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VJ JUN 09.p65 - Visão Judaica

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2<br />

editorial<br />

VISÃO JUDAICA • junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

epercutiu muito o discurso<br />

que o presidente dos EUA Barack<br />

Obama fez no Cairo ao<br />

mundo árabe, como parte de<br />

sua política no Oriente Médio de<br />

obter a paz e de dizer verdades difíceis<br />

de ouvir. Embora Obama, de fato, tenha<br />

feito referências importantes no<br />

assim chamado discurso dirigido ao<br />

mundo islâmico, infelizmente, para<br />

uma alocução rotulada como sendo um<br />

exercício de proferir verdades, a fala<br />

de Obama deixou muito a desejar. Longe<br />

de expressar verdades difíceis,<br />

como bem disse a jornalista israelense<br />

Caroline Glick, do The Jerusalem<br />

Post, analisando o discurso do presidente<br />

norte-americano, foi um testemunho<br />

de conveniência política.<br />

As "durasverdades"<br />

ditas ao<br />

mundo islâmicoincluíramdeclarações<br />

acerca<br />

da necessi-<br />

Publicação mensal independente da dade de<br />

EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />

JUDAICA LTDA.<br />

Redação, Administração e Publicidade<br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Curitiba • PR • Brasil<br />

Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />

Dir. de Operações e Marketing<br />

SHEILLA FIGLARZ<br />

Dir. Administrativa e Financeira<br />

HANA KLEINER<br />

Diretor de Redação<br />

SZYJA B. LORBER<br />

Publicidade<br />

DEBORAH FIGLARZ<br />

Arte e Diagramação<br />

SONIA OLESKOVICZ<br />

Webmaster<br />

RAFFAEL FIGLARZ<br />

Colaboram nesta edição:<br />

Antônio Carlos Coelho, Aristide Brodeschi,<br />

Aroldo Murá G. Haygert, Breno Lerner,<br />

Daniel Benjamin Barenbein, Dennis Prager,<br />

Etgar Lefkovits-Dallal, Heitor de Paola,<br />

Henryk M. Broder, Jane Bichmacher de<br />

Glasman, Jonathan Sacks, Maria Lucia<br />

Victor Barbosa, Markin Tuder, Nahum<br />

Sirotsky, Sérgio Feldman e Yossi<br />

Groisseoign.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />

o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou<br />

comentários publicados, sejam de terceiros<br />

(mencionando a fonte) ou próprios e assinados<br />

pelos autores. O fato de publicá-los não indica<br />

que o <strong>VJ</strong> esteja de acordo com alguns<br />

dos conceitos ou dos temas.<br />

Contém termos sagrados, por isso trate<br />

com respeito esta publicação.<br />

www.visaojudaica.com.br<br />

Este jornal é um veículo independente<br />

da Comunidade Israelita do Paraná<br />

As "duras verdades" de Obama<br />

Humor Judaico<br />

Datas importantes<br />

13 de junho<br />

20 de junho<br />

22 de junho<br />

23 de junho<br />

27 de junho<br />

4 de julho<br />

11 de julho<br />

combater os assim chamados extremistas;<br />

dar igualdade de direitos às<br />

mulheres; defender a liberdade de fé<br />

e encorajar a democracia. Mas todas<br />

essas afirmações sobre estes temas<br />

foram apenas manifestações abstratas<br />

e teóricas, desprovidas de quaisquer<br />

prescrições práticas. Obama disse da<br />

necessidade de combater o terrorismo<br />

islâmico, mas não mencionou que o<br />

respaldo e as bases intelectuais, políticas<br />

e financeiras provêm de instituições<br />

religiosas e políticas da Arábia<br />

Saudita e do Egito, enaltecidos como<br />

moderados e responsáveis.<br />

Ele falou da necessidade de garantir<br />

a igualdade das mulheres, porém<br />

deixou de referir-se às práticas comuns<br />

no mundo muçulmano, como os<br />

assassinatos de honra e a mutilação<br />

genital. E deixou de lado o fato de que<br />

em todos os países islâmicos são negados<br />

às mulheres direitos humanos e<br />

os básicos fundamentais. E ainda respaldou<br />

suas declarações alegando dissimuladamente<br />

que as mulheres dos<br />

EUA sofrem similarmente de desigualdade<br />

de direitos. Assim, Obama sina-<br />

SUGESTÃO<br />

SUGESTÃO<br />

Myrna e David namoram há cinco<br />

anos, sem que David faça a mínima menção<br />

ao casamento. Então, a mãe de Myrna<br />

senta-se junto a ela para conversar.<br />

— "Querida, eu acho que você já esperou<br />

o bastante. A próxima vez que vocês<br />

saírem dê a ele uma sugestão sutil<br />

sobre o casamento. Está bem filha?"<br />

No domingo seguinte, David levou<br />

Myrna ao restaurante chinês kasher favorito<br />

deles. Ele lia o menu e casualmente<br />

perguntou a ela:<br />

— "Então Myrna, como vai querer o<br />

seu arroz? Branco ou frito?"<br />

Sem hesitar e olhando fixamente para<br />

ele respondeu:<br />

— "Quero ele atirado sobre mim..."<br />

Shabat Behaalotecha<br />

Shabat Shelach Lecha<br />

1º dia de Rosh Chodesh<br />

2º dia de Rosh Chodesh<br />

Shabat Corach<br />

Shabat Chucat Balak<br />

Shabat Pinchás<br />

lizou de que ele não poderia fazer alguma<br />

coisa pelo pleito das mulheres<br />

no mundo islâmico, porque nos Estados<br />

Unidos aconteceria o mesmo!<br />

Também falou sobre a necessidade<br />

de garantir a liberdade de fé, mas ignorou<br />

o apartheid religioso da Arábia Saudita.<br />

Pronunciou-se sobre as benesses<br />

da democracia, mas passou por cima do<br />

despotismo das ditaduras. Em síntese,<br />

não abordou os aspectos essenciais das<br />

questões que levantou. Alguém poderia<br />

dizer que com isso ele iria irritar a<br />

audiência. Ora, se o próprio Presidente<br />

dos Estados Unidos, não pode dizer<br />

as verdades que precisam ser ditas,<br />

quem então as poderá dizer?<br />

De forma semelhante, as "duras<br />

verdades" de Obama sobre Israel foram<br />

caracterizadas por uma ausência de probidade<br />

factual e moral a serviço de fins<br />

políticos. Aparentemente, Obama censurou<br />

o mundo islâmico por estar totalmente<br />

impregnado da negação do<br />

Holocausto e da infâmia do ódio aos judeus.<br />

A assertiva de que a negação do<br />

Holocausto e o antissemitismo são er-<br />

Nossa capa<br />

A capa reproduz a obra de arte cujo título é: "A pilhagem<br />

do Templo - alto-relevo sobre o Arco de Tito, em<br />

Roma", pintado com a técnica aquarela e dimensões<br />

de 50x35cm, criação de Aristide Brodeschi.<br />

Nota: A imagem da Menorá do Templo (o Candelabro<br />

de sete braços) ladeada por ramos de oliveira<br />

(simbolizando a paz) tornou-se hoje a efígie do Estado<br />

de Israel. Uma réplica do alto-relevo de Roma se<br />

encontra no Museu da Diáspora de Tel-Aviv, Israel.<br />

O autor nasceu em Bucareste, Romênia, é arquiteto<br />

e artista plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já<br />

desenvolveu trabalhos em várias técnicas, dentre elas<br />

pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu premiações por<br />

seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras estão<br />

espalhadas por vários países e tem no judaísmo, uma<br />

das principais fontes de inspiração. É o autor das capas<br />

do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. (Para conhecer mais sobre<br />

ele, visite o site www.brodeschi.com.br).<br />

ACENDIMENTO DAS VELAS<br />

EM CURITIBA<br />

junho / julho de 2009<br />

Shabat<br />

DATA HORA<br />

12 / 6<br />

19 / 6<br />

26 / 6<br />

3 / 7<br />

10 / 7<br />

17 / 7<br />

17h14<br />

17h 15<br />

17h 16<br />

17h 19<br />

17h 21<br />

17h 25<br />

ros parece confirmar seu compromisso<br />

de que a ligação entre a América e Israel<br />

é inabalável. Mas uma análise mais<br />

cuidadosa das declarações mostra que,<br />

na realidade, está aceitando a visão árabe<br />

de que Israel é um intruso estrangeiro,<br />

algo inaceitável, e legitimando a<br />

reação árabe, cujo argumento básico<br />

contra Israel é que a única razão da criação<br />

de Israel foi a de atenuar a consciência<br />

culpada dos europeus em relação<br />

ao Holocausto. Segundo essa narrativa,<br />

os judeus não têm direito legal,<br />

histórico ou moral à terra de Israel.<br />

Este argumento é completamente<br />

falso. A comunidade internacional reconheceu<br />

os direitos legais, históricos<br />

e morais do povo judeu à terra de Israel<br />

muito antes que se ouvisse falar em<br />

Hitler. Em 1922, a Liga das Nações ordenou<br />

que a Comunidade <strong>Judaica</strong> fosse<br />

reconstruída - e não criada - na terra<br />

de Israel, abrangendo suas fronteiras<br />

históricas em ambas as margens<br />

do Rio Jordão. Obama ignorou esse<br />

fato básico preferindo calar-se ante a<br />

mentira árabe. Esta é a dura verdade.<br />

Falecimentos<br />

A Redação<br />

Fani Lerner, dia 21/5/2009 (27 de Iyar de<br />

5769), em Curitiba. Seu corpo, após ser<br />

velado no Salão Nobre da Prefeitura de<br />

Curitiba, foi sepultado, no mesmo dia,<br />

no Cemitério Israelita de S. Cândida<br />

(Leia mais sobre Fani Lerner Z"L, nas<br />

páginas 12 e 13 desta edição).<br />

Felisa Grynbaum, dia 10/6/2009 (19 de<br />

Sivan de 5769), em Curitiba. Seu corpo<br />

depois de velado na capela do Cemitério<br />

Israelita do Água Verde, foi sepultado<br />

na manhã do dia 11/6 no Cemitério<br />

Israelita de S. Cândida.


Sérgio Feldman *<br />

ma edição dedicada a<br />

Tishá BeAv não é algo<br />

que exista em qualquer<br />

jornal. Lembrar<br />

das ruínas de um Templo,<br />

e de uma cidade destruídos<br />

duas vezes, sendo que a última<br />

foi há quase dois mil anos é, no<br />

mínimo, para se refletir e questionar.<br />

Qual é o sentido desta memória? Por<br />

que lembrar de uma perda notável,<br />

mas tão antiga? Proponho uma releitura<br />

do símbolo.<br />

Não tenho todas as respostas,<br />

mas tenho uma das possíveis respostas.<br />

Isto pode ser intitulado como sendo:<br />

memória e identidade. Devemos<br />

lembrar e aprender de nossa experiência<br />

histórica. Nossa religião é imbricada<br />

na História. Perceba só. Nosso<br />

D-us não tem imagem e nem representação,<br />

pois isto é para nós idolatria.<br />

Não temos dogmas, além da<br />

crença no D-us único e na negação<br />

da idolatria. O que servimos? Um<br />

D-us invisível e um livro aberto a perushim<br />

(interpretações) e a ideia de<br />

uma razão e um sentido na História.<br />

O livro também é imbricado na História<br />

e tenta explicá-la. Entender os dilemas<br />

de um povo perseguido, discriminado<br />

e sem pátria por dois mil anos.<br />

Qual é o sentido deste sofrimento?<br />

Qual é o sentido da História? Se houve<br />

um começo, há um sentido e uma<br />

direção à História. E qual é ele?<br />

Difuso e amplo na sua explicação,<br />

o sentido da História no Judaísmo é a<br />

busca de certos elementos: a paz universal<br />

e o fim das guerras e violências;<br />

a Justiça Social sob um líder espiritual<br />

humano, mas divinamente inspirado<br />

e orientado; e o diálogo entre<br />

as diversidades humanas com respeito<br />

ao outro. Como um povo escorraçado<br />

e estereotipado serviu no projeto<br />

divino? Como o povo judeu foi o<br />

instrumento de D-us? Esta identidade<br />

grupal ajudou os judeus a sobreviverem<br />

e a resistirem às agruras da<br />

longa e penosa Diáspora.<br />

A resposta judaica foi sua visão<br />

de mundo e da História. Ao propor uma<br />

ética e a concepção do D-us único e<br />

Criador do Universo, o povo judeu ofereceu<br />

um sentido para História. Uma<br />

razão de ser que explicasse tanto a<br />

dispersão judaica, quanto a existência<br />

do mal e da violência. e oferecesse<br />

uma finalidade para a História.<br />

Qual é o nome disto? Busquei na mística<br />

judaica a resposta. Nada mal para<br />

um historiador, racional e tão crítico:<br />

Ou como celebrar ou "se lembrar" de Nove de Av<br />

Tikun Olam, o conserto do Mundo.<br />

Aprendi este conceito com os rabinos<br />

Roberto Graetz e Nilton Bonder<br />

há vinte anos. Fui buscar o meu entendimento<br />

deste conceito. Sua origem<br />

pode ser atribuída ao eminente<br />

cabalista do século XVI, que viveu na<br />

Galiléia, na cidade de Safed: Ari o<br />

Santo, ou rabi Isaac Luria.<br />

Sua doutrina explicava o sofrimento<br />

judaico, o Galut (Diáspora) e a história<br />

sob um olhar místico. Falava de<br />

Tzimtzum (contração), Shevirat a Keilim,<br />

(quebra dos vasos) e Tikun (conserto),<br />

entre outras coisas. Para Luria<br />

a explicação emanacionista do<br />

neoplatonismo era imprecisa. Nesta,<br />

a Criação seria uma exteriorização de<br />

D-us. Na concepção do Tzimtzum, a<br />

Criação é precedida por um gesto de<br />

amor de D-us, que abre um espaço<br />

para Criação para deixá-la acontecer.<br />

Este é o símbolo do Exílio: no nível<br />

espiritual é D-us que abre espaço e<br />

no plano físico é o povo judeu que vai<br />

para o Exílio. D-us se retira de um<br />

espaço por amor aos seres humanos<br />

e o povo judeu se retira de Eretz Israel<br />

(Terra Prometida), para ser o instrumento<br />

de D-us. Na Redenção o<br />

Povo volta a Israel e a Jerusalém. Ou<br />

seja, a Diáspora é uma etapa prévia<br />

da Redenção. Os sofrimentos do povo<br />

judeu na História são provas e etapas<br />

do processo.<br />

Ele também concebeu a visão cabalística<br />

de um suposto acidente<br />

ocorrido durante a Criação. Era a quebra<br />

dos vasos ou Shevirat a keilim. A<br />

energia gerada pela obra divina fez<br />

com que se quebrassem alguns recipientes<br />

que continham centelhas da<br />

luz divina que se espalharam pelo<br />

mundo material. Em toda a Criação<br />

as centelhas divinas se alojaram: seres<br />

vivos, objetos, matéria inorgânica.<br />

O mundo está impregnado desta<br />

energia divina e há que se consertar<br />

este acidente.<br />

Aqui entra o Tikun (conserto). As<br />

centelhas da luz divina devem ser recolhidas<br />

e levadas de volta aos vasos,<br />

no sentido da realização do conserto<br />

e da restauração da unidade<br />

cósmica. Só o ser humano pode recolher<br />

estas fagulhas divinas. A ele compete<br />

a transformação e restauração<br />

do equilíbrio. O Tikun depende dos<br />

gestos e das ações dos seres humanos:<br />

cada gesto de violência e desamor<br />

ao próximo o distância; cada gesto<br />

de bondade e amor ao outro, o<br />

aproxima. Depende dos seres humanos.<br />

A era messiânica e o fim do exílio<br />

estão configurados no Tikun.<br />

Repensando o Tikun em nossos<br />

dias podemos entabular uma dezena<br />

de interpretações: simbólicas e<br />

literais; místicas ou racionais; ortodoxas<br />

ou conservadoras; radicais ou<br />

moderadas. Mas há um elemento<br />

em comum a todas elas: a Redenção<br />

depende do ser humano. D-us<br />

não pode fazê-la por nós. Esta é<br />

nossa função. Dos judeus e de todos<br />

os seres humanos.<br />

Uma parte da Redenção já ocorreu.<br />

Dois rabinos do século XIX a previram<br />

e acertaram: um era sefaradi<br />

e se chamava Alcalay; outro era<br />

ashkenazi e se chamava Kalisher.<br />

Propuseram não esperar o Messias<br />

e sim agir para que ele pudesse vir.<br />

E a parte que eles propuseram foi:<br />

reconstruir Israel e acelerar o Tikun.<br />

Propuseram o Sionismo como um<br />

gesto da Redenção.<br />

O Tikun Olam (conserto do Mundo)<br />

começou há sessenta e um anos<br />

atrás, na Criação do Estado de Israel.<br />

O espaço cósmico se alterou e a<br />

Diáspora começou a se transformar.<br />

O sentido de celebrar Tishá BeAv se<br />

alterou. Agora não é a tristeza da perda<br />

do Templo e da cidade sagrada.<br />

Jerusalém se refez. Israel é um Estado<br />

livre e soberano.<br />

Não é um país perfeito. Longe disto.<br />

Uma sociedade com altos e baixos,<br />

acertos e erros, tensões sociais<br />

e conflitos externos com palestinos e<br />

árabes. Nada fácil.<br />

A Redenção deve ser feita em diversos<br />

níveis: no macrocosmo das relações<br />

entre nações, fortalecendo a<br />

democracia e o pluralismo, respeitando<br />

a diversidade cultural e religiosa<br />

e lutando pela paz; e no microcosmo<br />

das relações entre indivíduos: pais e<br />

filhos, esposa e marido, irmãos entre<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Nas ruínas da História<br />

si, companheiros de trabalho, vizinhos<br />

e estranhos com quem cruzamos casualmente<br />

lá e cá. Juntar as fagulhas<br />

da centelha divina é um gesto cotidiano,<br />

constante e intenso.<br />

Não celebro Tishá BeAv há décadas.<br />

Respeito e lembro sempre a data.<br />

Na minha memória o Templo de Jerusalém<br />

é sagrado, mas não o desejo<br />

além da memória. Não sonho com<br />

sacrifícios de animais no Monte Moriah.<br />

Sonho com a paz. Almejo a justiça<br />

social. Quero um mundo sem sofrimento<br />

para judeus, mas também<br />

para palestinos, árabes, negros e ciganos.<br />

São todos dignos do Tikun.<br />

Não jejuo e nem fico de luto em<br />

Tishá BeAv. Israel é real. Celebro Iom<br />

Haatzmaut e rejubilo-me pela pujança<br />

cultural e pela democracia israelense.<br />

Preocupo-me com os nossos<br />

radicais tanto quanto com os radicais<br />

do outro lado. Não almejo um<br />

novo Tishá BeAv, portanto, quero um<br />

Israel forte e que possa se defender<br />

dos Haman (hoje o persa é Ahmandinejad)<br />

ou dos amalekitas (Hamas).<br />

Oxalá um dia haja paz no<br />

mundo, no Oriente Médio e entre<br />

nós e nossos vizinhos. Amém.<br />

3<br />

* Sérgio Feldman<br />

é doutor em<br />

História pela<br />

UFPR e professor<br />

de História Antiga<br />

e Medieval na<br />

Universidade<br />

Federal do<br />

Espírito Santo, em<br />

Vitória, e exprofessor<br />

adjunto<br />

de História Antiga<br />

do Curso de<br />

História da<br />

Universidade<br />

Tuiuti do Paraná.<br />

Concepção artística da destruição de Jerusalém pelos romanos


4<br />

* Markin Tuder é<br />

arquiteto e vive<br />

em Tel Aviv.<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Caro Breno,<br />

Se não tivesse visto seu nome<br />

como signatário do artigo, não teria<br />

dado a ele a mínima importância. Estou<br />

farto (para não usar a expressão<br />

popular que melhor descreve a situação)<br />

de tentar esclarecer e elucidar<br />

esta turba de fanáticos mal-informados<br />

ou mal-intencionados, ou ambos,<br />

que falam e escrevem sem conhecimento<br />

de causa. Contanto que seja<br />

contra Israel e contra os americanos.<br />

Como é que você se atreve, Breno,<br />

a mencionar e pensar que esta<br />

versão muçulmana de Hitler possa ter<br />

razão? Ou eu não sei mais o significado<br />

da palavra "razão".<br />

Minha mãe, Breno, tia do seu pai,<br />

irmã da sua avó, faleceu em 1943<br />

com 42 anos de idade, vítima de um<br />

câncer. Suas últimas palavras foram<br />

de maldição a Hitler, por ter dizimado<br />

toda a família dela, a minha família,<br />

a sua família. Pai, mãe, irmão, irmãs,<br />

primos, tios. Sobraram duas irmãs<br />

refugiadas na França. Se você,<br />

como eu, tiver um dia a curiosidade<br />

de pesquisar a sua família paterna,<br />

vai encontrar álbuns cheios de rostos.<br />

Em alguns deles você é capaz até de<br />

encontrar alguns traços familiares.<br />

Um nariz, os olhos, a testa, um queixo,<br />

um sorriso. Um amontoado de faces,<br />

rostos sem identidade. Hitler<br />

deu-lhes um número, matou-os das<br />

formas mais cruéis, e os cremou ou<br />

enterrou em valas comuns. Como<br />

pode você, Breno, falar de razão? Você<br />

Um tiroteio ocorrido dentro do Museu<br />

Memorial do Holocausto, em Washington,<br />

matou dia 10/6 um guarda de<br />

segurança do Museu do Holocausto em<br />

Washington. O museu, que fica só a três<br />

quadras da Casa Branca, foi isolado.<br />

Segundo a Polícia do Distrito de Columbia,<br />

James W. von Brunnn entrou no<br />

museu com um rifle e atirou contra um<br />

dos seguranças. Na sequência, o atirador<br />

também foi baleado. As ruas em<br />

torno do museu foram fechadas e bloqueadas<br />

com fita amarela. Vários carros<br />

de polícia e guardas sobre cavalo<br />

cercaram a área.<br />

O museu normalmente tem uma forte<br />

segurança, com guardas posicionados<br />

dentro e fora do prédio. Todos os<br />

Resposta ao artigo de Breno Altman, no site<br />

oficial do PT, ainda sobre Ahmadinejad<br />

Markin Tuder *<br />

vai ver rostos, muitos homens barbudos,<br />

alguns até sorriem para você,<br />

mas a maioria com olhar sério, sisudo.<br />

Nem posso lhes retribuir o sorriso.<br />

Sei que são parentes, mas são<br />

pessoas estranhas. Não as conheço.<br />

Algumas poucas têm o nome escrito<br />

em iídiche. Ainda bem que sei o suficiente<br />

para ler; mas as assinaturas<br />

são difíceis de decifrar. Seu tio pode<br />

ajudá-lo nesta tarefa. Hitler, predecessor<br />

de Ahmadinejad, não permitiu que<br />

eu conhecesse minha família, rouboua<br />

de mim. Minha história começa no<br />

Brasil, país maravilhoso, tolerante,<br />

que acolheu meus pais e seus avôs, e<br />

permitiram que vivessem uma vida digna,<br />

e educassem seus filhos num ambiente<br />

de liberdade e tolerância.<br />

Mas como você foi capaz de escrever<br />

tamanha barbaridade; será<br />

que a mão tremeu-lhe, na hora da<br />

escrita? "O" negador do Holocausto,<br />

pregador do extermínio de Israel e do<br />

povo judeu, o povo de seus avôs. Que<br />

razão pode ter? Este é um termo que<br />

não se coaduna com a "personalidade"<br />

em questão. Já chegou às suas<br />

mãos fotos ou filmes de como por ele<br />

são tratados os oponentes? Ou de<br />

como as mulheres "adúlteras" são<br />

apedrejadas até a morte; ou os homossexuais?<br />

No Irã não existem homossexuais,<br />

ele declarou; será que<br />

conseguiu assassinar todos, nenhum<br />

escapou? Já viu como são tratadas as<br />

mulheres? O PT, fiel aos seus princípios<br />

de igualdade e fraternidade, deveria<br />

enviar uma delegação de mulheres<br />

para fomentar e ajudar a for-<br />

mação de um movimento feminista lá.<br />

Isto seria racional para quem procura<br />

a razão. Seria uma atitude mais condigna<br />

para um partido revolucionário,<br />

do que muitas das atitudes assumidas<br />

pelo PT contra Israel e contra os<br />

judeus. Duvido que seja necessária<br />

passagem de volta. Só "one-way".<br />

Mas há coisas, verdade Breno, sobre<br />

as quais é melhor calar. Como, por<br />

exemplo, os enforcamentos públicos.<br />

De onde você conhece as condições<br />

de vida dos palestinos em Israel,<br />

Breno? Pois eu lhe digo francamente:<br />

Não conhece! O mínimo que<br />

você poderia desejar é que os árabes<br />

de todos os países muçulmanos tivessem<br />

as condições de vida que têm os<br />

palestinos em Israel. Não acredita?<br />

Venha ver. Eu o convido, você pode<br />

ficar em minha casa. Então, visitaremos<br />

juntos as cidades e as aldeias<br />

árabes. Visitaremos as escolas, onde<br />

as crianças estudam na língua árabe.<br />

Aliás, o árabe é a segunda língua do<br />

país, sendo que todas as placas oficiais<br />

são obrigadas por lei a serem<br />

escritas também em árabe. Visitaremos<br />

as enfermarias onde a população<br />

recebe tratamento médico e sanitário<br />

igual ao de toda a população.<br />

Você verá o sistema de iluminação,<br />

água corrente, esgotos, telefones,<br />

transportes, bombeiros. Entraremos<br />

em algumas casas, a sua escolha, e<br />

veremos as pessoas e os pertences.<br />

Pessoas sadias, com todos os pertences<br />

que uma pessoa que vive na nossa<br />

época possui. Você poderá falar<br />

com eles em inglês, sim, grande par-<br />

Tiros matam guarda de segurança no<br />

Museu do Holocausto nos EUA<br />

visitantes são obrigados a passar por<br />

detectores de metal na entrada, e mochilas<br />

e bolsas são fiscalizadas. O museu<br />

recebe cerca de 1,7 milhão de visitantes<br />

por ano.<br />

O atirador foi identificado como<br />

James Von Brunn, de 88 anos, morador<br />

do Estado de Maryland. Von Brunn<br />

é ligado a grupos supremacistas brancos<br />

e, segundo a imprensa americana,<br />

tem um site no qual veicula conteúdo<br />

racista. Ele já havia sido preso<br />

em 1981 por ter entrado na sede do<br />

Federal Reserve (o Banco Central dos<br />

Estados Unidos) portando armas para<br />

sequestrar membros da instituição.<br />

Ele foi sentenciado a quatro anos por<br />

tentativa de seqüestro, roubo, assal-<br />

to e porte ilegal de armas.<br />

O segurança atingido, identificado<br />

como Stephen Tyrone Johns, chegou a<br />

ser socorrido, mas morreu no hospital.<br />

Segundo a direção do museu, Johns trabalhava<br />

no local há seis anos e "morreu<br />

no cumprimento de seu dever".<br />

Pessoas entrevistadas pelas emissoras<br />

de TV americanas que estavam<br />

no local no momento dos disparos contam<br />

ter ouvido gritos, visto sangue espalhado<br />

pelo chão e vidro quebrado.<br />

O presidente dos Estados Unidos,<br />

Barack Obama, disse estar entristecido<br />

com o incidente, informou<br />

a Casa Branca. A Embaixada de Israel<br />

em Washington também condenou<br />

o ataque.<br />

te da população fala inglês, e perguntar<br />

o que você quiser. E eles responderão<br />

o que quiserem, sem medo de<br />

serem presos ou espancados ou torturados.<br />

E nem enforcados em praça<br />

pública. Visitaremos algumas universidades,<br />

e você terá a oportunidade<br />

de conversar com quantos estudantes<br />

árabes você tiver vontade e há<br />

muitos. Podemos tentar conversar<br />

também com algum dos deputados<br />

árabes democraticamente eleitos.<br />

Não há numerus clausus, as eleições<br />

são proporcionais, e há árabes que<br />

votam em partidos judeus e judeus<br />

que votam em partidos árabes. Talvez<br />

então você saiba os verdadeiros<br />

problemas da minoria palestina em<br />

Israel. Mas, de que verdade e de que<br />

gueto você está falando? Você sabe<br />

como viveu seu bisavô no gueto de<br />

Varsóvia, onde morreu de tifo devido<br />

à absoluta falta de condições de<br />

higiene. Venha, vamos procurar juntos,<br />

um gueto em Israel, algum lugar<br />

onde pessoas estejam confinadas,<br />

não possam sair ou movimentar-se livremente.<br />

Temo que fique surpreso e<br />

decepcionado, Breno. Pois não vai encontrar<br />

nenhum. Talvez em alguns<br />

bairros de judeus ultra-religiosos, por<br />

livre escolha.<br />

Diferente é a situação nos territórios<br />

ocupados. Lá estamos em estado<br />

de guerra, não por nós declarada.<br />

Enquanto os palestinos adotarem<br />

a linha facínora do Hamas, apoiados,<br />

sustentados e armados pelo seu<br />

"dono da razão" de Teerã, não haverá<br />

entendimento e não haverá paz.<br />

Na mesma noite do ataque, o museu<br />

abrigaria um evento que contaria<br />

com a presença do procurador geral dos<br />

EUA, Eric Holder.<br />

James Brunn conforme se vê em<br />

seu site, acredita em várias teorias<br />

conspiratórias envolvendo judeus, negros<br />

e outros grupos minoritários. O<br />

prefeito de Washington, Adrian M. Fenty<br />

declarou que as condições do atirador<br />

são críticas.<br />

A chefe de polícia, Cathy Lanier,<br />

disse que o atirador caminhou até a<br />

entrada principal do museu e de lá começou<br />

a atirar sem aviso. Nesse momento<br />

um guarda de segurança atirou<br />

de volta, e um, total de cinco ou seis<br />

balas foram disparadas.


