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Visão Judaica - março de 2002 Nissan/Iyar 5762

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<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

1


2<br />

Publicação mensal<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da Empresa<br />

Jornalística <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> Ltda.<br />

Redação, Administração e Publicida<strong>de</strong><br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br - Curitiba – PR, Brasil -<br />

Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />

Diretora <strong>de</strong> Operações e<br />

Marketing<br />

Sheilla Figlarz<br />

Diretor <strong>de</strong> Redação<br />

Szyja B. Lorber<br />

Com esta primeira edição<br />

do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> estamos<br />

entregando ao público leitor um<br />

novo veículo <strong>de</strong> comunicação —<br />

o caçula da mídia israelita brasileira<br />

— nascido dos i<strong>de</strong>ais e fruto<br />

da concretização dos esforços<br />

<strong>de</strong> seu grupo <strong>de</strong> editores. Há<br />

tempos nossa comunida<strong>de</strong> vinha<br />

sentindo falta <strong>de</strong> uma publicação<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, mo<strong>de</strong>rna, abrangente,<br />

informativa e que, ao<br />

mesmo tempo, servisse <strong>de</strong> elo<br />

<strong>de</strong> ligação com o círculo extracomunitário,<br />

principalmente entre<br />

as pessoas que têm curiosida<strong>de</strong><br />

ou simpatia pelos múltiplos<br />

aspectos do judaísmo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

Antigüida<strong>de</strong> até os dias <strong>de</strong> hoje.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não é um órgão<br />

informativo oficial da comunida<strong>de</strong><br />

como alguns po<strong>de</strong>riam<br />

supor, mas nem por isso o jornal<br />

<strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> fazer sua parte, colaborando,<br />

no que for possível,<br />

para levar a toda comunida<strong>de</strong> a<br />

Diretora Comercial<br />

Hana Kleiner<br />

Diagramação e Arte Gráfica<br />

Sonia Mari Oleskovicz<br />

Colaboram nesta edição:<br />

Antônio Carlos Coelho, Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi, Isac Baril, Marian Krieger<br />

Epelzwajg, Nahum Sirotsky, Osias Wurman, Salomão Figlarz, Sami<br />

Goldstein e Yossef Dubrawsky.<br />

Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião do jornal<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

Uma visão abrangente<br />

Nossa capa<br />

divulgação das ativida<strong>de</strong>s e<br />

eventos realizados pelas entida<strong>de</strong>s<br />

que a integram. Para tanto,<br />

estamos colocando à disposição<br />

da Kehilá o necessário espaço<br />

para que <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> se torne<br />

rapidamente mais um meio <strong>de</strong><br />

comunicação entre o público e<br />

as organizações da nossa comunida<strong>de</strong>.<br />

Esperamos que todos<br />

façam bom uso <strong>de</strong>ste veículo.<br />

Longas reflexões nos conduziram<br />

à preocupação <strong>de</strong> levar<br />

aos membros da coletivida<strong>de</strong><br />

uma publicação séria, com conteúdo,<br />

e que <strong>de</strong>spertasse o interesse<br />

no <strong>de</strong>bate e no intercâmbio<br />

<strong>de</strong> idéias. Que assim seja,<br />

com a graça <strong>de</strong> D-us. <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />

terá freqüência mensal, diagramação<br />

dinâmica e formato<br />

tablói<strong>de</strong> para facilitar sua leitura<br />

e manuseio.<br />

Não é segredo para ninguém<br />

que ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> todo o mundo e<br />

<strong>de</strong> Israel vivem dias difíceis. Em<br />

A capa reproduz o quadro cujo título é “Preparação<br />

da Matzá”, um óleo sobre tela, <strong>de</strong> 70x60<br />

cm, pintado por Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi especialmente<br />

para a edição inaugural <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi nasceu em Bucareste,<br />

Romênia. É Arquiteto e Artista Plástico e vive<br />

em Curitiba <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1978. Já <strong>de</strong>senvolveu trabalhos<br />

em várias técnicas, <strong>de</strong>ntre elas pintura,<br />

gravura e tapeçaria. Recebeu premiações<br />

por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas<br />

obras estão espalhadas por vários países e<br />

tem no judaísmo, uma <strong>de</strong> suas principais fontes<br />

<strong>de</strong> inspiração.<br />

Acendimento das velas<br />

Em Curitiba <strong>março</strong>/abril<br />

DIA HORA<br />

15/3 18h14<br />

22/3 18h07<br />

27/3 * 18h02<br />

28/3 * 18h55<br />

29/3 18h00<br />

2/4** 17h55<br />

3/4** 18h49<br />

5/4 18h52<br />

12/4 17h45<br />

* 1ª e 2ª noite <strong>de</strong> Pêssach<br />

** 7ª e 8 ª noites <strong>de</strong> Pêssach<br />

tempos atuais, mais <strong>de</strong> 60 anos<br />

após o Holocausto, talvez seja<br />

uma inusitada dificulda<strong>de</strong>. Israel<br />

sofre sangrentos atentados todos<br />

os dias, matando e ferindo<br />

indiscriminadamente, crianças,<br />

jovens, mulheres ou idosos. Ao<br />

se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r para garantir sua<br />

sobrevivência, logo surgem vozes<br />

acusadoras <strong>de</strong> que Israel<br />

seria um violento agressor que<br />

não <strong>de</strong>seja a paz. Alguns meios<br />

<strong>de</strong> comunicação, não se sabe<br />

movidos por quais interesses,<br />

colaboram para fazer vingar<br />

essa imagem distorcida. Ao lado<br />

disso tudo, cresce o anti-semitismo,<br />

especialmente, aquele<br />

que se dissemina no anonimato<br />

da internet, mas que também se<br />

evi<strong>de</strong>ncia por intermédio <strong>de</strong><br />

pseudo-publicações disfarçadas,<br />

por exemplo, em jornais <strong>de</strong><br />

bairro, como o caso que mencionamos<br />

nesta edição.<br />

O jornal preten<strong>de</strong> combater e<br />

SÊDER COLETIVO<br />

<strong>de</strong>nunciar o anti-semitismo. Irá<br />

também procurar esclarecer as<br />

complexas questões relativas ao<br />

Oriente Médio, contribuindo <strong>de</strong>ssa<br />

maneira para o melhor entendimento<br />

sobre a situação existente<br />

entre israelenses e árabes.<br />

Da mesma forma, <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />

se propõe a retransmitir para as<br />

atuais e às novas gerações, nossas<br />

multimilenares cultura e tradição,<br />

<strong>de</strong>stacando sempre as<br />

festivida<strong>de</strong>s e eventos religiosos.<br />

Estamos abertos a todos. Esperamos<br />

que o primeiro número<br />

seja do agrado dos leitores. Nos<br />

esforçamos bastante para isso.<br />

Aproveitem. E <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já agra<strong>de</strong>cemos<br />

o apoio e a colaboração<br />

<strong>de</strong> cada um, sejam eles elogio,<br />

crítica ou sugestão. Qualquer um<br />

<strong>de</strong>les, sem dúvida, contribuirá<br />

para o aperfeiçoamento e o sucesso<br />

da nossa iniciativa. Contamos<br />

com vocês e boa leitura!<br />

A Redação<br />

O BEIT CHABAD estará realizando os dois sedarim (dias 27,<br />

às 19h30 e 28 <strong>de</strong> <strong>março</strong>, 20h00). Como nossa capacida<strong>de</strong> é<br />

limitada, estaremos fazendo reservas até o dia 22 <strong>de</strong> <strong>março</strong>.<br />

A<strong>de</strong>sões: R$ 20,00 para adultos<br />

R$ 10,00 para crianças<br />

RESERVAS, COM D. MAURA:<br />

BEIT CHABAD: RUA ÂNGELO SAMPAIO, 370<br />

TELEFONE: 243-0818<br />

QUEIMA DO CHAMETZ:<br />

Quarta-feira – 27 <strong>de</strong> <strong>março</strong>, 9h30 no Beit Chabad<br />

Datas importantes<br />

27 <strong>de</strong> <strong>março</strong> a 4 <strong>de</strong> abril<br />

PÊSSACH<br />

9 <strong>de</strong> abril<br />

DIA DO HOLOCAUSTO<br />

12 <strong>de</strong> abril<br />

1º DIA DE ROSH CHODESH<br />

13 <strong>de</strong> abril<br />

2º DIA DE ROSH CHODESH<br />

16 <strong>de</strong> abril<br />

YOM HAZIKARON<br />

17 <strong>de</strong> abril<br />

YOM HAATZMAUT


O que é<br />

chamêts?<br />

Em Pêssach, a Torá proíbe<br />

possuir, consumir ou tirar proveito<br />

<strong>de</strong> produtos comestíveis à<br />

base <strong>de</strong> grãos fermentados (chamêts)<br />

<strong>de</strong> um dos cinco principais<br />

cereais (trigo, cevada, centeio,<br />

aveia e espelta) ou <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>rivados,<br />

mesmo em quantida<strong>de</strong><br />

mínima. Exemplos <strong>de</strong> alimentos<br />

chamêts: Pães, bolos, cereais,<br />

macarrão, cerveja, <strong>de</strong>stilados, etc.<br />

A única exceção é matsá<br />

(pão ázimo) preparada com cuidados<br />

especiais para Pêssach.<br />

(Matsá fabricada para uso durante<br />

o ano, quando as precauções<br />

<strong>de</strong> evitar o processo <strong>de</strong> fermentação<br />

não são tomadas, torna-se<br />

chamêts.)<br />

Livrando-se<br />

do chamêts<br />

A casa <strong>de</strong>ve ser limpa por<br />

completo e qualquer vestígio<br />

<strong>de</strong> chamêts, inclusive migalhas,<br />

removido antes da véspera<br />

<strong>de</strong> Pêssach.<br />

Muitos remédios, sprays,<br />

cosméticos e perfumes contem<br />

chamêts. Um rabino competente<br />

<strong>de</strong>ve ser consultado<br />

sobre quais po<strong>de</strong>m ser usados<br />

em Pêssach.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

Parte dos trechos foram extraídos do livro O Judaísmo Vivo<br />

As tradições e as leis dos ju<strong>de</strong>us praticantes<br />

Pela or<strong>de</strong>m, a segunda das três festas durante o ano novo<br />

judaico é Pêssach ou Passagem. Todos sabem que este dia<br />

santo celebra o mais importante evento da história do povo<br />

ju<strong>de</strong>u, a re<strong>de</strong>nção <strong>de</strong> sua escravidão no Egito e a sua saída<br />

<strong>de</strong>ssa terra. Do que muitas pessoas não se dão conta é que,<br />

em muitos aspectos, ele é mais importante que o Rosh Hashaná,<br />

que comemora a criação do mundo, ou o Iom Kipur, que<br />

celebra o perdão <strong>de</strong> D-us a nossos pecados.<br />

Um rápido exame dos Dez Mandamentos dar-nos-á um<br />

indicio. Quando D-us quis dar uma <strong>de</strong>finição e uma <strong>de</strong>scrição<br />

<strong>de</strong> Si próprio ao Seu povo escolhido, Ele não disse – Eu sou o<br />

Senhor que criou o mundo – ou – Eu sou o Senhor que perdoa<br />

vossos pecados – O que disse foi:<br />

GUIA DE PÊSSACH<br />

Gentilmente cedido pela revista Chabad News<br />

Busca do<br />

chamêts<br />

Alem <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r a uma busca<br />

em toda a casa na noite anterior<br />

a Pêssach, o chamêts<br />

<strong>de</strong>ve ser procurado também no<br />

escritório, carro, bolsos <strong>de</strong> roupas,<br />

livros e maletas; sacos <strong>de</strong><br />

aspirador <strong>de</strong> pó <strong>de</strong>vem ser limpos<br />

ou <strong>de</strong>scartados; panos e esponjas<br />

<strong>de</strong> pia <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>scartados.<br />

Pessoas que viajam para<br />

outro lugar <strong>de</strong>vem efetuar a busca<br />

na noite anterior a sua saída.<br />

Venda do<br />

chamêts<br />

Alimentos usados durante o<br />

ano e utensílios não chasherizados<br />

para Pêssach <strong>de</strong>vem ser<br />

guardados em armários; po<strong>de</strong>se<br />

<strong>de</strong>signar uma parte do congelador<br />

como chamêts para alimentos<br />

congelados.<br />

Todo chamêts não eliminado<br />

<strong>de</strong>ve ser vendido a um não-ju<strong>de</strong>u<br />

antes <strong>de</strong> Pêssach, pois a Lei<br />

<strong>Judaica</strong> proíbe o uso <strong>de</strong> qualquer<br />

chamêts na posse <strong>de</strong> um<br />

ju<strong>de</strong>u durante Pêssach, mesmo<br />

após seu término. Por ser muito<br />

complexa, esta venda <strong>de</strong>ve ser<br />

efetuada por um rabino competente.<br />

Portanto, cada um <strong>de</strong>ve<br />

assinar uma procuração da ven-<br />

- “Eu sou o Senhor teu D-us, que te tirei da terra do Egito, da<br />

casa da escravidão”. As palavras que nos dirigiu mostram o quão<br />

importante é o acontecimento que celebramos em Pêssach.<br />

É evi<strong>de</strong>nte, então, que Pêssach merece rigorosa atenção e<br />

observância. Por ser particularmente significativa para as<br />

crianças, os pais ju<strong>de</strong>us não as <strong>de</strong>ixam comparecer a escola<br />

no feriado, a fim <strong>de</strong> que o recor<strong>de</strong>m e apreciem como uma real<br />

mudança <strong>de</strong> sua vida cotidiana. Os mandamentos referentes a<br />

Pêssach estão no décimo segundo capitulo do Êxodo, on<strong>de</strong><br />

se <strong>de</strong>screve quando ele <strong>de</strong>ve ser celebrado – no décimo<br />

quarto dia <strong>de</strong> <strong>Nissan</strong> – e como a celebração <strong>de</strong>ve efetuar-se<br />

através <strong>de</strong> uma festa, da ingestão das matsot e da retirada <strong>de</strong><br />

todo fermento, ou chamêts, <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da casa.<br />

da <strong>de</strong> chamêts e entregá-la ao<br />

rabino, até as 10h30 da véspera<br />

<strong>de</strong> Pêssach.<br />

A casherização<br />

É aconselhável ter jogos especiais<br />

<strong>de</strong> louças, talheres, vasilhas,<br />

panelas, etc. reservados<br />

exclusivamente para Pêssach.<br />

Se necessário, certos utensílios<br />

<strong>de</strong> uso diário po<strong>de</strong>m ser chasherizados<br />

(“tornados aptos”).<br />

De preferência a casherização<br />

<strong>de</strong>ve ser feita na presença <strong>de</strong> um<br />

rabino, conhecedor <strong>de</strong>stas leis.<br />

Utensílios <strong>de</strong> metal usados<br />

diretamente no fogo (como<br />

espetos, assa<strong>de</strong>iras, etc.) só<br />

po<strong>de</strong>m ser casherizados por<br />

incan<strong>de</strong>scência.<br />

Utensílios nos quais o alimento<br />

é cozido po<strong>de</strong>m ser casherizados<br />

por esterilização. Depois<br />

<strong>de</strong> meticulosamente limpos <strong>de</strong><br />

qualquer sujeira ou ferrugem<br />

<strong>de</strong>vem ser enxaguados e, em<br />

seguida, imersos por completo<br />

num recipiente cheio d’água em<br />

ebulição constante e imediatamente<br />

enxaguados em água fria.<br />

Utensílios <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>vem<br />

ser lixados antes da chasherização<br />

por meio <strong>de</strong> esterilização.<br />

Utensílios <strong>de</strong> cerâmica e porcelana<br />

não po<strong>de</strong>m ser casherizados.<br />

O costume ashkenazi é não<br />

casherizar utensílios <strong>de</strong> vidro.<br />

Fogão e forno<br />

Michael Asheri – Ed. Imago<br />

Preparando a casa para Pêssach<br />

O fogão <strong>de</strong>ve ser limpo por<br />

inteiro com um palito especial e<br />

suas partes lavadas em água<br />

corrente. Depois <strong>de</strong> limpo com<br />

removedor <strong>de</strong> gordura, o forno<br />

<strong>de</strong>ve ser aquecido o mais quente<br />

possível por duas horas. Também<br />

as grelhas e partes <strong>de</strong> ferro<br />

do fogão <strong>de</strong>vem ser casherizadas<br />

por incan<strong>de</strong>scência. A<br />

mesa do fogão e as pare<strong>de</strong>s e<br />

teto do forno <strong>de</strong>vem ser revestidos<br />

com papel alumínio grosso.<br />

O forno autolimpante que chega<br />

3


4<br />

até 500 o se chasheriza automaticamente,<br />

ao ser limpo na temperatura<br />

máxima até o final do ciclo.<br />

Forno <strong>de</strong><br />

microondas<br />

Deve ser inteiramente<br />

limpo e <strong>de</strong>ixado 24 horas<br />

sem uso. Um recipiente não<br />

usado durante 24 horas<br />

<strong>de</strong>ve ser enchido com água até<br />

formar bastante vapor. Deve-se<br />

repetir este processo três vezes<br />

trocando a água a cada vez. Depois,<br />

o interior <strong>de</strong>ve ser limpo e<br />

forrado com placa <strong>de</strong> isopor ou<br />

qualquer outro objeto grosso<br />

para separar o prato <strong>de</strong> comida<br />

<strong>de</strong> Pêssach do fundo do forno.<br />

Ao cozinhar, o alimento <strong>de</strong>ve estar<br />

totalmente coberto.<br />

Pia<br />

Água quente <strong>de</strong> vasilha <strong>de</strong><br />

chamêts não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>spejada<br />

na pia durante 24 horas antes<br />

<strong>de</strong> sua casherização. A pia<br />

<strong>de</strong>ve ser limpa meticulosamente,<br />

inclusive o sifão.<br />

Soda cáustica ou outro produto<br />

<strong>de</strong>sentupidor <strong>de</strong>ve<br />

ser <strong>de</strong>spejado no ralo antes<br />

da casherização.<br />

Após a limpeza, secase<br />

a pia. Água fervida<br />

duma panela limpa não<br />

usada por 24 horas <strong>de</strong>ve ser<br />

<strong>de</strong>spejada sobre cada parte da<br />

pia e torneira e, em seguida,<br />

água fria. A pia <strong>de</strong>ve então ser<br />

enxugada e forrada com papel<br />

alumínio grosso. Ao <strong>de</strong>spejar a<br />

água fervendo na pia <strong>de</strong> inox,<br />

mármore ou granito, passa-se<br />

junto um ferro incan<strong>de</strong>scente em<br />

toda a pia, sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

forrá-la; mas é costume forrá-la.<br />

Cubas <strong>de</strong> porcelana, cerâmica<br />

ou esmaltadas<br />

não po<strong>de</strong>m ser casherizadas.<br />

Devem ser<br />

bem limpas e cobertas<br />

por chapas (<strong>de</strong><br />

Pêssach) ou por duas camadas<br />

<strong>de</strong> alumínio grosso. De preferência<br />

não se <strong>de</strong>ve jogar nada<br />

quente nestas pias durante<br />

Pêssach.<br />

Gela<strong>de</strong>ira,<br />

congelador,<br />

armários, mesas<br />

e balcões<br />

Todos estes <strong>de</strong>vem ser limpos<br />

por completo e esfregados<br />

para remover quaisquer miga-<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

lhas ou resíduos <strong>de</strong> comida e forradas<br />

com papel ou plástico. A<br />

borracha ao redor da porta da<br />

gela<strong>de</strong>ira e congelador <strong>de</strong>ve ser<br />

limpa com uma escovinha. As superfícies<br />

que entram em contato<br />

com comida ou utensílios quentes,<br />

<strong>de</strong>vem ser cobertas com tábua<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, isopor, etc.<br />

