de de discórdia<br />
discórdia<br />
Segundo Obama, sua convicção<br />
de que os Estados Unidos e o mundo<br />
islâmico podem viver em harmonia<br />
advém de sua experiência pessoal,<br />
como descendente de uma família<br />
queniana que incluía gerações de<br />
muçulmanos, e do fato de ter passado<br />
parte da infância na Indonésia, o<br />
maior país islâmico do mundo.<br />
Citando um trecho do Corão, o livro<br />
sagrado dos muçulmanos, o presidente<br />
americano declarou reconhecer<br />
que não é possível haver uma<br />
mudança nas relações do dia para a<br />
noite, mas prometeu fazer esforços<br />
para o diálogo e o respeito mútuo.<br />
O presidente americano - que já<br />
havia se reunido pela manhã com o<br />
presidente egípcio, Hosni Mubarak -<br />
comentou que durante sua passagem<br />
pela Turquia deixou claro que "os Estados<br />
Unidos não estão - nem nunca<br />
estarão - em guerra contra o Islã".<br />
Mas que o país confrontará sem<br />
descanso "os extremistas que representam<br />
uma ameaça grave à nossa<br />
própria segurança".<br />
Obama afirmou ver como parte de<br />
suas responsabilidades como presidente<br />
dos Estados Unidos "a luta contra estereótipos<br />
negativos do Islã em qualquer<br />
Obama em Buchenwald, ao lado de Merkel e Wiesel<br />
lugar onde eles apareçam", mas advertiu<br />
de que "os mesmos princípios devem<br />
ser aplicados para as percepções dos<br />
muçulmanos sobre os Estados Unidos".<br />
Reação Reação de de Israel<br />
Israel<br />
O Governo de Israel expressa sua<br />
esperança de que este importante<br />
discurso no Cairo leve a um novo período<br />
de reconciliação entre o mundo<br />
árabe e muçulmano e Israel.<br />
Compartilhamos a esperança do<br />
presidente Obama de que o esforço<br />
americano anuncie uma nova era que<br />
trará um fim ao conflito e levará ao<br />
reconhecimento árabe de Israel como<br />
o lar do povo judeu, vivendo em paz e<br />
segurança no Oriente Médio.<br />
Israel está comprometido com a<br />
paz e fará todos os esforços para expandir<br />
o círculo da paz enquanto protege<br />
seus interesses, especialmente<br />
sua segurança nacional.<br />
Conselho Conselho Conselho para para para Ahmadinejad<br />
Ahmadinejad<br />
Em entrevista à rede de notícias<br />
americana NBC News, o presidente dos<br />
EUA, Barack Obama, disse que o presidente<br />
iraniano, Mahmoud Ahmadinejad,<br />
deveria visitar o antigo campo de<br />
concentração nazista de Buchenwald,<br />
no leste da Alemanha. Um dia antes,<br />
Ahmadinejad voltou a chamar o Holocausto<br />
de "grande enganação".<br />
Obama, que esteve na Alemanha,<br />
em seu girou europeu, foi até o antigo<br />
campo de extermínio de Buchenwald,<br />
onde cerca de 250 mil prisioneiros judeus<br />
foram massacrados entre 1937 e<br />
1945. Acompanhado do Prêmio Nobel<br />
de Literatura Elie Wiesel, sobrevivente<br />
do campo, o presidente participou de<br />
uma cerimônia em homenagem às vítimas<br />
do nazismo. Obama foi questionado<br />
sobre o que o líder iraniano teria a<br />
aprender numa visita ao local:<br />
"Ele deveria fazer sua própria visita",<br />
disse Obama. "Não tenho paciência<br />
com pessoas que negam a<br />
História. E a história do Holocausto<br />
não é algo especulativo".<br />
Acompanhado da chanceler alemã<br />
Angela Merkel, Obama lembrou ainda<br />
que seu tio-avô foi um dos soldados que<br />
ajudou a libertar o campo de Buchenwald.<br />
Da Alemanha, Obama seguiu<br />
para a França, onde participou com outros<br />
líderes da cerimônia pelos 64 anos<br />
do fim da Segunda Guerra Mundial.<br />
19<br />
O presidente Barack<br />
Obama abraça o<br />
sobrevivente e<br />
prêmio Nobel da<br />
Paz Elie Wiesel na<br />
visita que fizeram<br />
ao campo de<br />
Buchenwald
20 (com<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
VISÃO<br />
Ataque antissemita na Argentina<br />
Um policial ficou ferido e cinco pessoas<br />
foram detidas em 17/5 em Buenos Aires,<br />
durante confusão provocada por antissemitas<br />
num ato comemorativo aos 61 anos do<br />
Estado de Israel, organizado pela comunidade<br />
judaica local. Policiais intervieram<br />
para combater os invasores. O embaixador<br />
de Israel na Argentina, Daniel Gazit, que<br />
participava do evento e precisou ser retirado<br />
do local por agentes declarou que "isso<br />
é uma ameaça à democracia". Ele afirmou<br />
que "essas pessoas querem a violência e<br />
aproveitam cada oportunidade para que não<br />
se possa festejar com tranquilidade". O<br />
vice-chanceler argentino, Victorio Taccetti,<br />
manifestou ao embaixador israelense "o<br />
repúdio de todo o governo argentino pelos<br />
incidentes ocorridos no ato e a solidariedade<br />
para com o governo e o povo de seu<br />
país". (Jornal Alef).<br />
Brasil vota a favor da condenação de Israel<br />
O Brasil votou favorável à resolução aprovado<br />
na 62ª Assembléia Mundial de Saúde<br />
em Genebra (Suíça) condenando Israel por<br />
impedir o acesso de pessoal e equipamento<br />
médico em Gaza. A resolução acusa Israel<br />
de violar normas do direito internacional<br />
humanitário e pede que o governo do país -<br />
qualificado no documento como "força ocupante"<br />
- suspenda imediatamente o cerco<br />
ao território palestino, em particular às vias<br />
de acesso à Faixa de Gaza. A resolução foi<br />
aprovada por 92 votos favoráveis, seis contrários<br />
(Israel, Estados Unidos, Austrália,<br />
Nova Zelândia, Canadá e Papua Nova-Guiné)<br />
e cinco abstenções. Todos os países<br />
membros da União Européia votaram a favor.<br />
Da América Latina, somente El Salvador<br />
e Barbados se abstiveram - os demais países<br />
votaram favoravelmente. O projeto apresentado<br />
pela Argélia com apoio de Cuba,<br />
Venezuela e Líbano não levou em conta o<br />
terrorismo. (A Tarde).<br />
Inquérito diz que ação em Gaza cumpriu lei<br />
As Forças Armadas israelenses afirmaram<br />
que investigações internas não apontaram<br />
qualquer violação à lei internacional durante<br />
a recente ofensiva militar na Faixa de<br />
Gaza. Os militares disseram que mantiveram<br />
um "alto nível profissional e moral" contra<br />
um inimigo que "tinha como meta" realizar<br />
atos terroristas contra "civis israelenses,<br />
enquanto se escondiam em meio a civis não<br />
envolvidos na Faixa de Gaza, usando-os como<br />
escudos humanos". O relatório afirma que<br />
as forças armadas cometeram um "pequeno<br />
número de erros operacionais" e nos serviços<br />
de inteligência, que levaram à morte<br />
de palestinos inocentes. As mortes, segundo<br />
o documento, foram "inevitáveis". (BBC).<br />
Inquérito II<br />