*Breno Lerner é<br />

editor e gourmand,<br />

especializado em<br />

culinária judaica.<br />

Escreve para<br />

revistas, sites e<br />

jornais. Dá<br />

regularmente cursos<br />

e workshops. Tem<br />

três livros<br />

publicados, dois<br />

deles sobre culinária<br />

judaica.<br />

PASTRAME DO MAR<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Mas 9 de Av é dia de jejum...<br />

Sempre sobra para mim nos dias de jejum. Como fazer uma coluna<br />

de culinária para um dia triste e onde não se come?<br />

Bem, ensinam nossos sábios que nenhuma alegria pode ser suplantada<br />

por uma tristeza, seja ela qual for.<br />

De todos os termos que os judeus levaram para os Estados<br />

Unidos talvez nenhum tenha se entranhado tanto no cotidiano<br />

americano como o Lachs.<br />

Tanto é que alguns americanos menos avisados ou não associam<br />

salmão ao que ele é (só reconhecem a palavra Lox) ou<br />

acham que salmon é uma coisa e Lox (do iídiche Lachs) é outra.<br />

Aliás, na sua origem a palavra Lachs designava o salmão em<br />

salmoura, que vinha em barris ou latas e não o salmão defumado,<br />

como hoje é utilizada.<br />

O Lox Sandwich é um absoluto clássico de Nova York, tendo<br />

sido glorificado em músicas, filmes e peças de teatro. Uma das<br />

melhores memórias que tenho de minhas viagens é ir, ainda<br />

moleque, com meu pai (que aliás, foi quem me ensinou o gosto<br />

pela cozinha e pela culinária) ao bar do Waldorf Astoria comer<br />

Lox Sandwich e ouvir o Bob Short ao piano.<br />

Já o Pastrame de Salmão vem da Itália (a receita original do<br />

pastrame de carne vem da Turquia) e foi introduzido no Brasil<br />

pelo genial Luciano Boseggia quando era cozinheiro do Fasano.<br />

Foi incluído em nosso receituário por sua semelhança com<br />

a clássica receita de carne, quase impossível de ser feita em<br />

casa por sua complexidade e que tornou-se sinônimo de receita<br />

judaica praticamente em todo o mundo.<br />

1 lateral inteira do salmão, com a pele,<br />

de aproximadamente ½ kg.<br />

2 colheres sopa de mostarda tipo l'ancienne<br />

(aquela que contém os grãos inteiros)<br />

2 colheres sopa de sal marinho<br />

2 colheres sopa de açúcar mascavo<br />

1 colher chá de pimenta do reino<br />

2 colheres sopa de dill picadinho<br />

2 colheres sopa de salsinha picadinha<br />

PARA O MOLHO:<br />

4 colheres sopa de azeite<br />

2 colheres chá de mostarda em grão<br />

1 colher café de dill picado<br />

suco de ½ limão<br />

MODO DE PREPARAR:<br />

Passe a mão pelo salmão para verificar a ausência de espinhas.<br />

Coloque-o numa tábua com a pele para baixo.<br />

Esfregue delicadamente o sal e o açúcar.<br />

Misture a mostarda com o dill e a salsinha e esfregue no salmão.<br />

Deixe descansar em temperatura ambiente por duas horas e<br />

depois leve à geladeira por um dia.<br />

Retire o excesso de mostarda do salmão, misture bem os<br />

ingredientes do molho, fatie o salmão em fatias finíssimas e sirva<br />

acompanhado do molho.<br />

Pode ser enfeitado com alcaparras picadas e ovos cozidos<br />

ralados.<br />

Pode ser utilizado para canapés em pão preto, também<br />

enfeitados com os mesmos ingredientes.<br />

CARPACCIO DE BETERRABAS<br />

* Breno Lerner<br />

A vida continua. Comíamos antes e comeremos depois de cada dia triste.<br />

Descobri faz pouco tempo que alguns grupos costumam não<br />

comer carne nos 9 dias que antecedem Tishá BeAv, assim vão<br />

aqui algumas sugestões sem carne, para a quebra do jejum.<br />

O carpaccio foi inventado pelo genial Giuseppe Cipriani, fundador do Harry's Bar,<br />

em Veneza. Em 1950, a condessa Amalia Nani Mocenigo, assídua frequentadora<br />

do bar, pede a Cipriani um prato leve, que não levasse carne assada ou cozida,<br />

proibidas por seu médico. O prato foi criado e batizado em honra a Vittore Carpaccio,<br />

pintor renascentista vêneto, famoso pelo uso da cor vermelha, e que estava<br />

sendo homenageado com uma grande exposição naquele ano, na cidade. O<br />

molho da receita original, segundo Arrigo Cipriani, filho de Giuseppe, levava apenas<br />

maionese, gotas de molho inglês, suco de limão, duas colheres de sopa de<br />

leite, sal e pimenta do reino branca, tudo bem batido para fazer uma emulsão.<br />

Hoje vamos utilizar a genial idéia do Cipriani num prato cuja base são as beterrabas.<br />

6 beterrabas grandes,<br />

descascadas e cozidas<br />

suco de 1 limão<br />

4 colheres de sopa de aceto<br />

balsâmico<br />

4 dentes de alho bem picados<br />

1 maço de salsinha muito bem<br />

picada<br />

2 colheres de sopa de shoyu<br />

½ xícara de azeite<br />

sal e pimenta do reino à gosto<br />

IMAN BAYILDY<br />

MODO DE PREPARAR<br />

Corte as beterrabas em fatias<br />

finíssimas no mandolim.<br />

Misture todos os ingredientes<br />

menos o azeite e as beterrabas.<br />

Coloque então o azeite em fio,<br />

batendo bem para emulsificar.<br />

Numa vasilha alterne camadas de<br />

beterrabas e do molho.<br />

Deixe tomar gosto por uma noite.<br />

Esta moderna receita é do chef Yaron Kasterbaum, de Tel Aviv. Seu nome quer dizer,<br />

o califa desmaiou, numa alegação que um determinado califa, no século IX teria se<br />

extasiado com a criação de seu chef.<br />

4 berinjelas não muito grandes<br />

4 colheres de sopa de molho tahini<br />

4 colheres de sopa de iougurte (a receita<br />

original é feita com iogurte de leite de cabra)<br />

4 tomates grandes e maduros<br />

3 colheres de sopa de mel<br />

4 colheres de sopa de suco de limão<br />

8 colheres de sopa de azeite<br />

1 colher de chá de pimenta dedo de moça picadinha<br />

1 colher de chá de alho picadinho<br />

sal e pimenta do reino à gosto<br />

Folhas de orégano fresco para enfeitar<br />

MODO DE PREPARAR:<br />

Abra uma tampa em cada tomate e com uma colherzinha retire todo seu miolo.<br />

Pique bem este miolo e reserve.<br />

Grelhe as berinjelas na chama do fogão até a casca ficar bem queimada.<br />

Corte ao meio no sentido do comprimento, coloque em prato e amasse ligeiramente<br />

com a mão, para a berinjela ficar fininha.<br />

Sobre cada berinjela divida o molho de tahini, iogurte, mel e o suco de limão<br />

Sobre estes divida o miolo dos tomates e salpique com o alho, sal, pimenta do reino<br />

e a pimenta dedo de moça. Complete com o azeite e enfeite com as folhas de<br />

orégano.<br />

5


6<br />

* Jane<br />

Bichmacher de<br />

Glasman é<br />

escritora,<br />

professoraadjunta,<br />

fundadora e ex-<br />

Coordenadora do<br />

Programa de<br />

Estudos Judaicos<br />

e do Setor de<br />

Hebraico- UERJ.<br />

Doutora em<br />

Língua Hebraica,<br />

Literaturas e<br />

Cultura <strong>Judaica</strong> -<br />

USP.<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Jane Bichmacher de Glasman *<br />

Rupturas Rupturas e e angústias angústias<br />

angústias<br />

O período de três semanas de 17<br />

de Tamuz a 9 de Av (este ano de 9 a<br />

30 de julho) é conhecido como bein<br />

há-meitzarim que significa entre angústias,<br />

aflições ou literalmente,<br />

estreitezas 1 .<br />

Em 17 de Tamuz recordamos muitas<br />

rupturas: das tábuas por Moisés;<br />

das muralhas de Jerusalém; do santuário<br />

do Templo profanado; da oferenda<br />

diária interrompida; dos rolos<br />

de Torá queimados por Apóstomo...<br />

Não foi à toa que Sadam Hussein "batizou"<br />

seu reator nuclear de Tamuz 17!<br />

Já 9 de Av é a data mais sombria<br />

do calendário judaico.<br />

O Talmud (Taanit 29-a) nos conta<br />

que tudo começou um ano e meio após<br />

o êxodo do Egito: antes de o povo judeu<br />

entrar e conquistar a Terra Prometida,<br />

Moisés enviou para lá doze espiões.<br />

Ao voltarem, disseram ao povo<br />

que os habitantes eram muito fortes e<br />

que os judeus tinham poucas chances<br />

de vencê-los. Segundo a Torá, "Naquela<br />

noite, o povo chorou" (Nm 14:1).<br />

D-us puniu os israelitas por essa falta<br />

de fé, decretando que iriam errar pelo<br />

deserto durante 40 anos até morrer.<br />

Somente seus filhos<br />

iriam entrar na Terra<br />

Prometida. E acrescentou:<br />

"Esta noite choraram<br />

em vão; Proclamarei<br />

este dia como dia<br />

de luto para as gerações<br />

vindouras". Era<br />

dia 9 de Av...<br />

E é longa a lista de<br />

fatos trágicos que<br />

nele se registram:<br />

586 a.e.c. - Destruição do Primeiro<br />

Templo pelos babilônios;<br />

70 e.c. - Destruição do Segundo Templo<br />

pelos romanos e o início do Exílio;<br />

135 - Queda de Betar, último reduto<br />

da Revolta de Bar Kochba, com milhares<br />

de judeus mortos ou exilados<br />

e a última esperança de reconquistar<br />

a independência dos romanos<br />

destruída;<br />

136 - Jerusalém foi destruída e a romana<br />

Aelia Capitolina estabelecida<br />

em seu lugar;<br />

9 de av: rompendo muralhas<br />

1290 - Assinatura do édito de expulsão<br />

dos judeus da Inglaterra;<br />

1492 - Os judeus foram expulsos da<br />

Espanha;<br />

1555 - O Papa Paulo IV força todos os<br />

judeus de Roma a se mudarem para<br />

uma área malcheirosa, próxima ao<br />

Rio Tiber e a pagar pelo muro que<br />

cercava o gueto;<br />

1914 - Início da Primeira Guerra Mundial<br />

(e a Alemanha derrotada foi o<br />

solo fértil da Shoá);<br />

1942 - Começo da deportação dos judeus<br />

do Gueto de Varsóvia.<br />

No ciclo de vida judaico, que continua<br />

e se repete, foram inseridas tradições<br />

para lembrar que a alegria não está<br />

completa sem Jerusalém e o Templo:<br />

um prato é quebrado na assinatura<br />

de um contrato de noivado;<br />

o noivo quebra um copo debaixo da<br />

hupá após a cerimônia de casamento;<br />

uma pequena parte de parede em<br />

toda casa nova é deixada sem gesso<br />

ou sem pintura<br />

Por Por que?<br />

que?<br />

O Talmud (Yomah 9b) explica que<br />

o Primeiro Templo foi destruído por<br />

causa de idolatria, homicídios e imoralidade<br />

sexual. Durante a época do<br />

Segundo Templo, os judeus estudavam<br />

a Torá e respeitavam suas leis;<br />

todavia, se odiavam. Ele foi destruído<br />

por uma só razão: sinat hinam ou<br />

ódio gratuito: as pessoas se odiavam<br />

sem nenhuma razão, não havia compaixão<br />

e falavam mal uns dos outros<br />

(lashon hará). Nossos sábios ensinam<br />

que esses atos são equivalentes (ou<br />

piores) do que idolatria, imoralidade<br />

e assassinato. Tanto que o Primeiro<br />

Templo foi reconstruído 70 anos após<br />

sua destruição, e o segundo, quase<br />

2000 anos depois, ainda não...<br />

O Talmud (Guitin 55-57a) conta<br />

uma estória que simboliza este ódio:<br />

no meio de um banquete dado por um<br />

homem rico, este descobre que Bar<br />

Kamtsa, seu inimigo, tinha sido convidado<br />

em vez de Kamtsa, seu amigo,<br />

e se recusa a ouvir a súplica de Bar<br />

Kamtsa para não ser humilhado em<br />

público ou mesmo sua oferta para<br />

pagar as despesas. Pôs Bar Kamtsa<br />

para fora à força, o qual, em represália,<br />

incitou Roma contra o povo judeu.<br />

O anfitrião não aceitou Bar Kamtsa<br />

de jeito algum. Qualquer reconhecimento<br />

seria admitir que existisse um<br />

intrínseco relacionamento. Permitir<br />

que Bar Kamtsa ficasse significaria<br />

haver uma conexão, e, portanto, em<br />

algum nível, um compromisso - e isso,<br />

para o anfitrião, era impensável.<br />

E esta é a essência do Sinat hinam,<br />

ódio gratuito: a recusa em reconhecer<br />

um relacionamento, uma<br />

conexão, um compromisso com o outro,<br />

não por causa de algo que a pessoa<br />

fez, mas tão somente por causa<br />

da pessoa, sua presença, intruso no<br />

"espaço pessoal". Sinat hinam significa<br />

que o simples fato de a outra<br />

pessoa existir é uma ofensa.<br />

Uma lenda (Midrash Eicha Raba) narra,<br />

com fins educativos, que na noite de<br />

Tisha BeAv, a alma do patriarca Abrahão<br />

entrou no Kodesh há-Kodashim 2 e perguntou:<br />

D-us, onde estão meus filhos?<br />

D-us respondeu: Eles pecaram, portanto<br />

os exilei entre as nações. Abrahão<br />

insiste: Mas não havia nenhum virtuoso?<br />

D-us explicou: Cada um se regozijou<br />

com a ruína do outro...<br />

As As As muralhas muralhas<br />

muralhas<br />

E qual a relação disto com as muralhas<br />

de Jerusalém?<br />

Uma muralha protege os que estão<br />

dentro de invasores indesejáveis<br />

e une os que estão dentro de seus limites,<br />

forçando o reconhecimento de<br />

um vínculo entre as pessoas. Quando<br />

ela é rompida, ambas as funções<br />

são perturbadas - inimigos podem penetrar<br />

na cidade e as pessoas podem<br />

ignorar suas obrigações, abandonar<br />

a cidade, romper sua unidade.<br />

A muralha que cercava Jerusalém<br />

unia os judeus numa existência comum<br />

através de Ahavat Israel, amor<br />

fraterno, porque dentro do muro localizava-se<br />

o Templo, representando<br />

a mais elevada conexão e o mais profundo<br />

compromisso. Sinat hinam, a<br />

falta de união, de consciência da conexão<br />

essencial entre o povo judeu,<br />

provocou o exílio. Para trazermos a<br />

Redenção, precisamos praticar Ahavat<br />

chinam, amor gratuito e incondicional.<br />

Para reconstruir a muralha,<br />

precisamos reconhecer e validar nossos<br />

relacionamentos, exprimir nossa<br />

unidade essencial.<br />

Um Um só só coração...<br />

coração...<br />

"Nada mais inteiro do que um coração<br />

partido... 3 "<br />

Conta-se que, certa vez, Napoleão<br />

Bonaparte ouviu lamentos e choros<br />

vindos de uma sinagoga. Querendo<br />

saber o motivo, vieram lhe informar<br />

que aquele era o dia de Tisha BeAv e<br />

que os judeus estavam chorando pela<br />

destruição de seu Templo em Jerusalém.<br />

"Como eu não ouvi falar? Quando<br />

aconteceu?", perguntou Napoleão.<br />

Quando descobriu que o fato havia<br />

ocorrido quase 2.000 anos atrás, Napoleão<br />

disse: "Uma nação que recorda<br />

seu Templo destruído e lamenta<br />

tão profundamente e por tanto tempo<br />

sua perda, certamente terá o mérito<br />

de vê-lo reconstruído!"<br />

É hora de unirmos nossos corações.<br />

Parafraseando Napoleão, não<br />

há outro povo no mundo cuja vida<br />

tenha sido tão influenciada por acontecimentos<br />

tão antigos. Apenas<br />

quem sabe lembrar e sofrer as dores<br />

do passado é capaz de reconstruir o<br />

seu futuro.<br />

NOTAS:<br />

1 Esta seria a origem judaica da expressão<br />

"agosto, mês de desgosto", introduzida<br />

por cristãos-novos, pois o mês<br />

de Av costuma cair nesta época. Ver "9<br />

de Av e Sefarad" <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> nº 70,<br />

julho de 2008 www.visaojudaica.<br />

com.br/Julho2008/artigos/4.html<br />

2 O lugar mais sagrado do Templo em que<br />

apenas o Sumo Sacerdote podia entrar<br />

em Iom Kipur<br />

3 Frase de Rabi Menachem Mendel de Kotzk<br />

(Polônia, 1787-1859), um dos grandes<br />

líderes hassídicos do século XIX.


Jonathan Sacks *<br />

odos os judeus que são<br />

conscientes de suas<br />

identidades como judeus<br />

estão impregnados<br />

de história" - escreveu<br />

Sir Isaiah Berlin. "Eles<br />

têm lembranças mais longas, estão<br />

cônscios de uma continuidade mais<br />

longa como comunidade que qualquer<br />

outra que tenha sobrevivido".<br />

Ele estava certo. O Judaísmo é<br />

uma religião de memória. O verbo zachor,<br />

lembrar, aparece nada menos<br />

que 169 vezes na Torá. "Lembrem-se<br />

que vocês eram estrangeiros no Egito."<br />

"Lembrem-se dos dias de antigamente."<br />

"Lembrem-se do sétimo dia<br />

para mantê-lo sagrado."<br />

A memória,<br />

para os judeus, é<br />

uma obrigação religiosa.<br />

Especialmente<br />

nesta época do<br />

ano. Nós a chamamos<br />

de "três semanas",<br />

que nos conduz<br />

ao dia mais<br />

triste no Calendário<br />

Judaico, Nove<br />

de Av, aniversário<br />

da destruição dos<br />

dois Templos, o primeiro por Nabucodonosor,<br />

rei da Babilônia em 586<br />

a.e.c. e o segundo por Tito, em 70 e.c.<br />

Os judeus jamais esqueceram<br />

aquelas tragédias. Até hoje, em<br />

todo casamento, quebramos um<br />

copo em sua memória. Durante as<br />

três semanas, não temos celebrações.<br />

Em Nove de Av passamos o dia<br />

jejuando, sentados no chão ou em<br />

assentos baixos como enlutados,<br />

lendo o Livro das Lamentações. É<br />

um dia de profundo luto coletivo.<br />

Dois mil e quinhentos anos é um<br />

longo tempo para recordar. Muitas<br />

vezes me perguntam - geralmente em<br />

Para ser livre, é preciso<br />

abandonar o ódio.<br />

Transforme-o numa<br />

bênção, não numa<br />

maldição; numa fonte<br />

de esperança, não em<br />

humilhação.<br />

O mapa da vida<br />

conexão com o Holocausto - é realmente<br />

certo recordar? Não deveria<br />

haver uma moratória no luto? A maioria<br />

dos conflitos étnicos no mundo<br />

não é alimentada por lembranças de<br />

antigas injustiças? O mundo não seria<br />

mais pacífico se de vez em quando<br />

esquecêssemos?<br />

Sim e não. Depende de como nos<br />

lembramos. Meu falecido predecessor<br />

Lord Jacobovits costumava enfatizar<br />

um fato fascinante. Três vezes no Livro<br />

de Bereshit D-us é mencionado<br />

como tendo Se lembrado. "D-us Se lembrou<br />

de Nôach" e tirou-o da Arca para<br />

a terra firme. "D-us Se lembrou de<br />

Avraham" e salvou seu sobrinho Lot da<br />

destruição das cidades da planície.<br />

"D-us Se lembrou de Raquel" e deu um<br />

filho a ela. Quando D-us Se lembra, Ele<br />

o faz para o futuro e<br />

para a vida.<br />

De fato, embora<br />

as duas sejam confundidas<br />

com frequência,<br />

memória é<br />

diferente de história.<br />

A história é sobre<br />

eventos ocorridos<br />

há muito tempo<br />

com outra pessoa.<br />

Memória é a minha<br />

história. Trata de<br />

onde eu vim e de<br />

qual narrativa eu faço parte. A história<br />

responde à pergunta: "O que aconteceu?"<br />

A memória responde a pergunta.<br />

"Quem, então, sou eu?" É sobre<br />

identidade e a conexão entre as<br />

gerações. No caso da memória coletiva,<br />

tudo depende de como relatamos<br />

a história.<br />

Não nos lembramos para buscar<br />

vingança. "Não odeiem os egípcios" -<br />

disse Moshê - "pois vocês foram estrangeiros<br />

na terra deles." Para ser<br />

livre, é preciso abandonar o ódio.<br />

Transforme-o numa bênção, não<br />

numa maldição; numa fonte de esperança,<br />

não em humilhação.<br />

Até hoje, os sobreviventes do Holocausto<br />

que conheço passam o tempo<br />

partilhando suas lembranças com<br />

os jovens, não por vingança, mas o<br />

oposto: para ensinar tolerância e o<br />

valor da vida. Cientes das lições de<br />

Bereshit, nós também tentamos nos<br />

lembrar para o futuro e para a vida.<br />

Na cultura apressada de hoje,<br />

desprezamos atos de recordação. A<br />

memória dos computadores aumentou,<br />

enquanto que a nossa encolheu.<br />

Nossos filhos não memorizam mais<br />

trechos de poesia. Seu conhecimento<br />

de história é muito vago. Nosso senso<br />

de espaço se expandiu. Nosso senso<br />

de tempo encolheu. Sociedades,<br />

como indivíduos, podem sofrer do<br />

Mal de Alzheimer.<br />

Isso não pode estar certo. Um dos<br />

maiores presentes que podemos dar<br />

aos nossos filhos é o conhecimento<br />

<strong>VJ</strong> INDICA<br />

O Pequeno Traidor<br />

Título original: The Little Traitor<br />

Ficha Técnica<br />

Gênero: Drama<br />

País de origem: EUA/Israel<br />

Duração: 89 minutos<br />

Ano de Lançamento: 2007<br />

DVD colorido<br />

Estúdio/Distribuição: Universal<br />

Pictures<br />

Classificação etária: 12 anos<br />

Direção: Lynn Roth<br />

Roteiro: Amos Oz e Lynn Roth<br />

Elenco<br />

Alfred Molina (Dunlop), Ido Port (Proffi),<br />

Jake Barker (Chaim Zosoma), Theodore<br />

Bikel Oficial), Levana Finkelstein<br />

(Tykocinski), Rami Heuberger (Pai de<br />

Proffi), Boris Reinis (Pai de Chita) e Lior<br />

Sasson (Sr. Hochberg).<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

de onde nós viemos, as coisas pelas<br />

quais lutamos, e por quê. Nenhuma<br />

das coisas que valorizamos - liberdade,<br />

dignidade humana, justiça - foi<br />

conquistada sem conflito. Nem pode<br />

ser sustentada sem uma vigilância<br />

consciente. Uma sociedade sem memória<br />

é como uma jornada sem mapa.<br />

É muito fácil se perder.<br />

Quanto a mim, prezo a riqueza de<br />

saber que minha vida é um capítulo<br />

num livro iniciado pelos meus ancestrais<br />

há muito tempo, ao qual acrescentarei<br />

minha contribuição antes de<br />

entregá-lo aos meus filhos. A vida<br />

tem significado quando é parte de<br />

uma história, e quanto maior a história,<br />

mais nossos horizontes se expandem.<br />

Além disso, as coisas lembradas<br />

não morrem. É o mais próximo<br />

que podemos chegar da imortalidade<br />

na terra.<br />

FILME<br />

Sinopse<br />

Baseado no romance de Amos Oz "Pantera no<br />

Porão". Em 1947, meses antes da criação do<br />

Estado de Israel, tudo o que Proffi Leibowitz<br />

(Ido Port) deseja é que o exército britânico saia<br />

de sua terra. Numa noite, ao soar o toque de<br />

recolher, o menino é pego pelo sargento Dunlop.<br />

Proffi tinha a intenção de espionar o bunker<br />

inglês. O militar, ao invés de prendê-lo, decide<br />

deixá-lo em casa. Proffi fica surpreso ao perceber<br />

que Dunlop tem grande curiosidade pela<br />

cultura local. Quando os amigos de Proffi descobrem<br />

que ele visita o inimigo, o denunciam.<br />

O garoto é levado a um tribunal para ser julgado<br />

como traidor.<br />

7<br />

* Jonathan Sacks<br />

é professor e<br />

rabino-chefe da<br />

Inglaterra.