Liquidificador,<br />

bate<strong>de</strong>ira,<br />

multiprocessador<br />

As tigelas, copos e faquinhas<br />

<strong>de</strong>vem ser trocadas para uso exclusivo<br />

<strong>de</strong> Pêssach. O motor <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> bem limpo e envolto em<br />

papel alumínio po<strong>de</strong> ser usado.<br />

Toalhas e<br />

guardanapos<br />

As toalhas e guardanapos <strong>de</strong><br />

pano po<strong>de</strong>m ser usados <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> lavados com água quente,<br />

sem engomar, após terem sido<br />

escovados nas costuras e<br />

bordas para retirar os possíveis<br />

resíduos <strong>de</strong> pão.<br />

Compras para<br />

Pêssach<br />

Alimentos e produtos casher<br />

durante o ano todo são freqüentemente<br />

inaceitáveis para Pêssach.<br />

Atualmente, há vários alimentos<br />

industrializados para Pêssach.<br />

Contudo, <strong>de</strong>vemos optar por<br />

comprar apenas os com supervisão<br />

rabínica confiável. Po<strong>de</strong>m<br />

ser usados frutas<br />

e legumes frescos,<br />

bem como<br />

carne, peixe e<br />

laticínios casher<br />

para Pêssach.<br />

É costume ashkenazi<br />

não comer em Pêssach leguminosas<br />

frescas, secas ou enlatadas,<br />

como: arroz, milho, ervilha,<br />

grão-<strong>de</strong>-bico, mostarda, amendoim,<br />

feijão, soja, vagem, sementes,<br />

etc. ou alimentos feitos com<br />

um <strong>de</strong>stes ingredientes, <strong>de</strong>vido à<br />

semelhança com o chamêts.<br />

Os sefaradim costumam comer<br />

arroz, escolhido sete vezes<br />

antes <strong>de</strong> Pêssach.<br />

Matsá Shemurá<br />

Matsá shemurá é aquela cujo<br />

trigo é cuidadosamente observado<br />

para evitar contato com água<br />

a partir da colheita (ou, no mínimo,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a moagem). A matsá<br />

shemurá redonda é amassada e<br />

moldada à mão, semelhante a<br />

matsá original assada pelos filhos<br />

<strong>de</strong> Israel na saída do Egito.<br />

É assada sob estrita supervisão<br />

rabínica para evitar qualquer<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fermentação e<br />

com a intenção da mitsvá. A matsá<br />

shemurá feita à<br />

mão <strong>de</strong>ve ser usada,<br />

pelo menos,<br />

em ambas as noites<br />

do sê<strong>de</strong>r para<br />

as três matsot na<br />

travessa do sê<strong>de</strong>r<br />

ou, no mínimo, para a<br />

do centro.<br />

Matsá Sheruyá<br />

Sheruyá é matsá ou farinha<br />

<strong>de</strong> matsá misturada com líquidos.<br />

Exemplos <strong>de</strong> sheruyá incluem<br />

kneidalech, matsá-brei e bolos<br />

<strong>de</strong> Pêssach feitos com farinha<br />

<strong>de</strong> matsá. Muitas comunida<strong>de</strong>s<br />

observam o costume<br />

<strong>de</strong> não comer<br />

sheruyá durante<br />

os primeiros sete<br />

dias <strong>de</strong> Pêssach,<br />

<strong>de</strong>ixando as<br />

matsot cobertas<br />

(<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

guardanapo ou<br />

saco plástico) durante<br />

a refeição. A razão para<br />

esta precaução é que, se mesmo<br />

uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

matsá que contenha farinha que<br />

não foi bem misturada com água<br />

po<strong>de</strong>rá fermentar quando entrar<br />

em contato com a água.<br />

No oitavo dia,<br />

entretanto, fazse<br />

questão <strong>de</strong><br />

embeber as<br />

matsot. Nossos<br />

sábios permitiram<br />

comer sheruyá<br />

no oitavo dia <strong>de</strong><br />

Pêssach como uma <strong>de</strong>monstração<br />

da união entre todos<br />

os ju<strong>de</strong>us, apesar dos costumes<br />

variarem durante os primeiros<br />

sete dias.<br />

PREPARANDO O<br />

SÊDER<br />

As principais mitsvot do sê<strong>de</strong>r<br />

são:<br />

• Comer matsá;<br />

• Narrar a história do Êxodo<br />

ao recitar a Hagadá;<br />

• Explicar o significado dos três<br />

itens: pêssach (cor<strong>de</strong>iro pascal),<br />

matsá e maror (ervas amargas);<br />

• Beber quatro taças <strong>de</strong> vinho<br />

tinto doce (para as crianças<br />

po<strong>de</strong> ser servido suco <strong>de</strong> uva);<br />

• Comer maror;<br />

• Recitar o Halel (Cânticos<br />

<strong>de</strong> Louvor).<br />

A travessa<br />

do sê<strong>de</strong>r<br />

Três matsot <strong>de</strong>vem ser<br />

colocadas sobre a mesa<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um pano com divisões<br />

(ou uma matsá é<br />

colocada em cima da outra,<br />

com guardanapos entre<br />

elas). As três matsot simbolizam<br />

os três tipos <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us:<br />

cohen, levi e yisrael. Outro motivo<br />

é para que restem duas<br />

matsot inteiras mesmo quando<br />

a matsá central é quebrada,<br />

como em todo Shabat e Iom Tov<br />

quando <strong>de</strong>ve haver lêchem<br />

mishnê (dois pães) na mesa.<br />

Por cima das três matsot (cobertas)<br />

são colocados seis itens. Isto<br />

constitui a keará (travessa do sê<strong>de</strong>r).<br />

• Zerôa – O pescoço <strong>de</strong> frango<br />

grelhado simboliza o Cor<strong>de</strong>iro<br />

Pascal trazido ao Templo Sagrado<br />

na véspera <strong>de</strong> Pêssach.<br />

A carne do pescoço é removida<br />

e o osso queimado. O zerôa não<br />

é comido no sê<strong>de</strong>r.<br />

• Betsá – O ovo cozido representa<br />

o sacrifício chaguigá<br />

trazido ao Templo Sagrado nas<br />

Festas <strong>de</strong> Peregrinação (Pêssach,<br />

Shavuot e Sucot). O ovo cozido<br />

(normalmente servido aos<br />

enlutados durante a shiva) lembra<br />

o Templo Sagrado <strong>de</strong>struído, pelo<br />

qual ainda choramos em<br />

Tish’á Beav (o primeiro<br />

dia <strong>de</strong> Pêssach<br />

sempre coinci<strong>de</strong><br />

com o dia da semana<br />

<strong>de</strong> Tish’á<br />

Beav). Costuma-se<br />

iniciar a<br />

refeição do sê<strong>de</strong>r<br />

com o ovo cozido mergulhado na<br />

água salgada: a água salgada<br />

simboliza o Mar Vermelho, que os<br />

ju<strong>de</strong>us cruzaram a caminho da liberda<strong>de</strong>,<br />

e o ovo, o povo ju<strong>de</strong>u, por<br />

ser o único alimento que, quanto<br />

mais tempo permanece na água<br />

quente, mais duro fica.<br />

• Maror – As ervas amargas<br />

simbolizam a amarga escravidão<br />

do povo ju<strong>de</strong>u no Egito. Como<br />

maror po<strong>de</strong>-se usar raiz-forte<br />

crua e <strong>de</strong>scascada, folhas <strong>de</strong><br />

endivia, talos ou folhas <strong>de</strong> alface<br />

romana ou a combinação <strong>de</strong>stes.<br />

• Charosset – A mistura <strong>de</strong><br />

maçãs, pêras, nozes liquidifica-


das ou raladas, misturadas com<br />

uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vinho<br />

tinto, lembra a argamassa usada<br />

no Egito para fabricar tijolos.<br />

• Carpas – A cebola crua (ou<br />

a batata cozida) é mergulhada<br />

A celebração do Pêssach tem<br />

duração <strong>de</strong> oito dias e <strong>de</strong>ve ser<br />

feita na casa <strong>de</strong> todo ju<strong>de</strong>u. Esta<br />

festa, acompanhada pela leitura<br />

em voz alta da Hagadá, cumpre<br />

o mandamento contido em<br />

Ex. 13, 8: “E naquele mesmo dia<br />

farás saber a teu filho, dizendolhe:<br />

Isto é pelo que o Senhor fez<br />

por mim, quando sai do Egito”.<br />

Enquanto em outros feriados<br />

a festa que celebra o dia po<strong>de</strong><br />

ser iniciada a qualquer hora<br />

após o pôr-do-sol, até mesmo<br />

bem tar<strong>de</strong> da noite, o sê<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

Pêssach <strong>de</strong>ve ter inicio assim<br />

que fica escuro, <strong>de</strong> modo que as<br />

crianças não fiquem cansadas e<br />

adormeçam antes do sê<strong>de</strong>r terminar.<br />

O sê<strong>de</strong>r inteiro é, realmente,<br />

feito em beneficio das<br />

crianças, e por isso elas <strong>de</strong>vem<br />

sentar-se à mesma mesa<br />

que os adultos. Fazer os filhos<br />

sentar em uma mesa separada,<br />

como se faz algumas vezes<br />

em outras celebrações, é<br />

proibido em Pêssach.<br />

A mesa <strong>de</strong> Pêssach <strong>de</strong>ve ser<br />

posta com um par <strong>de</strong> can<strong>de</strong>labros,<br />

uma toalha especial e o<br />

mais belo serviço <strong>de</strong> talheres,<br />

cristais e louça que a família<br />

possua e as coisas necessárias<br />

para celebrar o próprio sê<strong>de</strong>r.<br />

Comidas e bebidas são trazidas<br />

posteriormente.<br />

Se possível, <strong>de</strong>vem-se colocar<br />

almofadas nas ca<strong>de</strong>iras, mas<br />

especialmente na do condutor<br />

do sê<strong>de</strong>r. Isto se <strong>de</strong>stina a permitir-lhe<br />

reclinar-se enquanto<br />

bebe as quatro taças <strong>de</strong> vinho,<br />

a fim <strong>de</strong> mostrar a sua libertação<br />

da escravidão.<br />

Todo lugar <strong>de</strong>ve ter também<br />

uma Hagadá, a fim <strong>de</strong> que todos<br />

possam tomar parte na recitação,<br />

ou segui-la.<br />

Em muitas famílias, o condutor<br />

da cerimônia, usa um kitel<br />

branco, tanto em sinal <strong>de</strong> jubilo<br />

como para lembrar que a vida é<br />

na água salgada para <strong>de</strong>spertar<br />

a curiosida<strong>de</strong> das crianças.<br />

• Chazêret – Mais ervas amargas<br />

para serem ingeridas no “sanduíche”<br />

(item corêch do sê<strong>de</strong>r).<br />

• Água salgada – Um pote<br />

O Sê<strong>de</strong>r<br />

curta. À frente do condutor fica<br />

o prato do sê<strong>de</strong>r. Sobre este prato<br />

são colocados os seguintes<br />

cinco alimentos (a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> seu<br />

arranjo no prato varia <strong>de</strong> família<br />

para família): ovo ( betsá - cozido<br />

e assado no forno), um osso<br />

assado (zerôa), ervas amargas<br />

(maror), pasta <strong>de</strong> maçã e nozes<br />

(charosset), batatas cozidas ou<br />

salsinha (karpás). É também colocada<br />

uma tigela com água e<br />

sal para mergulhar a salsinha e<br />

o pano com três divisórias para<br />

a colocação das três matsot.<br />

Embora seja costume recitar<br />

a Hagadá em hebraico, é perfeitamente<br />

admissível lê-la em<br />

qualquer língua. Na realida<strong>de</strong><br />

existe um trecho que começa por<br />

“Rabban Gamaliel costumava<br />

dizer...”, que tem <strong>de</strong> ser lida <strong>de</strong><br />

modo que os presentes à mesa<br />

compreendam. Ela explica os<br />

aspectos essenciais do sê<strong>de</strong>r,<br />

sendo importante que todos saibam<br />

quais são eles.<br />

A refeição <strong>de</strong> Pêssach começa,<br />

pelo menos entre os ashkenazim,<br />

comendo-se um ovo cozido<br />

num prato <strong>de</strong> água salgada.<br />

O segundo prato é geralmente<br />

guefilte fish, que muitas<br />

pessoas imaginam ser uma invenção<br />

estritamente judaica.<br />

Na realida<strong>de</strong> os chineses também<br />

o conhecem, e os japoneses<br />

possuem uma versão <strong>de</strong>le<br />

chamada kamaboko. O terceiro<br />

prato é a sopa com bolas <strong>de</strong><br />

matsá ou com macarrão feito<br />

<strong>de</strong> ovos ou <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> batata.<br />

Serve-se então o prato principal<br />

e seus acompanhamentos<br />

e por fim a sobremesa.<br />

Um costume universalmente<br />

praticado <strong>de</strong>ve ser aqui mencionado.<br />

No inicio do sê<strong>de</strong>r, coloca-se<br />

uma gran<strong>de</strong> taça <strong>de</strong> prata<br />

(se houver; se não, qualquer<br />

copo com pé) sobre a mesa e a<br />

<strong>de</strong>ixa vazia até que o terceiro<br />

dos quatro copos <strong>de</strong> vinho seja<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

com água salgada <strong>de</strong>ve ser<br />

preparado <strong>de</strong> véspera; lembra<br />

as lágrimas que os ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong>rramaram<br />

com o trabalho pesado<br />

no Egito.<br />

bebido, após a refeição. Feito<br />

isso, ela é então enchida para<br />

Elias, o Profeta (Eliahu Hanavi);<br />

o celebrante abandona a mesa<br />

e vai até a porta da frente, abrea,<br />

e recita a D-us uma súplica<br />

para que <strong>de</strong>strua os Seus inimigos<br />

e os <strong>de</strong> Seu povo, Israel. A<br />

porta é aberta para que Elias<br />

possa entrar, porque será ele<br />

quem anunciará a chegada do<br />

Messias. Em algumas famílias,<br />

a taça <strong>de</strong> Elias é enchida no começo<br />

do sê<strong>de</strong>r.<br />

5


6<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

Receitas com grife<br />

Estas receitas foram gentilmente cedidas por Vera Sasson, filha <strong>de</strong> Dna. Bertha Guelmann Scliar z”l<br />

Dna. Bertha z”l nasceu em 25 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1915 em Curitiba.<br />