Um ex promotor-chefe da ONU para crimes<br />
informações das agências AP, Reuters,<br />
AFP, EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem<br />
Post, Haaretz e IG)<br />
panorâmica<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
• Yossi Groisseoign •<br />
de guerra, Richard Goldstone, recentemente<br />
foi nomeado chefe de uma investigação<br />
da ONU sobre atos supostamente cometidos<br />
durante a ofensiva de 22 dias de Israel<br />
contra o grupo terrorista islâmico Hamas, que<br />
controla Gaza. A investigação, convocada<br />
pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU,<br />
tem a meta apenas de analisar a conduta de<br />
Israel. Mas Goldstone disse não aceitar o<br />
encargo até que a iniciativa também abarque<br />
um exame das ações palestinas. Segundo<br />
fontes palestinas, cerca de 1,3 mil moradores<br />
da Faixa de Gaza morreram nas três<br />
semanas de ofensiva militar. Treze israelenses<br />
foram mortos. Segundo fontes israelenses<br />
morreram menos palestinos. (BBC).<br />
Neonazismo: Câmara acompanha<br />
investigações<br />
A Câmara Federal constituiu comissão para<br />
acompanhar as investigações sobre a quadrilha<br />
de neonazistas desarticulada, em<br />
parte, em maio, no Rio Grande do Sul. O<br />
grupo possui células organizadas em São<br />
Paulo, no Paraná e Santa Catarina. O requerimento<br />
foi encaminhado ao presidente<br />
da Câmara, Michel Temer, pelo deputado<br />
Marcelo Itagiba (PMDB-RJ). Segundo Itagiba,<br />
"a criação da comissão externa é de<br />
grande importância para que o parlamento<br />
acompanhe o andamento das investigações<br />
que precisam resultar numa resposta rigorosa<br />
a esses neonazistas que pretendem se<br />
articular e disseminar o ódio por todo o território<br />
nacional". No requerimento, Itagiba<br />
ressaltou o perfil do grupo neonazista elaborado<br />
pelo delegado Paulo Cesar Jardim,<br />
do 1º Distrito de Porto Alegre: "Não estamos<br />
lidando com marginais ou traficantes<br />
comuns. (Notícias da Rua <strong>Judaica</strong>).<br />
Israel na assembleia geral da OEA<br />
O vice-ministro de Relações Exteriores de<br />
Israel, Danny Ayalon, esteve na primeira<br />
semana de junho em Tegucigalpa, Honduras,<br />
para participar da 39ª Assembleia Geral<br />
da Organização dos Estados Americanos<br />
(OEA) na qual participaram representantes<br />
de todos os países do continente<br />
americano. O Ministério das Relações Exteriores<br />
de Israel considera que o encontro<br />
forneceu uma boa oportunidade para estreitar<br />
as relações econômicas e políticas com<br />
os países da América Latina e fazer frente<br />
à penetração do Irã e Hezbolá na região.<br />
Foi a primeira vez em muitos anos que Israel<br />
participou da reunião da OEA com uma<br />
representação de alto nível. Ayalon reuniuse<br />
pessoalmente com alguns dos representantes<br />
de países íberoamericanos. (Embaixada<br />
de Israel).<br />
Morre Daniel Carasso, da Danone<br />
Daniel Carasso que transformou o iogurte<br />
num tradicional alimento doméstico morreu<br />
em 17/5 em Paris, aos 103 anos. Isaac, o<br />
pai de Carasso, criou o iogurte em Barcelo-<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
na, em 1919, de acordo com The New York<br />
Times, que noticiou ter dado ao iogurte o<br />
apelido de seu filho em catalão, que era<br />
Danon. A marca é conhecida em todo mundo<br />
por Danone. Carasso nasceu em Thessalonika,<br />
Grécia, filho de judeus sefaradis,<br />
cujos antepassados foram expulsos da Espanha<br />
em 1492. Seguiu os passos do pai<br />
estudando bacteriologia no Instituto Pasteur<br />
e obteve grau empresarial em Marselha,<br />
em 1923. Ampliou os negócios na França<br />
em 1929, mas foi forçado a fugir da Europa<br />
e dos nazistas para os EUA em 1941.<br />
Lá, ampliou o império do seu iogurte, vendendo-o<br />
depois de acrescentar o morango<br />
ao produto. Em 1959 a companhia foi comprada<br />
pela Beatrice Foods. Carasso então<br />
voltou à Europa para reiniciar a Danone na<br />
Espanha e na França. Ampliou o negócio<br />
com queijos e outros comestíveis, e comprou<br />
a companhia americana Beatrice Foods<br />
em 1981, mudando o nome do conglomerado<br />
para Grupo Danone. (JTA).<br />
Israel na tela da Globo<br />
A próxima novela das 20h na Globo, "Viver<br />
a Vida", de Manoel Carlos, tem locações<br />
em Israel, Jordânia e França. O principal<br />
personagem é um jornalista, interpretado<br />
pelo ator Thiago Lacerda, e tem como diretor-geral<br />
o renomado Jayme Monjardim,<br />
que dirigiu diversos sucessos na TV e no<br />
cinema, como Pantanal da ex-TV Manchete<br />
e o filme Olga que retratou a vida de<br />
Olga Benário Prestes. Depois de uma passagem<br />
pelo Mar Morto, as gravações se<br />
concentraram na área histórica, dentro das<br />
muralhas de Jerusalém, e do Yad Vashem,<br />
o Memorial do Holocausto. (Notícias da Rua<br />
<strong>Judaica</strong>).<br />
Homenagem às vítimas do Holocausto no CE<br />
Em 19/5, a Comissão de Direitos Humanos<br />
da Assembléia Legislativa do Ceará realizou<br />
sessão solene para lembrar as vítimas<br />
do Holocausto. A iniciativa foi do presidente<br />
da Comissão, deputado Heitor Férrer<br />
(PDT), e participaram dela, o presidente<br />
e o vice-presidente da Sociedade Israelita<br />
do Ceará - SIC, Pablo Schejtman e José<br />
Frenkiel, membros da comunidade, o vicepresidente<br />
da Fisesp e representante da<br />
Conib, Ricardo Berkiensztat, e alunos das<br />
escolas públicas. A sessão foi marcada<br />
pelo repúdio à intolerância e ao presidente<br />
iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que<br />
nega o Holocausto. Houve pronunciamentos<br />
de Pablo Scheitman, Ricardo Berkiensztat,<br />
e do sobrevivente, escritor e vicepresidente<br />
da Associação Brasileira dos<br />
Sobreviventes do Nazismo, Ben Abraham.<br />
Aconteceu ainda a Cerimônia da Luz, na<br />
qual foram acesas seis velas lembrando<br />
as vítimas do Holocausto. E uma cerimônia<br />
interreligiosa. (Conib).<br />
No Líbano vencem os pró-ocidentais<br />
A coalizão governamental Forças de 14 de<br />
Março, apoiada pelos países ocidentais<br />
venceu as eleições parlamentares no Líbano,<br />
derrotando o Hezbolá e seus aliados,<br />
segundo os resultados oficiais divulgados<br />
dia 8/6, pelo ministro do Interior, Ziad Baroud.<br />
A coalizão 71 cadeiras, contra 57 dos<br />
xiitas, em um total de 128 vagas. O princi-<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
pal aliado cristão do Hezbolá na coalizão<br />
pró-Irã e pró-Síria, Michel de Chadarevian,<br />
já havia admitido a derrota um dia antes.<br />