8<br />

* Daniel Benjamin<br />

Barenbein é<br />

jornalista, editorchefe<br />

do site, "De<br />

Olho na Mídia"<br />

(www.deolho<br />

namidia.org.br). É<br />

coordenador do<br />

movimento juvenil<br />

Betar de SP e<br />

exerce<br />

voluntariamente<br />

cargos de<br />

Hasbará na<br />

Organização<br />

Sionista de São<br />

Paulo, Espaço K e<br />

Aish Brasil.<br />

Possui um livro<br />

publicado na<br />

internet sobre<br />

neonazismo<br />

digital:<br />

www.varsovia.jor.br<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Daniel Benjamin Barenbein *<br />

omplôs e shows neonazistas,<br />

infiltração da Al<br />

Qaeda, convites a ditadores<br />

para visitar o Brasil,<br />

apoio a indivíduos<br />

racistas em órgãos da ONU,<br />

vista grossa para massacres no mundo.<br />

Estaria a democracia brasileira<br />

com seus dias contados?<br />

Uma análise do editor-chefe do De<br />

Olho Na Mídia, Daniel Benjamin Barenbein,<br />

sobre as principais ameaças<br />

totalitaristas que rondam terras e<br />

governo da nossa nação, incluindo<br />

com exclusividade, denúncia sobre a<br />

existência de livros revisionistas do<br />

Holocausto na biblioteca online do<br />

Supremo Tribunal Federal<br />

Brasil: Brasil: De De volta volta ao ao ao passado?<br />

passado?<br />

A democracia é sempre algo muito<br />

frágil, porque o tempo todo existem<br />

inúmeros indivíduos querendo<br />

derrubá-la. Mas parece que de pouco<br />

tempo para cá, no Brasil, desde<br />

altos escalões do governo até movimentos<br />

clandestinos, a tendência<br />

tem chegado a níveis elevados demais,<br />

e perigosos.<br />

A bala que Barollo disparou contra<br />

Dayrell, e que trouxe à tona os segredos<br />

obscuros da suástica no Brasil<br />

- que pretendia dominar o sul do<br />

país e criar uma nova nação, racista<br />

e excludente, que depois seria exportada<br />

para a Europa - relembra a noite<br />

das facas longas, quando Hitler matou<br />

todas as seções da SA - sua tropa<br />

de elite - que ele desconfiava que<br />

queriam lhe aplicar um golpe. Mas<br />

isto é só a ponta do iceberg. Esta bala<br />

tinha alvo mais longínquo: os direitos<br />

humanos e a liberdade no Brasil.<br />

Gávea, Rio de Janeiro. Festa da<br />

alemã Adidas. Local: mansão, com<br />

suástica desenhada no fundo da piscina,<br />

e quadros com fotos de dirigentes<br />

nazistas na parede. A empresa<br />

pediu desculpas. Não teria sabido da<br />

existência dos adereços até a hora do<br />

evento. É o suficiente? Negligência<br />

demais, principalmente para uma<br />

empresa alemã, com tudo o que este<br />

background significa.<br />

Neuland é o nome do país que os<br />

neonazistas pretendiam implementar no<br />

Brasil. Na prova para admissão no grupo,<br />

o candidato precisava mostrar ser<br />

adepto dos ideais revisionistas e negar<br />

o Holocausto, entre outras coisas.<br />

Grupo Grupo Grupo pretendia pretendia explodir explodir<br />

explodir<br />

sinagogas sinagogas em em Porto Porto Alegre<br />

Alegre<br />

Há pouco tempo foi publicado no<br />

site do De Olho na Mídia (www.<br />

deolhonamidia.org.br), o depoimento<br />

de um cidadão gaúcho que não pode<br />

A Democracia sob ameaça<br />

por razões óbvias se identificar, e que<br />

era divulgador do revisionismo e se<br />

arrependeu. Em seu testemunho ele<br />

nos mostra a penetração que estes<br />

ideais têm em sua região e como é<br />

fácil se tornar vítima deste tipo de "ensinamento":<br />

"O começo da jornada foi quando,<br />

adolescente, encontrei em uma livraria<br />

uma cópia do livro 'Holocausto:<br />

Judeu ou Alemão?', de S. E. Castan.<br />

Como já faz tempo, não vou garantir<br />

de que me lembre com exatidão,<br />

mas creio que o que me chamou<br />

a atenção não foi o título, pois não<br />

tinha idade para compreendê-lo muito<br />

bem, mas sim o subtítulo: 'Nos<br />

Bastidores da Mentira do Século'. Lendo-o,<br />

sem base alguma, tanto pela<br />

idade imatura quanto pela ausência<br />

de conhecimento, saí evidentemente<br />

convencido da veracidade de sua<br />

tese: o Holocausto de seis milhões de<br />

judeus jamais acontecera. Sim, era<br />

verdade que o Partido Nazista era<br />

antissemita, que existiram campos de<br />

concentração e que muita gente morreu<br />

lá, mas isso não era uma política<br />

deliberada de extermínio, e havia<br />

muitas, digamos assim, 'circunstâncias<br />

atenuadoras' para a Alemanha.<br />

As testemunhas do genocídio mentiam.<br />

As confissões dos SS foram forjadas<br />

ou obtidas sob tortura. Com o<br />

interesse despertado, passei a ler<br />

grande quantidade de material sobre<br />

a II Guerra Mundial e o nazismo".<br />

Pesquisas recentes apontam que<br />

cerca de 50 mil pessoas flutuam nas<br />

comunidades antissemitas e nazistas<br />

do Orkut. Letras de músicas neonazistas<br />

abertamente eram divulgadas<br />

no site Terra até denúncia do De Olho<br />

Na Mídia, apesar dos controles e<br />

moderações que o site dizia realizar.<br />

Alguém falou em bandas neonazistas?<br />

E quem está sabendo que se<br />

apresentaria no Brasil, em turnê, a<br />

banda EndStufe? O show divulgado,<br />

entre outros que o grupo faria (pois<br />

tratou-se de uma turnê, conforme<br />

anunciado) seria realizado no festival<br />

de música de Macaé, Rio de Janeiro.<br />

Quem é a EndStufe? Leia abaixo o<br />

currículo da mesma:<br />

"O Endstufe é uma das maiores<br />

bandas neonazistas da Europa e está<br />

vindo ao Brasil para realizar uma turnê<br />

em junho.<br />

A banda é conhecida na cena fascista<br />

européia por ser um grupo organizado<br />

e também por ter se envolvido<br />

em ataques a estrangeiros, negros<br />

e judeus.<br />

O Endstufe tem estrita ligação com<br />

grupos nazistas como Combat 88 e<br />

outros, sendo que eles e seus seguidores<br />

já participaram de ataques a<br />

organizações de esquerda e imigran-<br />

tes, mas atualmente tentam esconder<br />

sua faceta neonazista por não terem<br />

mais locais para se apresentar na Alemanha,<br />

declarando-se atualmente<br />

como uma banda Oi! apolítica.<br />

O Endstufe já tocou ao lado de outras<br />

bandas nazistas como Brutal Attack,<br />

Skrewdriver, etc e também se<br />

apresentou com Ian Stuart (falecido<br />

vocalista do Skrewdriver e fundador de<br />

uma das maiores organizações neonazistas<br />

do mundo, a Blood and Honour),<br />

no Memorial Festival na Bélgica".<br />

Há poucas semanas ainda foi divulgada<br />

a apreensão de material nazista<br />

em Minas Gerais. O Globo informa:<br />

"Quatro mandados de busca e<br />

apreensão foram cumpridos na operação<br />

batizada de "Opa", três em Belo<br />

Horizonte e um e Contagem. Segundo<br />

a polícia, nos locais havia muito<br />

material impresso e arquivos de computador.<br />

Tudo foi levado para a sede<br />

da Polícia Federal em Belo Horizonte.<br />

Quatro pessoas vão responder a<br />

processo na Justiça Federal por crime<br />

de ódio e preconceito. Se forem condenados,<br />

a pena prevista é de dois a<br />

cinco anos de prisão, além de multa".<br />

O ódio está sendo inculcado no<br />

país. As bases da democracia estremecem.<br />

E qual um dos pilares que<br />

deveriam ser nossa salvaguarda? A<br />

justiça. E o que dizer, quando na biblioteca<br />

pública do Senado e do Supremo<br />

Tribunal Federal, existem à disposição<br />

livros de negacionistas do<br />

Holocausto, tais quais os de S.E. Castan,<br />

condenado por este mesmo Supremo,<br />

ou então "O Judeu Internacional"<br />

de Henry Ford?<br />

Clicando no site da biblioteca e<br />

procurando pelas palavras chaves,<br />

"Castan", "Holocausto", "Hitler" o leitor<br />

verá as surpresas desagradáveis<br />

que estas reservam.<br />

Vivemos tempos confusos. Sombrios.<br />

Em que não se sabe exatamente<br />

o que guia o Ministério das Relações<br />

Exteriores do Brasil (talvez inclusive<br />

planos obscuros pessoais de<br />

Celso Amorim: não seria a primeira<br />

vez que um ser humano colocaria sua<br />

carreira acima do bem-estar da Nação),<br />

que ao abrir o tapete para os<br />

ditadores mais atrozes, responsáveis<br />

pelos piores crimes existentes hoje<br />

na humanidade e fiéis seguidores da<br />

tendência hitleriana, acaba por não<br />

fazer muito diferente do que estes<br />

grupos clandestinos: promulgar o nazismo<br />

e a intolerância.<br />

Tempos empos empos sombrios sombrios sombrios a a a vista? vista?<br />

vista?<br />

Não foi só a visita de Mahmoud<br />

Ahmadinejad, presidente do Irã, cancelada<br />

por iniciativa do iraniano que<br />

incomoda. Sim, ele é um perseguidor<br />

de judeus, revisionista do Holocaus-<br />

to, assassino de Bahais, mulheres,<br />

homossexuais e crianças, além de<br />

muçulmanos que ousam discordar<br />

dele. Ameaça Israel de ser varrida do<br />

mapa. Diferente de Hitler? Se alguém<br />

disser que muda alguma coisa pelo<br />

fato dele ser muçulmano, eu diria que<br />

seria para pior. Afinal, apelar para<br />

D-us e o fanatismo é muito mais grave.<br />

Os seguidores de Hitler iriam até<br />

um certo ponto pelo Fuhrer. Ir "servir<br />

a D-us" faz com que pessoas se alucinem<br />

e se entreguem muito mais.<br />

Só o convite para um verme deste<br />

porte já deveria gerar asco. Mas não é<br />

só isso. É a aproximação com regimes<br />

déspotas como a Cuba de Fidel, a Venezuela<br />

de Hugo Chávez, e a Bolívia<br />

de Evo Morales. É cortejar o mundo<br />

árabe, indo contra um brasileiro e indicando<br />

um antissemita e membro de<br />

mais um regime ditatorial com nosso<br />

voto para a direção geral da Unesco<br />

Para por ai? Que nada! O Brasil legitimou<br />

o genocídio que ocorre no Sudão<br />

ao votar contra sanções ao governo<br />

desse país que já matou 400 mil<br />

pessoas e provocou o êxodo de quase<br />

3 milhões. Quem cala, consente. O<br />

Brasil esta sendo cúmplice de genocídios<br />

agora? É este o exemplo da democracia<br />

e tolerância tupiniquim?<br />

Acabou? Vocês que pensam!<br />

Quando achávamos que estávamos<br />

envergonhados o suficiente, nossa<br />

chancelaria promove seu mais novo<br />

evento: A visita da mais recente de<br />

uma personalidade ao Brasil, o presidente<br />

do Uzbequistão Islam Karimov.<br />

Quem é a figura? Cito o currículo que<br />

traz todo o desgosto que um ser humano<br />

pode sentir por figuras asquerosas<br />

deste naipe:<br />

"Islam Karimov, segundo o ex-embaixador<br />

britânico Craig Murray, fervia<br />

em água até a morte seus inimigos<br />

políticos. Literalmente. O governo<br />

uzbeque talvez seja o mais fechado<br />

do mundo. Conseguir um visto de<br />

entrada no país, para um jornalista, é<br />

praticamente impossível. Outro amigo,<br />

Burt Herman, que até há um ano<br />

era o diretor da sucursal nas Coréias<br />

da AP, foi um dos raros repórteres a<br />

entrar no Uzbequistão. Em 2005, Karimov<br />

ordenou que o exército abrisse<br />

fogo contra manifestantes, incluindo<br />

mulheres e crianças. Lá estava a passeata,<br />

então todos os corpos no chão.<br />

Herman tentou levantar quantos morreram.<br />

Ele acredita que foram mais<br />

de mil, mas não tem como provar.<br />

Nenhum dos direitos fundamentais<br />

de uma democracia existem no<br />

Uzbequistão. Tortura e prisões sem<br />

mandado judicial são a norma. Segundo<br />

a Human Rights Watch, a prática<br />

habitual na lida com prisioneiros<br />

inclui choques elétricos, abuso


sexual e asfixia. Não há liberdades<br />

de culto, de imprensa, de livre associação<br />

ou de assembléia. Estados<br />

Unidos, União Européia e ONU já<br />

pediram que investigações a respeito<br />

da conduta do governo uzbeque<br />

fossem conduzidas. Karimov sempre<br />

negou qualquer tipo de acesso".<br />

Estes são os amigos da nossa<br />

chancelaria e do nosso governo, que<br />

quando lembra de criticar alguém, é<br />

sempre Israel, e as vítimas palesti-<br />

ATUALIDADE<br />

ATUALIDADE<br />

judaísmo é regido por<br />

regras de moral e ética<br />

bem amplas e definidas,<br />

transmitidas<br />

através da Torá e que<br />

abrangem todas as<br />

áreas da vida.<br />

Para um judeu ser religioso ele<br />

precisa antes de mais nada ser ético.<br />

Esta é a marca que deve reger o comportamento<br />

de qualquer judeu em todos<br />

os campos, tanto nos relacionamentos<br />

interpessoais, dele com outros<br />

seres humanos, quanto dele em<br />

relação a D-us.<br />

Desde a Criação do mundo, do<br />

homem, da mulher e a confiança em<br />

ambos depositada pelo Criador logo<br />

definiu qual deveria ser o padrão de<br />

conduta para merecer o recebimento<br />

das bênçãos Divinas: um compromisso<br />

estabelecido, uma palavra<br />

dada sempre devem ser mantidos.<br />

Esta é uma entre tantas lições que<br />

se aprende do pecado ocorrido no<br />

Gan Eden, Paraíso.<br />

O Dilúvio que devastou o mundo<br />

a fim de purificá-lo com suas águas,<br />

poupou um único homem bom e justo,<br />

Nôach (Noé) e sua família, fornecendo<br />

uma prova ímpar sobre a importância<br />

de quem se conduz com<br />

moralidade no mundo.<br />

Yaacov (Jacó), apesar de tantas<br />

vezes ter sido enganado por seu sogro<br />

Lavan (Labão), homem sem escrúpulos,<br />

que trocava um sem número de<br />

vezes sua palavra, cumpriu compromissos<br />

mesmo duvidosos a fim de<br />

manter intacta sua integridade, o que<br />

o levou a sacrificar 20 anos de sua<br />

vida trabalhando sem trégua.<br />

A Torá segue com tantos e incontáveis<br />

exemplos nos dando uma<br />

visão de qual caminho devemos seguir<br />

e de como devemos agir durante<br />

todos os anos de nossa vida: devemos<br />

ser o espelho de D-us aos<br />

olhos do mundo.<br />

Religioso significa ser ético; aquele<br />

que pratica atos justos e bons. Um<br />

nas (quando não morrem em choques<br />

entre si, porque ai nesta hora<br />

não interessa). O resto do mundo, e<br />

as vítimas inocentes de crimes diários<br />

e muito mais graves, inclusive<br />

no Brasil não interessam. Seletivo,<br />

este pessoal do PT, com suas notinhas<br />

condenatórias e blá blá blá para<br />

militantes verem, não?<br />

É claro que não poderíamos esquecer<br />

o fato do governo querer<br />

abafar a infiltração da Al-Qaeda no<br />

judeu sem ética não é considerado<br />

observante nem religioso, e apesar de<br />

cumprir cuidadosamente as leis do<br />

Judaísmo entre o homem e D-us, enquanto<br />

permanecer não-ético, também<br />

não chegará a entender que o<br />

Criador rejeita a observância de leis<br />

entre o indivíduo e D-us por aqueles<br />

que agem de forma imoral.<br />

Como então se explica que judeus<br />

religiosos possam ser desprovidos<br />

de ética?<br />

Religioso significa ser ético; aquele<br />

que pratica atos justos e bons. Esta<br />

é uma questão que incomoda todo<br />

judeu sensível ao se defrontar com a<br />

existência de judeus que observam<br />

muitas leis judaicas, mas são destituídos<br />

de ética. É como possuir apenas<br />

uma embalagem, um invólucro<br />

que não condiz com seu conteúdo. O<br />

problema é ocasionado quando parte<br />

da comunidade observante transforma<br />

e ensina a Lei <strong>Judaica</strong> como um<br />

fim em si mesma, ao invés de um meio<br />

para "aperfeiçoar o mundo sob o domínio<br />

de D-us".<br />

Infelizmente há judeus que acostumaram-se<br />

a restringir suas preocupações<br />

religiosas à prática de rituais<br />

repetitivos. Os Profetas censuraram<br />

veementemente aqueles judeus<br />

cuja observância mecânica destas<br />

leis demonstraram uma falta de<br />

preocupação pelos princípios éticos<br />

nelas contidos.<br />

Aquele que é observante das leis<br />

entre o indivíduo e D-us, dedica cuidado<br />

especial às regras que regem a<br />

cashrut, alimentação judaica, ou a<br />

suas preces, por exemplo, deve dedicar<br />

a mesma atenção e ser minucioso<br />

ao tratar com educação e respeito<br />

seu próximo. A observância das leis<br />

entre pessoa a pessoa - amar ao próximo<br />

como a si mesmo, é uma mitsvá<br />

de tanto peso que deve ser levada à<br />

prática em todos os atos que interlaçam<br />

os relacionamentos humanos.<br />

A Torá mostra como a má inclinação,<br />

a que todos estamos sujeitos,<br />

Brasil, que acabou sendo qualificada<br />

como "boato" em uma investigação<br />

sobre neonazismo. Só que<br />

cada vez mais surgem evidências<br />

ao contrário. Como se não soubéssemos<br />

também de longa data da infiltração<br />

de Hamas e Hezbolá na<br />

Tríplice Fronteira, e que pelo nosso<br />

país transitam com certa frequência<br />

membros das mais diversas<br />

organizações terroristas. Este assunto<br />

estar vinculado a uma inves-<br />

pode ser driblada e dominada; dependerá<br />

muito mais do nível de discernimento<br />

espiritual, do refinamento em<br />

que cada alma se encontra pelo mérito<br />

de seu esforço pessoal, do que<br />

simplesmente relegar a justificativa<br />

de atos negativos simplesmente<br />

como obra do azar ou do acaso.<br />

A ética é o equilíbrio permanente<br />

na balança onde o bem está acima<br />

do mal, e os atos são direcionados<br />

seguindo a orientação apontada pela<br />

própria Torá. Dominar nossos maus<br />

instintos, vencer obstáculos e tentações<br />

da vida é uma forma de exercer<br />

nosso livre arbítrio de forma efetiva,<br />

isto é, positiva.<br />

Espera-se sempre dos judeus um<br />

excelente comportamento ético, pois<br />

não é difícil constatar em seu currículo<br />

o que os dados estatísticos comprovam:<br />

homicídios, raptos, crimes hediondos<br />

é praticamente inexistente<br />

<strong>VJ</strong> INDICA<br />

As Benevolentes<br />

Jonathan Littell<br />

Editora: Alfaguara/ Objetiva<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

tigação neonazista, eu não duvidaria,<br />

pois tenho certeza que ambos<br />

trabalham em conjunto, como o<br />

mufti já fez outrora com Hitler. Mas<br />

dizer que não existe o assunto, são<br />

outros quinhentos mais uma vez<br />

tapar o sol com a peneira?<br />

A sombra da suástica passeia em<br />

suas mais diversas formas sobre o<br />

Brasil. A democracia está mais frágil<br />

do que jamais esteve nas últimas décadas.<br />

E você, o que fará a respeito?<br />

Ética e moral: uma obrigação judaica<br />

Como se explica que certas pessoas religiosas não as tenham<br />

entre judeus, e isto ocorre tanto em sociedades<br />

onde constituem a maioria da<br />

população (como em Israel), como onde<br />

os judeus estão em minoria.<br />

Conseqüentemente, as pessoas<br />

esperam que atos maus jamais sejam<br />

cometidos por pessoas consideradas<br />

praticantes, pois se presume que sejam<br />

regidas pelo mesmo código legal<br />

de conduta.<br />

O termo hebraico Halachá, Código<br />

das Leis <strong>Judaica</strong>s, significa caminho.<br />

A Halachá fornece todos os instrumentos<br />

necessários para se chegar<br />

a um determinado lugar, que deve<br />

ser o da santidade, moralidade e ética.<br />

As Leis da ética e conduta do povo<br />

judeu é o meio, mas depende exclusivamente<br />

de cada um de nós usá-lo<br />

da maneira certa para realmente nos<br />

tornarmos exemplos vivos da Torá,<br />

judeus verdadeiros, por dentro e por<br />

fora. (Fonte: www.chabad.org.br).<br />

LIVRO<br />

Considerado pela crítica um "novo Guerra e Paz", chamado<br />

também de "futuro clássico" da literatura, "As Benevolentes"<br />

tornou-se, na França, um fenômeno de vendas -<br />

são mais de 700 mil exemplares vendidos - e já é considerado um clássico<br />

da literatura contemporânea. Para se ter idéia da repercussão da obra no país, o<br />

autor, Jonathan Littell, chegou a ser comparado a Tolstói pelo jornal Le Monde.<br />

Profundo e arrebatador, este livro trata dos horrores da Segunda Guerra Mundial sob<br />

a ótica do carrasco. São as memórias de Maximilien Aue, jovem alemão de origens<br />

francesas que, como oficial nazista, participa de momentos sombrios da recente história<br />

mundial: a execução dos judeus, as batalhas no front de Stalingrado, a organização<br />

dos campos de concentração, até a derrocada final da Alemanha.<br />

Mas Aue não tem somente lembranças de guerra. Vivendo anonimamente na França,<br />

onde administra uma tecelagem, ele se recorda também de sua deturpada relação<br />

com a família. Seu relato compõe um livro impressionante, assombrado tanto por sua<br />

fria meticulosidade quanto por seu delírio insano. Através dos olhos de Aue, o leitor é<br />

levado a vislumbrar o mal de uma forma jamais imaginada.<br />

9


10<br />

* Heitor De Paola<br />

é escritor e<br />

comentarista<br />

político, membro<br />

da International<br />

Psychoanalytical<br />

Association e<br />

Clinical<br />

Consultant, Boyer<br />

House<br />

Foundation,<br />

Berkeley,<br />

Califórnia, e<br />

Membro do Board<br />

of Directors da<br />

Drug Watch<br />

International.<br />

Possui trabalhos<br />

publicados no<br />

Brasil e exterior. E<br />

é ex-militante da<br />

organização<br />

comunista<br />

clandestina, Ação<br />

Popular (AP).<br />

DENÚNCIA<br />

DENÚNCIA<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Heitor De Paola *<br />

m junho de 2007 Obama<br />

afirmou que os EUA não<br />

eram mais uma nação cristã.<br />

No seu discurso no Egito,<br />

semana passada, disse<br />

que "podemos dizer que a<br />

América é uma nação muçulmana".<br />

Com esta afirmação caiu a máscara<br />

que Obama vinha tentando manter de<br />

que apenas queria um "recomeço"<br />

com o Islã e ficou evidente o que<br />

muitos afirmavam há tempos: Obama<br />

não tem apenas "raízes" muçulmanas:<br />

ou ele é muçulmano ou suas<br />

simpatias estão totalmente com a<br />

religião de Alá! A vergonhosa reverência<br />

ao rei saudita, a política de<br />

apaziguamento com o Irã, sua afirmação<br />

absurda que os EUA devem muito<br />

aos muçulmanos e sua radical mudança<br />

da política americana em relação<br />

ao conflito do Oriente Médio, indicam<br />

claramente suas inclinações.<br />

A administração não só pôs fim<br />

ao enfoque das mudanças no lado palestino<br />

realizadas por George W. Bush<br />

como até desconsiderou entendimentos<br />

verbais a que Bush chegou com<br />

Ariel Sharon e Ehud Olmert. A exigência<br />

de que cessem os assentamentos<br />

na Cisjordânia sem obrigar as autori-<br />

Israel suspeita que a Venezuela e a Bolívia<br />

ajudam o Irã em seu controvertido<br />

programa nuclear, ao abastecê-lo de urânio,<br />

segundo um documento oficial do Ministério<br />

das Relações Exteriores israelense,<br />

do qual várias partes foram divulgadas<br />

pela imprensa há poucos dias.<br />

A Venezuela ajuda Teerã a esquivarse<br />

das sanções econômicas impostas pelo<br />

Conselho de Segurança da ONU, de acordo<br />

com o documento da chancelaria israelense.<br />

"Temos informações de que a Venezuela<br />

fornece ao Irã urânio para o seu<br />

programa nuclear", indica o informe.<br />

O texto afirma ainda que Teerã "está<br />

estabelecendo células do Hezbolá no norte<br />

da Venezuela e na ilha venezuelana de<br />

Margarita". O documento se baseia em informações<br />

recolhidas por fontes diplomáticas<br />

e militares, tanto israelenses como<br />

estrangeiras, em todo o mundo.<br />

"O presidente Hugo Chávez é quem<br />

contribuiu para a aproximação entre o Irã e<br />

a Bolivia. Parece que a Bolívia é igualmente<br />

um fornecedor de urânio do programa<br />

nuclear iraniano", sublinha o documento.<br />

"As relações entre a Venezuela e o Irã<br />

são particularmente estreitas. Segundo<br />

várias fontes, a Venezuela ajuda o Irã concedendo<br />

salvo-condutos de viagem venezuelanos<br />

a cidadãos iranianos, permitin-<br />

Obama é inimigo de Israel!<br />

dades palestinas a cederem e reconhecer<br />

a existência do Estado de Israel<br />

é totalmente contrária ao espírito<br />

da diplomacia. Pois esta é definida<br />

por negociações que envolvam<br />

concessões de todos os lados em contenda.<br />

Obama deu um grande passo<br />

no sentido de dar aos palestinos um<br />

cheque sem fundo, pois Abbas rejeita<br />

a noção de que ele deva fazer qualquer<br />

concessão comparável - tal<br />

como reconhecer Israel como um estado<br />

judaico, o que implicaria na renúncia<br />

de qualquer "retorno" em larga<br />

escala de refugiados palestinos.<br />

Muitos acreditam que pela primeira<br />

vez um Presidente adotou um<br />

tom balanceado em relação ao conflito,<br />

mas isto é um engano por três<br />

razões: em primeiro lugar este discurso<br />

abandona e põe em risco a própria<br />

existência do maior aliado americana<br />

na região - talvez em todo o<br />

mundo; segundo, não leva em conta<br />

as características que diferenciam<br />

os dois lados, um terrorista e o outro<br />

o maior inimigo do terrorismo; e<br />

terceiro, desloca para um simples<br />

conflito regional o que é muito maior:<br />

o conflito entre muçulmanos e infiéis<br />

(não apenas judeus).<br />

De fato, Obama sabe muito bem<br />

disto e não é um deslocamento for-<br />

do-lhes desta forma deslocar-se com total<br />

impunidade por toda a América Latina,<br />

sem vistos", agrega o documento da chancelaria<br />

israelense.<br />

A publicação deste informe coincidiu<br />

com a visita recente à América Latina do<br />

vice-ministro israelense das Relações Exteriores,<br />

Danny Ayalon, como prévia de<br />

um possível giro pela região do chanceler<br />

israelense, Avigdor Lieberman.<br />

Por sua vez, o presidente iraniano,<br />

Mahmud Ahmadinejad, excluiu há poucos<br />

dias a discussão do programa nuclear de<br />

Teerã com as grandes potências, dias antes<br />

das eleições presidenciais. "Já dissemos<br />

(...) que não discutiremos o programa<br />

nuclear (iraniano) fora da AIEA (Agência<br />

Internacional de Energia Atômica)",<br />

disse Ahmadinejad numa entrevista.<br />

As seis grandes potências (EUA, China,<br />

França, Grã Bretanha, Rússia e Alemanha)<br />

tentam convencer o Irã para que finalize<br />

suas atividades nucleares.<br />

As grandes potências estão ainda à espera<br />

da resposta iraniana à proposta que<br />

fizeram em 8 de abril para uma reunião com<br />

Teerã. Mas para Ahmadinejad, que esteve<br />

em campanha para se reeleger a presidente<br />

em 12 de junho, "o tema nuclear encerrou".<br />

Assim, parece ter minimizado a oferta<br />

formulada pelo grupo 5+1 de organizar a<br />

tuito ou casual, mas parte da estratégia<br />

dos inimigos internos da América<br />

de destrui-la por dentro e, com<br />

ela, fazer ruir a civilização ocidental<br />

judaico-cristã.<br />

Ao dizer que a América é um país<br />

muçulmano Obama adota uma tática<br />

discursiva muito comum: fala do passado<br />

que não existiu para indicar os<br />

rumos do futuro que está implementando.<br />

Ora, não havia muçulmanos no<br />

Mayflower (ver http://www.heitor<br />

depaola.com/publicacoes_ materia.<br />

asp?id_artigo=920), a Constituição<br />

Americana não abriga nenhuma regra<br />

corânica e o primeiro encontro da jovem<br />

nação com o Islã foi com piratas<br />

berberes que atacavam navios americanos<br />

no norte da África. Os negociadores,<br />

Jefferson e Adams, argutamente<br />

perceberam do que se trata o<br />

âmago do Islã:<br />

"... foi fundado nas Leis de seu Profeta,<br />

que estava escrito em seu Corão,<br />

que todas as nações que não reconheciam<br />

sua autoridade eram pecadoras,<br />

que era seu direito e dever fazer guerra<br />

contra eles, onde quer que estejam,<br />

e fazer de escravos todos os prisioneiros,<br />

e que todo Musselman (Muçulmano)<br />

que morresse em batalha certamente<br />

iria para o Paraíso."<br />

E é disto que se trata realmen-<br />

Venezuela e Bolívia fornecem urânio ao Irã<br />

reunião entre o chefe da diplomacia da<br />

União Européia (UE), Javier Solana, representantes<br />

dos seis países negociadores e<br />

do negociador iraniano, Said Jalili.<br />

Teerã havia se declarado disposta a um<br />

"diálogo construtivo" com as grandes potências,<br />

mas insistindo sempre em sua<br />

própria oferta de negociação que consiste,<br />

segundo Ahmadinejad, em "garantir a<br />

paz e a justiça no mundo". Há poucos dias<br />

voltou á carga sobre este ponto lançado<br />

uma proposta ao presidente dos EUA, Barack<br />

Obama: "Realizar um debate na ONU<br />

para falar das raízes dos problemas e da<br />

direção do mundo", caso se reeleja.<br />

As grandes decisões da política exterior<br />

são competência do guia supremo iraniano,<br />

o aiatolá Ali Khamenei, que não<br />

desmentiu até agora a posição de Ahmadinejad<br />

sobre o programa nuclear do Irã.<br />

As grandes potências exigem que o Irã suspenda<br />

suas atividades de enriquecimento<br />

de urânio em troca de uma oferta de<br />

cooperação ampliada feita em 2006.<br />

O enriquecimento de urânio permite<br />

obter combustível para centrais nucleares<br />

de uso civil, mas também fabricar bombas<br />

atômicas. O Irã não dispõe por ora de uma<br />

central nuclear, mas a está construindo<br />

com ajuda da Rússia.<br />

Teerã sempre sustenta que suas ambi-<br />

te, o que Obama sabe, mas serve<br />

muito bem a seus desígnios: enquanto<br />

os judeus querem algum tipo<br />

de acordo e não querem aniquilar a<br />

população palestina, mesmo exigindo<br />

o direito judeu a Jerusalém como<br />

sua capital, os "palestinos" não são<br />

um povo em si, mas representam o<br />

Islã que não aceita negociações com<br />

os infiéis, sejam judeus ou não, seu<br />

objetivo é a conquista do mundo inteiro<br />

para a submissão - islã - a Alá<br />

e ao seu Profeta.<br />

Comentando a afirmação de que<br />

a América é uma nação islâmica, Pat<br />

Boone (http://www.wnd.comindex.<br />

php?fa=PAGE.view&pageId =100283) -<br />

que muitos de nós conhecemos como<br />

cantor de rock - pergunta a Obama:<br />

"Por que não somos então uma<br />

nação chinesa, ou coreana ou até<br />

vietnamita? Existem mais pessoas<br />

destes grupos na América do que<br />

muçulmanos. E se a distinção que o<br />

senhor faz é religiosa, por que a<br />

América não é uma nação judia? Há<br />

muito mais razão para esta última<br />

afirmação porque nossa Constituição<br />

- e o sucesso de nossa Revolução e<br />

Fundação - tem um débito profundo<br />

com nossos irmãos judeus".<br />

E os judeus que apoiaram Obama,<br />

como ficam?<br />

Chávez obedecendo aos comandos do<br />

ventríloquo Castro: Urânio para o Irã<br />

ções nucleares são exclusivamente civis. As<br />

grandes potências temem que esteja produzindo<br />

a bomba atômica. De seu lado, e<br />

por seis anos de investigação, a AIEA se<br />

declara incapaz de garantir que o Irã diz a<br />

verdade. Ahmadinejad reiterou semanas<br />

atrás que seu país não parará o programa<br />

nuclear, mesmo que isso implique num<br />

quarto ciclo de sanções internacionais.<br />

Israel, por sua vez, não exclui uma operação<br />

militar contra as instalações iranianas<br />

se a diplomacia não der frutos rapidamente,<br />

embora a operação seja desmentida<br />

por Avigdor Lieberman.<br />

O ministro israelense de Defesa, Ehud<br />

Barak, que esteve em Washington há poucos<br />

dias para discutir sobre o tema nuclear<br />

iraniano, lembrou que "Israel considera que<br />

não se pode descartar nenhuma opção".