Estudou no Colégio Americano e <strong>de</strong>pois foi interna do<br />

Colégio Cajuru, on<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>u artes e idiomas. Ela falava<br />

fluentemente inglês e francês e tinha mãos <strong>de</strong> fada: bordava,<br />

fazia tapeçaria, pintava porcelanas e a sua gran<strong>de</strong> paixão era<br />

a cozinha; fazia realmente <strong>de</strong>licias.<br />

Pão <strong>de</strong> Pêssach Souflê <strong>de</strong> claras com<br />

nozes e damascos<br />

Modo <strong>de</strong> fazer:<br />

Ingredientes:<br />

Colocar numa caçarola a água,<br />

1 copo <strong>de</strong> óleo sal, azeite e levar ao fogo. Quando<br />

3 copos <strong>de</strong> abrir fervura, retirar do fogo e adici-<br />

água fria<br />

onar <strong>de</strong> uma vez só toda a farinha.<br />

3 copos <strong>de</strong> Mexer bem e levar ao fogo novamen-<br />

farinha <strong>de</strong> te, sempre mexendo até formar uma<br />

matsá<br />

bola, aparecendo o fundo da pane-<br />

peneirada la. Retirar do fogo e <strong>de</strong>ixar esfriar.<br />

1 colher <strong>de</strong><br />

Bater os ovos inteiros e juntar a<br />

café <strong>de</strong> sal massa já fria e misturar bem.<br />

3 ovos<br />

Untar uma assa<strong>de</strong>ira com um pouco<br />

<strong>de</strong> óleo e polvilhar com farinha <strong>de</strong><br />

matsá. Passar o azeite nas mãos e<br />

fazer bolas pequenas com a massa,<br />

colocando bem afastadas na forma pois elas crescem.<br />

Colocar em forno bem quente e quando estiver crescido<br />

baixar o forno no mínimo. Assar durante 1 hora.<br />

Quando aconteciam os bazares da Wizo, da qual era gran<strong>de</strong><br />

ativista, seus quitutes eram disputados e faziam gran<strong>de</strong><br />

sucesso. Dizem que uma <strong>de</strong> suas netas, Sheila, herdou as<br />

habilida<strong>de</strong>s culinárias da avó.<br />

Bertha foi casada com Manoel Scliar z”l e teve três filhas e<br />

sete netos. Faleceu em 30 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1995 aos 80 anos.<br />

Modo <strong>de</strong> fazer:<br />

Ingredientes: Deixar os damascos <strong>de</strong> molho durante<br />

10 claras 1 hora ou mais. Cozinhar na mesma água<br />

para amolecer. Acrescente o açúcar a gos-<br />

5 colheres <strong>de</strong><br />

to e <strong>de</strong>ixe esfriar.<br />

sopa <strong>de</strong> açúcar<br />

Bater as claras em neve, adicionar o<br />

100 g <strong>de</strong><br />

açúcar e em seguida os damascos picados<br />

damasco<br />

e as nozes. Numa frigi<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>rreta açúcar<br />

1 xícara <strong>de</strong> a vonta<strong>de</strong> e quando estiver em ponto <strong>de</strong> cal-<br />

nozes picadas da <strong>de</strong>spejar sobre as claras batidas, batendo<br />

mais um pouco para misturar bem.<br />

Caramelar uma forma bem gran<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pudim que tenha uma tampa. Derramar a mistura <strong>de</strong>ntro da<br />

forma e tampar (se não tiver uma tampa, cubra com papel<br />

alumínio) e em banho Maria, sobre o fogão, <strong>de</strong>ixar cozinhar<br />

por 50 minutos. Desenformar ainda quente <strong>de</strong>ixando na forma<br />

sobre o suflê até este esfriar.<br />

Tatiana Shaposhnikov<br />

ucraniana <strong>de</strong> O<strong>de</strong>ssa<br />

e que migrou para Israel<br />

em 1987 é uma das<br />

lí<strong>de</strong>res do time <strong>de</strong> vôlei<br />

do Rexona. Tali, como é<br />

conhecida, conquistou<br />

com habilida<strong>de</strong> técnica e<br />

carisma, o carinho das<br />

colegas e da gran<strong>de</strong> torcida<br />

curitibana do Rexona.<br />

Campeão da primeira<br />

etapa da Super Liga<br />

nacional, o Rexona teve<br />

em Tali uma das principais<br />

jogadoras do time, com <strong>de</strong>staque<br />

na competição.<br />

Com 25 anos e 1,83 metro <strong>de</strong> altura,<br />

tem orgulho <strong>de</strong> Israel e <strong>de</strong> ser<br />

israelense. Domina o inglês, o hebraico,<br />

o russo, o italiano e agora<br />

também o português. Jogou pela<br />

seleção israelense por três temporadas<br />

(94 a 96). Atuou no Hisamitsu<br />

(Japão), no CJD Berlin (Alemanha),<br />

no Warsi Palermo e no Reggio<br />

Calabria (Itália).<br />

Tali, que saiu <strong>de</strong> um país (Israel)<br />

com pouco mais <strong>de</strong> 24 mil km 2 e chegou<br />

num país-continente como o Brasil,<br />

com mais <strong>de</strong> 8 milhões <strong>de</strong> km 2 , evi<strong>de</strong>ntemente<br />

que ficou impressionada<br />

com as dimensões e as belezas naturais.<br />

A adaptação foi rápida, inclusive<br />

assimilando já o português. Gosta do<br />

povo brasileiro e adora Curitiba.<br />

Quanto a Israel, Tali, é claro,<br />

Lazanha<br />

<strong>de</strong> Pêssach<br />

Modo <strong>de</strong> fazer:<br />

Ingredientes:<br />

Refogar o fran-<br />

1 frango médio go em pedaços<br />

1 cebola gran<strong>de</strong> com todos os tem-<br />

1 kg <strong>de</strong> tomates<br />

peros. Desossar e<br />

<strong>de</strong>sfiar. Molhar as<br />

1 <strong>de</strong>nte <strong>de</strong> alho<br />

folhas <strong>de</strong> matsá<br />

folhas <strong>de</strong> matsá com água. Colo-<br />

sal, pimenta, louro car num pirex um<br />

pouco <strong>de</strong> azeite e<br />

fixar as folhas <strong>de</strong><br />

matsá e alternar<br />

com frango e molho. A ultima<br />

camada <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> molho.<br />

Levar ao forno para<br />

aquecer e servir em seguida.<br />

Tali nasceu na Ucrânia, é cidadã<br />

israelense e curitibana <strong>de</strong> coração<br />

Isac Baril<br />

preocupa-se com a situação<br />

<strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong>,<br />

com a segurança e a<br />

economia do país. E<br />

como todo israelense<br />

espera para breve uma<br />

<strong>de</strong>finição política, trazendo<br />

a paz esperada<br />

por ju<strong>de</strong>us e árabes. Ela<br />

admira o bom relacionamento<br />

entre árabes e<br />

ju<strong>de</strong>us aqui no Brasil e<br />

tem certeza que isso<br />

ocorrerá em Israel.<br />

Arad, uma cida<strong>de</strong><br />

com 15 mil habitantes, nas proximida<strong>de</strong>s<br />

do Mar Morto é on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong><br />

sua família (pai, mãe e irmão).<br />

Tali namora Vladislav, com quem<br />

preten<strong>de</strong> casar-se. Ele é russo e<br />

vive em Jerusalém.<br />

Seu contrato com o Rexona termina<br />

com a atual temporada da<br />

Super Liga, mas espera ficar jogando<br />

outros campeonatos, embora<br />

saiba das dificulda<strong>de</strong>s em manterse<br />

pelos problemas financeiros que<br />

sempre ocorrem entre as temporadas.<br />

Tali é judia convicta e praticante.<br />

Sente muito não po<strong>de</strong>r ir à sinagoga,<br />

principalmente no Cabalat<br />

Shabat, pois o calendário profissional<br />

a impe<strong>de</strong>, porque as competições<br />

são realizadas principalmente<br />

nos sábados. Outro exemplo <strong>de</strong> sua<br />

fé foi comprovada, quando Tali nos<br />

saudou pelo telefone com um caloroso<br />

Chag Sameach. Era Purim.


<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

A contagem do Omer<br />

O período do Omer, que dura<br />

sete semanas e se esten<strong>de</strong> até Shavuot,<br />

inicia-se na segunda noite <strong>de</strong><br />

Pêssach. Quarenta e nove dias separam<br />

estas duas datas e a Torá<br />

nos manda contar este período. A<br />

contagem é conhecida como Sefirat<br />

HaOmer.<br />

Esta contagem inicia-se com a<br />

saída do Egito e representa os 49<br />

graus <strong>de</strong> ascensão espiritual realizados,<br />

no <strong>de</strong>serto, pelos hebreus.<br />

Segundo o Talmud, no Egito os filhos<br />

<strong>de</strong> Israel haviam perdido não<br />

apenas a sua liberda<strong>de</strong> como também<br />

a sua espiritualida<strong>de</strong>.<br />

Encontravam-se no mais baixo<br />

nível <strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong> e os 49 dias<br />

serviram <strong>de</strong> preparo espiritual para<br />

que estivessem aptos a receber a<br />

Torá no Monte Sinai, a razão fundamental<br />

do êxodo.<br />

Este período <strong>de</strong> transição, que<br />

se iniciou com a saída do Egito, foi<br />

um tempo <strong>de</strong> profunda preparação<br />

para que, gradativamente, cada um<br />

pu<strong>de</strong>sse “crescer” e alcançar o nível<br />

<strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong> necessário.<br />

Era uma tarefa enorme a ser<br />

cumprida – fazer com que uma população<br />

escravizada e oprimida,<br />

que vivera centenas <strong>de</strong> anos sob a<br />

influência do paganismo egípcio,<br />

alcançasse os altos graus <strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong><br />

necessários para receber<br />

a Lei.<br />

D-us mostrou a Moisés como<br />

realizá-la. A cada dia, cada um dos<br />

Filhos <strong>de</strong> Israel <strong>de</strong>veria mudar só<br />

uma pequena faceta do <strong>de</strong> seu caráter.<br />

Deveria refinar um traço particular<br />

<strong>de</strong> sua personalida<strong>de</strong>. Assim,<br />

a cada dia cresceria um pouco, até<br />

chegar à elevação necessária para<br />

receber a Torá.<br />

Dizem nossos sábios que, em<br />

Pêssach, cada ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar<br />

como se ele mesmo tivesse sido<br />

Quarenta e nove passos para o crescimento pessoal<br />

libertado da escravidão do Egito.<br />

Mitzraym (Egito, em hebraico)<br />

significa estreito, limitado, um espaço<br />

pequeno. Representa os caminhos<br />

pelos quais nós, como indivíduos,<br />

dificultamos o nosso crescimento<br />

espiritual. Em cada palavra<br />

e letra da Torá há uma diretriz que<br />

nos ensina como buscar um crescimento<br />

interior e uma transformação.<br />

Quando a Torá nos manda “<strong>de</strong>ixar<br />

Mitzraym”, isto significa romper<br />

com nossas limitações, convertendo<br />

traços negativos em positivos, ir<br />

além <strong>de</strong> nossas limitações, maximizando,<br />

assim, o potencial espiritual<br />

que existe em cada um <strong>de</strong> nós.<br />

O crescimento físico chega ao<br />

fim numa certa ida<strong>de</strong>, mas o crescimento<br />

espiritual <strong>de</strong>ve continuar<br />

para sempre. A espiritualida<strong>de</strong> é<br />

uma escalada rumo ao infinito.<br />

Durante os 49 dias <strong>de</strong> Sefirat<br />

HaOmer nos é dada à oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> subir, passo a passo, a escada<br />

do crescimento emocional e do<br />

aprimoramento pessoal. A cada dia<br />

concentramos nossa atenção em<br />

uma das sete, subdivididas em sete,<br />

pois cada uma inclui <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si<br />

aspectos das <strong>de</strong>mais.<br />

As sete faculda<strong>de</strong>s emocionais<br />

<strong>de</strong> nossa alma são as Sefirot da<br />

emoção humana:<br />

• Chessed: Benevolência;<br />

• Guevurá: Força, julgamento, reclusão,<br />

pavor;<br />

• Tiferet: Beleza, harmonia;<br />

• Netzach: Perseverança, a vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vencer, conquistar:<br />

• Hod: Empatia, sincerida<strong>de</strong>, perseverança;<br />

• Yessod: União;<br />

• Malchut: Soberania, nobreza; a<br />

realização do potencial do homem.<br />

Cada um dos 49 dias tem sua<br />

própria energia espiritual. Penetramos<br />

ou canalizamos essa energia<br />

quando os examinamos e aprimoramos<br />

em nosso interior. Por isso,<br />

mencionamos a cada dia uma <strong>de</strong>ssas<br />

emoções e a sua subdivisão,<br />

por exemplo: o 1 o dia é Chessed<br />

Shebechessed – a bonda<strong>de</strong> que<br />

existe na bonda<strong>de</strong>; o 2 o dia é Guevurá<br />

Shebechessed – a severida<strong>de</strong><br />

ou o rigor que existe na bonda<strong>de</strong>.<br />

Após nos purificarmos em todas<br />

as 49 dimensões, estamos plenamente<br />

aptos a receber a Revelação<br />

Divina. Celebramos o recebimento<br />

da Torá já tendo adquirido por completo<br />

o aprimoramento <strong>de</strong> todas as<br />

nossas faculda<strong>de</strong>s emocionais.<br />

A contagem<br />

A contagem <strong>de</strong>ve ser sempre<br />

feita <strong>de</strong> pé, após o aparecer das<br />

estrelas, quando segundo a tradição<br />

judaica um novo dia começa. A contagem<br />

do Omer tem inicio com a<br />

recitação do Salmo 67, pois este<br />

contém alusões aos 49 dias da sefirá.<br />

Em seguida, diz-se a berachá:<br />

Baruch Ata A-do-nai, E-lo-henu<br />

Melech haolam, asher ki<strong>de</strong>shanu bemitsvotav,<br />

vetsivanú al sefirat HaOmer.<br />

Bendito és Tu, Eterno, nosso<br />

D-us, Rei do Universo que nos santificaste<br />

com Teus mandamentos e<br />

nos or<strong>de</strong>naste a contar o Omer.<br />

Em seguida, diz-se o número <strong>de</strong><br />

dias da contagem, como mostrava<br />

o exemplo.<br />

Se alguém esquecer em alguma<br />

noite <strong>de</strong> contar o Omer, po<strong>de</strong>rá<br />

fazê-lo no dia seguinte, sem dizer a<br />

berachá. Se esquecer novamente,<br />

po<strong>de</strong>rá continuar a contagem nos<br />

<strong>de</strong>mais dias sempre sem a berachá.<br />

O Omer po<strong>de</strong> ser contado em<br />

qualquer idioma, porém o costume<br />

é contá-lo em hebraico. A lista dos<br />

dias e informações mais <strong>de</strong>talhadas<br />

po<strong>de</strong>m ser encontradas em qualquer<br />

Sidur.<br />

7


8<br />

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Um gran<strong>de</strong> trabalho do diretor húngaro István Szabó contando a dramática história <strong>de</strong><br />

uma família judia-húngara. Um roteiro muito bem <strong>de</strong>senvolvido que mostra três gerações<br />

da família <strong>de</strong> Ivan Sonnenschein, (que também é o narrador) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos <strong>de</strong> 1828, até<br />

os dias <strong>de</strong> hoje. Ralph Fiennes, que anteriormente havia feito um militante nazista em A<br />

Lista <strong>de</strong> Schindler, interpreta vários personagens na família judia, até mesmo sofrendo os<br />

horrores do Holocausto. O interessante <strong>de</strong>sse filme é acompanhar a saga, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

dos personagens diante dos acontecimentos fictícios e também históricos que se<br />

suce<strong>de</strong>m. Confira...<br />

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- HOLOCAUSTO Meryl Streep e James Wood – (VHS)<br />

A indiferença<br />

Osias Wurman *<br />

É um gran<strong>de</strong> perigo para uma comunida<strong>de</strong> minoritária,<br />

a apatia política com relação aos acontecimentos internacionais<br />

que lhe dizem respeito. Refiro-me ao momento<br />

atual em que ju<strong>de</strong>us vem sendo assassinados pelo<br />

simples fato <strong>de</strong> serem ju<strong>de</strong>us. Disse o sábio Rei Salomão,<br />

em seu livro Eclesiastes, que “não há nada <strong>de</strong> novo<br />

abaixo do sol” ou seja: tudo se repete.<br />

O requinte <strong>de</strong> cruelda<strong>de</strong> da matança nas Cruzadas,<br />

na Inquisição, nos Pogroms e no Holocausto volta a acontecer<br />

em pleno século XXI. Os métodos são diferentes, porém<br />

o intuito é o mesmo: matar ju<strong>de</strong>us impiedosamente.<br />

Dizem os historiadores que no Holocausto, os campos<br />

<strong>de</strong> concentração foram edificados pelo ódio, mas as<br />

estradas que levavam à morte foram pavimentadas pela<br />

indiferença. É este sentimento terrível <strong>de</strong> insensibilida<strong>de</strong><br />

que <strong>de</strong>ve ser combatido em nossa comunida<strong>de</strong>, em<br />

todos os níveis: das crianças aos mais velhos; dos letrados<br />

aos menos cultos. Devemos reagir contra aqueles<br />

que atacam a violência <strong>de</strong> Ariel Sharon, no governo a<br />

apenas um ano, sem mencionar, sequer em seus comentários,<br />

a falsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Yasser Arafat que vem <strong>de</strong>sgraçando<br />

o povo palestino e seus vizinhos israelenses há 37<br />

anos. Reagir com <strong>de</strong>terminação quando um artigo num<br />

jornal é publicado contendo inverda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> forma ten<strong>de</strong>nciosa,<br />

enviando carta <strong>de</strong> protesto ao veículo contrapondo-se<br />

à opinião do autor.<br />

Não po<strong>de</strong>mos permitir que sejam divulgadas pela imprensa,<br />

notícias que provocam falsas expectativas, fruto<br />

das artimanhas dos inimigos <strong>de</strong> Israel e do povo ju<strong>de</strong>u.<br />