Ele é membro do Movimento Patriótico Livre,<br />
liderado pelo ex-general Michel Aoun.<br />
O Hezbolá declarou que não vai desarmar<br />
sua milícia e que isso é um tema que não<br />
será negociado. "A maioria tem que se comprometer<br />
com o fato de que a 'resistência'<br />
é um tema que não se negocia, que suas<br />
armas são legítimas e a considerar Israel<br />
como um inimigo", afirmou o deputado do<br />
Hezbolá Mohamad Raad. Várias resoluções<br />
da ONU pediram nos últimos anos o desarmamento<br />
de todas as facções no Líbano.<br />
(AFP/O Globo).<br />
Serra propõe multa de até R$ 140 mil por<br />
racismo<br />
O governo paulista pretende punir com<br />
multa atos de discriminação racial no Estado.<br />
As autuações podem chegar a R$ 140<br />
mil. O governador José Serra (PSDB) encaminhou<br />
à Assembleia Legislativa de São<br />
Paulo projeto-de-lei que prevê no âmbito<br />
do governo a instalação de processos contra<br />
responsáveis por agressões físicas e<br />
morais com motivações racistas. "É uma iniciativa<br />
pioneira. Não tenho conhecimento de<br />
que outro Estado tenha essa legislação. Ela<br />
se inspira num modelo já bem-sucedido do<br />
combate à homofobia", explicou o secretário<br />
estadual da Justiça, Luiz Antônio Guimarães<br />
Marrey. (O Estado de S. Paulo).<br />
Serra propõe multa II<br />
Hoje o crime de racismo tem desdobramentos<br />
apenas no campo criminal. A lei que<br />
tornou a discriminação por raça e cor crime<br />
inafiançável e imprescritível é de 1989. A<br />
quem praticar, induzir ou incitar o racismo<br />
cabe pena de 1 a 5 anos de prisão. O que o<br />
governo de São Paulo propõe é a apuração<br />
de atos discriminatórios na esfera administrativa.<br />
A Secretaria da Justiça e Defesa da<br />
Cidadania agiria após recebimento de denúncias.<br />
Se aprovada, a lei valerá para qualquer<br />
pessoa, jurídica ou física, servidor público<br />
(civis ou militares) ou não. No caso<br />
de estabelecimentos comerciais, uma das<br />
punições é a suspensão da licença de funcionamento.<br />
(O Estado de S. Paulo).<br />
Achados objetos pessoais de<br />
prisioneiros de Auschwitz<br />
Centenas de objetos pessoais pertencentes<br />
a prisioneiros do campo de concentração<br />
nazista de Auschwitz (sul da Polônia) foram<br />
encontrados durante os trabalhos de manutenção<br />
de um dos antigos crematórios. Entre<br />
os objetos há joias, lembranças familiares,<br />
brinquedos e cosméticos, pertences de<br />
algumas das vítimas do nazismo mortas em<br />
Auschwitz. Parte desta descoberta, que<br />
acontece mais de 60 anos depois da libertação<br />
do campo de concentração, pertencia a<br />
judeus húngaros, deportados para a Polônia<br />
pelas autoridades nazistas, já que muitos<br />
objetos têm inscrições nesse idioma. O museu<br />
do campo de concentração informou que<br />
os objetos encontrados serão exibidos em<br />
breve no local, visitado todos os anos por<br />
centenas de milhares de turistas de todo o<br />
mundo. (Folha de S.Paulo).
O LEITOR ESCREVE<br />
Pessimismo com relação a Obama<br />
Senhores editores:<br />
Não sou fã da Caroline Glick.<br />
Acho ela um pouco parcial e com<br />
poucas nuances. Mas só posso<br />
concordar com sua análise do discurso<br />
de Obama. Foi um discurso<br />
que me deixou desolado e extremamente<br />
pessimista.<br />
OK, existe sempre entre Estados<br />
Unidos e Israel o joguinho<br />
de cena, bom menino que quer<br />
ajudar os árabes (Estados Unidos)<br />
e mau menino que agride<br />
(Israel). Sendo que o jogo de<br />
cena continua por décadas enquanto<br />
o statu quo não muda<br />
nem interessa mudar. Mas acho<br />
que Obama foi longe demais no<br />
jogo de cena, e me pergunto se<br />
é jogo de cena mesmo.<br />
Como diz Caroline Glick, o discurso<br />
dele, no que se refere a Israel,<br />
passa muito longe da verdade.<br />
Ou de uma conhecimento<br />
minimamente informado sobre o<br />
conflito. Israel aparece como sendo<br />
o culpado que deve corrigir<br />
seus erros ("ocupação" da Margem<br />
Ocidental) para acabar com<br />
os sofrimentos dos pobres palestinos,<br />
igualados aos sofrimentos<br />
dos escravos negros americanos.<br />
Nada sobre os próprios árabes não<br />
quererem um estado, nada sobre<br />
as várias ofertas de paz, nada sobre<br />
a agressão árabe. Obama endossa<br />
a narrativa falsa de um Estado<br />
de Israel criado pela Europa<br />
para judeus europeus como compensação<br />
pela Shoá. Às custas dos<br />
pobres palestinos.<br />
Esta narrativa totalmente falsa,<br />
como mostra Gerald Steinberg<br />
em um artigo recente, esquece<br />
toda a luta contra a potência colonial<br />
ocupante inglesa, esquece<br />
as lutas inter árabes dos palestinos<br />
contra egípcios, jordanianos<br />
Pesar por Fani<br />
e libaneses, esquece a presença<br />
de cidadãos árabes em Israel, e<br />
esquece os outros refugiados, judeus<br />
de países árabes, cujo expulsão,<br />
além de compensar largamente<br />
a suposta expulsão dos<br />
palestinos, faz de Israel um país<br />
habitado por árabes... judeus,<br />
deslocados de seus países de origem<br />
como tantas outras populações<br />
do antigo Império Otomano.<br />
Steinberg mostra bem como<br />
esta narrativa falsa conquistou a<br />
Europa e está conquistando os Estados<br />
Unidos. Mostra como ela<br />
serve confortavelmente aos palestinos<br />
que não precisam de um<br />
estado, basta confirmar a narrativa<br />
e viver comodamente da<br />
"ajuda americana" e européia.<br />
O terrível, que me deixa muito<br />
pessimista, é que esta narrativa<br />
acaba com a legitimidade de Israel.<br />
Além da opinião pública européia<br />
e americana, que pesa<br />
muito nas decisões dos líderes,<br />
tem a opinião acadêmica, que<br />
comprou esta narrativa, e agora<br />
até mesmo em Israel. Semana<br />
passada li sobre uma nova iniciativa<br />
de ensinar a "nabka" palestina<br />
nas escolas israelenses. E nada<br />
sobre a "nabka" dos judeus de países<br />
árabes. Que por si só já legitimaria<br />
tranquilamente a existência<br />
do Estado de Israel como Estado<br />
judeu.<br />
Hasbará, public diplomacy, iniciativas<br />
de divulgação em grande<br />
escala. Precisamos disso. É vital.<br />
Não somente para Israel como<br />
estado e seus habitantes. Mas<br />
para os judeus do mundo todo.<br />
Esta narrativa nos coloca em perigo<br />
extremo, comparável com a<br />
narrativa nazista antes da Segunda<br />
Guerra.<br />
Geraldo Cohen - Por e-mail<br />
Amigos do <strong>VJ</strong>:<br />
A Wizo Paraná e a Wizo Brasil, se associam às manifestações de<br />
pesar pelo falecimento de Fani Lerner, nossa eterna colaboradora, que<br />