ecebo e-mails com críticas<br />

negativas à visita<br />

de Obama ao Egito e a<br />

Arábia Saudita. Há um<br />

descontentamento com<br />

a nova postura do governo americano<br />

em buscar uma reaproximação<br />

com os países árabes. Particularmente,<br />

não vejo motivo para grandes<br />

preocupações e nem julgo que Obama<br />

esteja a favor das causas árabes<br />

em detrimento de Israel. Apesar de<br />

carregar um Hussein no seu nome,<br />

Obama sabe que o único país que<br />

pode contar para deter o Irã, sem<br />

grande estardalhaço, é Israel, e sabe<br />

também que, por mais que se crie um<br />

Estado palestino, não encontrará outro<br />

aliado com tantas afinidades que<br />

se sedimentam há mais de 60 anos.<br />

O jogo continua e os EUA não querem<br />

perder mais do que já perderam<br />

com a guerra do Iraque. Também não<br />

querem fazer do combate à Al Qaeda,<br />

no Afeganistão, uma agressão ao<br />

Islã. O empenho americano é para<br />

restabelecer sua presença no Oriente<br />

Médio, conseguir isolar a Síria e,<br />

principalmente, seu parceiro, o Irã,<br />

que nos últimos meses vem ameaçando<br />

com a construção de armas atômicas<br />

e, igualmente, reconquistar,<br />

com uma suposta paz no Oriente<br />

Médio, o mesmo prestígio que gozava<br />

há alguns anos.<br />

* Etgar Lefkovits-<br />

Dallal é jornalista,<br />

escreve no The<br />

Jerusalem Post,<br />

de Israel, e é o<br />

responsável pela<br />

cobertura dos<br />

assuntos da<br />

cidade de<br />

Jerusalém, desde<br />

políticos, até<br />

policiais e<br />

atentados<br />

terroristas.<br />

Antônio Carlos Coelho *<br />

Os grupos de direitos humanos<br />

israelenses e outras ONGs que estão<br />

sendo generosamente financiadas<br />

pela União Européia promovem interesses<br />

palestinos na capital, segundo<br />

uma organização de pesquisa sediada<br />

em Jerusalém.<br />

Vários grupos, incluindo B'Tselem<br />

e Ir Amim, ostensivamente devotados<br />

a uma maior coexistência, estão "adotando<br />

uma agenda abertamente antiisraelense<br />

em uma guerra de narrativas<br />

que tenta reescrever três mil anos de<br />

história judaica em Jerusalém", declarou<br />

um observador da organização de<br />

pesquisa que monitora as ONGs.<br />

Ambas as ONGs se referem aos<br />

residentes israelenses do bairro judeu<br />

da Cidade Velha como "colonos",<br />

denominação que faz parte de uma<br />

"campanha política" ostensiva, apesar<br />

de que a presença dos judeus nessa<br />

área antecede o estabelecimento<br />

do estado em 1948. A barreira de se-<br />

O jogo da paz<br />

O problema é que os EUA mantêm<br />

o mesmo estilo de jogo, o de não<br />

considerar as implicações internas e<br />

bastante profundas que envolvem as<br />

relações entre países e grupos políticos<br />

e religiosos do Oriente Médio. Sua<br />

pressão sobre Israel, no sentido de<br />

retirar colônias da Cisjordânia e de<br />

impedir sua multiplicação, pôs em risco<br />

a estabilidade de Bibi no Knesset.<br />

Os partidos conservadores apostaram<br />

no Likud esperando uma atuação dura<br />

com os grupos terroristas que ameaçam<br />

as fronteiras de Israel e a manutenção<br />

dos assentamentos na Cisjordânia,<br />

mas, com a pressão americana<br />

as relações terão que se conduzir<br />

de outra maneira e Bibi terá que encontrar<br />

outros apoios no Parlamento.<br />

A posição dos EUA junto aos árabes<br />

é mais complicada. A complexa<br />

relação entre governo, fundamentalistas,<br />

sociedade e outros grupos de<br />

poder impõem limites às pretensões<br />

americanas. Esses são países que se<br />

revestem de uma casca de modernidade<br />

que atende às relações externas,<br />

mas, internamente, ainda mantêm<br />

estruturas tribais. Seus governos,<br />

após a Segunda Guerra, formaram dinastias<br />

de governantes vinculados à<br />

política do Ocidente e, hoje sofrem<br />

pressão dos fundamentalistas com<br />

apoio das classes populares, como a<br />

Fraternidade Islâmica, o Hezbolá e o<br />

Hamas, que juntamente com o xiita<br />

Irã minam a estabilidade dos gover-<br />

gurança da Margem Ocidental é retratada<br />

pela B'Tselem como uma tentativa<br />

de anexar terras, desconsiderando<br />

as preocupações de Israel com<br />

a segurança, de acordo com a análise<br />

do grupo de observadores.<br />

A União Européia pagou 1,7 milhões<br />

em moeda israelense do orçamento<br />

de 4 milhões (em novos shekalim<br />

israelenses) da Ir Amin, declarou<br />

a organização que faz o monitoramento.<br />

A Embaixada Britânica contribuiu<br />

com NIS 800.000 e o governo norueguês<br />

doou NIS 165.000.<br />

Similarmente, a União Européia<br />

financiou cerca de 10% do orçamento<br />

de 7,8 milhões de New Israeli<br />

Shekalim da B'Tselem em 2007, com<br />

sua contribuição de 120 mil euros (cerca<br />

de NIS 675.000), novamente de<br />

acordo com a instituição que faz o<br />

monitoramento.<br />

"O fluxo de fundos governamentais<br />

europeus, inclusive da União Européia<br />

propriamente dita, para organizações<br />

políticas como B'Tselem e<br />

nos vizinhos, que só se garantem a<br />

troco de apoio ao conflito com Israel<br />

e ao terrorismo contra o Ocidente.<br />

A recente derrota eleitoral do Hezbolá<br />

no Líbano, deixa a pensar o quanto<br />

houve de influência dos EUA para<br />

a vitória do partido sunita pró-ocidente.<br />

Isto foi mais um golpe contra a<br />

Síria, que buscará o amparo de Ahmadinejad.<br />

E para Israel o que isto<br />

significa? Segurança? Um novo confronto<br />

na fronteira norte do país patrocinado<br />

pela Síria?<br />

O Egito promove as conversações<br />

entre Hamas e o Fatah buscando, novamente<br />

um acordo entre os partidos<br />

e, consequentemente, o progresso<br />

para a criação de um Estado palestino.<br />

Mas, para isso, é preciso que o<br />

Hamas abandone a bandeira que o<br />

sustenta por tantos anos, a destruição<br />

de Israel, e volte às costas para<br />

a Síria e o Irã.<br />

A iniciativa de Obama é louvável.<br />

Se conseguir seu intento, terá reconquistado<br />

significativa parte do prestígio<br />

de seu país, perdido no tempo de<br />

Bush. No entanto, Obama terá que<br />

contar com a boa vontade dos governos<br />

árabes para a criação do Estado<br />

palestino, e, o que é mais difícil, contar<br />

com a coragem suficiente, desses<br />

governos, para aguentar a pressão dos<br />

grupos fundamentalistas dentro das<br />

suas fronteiras. E terá, também, que,<br />

excluir dos seus discursos qualquer<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Ir Amin, com a finalidade de investir<br />

na guerra política contra Israel na<br />

questão de Jerusalém, é um dos aspectos<br />

mais prejudiciais do financiamento<br />

europeu dirigido contra Israel",<br />

disse o professor Gerald Steinberg,<br />

diretor executivo da ONG de<br />

Monitoramento.<br />

"Similarmente, essas ONGs não<br />

deveriam violar suas alegações éticas<br />

baseadas na defesa dos direitos<br />

humanos e na coexistência, fazendo<br />

o relógio voltar aos dias nefastos de<br />

1948 a 1967, quando nenhum judeu<br />

podia residir ou mesmo visitar a Cidade<br />

Velha e os lugares sagrados judeus",<br />

acrescentou.<br />

A B'Tselem negou dias atrás que<br />

defendia qualquer posição política<br />

sobre Jerusalém "ou qualquer outra<br />

questão" e acusou a ONG observadora<br />

de elaborar relatórios "distorcidos<br />

e irresponsáveis".<br />

"A única preocupação da B'TSelem<br />

é com as obrigações legais de Israel<br />

no sentido de assegurar a dignidade<br />

promessa vinculada ao status e a unidade<br />

de Jerusalém, capital de Israel.<br />

Da parte de Israel, sua democracia<br />

permite superar as divergências<br />

políticas internas e resolver a questão<br />

dos assentamentos, mesmo que<br />

isto custe a perda do apoio no Parlamento<br />

dos partidos mais radicais. E,<br />

diante da inquietação causada pela<br />

tentativa de aproximação EUA aos<br />

árabes, podemos ficar tranquilos. Há<br />

uma relação de 400 anos de afinidade<br />

entre americanos e Israel. Uma<br />

afinidade de raiz, baseada em sólidos<br />

princípios e esperanças religiosas<br />

que, nem mesmo Obama ou outro<br />

carismático e bem votado, romperia<br />

esse vínculo centenário. Além disso,<br />

as relações políticas e econômicas<br />

entre os dois países são muito sólidas,<br />

apesar da relutância de alguns<br />

governos em apoiar Israel em momentos<br />

cruciais, o elo de ligação e compromissos<br />

mútuos permanecem.<br />

Obama terá muito a discursar<br />

para árabes até que os convença de<br />

que uma paz será vantajosa para todos<br />

e, mais do que oferecer garantias<br />

de que Israel cederá na criação do<br />

Estado palestino, terá que fortalecer<br />

os regimes árabes atuais para vencer<br />

o terrorismo e os grupos fundamentalistas.<br />

A experiência com o Iraque<br />

ensina que fortalecer governos<br />

árabes pode ter um custo muito alto<br />

no futuro. Será que Obama vencerá<br />

só com discursos?<br />

Você quer financiamento da União Européia?<br />

Então promova os interesses palestinos.<br />

Etgar Lefkovits-Dallal *<br />

11<br />

* Antônio Carlos<br />

Coelho é<br />

professor<br />

universitário,<br />

escritor, diretor do<br />

Instituto de<br />

Ciência e Fé e<br />

colaborador do<br />

jornal <strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong>.<br />

básica de qualquer pessoa que viva<br />

sob sua jurisdição", declarou a diretora<br />

executiva do B'Tselem, Jessica Montell.<br />

"Promover igualdade e direitos<br />

humanos em Jerusalém é um claro interesse<br />

de Israel, algo que todos podemos<br />

defender, independentemente<br />

de nossa posição política".<br />

Em contraste, um funcionário da<br />

Ir Amim disse que o grupo realmente<br />

tinha uma agenda política, e que não<br />

era uma organização destinada a promover<br />

a coexistência.<br />

"Sem dúvida temos concepções<br />

diferentes sobre uma série de questões,<br />

mas esse é o direito de uma ONG<br />

em um estado democrático", declarou<br />

Haim Erlich, funcionário da Ir<br />

Amim. "Ninguém tem o monopólio dos<br />

interesses israelenses".<br />

Os quase 50% do financiamento da<br />

União Européia que a organização recebeu<br />

em 2007, de acordo com a ONG que<br />

faz o monitoramento, se "enquadram nas<br />

disposições da lei israelense".


12<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

orreu na madrugada<br />

de quinta-feira<br />

21/5 a ex-primeiradama<br />

do Paraná Fani<br />

Lerner, esposa do exgovernador<br />

e ex-prefeito Jaime Lerner.<br />

A ex-primeira dama Fani Lerner, de 63<br />

anos, lutava contra um câncer desde<br />

fevereiro de 1.995, quando foi submetida<br />

a uma cirurgia, primeira etapa de<br />

um longo tratamento que a levou a<br />

várias internações e a outras cirurgias.<br />

Mesmo assim, continuou a trabalhar,<br />

mas no mês passado o quadro<br />

se agravou a ponto de não sair mais<br />

de seu apartamento no bairro do Cabral,<br />

onde passou seus últimos dias,<br />

ao lado da família, e atendida por<br />

médicos e enfermeiras.<br />

Casada com o arquiteto Jaime<br />

Lerner desde 1.964, deixou as filhas<br />

Andrea, casada com Sebastiaan<br />

Bremer, e Ilana, casada com<br />

Cláudio Hoffmann, e os netos Ben,<br />

9 anos, Liana, 7, Tobias, 7, e Sophie,<br />

5. Nos três mandatos de prefeito<br />

(71 a 75, 79 a 83, 89 a 93) e<br />

nos dois de governador ( 95 a 99 e<br />

99 a 2003) do marido, Fani comandou<br />

a área de assistência à criança,<br />

trabalho a que se dedicava com<br />

entusiasmo e inovação.<br />

Ela foi velada no Salão Nobre<br />

da Prefeitura de Curitiba e sepul-<br />

Fani Lerner z'l morre aos 63<br />

anos, deixando seu exemplo<br />

e muitas saudades<br />

tada na tarde do dia 21 no Cemitério<br />

Israelita de Santa Cândida.<br />

Fani foi a criadora do Provopar<br />

(programa de trabalho voluntário),<br />

uma organização não governamental<br />

que conta com uma rede de mais<br />

de 400 voluntárias. Foi secretária<br />

municipal da Criança de Curitiba<br />

nas gestões de Jaime Lerner. Em<br />

2003, foi vencedora do Prêmio<br />

Kellogg's para o Desenvolvimento<br />

da Criança, oferecido pela organização<br />

americana World of Children,<br />

em parceria com a instituição Hannah<br />

Neil. Foi a primeira latino-americana<br />

a ser condecorada com o prêmio,<br />

criado em 1998. Fani Lerner<br />

nasceu em Curitiba, filha de imigrantes<br />

judeu-poloneses que vieram<br />

para o Brasil para escapar do<br />

nazismo. Formou-se psicóloga e<br />

atuou como voluntária em favelas.<br />

Exemplo Exemplo de de humildade humildade e<br />

e<br />

coragem<br />

coragem<br />

Fani Lerner tornou-se conhecida<br />

e admirada por desenvolver<br />

projetos sociais em favor da população<br />

carente, sobretudo crianças.<br />

Muita gente que a conheceu de<br />

perto a definia como uma pessoa<br />

doce, meiga, equilibrada e muito<br />

serena no trato com todos.<br />

"O Estado do Paraná e Curitiba<br />

devem muito à competência dela,<br />

que criou políticas públicas sociais<br />

formidáveis", afirmou o prefeito<br />

Beto Richa. O presidente da Assembleia,<br />

Nelson Justus, se disse feliz<br />

por ter tido o privilégio de conviver<br />

com Fani Lerner e disse que não há<br />

um município no Paraná que não<br />

tenha o dedo da ex-primeira-dama.<br />

Segundo o deputado, ela era um<br />

exemplo de humildade e coragem,<br />

que foi muito além das funções de<br />

uma primeira-dama. "O Paraná perde<br />

uma grande mulher. Com toda a<br />

certeza, ela será insubstituível", lamentou.<br />

"Para todos nós, fica um<br />

exemplo a ser seguido".<br />

Para o conselheiro do Tribunal<br />

de Contas do Estado, Heinz Herwig,<br />

Jaime Lerner não seria o prefeito e<br />

governador que foi sem o apoio da<br />

esposa, que sempre atuou nos bastidores.<br />

A fundadora e coordenadora<br />

nacional da Pastoral da Criança,<br />

Zilda Arns, que realizou vários trabalhos<br />

sociais em parceria com Fani<br />

Lerner disse que pediu a D-us que a<br />

"recompense pelo bem que fez às<br />

crianças, famílias pobres e idosos".<br />

Por sua vez, a ex-vice governadora<br />

Emilia Belinati, declarou que<br />

"Fani era uma pessoa sensível e que<br />

exerceu a função como secretária<br />

com dignidade, apesar da doença e<br />

do sofrimento. Se eu pudesse resumir,<br />

diria que ela colocou alma no<br />

governo, sentimento, afeto".<br />

A Câmara de Vereadores de Curitiba<br />

lamentou a morte da ex-primeira-dama,<br />

lembrando o trabalho realizado<br />

por ela na área social e destacou<br />

a grande contribuição que ela teve<br />

para o desenvolvimento do setor em<br />

todo o Estado. Em razão de seu falecimento<br />

tanto o Governo do Estado<br />

como o Município da Capital decretaram<br />

luto oficial de três dias. Os legislativos<br />

estadual e municipal também<br />

decretaram luto e suspenderam<br />

as cerimônias públicas que estavam<br />

programadas para aquele dia.<br />

Realizações Realizações sociais<br />

sociais<br />

Fani Lerner como secretária da<br />

Criança de Curitiba e do Paraná, desenvolveu<br />

muitos projetos sociais,<br />

com foco no desenvolvimento de<br />

crianças e jovens. Entre as ações<br />

conduzidas por ela estão o Programa<br />

de Integração para Crianças e<br />

Jovens (PIÁ), o SOS-Crianças, a Casa<br />

Lar, para órfãos ou crianças abandonadas;<br />

e o programa Da Rua para a<br />

Escola, que fornecia uma cesta básica<br />

de alimentos para s famílias<br />

que mantivessem as crianças no<br />

colégio. Em 1997, este programa<br />

ganhou o prêmio Criança e Paz da<br />

Unicef. Fani também foi responsável<br />

pela criação do programa Supersopa<br />

na Provopar, que distribuía alimentos<br />

a crianças carentes em suas<br />

escolas ou nas creches.<br />

Lerner assumiu a Prefeitura de<br />

Curitiba pela primeira vez, em<br />

1971, quando Fani tinha 24 anos,<br />

mas foi na segunda gestão do marido<br />

como prefeito (79-83) que ela<br />

passou a construir suas grandes<br />

obras de assistência social. Tinha<br />

vocação para isso. Desolada com a<br />

morte do pai, Manoel Proveller, por<br />

causa de uma diverticulite, quando<br />

ela tinha apenas 4 anos de idade,<br />

trabalhou a vida inteira para tentar<br />

impedir que outras crianças ficassem<br />

desamparadas.<br />

Numa época que ninguém ouvira<br />

falar de ONG, criou a Provopar<br />

e já no começo reuniu 400 mulheres<br />

voluntárias, que trabalhavam<br />

principalmente em creches, dando<br />

apoio às crianças carentes.<br />

Em 1989, quando Jaime Lerner<br />

assumiu a Prefeitura de Curitiba<br />

mais uma vez, Fani foi nomeada<br />

secretária municipal da Criança. Na<br />

sequência, com o marido eleito governador,<br />

acompanhou-o ao Palácio<br />

Iguaçu e chefiou a Secretaria da<br />

Criança, durante os dois mandatos.<br />

A A curitibana curitibana F FFani<br />

F ani<br />

Fani Lerner era curitibana. Nasceu<br />

com o sobrenome de Woller<br />

Proveller em 1945, e cresceu em<br />

uma casa na Avenida Sete de Setembro.<br />

Logo após a morte do pai, Fani<br />

foi matriculada pela mãe Anna no<br />

jardim de infância do Instituto de<br />

Educação do Paraná, então expoente<br />

do ensino público. Saiu de lá com<br />

o diploma de normalista (equivalente<br />

ao magistério), pronta para<br />

dar aulas. Lecionou em um grupo<br />

escolar na Vila Lindoia por quase<br />

cinco anos.<br />

Em 2006, seu nome foi cogitado<br />

para compor a chapa de Osmar Dias<br />

ao governo estadual, mas a proposta<br />

não seguiu adiante. Nos últimos<br />

anos, Fani se dividiu entre as viagens<br />

com o marido - que vem apresentando<br />

projetos urbanísticos em vários<br />

países - e à administração da<br />

Associação Alírio Pfiffer, que presta<br />

assistência a quem necessita de<br />

transplante de medula óssea.


Aroldo Murá G. Haygert *<br />

primeira tentação<br />

que temos ao perder<br />

um amigo é a de elogiar<br />

aquele que nos<br />

deixa. "Dos amigos não<br />

se diga senão o bem" - o adágio latino<br />

apenas reforça essa ideia.<br />

Não fujo à regra ao falar de Fani<br />

Lerner. Mas se assim ajo é antes<br />

por absoluto respeito à verdade do<br />

que pelo respeito e carinho que por<br />

ela tive. Estou certo de que só falaram<br />

bem dela todos os que a conheceram,<br />

digo sem nenhum medo<br />

de errar. Jamais detectei uma restrição<br />

de qualquer pessoa a Fani<br />

nos meus longos anos de convivência<br />

com ela e Jaime Lerner.<br />

Divergências administrativas ela<br />

contornava com a sabedoria que só<br />

estadistas mostram: argumentava,<br />

com doçura, em favor de suas teses,<br />

fazendo novos aliados surgirem<br />

dos antigos adversários. Seu alvo final<br />

é o que interessava: a criança, o<br />

adolescente, o idoso, a família.<br />

Usar adjetivos para elogiá-la<br />

não é o caso. Muito menos citar estatísticas<br />

e relatórios definidores de<br />

sua ação social nas três administrações<br />

de Jaime na Prefeitura de Curitiba<br />

e nas duas no governo do<br />

estado. Até conheço boa parte dos<br />

números que resumem seu trabalho<br />

sem paralelo porque fiz parte<br />

dos Conselhos do Provopar Municipal<br />

e do Estadual e dirigi a Creche<br />

Ana Proveller (que leva o nome de<br />

sua mãe), parceria, então, da prefeitura<br />

com o Instituto Ciência e Fé.<br />

Com uma luz própria, ela recor-<br />

Fani, a dama que fica<br />

ria, no entanto, às vezes, à inventividade<br />

de Lerner para apoiá-la em<br />

concepções pioneiras que amadurecia<br />

e depois transformaria em<br />

prática única no Brasil, como o chamado<br />

Vale-Creche, resultante de<br />

contribuições de empresas para o<br />

programa de expansão de creches<br />

que desenvolvia em Curitiba com<br />

foco nos bairros periféricos. A então<br />

prefeita Luiza Erundina, de São<br />

Paulo, esteve entre os que vieram<br />

conhecer essa ação de Fani em favor<br />

da criança, sobretudo a carente.<br />

Reconhecimento que, em 2002<br />

- ela já distante do poder - a Fundação<br />

Kellog, dos EUA, tornaria<br />

mundial concedendo-lhe premiação<br />

de US$ 100 mil pelo conjunto<br />

de sua obra em favor da infância<br />

paranaense. Fani tinha intenção de,<br />

em parceria com uma universidade<br />

particular, criar um centro de introdução<br />

da criança carente às novas<br />

realidades tecnológicas. Seria<br />

uma espécie de Villette, modelo<br />

pedagógico francês.<br />

A conhecida "multimistura" foi<br />

outro ovo de Colombo: o alimento<br />

resultava da utilização de verduras<br />

e frutas que seriam descartados no<br />

Ceasa. Passando por tratamento<br />

adequado, moderna engenharia de<br />

alimentos, seria enlatada e abasteceria<br />

creches, asilos e escolas, assim<br />

como abrigos e albergues do<br />

estado todo. Em cooperação com<br />

a Fundação Ayrton Senna, a multimistura<br />

foi uma das marcas mais<br />

identificadoras das preocupações<br />

de Fani em combater a fome dos<br />

desvalidos com baixos investimentos.<br />

Inexplicavelmente (ou terá ex-<br />

plicação?), esse programa, cujas<br />

benesses não poderão jamais ser<br />

avaliadas na exata dimensão, foi<br />

desativado pelos novos senhores<br />

do poder estadual.<br />

Mas o que sempre me impressionou<br />

em Fani foi sua simplicidade,<br />

o forte sotaque "leite quente",<br />

as tiradas linguísticas bem curitibanas<br />

a denunciar uma familiaridade<br />

surpreendente (para uma filha de<br />

imigrantes judeus-poloneses) com a<br />

realidade de Curitiba e do Paraná,<br />

que ela ajudaria a definir na sua fase<br />

áurea. Falava com muito carinho de<br />

Irati, onde chegou a morar quando<br />

criança e onde seu pai, seu Manoel,<br />

comercializava batatas em larga escala.<br />

O Manoel que era só saudade<br />

no inventário afetivo dela e da família<br />

toda, cedo levado pela morte.<br />

Foi com toda essa simplicidade<br />

que mostrou liderança não repetível<br />

na ação social da capital: formou<br />

um amplo, diversificado, atento e<br />

fiel voluntariado unido a ela e ao<br />

Provopar. Voluntários, mulheres na<br />

maioria, que deram sangue, suor e<br />

lágrimas no atendimento às crianças,<br />

em périplos intermináveis, por<br />

muitos anos.<br />

Conhecia os curitibanos, sabia<br />

das conexões familiares e de seus<br />

inúmeros desdobramentos, das ruas<br />

da cidades e de suas peculiaridades,<br />

dos usos e costumes, dos longos<br />

serões familiares com cadeiras nas<br />

calçadas, dos pontos de "footing" de<br />

sua mocidade de normalista do Instituto<br />

de Educação, das sessões vespertinas<br />

de cinema na João Pessoa,<br />

das rivalidades entre os colégios. Era<br />

memorialista ímpar: boa parte da<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

vida curitibana vira desfilar a partir<br />

do final dos anos 50 na loja A Moderna<br />

que sua mãe tinha na Praça<br />

Zacarias. Uma parceira inseparável<br />

era a irmã Esther.<br />

Brasileiríssima, não conhecia o<br />

polonês. Falava esparsas palavras de<br />

iídiche. Sabia, isso sim, quem era<br />

quem em Curitiba, desde as lideranças<br />

de Vila Lindoia, onde começou a<br />

vida lecionando em escola pública,<br />

dando jeito, quase sempre, de suprir<br />

deficiências básicas de alguns<br />

alunos muito pobres. Com igual simplicidade<br />

tratava a todos, o patriciado<br />

de Curitiba, os líderes políticos e<br />

os "socialites" do país com que se<br />

relacionavam ela e Jaime.<br />

Os últimos dias foram vividos no<br />

apartamento, ao lado de Jaime. Uma<br />

espécie de UTI doméstica dava garantia<br />

a um tratamento já, acredito,<br />

fundamentalmente paliativo.<br />

Mas nos olhos tinha brilho forte,<br />

dizem os que a viram mais recentemente.<br />

A mesma luminosidade que<br />

levava aos pequeninos carentes de<br />

creches periféricas, aos quais abraçava<br />

e beijava o ano todo. E não apenas<br />

em tempos de eleições. Assim<br />

como, entusiasmado, a via um de<br />

seus fãs ardorosos, o taumaturgo e<br />

místico de Vila Nossa Senhora da Luz<br />

dos Pinhais, frei Miguel, que um dia<br />

me disse: "Fani? Ela é diferente, ela<br />

é uma alma nossa."<br />

O bondoso capuchinho queria<br />

se referir, naturalmente, a cristãos<br />

exemplares, almas excelsas.<br />

Como ele o foi e também era a<br />

Fani, que agora retorna à Casa do<br />

Pai. Uma singular filha de Israel,<br />

semeadora da paz.<br />

13<br />

* Aroldo Murá G.<br />

Haygert, jornalista,<br />

é professor do<br />

Grupo Uninter e<br />

presidente do<br />

Instituto Ciência e<br />

Fé. É autor de<br />

Vozes do Paraná.<br />

Publicado<br />

originalmente no<br />

jornal Gazeta do<br />

Povo, de Curitiba,<br />

dia 22/5/2009.