Refiro-me ao recente plano saudita, plantado no jornal<br />

The New York Times pelo príncipe her<strong>de</strong>iro Abdullah. Esta<br />

proposta pe<strong>de</strong> a <strong>de</strong>volução <strong>de</strong> todos os territórios ocupados<br />

após a guerra <strong>de</strong> l967. Isto inclui Jerusalém oriental,<br />

as colinas <strong>de</strong> Golan e os 260 assentamentos. Nada<br />

foi dito sobre o direito <strong>de</strong> retorno pretendido por Arafat e<br />

das compensações financeiras. Repentinamente a Arábia<br />

Saudita vira uma ilha <strong>de</strong> paz, num mar <strong>de</strong> sangue,<br />

ódio e <strong>de</strong>sentendimento. Na verda<strong>de</strong>, o maior financiador<br />

dos movimentos guerrilheiros e terroristas árabes, é<br />

o reino saudí. É <strong>de</strong> lá que partem os petrodólares para<br />

pagar os armamentos produzidos no Irã, e que são mandados<br />

clan<strong>de</strong>stinamente para os palestinos, ao movimento<br />

terrorista Hezbollah e para os suicidas do Hamas. Isto<br />

foi provado com a espetacular ação dos comandos israelenses<br />

ao aprisionarem, recentemente, o navio Karina<br />

com 50 toneladas <strong>de</strong> sofisticadas armas.<br />

Há poucos dias, um jornalista ju<strong>de</strong>u americano <strong>de</strong> 38<br />

anos, que <strong>de</strong>ixou sua esposa grávida nos Estados Unidos<br />

e partiu em missão profissional ao Paquistão, foi seqüestrado<br />

por um grupo <strong>de</strong> fundamentalistas islâmicos.<br />

O jovem Daniel Pearl permaneceu amordaçado recebendo<br />

ameaças <strong>de</strong> seus captores que pediam resgate até<br />

que <strong>de</strong>scobriram a oportunida<strong>de</strong> maior <strong>de</strong> saciar seus<br />

instintos vingativos: Daniel era ju<strong>de</strong>u. A partir <strong>de</strong>ste momento,<br />

nenhuma importância seria mais importante do<br />

que humilhar o inocente prisioneiro, filmado ao ser <strong>de</strong>golado,<br />

logo após <strong>de</strong>clarar: “Sou ju<strong>de</strong>u e meu pai é ju<strong>de</strong>u”.<br />

Daniel <strong>de</strong>spediu-se <strong>de</strong>ste mundo como fizeram os<br />

ju<strong>de</strong>us em Massada, nas praças públicas das inquisidoras<br />

Espanha e Portugal, nas ruas da Rússia czarista e<br />

nos campos <strong>de</strong> concentração nazistas: com um brado<br />

<strong>de</strong> fé judaica – um verda<strong>de</strong>iro Shemá Israel!<br />

E a nossa reação a tudo isto? Acor<strong>de</strong>m irmãos!<br />

* Osias Wurman é colaborador <strong>de</strong> opinião do jornal O Globo, Jornal<br />

do Brasil, e mais seis publicações da comunida<strong>de</strong> judaica.


Minha visita a Israel<br />

Em outubro <strong>de</strong> 1994 <strong>de</strong>sci em<br />

Tel-Aviv. Melhor dizendo, <strong>de</strong>scemos.<br />

Após semanas pela Grécia,<br />

Turquia e Egito, finalmente estávamos<br />

na Terra Santa! Eu e minha<br />

esposa Rosimara.<br />

Meu coração batia forte por<br />

várias razões: rever nossos queridos<br />

amigos Henrique (Neno) e<br />

Dina Kuchnir, que lá resi<strong>de</strong>m há<br />

quase três décadas; melhor enten<strong>de</strong>r<br />

in loco um povo heróico<br />

que sobrevive há milhares <strong>de</strong><br />

anos e que passei a admirar <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

criança quando lia a Bíblia (sou<br />

<strong>de</strong> origem evangélica, mas hoje<br />

me consi<strong>de</strong>ro um “livre pensador”);<br />

enten<strong>de</strong>r melhor um revolucionário<br />

ju<strong>de</strong>u chamado Jesus<br />

Cristo, que lutou contra as injustiças<br />

e propunha um Reino baseado<br />

na amorosida<strong>de</strong> e solidarieda<strong>de</strong><br />

entre pessoas e povos; conhecer<br />

monumentos históricos, pois<br />

amo a História. Aliás, se não fosse<br />

biólogo, certamente teria me <strong>de</strong>dicado<br />

à História como profissão.<br />

O que <strong>de</strong>stacar para vocês<br />

nessas quase duas semanas que<br />

lá permanecemos? Talvez alguns<br />

aspectos hilários e alguns outros<br />

mais sérios, sob os quais realmente<br />

sentimos algum temor. Entre<br />

esses últimos, recordamos um<br />

passeio noturno que fizemos com<br />

o casal Kuchnir numa movimentada<br />

rua turística <strong>de</strong> Jerusalém.<br />

Após <strong>de</strong>gustarmos excelentes<br />

vinhos numa aconchegante loja e<br />

jantarmos num excelente restaurante,<br />

retornamos ao hotel. No outro<br />

dia, no mesmo local e horário,<br />

ocorreu um atentado terrorista<br />

causando várias mortes, nos livramos<br />

por pouco! Sorte? Destino?<br />

Coincidência? Não sei explicar.<br />

Quando visitamos Eilat, o guia<br />

nos levou para conhecer as minas<br />

do Rei Salomão. Mais duas<br />

confusões à vista! No trajeto para<br />

as minas, o guia tomou um caminho<br />

<strong>de</strong> terra que fazia divisa com<br />

a Jordânia. Não me perguntem o<br />

porquê, bem que po<strong>de</strong>ria ter ido<br />

pelo asfalto. Pedi que parasse a<br />

Van para fotografar e filmar uma<br />

plantação <strong>de</strong> melões irrigada por<br />

finas mangueiras. Quando comecei<br />

a fotografar surgiram repentinamente,<br />

como saídos da terra,<br />

dois jipes com soldados fortemente<br />

armados. Minha esposa<br />

permanecia no carro com o guia.<br />

Tremi na base.<br />

Perguntaram em inglês meu<br />

nome e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vinha. Ao respon<strong>de</strong>r<br />

“I am Brazilian tourist”, baixaram<br />

as metralhadoras e começaram<br />

a rir! Só um turista brasileiro,<br />

gordo, <strong>de</strong> bermuda e boné com a<br />

aba virada para trás teria a idéia<br />

<strong>de</strong> parar ali para fotografar! Inofensivo,<br />

portanto. Pedi que conversassem<br />

com o guia, pois só ele<br />

é que po<strong>de</strong>ria explicar, porque es-<br />

colheu o trajeto. Levou uma bronca<br />

em hebraico da qual não entendi<br />

“patavina”! Nas minas do Rei<br />

Salomão ocorreu o que raramente<br />

ocorre na região: uma forte chuva<br />

que não se infiltrando nas areias<br />

do <strong>de</strong>serto, produziu uma verda<strong>de</strong>ira<br />

enchente.<br />

Se agora estou recordando essas<br />

paisagens marcantes é porque<br />

confusões dão sabor especial<br />

às viagens.<br />

E outros pontos <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque?<br />

Foram tantos para apenas doze<br />

dias <strong>de</strong> viagem que não tenho outra<br />

alternativa senão resumi-los.<br />

Descobri porque os Evangelhos<br />

dizem que Cristo andou sobre<br />

as águas no Mar da Galiléia.<br />

Eu também an<strong>de</strong>i! Melhor dizendo:<br />

quase an<strong>de</strong>i!<br />

Como? Por quê? Estava com<br />

uma forte queimadura alérgica na<br />

virilha e no escroto, aumentado <strong>de</strong><br />

tanto andar durante a estada em<br />

Israel e pelo calor sufocante.<br />

Quando a<strong>de</strong>ntrei nas águas do<br />

Mar Morto para a clássica fotografia,<br />

não <strong>de</strong>u outra! Salmoura naquele<br />

lugar e, queimado, é o pior<br />

dos infernos...! Senti-me como um<br />

personagem <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho animado<br />

caminhando sobre as águas...<br />

Jerusalém, o Muro das Lamentações,<br />

o Museu do Livro e o Museu<br />

do Holocausto estão latentes<br />

em minha memória. Cesaréia e<br />

as obras <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s também.<br />

Golan e os <strong>de</strong>liciosos vinhos, nem<br />

é bom falar. Visitamos também<br />

dois Kibutzim.<br />

Para terminar, gostaria <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar<br />

a competência do guia,<br />

Hayym Hazan, que ao final da viagem,<br />

me abraçou e chorou por ter<br />

encontrado um casal que o bombar<strong>de</strong>ou<br />

com milhares <strong>de</strong> perguntas,<br />

permitindo-lhe mostrar sua<br />

erudição e também recebendo a<br />

ternura típica <strong>de</strong> nós, brasileiros.<br />

Afinal, foram doze dias numa<br />

Merce<strong>de</strong>s Benz limusine, espaçosa<br />

o suficiente para <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />

cervejinhas geladas, boas piadas<br />

e muita música hebraica.<br />

Massada, apesar do calor <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> 40 graus Celsius, foi um<br />

momento difícil <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver. Ali<br />

se po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a síntese da história<br />

<strong>de</strong> luta e sobrevivência <strong>de</strong> um<br />

povo. Emocionei-me, chorei. Foi<br />

algo inesquecível.<br />

Quero voltar mais vezes. Há<br />

muito por <strong>de</strong>scobrir e apren<strong>de</strong>r<br />

num país que reúne transcendência<br />

e imanência.<br />

Meus votos são <strong>de</strong> amorosida<strong>de</strong><br />

em cada coração humano.<br />

Só assim alcançaremos a verda<strong>de</strong>ira<br />

Shalom<br />

Prof. Samuel Ramos Lago<br />

E-mail: apoio@lago.com.br<br />

www.lago.com.br<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

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10<br />

<strong>Visão</strong> panorâmica<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

A morte <strong>de</strong> Daniel<br />

O assassinato do jornalista Daniel Pearl, do Wall Street<br />

Journal, por muçulmanos paquistaneses, à primeira vista só<br />

engrossa o número <strong>de</strong> profissionais mortos em missão. No<br />

ano passado morreram uns 300 em todo o mundo. Mas no<br />

caso <strong>de</strong> Pearl, isso vai mais além. Ele teve sua garganta<br />

cortada não apenas porque era um jornalista, ou por ser norte-americano.<br />

Há um crescimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologias extremistas<br />

que se apresentam como sagradas e matam em nome da<br />

religião em busca do po<strong>de</strong>r. São o maior perigo que o mundo<br />

enfrenta. Os <strong>de</strong>z milhões <strong>de</strong> dólares pedidos pela vida <strong>de</strong><br />

Daniel não pagariam por ela. Ele foi morto por ser<br />

ju<strong>de</strong>u. Seu sacrifício foi um símbolo do ódio, alimentado pela<br />

<strong>de</strong>mência da fé distorcida que prega a matança <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us<br />

como solução. Assim como Hitler pregava a solução final. A<br />

mídia <strong>de</strong>via adotar um faixa negra <strong>de</strong> luto por Daniel.<br />

Site premiado<br />

O site do Beit Chabad do Brasil, www.chabad.org.br, acaba <strong>de</strong><br />

ser classificado Top 10 do Ibest <strong>de</strong> <strong>2002</strong>, o maior prêmio da internet<br />

brasileira, na categoria “Religião e esoterismo”. Por ser o único site<br />

judaico a concorrer ao prêmio, possui forte chance <strong>de</strong> chegar ainda<br />

a Top3 do Ibest, prêmio recebido em 2001. Para isto, as pessoas<br />

<strong>de</strong>vem continuar votando. É só acessar o site e clicar no logo do<br />

Ibest que se encontra na homepage com link para voto; o resultado<br />

final sairá no mês <strong>de</strong> maio.<br />

Eretz <strong>de</strong>l Este<br />

Yossi Groisseoign<br />

A cida<strong>de</strong> balneária uruguaia <strong>de</strong> Punta <strong>de</strong>l Este transformou-se<br />

num paraíso judaico durante o feriado <strong>de</strong> Natal e Ano Novo, recebendo<br />

milhares <strong>de</strong> turistas <strong>de</strong> São Paulo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Porto<br />

Alegre e até <strong>de</strong> Buenos Aires (os que tinham a poupança <strong>de</strong>baixo<br />

do colchão). Na cida<strong>de</strong> existem açougue e restaurante kosher, mikvah<br />

(para banhos rituais) e quatro sinagogas. Numa das orações durante<br />

o Cabalat Shabat, a maior das sinagogas chegou a registrar<br />

a presença <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 400 pessoas. Não era difícil ouvir<br />

conversas em iídiche na rua principal da cida<strong>de</strong> e até no cassino<br />

recém-inaugurado.<br />

BBB anti-semita<br />

Tivemos um caso <strong>de</strong> anti-semitismo propagado pela televisão,<br />

<strong>de</strong>nunciado por uma curitibana que assinou o pay-per-view da tv a<br />

cabo Net, da Globo, para ver o programa Big Brother Brasil. No dia<br />

5 <strong>de</strong> <strong>março</strong>, as 14h ela ligou a televisão. Umas cinco pessoas estavam<br />

no ar, em volta da piscina e um tal <strong>de</strong> Adriano, "artista plástico",<br />

estava soltando o verbo contra a política americana e contra Israel.<br />

Pior: falou ele da perseguição dos ju<strong>de</strong>us aos “pobres” palestinos e<br />

perguntou a seus companheiros se a “experiência” <strong>de</strong> perseguição<br />

aos ju<strong>de</strong>us não havia servido pra nada. Destilou veneno anti-semita<br />

durante 30 minutos. Vamos protestar junto a Globo? Vamos pedir<br />

que nossas entida<strong>de</strong>s representativas tomem alguma atitu<strong>de</strong>?<br />

O Leitor Escreve<br />

Câmara Brasil-Israel<br />

Aos amigos do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>,<br />

<strong>de</strong>sejamos muito sucesso nesta<br />

nova empreitada.<br />

Nissim Nigri - Secretário Executivo<br />

Câmara Brasil-Israel <strong>de</strong> Comércio e<br />

Indústria São Paulo - SP<br />

Museu Judaico<br />

Sem dúvida alguma o lançamento do<br />

jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> é uma notícia alvissareira.<br />

A comunida<strong>de</strong> israelita do<br />

Paraná está <strong>de</strong> parabéns por contar<br />

agora com um vínculo <strong>de</strong> comunicação,<br />

que temos certeza, aproximará os<br />

membros do ishuv local tornando-o<br />

mais forte e atuante. Beatzalahá.<br />

Max Nahmias<br />

Presi<strong>de</strong>nte do Museu Judaico<br />

PLETZ.com<br />

Olá vocês do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>: a<br />

direção do PLETZ.com <strong>de</strong>seja-lhes amplo<br />

sucesso neste empreendimento<br />

que engran<strong>de</strong>ce ainda mais a mídia judaica<br />

brasileira. Contem comigo no que<br />

precisar e coloco o Pletz à disposição<br />

como parceiro, seja na divulgação, seja<br />

no compartilhamento <strong>de</strong> conteúdo.<br />

Gustavo Erlichman<br />

Diretor do PLETZ.com - o seu site<br />

judaico http://www.pletz.com<br />

Sorte e vida longa<br />

Desejo vida longa e muita, muita sorte<br />

a mais esta excelente iniciativa <strong>de</strong><br />

nossa comunida<strong>de</strong> no Brasil. Fico <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

já inteira disposição, Shalom.<br />

José Luiz Goldfarb<br />

Diretor <strong>de</strong> Cultura <strong>Judaica</strong> <strong>de</strong><br />

‘A Hebraica’ - São Paulo<br />

Nahum Sirotsky<br />

Espero que vocês não imitem as <strong>de</strong>mais<br />

publicações judaicas que tanto<br />

espaço <strong>de</strong>dicam à vida em socieda<strong>de</strong>.<br />

Curitiba é orgulho do Brasil. Cui<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>la como cuidaram Ney, Saul, Jayme<br />

e tantos outros.<br />

Nahum Sirotsky, <strong>de</strong> Israel<br />

Votos <strong>de</strong> sucesso<br />

Olá pessoal! Quero <strong>de</strong>sejar muito sucesso<br />

nesta empreitada. Um gran<strong>de</strong><br />

abraço aos amigos Hana Kleiner, Sheilla<br />

Figlarz e Szyja Lorber.<br />

Marisa Blin<strong>de</strong>r, Curitiba.<br />

Apoio para o jornal<br />

Shalom!!! Parabenizamos vocês pela<br />

iniciativa da criação do jornal “<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>”.<br />

Po<strong>de</strong>m contar com nossa colaboração<br />

e apoio.<br />

Dina e Neno Kuchnir, <strong>de</strong> Israel<br />

Mais cumprimentos<br />

Meus cumprimentos aos i<strong>de</strong>alizadores.<br />

A logomarca e o nome do periódico ficaram<br />

excelentes. Não tenho dúvidas quanto<br />

ao conteúdo, que será consubstanciado<br />

na excelência dos criadores. Parabéns.<br />

Marco Alzamora, arquiteto - Curitiba<br />

Desejo <strong>de</strong> êxito<br />

Muito sucesso para vocês do jornal<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> é o que <strong>de</strong>sejo.<br />

Marian Krieger Epelzwajg, <strong>de</strong> Curitiba<br />

Congratulações ao VJ<br />

A direção do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />

também recebeu congratulações por<br />

carta e e-mail dos jornalistas<br />

Nadyesda Almeida, Reinaldo e Cláudia<br />

Bessa, Osias Wurman, Otávio Mesquita,<br />

Marcelo Rabinovitch, <strong>de</strong> São Paulo, Helena<br />

Kessel e Sandra Wahrhaftig <strong>de</strong> Curitiba, e<br />

<strong>de</strong> Nelson Wahrhaftig, <strong>de</strong> São Paulo, Sílvia<br />

e Aarão Perlov, <strong>de</strong> São Paulo, Ted Fe<strong>de</strong>r,<br />

também <strong>de</strong> São Paulo.