por sua dedicação destacou -se como uma mulher que fez de sua vida<br />
uma lição de amor ao próximo, Fani Lerner nos deixa sem dúvida, seu<br />
exemplo e uma grande lacuna entre nós.<br />
Clara Maria Grimberg<br />
Departamento de Divulgação da Wizo PR - Curitiba - PR<br />
Para escrever ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />
basta passar um fax pelo telefone:<br />
0**41 3018-8018 ou e-mail para visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
arack Obama e<br />
Benjamin Netanyahuconfirmaram<br />
que mantêm<br />
suas divergências<br />
sobre o<br />
Oriente Médio e o Irã, num encontro<br />
em que o presidente<br />
norte-americano pressionou o<br />
primeiro-ministro a favor de<br />
um Estado palestino.<br />
A reunião se prolongou<br />
mais do que o previsto, e Obama afirmou que<br />
"convém não só aos palestinos, mas também aos<br />
israelenses, aos EUA e à comunidade internacional<br />
conseguir uma solução de dois Estados".<br />
"Sugeri ao primeiro-ministro que tem uma<br />
oportunidade histórica para alcançar movimentos<br />
sérios neste assunto durante seu mandato.<br />
Creio que não há razão porque não possamos<br />
aproveitar esta oportunidade e este momento",<br />
declarou.<br />
O presidente americano instou Netanyahu a<br />
colocar um fim nos assentamentos na Cisjordânia,<br />
depois de lembrá-lo que é um dos compromissos<br />
israelenses dentro do Mapa da Estrada.<br />
"Os assentamentos devem cessar para que<br />
possamos avançar", reiterou Obama, recordando<br />
ainda que a Autoridade Palestina deve fazer<br />
mais para garantir a segurança.<br />
Netanyahu assegurou que está disposto a<br />
retomar de imediato as conversações de paz<br />
com os palestinos, suspensas depois da operação<br />
contra o Hamas na Faixa de Gaza.<br />
De todo modo, condicionou essas conversações<br />
a que os palestinos aceitem o direito de<br />
Israel existir como um Estado judeu, declarando<br />
que apóia o direito à autodeterminação palestina,<br />
sem mencioná-lo como um Estado.<br />
O primeiro-ministro descreveu a questão do<br />
programa nuclear iraniano como o assunto mais<br />
prioritário para Israel.<br />
O presidente americano assegurou que,<br />
mesmo que não se devam impor calendários,<br />
para o fim do ano se determinará se o processo<br />
de aproximação deu resultados. "Não estaremos<br />
conversando eternamente, e se não forem alcançados<br />
resultados, os Estados Unidos estabelecerão<br />
tomar outra série de medidas, incluída<br />
a imposição de sanções mais duras contra<br />
Teerã", explicou Obama.<br />
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs,<br />
negou que tenham surgido fricções entre os dois<br />
líderes e indicou que quando se apresenta este<br />
tipo de situação "ninguém estende a conversação".<br />
Depois de Netanyahu, Obama recebeu o presidente<br />
egípcio, Hosni Mubarak, e o presidente<br />
da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.<br />
A roda de contactos culminou em 4 de junho<br />
quando o mandatário norte-americano pronunciou<br />
um discurso ao mundo muçulmano no Cairo.<br />
Hillary Hillary Hillary também também pressiona<br />
pressiona<br />
No segundo dia da visita do primeiro-ministro<br />
israelense, Benjamin Netanyahu, aos Estados<br />
Unidos, a secretária de Estado americana,<br />
Hillary Clinton, disse ter pedido ao premiê que<br />
congele a colonização israelense em territórios<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
Netanyahu e Obama<br />
Diferenças sobre o Irã e o Estado palestino<br />
Barack Obama fala com o primeiroministro<br />
de Israel, Netanyahu (E) no Salão<br />
Oval da Casa Branca, em Washington, dia<br />
18 de maio de 2009<br />
21<br />
palestinos ocupados.<br />
— O presidente Obama<br />
foi muito claro em sua declaração<br />
de que deseja ver fim<br />
da colonização —lembrou a<br />
jornalistas. — Fui anfitriã de<br />
um jantar para o premiê Netanyahu<br />
(...) no Departamento<br />
de Estado, e reiteramos<br />
que essa é a posição e a política<br />
do governo dos EUA.<br />
Os palestinos merecem um<br />
Estado viável.<br />
Hillary é a terceira alta autoridade americana<br />
a insistir ao novo governo israelense sobre<br />
a necessidade de acabar com os assentamentos<br />
de colonos, depois de Obama e do vicepresidente<br />
Joe Biden, que levantou o tema durante<br />
uma reunião com um poderoso lobby judeu<br />
conservador.<br />
Legisladores americanos se reuniram com<br />
Netanyahu, a quem disseram compartilhar preocupações<br />
pelo programa iraniano. Eles mostraram-se<br />
solidários com Israel e ofereceram apoio<br />
à paz no Oriente Médio. Netanyahu disse à presidente<br />
democrata da Câmara, Nacy Pelosi, e<br />
ao líder da minoria republicana, John Boehner,<br />
que considerava o Congresso um "grande amigo<br />
de Israel".<br />
Reunião Reunião com com Abbas<br />
Abbas<br />
Poucos dias depois, o presidente dos Estados<br />
Unidos Barack Obama reuniu-se em Washington<br />
com o presidente palestino, Mahmoud<br />
Abbas. E disse estar confiante em progressos<br />
no processo de paz no Oriente Médio e que<br />
Israel aceitará a solução de dois Estados. "A<br />
criação de um Estado palestino independente<br />
interessa a Israel do ponto de vista de segurança.<br />
Tenho confiança de que podemos avançar<br />
se todos os lados cumprirem suas obrigações",<br />
disse Obama.<br />
O presidente americano afirmou que não<br />
pretende "estabelecer prazos artificiais" para a<br />
resolução do conflito, mas ressaltou que não vai<br />
esperar até o final de seu mandato para pressionar<br />
por um acordo entre palestinos e israelenses.<br />
E voltou a pedir para que Israel suspenda<br />
os assentamentos judaicos na Cisjordânia.<br />
Obama disse ter sido "muito claro" com o<br />
premiê israelense, Benjamin Netanyahu sobre<br />
a necessidade de "parar com os assentamentos".<br />
Mas Israel afirmou que o país continuará<br />
a permitir as construções nos assentamentos<br />
da Cisjordânia e que o futuro destes<br />
deveriam ser definidos nas negociações de<br />
paz com os palestinos.<br />
Obama disse que os palestinos devem fazer<br />
mais para fortalecer a segurança em seu território<br />
e reduzir o "incitamento" contra Israel<br />
que, segundo ele, está presente em algumas escolas<br />
e mesquitas.<br />
Nota da Redação: Essa declaração de Obama causou<br />
espanto não só em Israel, mas entre as comunidades<br />
judaicas do mundo todo, incluindo a dos Estados<br />
Unidos. Reduzir o incitamento? O certo não seria eliminar<br />
o incitamento? E em algumas escolas e mesquitas?<br />
É sabido que isso ocorre em quase todas elas.