14<br />

* Maria Lucia<br />

Victor Barbosa é<br />

socióloga.<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Banalidade do mal<br />

Maria Lucia Victor Barbosa * namentais e políticos estão se lixan- O leitor pode indagar: o que o Bra- de uma polêmica resolução na ONU<br />

staremos no fim de uma<br />

era? Essa pergunta não<br />

pretende uma interpretação<br />

milenarista de cunho<br />

profético ou religioso, que<br />

prevê catástrofes destruidoras<br />

da ordem vigente, a qual seria substituída<br />

por tempos de felicidade. Mesmo<br />

porque, dificilmente dá para imaginar<br />

um mundo onde o mal deixe de<br />

ser o locatário.<br />

Seja como for, não se pode deixar<br />

de constatar que o mal tem estado<br />

bastante ativo. Pior. Está se vivendo<br />

a banalidade do mal, expressão da<br />

filósofa judia, Hannah Arendt, que<br />

tomo emprestado.<br />

Isto não é difícil de constatar, pois<br />

nessa época em que valores foram<br />

perdidos, os horrores da violência, da<br />

impiedade, da indiferença à vida, aumentaram<br />

substancialmente. Lidedo<br />

para a opinião pública. Eles sabem<br />

que na verdade opinião pública inexiste.<br />

Mesmo porque, façam o que fizerem,<br />

são eleitos e reeleitos.<br />

Se tudo é processo, foram gestadas<br />

nas mudanças mundiais figuras<br />

malignas, entre as quais se destacam<br />

Mahmoud Ahmadinejad, o fanático<br />

e despótico presidente do Irã, e<br />

Kim Jong-il, o tirano comunista da<br />

Coreia do Norte.<br />

Ahmadinejad, que nega o holocausto,<br />

tem como obsessão destruir Israel.<br />

E enquanto o presidente norte-americano,<br />

Barack Hussein Obama, prefere<br />

as luvas de pelica da diplomacia, Ahmadinejad,<br />

o odiento, avança em seu<br />

programa nuclear pondo em risco não<br />

só Israel, mas todo o mundo.<br />

Quanto ao ditador Kim Jong-il, deu<br />

demonstração de força ao realizar<br />

neste mês de maio seu segundo tessil<br />

tem a ver com tais turbulências?<br />

Respondo que tem a ver com a banalização<br />

do mal. Isto porque, nossa<br />

política externa, comandada de fato<br />

por Marco Aurélio Garcia, tem demonstrado<br />

uma atração irresistível<br />

para o que não presta.<br />

Por exemplo, Ahmadinejad foi convidado<br />

a nos visitar mesmo após seu<br />

discurso violento contra Israel, pronunciado<br />

na conferência sobre racismo<br />

promovida pela ONU. Felizmente<br />

ele cancelou a vinda e pesaram para<br />

isso os protestos de judeus e de movimentos<br />

sociais contra a presença<br />

nefanda. Ahmadinejad deixou, por<br />

assim dizer, seu anfitrião e presidente<br />

da República, Lula da Silva, esperando<br />

no aeroporto.<br />

Kim, chamado de o "Grande Sol do<br />

século 20", também merece a paixão<br />

de nossa diplomacia. Tanto é que pela<br />

que poupa críticas ao governo da Sri<br />

Lanka e evita investigação internacional<br />

sobre crimes de guerra.<br />

Estamos à beira de perder mais um<br />

cargo internacional, entre os muitos<br />

que já perdemos, diante da escolha do<br />

Itamaraty que recai sobre um egípcio<br />

antissemita para diretor da UNESCO,<br />

em detrimento de um brasileiro.<br />

Na América Latina existe um indisfarçável<br />

caso de amor entre Lula<br />

da Silva e seus admirados companheiros<br />

da esquerda caudilhista: Hugo<br />

Chávez, Evo Morales, Rafael Correia,<br />

Fernando Lugo e o eterno ditador do<br />

Caribe, Fidel Castro. Na África o presidente<br />

da República visita ditadores<br />

e pergunta como fazer para ficar tanto<br />

tempo no poder.<br />

Para culminar, o terrorista e assassino<br />

italiano, Cesare Battisti, é<br />

nosso, sem possibilidade de extradiranças<br />

perniciosas manipulam a maiote nuclear. Ele explodiu um artefato primeira vez o Brasil poria uma emção para a Itália. E, segundo Janio de<br />

ria incapaz de discernir sua própria ruí- que pode ter potência comparável à baixada na Coréia do Norte. O presi- Freitas, colunista da Folha de S. Pauna.<br />

Através de conceitos deturpados bomba que os Estados Unidos lançadente Lula da Silva teve que recolher lo, em 26/05/09, "está preso no Brasil,<br />

governos utilizam o "duplipensar", ram em Hiroshima, em 1945. Isto às pressas a tal embaixada, que fi- sob sigilo rigoroso, um integrante da<br />

termo criado por George Orwell em além dos mísseis que vem lançando, cou postergada para quando o tres- alta hierarquia do Al Qaeda, identifi-<br />

"1984". Desse modo, despotismo pas- o que põe em alerta especialmente a loucado tirano, quem sabe, ficar mais cado como responsável pelo setor insa<br />

por democracia. Populismo é visto Coreia do Sul e o Japão. Um dos mís- calmo e parar de provocar o mundo ternacional da organização".<br />

como defesa dos interesses do povo. seis que fazem parte do arsenal da do alto de seus sapatos de platafor- Posteriormente foi dito que o ho-<br />

Arbitrariedades de toda espécie são Coreia do Norte, o Taepodong, pode ma, tentativa de aumentar sua dimimem chamado apenas de K tinha sido<br />

apresentadas como exercício de so- atingir o Alasca e o Havaí. Naturalnuta estatura.<br />

solto e o ministro da Justiça, Tarso<br />

berania. Intoxicadas pela propaganmente tais atos desencadearam a re- Na ONU o Brasil vem consolidan- Genro, defensor da permanência de<br />

da enganosa as massas louvam e culprovação mundial, inclusive, a do Condo a posição de poupar países acusa- Battisti no Brasil, desmentiu o relaciotuam<br />

personalidades equivocadas. selho de Segurança (CS) da ONU. Até dos de violar direitos humanos, como namento de K com a organização ter-<br />

Evolui no mundo o terrorismo que se a China, que sustenta a miserável a Coréia do Norte e o Congo. Tampourorista. Será isso mesmo?<br />

alimenta do fanatismo religioso. Avo- Coreia do Norte se posicionou contra co menciona esses direitos em seus Tudo é aceito com indiferença.<br />

luma-se a corrupção nos meios gover- as provocações do homenzinho. negócios com a China. E votou a favor Tudo está banalizado. Inclusive, o mal.<br />

Desta coluna anunciamos agora,<br />

para os que ainda não sabem, que na<br />

África, Ásia e América Latina não há mais<br />

problemas: a pobreza foi extinta, já não<br />

existem cidadãos analfabetos, os índices<br />

de mortalidade por carência de alimentos<br />

se reduziram a zero, os sistemas<br />

de saúde pública alcançaram a população<br />

em sua totalidade. Também não existem<br />

mais problemas de discriminação<br />

contra mulheres e homossexuais. Deixaram<br />

de se enviar à prisão, sem julgamento,<br />

os opositores políticos e jornalistas<br />

que fazem denúncias contra os governos.<br />

A democracia voltou aos países<br />

que até ontem estavam dominados por<br />

tiranos repugnantes e não há mais perseguições<br />

por motivos étnicos, nem<br />

crença religiosa.<br />

Não há mais problemas no mundo<br />

Como sabemos que estas afirmações,<br />

surpreendentes por si próprias,<br />

estão corretas? Muito simples: há poucas<br />

semanas reuniu-se a Conferência<br />

Mundial da ONU contra o Racismo, a<br />

Discriminação Racial, a Xenofobia e as<br />

Formas Conexas de Intolerância e seu<br />

principal tema de debate foi a relação<br />

de Israel com seus vizinhos palestinos.<br />

Xeques árabes que mantêm escravos<br />

em Bangladesh e em outros lugares<br />

sentaram-se ao lado dos representantes<br />

de prestigiosos "paladinos da<br />

democracia", como alguns ditadores de<br />

conhecida fama, para condenar a Israel<br />

por sua atitude com os palestinos.<br />

Israel adiantou há muito tempo que não<br />

enviaria delegados ao que, a partir de então,<br />

passou a ser considerado como o even-<br />

to antissemita oficial do presente ano. Logo<br />

depois, os Estados Unidos e outros oitopaíses<br />

se somaram a esta postura.<br />

Os enviados do Departamento de<br />

Estado mantiveram reuniões com delegações<br />

de 30 países na intenção de<br />

"moderar" o texto da resolução final do<br />

encontro, que já havia sido redigida, e<br />

nada mais faltava. Ali diz que "Israel é<br />

uma potência racista e de apartheid".<br />

Contém parágrafos dedicados "ao sofrimento<br />

dos palestinos sob ocupação",<br />

entre outras coisas.<br />

Nem uma palavra, é claro, sobre a<br />

verdadeira discriminação e a intolerância<br />

que supõe o viver em um destes "regimes<br />

democráticos". Os delegados da<br />

Síria e da Arábia Saudita certamente<br />

não deram explicações sobre os enfor-<br />

camentos nas praças públicas por delitos<br />

comuns ou sexuais. Os terroristas<br />

palestinos não foram o centro de uma<br />

condenação pelas centenas de foguetes<br />

que continuam lançando contra populações<br />

civis nem tampouco receberam<br />

protestos por assassinar nas ruas<br />

membros de outros grupos palestinos.<br />

Também não houve críticas por roubar<br />

e vender a ajuda humanitária que<br />

recebem para entregar à população da<br />

Faixa de Gaza nem por reter um soldado<br />

israelense, sem sequer permitir que representantes<br />

da Cruz Vermelha possam<br />

visitá-lo, como impõe a norma internacional.<br />

(Publicado no jornal Aurora, decano<br />

da imprensa israelense em espanhol,<br />

na edição nº 2556, de 11 a 15 de<br />

março de 2009. Tradução: Szyja Lorber).


Nahum Sirotsky *<br />

ão se conhecem todos<br />

os detalhes do plano<br />

de paz de Obama para<br />

o conflito israelensepalestino.<br />

Então recordo<br />

que, único jornalista<br />

brasileiro (era meu titulo que escondia<br />

a ignorância de meus 20 anos) cobrindo<br />

as Nações Unidas, de 45/46,<br />

lembro os argumentos para aprovação<br />

da Resolução da Partilha do que<br />

se chamava Palestina entre um país<br />

árabe e outro judeu. A Palestina que<br />

equivalia a cerca de um terço da província<br />

otomana do mesmo nome da<br />

qual o governo inglês, que recebera<br />

um mandato sobre a região da Liga<br />

das Nações no fim da primeira grande<br />

guerra, de 1914/18, precursora das<br />

Nações Unidas, destacara cerca de<br />

dois terços para implantar o Emirado<br />

(Principado) da Transjordânia, hoje<br />

Jordânia. Abdala, um dos dois irmãos<br />

beduínos que haviam apoiado o mitológico<br />

Lawrence Arábia numa revolta<br />

contra os turcos, fora feito Emir.<br />

Seu irmão mais velho, Faiçal, recebera<br />

o trono da Babilônia, hoje Iraque.<br />

Um magnífico filme com a história da<br />

revolta foi feito e é emocionante,<br />

Lawrence da Arábia.<br />

Os irmãos tiveram morte violenta.<br />

Abdala foi assassinado por ára-<br />

Pilar Rahola,<br />

que recebeu<br />

o prêmio<br />

"Senador Ángel<br />

Pulido 2009",<br />

outorgado<br />

anualmente pela Federação das Comunidades<br />

<strong>Judaica</strong>s na Espanha, declarou:<br />

"não estamos num país no qual exista<br />

um problema de religiões", mas que o<br />

principal problema para os judeus "são<br />

alguns de nossos colegas de esquerda<br />

e do jornalismo único".<br />

A jornalista, que denunciou os atos<br />

de antissemitismo que vêm sendo produzidos<br />

na Espanha, e dos quais ela tem<br />

sido vítima por dizer que se trata de um<br />

problema complexo, indicou que intelectuais<br />

e gente importante "tornam-se<br />

imbecis quando falam de Israel".<br />

"Sobre Israel não se debate, se impõe<br />

um pensamento único; repetem-se<br />

Obama não é Aladim<br />

be fanático após as preces de sexta-feira,<br />

dia santo muçulmano, na<br />

saída da mesquita da al Aksa, em<br />

Jerusalém. Faiçal foi massacrado<br />

com toda a sua família em revolução<br />

contra a monarquia. Ambos eram<br />

Husseni, descendentes do Profeta<br />

Maomé, filhos do derrubado rei de<br />

Medina pela tribo dos Saud que hoje<br />

reina na Arábia Saudita de Meca,<br />

Medina e ricas reservas de petróleo.<br />

Trinta e três foi o número anunciado<br />

pelo presidente da Segunda Assembléia<br />

Geral das Nações Unidas, o<br />

gaúcho Oswaldo Aranha, considerando<br />

aprovada a resolução da partilha.<br />

Foi há tanto tempo que às vezes me<br />

sinto pré-histórico. A decisão resultou<br />

de anos de tentativas de pacificar<br />

árabes e judeus. A coexistência<br />

parecia impossível. No Oriente Médio<br />

todos os países são habitados e<br />

divididos entre minorias com tranqüilidade<br />

imposta por autoritários.<br />

A língua brasileira fez do Brasil um<br />

só país. Não é o caso do Oriente Médio<br />

dividido entre religiões, seitas,<br />

etnias, línguas. A partilha logo resultou<br />

em guerras. Passados 61 anos Israel<br />

aumentou de 500 mil a cerca de<br />

seis milhões de judeus e milhão e 500<br />

mil árabes, todos cidadãos israelenses.<br />

Mas de forma geral cada um vive<br />

em seu canto. Nos centros urbanos<br />

árabes elevado percentual não fala o<br />

hebraico ou um hebraico precário.<br />

Uma minoria de judeus fala árabe.<br />

Árabes são isentos de certas obrigações<br />

dos judeus como serviço militar.<br />

Existe um estado de muitas culturas<br />

que não é um estado multicultural<br />

como, por exemplo. Estados Unidos.<br />

Há milhões de refugiados palestinos<br />

nos chamados territórios ocupados<br />

pelos judeus na guerra de 1967. Em<br />

Gaza, mais de milhão e meio. Palestinos<br />

sem direitos políticos espalharam-se<br />

e vivem em países árabes<br />

como estrangeiros. A fórmula de dois<br />

países na mesma terra é a única solução<br />

visível e possível. Os palestinos<br />

são um povo mais aberto à modernidade<br />

do que os seus irmãos árabes.<br />

Com apoio econômico e técnico<br />

poderão criar um estado de grande<br />

potencial de desenvolvimento.<br />

No Oriente Médio nasceram as<br />

três religiões monoteístas, os Mandamentos,<br />

a Bíblia, o Corão, e obras<br />

literárias insuperáveis como as Histórias<br />

das Mil e Uma Noites. Mas<br />

Obama pode ter a visão, mas não tem<br />

poderes mágicos. E presença e orador<br />

irresistíveis, mas não basta. Já<br />

investiu trilhões para salvar a economia<br />

das conseqüências de cínica vigarice<br />

de grandes empresários. Mostrou<br />

a mesma coragem que o elevou<br />

de senador a presidente. Mas ainda<br />

não se pode dizer que venceu.<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Obama mandou George Mitchell<br />

à região para dizer que quer uma solução<br />

do conflito israelense-palestino<br />

nos próximos dois anos. Mitchell<br />

conhece bem a questão que tentou<br />

resolver em 2.002. A vontade do Presidente<br />

na basta. Digamos que, para<br />

começar, opte-se por tentar traçar as<br />

linhas de fronteira do país que quer<br />

ser estado, Palestina, mas não tem a<br />

infra-estrutura burocrática de governo,<br />

o povo não é unido. Não é provável<br />

Israel aceitar recuar para as linhas<br />

de há 42 anos e os riscos de ter um<br />

país islâmico vizinho e inimigo. Compartilhar<br />

a soberania da cidade antiga<br />

de Jerusalém com um Hamas que<br />

não reconheceu o seu direto de existir<br />

numa região?<br />

Não duvido que o governo israelense<br />

atual confirme apoio à formula<br />

de dois estados.<br />

Não há alternativa. O chefe do<br />

governo deve discursar domingo e<br />

talvez faça isto. Mas é um longo caminho<br />

cheio de obstáculos a serem<br />

superados. Dois anos? Chega a ser<br />

piada. Há milhares de anos que os judeus<br />

rezam "paz para nós a todo o<br />

povo". "Shabat Shalom", Sábado de<br />

Paz, desejam uns aos outros no Shabat,<br />

o sétimo dia de criação, e como<br />

escrito de descanso de D-us.<br />

Mas Obama não é Aladim.<br />

Pilar Rahola: "Intelectuais e gente importante<br />

tornam-se imbecis quando falam de Israel"<br />

os clichês e cai-se num maniqueísmo<br />

de bons e maus que não ajuda ninguém.<br />

É a derrota do jornalismo espanhol".<br />

Pilar Rahola teve palavras de agradecimento<br />

pelo "orgulho e o alívio que<br />

supõe ver que alguém te quer", mas<br />

também o prêmio - acrescentou - traz<br />

uma enorme responsabilidade que te<br />

leva a implicar-se mais, a comprometer-se<br />

mais "em cair de cara com a palavra<br />

nas trincheiras" nas quais ainda<br />

há muito o quem fazer.<br />

A premiada dirigiu estas palavras ao<br />

ministro de Justiça, Francisco Caamaño,<br />

que estava entre os assistentes ao ato,<br />

e que havia expressado o propósito do<br />

Governo de "manter-se vigilante e beligerante"<br />

contra qualquer reaparição<br />

do antissemitismo.<br />

"Nenhuma sociedade que se considere<br />

decente, disse Caamaño, pode esquecer<br />

o Holocausto. Tolerância zero com o<br />

antissemitismo", afirmou categórico, em<br />

respostas à intervenção de Jacobo Israel,<br />

presidente da Federação de Comunidades<br />

<strong>Judaica</strong>s, que denunciara o crescimento<br />

de atos de antissemitismo na Espanha.<br />

Caamaño referiu-se à reforma da Lei<br />

da Liberdade Religiosa em trâmite, reforma<br />

que busca, explicou, estabelecer<br />

as regras de convivência e a melhor<br />

política de igualdade e de equiparação<br />

em relação às confissões religiosas,<br />

respeitando as diferenças.<br />

Jacobo Israel, que abriu o ato, assinalou<br />

que a comunidade judaica espanhola<br />

"está com a legitimidade do Estado<br />

de Israel, independentemente de qual<br />

seja seu Governo", e citou casos recentes<br />

de antissemitismo na Espanha por<br />

causa da recente operação israelense em<br />

Gaza, e enfatizou que "queremos a paz<br />

com todos os vizinhos, a paz para todos".<br />

Avaliou as atuações do governo es-<br />

15<br />

* Nahum Sirotsky<br />

é jornalista,<br />

correspondente<br />

da RBS e do<br />

Último Segundo/IG<br />

em Israel. A<br />

publicação<br />

exclusiva desta<br />

coluna tem a<br />

autorização do<br />

autor.<br />

panhol em torno da liberdade religiosa<br />

e o reconhecimento das minorias, assim<br />

como o trabalho que a respeito vem<br />

sendo realizado pela Fundação Pluralismo<br />

e Convivência, e agregou que "necessitamos<br />

que o Estado avance na<br />

neutralidade religiosa e que se resolvam<br />

alguns problemas".<br />

E citou a respeito a atenção religiosa<br />

nos quartéis, a necessidade de terrenos<br />

públicos para a construção de sinagogas,<br />

o avanço do antissemitismo,<br />

a conservação do patrimônio e um sistema<br />

de financiamento estável.<br />

Durante o evento, Enrique Múgica,<br />

que recebeu o prêmio "Senador Ángel<br />

Pulido" no ano passado, apresentou Pilar<br />

Rahola, enquanto que o embaixador<br />

de Israel na Espanha, Raphael Schtz<br />

expressou seu reconhecimento e amizade<br />

à homenageada, por sua defesa<br />

do Estado de Israel.


16 ○<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

OLHAR<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

HIGH-TECH<br />

○<br />

Etiqueta inteligente monitora<br />

gripe suína<br />

Foi desenvolvida em Israel uma etiqueta<br />

inteligente capaz de monitorar<br />

doenças em animais e pode ser usada<br />

para evitar a propagação da gripe<br />

suína, segundo os inventores. A empresa<br />

CartaSense, criadora da tecnologia<br />

diz estar já em negociação com<br />

várias empresas do setor alimentar<br />

para começar a produção em massa.<br />

A etiqueta reúne um sensor, uma pequena<br />

bateria, um micro controlador,<br />

uma memória e um circuito de radiofrequência<br />

que transmite informação<br />

a uma unidade de controle. As etiquetas<br />

são úteis para ajudar os grandes<br />

criadores de animais a monitorar os<br />

dados vitais do seu gado, fato extremamente<br />

importante numa altura em<br />

que se prevê uma pandemia de gripe<br />

suína. (El Mundo).<br />

Sistema para videogames Xbox<br />

Através da 3DV Systems, empresa israelense<br />

especializada em equipamentos<br />

3D, a Microsoft está desenvolvendo<br />

uma câmera para o videogame<br />

Xbox 360 que vai reconhecer<br />

os movimentos do jogador em games<br />

mais intuitivos, ao estilo Nintendo<br />

Wii. A câmera reconheceria movimentos<br />

tridimensionais e seria mais<br />

precisa que outros acessórios semelhantes.<br />

O novo sistema de jogo não<br />

exigiria controles especiais como o<br />

Remote, do Nintendo Wii. (Cambici -<br />

Câmara Brasil-Israel de Comércio e<br />

Indústria).<br />

Controle natural contra roedores<br />

Corujas e gaviões estão sendo empregados<br />

por fazendeiros no Oriente<br />

Médio para controlar pestes de roedores<br />

na agricultura. Eles estão instalando<br />

caixas para encorajar a construção<br />

de ninhos pelos pássaros, que<br />

são predadores naturais dos roedores.<br />

Um casal de corujas pode consumir<br />

até 2.000 roedores em um ano.<br />

A iniciativa, que pretende reduzir o<br />

uso de pesticidas tóxicos na agricultura,<br />

foi transformada em um programa<br />

com financiamento do governo israelense.<br />

Agora, cientistas e organizações<br />

pela conservação da natureza<br />

da Jordânia e dos territórios palestinos<br />

se uniram ao esquema. (Jornal<br />

Alef).<br />

Bahia pode usar irrigação por<br />

gotejamento<br />

O sistema de irrigação por gotejamento<br />

subterrâneo usado em Israel<br />

pode ser uma referência para as culturas<br />

irrigadas da Bahia. O sistema<br />

possibilita conjugar, com economia<br />

de água, uma irrigação de alta eficiência,<br />

usando o gotejamento, com<br />

a mecanização agrícola, comum em<br />

grandes áreas, a exemplo da produção<br />

de grãos e da cana-de-açúcar. A<br />

técnica já é utilizada com sucesso em<br />

alguns países, inclusive no Brasil, em<br />

Alagoas. A intenção é que a experiência<br />

possa orientar o plantio de<br />

cana-de-açúcar no Estado, no âmbito<br />

do programa "Bahiabio", que prevê<br />

a ocupação de uma área de cerca<br />

de 800 mil hectares. (Jornal Alef).<br />

Descoberta peça de três mil anos<br />

Arqueólogos em escavação no Monte<br />

das Oliveiras, em Jerusalém, descobriram<br />

uma asa de jarro de quase<br />

3.000 anos que traz uma antiga inscrição<br />

hebraica. O achado é o mais<br />

antigo dos artefatos descobertos na<br />

velha cidade. Na asa, da Idade do Ferro,<br />

está inscrito o nome hebreu "Menachem",<br />

que foi o nome de um rei<br />

israelita. A inscrição inclui ainda uma<br />

letra parcialmente intacta, o caractere<br />

hebraico "lamed", que significa<br />

"para". De acordo com Ron Beeri, que<br />

diretor da escavação, isso sugere que<br />

a jarra foi um presente para alguém<br />

chamado Menachem. Não há indício<br />

de que a inscrição se refira ao rei. O<br />

mesmo nome e versões variantes já<br />

foi encontrado em cerâmica egípcia<br />

de até 3.500 anos atrás, e a Bíblia<br />

menciona Menachem Ben Gadi como<br />

um antigo rei de Israel. Mas é a primeira<br />

vez que um artefato com esse<br />

nome é descoberto em Jerusalém. De<br />

acordo com o especialista, o vasilhame<br />

a que a asa pertencia não foi resgatado,<br />

então é impossível dizer para<br />

que era usado. Vasilhames semelhantes<br />

podiam conter produtos como<br />

óleo ou trigo. (Jornal Alef).<br />

Cooperação espacial com a Índia<br />

A Agência Espacial Índia Isro colocou<br />

em órbita seu primeiro satélite espião<br />

adquirido em Israel. A cooperação<br />

Índia-Israel neste setor assumiu<br />

dimensões significativas quando, em<br />

janeiro de 2008, a Índia contribuiu<br />

para colocar em órbita o satélite espião<br />

israelense TecSar de última geração,<br />

dotado de instrumentos capazes<br />

de ler desde o espaço a placa de<br />

um automóvel (Revista Horizonte).<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Quatro homens acusados de planejar<br />

atentados contra uma sinagoga em Nova<br />

York e contra aeronaves militares numa base<br />

aérea das proximidades compareceram a um<br />

tribunal da cidade e foram indiciados dia 21/<br />

5. Eles usaram armas "falsas" fornecidas sob<br />

orientação do FBI e das autoridades novaiorquinas.<br />

Os suspeitos foram identificados<br />

como sendo James Cromitie, David Williams,<br />

Onta Williams e Laguerre Payen. De acordo<br />

com o jornal The New York Times, três deles<br />

seriam cidadãos americanos e o outro haitiano.<br />

Todos residem nos EUA.<br />

Segundo a promotoria, Cromitie teria lamentado<br />

que "o melhor alvo", as Torres Gêmeas<br />

do World Trade Center, derrubadas nos<br />

ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova<br />

York, não estariam mais disponíveis.<br />

O promotor Eric Snyder os descreveu<br />

como "homens extremamente violentos" e<br />

"desejosos de levar morte aos judeus".<br />

Os suspeitos são acusados de planejar,<br />

além dos atentados, o uso de armas de destruição<br />

em massa em território americano e<br />

a compra e o uso de mísseis antiaéreos.<br />

Caso condenados, segundo a promotoria<br />

de Nova York, eles podem pegar penas que vão<br />

de 25 anos de detenção à prisão perpétua.<br />

Investigação<br />

Investigação<br />

Israel reabrirá Consulado<br />

em São Paulo<br />

O Ministério das Relações Exteriores de<br />

Israel planeja abrir um novo Consulado Geral<br />

em São Paulo até 2010. O chanceler israelense<br />

Avigdor Liberman informou 19/5<br />

pessoalmente por telefone ao chanceler brasileiro,<br />

Celso Amorim, a novidade.<br />

Nos últimos anos houve um considerável<br />

crescimento nas relações econômicas<br />

entre os dois países, como o acordo assinado<br />

de livre comércio entre o Mercosul e<br />

o Estado de Israel, por exemplo. Hoje existem<br />

mais de 150 escritórios representando<br />

empresas israelenses em São Paulo, e<br />

cada vez mais companhias tem interesses<br />

em desenvolver negócios no Brasil. Em<br />

2008 houve um aumento de mais de 35%<br />

no intercâmbio comercial entre os dois países<br />

e o fechamento do ano ultrapassou 1,5<br />

bilhões de dólares.<br />

Desde o início de maio deste ano a El-Al<br />

Israel Airlines opera um vôo direto entre Tel-<br />

Aviv e São Paulo. São três viagens semanais<br />

entre os dois países, o que consequentemen-<br />

TERRORISMO<br />

TERRORISMO<br />

Os suspeitos teriam planejado detonar<br />

explosivos em uma sinagoga do Bronx e lançar<br />

mísseis terra-ar modelo Stinger contra<br />

aeronaves militares em uma base aérea na<br />

cidade de Newburgh, que fica a cerca de 60<br />

km ao norte de Nova York.<br />

te gerou um aumento no turismo de pessoas<br />

e de negócios entre Brasil e Israel.<br />

Mas o motivo da reabertura do Consulado<br />

não é somente econômico. Ambos os<br />

países mantém relações bilaterais para cooperação<br />

cientifica, tecnológica, acadêmica,<br />

nos campos de saúde e agropecuária,<br />

além de cooperações e trocas culturais. Israel<br />

também quer fortalecer as relações com<br />

as comunidades judaicas de São Paulo e do<br />

Sul do Brasil. Todos estes dados mostram a<br />

necessidade de uma nova representação<br />

israelense na cidade, além dos escritórios<br />

da Missão Econômica e do Ministério do<br />

Turismo de Israel já existentes.<br />

Hoje os brasileiros não precisam de visto<br />

para visitar Israel e o mesmo vale para<br />

israelenses visitarem o Brasil. Ambos os<br />

países mantém um acordo que permite a<br />

entrada de seus cidadãos e a permanência<br />

nos dois países (como turistas) por até três<br />

meses, salvas as exceções, sem a necessidade<br />

de visto.<br />

Indiciados os acusados de planejar<br />

Atentados contra sinagogas em NY<br />

Segundo as autoridades americanas, as<br />

investigações contra os suspeitos começaram<br />

em junho de 2008. Um informante do FBI se<br />

encontrou com James Cromitie afirmando pertencer<br />

a uma organização terrorista.<br />

Na ocasião, o suspeito teria expressado<br />

interesse em integrar a organização<br />

para "fazer a jihad", e se disse triste com<br />

o fato de muitos muçulmanos estarem sendo<br />

mortos no Afeganistão e Paquistão por<br />

forças americanas.<br />

Munido de equipamentos de áudio e uma<br />

câmera escondida, o informante do FBI manteve<br />

outros encontros com os suspeitos, que<br />

manifestaram interesse em promover ataques<br />

contra alvos em Nova York, incluindo a<br />

sinagoga e a base aérea.<br />

De acordo com as autoridades, os suspeitos<br />

chegaram inclusive a fazer fotos de<br />

seus alvos para planejar os atentados.<br />

Eles foram presos ao comprar mísseis e<br />

explosivos falsos do informante do FBI.<br />

"Os acusados queriam empreender ataques<br />

terroristas. Eles selecionaram os alvos<br />

e buscaram as armas necessárias para colocar<br />

seu plano em prática", afirmou Lev L.<br />

Dassin, procurador federal em exercício para<br />

o Distrito Sul de Nova York.<br />

"Embora as armas fornecidas pelo informante<br />

fossem falsas, os réus achavam que<br />

elas eram reais".<br />

"Eles queriam atacar aviões militares<br />

com mísseis terra-ar e destruir uma sinagoga<br />

e um centro da comunidade judaica usando<br />

explosivos plásticos", disse o procurador.