<strong>Visão</strong> <strong>de</strong> um turista aci<strong>de</strong>ntal<br />

Salomão Figlarz *<br />

Os nossos sábios sempre<br />

disseram que a alma <strong>de</strong> cada<br />

ju<strong>de</strong>u esteve presente, no Monte<br />

Sinai, quando da entrega dos<br />

Dez Mandamentos.<br />

Eu acredito! Particularmente<br />

posso afirmar com 100% <strong>de</strong> segurança<br />

que isto realmente aconteceu<br />

comigo.<br />

Vivíamos e trabalhávamos, se é<br />

que isto po<strong>de</strong> ser chamado <strong>de</strong> trabalho,<br />

em uma metrópole que atualmente<br />

conhecemos como Cairo.<br />

Dávamos um duro danado. Só para<br />

facilitar as coisas e refrescar um<br />

pouco a memória <strong>de</strong> todos que,<br />

eventualmente não estavam lá,<br />

digo para vocês que aquelas pequenas<br />

pirâmi<strong>de</strong>s foram levantadas<br />

com um certo esforço meu e<br />

da minha turma. Composta <strong>de</strong><br />

aproximadamente um 1 milhão e<br />

600 mil... é um exagero? Talvez eu<br />

tenha errado na conta... <strong>de</strong>viam ser<br />

uns 600 mil ju<strong>de</strong>us.<br />

Certo dia fomos surpreendidos<br />

com um convite do presi<strong>de</strong>nte da<br />

Kehilá (comunida<strong>de</strong>) da época, Dr.<br />

Moisés, para fazermos uma viagem<br />

diferente. Fiquei <strong>de</strong>sconfiado que<br />

alguém estava com pena da nossa<br />

equipe <strong>de</strong> trabalho, porém, naqueles<br />

dias o jornal, a televisão, e o<br />

rádio vinham informando, com insistência,<br />

que os egípcios sofreram os<br />

efeitos <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> pragas. Todos<br />

nós saímos ilesos <strong>de</strong>stes fenômenos.<br />

Cheguei rapidamente à conclusão<br />

que estava bem na hora da<br />

gente tirar umas férias.<br />

Somente nos informaram que iríamos<br />

conhecer umas terras que estavam<br />

sendo oferecidas: ninguém sabia<br />

quem estava oferecendo o dito terreno,<br />

nem o seu tamanho, nem<br />

on<strong>de</strong> estava localizado, nem o preço:<br />

era somente conhecida como “a<br />

terra que jorrava leite e mel”.<br />

No dia combinado, embarcamos<br />

em vários ônibus e partimos<br />

para o <strong>de</strong>sconhecido. Lembro perfeitamente<br />

<strong>de</strong> uma coisa que me<br />

<strong>de</strong>ixou bastante irritado: a velocida<strong>de</strong><br />

com que o motorista dirigia o<br />

- Capitulo I -<br />

Uma viagem<br />

fantástica com Josué<br />

dito ônibus. Até parecia que estávamos<br />

fugindo <strong>de</strong> alguém. Meu vizinho<br />

<strong>de</strong> banco, um tal <strong>de</strong> Mel<br />

Brooksman, não parava <strong>de</strong> dizer<br />

que estávamos entrando numa fria.<br />

Num dado momento, chegamos às<br />

margens do Mar Vermelho, <strong>de</strong>scemos<br />

dos ônibus para nos refrescar<br />

e vocês não vão acreditar o que<br />

aconteceu: fomos abandonados ali,<br />

a pé; a pé mesmo. Mais tar<strong>de</strong> nos<br />

explicaram o porque da pressa dos<br />

motoristas.<br />

Daí para frente todos sabem o<br />

que aconteceu. Foi tudo inacreditável,<br />

sobrenatural, divino! Neste ponto,<br />

faço uma interrupção: pêssach<br />

(páscoa judaica), tem transmitido<br />

nos últimos 3300 anos o ocorrido,<br />

com bastante competência, através<br />

da leitura da hagadá.<br />

Após vagarmos, digo passearmos,<br />

pelo <strong>de</strong>serto do Sinai durante<br />

40 anos, comendo manah o tempo<br />

todo, quase não nos lembrávamos<br />

mais do sabor das outras comidas,<br />

pois a agência <strong>de</strong> turismo<br />

que ven<strong>de</strong>u o pacote, no Egito,<br />

não nos orientou que não haveria<br />

muita variação no cardápio, sem<br />

contar que já estávamos loucos<br />

por um bom banho.<br />

Nestas alturas, já estava circulando<br />

um jornal da excursão nos informando<br />

tudo o que aconteceria<br />

dali para frente. Breve haveria uma<br />

série <strong>de</strong> ônibus nos esperando para<br />

dar continuida<strong>de</strong> à viagem.<br />

Pensei cá com meus botões: tomara<br />

que os motoristas <strong>de</strong>sta terra<br />

chamada Canaã, nesta altura a tal<br />

terra do leite e do mel já tinha nome,<br />

não sejam como os do Egito, e o<br />

mais importante: o comando da excursão<br />

passaria para Josué.<br />

Neste momento o tal do Mel<br />

Brooksman, voltou a falar: não te<br />

disse que a gente estava entrando<br />

numa fria? Ao invés <strong>de</strong> irmos para<br />

o Canadá, viemos para Canaã. Num<br />

ponto eu acho que ele tinha razão:<br />

pelo menos eu imagino que os vizinhos<br />

Sioux, Navajos, etc. nos dariam<br />

menos dor-<strong>de</strong>-cabeça.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

* Salomão Figlarz é arquiteto<br />

A Escola Israelita Brasileira Salomão<br />

Guelmann informa que já<br />

estão à disposição os produtos<br />

para o sê<strong>de</strong>r <strong>de</strong> pêssach, nos seguintes<br />

horários e local: <strong>de</strong> 2 a a<br />

6 a feira das 14h as 17h30 e domingo<br />

das 9h as 12h, à Rua Nilo<br />

Peçanha 664.<br />

A coletivida<strong>de</strong> foi presenteada<br />

com importante acervo cultural,<br />

formado pela biblioteca que pertenceu<br />

ao Sr. Bernardino Schulman<br />

e que foi doada pelos filhos<br />

Saul e Mauricio, num belo e nobre<br />

gesto.<br />

As arquitetas Fany Rotemberg,<br />

Mariana Schulman Muniz e Patrícia<br />

Teig, participando da Casa<br />

Cor <strong>2002</strong> com ambientes ousados<br />

e inovadores.<br />

Flavio Frankel em gran<strong>de</strong>s preparativos<br />

para a abertura do seu<br />

restaurante. Sucesso à vista,<br />

consi<strong>de</strong>rando seus atributos<br />

como chef <strong>de</strong> cuisine <strong>de</strong> padrão<br />

internacional.<br />

Sheila Rotemberg retorna a Curitiba<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> longo período em<br />

Israel. Aguardamos ansiosos po<strong>de</strong>r<br />

saborear suas especialida<strong>de</strong>s<br />

culinárias.<br />

Para recordar os feitos heróicos<br />

<strong>de</strong> Esther e Mor<strong>de</strong>chai, o Beit Chabad<br />

realizou um festivo jantar <strong>de</strong><br />

Purim e que contou com significativa<br />

participação da comunida<strong>de</strong>.<br />

Sejam bem-vindos o casal Clara<br />

e Jaminho Grymberg e suas filhas<br />

Joyce e Aliane e o jovem José Ariel<br />

Schartz Urbach que vieram integrar-se<br />

à nossa comunida<strong>de</strong>.<br />

O jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> informa aos<br />

dirigentes das entida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong><br />

israelita <strong>de</strong> Curitiba, que<br />

está colocando à disposição espaço<br />

para divulgação <strong>de</strong> seus calendários<br />

<strong>de</strong> eventos e ativida<strong>de</strong>s,<br />

assim como já fez esse mesmo<br />

oferecimento à Kehilá.<br />

11


<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

12<br />

Conheça a curitibana que é conselheira na AIE<br />

Família musical:<br />

Regina Beiguelman<br />

entre o marido, Noel e<br />

o filho Sérgio<br />

Gente Nossa<br />

Ela e a família vivem na Áustria e têm na música uma razão <strong>de</strong> vida<br />

Lembra da campanha institucional<br />

Bicho do Paraná? Aquela da TV<br />

que <strong>de</strong>stacava paranaenses <strong>de</strong> expressão<br />

no País e no exterior? Pois<br />

é, nossa comunida<strong>de</strong> israelita também<br />

tem os seus “bichos” e <strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong> vai procurar <strong>de</strong>stacá-los<br />

nesta e nas próximas edições. A<br />

curitibana Regina Beiguelman é a<br />

primeira a ser enfocada. Após 12<br />

anos sem ver sua cida<strong>de</strong> natal, ela<br />

junto com a família — o marido<br />

Noel Flores e o filho Sérgio, dois<br />

“bichos” à parte, expoentes da<br />

música na Europa — estiveram em<br />

Curitiba no início <strong>de</strong> fevereiro para<br />

“matar sauda<strong>de</strong>s”.<br />

Residindo em Viena, a belíssi-<br />

Foto VJ<br />

ma capital da Áustria, toda impregnada<br />

pelas valsas <strong>de</strong> Strauss e pela<br />

cultura musical, os três construíram<br />

suas vidas sobre os pilares <strong>de</strong>sse<br />

conjunto <strong>de</strong> harmonias da sonorida<strong>de</strong><br />

que conhecemos por música.<br />

Exímia pianista e com um bom currículo<br />

<strong>de</strong> concertos e prêmios, Regina<br />

segue também a carreira diplomática,<br />

trabalhando na embaixada<br />

em Viena, on<strong>de</strong> é conselheira da<br />

missão brasileira junto à Agência<br />

Internacional <strong>de</strong> Energia (AIE). O<br />

organismo atua com as Nações<br />

Unidas na área do controle da produção<br />

<strong>de</strong> energia atômica, na pesquisa<br />

e no emprego da energia para<br />

fins pacíficos e na assistência aos<br />

países que preten<strong>de</strong>m ingressar no<br />

chamado “Clube Atômico”. Além<br />

disso, a Agência oferece cursos técnicos,<br />

treinamento e bolsas <strong>de</strong> estudo<br />

na área <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>sse tipo<br />

<strong>de</strong> energia. Entre outras instituições,<br />

no Brasil, esse treinamento é<br />

oferecido por intermédio da Comissão<br />

Nacional <strong>de</strong> Energia Nuclear<br />

(CNEN). Regina é filha <strong>de</strong> Manoel<br />

Beiguelman, um dos fundadores da<br />

Cátedra <strong>de</strong> Odontologia da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, na década<br />

<strong>de</strong> 30, e <strong>de</strong> Maria Rosenmann,<br />

filha <strong>de</strong> Max Rosenmann,<br />

um dos pioneiros da comunida<strong>de</strong><br />

israelita <strong>de</strong> Curitiba.<br />

Em Curitiba, on<strong>de</strong> fez seus primeiros<br />

estudos, a jovem Regina freqüentou<br />

o Dror Habonim. O científico<br />

ela cursou no Colégio Estadual<br />

do Paraná. Estudou música com os<br />

professores João Paeck e Guilherme<br />

Fontainha. Formou-se na Escola<br />

<strong>de</strong> Música e Belas Artes do Paraná<br />

e aos 18 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, com<br />

um grupo <strong>de</strong> colegas foi para o Rio<br />

Janeiro para aprimorar os estudos<br />

musicais no Conservatório <strong>de</strong> Música<br />

e Canto Orfeônico, fundado por<br />

Heitor Villa Lobos e que ficava na<br />

Praia Vermelha (ficava, porque hoje<br />

já não existe mais). Desse grupo<br />

faziam parte, entre outros, Henrique<br />

Morozowicz, Sara Schulman e Cláudio<br />

Stresser, já falecido. Quem a<br />

convidou para ir ao Rio foi seu mestre<br />

Paeck. Ali teve como professores<br />

o próprio Villa Lobos e Andra<strong>de</strong><br />

Muricy, outro conhecido nome nos<br />

meios musicais. O curso durava três<br />

anos e formava professores <strong>de</strong> música,<br />

muito requisitados pelas escolas<br />

<strong>de</strong> ensino médio <strong>de</strong> todo o Brasil<br />

até alguns anos atrás.<br />

Ela fez ainda o curso da Proarte,<br />

em Petrópolis, obtendo medalha<br />

<strong>de</strong> ouro. Participou <strong>de</strong> concursos <strong>de</strong><br />

música como o Schwartzmann, em<br />

São Paulo, conquistando duas vezes<br />

o 2º lugar. Também obteve o 2º<br />

lugar no concurso Stepanow, em<br />

Viena, aon<strong>de</strong> chegou a tocar na famosa<br />

Brahmssaal. No Brasil, Regina<br />

<strong>de</strong>u aulas <strong>de</strong> música para moças<br />

até que conheceu o professor<br />

Hans Graf. Ele a convidou, juntamente<br />

com alguns brasileiros, para<br />

estudar, sob seu magistério, na Aca<strong>de</strong>mia<br />

<strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Viena.<br />

Ela guarda boas recordações<br />

das festas como Pêssach e Iom Kippur.<br />

“Na lembrança, as festas são sempre<br />

muito bonitas”, diz observando<br />

que o filho sempre lhe perguntava<br />

sobre o significado <strong>de</strong>las.<br />

NOEL FLORES<br />

Meados da década <strong>de</strong> 60. Os<br />

Beatles “estouravam” nas paradas<br />

<strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong> todo o mundo com<br />

sua pop music, hoje consi<strong>de</strong>rada<br />

por muitos um clássico mo<strong>de</strong>rno,<br />

inaugurando uma nova era e abrindo<br />

as portas para um estilo que seria<br />

seguido em massa pela juventu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> então. Em 61 Regina conheceu,<br />

em Viena, o estudante Noel,<br />

um indiano que falava português.<br />

Ele nascera em Goa, antiga colônia<br />

portuguesa encravada na Índia, cujos<br />

habitantes até hoje falam nossa<br />

língua. Estivera estudando Arquitetura,<br />

mas a família e os amigos notaram<br />

sua pendência para a música.<br />

Ganhou então uma bolsa <strong>de</strong><br />

estudos em Madrid, para estudar<br />

com a professora Julia Parody, que<br />

foi aluna <strong>de</strong> Busoni, músico e compositor<br />

famoso, Logo, também ganhou<br />

seu primeiro prêmio no Concurso<br />

Nacional <strong>de</strong> Piano da Espanha<br />

e foi para Viena aperfeiçoar-se<br />

nessa arte. Lá, formou-se em música,<br />

obtendo a distinção máxima do<br />

Ministério da Educação, hoje Ministério<br />

da Ciência, Educação e Cultura.<br />

Em 1969 ele e Regina se casaram.<br />

Em Viena, Noel estudou com<br />

Dieter Weber, <strong>de</strong> quem se tornou<br />

mais tar<strong>de</strong> assistente.Depois <strong>de</strong> conseguir<br />

vários prêmios em concursos<br />

internacionais, foi nomeado professor,<br />

em 1974, da Hochschule, e em<br />

1978 já passava a ser catedrático da<br />

escola que hoje é a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Música e Artes Dramáticas, que tem<br />

quatro mil alunos.<br />

Na universida<strong>de</strong>, Noel forma<br />

concertistas que vão para Viena<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estudarem em escolas <strong>de</strong><br />