22<br />
* Dennis Prager é<br />
jornalista,<br />
colunista da<br />
Townhall, e<br />
radialista de<br />
maior audiência<br />
nos EUA. Atua<br />
numa rede<br />
nacional de rádio<br />
com programas<br />
de entrevistas a<br />
partir de Los<br />
Angeles. É autor<br />
de quatro livros, o<br />
mais recente,<br />
"Happiness is a<br />
Serious Problem"<br />
("Felicidade é um<br />
Problema Sério"),<br />
da HarperCollins.<br />
Seu website é<br />
www.dennis<br />
prager.com.<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
O discurso que Obama deveria ter feito no Egito<br />
Dennis Prager *<br />
a semana passada o<br />
presidente Barack<br />
Obama fez um discurso<br />
no Cairo para o<br />
mundo muçulmano. Lá<br />
ele reiterou o que previamente já<br />
tinha dito a ouvintes muçulmanos,<br />
que a América não tem nenhuma<br />
guerra contra o Islã, tem<br />
profundo respeito pelo Islã e o<br />
mundo muçulmano, e desculpouse<br />
por qualquer sentimento antimuçulmano<br />
que qualquer americano<br />
tenha expressado.<br />
Mas eis aqui como soaria um<br />
discurso honesto:<br />
"Obrigado pela honra de poder<br />
falar ao povo egípcio e ao amplo<br />
mundo muçulmano. Estou aqui<br />
principalmente para dissipar algumas<br />
convicções errôneas que muitos<br />
muçulmanos têm sobre a América<br />
e assegurar que a América não<br />
tem nenhum desejo de estar em<br />
guerra com o mundo muçulmano.<br />
Para minha grande decepção,<br />
muitos muçulmanos acreditam<br />
que meu país declarou guerra aos<br />
muçulmanos e ao Islã.<br />
Por causa desta difundida ideia,<br />
eu disse numa entrevista à al-Arabiya<br />
meses atrás, que precisamos<br />
restabelecer o mesmo respeito e<br />
a parceria que a América tinha há<br />
cerca de 20 ou 30 anos atrás com<br />
o mundo muçulmano.<br />
A verdade é, como notou Charles<br />
Krauthammer, o premiado colunista<br />
do jornal norte-americano<br />
The Washington Post, que recebeu<br />
o Prêmio Pulitzer, nos últimos 20-<br />
30 anos a América não só respeitou<br />
os muçulmanos, como sangrou<br />
pelos muçulmanos. Nós os americanos,<br />
nos ocupamos de cinco campanhas<br />
militares em nome de muçulmanos,<br />
cada uma resultando na<br />
libertação de populações muçulmanas:<br />
na Bósnia, no Kosovo, no<br />
Kuwait, no Afeganistão e no Iraque.<br />
Na Bósnia e no Kosovo, assim<br />
como também na fracassada intervenção<br />
de 1992-93 da Somália,<br />
para alimentar africanos muçulmanos<br />
famintos - foram mortos<br />
43 americanos - eram todas ações<br />
humanitárias. Em nenhuma delas<br />
estávamos lá por algum jogo de<br />
interesse estratégico norte-americano.<br />
Na realidade, nestes últimos<br />
20 anos, meu país, os Estados Unidos<br />
de América fizeram mais pelos<br />
sofridos e oprimidos muçulmanos<br />
que qualquer outra nação,<br />
muçulmana ou não-muçulmana.<br />
Ao mesmo tempo em que eu reconheço<br />
que a gratidão é uma rara<br />
qualidade humana positiva, preciso<br />
dizer-lhes - porque a sinceridade<br />
é a mais alta forma de respeito -<br />
, que a América não só recebeu<br />
pouquíssima gratidão do mundo<br />
muçulmano, como foi objeto de<br />
ódio, assassinato em massa, e ataques<br />
econômicos de indivíduos,<br />
grupos, e países muçulmanos.<br />
Só para citar alguns dos muitos<br />
exemplos dos últimos 40 anos:<br />
Em 1973, terroristas muçulmanos<br />
atacaram a embaixada americana<br />
no Sudão e assassinaram o<br />
embaixador do nosso país, Cleo<br />
Noel, e o principal vice da missão,<br />
George C., Moore. Ainda em 1973,<br />
um embargo de petróleo árabe<br />
contra a América trouxe ao meu<br />
país uma longa e dolorosa recessão.<br />
Em 1977, muçulmanos assassinaram<br />
o embaixador norte-americano<br />
no Líbano, Frances E. Meloy<br />
e Robert O. Waring, conselheiro<br />
econômico norte-americano.<br />
Em 1979 muçulmanos radicais<br />
atacaram violentamente a embaixada<br />
dos EUA em Teerã, e por 14<br />
meses mantiveram reféns diplomatas<br />
americanos, freqüentemente<br />
em condições horríveis. Em<br />
1998, militantes muçulmanos<br />
bombardearam a embaixada americana<br />
em Nairobi, matando 12<br />
americanos e 280 quenianos, e<br />
bombardearam nossa embaixada<br />
na Tanzânia, matando outros 11<br />
americanos. Então, em 11 de setembro<br />
de 2001, 19 muçulmanos<br />
que estavam vivendo na América<br />
cortaram as gargantas dos pilotos<br />
americanos e atendentes de vôos<br />
e jogaram os aviões contra edifícios<br />
civis em Nova Iorque, queimando<br />
até a morte 3.000 americanos<br />
inocentes.<br />
Então, meus amigos aqui do<br />
Egito, entre a América e o mundo<br />
muçulmano quem exatamente<br />
têm feito guerra contra quem?<br />
Tenho enormes diferenças com<br />
meu antecessor, presidente George<br />
W., Bush. Mas por favor, lembrem-se<br />
que menos de uma semana<br />
depois que foram mortos mi-<br />
lhares de americanos em nome de<br />
sua religião, o presidente Bush foi<br />
ao Centro Islâmico de Washington,<br />
D.C., e anunciou que aquele Islã<br />
era a religião de paz. Além disso,<br />
em um país de 300 milhões de pessoas,<br />
das quais só alguns milhões<br />
são muçulmanas, não há virtualmente<br />
nenhum incidente registrado<br />
contra mesquitas ou outra violência<br />
anti-muçulmana apesar da<br />
chacina de 9/11 e o apoio popular<br />
para Osama Bin Laden que tenhamos<br />
visto no mundo muçulmano<br />
depois de 9/11.<br />
"Peço-lhes, por favor, que perguntem<br />
a si mesmos qual teria<br />
sido a reação do Egito se 19 cristãos,<br />
em nome do cristianismo,<br />
matassem 3 mil egípcios. Quanto<br />
os cristãos do Egito e em qualquer<br />
outro lugar do Oriente Médio<br />
teriam que suportar?<br />
Tal como está, por causa da perseguição<br />
pelas maiorias muçulmanas,<br />
os cristãos têm deixado o<br />
Oriente Médio em grandes proporções,<br />
e pela primeira vez desde<br />
Cristo, há grandes partes do<br />
Oriente Médio que ficaram vazias<br />
de judeus e cristãos.<br />
Ao mesmo tempo, contudo, milhões<br />
de muçulmanos mudaram-se<br />
para países ocidentais e para a<br />
América. É justo dizer que o mais<br />
livre, e freqüentemente o mais seguro<br />
dos países no mundo para um<br />
muçulmano praticante são os Estados<br />
Unidos de América.<br />
Os muçulmano-americanos<br />
são tratados exatamente como<br />
outros americanos são tratados. É<br />
extremamente raro ouvir qualquer<br />
tipo fanatismo anti-muçulmano<br />
em meu país. E mesmo havendo<br />
alguma crítica sobre o mundo muçulmano,<br />
há mais crítica do cristianismo<br />
na América do que do Islã.<br />
Infelizmente, na maior parte do<br />
mundo muçulmano hoje em dia os<br />
discursos anti-judaicos e textos<br />
são frequentemente idênticos ao<br />
antissemitismo genocida ouvido e<br />
lido na Alemanha nazista. Isto é o<br />