m São Paulo quase 40<br />

pessoas estão sendo<br />

investigadas pela<br />

Delegacia de Crimes<br />

Raciais e Delitos de<br />

Intolerância (Decradi),<br />

suspeitas de integrar o grupo<br />

neonazista liderado por Ricardo<br />

Barollo, preso e acusado de ser o<br />

mandante da morte de um casal de<br />

integrantes do movimento no Paraná.<br />

Segundo a delegada Margarette<br />

Barreto, titular da Decradi, cerca de<br />

25 grupos neonazistas atuam no Estado,<br />

mas o de Barollo, denominado<br />

Neuland, é considerado o mais organizado<br />

ideologicamente, possuindo<br />

inclusive atuação política. Além<br />

de São Paulo, os neonazistas estão<br />

sendo investigados em Minas Gerais,<br />

no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa<br />

Catarina.<br />

O grupo Neuland tem células em<br />

atuação na capital paulista, onde está<br />

o maior número de participantes, e<br />

nas cidades de Campinas, Sorocaba<br />

e Limeira. Além de Barollo, foi indiciado<br />

também por crime ligado à ação<br />

do grupo, Alessandro Martines, 31<br />

anos, preso em 13 de junho de 2008,<br />

em Santo André, no ABC paulista, com<br />

147 itens de armamentos, entre espingardas,<br />

pistolas, carabinas, carregadores,<br />

munição e facas Butterfly.<br />

O recrudescimento da ação do<br />

grupo, com compra de armamentos<br />

em grande quantidade, teria sido, segundo<br />

a polícia gaúcha, a principal divergência<br />

que levou ao assassinato<br />

dos estudantes Bernardo Dayrell Pedroso,<br />

de 24 anos, e de Renata Waechter<br />

Ferreira, de 21 anos, ocorrido<br />

em 21 de abril passado no km 6 da<br />

BR-116, no município de Quatro Barras,<br />

no Paraná.<br />

Os integrantes do Neuland têm<br />

entre 16 e 40 anos, mas não é descartada<br />

a presença de outros mentores.<br />

Barollo, por exemplo, aparece<br />

como financiador de cursos de informática<br />

e compra de computadores a<br />

jovens integrantes do grupo, mas não<br />

há informações de como obteve os<br />

recursos. Funcionário de uma construtora,<br />

ele recebia salário mensal em<br />

torno de R$ 10 mil, segundo o delegado<br />

Paulo César Jardim, responsável<br />

pela investigação.<br />

Investigação Investigação no no RS<br />

RS<br />

A Polícia Civil investiga a compra<br />

de armas por parte de um grupo neonazista<br />

do Rio Grande do Sul. Duas testemunhas,<br />

de dez supostos integrantes<br />

do movimento convocados para depor,<br />

disseram que foram adquiridas entre 30<br />

e 40 armas. Entre o armamento, há revólveres<br />

e pistolas, mas haveria também<br />

duas metralhadoras no arsenal.<br />

As armas estariam com pelo menos<br />

quatro dos cinco proprietários<br />

das residências em que foram encontrados<br />

materiais de apologia ao<br />

nazismo. As apreensões ocorreram<br />

em Cachoeirinha, Viamão, Porto<br />

Alegre, Alvorada, Caxias do Sul e<br />

Bento Gonçalves.<br />

A operação teve como objetivo<br />

detectar uma célula neonazista no<br />

Rio Grande do Sul, de acordo com a<br />

Polícia Civil. Foram apreendidos livros,<br />

camisetas, CDs e DVDs relacionados<br />

à ideologia. Também foram recolhidas<br />

três bombas de fabricação<br />

caseira e facas.<br />

As buscas prosseguiram no interior<br />

do Estado onde se investiga a conexão<br />

desse grupo Neuland com outros<br />

do Uruguai e da Argentina. Segundo<br />

a polícia, Jairo Fischer, apontado<br />

como líder do movimento, foi<br />

preso em Teutônia, no interior do Rio<br />

Grande do Sul, sob suspeita de homicídio.<br />

Ele teria adquirido a arma em<br />

um dos países vizinhos.<br />

Além disso, o grupo teria contatos<br />

com facções do Chile, Inglaterra<br />

e França. A polícia investiga ainda se<br />

Neuland tem envolvimento com outros<br />

dez assassinatos. O grupo também<br />

estaria financiando cursos de<br />

fabricação de bombas caseiras, que<br />

seriam utilizadas no ataque a sinagogas<br />

e homossexuais.<br />

Articulação Articulação política<br />

política<br />

A quadrilha de neonazistas que<br />

começou a ser desarticulada no Rio<br />

Grande do Sul pretendia realizar atentados<br />

a sinagogas no país e pelo menos<br />

50 pessoas estão envolvidas no<br />

movimento apenas em cidades gaúchas.<br />

Segundo o delegado Paulo César<br />

Jardim, titular do 1° DP de Porto<br />

Alegre, responsável pela investigação,<br />

o grupo articula também candidaturas<br />

políticas em pequenas cidades. Para<br />

atrair adeptos entre os que não têm<br />

simpatia pela ideologia nazista, integrantes<br />

do movimento passaram a<br />

colecionar casos de homicídios praticados<br />

por negros em todo o país.<br />

"Não estamos lidando com marginais<br />

ou traficantes comuns. Eles<br />

acreditam que existam sub-raças e se<br />

organizam em torno desta idéia", disse<br />

o delegado Jardim.<br />

Material de propaganda nazista foi<br />

apreendido em residências de cinco<br />

municípios gaúchos. Entre as cerca de<br />

300 peças e documentos apreendidos<br />

foi achado o plano de ataques a sinagogas,<br />

além de identificada a compra<br />

de pelo menos 40 armas, incluindo<br />

metralhadora e submetralhadora. Os<br />

neonazistas são ainda suspeitos de 10<br />

mortes nos últimos 60 dias.<br />

A primeira cidade em que os par-<br />

tidários do neonazismo pretendia lançar<br />

candidato fica em Santa Catarina.<br />

Segundo Jardim, dois grupos neonazistas<br />

estão identificados nos quatro<br />

estados. O mais antigo deles é o<br />

Blood & Honor (Sangue e Honra),<br />

acompanhado há cerca de oito anos<br />

pela polícia gaúcha. O outro é o Neuland<br />

(terra nova, em alemão), cuja<br />

criação é atribuída ao economista<br />

paulista Ricardo Barollo, de 33 anos.<br />

Segundo Jardim, os dois jovens<br />

mortos no Paraná foram assassinados<br />

porque discordaram dos atentados<br />

que começaram a ser planejados pelas<br />

pessoas ligadas ao grupo Neuland.<br />

A polícia gaúcha não descarta a possibilidade<br />

de envolvimento de empresários<br />

e executivos.<br />

O braço político, além de organizar<br />

candidaturas, tem como objetivo<br />

cooptar novos participantes, a quem<br />

chamam de "soldados". Boa parte dos<br />

novos adeptos são jovens. O líderes,<br />

como o Barollo, alugam sítios e convidam<br />

pessoas de seu relacionamento,<br />

que por sua vez convidam outras.<br />

Nesta reunião, a doutrina é divulgada.<br />

Os que aceitam participar, porém,<br />

são submetidos a testes de coragem<br />

e enfrentamento. E fazem juramento<br />

similar ao da máfia, diz o delegado.<br />

Fazem ainda juramento de lealdade:<br />

"Se tu me traíres, só tem um destino:<br />

a morte" .<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Grupos neonazistas desmantelados e<br />

investigação prossegue em 5 Estados<br />

Três hotéis de Alexandria,<br />

a segunda maior cidade do Egito,<br />

se recusaram a receber um<br />

evento organizado pelo consulado<br />

israelense que celebraria<br />

os 61 anos da criação de Israel,<br />

comemorado em maio.<br />

Segundo a imprensa egípcia,<br />

os hotéis tomaram a decisão<br />

por temer um boicote por<br />

parte de seus turistas árabes,<br />

seus maiores clientes.<br />

A imprensa também especulou<br />

que a realização do<br />

evento em Alexandria poderia<br />

provocar uma reação negativa<br />

em membros de facções<br />

palestinas que devem participar<br />

de um evento no Cairo<br />

para promover o diálogo e a<br />

reconciliação desses grupos.<br />

"Uma celebração israelense<br />

no Egito poderia desagradar alguma<br />

facção palestina e prejudicar<br />

os esforços do governo<br />

egípcio para este encontro", disse<br />

um jornal em seu editorial.<br />

Integrantes de grupos neonazistas presos no Paraná<br />

Armas e muita propaganda foi encontrada<br />

nas casas dos neonazistas gaúchos<br />

Jardim afirmou que o trabalho de<br />

acompanhamento destes grupos é<br />

permanente e os estados envolvidos<br />

têm trocado informações. Segundo<br />

ele, o crime só pode ser punido em<br />

fase de execução, não de planejamento,<br />

se não houver provas.<br />

Hotéis egípcios recusam<br />

evento de aniversário de Israel<br />

Um deputado egípcio teria<br />

inclusive enviado uma carta ao<br />

Parlamento do país agradecendo<br />

publicamente os três hotéis<br />

por terem tomado a decisão.<br />

Alexandria é um grande<br />

destino de turistas de várias<br />

partes do mundo, especialmente<br />

do Oriente Médio.<br />

O Egito foi o primeiro país<br />

árabe a assinar um acordo de<br />

paz com Israel, em 1979, mas a<br />

relação entre os dois países<br />

sempre foi fria.<br />

Além de Egito, a Jordânia<br />

também possui relações diplomáticas<br />

com Israel, que<br />

possui embaixadas nos dois<br />

países árabes.<br />

O cônsul de Israel em Alexandria,<br />

Hassan Ka'bia, um árabe-isralelense,<br />

ficou frustrado<br />

em não poder levar adiante a<br />

celebração, viajando ao Cairo<br />

para protestar contra a decisão<br />

do governo egípcio.<br />

17<br />

No ano passado, Ka'bia organizou<br />

a celebração pelos 60<br />

anos do Estado de Israel e contou,<br />

inclusive, com a presença<br />

de políticos de Alexandria.<br />

O próprio presidente do<br />

Parlamento se viu envolvido em<br />

outra polêmica recentemente<br />

quando recebeu um convite<br />

para visitar o Parlamento israelense,<br />

o Knesset, mas jornais revelaram<br />

que ele não pretendia<br />

aceitar o convite.<br />

Sorour negou que tivesse<br />

recusado o convite, mas disse<br />

que só visitaria Israel se isso<br />

lhe fosse pedido pelo Parlamento<br />

do Egito.<br />

"Mas acho isso impossível<br />

porque o Parlamento condena<br />

as ações contra a paz feitas por<br />

Israel", declarou ele aos jornais.<br />

Ele explicou que só visitaria<br />

Israel se a paz fosse atingida<br />

e um Estado palestino fosse<br />

criado, com Israel desocupando<br />

os territórios ocupados.


18<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

A segunda shlichut da nova presidente da Na'amat<br />

Pioneiras Brasil, Céres Maltz Bin, iniciou em São Paulo,<br />

em 14/5, quando participou com outras chaverot,<br />

do ato central de Iom Haatzmaut na Hebraica, e de<br />

uma reunião com suas assessoras.<br />

As pioneiras de Curitiba com a nova presidente da<br />

Na'Amat Céres Maltz Bin e com Claudio Goldman, no<br />

evento dedicado ao Dia das Mães, no Hotel Radisson<br />

Prosseguindo com a shlichut, Ceres esteve em Curitiba,<br />

onde conversou com as chaverot do novo grupo<br />

de Dor Hemshech, Tzeirot, e também da comemoração<br />

do Dia das Mães no Hotel Radisson, onde<br />

realizou-se um jantar com show do cantor Cláudio<br />

Goldman e uma homenagem a Eti Fontes, fundadora<br />

voluntária do Hospital Pequeno Príncipe, entidade<br />

essa para a qual foi revertida a renda do evento.<br />

No domingo 17/5, no CIP teve a<br />

palestra "Arte e Ficção. Um desdobrar<br />

da memória?" A psicóloga<br />

Elisabete Tassi Teixeira (foto)<br />

falou sobre o livro Merkabah, o<br />

relato de uma família judia de<br />

nossa comunidade e seu desdobramento<br />

no tempo e na memória.<br />

Houve programação musical<br />

com a violinista Íris Knopfholz e foi servido um<br />

lanche, depois de distribuído o livro, escrito por<br />

Elisabete Tassi Teixeira 'para aqueles que não<br />

esqueceram'. A iniciativa toda começou com o<br />

interesse de Selma Morgenstern Axelrud pela<br />

história de seus familiares, os Zak, em Hubieszow,<br />

na Polônia, antes da Segunda Guerra Mundial<br />

e também os bisavós dela das famílias Chamecki,<br />

Morgenstern e Goldman.<br />

A instituição "Amigos de la Universidad de Tel Aviv<br />

de habla hispana" está convidando para a conferência<br />

magistral que será realizada pela escritora e jornalista<br />

Pilar Rahola, qualificada como "valente lutadora,<br />

comprometida com os valores da liberdade,<br />

justiça e paz". O título da conferência é: "A importância<br />

de Israel para a liberdade, a democracia e a<br />

segurança no mundo". A apresentação dela será<br />

feita pelo engenheiro Eduardo Bigio, no auditório<br />

Smolarz, em Tel Aviv, israel, dia 26/6 às 11h. A entrada<br />

é franca, mas pede-se a contribuição de 10 shekels<br />

para bolsas estudantis.<br />

Uma grata surpresa para muita gente da comunidade<br />

- e de fora também - foi a estréia do programa de<br />

TV "Shalom Paraná", no domingo 7 de junho, às 12h,<br />

pelo canal 20 da Net. O programa que terá sequência<br />

todos os domingos será sempre reprisado às terças-feiras<br />

às 22h30 e às quintas-feiras às 21h no mesmo<br />

canal. A iniciativa é da nova diretoria da Federação<br />

Israelita do Paraná para divulgar a cultura de<br />

Israel e do judaísmo. A apresentação é da jornalista<br />

Danielle Sommer, com participação de Marina Feldman,<br />

Diana Axelrud e Leo Kriger. A direção do programa<br />

é de André Osna.<br />

Sugestões de temas ou entrevistas para o programa<br />

de TV Shalom Paraná podem ser enviadas pelo<br />

e-mail shalom@kehila.com.br<br />

O Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar - CIAM<br />

(www.ciam.org.br), presidido por Anna Schvartzman,<br />

promoveu dia 6/6 concorrida avant-premiére<br />

da peça 'Gloriosa', para marcar o início das comemorações<br />

dos 50 anos de trabalho da entidade.<br />

Fernando Lottenberg, vice-presidente do CIAM,<br />

abriu a noite agradecendo a Porto Seguro, Bradesco,<br />

Bonsucex e GAS Investimentos, patrocinadores<br />

do evento, e também os apoiadores Tecnisa<br />

e Banco Safra, e colaboradores - Buffet França,<br />

Chris Ayrosa, Ciro Lilla, Dentsu e DPZ.<br />

Lottenberg destacou a presença de familiares de<br />

Harry Fromer, fundador do CIAM junto com outros<br />

integrantes da comunidade judaica paulista.<br />

Depois, falou em breves palavras como é o trabalho<br />

feito pela entidade que, de forma pioneira,<br />

vem promovendo a inclusão social e o desenvolvimento<br />

de crianças, jovens e adultos com deficiência<br />

intelectual, sem distinção de gênero, religião<br />

ou etnia, do nascimento até a terceira idade.<br />

Relatou sobre os milhares de atendimentos feitos<br />

pelo CIAM, anualmente, contemplando famílias<br />

carentes do Jaguaré, Osasco e regiões<br />

próximas de onde funcionam o Centro de Educação<br />

e Desenvolvimento e o Centro de Estimulação<br />

Essencial. Destacou o apoio da entidade<br />

às escolas da rede pública e particular, proporcionando<br />

recursos teóricos e práticos para<br />

favorecer sua transformação em escolas realmente<br />

para todos. E discorreu sobre a Aldeia da<br />

Esperança, um conceito inédito de moradia assistida<br />

vitalícia para pessoas com deficiência intelectual<br />

e distúrbios psiquiátricos, e sobre o<br />

moderno Centro de Reabilitação e Hidroterapia,<br />

ambos localizados em Franco da Rocha.<br />

Na sequência foram apresentados dois pequenos<br />

filmes produzidos em 2007, que demonstram<br />

como o CIAM vê o mundo e desenvolve seus projetos.<br />

Lottenberg finalizou agradecendo a presença<br />

e apoio de todos, com as seguintes palavras:<br />

"Convidamos para que continuem conosco<br />

nos próximos 50 anos - até porque, diferentemente,<br />

da cantora Florence Jenkis, cuja história<br />

assistiremos a seguir, nossa parceria será sempre<br />

afinadíssima!".<br />

Ao fim do espetáculo, a presidente do CIAM Anna<br />

Schvartzman subiu ao palco para entregar flores<br />

à Marília Pêra, protagonista da peça, que agradeceu<br />

aos presentes e ao CIAM, pela oportunidade.<br />

A presidente do CIAM Anna Schvartzman<br />

(D) entrega flores à atriz Marília Pêra<br />

A renda do evento foi revertida às obras assistenciais<br />

do Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar-CIAM,<br />

que completa 50 anos de ininterrupta<br />

batalha em prol da cidadania da pessoa<br />

com deficiência intelectual.<br />

A Escola Israelita Brasileira Salomão Guelman fechou a campanha<br />

do leite em pó de Shavuot com a visita de um representante do<br />

Lar O Bom Caminho, entidade filantrópica que atende crianças de<br />

zero a dois anos. Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer<br />

um pouco mais sobre essa instituição e ao mesmo tempo praticar<br />

a Tsedaká!<br />

Concluindo as atividades de Shavuot de 4ª a 8ª séries, o volume<br />

de frutas, verduras e grãos comprado e arrecadado na visita ao<br />

Mercado Municipal dia 3/6, foi doado ao Instituto Paranaense de<br />

Cegos. Mais uma vez, os alunos da EIBSG mostraram que Tsedaká<br />

se aprende na prática!<br />

Na última semana de junho, estão programadas visitas dos alunos<br />

da Escola Israelita a instituições beneficentes, com o objetivo<br />

de colocar em prática o Projeto Mitzvá, esse ano ligado à sacola<br />

literária, um projeto de Língua Portuguesa. Os alunos e professores<br />

visitarão diferentes lugares como: Hospital Pequeno Príncipe,<br />

Instituto Paranaense de Cegos, Casa Chai, Residência para idosos<br />

Felicitá e Creche Vó Ester e contarão histórias, promoverão atividades<br />

e passarão algumas horas agradáveis praticando o bem. A<br />

escola acredita que esse projeto é a semente para a formação de<br />

cidadãos conscientes.<br />

Dia 17/6 aconteceu no CIP a 4ª Feira do Livro Judaico promovida<br />

pelo Beit Chabad de Curitiba. Foi uma oportunidade para adquirir<br />

literatura e livros religiosos judaicos com desconto de 20%.<br />

Pouco antes, o rabino Avraham Beuthner, autor de livros sobre<br />

a Cabalá em português, proferiu a interessante palestra "A Cabala<br />

mística de Shabat". Houve ainda uma exposição de mesas<br />

de shabat promovida pelas entidades.<br />

De 14 a 18 de maio,<br />

aconteceu num clima<br />

de muita confraternização<br />

e aprendizado,<br />

o XII Congresso<br />

Wizo Latino<br />

Americano no Panamá.<br />

Dentre todas as<br />

No centro da foto a presidente da<br />

Wizo Panamá Estela Faskha, ladeada<br />

pelas chaverot da Wizo de Curitiba<br />

delegações participantes, destacou-se a do Brasil por seu<br />

maior número de participantes. De Curitiba estiveram presentes<br />

as chaverot: Edi Balid, Elizabeth Kulisch, Helena Grimbaum,<br />

Regina Brener, Regina Morgernstern e Vera Sasson.<br />

A Wizo vai comemorar no próximo 1º de agosto o Dia dos<br />

Pais, realizando um grande Bingo com jantar, excelentes<br />

prêmios e sorteios. Em breve, mais informações.<br />

Dia 27/6 (um sábado), às 19h30, no CIP, o Grupo Apoio e a<br />

Kehilá vão apresentar uma peça teatral formada por um<br />

sketchs humorísticos sob o nome "Era Assim...". O espetáculo<br />

é comemorativo aos 120 anos da imigração da comunidade<br />

judaica no Paraná. Participam, entre outros artistas,<br />

Victor Hertz, Clara Grimberg, Sarita Kulisch Fatuch, José<br />

Jakobson, Ethel Klein, Sandra Coelho, Edna e Luis Fernando<br />

Boros, Regina Boscardin, Busia Finkiel, Alexandre Distefano e<br />

Geni Aisemberg. Um evento que não pode ser perdido.<br />

O prefeito Beto Richa reuniu-se dia 2/6 no salão Brasil da<br />

Prefeitura, com representantes de 80 jornais de bairro e de<br />

segmentos étnicos de Curitiba. Foi uma oportunidade para<br />

troca de idéias sobre assuntos de interesse das comunidades<br />

locais e de toda a cidade. "Esses jornais acompanham a<br />

vida dos moradores e conhecem as demandas locais. Ao mostrarem<br />

a realidade de seus bairros e fiscalizarem o trabalho<br />

da Prefeitura, nos ajudam a administração a se tornar cada<br />

vez mais eficiente", afirmou Richa, que esteve acompanhado<br />

do vice-prefeito, Luciano Ducci, dos secretários municipais<br />

de Comunicação, Marcelo Cattani, de Governo, Rui Hara,<br />

e dos vereadores Mário Celso Cunha e Francisco Garcez.<br />

Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail:<br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br


VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Discurso de Obama no Cairo:<br />