música <strong>de</strong> seus países. É um nome<br />

respeitado nos meios musicais, tendo<br />

participado <strong>de</strong> cursos na Alemanha,<br />

na Finlândia, Japão e na Coréia.<br />

Tem sido membro <strong>de</strong> júris <strong>de</strong><br />

concursos internacionais como o <strong>de</strong><br />

Leeds, na Inglaterra, ou o Anton Rubinstein,<br />

em Israel e é um dos organizadores<br />

do Concurso Internacional<br />

Beethoven, em Viena. Já recebeu<br />

uma das maiores con<strong>de</strong>cora-<br />

ções do governo austríaco por mérito<br />

e serviços prestados ao país.<br />

Noel <strong>de</strong>senvolveu um método<br />

próprio para ensinar música, baseado<br />

nos princípios da yoga que ele<br />

pratica, em suas leituras sobre medicina,<br />

anatomia e também nas observações<br />

<strong>de</strong> que para tocar piano<br />

é preciso ter um certo preparo físico:<br />

toca-se com os braços estendidos,<br />

utilizando os <strong>de</strong>z <strong>de</strong>dos e em<br />

gran<strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>. Tudo isso afeta<br />

o corpo, e claro, tem conseqüências<br />

sobre a sonorida<strong>de</strong> produzida pelo<br />

instrumentista. O método, que ele<br />

<strong>de</strong>nomina “Body and Soul” (Corpo<br />

e Alma), ele aplica aos seus alunos,<br />

observando que o piano, como instrumento<br />

<strong>de</strong> percussão, sem o uso<br />

<strong>de</strong> uma técnica a<strong>de</strong>quada não se<br />

consegue transmitir exatamente o<br />

que se <strong>de</strong>seja. Ele explica ainda que<br />

existem pianistas que simplesmente<br />

batem nas teclas e o som sai<br />

“duro” e por isso as técnicas <strong>de</strong> relaxamento<br />

muscular não só melhoram<br />

a postura corporal, como faz a<br />

yoga, mas também o próprio som<br />

tirado do instrumento. Para Noel<br />

Flores, as possibilida<strong>de</strong>s da música<br />

são infinitas, assim como as possibilida<strong>de</strong>s<br />

da capacida<strong>de</strong> humana<br />

também são infinitas. Uma junção<br />

<strong>de</strong>ssas possibilida<strong>de</strong>s é a essência<br />

do método “Body and Soul”, resume<br />

ele, acrescentando que como na<br />

yoga, “isso é necessário para a libertação<br />

física do indivíduo”.<br />

Entre seus alunos, Noel tem alguns<br />

conhecidos em todo o mundo,<br />

como duas gêmeas da Turquia, ou<br />

a filha <strong>de</strong> Friedrich Gulda, um renomado<br />

musicista. Ele tem também<br />

uma aluna coreana que começou<br />

com 13 anos e atualmente está<br />

com 17. Seu nome é Erika Chun.<br />

Ele a consi<strong>de</strong>ra um prodígio e acredita<br />

que <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> pouco tempo<br />

atingirá a fama.<br />

Regina veio <strong>de</strong> uma família judia<br />

liberal e Noel <strong>de</strong> católicos liberais.<br />

Para ele são válidos todos os<br />

ensinamentos das duas religiões.<br />

Na Áustria, a fé predominante é a<br />

católica e embora o filho Sérgio tenha<br />

sido batizado católico, seus<br />

pais sempre lhe <strong>de</strong>ram total liberda<strong>de</strong>.<br />

Ele crê na existência <strong>de</strong> um<br />

D-us único, mas não segue nenhuma<br />

das duas religiões. Regina não<br />

mantém a tradição judaica, mas tem<br />

um profundo respeito pelos princípios<br />

humanistas.<br />

SÉRGIO<br />

Sérgio, o filho <strong>de</strong> Regina e Noel,<br />

não podia mesmo ser outra coisa a<br />

não ser músico também. Des<strong>de</strong><br />

pequeno, praticamente respirando<br />

música em casa e cercado por ela


<strong>de</strong> todos os lados em Viena, on<strong>de</strong><br />

nasceu há 25 anos atrás e fez seus<br />

primeiros estudos, ele acabou se<br />

apaixonando pela música. Como ele<br />

mesmo conta, crescendo em meio<br />

a um ambiente musical, ainda pequeno,<br />

<strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira, já dirigia sinfonias<br />

<strong>de</strong> Brahms. Quando tinha<br />

dois ou três anos, havia uma empregada<br />

brasileira em casa que tocava<br />

discos <strong>de</strong> samba na vitrola.<br />

Entre uma batida e outra, passou a<br />

interessar-se pelos instrumentos <strong>de</strong><br />

percussão. E o seu primeiro foi um<br />

bongô. O curso secundário foi completado<br />

numa escola pública fundada<br />

pela imperatriz Maria Tereza,<br />

on<strong>de</strong> estudaram personalida<strong>de</strong>s<br />

como o compositor Schubert, o escritor<br />

Hoffmannsthal e o Prêmio Nobel<br />

<strong>de</strong> Física Schroedinger, entre outros.<br />

Garoto juntou-se a uma banda<br />

on<strong>de</strong> tocava bateria e aos 12 anos<br />

ganhou do pai um teclado eletrônico<br />

que ficou um bom tempo guardado.<br />

A carreira <strong>de</strong> baterista foi interrompida<br />

pelas reclamações dos vizinhos<br />

durante os ensaios e assim o teclado<br />

acabou saindo do armário.<br />

Utilizando o teclado junto com o<br />

computador, Sérgio passou a fazer<br />

arranjos musicais. Depois <strong>de</strong> se formar,<br />

<strong>de</strong>cidiu estudar Direito, mas<br />

sempre permaneceu fiel à música<br />

e sua preferência era pela pop music.<br />

Mostrou os arranjos que fez a<br />

dois produtores na Áustria e um<br />

<strong>de</strong>les se interessou. Gravou seus<br />

primeiros discos, CD e vinil, que<br />

imediatamente dispararam nas paradas<br />

<strong>de</strong> sucesso na Inglaterra. A<br />

partir daí as portas se abriram para<br />

Passatempo<br />

5 LETRAS<br />

halel<br />

maror<br />

10 LETRAS<br />

motsi matsá<br />

ele. Fez remixes para dance music<br />

e uma música para a cantora Gloria<br />

Gaynor sob encomenda <strong>de</strong> uma<br />

gravadora alemã. Os ingleses se<br />

interessaram por vários arranjos e<br />

ele fez ainda músicas para Tina<br />

Turner, Donna Summer e Giorgio<br />

Moro<strong>de</strong>r, que musicou os filmes<br />

Flashdance, Top Gun e História<br />

Sem Fim. Moro<strong>de</strong>r foi ganhador do<br />

prêmio Emmy e <strong>de</strong> três Oscar.<br />

Fez também arranjos para Kylie<br />

Minouge, atriz e cantora neozelan<strong>de</strong>sa,<br />

sucesso na Europa e na América.<br />

Em 1999, com seu arranjo foi<br />

relançada a música Spinning<br />

Around que atingiu o 1º lugar nas<br />

vendas <strong>de</strong> discos na Inglaterra, em<br />

Portugal e na Austrália. Por ela, recebeu<br />

um disco <strong>de</strong> platina, que<br />

equivale a 400 mil discos vendidos<br />

só na Inglaterra, mas não sabe<br />

quantos ven<strong>de</strong>u no resto do mundo.<br />

Seu trabalho aten<strong>de</strong>u ainda arranjos<br />

para Tom Jones, o conjunto<br />

inglês Atomic Kitten e Henrique Iglesias,<br />

com a música Scape, além <strong>de</strong><br />

outros arranjos para Moro<strong>de</strong>r e para<br />

a companhia <strong>de</strong> discos Interscope.<br />

Todo esse sucesso, entretanto, <strong>de</strong>ixou-o<br />

com a vida um pouco agitada.<br />

No dia seguinte à entrevista<br />

para <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, bem cedo, ele<br />

tinha que estar no aeroporto para<br />

viajar a Miami aon<strong>de</strong> iria participar<br />

<strong>de</strong> uma conferência sobre<br />

música. Dias antes <strong>de</strong> vir para<br />

Curitiba, estava em Cannes, em<br />

outro evento do gênero.<br />

Assim como o pai, que <strong>de</strong>ixou a<br />

Arquitetura pela música, ele também<br />

trocou o Direito para <strong>de</strong>dicar-se a ela.<br />

Preencha o diagrama com as<br />

seguintes palavras que mostram<br />

a or<strong>de</strong>m do sê<strong>de</strong>r.<br />

6 LETRAS<br />

tsafun<br />

cadêsh<br />

nirtsá<br />

berach<br />

corêch<br />

carpas<br />

maguid<br />

7 LETRAS<br />

urchats<br />

yáchats<br />

rochtsá<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

ESPAÇO DIVERTIDO<br />

SEÇAO ENIGMA (Gentilmente cedido pela Revista Chabad News)<br />

PARA PRINCIPIANTES<br />

Aqui estão os quatro filhos<br />

para o sê<strong>de</strong>r. Seus nomes são:<br />

Shlomô, David, Ytschac e<br />

Moshê.<br />

Mas quem é quem?<br />

Eis algumas pistas. Você<br />

consegue <strong>de</strong>scobrir?<br />

PARA AVANÇADOS<br />

Acima estão os quatro<br />

filhos para o sê<strong>de</strong>r:<br />

Tsevi, Mor<strong>de</strong>chai,<br />

Shimon e Yaacov.<br />

Mas quem é o filho<br />

sábio? E quem é o<br />

perverso? Aqui vão<br />

algumas dicas para<br />

ajuda-lo a <strong>de</strong>scobrir,<br />

afinal, quem é quem:<br />

Os 4 filhos<br />

1. Shlomô esqueceu sua Hagadá<br />

para o sê<strong>de</strong>r.<br />

2. David está ao lado <strong>de</strong> um<br />

menino que não veste casaco<br />

nem gravata.<br />

3. Moshê está ao lado <strong>de</strong> Shlomô.<br />

4. Shlomô não tem Hagadá nem<br />

veste seus sapatos pretos<br />

novos.<br />

1. Yaacov não tem vinho para o sê<strong>de</strong>r<br />

2. Shimon, que está ao lado <strong>de</strong> Tsevi,<br />

nunca sonhou em vestir seus tênis<br />

para o sê<strong>de</strong>r.<br />

3. Tsevi se sente mal vestindo uma<br />

gravata.<br />

4. Mor<strong>de</strong>chai esta ao lado <strong>de</strong> um<br />

menino que não cortou seus cabelos<br />

conforme o pedido <strong>de</strong> sua mãe<br />

5. Shimon e Yaacov insistiram em ficar<br />

nas extremida<strong>de</strong>s.<br />

Avançados (da esquerda para a direita): Yaacov, Mor<strong>de</strong>chai, Tsvi e Shimo<br />

Principiantes (da esquerda para a direita): Ytschak, David, Shlomô e Moshê.<br />

13<br />

Você já<br />

<strong>de</strong>scobriu?<br />

Então escreva<br />

o nome <strong>de</strong><br />

cada menino<br />

na linha<br />

colocada em<br />

cima <strong>de</strong> suas<br />

cabeças.<br />

E então, você<br />

conseguiu?<br />

Agora escreva o<br />

nome <strong>de</strong> cada<br />

menino na linha<br />

colocada abaixo<br />

<strong>de</strong> seus pés. Para<br />

saber se acertou<br />

vire a pagina <strong>de</strong><br />

ponta cabeça e<br />

confira a resposta<br />

correta.


14<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

<strong>Visão</strong> indica livros<br />

1. Eichmann em Jerusalém – Hannah<br />

Arendt – Companhia das Letras<br />

Assistindo ao julgamento como correspon<strong>de</strong>nte da revista The New<br />

Yorker (na qual o livro foi originalmente publicado, ao longo <strong>de</strong> 1963),<br />

a filósofa alemã percebe que o caso Eichmann resume um gran<strong>de</strong><br />

dilema das socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas: como enfrentar o po<strong>de</strong>r da <strong>de</strong>struição<br />

do Estado burocratizado, capaz <strong>de</strong> transformar o exercício<br />

da violência homicida em mero cumprimento <strong>de</strong> metas e organogramas?<br />

Que valor ainda po<strong>de</strong> ter as noções <strong>de</strong> culpa e responsabilida<strong>de</strong><br />

num contexto tão insólito? Para dar conta <strong>de</strong>stes fenômenos,<br />

Arendt cunha o conceito <strong>de</strong> “banalida<strong>de</strong> do mal”, reflexão filosófica<br />

séria – garantia <strong>de</strong> seu interesse para um mundo ainda sacudido<br />

pela violência e pelo genocídio.<br />

2. Sombras sobre o rio Hudson – Isaac<br />

Bashevis Singer – Companhia das Letras<br />

Em razão do gran<strong>de</strong> valor <strong>de</strong> sua vasta obra literária, em iídiche, Isaac<br />

Bashevis Singer recebeu em 1978 o prêmio Nobel <strong>de</strong> Literatura. Este<br />

livro trata da história <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us da Europa Oriental que<br />

escapou do Holocausto e tenta recomeçar a vida em Nova York do<br />

pós-guerra. O sobrenatural, o misticismo, a charlatanice, o apelo do<br />

passado, a fé e a incredulida<strong>de</strong>, as i<strong>de</strong>ologias políticas, todas as possíveis<br />

vertentes das opções humanas encontram personagens que as<br />

representam no romance. A comédia humana orbitando ao redor das<br />

<strong>de</strong>mais sérias questões morais e intelectuais, exposta numa narrativa<br />

sem freios que i<strong>de</strong>ntifica e fun<strong>de</strong> narrador e personagens.<br />

3. Êxodo – Introdução <strong>de</strong> David Grossman<br />

– Editora Perspectiva Ltda<br />

No torvelinho dos acontecimentos no inicio do livro do Êxodo – a história<br />

da escravidão e da opressão dos filhos <strong>de</strong> Israel e da crescente<br />

animosida<strong>de</strong> entre os israelenses e os egípcios – infiltra-se uma outra<br />

história mais pessoal e mais pungente: um menino hebreu nasce e a<br />

mãe, para salvá-lo da morte <strong>de</strong>cretada pelo faraó a todos os filhos,<br />

coloca-o numa arca <strong>de</strong> juncos e solta-o na margem do rio Nilo. Lá,<br />

entre os juncos, a filha do rei do Egito o encontra. Ela imediatamente<br />

se dá conta <strong>de</strong> que se trata <strong>de</strong> “um dos meninos hebreus”, mas mesmo<br />

assim resolve criá-lo como filho; e é ela que lhe dá o nome <strong>de</strong> Moisés.<br />

É fascinante o entrelaçamento <strong>de</strong>ssa encantadora narrativa com o tempestuoso<br />

épico do nascimento <strong>de</strong> uma nação. De certo modo, essa é a<br />

estrutura do livro inteiro, uma tessitura quase ilusória dos contos <strong>de</strong><br />

fada com um severo código legal e religioso: a urdidura – cajados que<br />

se transformam em serpentes, um rei cruel e maligno, uma terra arruinada<br />

por uma praga <strong>de</strong> sapos; a trama – a transmissão da lei no Monte<br />

Sinai, o momento no qual o povo é unido a seu <strong>de</strong>stino. A leitura do<br />

livro Êxodo é carregada <strong>de</strong> tensão: entre a condição mais infeliz e “infantil”<br />

dos filhos <strong>de</strong> Israel, um povo física e espiritualmente escravizado,<br />

e o exaltado papel que D-us escolheu para eles, sem levar em<br />

consi<strong>de</strong>ração o ritmo <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento espiritual e moral. Talvez<br />

esta seja a jornada realmente exigente feita pelos filhos <strong>de</strong> Israel<br />

no livro do Êxodo: do clã à nação, da escravidão à liberda<strong>de</strong>.<br />

5. A noite – Elie Wiesel – Ediouro<br />

Prêmio Nobel da Paz em 1986, Elie Wiesel não<br />

passou apenas por humilhações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m racial.<br />

Viu <strong>de</strong> perto o mal personificado, testemunhou a<br />

morte <strong>de</strong> diversas pessoas, entre elas seus pais<br />

e sua irmã e percebeu o que homens são capazes<br />

<strong>de</strong> fazer em nome da sobrevivência diante<br />

da fome e da <strong>de</strong>sumanida<strong>de</strong>. A noite é um livro<br />

comovente e singular. Trata do Holocausto<br />

sob o enfoque <strong>de</strong> um sobrevivente, um personagem<br />

que sentiu na pele (e na alma!) o horror<br />

dos campos <strong>de</strong> concentração alemães.<br />

Narrado em primeira pessoa, o livro permite<br />

que o leitor tenha uma maior proximida<strong>de</strong> com<br />

a dor dos ju<strong>de</strong>us então prisioneiros e, em especial,<br />

com a dor e o sofrimento <strong>de</strong> Elie Wiesel.