que corrói em sua civilização.<br />
Como vocês podem acusar seriamente<br />
que a América está em<br />
guerra com Islã, quando na realidade<br />
a maior parte do mundo islâmico<br />
é que está em guerra com<br />
os judeus e cristãos?<br />
Sei que vocês gostariam que eu<br />
anunciasse que a América está<br />
abandonando seu apoio a Israel.<br />
Mas todo presidente desde Harry<br />
Truman, Democrata ou Republicano,<br />
sentiu-se entusiasmado a permitir<br />
a Israel defender-se dos que<br />
desejam destrui-lo. E essa, caros<br />
muçulmanos, é a questão. A América<br />
continuará apoiando a solução<br />
de dois estados ao conflito árabeisraelense,<br />
mas a questão nunca<br />
foi realmente entre dois estados.<br />
Sempre foi entre palestinos e outros<br />
árabes e muçulmanos reconhecerem<br />
o direito de Israel existir<br />
como um Estado judeu.<br />
Como um amigo do Egito e do<br />
mundo muçulmano, quero dizerlhes<br />
algo do fundo de meu coração:<br />
O dia em que o mundo árabe<br />
deixar a obsessão sobre a existência<br />
de um Estado judeu do tamanho<br />
de Belize será um grande dia<br />
para os mundos árabe e muçulmano.<br />
Sua obsessão com Israel custou<br />
caro em todas as áreas de desenvolvimento<br />
social. Isto é facilmente<br />
demonstrável. Se Israel fosse<br />
destruído - e o chamado "direito<br />
de retorno" de milhões da terceira<br />
geração de refugiados palestinos<br />
teria assegurado um resultado<br />
tão efetivo quanto um dispositivo<br />
nuclear do Irã - que diferença<br />
faria isso à economia egípcia, para<br />
falta de liberdade no Egito, ou qualquer<br />
outro assunto importante<br />
para os egípcios? Na minha opinião,<br />
nenhuma.<br />
A preocupação com Israel permitiu<br />
ao mundo árabe simplesmente<br />
não olhar para si próprio<br />
durante 60 anos.<br />
Finalmente, meus colegas americanos<br />
se sentiriam mais confiantes<br />
nas relações americano-muçulmanas<br />
se eles já tivessem visto em<br />
qualquer lugar uma grande demonstração<br />
de muçulmanos contra<br />
o terror cometido por muçulmanos<br />
em nome do Islã - seja em Londres,<br />
Madri, Nova Iorque, Bali, Cairo, ou<br />
Mumbai. A marca de uma grande<br />
civilização - e a civilização árabe<br />
realmente uma vez já foi grande - é<br />
a vontade da autocrítica.<br />
Obrigado mais uma vez por<br />
esta oportunidade de discursar.<br />
Eu poderia ter falado exagerando<br />
as faltas americanas e ignorado<br />
as suas. Mas tenho muito respeito<br />
por vocês.
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
Paz no Oriente Médio parece ser missão impossível<br />
Henryk M. Broder *<br />
Obama não está se distanciando<br />
de Israel, nem está fazendo<br />
avanços na direção dos palestinos.<br />
Ele quer forçar ambos os lados a<br />
saírem da roda do hamster e dar<br />
verdadeiros passos adiante<br />
reunião entre Barack<br />
Obama e Benjamin<br />
Netanyahu de fato<br />
não precisava ter ocorrido.<br />
A maior parte dos<br />
repórteres e comentaristas<br />
sabia que terminaria em impasse. A<br />
âncora do noticiário da distante cidade<br />
de Hamburgo agiu como se tivesse<br />
estado na reunião. "As aparições<br />
públicas dos dois homens devem ter<br />
exigido verdadeiras habilidades de<br />
atuação", disse ela, porque "Obama<br />
está se distanciando de Israel".<br />
Como tantas vezes no processo<br />
de paz do Oriente Médio, quando lidamos<br />
com relações entre israelenses<br />
e palestinos e o resto do mundo,<br />
deixamos nossas esperanças dirigirem<br />
nossas cabeças. Sem a disposição<br />
ou a capacidade de fazer uma contribuição<br />
construtiva para uma solução<br />
e ao mesmo tempo frustrados<br />
pelos americanos tomarem a iniciativa,<br />
os europeus fazem o de costume:<br />
advertem e reclamam, como os torcedores<br />
de um jogo de futebol que,<br />
das arquibancadas, sabem que converteriam<br />
todos os chutes em gols.<br />
De fato, o que Obama está tentando<br />
fazer parece muito com uma<br />
"missão impossível". Mas assim também<br />
foi a fundação do Estado de Israel<br />
em 1948, a democratização da<br />
Alemanha após 1945 e a eleição do<br />
presidente afro-americano em 2008.<br />
É verdade que é ainda mais complicado<br />
resolver a questão palestina,<br />
que foi discutida, negociada e combatida<br />
por mais de um século. Porque,<br />
assim como o conflito não começou<br />
com a ocupação de Gaza e da Cisjordânia,<br />
também não vai terminar com<br />
a declaração de um Estado palestino<br />
nos territórios ocupados. Após mais<br />
de 40 anos de ocupação, não pode<br />
haver uma volta ao status quo anterior,<br />
até porque este é discutível. Para<br />
a maior parte dos israelenses, é Israel<br />
dentro de suas fronteiras de<br />
1967, enquanto que, para o Hamas, o<br />
Hezbolá e o Irã é a Palestina antes da<br />
fundação de Israel. Quando falam do<br />
fim da ocupação, não querem dizer Hebron,<br />
Ramallah, Belém e Nablus e sim<br />
Haifa, Beer Sheva, Jaffa e Tiberias.<br />
Mesmo as declarações da "moderada"<br />
OLP são ambivalentes, dependendo<br />
de quem está falando e para<br />
quem está falando. O embaixador palestino<br />
em Beirute, Abbas Zaki, disse<br />
em entrevista na televisão no início<br />
de maio que a solução de dois Estados<br />
resultaria no colapso de Israel,<br />
que o uso de armas não resolveria<br />
nada, mas que a negociação política<br />
sem o uso de armas também não funcionaria.<br />
"À luz da fragilidade da nação<br />
árabe e da falta de valores, diante<br />
do controle americano do mundo,<br />
a OLP procede por fases, sem mudar<br />
de estratégia. Com a ajuda de Alá,<br />
vamos tirá-los de toda a Palestina",<br />
disse Zaki. Isso não parece uma solução<br />
para os israelenses.<br />
Obama talvez seja novo no palco<br />
mundial, mas não é amador. Ele sabe<br />
que o que aconteceu até agora foram<br />
negociações sobre negociações e que<br />
os dois lados estão tentando cansar<br />
o outro. Por 16 anos, desde os acordos<br />
de Oslo, israelenses e palestinos<br />
vêm gastando muita energia sem chegar<br />
a lugar nenhum, como hamsters<br />
em uma roda.<br />
Um lado insiste na expansão de<br />
assentamentos, o outro exige seu direito<br />
de volta -como viajantes que tomaram<br />
o trem errado e estão ficando<br />
cada vez mais distantes de seu destino,<br />
mas não querem saltar porque<br />
estão viajando há tanto tempo. Então,<br />
os israelenses fazem papel de vencedores<br />
em um beco sem saída, e os<br />
palestinos, de heróis sem perspectiva<br />
de sucesso. De vez em quando,<br />
tomam parte em conferências para<br />
discutir "medidas para construção de<br />
confiança", que levam ainda a mais<br />
conferências sobre mais "medidas de<br />
construção de confiança". Com a exceção<br />
de eventos como as guerras do<br />