novo começo entre EUA e mundo islâmico<br />

Os laços entre Israel e os EUA<br />

são inquebrantáveis;<br />

Da mesma maneira que não se<br />

pode negar o direito de Israel existir,<br />

tampouco se pode aos palestinos;<br />

Os palestinos devem abandonar<br />

a violência; a resistência por<br />

violência e mortes é errada<br />

presidente dos Estados<br />

Unidos, Barack<br />

Obama, sugeriu em<br />

discurso dia 4/6 no Cairo<br />

"um novo começo"<br />

entre os Estados Unidos e<br />

os muçulmanos de todo o mundo, e<br />

afirmou que "o ciclo de suspeitas e<br />

discórdia precisa terminar".<br />

Ele afirmou que os Estados Unidos<br />

"não estão nem nunca estarão"<br />

em guerra contra o Islã, mas advertiu<br />

que seu país fará de tudo para enfrentar<br />

extremistas que representem<br />

uma ameaça à segurança do país.<br />

Ao fim de seu discurso na Universidade<br />

do Cairo, na capital egípcia, o<br />

presidente americano foi ovacionado<br />

pela platéia. O evento já era esperado<br />

como o ponto alto de seu giro pelo<br />

Oriente Médio, que tem o objetivo de<br />

tentar reduzir as tensões entre seu<br />

país e os países árabes ou islâmicos.<br />

"Venho aqui para buscar um novo<br />

começo entre os Estados Unidos e os<br />

muçulmanos em todo o mundo; um<br />

começo baseado em interesses e respeito<br />

mútuos; um começo baseado na<br />

verdade de que os Estados Unidos e<br />

o Islã não são únicos; e de que não<br />

precisam competir entre si. Pelo contrário,<br />

eles se sobrepõem e dividem<br />

princípios comuns - princípios de Justiça<br />

e progresso, tolerância e dignidade<br />

de todos os seres humanos",<br />

afirmou Obama em seu discurso.<br />

Obama disse que as tensões que<br />

marcam as atuais relações entre os<br />

Estados Unidos e os muçulmanos em<br />

todo o mundo "estão enraizadas em<br />

forças históricas que vão além de<br />

qualquer debate político atual" e que<br />

são exploradas por uma minoria de<br />

muçulmanos extremistas.<br />

Objetivo: Objetivo: reduzir reduzir tensões<br />

tensões<br />

"Enquanto nossas relações forem<br />

definidas por nossas diferenças, vamos<br />

fortalecer aqueles que semeiam<br />

o ódio no lugar da paz e que promovem<br />

o conflito no lugar da cooperação<br />

que poderia ajudar todos os nossos<br />

povos alcançarem a Justiça e a<br />

prosperidade. Este ciclo de suspeitas<br />

e discórdia precisa acabar", afirmou.<br />

O presidente tocou em áreas sensíveis<br />

para o Oriente Médio. Na questão<br />

entre israelenses e palestinos, por<br />

exemplo, adotou palavras duras para<br />

ambos os lados.<br />

Obama disse que os laços entre<br />

Israel e os EUA são "inquebráveis" e<br />

que os palestinos "devem abandonar<br />

a violência". "A resistência por violência<br />

e mortes é errada", afirmou.<br />

Por outro lado, Obama disse que "a<br />

situação para o povo palestino é intolerável".<br />

"Os israelenses devem reconhecer<br />

que da mesma maneira que não<br />

se pode negar a Israel o direito de existir,<br />

tampouco se pode aos palestinos".<br />

Na questão dos assentamentos israelenses<br />

da Cisjordânia, Obama disse que<br />

"não pode haver progresso em direção à<br />

paz sem interromper essa construção".<br />

Ele também se pronunciou sobre<br />

a questão nuclear iraniana. Defendeu<br />

o direito do Irã à energia nuclear para<br />

fins pacíficos. "Nenhuma nação pode<br />

sozinha indicar e escolher que nações<br />

podem deter capacidade nuclear", disse.<br />

Mas advertiu que não deve haver<br />

uma corrida nuclear no Oriente Médio.<br />

Antes do discurso, o mais importante<br />

líder religioso do Irã, aiatolá Ali Khamenei,<br />

disse que os Estados Unidos são<br />

"profundamente odiados" na região.<br />

Sobre democracia, Barack Obama afirmou<br />

que "a América não pressupõe saber<br />

o que é melhor para todo mundo". "Nenhum<br />

sistema de governo pode ou deve<br />

ser imposto sobre uma nação por outra".<br />

Ele também falou dos direitos das<br />

mulheres: "Nossas filhas podem contribuir<br />

para a sociedade tanto quanto<br />

nossos filhos".<br />

Ciclo Ciclo de de discórdia<br />

discórdia<br />

Segundo Obama, sua convicção<br />

de que os Estados Unidos e o mundo<br />

islâmico podem viver em harmonia<br />

advém de sua experiência pessoal,<br />

como descendente de uma família<br />

queniana que incluía gerações de<br />

muçulmanos, e do fato de ter passado<br />

parte da infância na Indonésia, o<br />

maior país islâmico do mundo.<br />

Citando um trecho do Corão, o livro<br />

sagrado dos muçulmanos, o presidente<br />

americano declarou reconhecer<br />

que não é possível haver uma<br />

mudança nas relações do dia para a<br />

noite, mas prometeu fazer esforços<br />

para o diálogo e o respeito mútuo.<br />

O presidente americano - que já<br />

havia se reunido pela manhã com o<br />

presidente egípcio, Hosni Mubarak -<br />

comentou que durante sua passagem<br />

pela Turquia deixou claro que "os Estados<br />

Unidos não estão - nem nunca<br />

estarão - em guerra contra o Islã".<br />

Mas que o país confrontará sem<br />

descanso "os extremistas que representam<br />

uma ameaça grave à nossa<br />

própria segurança".<br />

Obama afirmou ver como parte de<br />

suas responsabilidades como presidente<br />

dos Estados Unidos "a luta contra estereótipos<br />

negativos do Islã em qualquer<br />

Obama em Buchenwald, ao lado de Merkel e Wiesel<br />

lugar onde eles apareçam", mas advertiu<br />

de que "os mesmos princípios devem<br />

ser aplicados para as percepções dos<br />

muçulmanos sobre os Estados Unidos".<br />

Reação Reação de de Israel<br />

Israel<br />

O Governo de Israel expressa sua<br />

esperança de que este importante<br />

discurso no Cairo leve a um novo período<br />

de reconciliação entre o mundo<br />

árabe e muçulmano e Israel.<br />

Compartilhamos a esperança do<br />

presidente Obama de que o esforço<br />

americano anuncie uma nova era que<br />

trará um fim ao conflito e levará ao<br />

reconhecimento árabe de Israel como<br />

o lar do povo judeu, vivendo em paz e<br />

segurança no Oriente Médio.<br />

Israel está comprometido com a<br />

paz e fará todos os esforços para expandir<br />

o círculo da paz enquanto protege<br />

seus interesses, especialmente<br />

sua segurança nacional.<br />

Conselho Conselho Conselho para para para Ahmadinejad<br />

Ahmadinejad<br />

Em entrevista à rede de notícias<br />

americana NBC News, o presidente dos<br />

EUA, Barack Obama, disse que o presidente<br />

iraniano, Mahmoud Ahmadinejad,<br />

deveria visitar o antigo campo de<br />

concentração nazista de Buchenwald,<br />

no leste da Alemanha. Um dia antes,<br />

Ahmadinejad voltou a chamar o Holocausto<br />

de "grande enganação".<br />

Obama, que esteve na Alemanha,<br />

em seu girou europeu, foi até o antigo<br />

campo de extermínio de Buchenwald,<br />

onde cerca de 250 mil prisioneiros judeus<br />

foram massacrados entre 1937 e<br />

1945. Acompanhado do Prêmio Nobel<br />

de Literatura Elie Wiesel, sobrevivente<br />

do campo, o presidente participou de<br />

uma cerimônia em homenagem às vítimas<br />

do nazismo. Obama foi questionado<br />

sobre o que o líder iraniano teria a<br />

aprender numa visita ao local:<br />

"Ele deveria fazer sua própria visita",<br />

disse Obama. "Não tenho paciência<br />

com pessoas que negam a<br />

História. E a história do Holocausto<br />

não é algo especulativo".<br />

Acompanhado da chanceler alemã<br />

Angela Merkel, Obama lembrou ainda<br />

que seu tio-avô foi um dos soldados que<br />

ajudou a libertar o campo de Buchenwald.<br />

Da Alemanha, Obama seguiu<br />

para a França, onde participou com outros<br />

líderes da cerimônia pelos 64 anos<br />

do fim da Segunda Guerra Mundial.<br />

19<br />

O presidente Barack<br />

Obama abraça o<br />

sobrevivente e<br />

prêmio Nobel da<br />

Paz Elie Wiesel na<br />

visita que fizeram<br />

ao campo de<br />

Buchenwald


20 (com<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

VISÃO<br />

Ataque antissemita na Argentina<br />

Um policial ficou ferido e cinco pessoas<br />

foram detidas em 17/5 em Buenos Aires,<br />

durante confusão provocada por antissemitas<br />

num ato comemorativo aos 61 anos do<br />

Estado de Israel, organizado pela comunidade<br />

judaica local. Policiais intervieram<br />

para combater os invasores. O embaixador<br />

de Israel na Argentina, Daniel Gazit, que<br />

participava do evento e precisou ser retirado<br />

do local por agentes declarou que "isso<br />

é uma ameaça à democracia". Ele afirmou<br />

que "essas pessoas querem a violência e<br />

aproveitam cada oportunidade para que não<br />

se possa festejar com tranquilidade". O<br />

vice-chanceler argentino, Victorio Taccetti,<br />

manifestou ao embaixador israelense "o<br />

repúdio de todo o governo argentino pelos<br />

incidentes ocorridos no ato e a solidariedade<br />

para com o governo e o povo de seu<br />

país". (Jornal Alef).<br />

Brasil vota a favor da condenação de Israel<br />

O Brasil votou favorável à resolução aprovado<br />

na 62ª Assembléia Mundial de Saúde<br />

em Genebra (Suíça) condenando Israel por<br />

impedir o acesso de pessoal e equipamento<br />

médico em Gaza. A resolução acusa Israel<br />

de violar normas do direito internacional<br />

humanitário e pede que o governo do país -<br />

qualificado no documento como "força ocupante"<br />

- suspenda imediatamente o cerco<br />

ao território palestino, em particular às vias<br />

de acesso à Faixa de Gaza. A resolução foi<br />

aprovada por 92 votos favoráveis, seis contrários<br />

(Israel, Estados Unidos, Austrália,<br />

Nova Zelândia, Canadá e Papua Nova-Guiné)<br />

e cinco abstenções. Todos os países<br />

membros da União Européia votaram a favor.<br />

Da América Latina, somente El Salvador<br />

e Barbados se abstiveram - os demais países<br />

votaram favoravelmente. O projeto apresentado<br />

pela Argélia com apoio de Cuba,<br />

Venezuela e Líbano não levou em conta o<br />

terrorismo. (A Tarde).<br />

Inquérito diz que ação em Gaza cumpriu lei<br />

As Forças Armadas israelenses afirmaram<br />

que investigações internas não apontaram<br />

qualquer violação à lei internacional durante<br />

a recente ofensiva militar na Faixa de<br />

Gaza. Os militares disseram que mantiveram<br />

um "alto nível profissional e moral" contra<br />

um inimigo que "tinha como meta" realizar<br />

atos terroristas contra "civis israelenses,<br />

enquanto se escondiam em meio a civis não<br />

envolvidos na Faixa de Gaza, usando-os como<br />

escudos humanos". O relatório afirma que<br />

as forças armadas cometeram um "pequeno<br />

número de erros operacionais" e nos serviços<br />

de inteligência, que levaram à morte<br />

de palestinos inocentes. As mortes, segundo<br />

o documento, foram "inevitáveis". (BBC).<br />

Inquérito II<br />

Um ex promotor-chefe da ONU para crimes<br />

informações das agências AP, Reuters,<br />

AFP, EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem<br />

Post, Haaretz e IG)<br />

panorâmica<br />

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• Yossi Groisseoign •<br />

de guerra, Richard Goldstone, recentemente<br />

foi nomeado chefe de uma investigação<br />

da ONU sobre atos supostamente cometidos<br />

durante a ofensiva de 22 dias de Israel<br />

contra o grupo terrorista islâmico Hamas, que<br />

controla Gaza. A investigação, convocada<br />

pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU,<br />

tem a meta apenas de analisar a conduta de<br />

Israel. Mas Goldstone disse não aceitar o<br />

encargo até que a iniciativa também abarque<br />

um exame das ações palestinas. Segundo<br />

fontes palestinas, cerca de 1,3 mil moradores<br />

da Faixa de Gaza morreram nas três<br />

semanas de ofensiva militar. Treze israelenses<br />

foram mortos. Segundo fontes israelenses<br />

morreram menos palestinos. (BBC).<br />

Neonazismo: Câmara acompanha<br />

investigações<br />

A Câmara Federal constituiu comissão para<br />

acompanhar as investigações sobre a quadrilha<br />

de neonazistas desarticulada, em<br />

parte, em maio, no Rio Grande do Sul. O<br />

grupo possui células organizadas em São<br />

Paulo, no Paraná e Santa Catarina. O requerimento<br />

foi encaminhado ao presidente<br />

da Câmara, Michel Temer, pelo deputado<br />

Marcelo Itagiba (PMDB-RJ). Segundo Itagiba,<br />

"a criação da comissão externa é de<br />

grande importância para que o parlamento<br />

acompanhe o andamento das investigações<br />

que precisam resultar numa resposta rigorosa<br />

a esses neonazistas que pretendem se<br />

articular e disseminar o ódio por todo o território<br />

nacional". No requerimento, Itagiba<br />

ressaltou o perfil do grupo neonazista elaborado<br />

pelo delegado Paulo Cesar Jardim,<br />

do 1º Distrito de Porto Alegre: "Não estamos<br />

lidando com marginais ou traficantes<br />

comuns. (Notícias da Rua <strong>Judaica</strong>).<br />

Israel na assembleia geral da OEA<br />

O vice-ministro de Relações Exteriores de<br />

Israel, Danny Ayalon, esteve na primeira<br />

semana de junho em Tegucigalpa, Honduras,<br />

para participar da 39ª Assembleia Geral<br />

da Organização dos Estados Americanos<br />

(OEA) na qual participaram representantes<br />

de todos os países do continente<br />

americano. O Ministério das Relações Exteriores<br />

de Israel considera que o encontro<br />

forneceu uma boa oportunidade para estreitar<br />

as relações econômicas e políticas com<br />

os países da América Latina e fazer frente<br />

à penetração do Irã e Hezbolá na região.<br />

Foi a primeira vez em muitos anos que Israel<br />

participou da reunião da OEA com uma<br />

representação de alto nível. Ayalon reuniuse<br />

pessoalmente com alguns dos representantes<br />

de países íberoamericanos. (Embaixada<br />

de Israel).<br />

Morre Daniel Carasso, da Danone<br />

Daniel Carasso que transformou o iogurte<br />

num tradicional alimento doméstico morreu<br />

em 17/5 em Paris, aos 103 anos. Isaac, o<br />

pai de Carasso, criou o iogurte em Barcelo-<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

na, em 1919, de acordo com The New York<br />

Times, que noticiou ter dado ao iogurte o<br />

apelido de seu filho em catalão, que era<br />

Danon. A marca é conhecida em todo mundo<br />

por Danone. Carasso nasceu em Thessalonika,<br />

Grécia, filho de judeus sefaradis,<br />

cujos antepassados foram expulsos da Espanha<br />

em 1492. Seguiu os passos do pai<br />

estudando bacteriologia no Instituto Pasteur<br />

e obteve grau empresarial em Marselha,<br />

em 1923. Ampliou os negócios na França<br />

em 1929, mas foi forçado a fugir da Europa<br />

e dos nazistas para os EUA em 1941.<br />

Lá, ampliou o império do seu iogurte, vendendo-o<br />

depois de acrescentar o morango<br />

ao produto. Em 1959 a companhia foi comprada<br />

pela Beatrice Foods. Carasso então<br />

voltou à Europa para reiniciar a Danone na<br />

Espanha e na França. Ampliou o negócio<br />

com queijos e outros comestíveis, e comprou<br />

a companhia americana Beatrice Foods<br />

em 1981, mudando o nome do conglomerado<br />

para Grupo Danone. (JTA).<br />

Israel na tela da Globo<br />

A próxima novela das 20h na Globo, "Viver<br />

a Vida", de Manoel Carlos, tem locações<br />

em Israel, Jordânia e França. O principal<br />

personagem é um jornalista, interpretado<br />

pelo ator Thiago Lacerda, e tem como diretor-geral<br />

o renomado Jayme Monjardim,<br />

que dirigiu diversos sucessos na TV e no<br />

cinema, como Pantanal da ex-TV Manchete<br />

e o filme Olga que retratou a vida de<br />

Olga Benário Prestes. Depois de uma passagem<br />

pelo Mar Morto, as gravações se<br />

concentraram na área histórica, dentro das<br />

muralhas de Jerusalém, e do Yad Vashem,<br />

o Memorial do Holocausto. (Notícias da Rua<br />

<strong>Judaica</strong>).<br />

Homenagem às vítimas do Holocausto no CE<br />

Em 19/5, a Comissão de Direitos Humanos<br />

da Assembléia Legislativa do Ceará realizou<br />

sessão solene para lembrar as vítimas<br />

do Holocausto. A iniciativa foi do presidente<br />

da Comissão, deputado Heitor Férrer<br />

(PDT), e participaram dela, o presidente<br />

e o vice-presidente da Sociedade Israelita<br />

do Ceará - SIC, Pablo Schejtman e José<br />

Frenkiel, membros da comunidade, o vicepresidente<br />

da Fisesp e representante da<br />

Conib, Ricardo Berkiensztat, e alunos das<br />

escolas públicas. A sessão foi marcada<br />

pelo repúdio à intolerância e ao presidente<br />

iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que<br />

nega o Holocausto. Houve pronunciamentos<br />

de Pablo Scheitman, Ricardo Berkiensztat,<br />

e do sobrevivente, escritor e vicepresidente<br />

da Associação Brasileira dos<br />

Sobreviventes do Nazismo, Ben Abraham.<br />

Aconteceu ainda a Cerimônia da Luz, na<br />

qual foram acesas seis velas lembrando<br />

as vítimas do Holocausto. E uma cerimônia<br />

interreligiosa. (Conib).<br />

No Líbano vencem os pró-ocidentais<br />

A coalizão governamental Forças de 14 de<br />

Março, apoiada pelos países ocidentais<br />

venceu as eleições parlamentares no Líbano,<br />

derrotando o Hezbolá e seus aliados,<br />

segundo os resultados oficiais divulgados<br />

dia 8/6, pelo ministro do Interior, Ziad Baroud.<br />

A coalizão 71 cadeiras, contra 57 dos<br />

xiitas, em um total de 128 vagas. O princi-<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

pal aliado cristão do Hezbolá na coalizão<br />

pró-Irã e pró-Síria, Michel de Chadarevian,<br />

já havia admitido a derrota um dia antes.<br />

Ele é membro do Movimento Patriótico Livre,<br />

liderado pelo ex-general Michel Aoun.<br />

O Hezbolá declarou que não vai desarmar<br />

sua milícia e que isso é um tema que não<br />

será negociado. "A maioria tem que se comprometer<br />

com o fato de que a 'resistência'<br />

é um tema que não se negocia, que suas<br />

armas são legítimas e a considerar Israel<br />

como um inimigo", afirmou o deputado do<br />

Hezbolá Mohamad Raad. Várias resoluções<br />

da ONU pediram nos últimos anos o desarmamento<br />

de todas as facções no Líbano.<br />

(AFP/O Globo).<br />

Serra propõe multa de até R$ 140 mil por<br />

racismo<br />

O governo paulista pretende punir com<br />

multa atos de discriminação racial no Estado.<br />

As autuações podem chegar a R$ 140<br />

mil. O governador José Serra (PSDB) encaminhou<br />

à Assembleia Legislativa de São<br />

Paulo projeto-de-lei que prevê no âmbito<br />

do governo a instalação de processos contra<br />

responsáveis por agressões físicas e<br />

morais com motivações racistas. "É uma iniciativa<br />

pioneira. Não tenho conhecimento de<br />

que outro Estado tenha essa legislação. Ela<br />

se inspira num modelo já bem-sucedido do<br />

combate à homofobia", explicou o secretário<br />

estadual da Justiça, Luiz Antônio Guimarães<br />

Marrey. (O Estado de S. Paulo).<br />

Serra propõe multa II<br />

Hoje o crime de racismo tem desdobramentos<br />

apenas no campo criminal. A lei que<br />

tornou a discriminação por raça e cor crime<br />

inafiançável e imprescritível é de 1989. A<br />

quem praticar, induzir ou incitar o racismo<br />

cabe pena de 1 a 5 anos de prisão. O que o<br />

governo de São Paulo propõe é a apuração<br />

de atos discriminatórios na esfera administrativa.<br />

A Secretaria da Justiça e Defesa da<br />

Cidadania agiria após recebimento de denúncias.<br />

Se aprovada, a lei valerá para qualquer<br />

pessoa, jurídica ou física, servidor público<br />

(civis ou militares) ou não. No caso<br />

de estabelecimentos comerciais, uma das<br />

punições é a suspensão da licença de funcionamento.<br />

(O Estado de S. Paulo).<br />

Achados objetos pessoais de<br />

prisioneiros de Auschwitz<br />

Centenas de objetos pessoais pertencentes<br />

a prisioneiros do campo de concentração<br />

nazista de Auschwitz (sul da Polônia) foram<br />

encontrados durante os trabalhos de manutenção<br />

de um dos antigos crematórios. Entre<br />

os objetos há joias, lembranças familiares,<br />

brinquedos e cosméticos, pertences de<br />

algumas das vítimas do nazismo mortas em<br />

Auschwitz. Parte desta descoberta, que<br />

acontece mais de 60 anos depois da libertação<br />

do campo de concentração, pertencia a<br />

judeus húngaros, deportados para a Polônia<br />

pelas autoridades nazistas, já que muitos<br />

objetos têm inscrições nesse idioma. O museu<br />

do campo de concentração informou que<br />

os objetos encontrados serão exibidos em<br />

breve no local, visitado todos os anos por<br />

centenas de milhares de turistas de todo o<br />

mundo. (Folha de S.Paulo).


O LEITOR ESCREVE<br />

Pessimismo com relação a Obama<br />

Senhores editores:<br />

Não sou fã da Caroline Glick.<br />

Acho ela um pouco parcial e com<br />

poucas nuances. Mas só posso<br />

concordar com sua análise do discurso<br />

de Obama. Foi um discurso<br />

que me deixou desolado e extremamente<br />

pessimista.<br />

OK, existe sempre entre Estados<br />

Unidos e Israel o joguinho<br />

de cena, bom menino que quer<br />

ajudar os árabes (Estados Unidos)<br />

e mau menino que agride<br />

(Israel). Sendo que o jogo de<br />

cena continua por décadas enquanto<br />

o statu quo não muda<br />

nem interessa mudar. Mas acho<br />

que Obama foi longe demais no<br />

jogo de cena, e me pergunto se<br />

é jogo de cena mesmo.<br />

Como diz Caroline Glick, o discurso<br />

dele, no que se refere a Israel,<br />

passa muito longe da verdade.<br />

Ou de uma conhecimento<br />

minimamente informado sobre o<br />

conflito. Israel aparece como sendo<br />

o culpado que deve corrigir<br />

seus erros ("ocupação" da Margem<br />

Ocidental) para acabar com<br />

os sofrimentos dos pobres palestinos,<br />

igualados aos sofrimentos<br />

dos escravos negros americanos.<br />

Nada sobre os próprios árabes não<br />

quererem um estado, nada sobre<br />

as várias ofertas de paz, nada sobre<br />

a agressão árabe. Obama endossa<br />

a narrativa falsa de um Estado<br />

de Israel criado pela Europa<br />

para judeus europeus como compensação<br />

pela Shoá. Às custas dos<br />

pobres palestinos.<br />

Esta narrativa totalmente falsa,<br />

como mostra Gerald Steinberg<br />

em um artigo recente, esquece<br />

toda a luta contra a potência colonial<br />

ocupante inglesa, esquece<br />

as lutas inter árabes dos palestinos<br />

contra egípcios, jordanianos<br />

Pesar por Fani<br />

e libaneses, esquece a presença<br />

de cidadãos árabes em Israel, e<br />

esquece os outros refugiados, judeus<br />

de países árabes, cujo expulsão,<br />

além de compensar largamente<br />

a suposta expulsão dos<br />

palestinos, faz de Israel um país<br />

habitado por árabes... judeus,<br />

deslocados de seus países de origem<br />

como tantas outras populações<br />

do antigo Império Otomano.<br />

Steinberg mostra bem como<br />

esta narrativa falsa conquistou a<br />

Europa e está conquistando os Estados<br />

Unidos. Mostra como ela<br />

serve confortavelmente aos palestinos<br />

que não precisam de um<br />

estado, basta confirmar a narrativa<br />

e viver comodamente da<br />

"ajuda americana" e européia.<br />

O terrível, que me deixa muito<br />

pessimista, é que esta narrativa<br />

acaba com a legitimidade de Israel.<br />

Além da opinião pública européia<br />

e americana, que pesa<br />

muito nas decisões dos líderes,<br />

tem a opinião acadêmica, que<br />

comprou esta narrativa, e agora<br />

até mesmo em Israel. Semana<br />

passada li sobre uma nova iniciativa<br />

de ensinar a "nabka" palestina<br />

nas escolas israelenses. E nada<br />

sobre a "nabka" dos judeus de países<br />

árabes. Que por si só já legitimaria<br />

tranquilamente a existência<br />

do Estado de Israel como Estado<br />

judeu.<br />

Hasbará, public diplomacy, iniciativas<br />

de divulgação em grande<br />

escala. Precisamos disso. É vital.<br />

Não somente para Israel como<br />

estado e seus habitantes. Mas<br />

para os judeus do mundo todo.<br />

Esta narrativa nos coloca em perigo<br />

extremo, comparável com a<br />

narrativa nazista antes da Segunda<br />

Guerra.<br />

Geraldo Cohen - Por e-mail<br />

Amigos do <strong>VJ</strong>:<br />

A Wizo Paraná e a Wizo Brasil, se associam às manifestações de<br />

pesar pelo falecimento de Fani Lerner, nossa eterna colaboradora, que<br />

por sua dedicação destacou -se como uma mulher que fez de sua vida<br />

uma lição de amor ao próximo, Fani Lerner nos deixa sem dúvida, seu<br />

exemplo e uma grande lacuna entre nós.<br />

Clara Maria Grimberg<br />

Departamento de Divulgação da Wizo PR - Curitiba - PR<br />

Para escrever ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />

basta passar um fax pelo telefone:<br />

0**41 3018-8018 ou e-mail para visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

arack Obama e<br />

Benjamin Netanyahuconfirmaram<br />

que mantêm<br />

suas divergências<br />

sobre o<br />

Oriente Médio e o Irã, num encontro<br />

em que o presidente<br />

norte-americano pressionou o<br />

primeiro-ministro a favor de<br />

um Estado palestino.<br />

A reunião se prolongou<br />

mais do que o previsto, e Obama afirmou que<br />

"convém não só aos palestinos, mas também aos<br />

israelenses, aos EUA e à comunidade internacional<br />

conseguir uma solução de dois Estados".<br />

"Sugeri ao primeiro-ministro que tem uma<br />

oportunidade histórica para alcançar movimentos<br />

sérios neste assunto durante seu mandato.<br />

Creio que não há razão porque não possamos<br />

aproveitar esta oportunidade e este momento",<br />

declarou.<br />

O presidente americano instou Netanyahu a<br />

colocar um fim nos assentamentos na Cisjordânia,<br />

depois de lembrá-lo que é um dos compromissos<br />

israelenses dentro do Mapa da Estrada.<br />

"Os assentamentos devem cessar para que<br />

possamos avançar", reiterou Obama, recordando<br />

ainda que a Autoridade Palestina deve fazer<br />

mais para garantir a segurança.<br />

Netanyahu assegurou que está disposto a<br />

retomar de imediato as conversações de paz<br />

com os palestinos, suspensas depois da operação<br />

contra o Hamas na Faixa de Gaza.<br />

De todo modo, condicionou essas conversações<br />

a que os palestinos aceitem o direito de<br />

Israel existir como um Estado judeu, declarando<br />

que apóia o direito à autodeterminação palestina,<br />

sem mencioná-lo como um Estado.<br />

O primeiro-ministro descreveu a questão do<br />

programa nuclear iraniano como o assunto mais<br />

prioritário para Israel.<br />

O presidente americano assegurou que,<br />

mesmo que não se devam impor calendários,<br />

para o fim do ano se determinará se o processo<br />

de aproximação deu resultados. "Não estaremos<br />

conversando eternamente, e se não forem alcançados<br />

resultados, os Estados Unidos estabelecerão<br />

tomar outra série de medidas, incluída<br />

a imposição de sanções mais duras contra<br />

Teerã", explicou Obama.<br />

O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs,<br />

negou que tenham surgido fricções entre os dois<br />

líderes e indicou que quando se apresenta este<br />

tipo de situação "ninguém estende a conversação".<br />

Depois de Netanyahu, Obama recebeu o presidente<br />

egípcio, Hosni Mubarak, e o presidente<br />

da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.<br />

A roda de contactos culminou em 4 de junho<br />

quando o mandatário norte-americano pronunciou<br />

um discurso ao mundo muçulmano no Cairo.<br />

Hillary Hillary Hillary também também pressiona<br />

pressiona<br />

No segundo dia da visita do primeiro-ministro<br />

israelense, Benjamin Netanyahu, aos Estados<br />

Unidos, a secretária de Estado americana,<br />

Hillary Clinton, disse ter pedido ao premiê que<br />

congele a colonização israelense em territórios<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Netanyahu e Obama<br />

Diferenças sobre o Irã e o Estado palestino<br />

Barack Obama fala com o primeiroministro<br />

de Israel, Netanyahu (E) no Salão<br />

Oval da Casa Branca, em Washington, dia<br />

18 de maio de 2009<br />

21<br />

palestinos ocupados.<br />

— O presidente Obama<br />

foi muito claro em sua declaração<br />

de que deseja ver fim<br />

da colonização —lembrou a<br />

jornalistas. — Fui anfitriã de<br />

um jantar para o premiê Netanyahu<br />

(...) no Departamento<br />

de Estado, e reiteramos<br />

que essa é a posição e a política<br />

do governo dos EUA.<br />

Os palestinos merecem um<br />

Estado viável.<br />

Hillary é a terceira alta autoridade americana<br />

a insistir ao novo governo israelense sobre<br />

a necessidade de acabar com os assentamentos<br />

de colonos, depois de Obama e do vicepresidente<br />

Joe Biden, que levantou o tema durante<br />

uma reunião com um poderoso lobby judeu<br />

conservador.<br />

Legisladores americanos se reuniram com<br />

Netanyahu, a quem disseram compartilhar preocupações<br />

pelo programa iraniano. Eles mostraram-se<br />

solidários com Israel e ofereceram apoio<br />

à paz no Oriente Médio. Netanyahu disse à presidente<br />

democrata da Câmara, Nacy Pelosi, e<br />

ao líder da minoria republicana, John Boehner,<br />

que considerava o Congresso um "grande amigo<br />

de Israel".<br />

Reunião Reunião com com Abbas<br />

Abbas<br />

Poucos dias depois, o presidente dos Estados<br />

Unidos Barack Obama reuniu-se em Washington<br />

com o presidente palestino, Mahmoud<br />

Abbas. E disse estar confiante em progressos<br />

no processo de paz no Oriente Médio e que<br />

Israel aceitará a solução de dois Estados. "A<br />

criação de um Estado palestino independente<br />

interessa a Israel do ponto de vista de segurança.<br />

Tenho confiança de que podemos avançar<br />

se todos os lados cumprirem suas obrigações",<br />

disse Obama.<br />

O presidente americano afirmou que não<br />

pretende "estabelecer prazos artificiais" para a<br />

resolução do conflito, mas ressaltou que não vai<br />

esperar até o final de seu mandato para pressionar<br />

por um acordo entre palestinos e israelenses.<br />

E voltou a pedir para que Israel suspenda<br />

os assentamentos judaicos na Cisjordânia.<br />

Obama disse ter sido "muito claro" com o<br />

premiê israelense, Benjamin Netanyahu sobre<br />

a necessidade de "parar com os assentamentos".<br />

Mas Israel afirmou que o país continuará<br />

a permitir as construções nos assentamentos<br />

da Cisjordânia e que o futuro destes<br />

deveriam ser definidos nas negociações de<br />

paz com os palestinos.<br />

Obama disse que os palestinos devem fazer<br />

mais para fortalecer a segurança em seu território<br />

e reduzir o "incitamento" contra Israel<br />

que, segundo ele, está presente em algumas escolas<br />

e mesquitas.<br />

Nota da Redação: Essa declaração de Obama causou<br />

espanto não só em Israel, mas entre as comunidades<br />

judaicas do mundo todo, incluindo a dos Estados<br />

Unidos. Reduzir o incitamento? O certo não seria eliminar<br />

o incitamento? E em algumas escolas e mesquitas?<br />

É sabido que isso ocorre em quase todas elas.