Antonio Carlos da Costa Coelho *<br />

A mais nova proposta para um<br />

acordo <strong>de</strong> paz no Oriente Médio<br />

partiu <strong>de</strong> um príncipe saudita. Ainda<br />

ontem escrevia sobre a dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong> acordo<br />

mais aceitável para se por fim ao<br />

conflito israelo-palestino. É um assunto<br />

complicado: há uma história<br />

<strong>de</strong> meio século <strong>de</strong> conflitos; uma<br />

arraigada mentalida<strong>de</strong> anti-judaica<br />

entre os povos da região, os interesses<br />

dos países oci<strong>de</strong>ntais. E<br />

po<strong>de</strong>-se acrescentar ainda, o exibicionismo<br />

<strong>de</strong> alguns governantes<br />

árabes visando atrair a atenção do<br />

Oci<strong>de</strong>nte. Tudo isso dificulta a elaboração<br />

<strong>de</strong> uma nova proposta <strong>de</strong><br />

paz na região. Sempre que surge<br />

uma, é apenas mais uma, mais uma<br />

prorrogação do conflito, sem que se<br />

chegue a um fim positivo.<br />

Duas forças disputam a simpatia<br />

política na região: Estados Unidos<br />

e Europa. A primeira apoiando<br />

Israel, a segunda, apoiando, discretamente<br />

os palestinos. Isso fica<br />

evi<strong>de</strong>nte nos noticiários. As TVs européias<br />

reforçam o caráter beligerante<br />

<strong>de</strong> Israel, classificando suas ações<br />

como terroristas. A TV americana<br />

valoriza o combate ao terrorismo e<br />

o apoio <strong>de</strong> Bush à ação <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>fesa<br />

<strong>de</strong> Israel. A opção <strong>de</strong> apoio aos<br />

palestinos por parte dos países europeus<br />

não é <strong>de</strong> hoje, vem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

protetorado britânico na região.<br />

A proposta para se dar início a<br />

uma nova rodada <strong>de</strong> conversas faz<br />

pensar que há algo mais além do<br />

que uma tentativa <strong>de</strong> se chegar à<br />

paz. Tal proposta seria um novo ato<br />

do exibicionismo maneiroso que alguns<br />

governantes usam para atrair<br />

a proximida<strong>de</strong> e a simpatia dos<br />

EUA. Na atual situação em que se<br />

encontram os governos árabes, vale<br />

até abraçar o inimigo - o inimigo íntimo.<br />

É preciso comover a fera e levála<br />

pressionar Israel a um acordo.<br />

A condição inicial para o diálogo<br />

é a retirada das áreas ocupadas<br />

durante a Intifada II. Israel não <strong>de</strong>scartou<br />

a idéia. Sabe que tal proposta<br />

foi do agrado americano e que po<strong>de</strong>rá<br />

haver pressão para a sua aceitação.<br />

Caberá a Sharon, na segunda<br />

parte da conversa, impor suas<br />

condições. Ele sabe como jogar,<br />

e mesmo <strong>de</strong>scrente <strong>de</strong> um possível<br />

acordo, precisa <strong>de</strong>monstrar<br />

disposição para entrar na nova rodada<br />

<strong>de</strong> negociações.<br />

Por enquanto é a Tzahal que<br />

<strong>de</strong>ve sair das áreas ocupadas, e<br />

<strong>de</strong>pois? Arafat concordará em pren<strong>de</strong>r<br />

o pessoal do terror? Ele terá<br />

força para isso? Pelo visto, não. E<br />

os tais refugiados que estão nos<br />

países vizinhos? Qual solução se<br />

dará para eles? Arafat sabe que não<br />

po<strong>de</strong>rá fechar acordo sem o retorno<br />

daqueles tantos. O número <strong>de</strong><br />

refugiados é <strong>de</strong>sconhecido: ora é<br />

um, ora outro. É como dívida <strong>de</strong><br />

cartão <strong>de</strong> crédito, quanto mais se<br />

paga, mais se <strong>de</strong>ve. O caso dos refugiados<br />

nada mais é do que um<br />

trunfo <strong>de</strong> Arafat: ele sabe que não<br />

há solução, joga com números, explora<br />

os sentimentos humanitários<br />

das organizações internacionais, e<br />

ainda, ganha a simpatia do seu público,<br />

pois ao insistir nesse item da<br />

pauta <strong>de</strong> negociações, solidariza-se<br />

com cada mãe, pai, irmão, tio, que<br />

têm parentes num outro país.<br />

O fato da proposta ter partido <strong>de</strong><br />

um príncipe da família Saud, também<br />

<strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado. Qual é<br />

o grau <strong>de</strong> aceitação popular da família<br />

real saudita no contexto atual?<br />

As organizações terroristas representam<br />

as camadas populares do<br />

povo árabe. Elas têm a simpatia dos<br />

religiosos e do pessoal das ruas,<br />

dos mercados, on<strong>de</strong> a palavra forte<br />

vem das li<strong>de</strong>ranças islâmicas que,<br />

por sua vez, pregam contra os ditadores<br />

que um dia estiveram ou ainda<br />

estão aliados aos governos oci<strong>de</strong>ntais.<br />

As organizações terrorista<br />

não acataram os acordos anteriores,<br />

opuseram-se às inúmeras propostas<br />

<strong>de</strong> trégua, acatariam agora<br />

uma proposta vinda da casa real<br />

saudita que sempre manteve relações<br />

com o Oci<strong>de</strong>nte?<br />

A entrega da áreas reivindicadas<br />

pelos palestinos teria como contrapartida<br />

o reconhecimento do Estado<br />

<strong>de</strong> Israel. Ótimo! E a educação<br />

dada às crianças árabes em todos<br />

esses anos, teriam seus efeitos<br />

anulados, ou ficariam congelados<br />

até a próxima oportunida<strong>de</strong>? E o<br />

efeito da insistente publicida<strong>de</strong> antijudaica<br />

na TV seria neutralizado?<br />

Como? As crianças árabes esqueceriam<br />

tudo e passariam a aceitar<br />

Israel como o bom vizinho on<strong>de</strong> elas<br />

fariam intercâmbios estudantis?<br />

Mas, se a proposta partiu do<br />

lado árabe, não aceitá-la, a princípio,<br />

seria um erro político. Seria visto<br />

como um gesto <strong>de</strong> má vonta<strong>de</strong><br />

por parte <strong>de</strong> Israel. Então, é preciso<br />

valorizá-la, mesmo que a experiência<br />

antecipe o fracasso. Mesmo<br />

que se saiba que isto dará fôlego a<br />

Arafat, e que ele fará as suas peregrinações<br />

costumeiras, como sempre<br />

faz quando as coisas se complicam.<br />

Com ar <strong>de</strong> moço bom, irá<br />

aos governantes europeus, ao Bush<br />

e ao Papa, buscando apoio, mostrando-se<br />

insatisfeito com os atos<br />

<strong>de</strong> terror e prometendo, <strong>de</strong>sta vez,<br />

combate-los com mãos fortes.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

A nova proposta <strong>de</strong> paz<br />

Sharon, por sua vez, fará todo<br />

esforço pela manutenção da integrida<strong>de</strong><br />

do Estado. Não permitirá ser<br />

colocado em cheque pelas ambições<br />

políticas dos exibicionistas<br />

árabes e não dará crédito a uma<br />

população educada para odiar mais<br />

do que construir. A contrapartida<br />

oferecida pelos árabes — o reconhecimento<br />

formal do Estado <strong>de</strong> Israel<br />

— é animadora, mas é preciso<br />

que seja real e permanente, sob pena<br />

<strong>de</strong> se prorrogar o conflito para uma<br />

nova Intifada num futuro próximo.<br />

Todavia, não se po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se chegar ao fim<br />

<strong>de</strong>sse doloroso conflito. Apesar da<br />

experiência apontar para o insucesso<br />

das negociações, mesmo que se<br />

saiba que não haverá paz sólida, e<br />

que será preciso que essa geração<br />

<strong>de</strong> crianças educadas no ódio passe,<br />

é preciso tentar. Por mais que<br />

Estão avançadas as obras <strong>de</strong> reforma e<br />

ampliação do Centro Israelita do Paraná<br />

(CIP), segundo constatou a reportagem do<br />

jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. Todo o prédio principal,<br />

a área das piscinas, o ginásio <strong>de</strong> esportes,<br />

as quadras <strong>de</strong> tênis e a novo acesso parecem<br />

um enorme canteiro <strong>de</strong> obras, conforme<br />

as fotos que mostramos com exclusivida<strong>de</strong><br />

para os leitores. Até o final <strong>de</strong>ste mês já <strong>de</strong>verá<br />

estar concluída e entregue ao uso a rampa<br />

<strong>de</strong> acesso pela Travessa Coronel Agostinho<br />

<strong>de</strong> Macedo (a entrada pela Rua Mateus<br />

Leme será fechada e a área <strong>de</strong> servidão <strong>de</strong>volvida<br />

aos seus proprietários).<br />

Junto com a rampa <strong>de</strong> acesso também serão<br />

entregues a nova guarita com portaria e<br />

os portões <strong>de</strong> segurança. Outra parte que <strong>de</strong>verá<br />

estar concluída até o final <strong>de</strong> <strong>março</strong>, ou<br />

antes até, é o Ginásio <strong>de</strong> Esportes que ficará<br />

totalmente reformulado, com novo telhado, o<br />

piso <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira marfim, muito mais apropriada<br />

para a quadra, mais flexível e dinâmico.<br />

Uma novida<strong>de</strong>: toda a cancha será protegida<br />

com tela. Além disso, já foram concretadas<br />

as novas arquibancadas laterais, e o conjunto<br />

ganhará novos vestiários e sanitários que<br />

se duvi<strong>de</strong> — uma justa dúvida —<br />

ainda vale a esperança. Afinal, o Estado<br />

<strong>de</strong> Israel foi construído para a<br />

paz. Foi pelas mãos dos imigrantes<br />

que, na esperança <strong>de</strong> uma vida melhor,<br />

longe das perseguições e das<br />

guerras, com o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> viver mais<br />

intensamente o judaísmo na terra<br />

<strong>de</strong> seus antepassados, <strong>de</strong>ram o<br />

melhor <strong>de</strong> si para ver realizado o<br />

sonho <strong>de</strong> um estado <strong>de</strong>mocrático,<br />

aberto às diferentes origens e tradições<br />

<strong>de</strong> um só povo. E foi também,<br />

pelo empenho <strong>de</strong> todos aqueles<br />

que, mesmo sem ter feito aliah,<br />

<strong>de</strong>dicaram esforços e esperanças,<br />

para a construção <strong>de</strong> Israel. Toda e<br />

qualquer indisponibilida<strong>de</strong> para a<br />

paz seria naturalmente rejeitada<br />

pela socieda<strong>de</strong> israelense e pela comunida<strong>de</strong><br />

judaica universal, por ser<br />

essa, uma contradição às razões da<br />

existência <strong>de</strong> Israel.<br />

15<br />

*Antônio Carlos<br />

da Costa Coelho<br />

é professor e<br />

assessor do<br />

Governo do<br />

Paraná<br />

Ginásio <strong>de</strong> Esportes e novo<br />

acesso ao CIP estão quase prontos<br />

O engenheiro Noêmio Hendler (D) superviona as obras<br />

do novo acesso<br />

fotos VJ<br />

Aspecto do Ginásio <strong>de</strong> Esportes com a nova quadra<br />

e arquibancadas já concretadas<br />

servirão também aos usuários das quadras<br />

<strong>de</strong> tênis. E também sala para o Departamento<br />

esportivo do CIP, bar e <strong>de</strong>pósitos para materiais<br />

esportivos.<br />

Como se sabe, todo empreendimento da<br />

nova se<strong>de</strong> do CIP, envolvendo um gran<strong>de</strong><br />

projeto arquitetônico <strong>de</strong> Júlio Pechman foi<br />

<strong>de</strong>cidido pela comunida<strong>de</strong> israelita <strong>de</strong> Curitiba,<br />

objetivando não só renovar a se<strong>de</strong>, mas<br />

oferecer maior conforto e equipamentos para<br />

todos os seus associados, especialmente os<br />

jovens. O projeto, cuja previsão preliminar<br />

<strong>de</strong>ve durar até o final do ano, integra também<br />

um novo edifício, construído sobre a parte<br />

do antigo estacionamento, que abrigará<br />

uma mo<strong>de</strong>rna e ampla sinagoga, além <strong>de</strong><br />

outros <strong>de</strong>partamentos da Kehilá.<br />

As obras estão sendo tocadas pela empresa<br />

Dória Construções, sob a fiscalização<br />

do engenheiro Roberto Ravaglio. O engenheiro<br />

Noêmio Hendler supervisiona os trabalhos<br />

pela Kehilá e a coor<strong>de</strong>nação das obras do<br />

novo Centro Israelita está a cargo <strong>de</strong> Eduardo<br />

Schulman e Jean Pierre Akiva Brami (Kive).


16<br />

* Yossef<br />

Dubrawsky é<br />

rabino do<br />

Beit Chabad<br />

Curitiba<br />

* Sami<br />

Goldstein é<br />

professor e<br />

lí<strong>de</strong>r espiritual<br />

da Sinagoga<br />

Francisco<br />

Frischmann,<br />

<strong>de</strong> Curitiba<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

Carta a alguém que quer ser feliz<br />

Sami Goldstein*<br />

Meu amigo,<br />

Kafka conta a história sobre um<br />

homem que chega à porta da felicida<strong>de</strong>.<br />

Seu passo é firme e <strong>de</strong>cidido.<br />

Uma força invisível parece atraílo<br />

até ali. Era, <strong>de</strong> fato, sua porta da<br />

felicida<strong>de</strong>. Entretanto, enquanto se<br />

aproxima cheio <strong>de</strong> esperança, surge<br />

o guardião que, admirado e<br />

olhando-o fixamente, põe-se na sua<br />

frente. E como era amedrontador...<br />

Nosso homem fica um pouco<br />

perplexo, <strong>de</strong>sconcentrado e sem<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reação. Depois <strong>de</strong><br />

vacilar por alguns instantes, sentase<br />

no chão e fica pensativo, ensimesmado.<br />

E assim passa um bom<br />

tempo... Em seguida, começa a<br />

olhar ao seu redor, curioso: a porta,<br />

as janelas, o prédio, como se<br />

buscasse um modo <strong>de</strong> entrar e enganar<br />

o guardião. Nenhuma solução<br />

parece suficiente. Nervoso,<br />

luta com o <strong>de</strong>sejo, a dúvida, a in<strong>de</strong>cisão...<br />

E vai embora.<br />

Passam-se os anos e todos os<br />

dias o homem caminha em direção<br />

à porta da felicida<strong>de</strong>. Quantas maravilhas<br />

<strong>de</strong>veriam estar aguardando<br />

apenas pelo momento em que<br />

Pêssach<br />

O êxodo sempre presente<br />

Yossef Dubrawsky *<br />

A celebração <strong>de</strong> Pêssach é tão<br />

importante no judaísmo, que todos os<br />

dias somos solicitados a lembrar que<br />

“em cada geração uma pessoa <strong>de</strong>ve<br />

consi<strong>de</strong>rar a si mesma como se ela<br />

mesma tivesse saído do Egito”.<br />

O Rebe, em suas mensagens,<br />

nos coloca um dilema. De que tipo<br />

<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> falamos quando os ju<strong>de</strong>us<br />

saíram do Egito: a libertação da<br />

escravidão foi condicionada apenas<br />

à obediência a D-us. Quando observamos<br />

a Torá e as 613 mitsvot, parece-nos,<br />

à primeira vista, um jugo pesado,<br />

algo a nos cercar durante todos<br />

os minutos <strong>de</strong> nossa vida.<br />

Para o homem, liberda<strong>de</strong> física, satisfação<br />

das necessida<strong>de</strong>s materiais,<br />

porém sem preencher as aspirações<br />

intelectuais, seria uma privação terrível.<br />

Mesmo assim, também a realização<br />

intelectual não representa a<br />

verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong> para um ju<strong>de</strong>u.<br />

Devemos levar em consi<strong>de</strong>ração<br />

que a alma <strong>de</strong> um ju<strong>de</strong>u é parte <strong>de</strong><br />

D-us; a verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />

ju<strong>de</strong>u só é conseguida quando sua<br />

alma po<strong>de</strong> unir-se à sua fonte, D-us,<br />

através da Torá e do cumprimento das<br />

mitsvot. Formam um suave caminho,<br />

porque a busca se resume a nosso<br />

potencial interior, buscando forças<br />

com as quais nascemos e crescemos.<br />

Entretanto, o mais difícil, a rota,<br />

as metas, o norte que procuramos<br />

está na Torá, um tesouro que não<br />

nos foi encoberto, mas sim revelado<br />

e em cujas palavras sempre novas<br />

luzes iluminam cada vez mais a escuridão<br />

da galut.<br />

A Torá e as mitsvot nos dão o livre<br />

arbítrio para crescer sempre mais,<br />

nos elevarmos mais, melhorar o mundo<br />

à nossa volta, alcançando a verda<strong>de</strong>ira<br />

liberda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolvendo<br />

todo o nosso potencial físico e espiritual,<br />

e esta é a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> D-us, que<br />

nos quer como construtores <strong>de</strong> sua<br />

morada no mundo físico.<br />

Um tema chave na história <strong>de</strong><br />

Pêssach é a pressa: os filhos <strong>de</strong> Israel<br />

são <strong>de</strong>scritos como havendo “fugido”<br />

do Egito; a matsá é o pão que<br />

não fermentou porque fomos expulsos<br />

do Egito e não podíamos nos retardar;<br />

e o Korban Pêssach (a Oferenda<br />

Pascal), a chave para a re<strong>de</strong>nção<br />

e o eixo ao redor do qual gira toda<br />

a festivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pêssach, era comido<br />