Líbano e Gaza, eles quase parecem<br />
estar se ajustando um ao outro, enquanto<br />
americanos e europeus cobrem<br />
os custos de alojamento de Oslo<br />
para Anápolis.<br />
Agora, Obama quer saber o que<br />
os israelenses e palestinos realmente<br />
estão dispostos a fazer. Chega de<br />
brincar, vamos aos negócios. Obama<br />
não está se distanciando de Israel,<br />
nem está avançando na direção dos<br />
palestinos. Ele apenas quer forçar os<br />
dois lados a saírem da caixa de areia<br />
e encararem os fatos. Porque ali fora<br />
do playground tem alguém que não<br />
liga a mínima sobre israelenses e<br />
palestinos e que - apesar de toda a<br />
cena de loucura - está se comportando<br />
de forma bastante razoável: o Irã.<br />
Obama não arrisca nada quando<br />
oferece negociar com o Irã. Como disse<br />
em 18/5, ele quer ver os resultados<br />
até o final do ano. Se o Irã não se<br />
mover, Obama terá que mudar de estratégia.<br />
Se Bush era um caubói de<br />
coração mole, Obama é um pulso firme<br />
em uma luva de veludo. Ele não<br />
deve ser subestimado apenas porque<br />
é charmoso, educado e gentil. Tais<br />
traços por si sós não tornam um americano<br />
presidente.<br />
Obama sabe que o Irã não vai atacar<br />
Israel, porque por mais que os aiatolás<br />
e mulás queiram "um mundo<br />
sem o sionismo" e desejem que Israel<br />
desapareça do mapa ou, melhor<br />
ainda, de seus livros de história, eles<br />
ainda preferem viver no luxo e - se<br />
necessário - enviar outros ao paraíso.<br />
Entretanto, um ataque preventivo<br />
ou um contra-ataque nuclear israelense<br />
colocaria um fim às suas vidas<br />
confortáveis para sempre.<br />
É claro que sempre há um risco<br />
marginal. Até agora os israelenses têm<br />
estado bastante relaxados com as<br />
ameaças do Irã, assim como se mantiveram<br />
tranquilos com os ataques terroristas<br />
do Hamas e seus mísseis "caseiros".<br />
Mas, a longo prazo, nenhum<br />
povo pode viver com o perigo de ser<br />
atingido por uma bomba nuclear.<br />
De sua parte, os iranianos sabem<br />
que sua ameaça, apesar de crível, é<br />
tão eficaz quanto sua execução. Eles<br />
não precisam atacar Israel; basta flutuarem<br />
a ameaça. Israel não vai desmoronar<br />
do dia para a noite, mas<br />
pode erodir com o tempo - pela emigração,<br />
desmoralização e declínio<br />
econômico. Quem quer viver e investir<br />
em um país que pode virar uma<br />
nuvem atômica?<br />
Será ótimo se a estratégia de Obama<br />
de envolver o Irã funcionar. Será<br />
terrível se não funcionar. Vista sob a<br />
sóbria luz do dia, ele tem poucas<br />
chances. Mas está certo em tentar.<br />
Museu de Auschwitz luta pela sobrevivência<br />
Os diretores do museu do antigo<br />
campo de concentração e extermínio<br />
nazista de Auschwitz-Birkenau (Polônia)<br />
lutam para salvar esse símbolo do Holocausto<br />
dos desgastes causados pelo tempo.<br />
Estão tendo que enfrentar enormes<br />
problemas para impedir que o lugar se<br />
transforme em ruínas e preservar a memória<br />
de aproximadamente 1,1 milhão<br />
de pessoas que morreram nessas instalações,<br />
na imensa maioria judeus, durante<br />
a Segunda Guerra Mundial.<br />
"Esta é nossa última oportunidade",<br />
advertiu Piotr Cywinski, diretor do museu,<br />
administrado pelo Estado.<br />
O museu permanece em funcionamento<br />
graças ao governo polonês, que<br />
cobre aproximadamente a metade de<br />
seus custos, mais a receita obtida com<br />
a venda de ingressos. Cerca de 5% de<br />
seu orçamento provém da Fundação Lauder,<br />
com sede nos Estados Unidos, e dos<br />
governos regionais alemães.<br />
Os edifícios rudimentares do campo<br />
de Birkenau, construídos pelos prisioneiros<br />
em um terreno pantanoso, foram degradados<br />
pela erosão do solo e pelos<br />
danos provocados pelas águas.<br />
"Temos que terminar os trabalhos de<br />
conservação em todos esses edifícios<br />
em 10 ou 12 anos, de modo que será<br />
preciso começar em três anos no mais<br />
tardar", disse Cywinski.<br />
"O objetivo primordial é preservar a<br />
natureza autêntica dessas instalações e<br />
não reconstruí-las, para não mudar a<br />
percepção desse lugar", acrescentou.<br />
Preservar apenas um bloco de alojamentos<br />
custa cerca de 880.000 euros, disse<br />
o diretor de manutenção Rafal Pioro.<br />
A Polônia pediu que a comunidade<br />
internacional apoie esse novo plano<br />
para preservar o campo de Auschwitz-Birkenau.<br />
A área do museu cobre 191 hectares,<br />
com 155 edifícios e 300 ruínas, e<br />
possui uma coleção de milhares de objetos<br />
pessoais, assim como documentos<br />
que expõem os detalhes da macabra<br />
estrutura nazista.<br />
Inicialmente, os nazistas criaram esse<br />
campo para os combatentes da resistência<br />
polonesa, nove meses depois de invadir<br />
a Polônia, em setembro de 1939.<br />
O campo original era um antigo acampamento<br />
do Exército polonês, próximo à<br />
cidade de Oswiecim (sul), conhecida em<br />
alemão como Auschwitz.<br />
Dois anos depois, os nazistas expandiram<br />
consideravelmente o local até as<br />
23<br />
* Henryk M.<br />
Broder é natural<br />
da Polônia, mas<br />
vive e exerce sua<br />
profissão de<br />
jornalista e<br />
escritor na<br />
Alemanha. É<br />
conhecido pelas<br />
polêmicas,<br />
colunas<br />
publicadas e<br />
comentários na<br />
TV e no rádio,<br />
escreve para a<br />
revista Der<br />
Spiegel e o jornal<br />
Der Tagesspiegel.<br />
Ele também é o<br />
co-editor do Der<br />
Jüdische<br />
Kalender (O<br />
calendário<br />
judaico), uma<br />
compilação de<br />
citações e textos<br />
relativos à cultura<br />
dos judeusalemães,<br />
anualmente<br />
publicado. Broder<br />
escreve sobre<br />
temas do<br />
passado,<br />
islamismo, Israel<br />
e o conflito com<br />
os palestinos, e<br />
sobre as criticas<br />
alemãs à política<br />
de Israel, que às<br />
vezes a relaciona<br />
ao<br />
antissemitismo.<br />
Tradução:<br />
Deborah<br />
Weinberg.<br />
imediações de Brzezinka, ou Birkenau.<br />
Aproximadamente 1,1 milhão de<br />
pessoas morreram em Auschwitz-Birkenau<br />
entre 1940 e 1945 -- um milhão<br />
deles eram judeus da Polônia e de outros<br />
países da Europa ocupada -- alguns<br />
por excesso de trabalho, fome e doenças,<br />
mas a maioria nas câmaras de gás.<br />
Entre as vítimas de Auschwitz-Birkenau<br />
e dos outros campos de extermínio<br />
de Chelmno, Treblinka, Sobibor, Majdanek<br />
e Belzec também havia poloneses<br />
não judeus, ciganos e prisioneiros de<br />
guerra soviéticos, entre outros.<br />
O museu, criado pelo governo polonês<br />
em 1947, atraiu no ano passado 1,13<br />
milhão de pessoas. Esse fluxo de visitantes<br />
é crucial para o trabalho de memória,<br />
mas significa uma pressão enorme<br />
para as instalações.