22<br />

* Dennis Prager é<br />

jornalista,<br />

colunista da<br />

Townhall, e<br />

radialista de<br />

maior audiência<br />

nos EUA. Atua<br />

numa rede<br />

nacional de rádio<br />

com programas<br />

de entrevistas a<br />

partir de Los<br />

Angeles. É autor<br />

de quatro livros, o<br />

mais recente,<br />

"Happiness is a<br />

Serious Problem"<br />

("Felicidade é um<br />

Problema Sério"),<br />

da HarperCollins.<br />

Seu website é<br />

www.dennis<br />

prager.com.<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

O discurso que Obama deveria ter feito no Egito<br />

Dennis Prager *<br />

a semana passada o<br />

presidente Barack<br />

Obama fez um discurso<br />

no Cairo para o<br />

mundo muçulmano. Lá<br />

ele reiterou o que previamente já<br />

tinha dito a ouvintes muçulmanos,<br />

que a América não tem nenhuma<br />

guerra contra o Islã, tem<br />

profundo respeito pelo Islã e o<br />

mundo muçulmano, e desculpouse<br />

por qualquer sentimento antimuçulmano<br />

que qualquer americano<br />

tenha expressado.<br />

Mas eis aqui como soaria um<br />

discurso honesto:<br />

"Obrigado pela honra de poder<br />

falar ao povo egípcio e ao amplo<br />

mundo muçulmano. Estou aqui<br />

principalmente para dissipar algumas<br />

convicções errôneas que muitos<br />

muçulmanos têm sobre a América<br />

e assegurar que a América não<br />

tem nenhum desejo de estar em<br />

guerra com o mundo muçulmano.<br />

Para minha grande decepção,<br />

muitos muçulmanos acreditam<br />

que meu país declarou guerra aos<br />

muçulmanos e ao Islã.<br />

Por causa desta difundida ideia,<br />

eu disse numa entrevista à al-Arabiya<br />

meses atrás, que precisamos<br />

restabelecer o mesmo respeito e<br />

a parceria que a América tinha há<br />

cerca de 20 ou 30 anos atrás com<br />

o mundo muçulmano.<br />

A verdade é, como notou Charles<br />

Krauthammer, o premiado colunista<br />

do jornal norte-americano<br />

The Washington Post, que recebeu<br />

o Prêmio Pulitzer, nos últimos 20-<br />

30 anos a América não só respeitou<br />

os muçulmanos, como sangrou<br />

pelos muçulmanos. Nós os americanos,<br />

nos ocupamos de cinco campanhas<br />

militares em nome de muçulmanos,<br />

cada uma resultando na<br />

libertação de populações muçulmanas:<br />

na Bósnia, no Kosovo, no<br />

Kuwait, no Afeganistão e no Iraque.<br />

Na Bósnia e no Kosovo, assim<br />

como também na fracassada intervenção<br />

de 1992-93 da Somália,<br />

para alimentar africanos muçulmanos<br />

famintos - foram mortos<br />

43 americanos - eram todas ações<br />

humanitárias. Em nenhuma delas<br />

estávamos lá por algum jogo de<br />

interesse estratégico norte-americano.<br />

Na realidade, nestes últimos<br />

20 anos, meu país, os Estados Unidos<br />

de América fizeram mais pelos<br />

sofridos e oprimidos muçulmanos<br />

que qualquer outra nação,<br />

muçulmana ou não-muçulmana.<br />

Ao mesmo tempo em que eu reconheço<br />

que a gratidão é uma rara<br />

qualidade humana positiva, preciso<br />

dizer-lhes - porque a sinceridade<br />

é a mais alta forma de respeito -<br />

, que a América não só recebeu<br />

pouquíssima gratidão do mundo<br />

muçulmano, como foi objeto de<br />

ódio, assassinato em massa, e ataques<br />

econômicos de indivíduos,<br />

grupos, e países muçulmanos.<br />

Só para citar alguns dos muitos<br />

exemplos dos últimos 40 anos:<br />

Em 1973, terroristas muçulmanos<br />

atacaram a embaixada americana<br />

no Sudão e assassinaram o<br />

embaixador do nosso país, Cleo<br />

Noel, e o principal vice da missão,<br />

George C., Moore. Ainda em 1973,<br />

um embargo de petróleo árabe<br />

contra a América trouxe ao meu<br />

país uma longa e dolorosa recessão.<br />

Em 1977, muçulmanos assassinaram<br />

o embaixador norte-americano<br />

no Líbano, Frances E. Meloy<br />

e Robert O. Waring, conselheiro<br />

econômico norte-americano.<br />

Em 1979 muçulmanos radicais<br />

atacaram violentamente a embaixada<br />

dos EUA em Teerã, e por 14<br />

meses mantiveram reféns diplomatas<br />

americanos, freqüentemente<br />

em condições horríveis. Em<br />

1998, militantes muçulmanos<br />

bombardearam a embaixada americana<br />

em Nairobi, matando 12<br />

americanos e 280 quenianos, e<br />

bombardearam nossa embaixada<br />

na Tanzânia, matando outros 11<br />

americanos. Então, em 11 de setembro<br />

de 2001, 19 muçulmanos<br />

que estavam vivendo na América<br />

cortaram as gargantas dos pilotos<br />

americanos e atendentes de vôos<br />

e jogaram os aviões contra edifícios<br />

civis em Nova Iorque, queimando<br />

até a morte 3.000 americanos<br />

inocentes.<br />

Então, meus amigos aqui do<br />

Egito, entre a América e o mundo<br />

muçulmano quem exatamente<br />

têm feito guerra contra quem?<br />

Tenho enormes diferenças com<br />

meu antecessor, presidente George<br />

W., Bush. Mas por favor, lembrem-se<br />

que menos de uma semana<br />

depois que foram mortos mi-<br />

lhares de americanos em nome de<br />

sua religião, o presidente Bush foi<br />

ao Centro Islâmico de Washington,<br />

D.C., e anunciou que aquele Islã<br />

era a religião de paz. Além disso,<br />

em um país de 300 milhões de pessoas,<br />

das quais só alguns milhões<br />

são muçulmanas, não há virtualmente<br />

nenhum incidente registrado<br />

contra mesquitas ou outra violência<br />

anti-muçulmana apesar da<br />

chacina de 9/11 e o apoio popular<br />

para Osama Bin Laden que tenhamos<br />

visto no mundo muçulmano<br />

depois de 9/11.<br />

"Peço-lhes, por favor, que perguntem<br />

a si mesmos qual teria<br />

sido a reação do Egito se 19 cristãos,<br />

em nome do cristianismo,<br />

matassem 3 mil egípcios. Quanto<br />

os cristãos do Egito e em qualquer<br />

outro lugar do Oriente Médio<br />

teriam que suportar?<br />

Tal como está, por causa da perseguição<br />

pelas maiorias muçulmanas,<br />

os cristãos têm deixado o<br />

Oriente Médio em grandes proporções,<br />

e pela primeira vez desde<br />

Cristo, há grandes partes do<br />

Oriente Médio que ficaram vazias<br />

de judeus e cristãos.<br />

Ao mesmo tempo, contudo, milhões<br />

de muçulmanos mudaram-se<br />

para países ocidentais e para a<br />

América. É justo dizer que o mais<br />

livre, e freqüentemente o mais seguro<br />

dos países no mundo para um<br />

muçulmano praticante são os Estados<br />

Unidos de América.<br />

Os muçulmano-americanos<br />

são tratados exatamente como<br />

outros americanos são tratados. É<br />

extremamente raro ouvir qualquer<br />

tipo fanatismo anti-muçulmano<br />

em meu país. E mesmo havendo<br />

alguma crítica sobre o mundo muçulmano,<br />

há mais crítica do cristianismo<br />

na América do que do Islã.<br />

Infelizmente, na maior parte do<br />

mundo muçulmano hoje em dia os<br />

discursos anti-judaicos e textos<br />

são frequentemente idênticos ao<br />

antissemitismo genocida ouvido e<br />

lido na Alemanha nazista. Isto é o<br />

que corrói em sua civilização.<br />

Como vocês podem acusar seriamente<br />

que a América está em<br />

guerra com Islã, quando na realidade<br />

a maior parte do mundo islâmico<br />

é que está em guerra com<br />

os judeus e cristãos?<br />

Sei que vocês gostariam que eu<br />

anunciasse que a América está<br />

abandonando seu apoio a Israel.<br />

Mas todo presidente desde Harry<br />

Truman, Democrata ou Republicano,<br />

sentiu-se entusiasmado a permitir<br />

a Israel defender-se dos que<br />

desejam destrui-lo. E essa, caros<br />

muçulmanos, é a questão. A América<br />

continuará apoiando a solução<br />

de dois estados ao conflito árabeisraelense,<br />

mas a questão nunca<br />

foi realmente entre dois estados.<br />

Sempre foi entre palestinos e outros<br />

árabes e muçulmanos reconhecerem<br />

o direito de Israel existir<br />

como um Estado judeu.<br />

Como um amigo do Egito e do<br />

mundo muçulmano, quero dizerlhes<br />

algo do fundo de meu coração:<br />

O dia em que o mundo árabe<br />

deixar a obsessão sobre a existência<br />

de um Estado judeu do tamanho<br />

de Belize será um grande dia<br />

para os mundos árabe e muçulmano.<br />

Sua obsessão com Israel custou<br />

caro em todas as áreas de desenvolvimento<br />

social. Isto é facilmente<br />

demonstrável. Se Israel fosse<br />

destruído - e o chamado "direito<br />

de retorno" de milhões da terceira<br />

geração de refugiados palestinos<br />

teria assegurado um resultado<br />

tão efetivo quanto um dispositivo<br />

nuclear do Irã - que diferença<br />

faria isso à economia egípcia, para<br />

falta de liberdade no Egito, ou qualquer<br />

outro assunto importante<br />

para os egípcios? Na minha opinião,<br />

nenhuma.<br />

A preocupação com Israel permitiu<br />

ao mundo árabe simplesmente<br />

não olhar para si próprio<br />

durante 60 anos.<br />

Finalmente, meus colegas americanos<br />

se sentiriam mais confiantes<br />

nas relações americano-muçulmanas<br />

se eles já tivessem visto em<br />

qualquer lugar uma grande demonstração<br />

de muçulmanos contra<br />

o terror cometido por muçulmanos<br />

em nome do Islã - seja em Londres,<br />

Madri, Nova Iorque, Bali, Cairo, ou<br />

Mumbai. A marca de uma grande<br />

civilização - e a civilização árabe<br />

realmente uma vez já foi grande - é<br />

a vontade da autocrítica.<br />

Obrigado mais uma vez por<br />

esta oportunidade de discursar.<br />

Eu poderia ter falado exagerando<br />

as faltas americanas e ignorado<br />

as suas. Mas tenho muito respeito<br />

por vocês.


VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Paz no Oriente Médio parece ser missão impossível<br />

Henryk M. Broder *<br />

Obama não está se distanciando<br />

de Israel, nem está fazendo<br />

avanços na direção dos palestinos.<br />

Ele quer forçar ambos os lados a<br />

saírem da roda do hamster e dar<br />

verdadeiros passos adiante<br />

reunião entre Barack<br />

Obama e Benjamin<br />

Netanyahu de fato<br />

não precisava ter ocorrido.<br />

A maior parte dos<br />

repórteres e comentaristas<br />

sabia que terminaria em impasse. A<br />

âncora do noticiário da distante cidade<br />

de Hamburgo agiu como se tivesse<br />

estado na reunião. "As aparições<br />

públicas dos dois homens devem ter<br />

exigido verdadeiras habilidades de<br />

atuação", disse ela, porque "Obama<br />

está se distanciando de Israel".<br />

Como tantas vezes no processo<br />

de paz do Oriente Médio, quando lidamos<br />

com relações entre israelenses<br />

e palestinos e o resto do mundo,<br />

deixamos nossas esperanças dirigirem<br />

nossas cabeças. Sem a disposição<br />

ou a capacidade de fazer uma contribuição<br />

construtiva para uma solução<br />

e ao mesmo tempo frustrados<br />

pelos americanos tomarem a iniciativa,<br />

os europeus fazem o de costume:<br />

advertem e reclamam, como os torcedores<br />

de um jogo de futebol que,<br />

das arquibancadas, sabem que converteriam<br />

todos os chutes em gols.<br />

De fato, o que Obama está tentando<br />

fazer parece muito com uma<br />

"missão impossível". Mas assim também<br />

foi a fundação do Estado de Israel<br />

em 1948, a democratização da<br />

Alemanha após 1945 e a eleição do<br />

presidente afro-americano em 2008.<br />

É verdade que é ainda mais complicado<br />

resolver a questão palestina,<br />

que foi discutida, negociada e combatida<br />

por mais de um século. Porque,<br />

assim como o conflito não começou<br />

com a ocupação de Gaza e da Cisjordânia,<br />

também não vai terminar com<br />

a declaração de um Estado palestino<br />

nos territórios ocupados. Após mais<br />

de 40 anos de ocupação, não pode<br />

haver uma volta ao status quo anterior,<br />

até porque este é discutível. Para<br />

a maior parte dos israelenses, é Israel<br />

dentro de suas fronteiras de<br />

1967, enquanto que, para o Hamas, o<br />

Hezbolá e o Irã é a Palestina antes da<br />

fundação de Israel. Quando falam do<br />

fim da ocupação, não querem dizer Hebron,<br />

Ramallah, Belém e Nablus e sim<br />

Haifa, Beer Sheva, Jaffa e Tiberias.<br />

Mesmo as declarações da "moderada"<br />

OLP são ambivalentes, dependendo<br />

de quem está falando e para<br />

quem está falando. O embaixador palestino<br />

em Beirute, Abbas Zaki, disse<br />

em entrevista na televisão no início<br />

de maio que a solução de dois Estados<br />

resultaria no colapso de Israel,<br />

que o uso de armas não resolveria<br />

nada, mas que a negociação política<br />

sem o uso de armas também não funcionaria.<br />

"À luz da fragilidade da nação<br />

árabe e da falta de valores, diante<br />

do controle americano do mundo,<br />

a OLP procede por fases, sem mudar<br />

de estratégia. Com a ajuda de Alá,<br />

vamos tirá-los de toda a Palestina",<br />

disse Zaki. Isso não parece uma solução<br />

para os israelenses.<br />

Obama talvez seja novo no palco<br />

mundial, mas não é amador. Ele sabe<br />

que o que aconteceu até agora foram<br />

negociações sobre negociações e que<br />

os dois lados estão tentando cansar<br />

o outro. Por 16 anos, desde os acordos<br />

de Oslo, israelenses e palestinos<br />

vêm gastando muita energia sem chegar<br />

a lugar nenhum, como hamsters<br />

em uma roda.<br />

Um lado insiste na expansão de<br />

assentamentos, o outro exige seu direito<br />

de volta -como viajantes que tomaram<br />

o trem errado e estão ficando<br />

cada vez mais distantes de seu destino,<br />

mas não querem saltar porque<br />

estão viajando há tanto tempo. Então,<br />

os israelenses fazem papel de vencedores<br />

em um beco sem saída, e os<br />

palestinos, de heróis sem perspectiva<br />

de sucesso. De vez em quando,<br />

tomam parte em conferências para<br />

discutir "medidas para construção de<br />

confiança", que levam ainda a mais<br />

conferências sobre mais "medidas de<br />

construção de confiança". Com a exceção<br />

de eventos como as guerras do<br />

Líbano e Gaza, eles quase parecem<br />

estar se ajustando um ao outro, enquanto<br />

americanos e europeus cobrem<br />

os custos de alojamento de Oslo<br />

para Anápolis.<br />

Agora, Obama quer saber o que<br />

os israelenses e palestinos realmente<br />

estão dispostos a fazer. Chega de<br />

brincar, vamos aos negócios. Obama<br />

não está se distanciando de Israel,<br />

nem está avançando na direção dos<br />

palestinos. Ele apenas quer forçar os<br />

dois lados a saírem da caixa de areia<br />

e encararem os fatos. Porque ali fora<br />

do playground tem alguém que não<br />

liga a mínima sobre israelenses e<br />

palestinos e que - apesar de toda a<br />

cena de loucura - está se comportando<br />

de forma bastante razoável: o Irã.<br />

Obama não arrisca nada quando<br />

oferece negociar com o Irã. Como disse<br />

em 18/5, ele quer ver os resultados<br />

até o final do ano. Se o Irã não se<br />

mover, Obama terá que mudar de estratégia.<br />

Se Bush era um caubói de<br />

coração mole, Obama é um pulso firme<br />

em uma luva de veludo. Ele não<br />

deve ser subestimado apenas porque<br />

é charmoso, educado e gentil. Tais<br />

traços por si sós não tornam um americano<br />

presidente.<br />

Obama sabe que o Irã não vai atacar<br />

Israel, porque por mais que os aiatolás<br />

e mulás queiram "um mundo<br />

sem o sionismo" e desejem que Israel<br />

desapareça do mapa ou, melhor<br />

ainda, de seus livros de história, eles<br />

ainda preferem viver no luxo e - se<br />

necessário - enviar outros ao paraíso.<br />

Entretanto, um ataque preventivo<br />

ou um contra-ataque nuclear israelense<br />

colocaria um fim às suas vidas<br />

confortáveis para sempre.<br />

É claro que sempre há um risco<br />

marginal. Até agora os israelenses têm<br />

estado bastante relaxados com as<br />

ameaças do Irã, assim como se mantiveram<br />

tranquilos com os ataques terroristas<br />

do Hamas e seus mísseis "caseiros".<br />

Mas, a longo prazo, nenhum<br />

povo pode viver com o perigo de ser<br />

atingido por uma bomba nuclear.<br />

De sua parte, os iranianos sabem<br />

que sua ameaça, apesar de crível, é<br />

tão eficaz quanto sua execução. Eles<br />

não precisam atacar Israel; basta flutuarem<br />

a ameaça. Israel não vai desmoronar<br />

do dia para a noite, mas<br />

pode erodir com o tempo - pela emigração,<br />

desmoralização e declínio<br />

econômico. Quem quer viver e investir<br />

em um país que pode virar uma<br />

nuvem atômica?<br />

Será ótimo se a estratégia de Obama<br />

de envolver o Irã funcionar. Será<br />

terrível se não funcionar. Vista sob a<br />

sóbria luz do dia, ele tem poucas<br />

chances. Mas está certo em tentar.<br />

Museu de Auschwitz luta pela sobrevivência<br />

Os diretores do museu do antigo<br />

campo de concentração e extermínio<br />

nazista de Auschwitz-Birkenau (Polônia)<br />

lutam para salvar esse símbolo do Holocausto<br />

dos desgastes causados pelo tempo.<br />

Estão tendo que enfrentar enormes<br />

problemas para impedir que o lugar se<br />

transforme em ruínas e preservar a memória<br />

de aproximadamente 1,1 milhão<br />

de pessoas que morreram nessas instalações,<br />

na imensa maioria judeus, durante<br />

a Segunda Guerra Mundial.<br />

"Esta é nossa última oportunidade",<br />

advertiu Piotr Cywinski, diretor do museu,<br />

administrado pelo Estado.<br />

O museu permanece em funcionamento<br />

graças ao governo polonês, que<br />

cobre aproximadamente a metade de<br />

seus custos, mais a receita obtida com<br />

a venda de ingressos. Cerca de 5% de<br />

seu orçamento provém da Fundação Lauder,<br />

com sede nos Estados Unidos, e dos<br />

governos regionais alemães.<br />

Os edifícios rudimentares do campo<br />

de Birkenau, construídos pelos prisioneiros<br />

em um terreno pantanoso, foram degradados<br />

pela erosão do solo e pelos<br />

danos provocados pelas águas.<br />

"Temos que terminar os trabalhos de<br />

conservação em todos esses edifícios<br />

em 10 ou 12 anos, de modo que será<br />

preciso começar em três anos no mais<br />

tardar", disse Cywinski.<br />

"O objetivo primordial é preservar a<br />

natureza autêntica dessas instalações e<br />

não reconstruí-las, para não mudar a<br />

percepção desse lugar", acrescentou.<br />

Preservar apenas um bloco de alojamentos<br />

custa cerca de 880.000 euros, disse<br />

o diretor de manutenção Rafal Pioro.<br />

A Polônia pediu que a comunidade<br />

internacional apoie esse novo plano<br />

para preservar o campo de Auschwitz-Birkenau.<br />

A área do museu cobre 191 hectares,<br />

com 155 edifícios e 300 ruínas, e<br />

possui uma coleção de milhares de objetos<br />

pessoais, assim como documentos<br />

que expõem os detalhes da macabra<br />

estrutura nazista.<br />

Inicialmente, os nazistas criaram esse<br />

campo para os combatentes da resistência<br />

polonesa, nove meses depois de invadir<br />

a Polônia, em setembro de 1939.<br />

O campo original era um antigo acampamento<br />

do Exército polonês, próximo à<br />

cidade de Oswiecim (sul), conhecida em<br />

alemão como Auschwitz.<br />

Dois anos depois, os nazistas expandiram<br />

consideravelmente o local até as<br />

23<br />

* Henryk M.<br />

Broder é natural<br />

da Polônia, mas<br />

vive e exerce sua<br />

profissão de<br />

jornalista e<br />

escritor na<br />

Alemanha. É<br />

conhecido pelas<br />

polêmicas,<br />

colunas<br />

publicadas e<br />

comentários na<br />

TV e no rádio,<br />

escreve para a<br />

revista Der<br />

Spiegel e o jornal<br />

Der Tagesspiegel.<br />

Ele também é o<br />

co-editor do Der<br />

Jüdische<br />

Kalender (O<br />

calendário<br />

judaico), uma<br />

compilação de<br />

citações e textos<br />

relativos à cultura<br />

dos judeusalemães,<br />

anualmente<br />

publicado. Broder<br />

escreve sobre<br />

temas do<br />

passado,<br />

islamismo, Israel<br />

e o conflito com<br />

os palestinos, e<br />

sobre as criticas<br />

alemãs à política<br />

de Israel, que às<br />

vezes a relaciona<br />

ao<br />

antissemitismo.<br />

Tradução:<br />

Deborah<br />

Weinberg.<br />

imediações de Brzezinka, ou Birkenau.<br />

Aproximadamente 1,1 milhão de<br />

pessoas morreram em Auschwitz-Birkenau<br />

entre 1940 e 1945 -- um milhão<br />

deles eram judeus da Polônia e de outros<br />

países da Europa ocupada -- alguns<br />

por excesso de trabalho, fome e doenças,<br />

mas a maioria nas câmaras de gás.<br />

Entre as vítimas de Auschwitz-Birkenau<br />

e dos outros campos de extermínio<br />

de Chelmno, Treblinka, Sobibor, Majdanek<br />

e Belzec também havia poloneses<br />

não judeus, ciganos e prisioneiros de<br />

guerra soviéticos, entre outros.<br />

O museu, criado pelo governo polonês<br />

em 1947, atraiu no ano passado 1,13<br />

milhão de pessoas. Esse fluxo de visitantes<br />

é crucial para o trabalho de memória,<br />

mas significa uma pressão enorme<br />

para as instalações.


24<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

provado em dezembro<br />

de 2007, o Tratato de<br />

Livre Comércio Mercosul-Israel,<br />

aguarda a<br />

ratificação pelo Congresso<br />

brasileiro para entrar em<br />

vigor. Para discutir a importância da<br />

aprovação do acordo, e com a presença<br />

de autoridades diplomáticas do<br />

Brasil, Argentina, Chile, Uruguai,<br />

Peru e Israel, a Câmara Brasil - Israel<br />

de Comércio e Indústria e a Câmara<br />

de Comércio Argentino Brasileira<br />

de São Paulo, promoveram, dia 2 de<br />

junho, na Fundação Memorial da<br />

América Latina o seminário "Tratado<br />

do Mercosul Israel".<br />

O evento contou com a presença<br />

do Embaixador Evandro Didonet, artífice<br />

da elaboração do acordo, e que<br />

coordenou o painel, do Embaixador<br />

de Israel, Giora Becher, do Embaixador<br />

da Argentina, Juan Pablo Lolhé, do<br />

Jayme Blay, presidente da Câmara Brasil-Israel de Comércio e<br />

Indústria, ex-ministro Celso Lafer e Alberto Alzueta, presidente da<br />

Câmara de Comércio Argentino Brasileira<br />

Ratificação do Tratato de Livre<br />

Comércio Mercosul-Israel<br />

embaixador Rubens Barbosa, presidente<br />

do Conselho Superior de Comércio<br />

Exterior da FIESP, do embaixador<br />

e cônsul do Peru, Jaime Stiglich, da<br />

ministra do Uruguai, Maria del Carmen<br />

Fros Doninelli, do ex-ministro de<br />

Relações Exteriores, Celso Lafer, da<br />

cônsul geral da Argentina, Teresita<br />

Gonzalez Dias, do professor Alberto<br />

Pfeiffer, diretor executivo do CEAL<br />

(Conselho Empresarial da América<br />

Latina), do deputado José Paulo Toffano,<br />

que acaba de assumir a presidência<br />

da representação brasileira no<br />

Mercosul, de Roy Nir, chefe da Missão<br />

Econômica de Israel no Brasil e<br />

de Fernando Leça, presidente do Memorial<br />

da América Latina, que cedeu<br />

o local para o evento.<br />

Jayme Blay e Alberto Alzueta, presidentes<br />

das Câmaras Brasil-Israel e<br />

Brasil-Argentina, destacaram a importância<br />

do evento, no momento em que<br />

o Congresso Nacional está ultimando<br />

a ratificação do Tratado de Livre Comércio<br />

Mercosul Israel. "Quando estes<br />

tratados entram em vigor, há um<br />

enorme incremento nas relações comerciais,<br />

culturais, políticas e turísticas<br />

dos países signatários. Além disso,<br />

é importante reforçar que a paz<br />

também se faz através das relações<br />

comerciais", frisaram Blay e Alzueta.<br />

A importância do Tratado Mercosul -<br />

Israel - No dia 18 de dezembro de<br />

2007, o Estado de Israel e os países<br />

signatários do Tratado do Mercosul,<br />

assinaram um acordo de livre comércio<br />

que abarca 90% dos produtos. O<br />

intercâmbio entre o bloco sul-americano<br />

e Israel atualmente atinge um<br />

volume de comércio que supera dois<br />

bilhões de dólares. Além disso, Israel<br />

pratica um volume de comércio com<br />

importações que superam os 50 bilhões<br />

de dólares, com uma enorme<br />

gama de produtos, e que podem complementar<br />

os 240 bilhões de dólares<br />

com que opera o Mercosul. (Fonte:<br />

Câmara Brasil - Israel de Comércio e<br />

Indústria).<br />

Confira Confira Confira alguns alguns alguns depoimentos<br />

depoimentos<br />

sobre sobre o o T TTratado<br />

T ratado<br />

"A ratificação deste tratado pelo<br />

Congresso brasileiro é a prioridade<br />

número um, para nós, da Embaixada<br />

de Israel". Giora Becher - embaixador<br />

de Israel no Brasil.<br />

"Este Tratado é parte fundamental<br />

na diversificação das relações de<br />

mercado dos países do Mercosul. Temos<br />

produtos que queremos vender<br />

para Israel. Israel tem produtos que<br />

pode comercializar com o Mercosul"<br />

- Juan Pablo Lolhé - embaixador da<br />

Argentina.<br />

"Um dos pontos mais importantes<br />

deste acordo, é a abertura de mercado<br />

com terceiros países. O Tratado<br />

será essencialmente sobre bens, com<br />

reduções de tarifas em quatro cestas<br />

(quatro períodos de tempo), cumprindo<br />

o requisito de cobrir todo o comércio"<br />

- embaixador Evandro Didonet,<br />

artífice da elaboração do acordo.<br />

"Acompanhamos e apoiamos a<br />

negociação deste acordo. Ele é o único<br />

anunciado pelo governo brasileiros<br />

nos últimos sete anos. O único<br />

assinado e que ainda não foi ratificado."<br />

embaixador Rubens Barbosa,<br />

presidente do Conselho Superior de<br />

Comércio Exterior da FIESP.<br />

"Tão importante quanto o comércio,<br />

é a relação de cooperação nos termos<br />

tecnológicos " - Teresita Gonzalez<br />

Dias, cônsul geral da Argentina.<br />

"Este tempo de crise, é o tempo<br />

exato para que cada país possa expandir<br />

suas exportações. Cada momento<br />

que se passa, sem a assinatura<br />

do acordo, é um momento perdido<br />

para a economia dos dois países" -<br />

Roy Nir - chefe da Missão Econômica<br />

de Israel no Brasil.<br />

"Tenho muita convicção no espaço<br />

de cooperação tecnológica que resultará<br />

deste acordo, envolvendo esforços<br />

de pesquisadores de ambos os<br />

lados" - Celso Lafer - ex-ministro das<br />

Relações Exteriores do Brasil.<br />

"No Brasil e na Argentina há resistências<br />

para a ratificação do<br />

acordo, que afirmam que com ele<br />

estaremos importando tensões externas.<br />

O Egito e a Jordânia tem<br />

acordos comerciais com Israel. Por<br />

que não perguntam para eles como<br />

esses laços econômicos subsistem?"<br />

- Alberto Pfeiffer, diretor executivo<br />

do CEAL (Conselho Empresarial<br />

da América Latina).<br />

"Nossa comissão está amplamente<br />

favorável para que a ratificação<br />

do acordo aconteça o mais<br />

breve possível" - deputado federal<br />

José Paulo Toffano, que acaba de<br />

assumir a presidência da representação<br />

brasileira no Mercosul. Saiba<br />

mais no site www.cambici.org.br<br />

(Fonte: Câmara Brasil - Israel de<br />

Comércio e Indústria).

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