24<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
provado em dezembro<br />
de 2007, o Tratato de<br />
Livre Comércio Mercosul-Israel,<br />
aguarda a<br />
ratificação pelo Congresso<br />
brasileiro para entrar em<br />
vigor. Para discutir a importância da<br />
aprovação do acordo, e com a presença<br />
de autoridades diplomáticas do<br />
Brasil, Argentina, Chile, Uruguai,<br />
Peru e Israel, a Câmara Brasil - Israel<br />
de Comércio e Indústria e a Câmara<br />
de Comércio Argentino Brasileira<br />
de São Paulo, promoveram, dia 2 de<br />
junho, na Fundação Memorial da<br />
América Latina o seminário "Tratado<br />
do Mercosul Israel".<br />
O evento contou com a presença<br />
do Embaixador Evandro Didonet, artífice<br />
da elaboração do acordo, e que<br />
coordenou o painel, do Embaixador<br />
de Israel, Giora Becher, do Embaixador<br />
da Argentina, Juan Pablo Lolhé, do<br />
Jayme Blay, presidente da Câmara Brasil-Israel de Comércio e<br />
Indústria, ex-ministro Celso Lafer e Alberto Alzueta, presidente da<br />
Câmara de Comércio Argentino Brasileira<br />
Ratificação do Tratato de Livre<br />
Comércio Mercosul-Israel<br />
embaixador Rubens Barbosa, presidente<br />
do Conselho Superior de Comércio<br />
Exterior da FIESP, do embaixador<br />
e cônsul do Peru, Jaime Stiglich, da<br />
ministra do Uruguai, Maria del Carmen<br />
Fros Doninelli, do ex-ministro de<br />
Relações Exteriores, Celso Lafer, da<br />
cônsul geral da Argentina, Teresita<br />
Gonzalez Dias, do professor Alberto<br />
Pfeiffer, diretor executivo do CEAL<br />
(Conselho Empresarial da América<br />
Latina), do deputado José Paulo Toffano,<br />
que acaba de assumir a presidência<br />
da representação brasileira no<br />
Mercosul, de Roy Nir, chefe da Missão<br />
Econômica de Israel no Brasil e<br />
de Fernando Leça, presidente do Memorial<br />
da América Latina, que cedeu<br />
o local para o evento.<br />
Jayme Blay e Alberto Alzueta, presidentes<br />
das Câmaras Brasil-Israel e<br />
Brasil-Argentina, destacaram a importância<br />
do evento, no momento em que<br />
o Congresso Nacional está ultimando<br />
a ratificação do Tratado de Livre Comércio<br />
Mercosul Israel. "Quando estes<br />
tratados entram em vigor, há um<br />
enorme incremento nas relações comerciais,<br />
culturais, políticas e turísticas<br />
dos países signatários. Além disso,<br />
é importante reforçar que a paz<br />
também se faz através das relações<br />
comerciais", frisaram Blay e Alzueta.<br />
A importância do Tratado Mercosul -<br />
Israel - No dia 18 de dezembro de<br />
2007, o Estado de Israel e os países<br />
signatários do Tratado do Mercosul,<br />
assinaram um acordo de livre comércio<br />
que abarca 90% dos produtos. O<br />
intercâmbio entre o bloco sul-americano<br />
e Israel atualmente atinge um<br />
volume de comércio que supera dois<br />
bilhões de dólares. Além disso, Israel<br />
pratica um volume de comércio com<br />
importações que superam os 50 bilhões<br />
de dólares, com uma enorme<br />
gama de produtos, e que podem complementar<br />
os 240 bilhões de dólares<br />
com que opera o Mercosul. (Fonte:<br />
Câmara Brasil - Israel de Comércio e<br />
Indústria).<br />
Confira Confira Confira alguns alguns alguns depoimentos<br />
depoimentos<br />
sobre sobre o o T TTratado<br />
T ratado<br />
"A ratificação deste tratado pelo<br />
Congresso brasileiro é a prioridade<br />
número um, para nós, da Embaixada<br />
de Israel". Giora Becher - embaixador<br />
de Israel no Brasil.<br />
"Este Tratado é parte fundamental<br />
na diversificação das relações de<br />
mercado dos países do Mercosul. Temos<br />
produtos que queremos vender<br />
para Israel. Israel tem produtos que<br />
pode comercializar com o Mercosul"<br />
- Juan Pablo Lolhé - embaixador da<br />
Argentina.<br />
"Um dos pontos mais importantes<br />
deste acordo, é a abertura de mercado<br />
com terceiros países. O Tratado<br />
será essencialmente sobre bens, com<br />
reduções de tarifas em quatro cestas<br />
(quatro períodos de tempo), cumprindo<br />
o requisito de cobrir todo o comércio"<br />
- embaixador Evandro Didonet,<br />
artífice da elaboração do acordo.<br />
"Acompanhamos e apoiamos a<br />
negociação deste acordo. Ele é o único<br />
anunciado pelo governo brasileiros<br />
nos últimos sete anos. O único<br />
assinado e que ainda não foi ratificado."<br />
embaixador Rubens Barbosa,<br />
presidente do Conselho Superior de<br />
Comércio Exterior da FIESP.<br />
"Tão importante quanto o comércio,<br />
é a relação de cooperação nos termos<br />
tecnológicos " - Teresita Gonzalez<br />
Dias, cônsul geral da Argentina.<br />
"Este tempo de crise, é o tempo<br />
exato para que cada país possa expandir<br />
suas exportações. Cada momento<br />
que se passa, sem a assinatura<br />
do acordo, é um momento perdido<br />
para a economia dos dois países" -<br />
Roy Nir - chefe da Missão Econômica<br />
de Israel no Brasil.<br />
"Tenho muita convicção no espaço<br />
de cooperação tecnológica que resultará<br />
deste acordo, envolvendo esforços<br />
de pesquisadores de ambos os<br />
lados" - Celso Lafer - ex-ministro das<br />
Relações Exteriores do Brasil.<br />
"No Brasil e na Argentina há resistências<br />
para a ratificação do<br />
acordo, que afirmam que com ele<br />
estaremos importando tensões externas.<br />
O Egito e a Jordânia tem<br />
acordos comerciais com Israel. Por<br />
que não perguntam para eles como<br />
esses laços econômicos subsistem?"<br />
- Alberto Pfeiffer, diretor executivo<br />
do CEAL (Conselho Empresarial<br />
da América Latina).<br />
"Nossa comissão está amplamente<br />
favorável para que a ratificação<br />
do acordo aconteça o mais<br />
breve possível" - deputado federal<br />
José Paulo Toffano, que acaba de<br />
assumir a presidência da representação<br />
brasileira no Mercosul. Saiba<br />
mais no site www.cambici.org.br<br />
(Fonte: Câmara Brasil - Israel de<br />
Comércio e Indústria).