“com pressa”. A pressa <strong>de</strong> Pêssach<br />

atravessasse pela soleira. Mas lá<br />

está o guardião, imponente como<br />

uma resistente muralha.<br />

O tempo não perdoa e o homem,<br />

já muito velho e doente, sente-se<br />

esmorecido. Quem sabe esse<br />

seu estado inspire compaixão ao<br />

guardião e o <strong>de</strong>ixe entrar... Assim,<br />

reunindo as últimas forças, aproxima-se<br />

da porta e pergunta com<br />

voz moribunda:<br />

- Se esta é a porta da minha<br />

felicida<strong>de</strong>, por que nunca me<br />

<strong>de</strong>ixou entrar?<br />

E o guardião, surpreso, retruca:<br />

- Mas você nunca me pediu...<br />

Felicida<strong>de</strong>... Poucas letras que<br />

contém <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si o segredo da<br />

existência humana. É uma palavra<br />

que precisa ser pensada, para não<br />

a termos como poesia separada da<br />

realida<strong>de</strong>. Vale lembrar que o direito<br />

à felicida<strong>de</strong> é assegurado pela<br />

Declaração dos Direitos do Homem,<br />

aprovada pela Organização da Nações<br />

Unidas. Muito antes disso, já<br />

advertia a Torá sobre como as pessoas<br />

tristes seriam punidas, “pois<br />

você não serviu ao Eterno com alegria<br />

e com o coração feliz” (Deuteronômio<br />

28:47). Portanto, embora<br />

enfatiza que a vida, para o ju<strong>de</strong>u,<br />

nunca mais será uma experiência<br />

imóvel e passiva que foi para a tribo<br />

<strong>de</strong> escravos hebreus sob o cativeiro<br />

egípcio.<br />

A pressa com que aconteceu o<br />

primeiro Se<strong>de</strong>r no Egito se expressou<br />

<strong>de</strong> três maneiras: cinturas cingidas,<br />

sapatos nos pés e cajados em<br />

suas mãos. O Rebe nos explica que<br />

estes atos correspon<strong>de</strong>m às três dimensões<br />

do movimento através da<br />

vida: nosso próprio <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

nosso efeito sobre nossa comunida<strong>de</strong><br />

e nosso papel no mundo.<br />

A cintura (os quadris), que são a<br />

base do corpo, representam o ser humano<br />

como um todo.<br />

Pés calçados são os meios <strong>de</strong> locomoção<br />

<strong>de</strong> uma pessoa, com os<br />

quais viajamos do interior <strong>de</strong> nosso<br />

ser para influir em lugares e indivíduos<br />

que estão mais longe <strong>de</strong> um “pé<br />

<strong>de</strong>scalço”, uma personalida<strong>de</strong> presa<br />

ao seu espaço.<br />

O cajado representa a convicção<br />

própria do homem <strong>de</strong> que nada é impossível,<br />

que sempre po<strong>de</strong>mos encontrar<br />

uma maneira <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r<br />

nosso alcance mais além que a dis-<br />

amemos a poesia, não se trata <strong>de</strong><br />

suspirar pelo impossível, como alguns<br />

enten<strong>de</strong>m ser a poesia.<br />

A felicida<strong>de</strong> só é impossível<br />

àqueles que temem lançar-se ao<br />

<strong>de</strong>safio <strong>de</strong> buscá-la. Não a vejo<br />

como um objetivo, mas como um<br />

i<strong>de</strong>al. Não é uma situação, mas uma<br />

<strong>de</strong>cisão. Talvez não a conquistemos,<br />

mas teremos iniciado o caminho<br />

rumo ao seu encontro. E, principalmente,<br />

teremos dado um sentido,<br />

uma razão à nossa vida. É<br />

melhor fechar-se numa concha e<br />

<strong>de</strong>sistir da felicida<strong>de</strong> pelo puro<br />

medo do <strong>de</strong>sconhecido? É verda<strong>de</strong>:<br />

a felicida<strong>de</strong> traz consigo o sabor<br />

do <strong>de</strong>sconhecido. Passamos<br />

inúmeras vezes durante nossa existência<br />

por portas da felicida<strong>de</strong>. Queremos<br />

saber o que há lá <strong>de</strong>ntro; se<br />

realmente vale a pena. Imaginamos<br />

mil coisas e esperamos que ela se<br />

abra para nós com todas as garantias,<br />

pois somos merecedores. Com<br />

isso, esquecemos do essencial:<br />

pedir para entrar. O problema não<br />

é quem merece ou <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> merecer,<br />

mas quem toma uma atitu<strong>de</strong><br />

e corre atrás do que acredita e<br />

quer para si! E per<strong>de</strong>mos nossa<br />

chance, pelo mero receio <strong>de</strong> superar<br />

B"H<br />

tância <strong>de</strong> nosso braço natural, nosso<br />

próprio conhecimento.<br />

A festivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pêssach nos traz<br />

a força para atingir a verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong>.<br />

O primeiro passo é nos livrarmos<br />

dos “ídolos”, nos livrarmos da <strong>de</strong>pendência<br />

<strong>de</strong> “o que o mundo pensa<br />

e no que o mundo crê”.<br />

O povo, a entida<strong>de</strong> nascida em<br />

Pêssach, era um “ser” que não se <strong>de</strong>fine<br />

como uma socieda<strong>de</strong> nem pela<br />

aparência intelectual, emocional ou<br />

física, senão pela faísca <strong>de</strong> Divinda<strong>de</strong><br />

que é a essência do homem. E esta<br />

faísca emana da Torá e em cada uma<br />

das mitsvot <strong>de</strong>legadas a nós ju<strong>de</strong>us.<br />

Neste ano <strong>de</strong> <strong>5762</strong>, no dia 11 <strong>de</strong><br />

<strong>Nissan</strong> (24 <strong>de</strong> <strong>março</strong>), estaremos comemorando<br />

o centenário do nascimento<br />

do Rebe <strong>de</strong> Lubavitch, o lí<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> nossa geração. Ele soube, com<br />

ações e ensinamentos, nos ensinar<br />

o caminho da “saída do Egito”, rumo<br />

à verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong>, à conexão<br />

com a faísca Divina existente em<br />

cada ju<strong>de</strong>u. A Torá é real, é a Torá da<br />

vida, que nos guia ainda nos dias <strong>de</strong><br />

hoje, para a verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong>,<br />

para sermos somente servos <strong>de</strong><br />

D-us e <strong>de</strong> ninguém mais!<br />

nossos próprios limites. Meu amigo,<br />

muitas outras portas po<strong>de</strong>rão abrirse<br />

para você, mas talvez aquela se<br />

feche para sempre.<br />

A felicida<strong>de</strong> não é um prêmio; é<br />

uma escolha e ainda mais: um verda<strong>de</strong>iro<br />

atrevimento. Afonso Duarte<br />

<strong>de</strong> Barros dizia “felizes os que sonham,<br />

ainda que não possam realizar<br />

os sonhos.” Às vezes precisamos<br />

<strong>de</strong>ixar o passado para sonhar<br />

– mesmo sabendo que talvez não<br />

tenhamos as asas necessárias para<br />

alcançar as nuvens da felicida<strong>de</strong> –,<br />

mas tudo nesta vida tem seu preço.<br />

A questão é: arcamos com os custos<br />

<strong>de</strong> nossa felicida<strong>de</strong> ou não?<br />

Deixemos o velho <strong>de</strong> fora e abramos<br />

espaço para o novo. Assuma<br />

um compromisso comigo hoje e<br />

diga a si mesmo: eu vou ser feliz!<br />

Meu amigo, estarei aqui esperando<br />

pelo seu sucesso. Pois mesmo<br />

que fracasse, será um vencedor<br />

por apenas ter tentado. Faça <strong>de</strong><br />

sua poesia uma história viva e repleta<br />

<strong>de</strong> momentos felizes. Sempre<br />

haverá um amigo a apoiá-lo, palmas<br />

abertas a felicitá-lo e um braço estendido<br />

a consolá-lo. Afinal, não há<br />

quem feche a porta da amiza<strong>de</strong>.<br />

Boa sorte!


Nahum Sirotsky *<br />

Raramente aceito escrever<br />

para publicações comunitárias em<br />

geral. Passei a vida empenhado<br />

em escrever o que penso do que<br />

observo, sem consi<strong>de</strong>rar i<strong>de</strong>ologias<br />

ou crenças. Não minto se<br />

digo que sou objetivo, pois isto<br />

não existe na observação da vida<br />

do homem. Todos enxergamos<br />

com os próprios olhos e ouvimos<br />

com os próprios ouvidos. Nunca<br />

me canso <strong>de</strong> visitar o Museu do<br />

Prado, em Madrid, sempre que<br />

passo pela cida<strong>de</strong>. Vou rever os<br />

Goyas que já vi incontáveis vezes<br />

e, a cada vez, <strong>de</strong>scubro que não<br />

vi bem. Há poetas, como Rilke,<br />

Elliot, cuja sabedoria jamais alcanço.<br />

E releio sempre. Nunca me<br />

canso dos compositores barrocos<br />

cuja mensagem procuro enten<strong>de</strong>r.<br />

E <strong>de</strong> ouvir o samba <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>.<br />

Meu livro bíblico favorito é<br />

Eclesiastes (Kohelet, como dizemos<br />

em hebraico). Estudo o Velho<br />

Testamento não só tentando<br />

enten<strong>de</strong>r esta obra-prima da literatura<br />

e a condição humana.<br />

Estudo para tentar apren<strong>de</strong>r a<br />

escrever, a sintetizar. E saber<br />

como foi possível ser criado pelo<br />

homem. Sei que se enten<strong>de</strong> com<br />

o que se sabe. Quero saber<br />

mais para enten<strong>de</strong>r melhor. Nunca<br />

hesito em mudar minhas interpretações,<br />

pois meus conhecimentos<br />

mudam todos os dias.<br />

Não sei o que valem meus escritos<br />

que nunca releio, publicados<br />

por consi<strong>de</strong>rar, sem falsa modéstia,<br />

que não são poucos os leitores.<br />

Cada um tem suas loucuras.<br />

O “Último Segundo“ do IG me convidou<br />

e me <strong>de</strong>u liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão<br />

pelo que sou muito grato.<br />

Leão Serva Pinto, meu editor<br />

e amigo, não gostará <strong>de</strong> saber<br />

que <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> abrir o IG <strong>de</strong>pois<br />

que me contratou como correspon<strong>de</strong>nte.<br />

Foi assim em toda a<br />

minha longa carreira.<br />

Não consegui negar o pedido<br />

<strong>de</strong> Curitiba, on<strong>de</strong> jamais vivi e tenho<br />

alguns dos melhores amigos<br />

que fiz na vida. Por uma posição<br />

ética profissional procuro não me<br />

tornar íntimo dos atores da vida<br />

pública. Quero a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> criticá-los.<br />

Mas me juntei aos <strong>de</strong><br />

Curitiba como amigo e parceiro.<br />

Ney Braga que respeitava pela<br />

integrida<strong>de</strong> e modéstia, infelizmente<br />

não chegou à Presidência<br />

da República on<strong>de</strong> seria sem dú-<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

Da vida, dos gostos<br />

e o pedido <strong>de</strong> Curitiba<br />

vida alguma, dos maiores da história<br />

brasileira. Ele me chamava<br />

<strong>de</strong> “meu filho”, e mesmo <strong>de</strong> Israel,<br />

ele já aposentado, nos falávamos.<br />

Karlos Rischbieter, Saul Raiz, Alexandre<br />

Fontana Beltrão, Jayme<br />

Canet, Leônidas Lopes Bório,<br />

Maurício Schulman e há outros.<br />

Com o Jaime Lerner, no IPPUC,<br />

trabalhou meu filho único, Iossef,<br />

que tanto apren<strong>de</strong>u com a incrível<br />

criativida<strong>de</strong> do governador. Ele<br />

é hoje diretor <strong>de</strong> um Talmud Torá<br />

em Israel. Como profissional e ser<br />

humano me orgulho e me envai<strong>de</strong>ço<br />

<strong>de</strong> ser parte <strong>de</strong>ste grupo. As<br />

contribuições <strong>de</strong>les ao Estado e<br />

ao País são incomparáveis. Eles<br />

souberam dar <strong>de</strong> seus conhecimentos<br />

com amor ao muito que<br />

criaram. Gente limpa.<br />

Começo <strong>de</strong> publicação é sempre<br />

uma gran<strong>de</strong> angústia que sofri<br />

várias vezes. O que se imagina<br />

não se realiza no papel. Nunca se<br />

chega aon<strong>de</strong> se quer chegar. Jornalismo,<br />

no entanto, é, hoje, mais<br />

essencial à vida social do que jamais<br />

foi. A era da Informação tornou<br />

o mundo mais complexo e<br />

aumentou os <strong>de</strong>sentendimentos.<br />

Poucos têm acesso intelectual ao<br />

que se abre para eles na Net.com.<br />

A escola se atrasa em relação aos<br />

avanços. Num certo sentido, imagino<br />

que acontece com o homem<br />

confusão semelhante à provocada<br />

pelo patriarca Abrahão. Antes,<br />

todos tinham <strong>de</strong>uses visíveis. Um<br />

<strong>de</strong>us para cada fenômeno. Simplificava<br />

a relação do ser humano<br />

com o <strong>de</strong>sconhecido. É incompreensível.<br />

Ai chega um velho <strong>de</strong> Ur,<br />

na Caldéia, e diz que só existe<br />

Um, invisível, incompreensível,<br />

inatingível, o que os sábios ju<strong>de</strong>us<br />

viriam a qualificar <strong>de</strong> Einsof, sem<br />

fim. Ele <strong>de</strong>ve ter provocado fortíssima<br />

reação negativa, <strong>de</strong> raiva<br />

mesmo. A UNIDADE é a complexida<strong>de</strong><br />

abrangida e compreendida<br />

numa combinação em que tudo se<br />

sintetiza e as partes <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser<br />

visíveis, mas lá estão. A física viria<br />

comprová-lo. Mas não se chegou<br />

à fórmula matemática alguma<br />

para a Unida<strong>de</strong> proclamada pelo<br />

velho Abrahão. Há muito que tenho<br />

a tese <strong>de</strong> que é duro ser ju<strong>de</strong>u<br />

por causa <strong>de</strong> Avrahaam Avinu.<br />

Ele foi o começo do anti-semitismo.<br />

É um tanto menos perigoso<br />

agora. Com o Estado <strong>de</strong> Israel<br />

o ju<strong>de</strong>u conquistou sua liberda<strong>de</strong>.<br />

Ele po<strong>de</strong> ser ju<strong>de</strong>u sem ser<br />

israelense. E, na hora da necessida<strong>de</strong>,<br />

reclamar seu direito <strong>de</strong><br />

retorno e passar a israelense. Aliás,<br />

sou <strong>de</strong> família que sempre é o que<br />

é. E <strong>de</strong>la me orgulho também pelos<br />

seus sucessos e comportamento.<br />

Somos ju<strong>de</strong>us assumidos.<br />

Na verda<strong>de</strong>, em matéria <strong>de</strong> religião<br />

sou um ignorante, o que não<br />

muda minha qualida<strong>de</strong> essencial. É<br />

sempre um esforço, muito gran<strong>de</strong><br />

esquecê-lo na hora <strong>de</strong> escrever.<br />

Sou contratado para analisar<br />

uma situação e não para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

posições. E a questão israelense-palestina<br />

é extremamente<br />

complexa. Ä distância, sem conhecer<br />

as histórias <strong>de</strong>sses povos<br />

e da região, ten<strong>de</strong>-se a vê-la como<br />

uma disputa <strong>de</strong> terra, na qual os<br />

pobres palestinos, econômica e<br />

militarmente inferiorizados, merecem<br />

e conquistam as simpatia do<br />

mundo. Se fosse assim teria solução.<br />

Nenhum dos lados consegue<br />

vencer com armas. Haveria<br />

<strong>de</strong> surgir lí<strong>de</strong>res que enten<strong>de</strong>riam<br />

o impasse e chegariam a um entendimento.<br />

A terra é o menor dos<br />

problemas. O conflito é étnico e<br />

religioso, é entre o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mitos<br />

profundamente enraizados. Há<br />

inúmeros conflitos religiosos em<br />

todos os países islâmicos o que<br />

pouco se comenta. Em todos eles<br />

há o choque entre os mo<strong>de</strong>rnizadores<br />

e tradicionalistas. Os extremistas<br />

querem po<strong>de</strong>r para impor<br />

a lei canônica, a lei do Corão,<br />

querem ser os presi<strong>de</strong>ntes ou<br />

emires ou califas.<br />

Todos os países islâmicos<br />

com governos seculares sofrem<br />

<strong>de</strong> “jihads”, guerras santas. Os extremistas<br />

são sempre duramente<br />

punidos. O pai do atual presi<strong>de</strong>nte<br />

Assad, da Síria, Hafez, alawita,<br />

seita minoritária que nem todos<br />

os maometanos aceitam<br />

como parte do Islã, ameaçado e<br />

<strong>de</strong>safiado massacrou milhares <strong>de</strong><br />

xiitas em Holms. No Líbano, o conflito<br />

entre maronitas cristãos e xiitas<br />

é permanente. Eles já se enfrentaram,<br />

numa guerra civil <strong>de</strong> 20<br />

anos. Os wahabitas fundamentalistas<br />

da Arábia Saudita, dos quais<br />

Bin La<strong>de</strong>n foi ou é um <strong>de</strong>les, são<br />

uma ameaça permanente. Os chechenos<br />

na Rússia não aceitam as<br />

leis <strong>de</strong> Moscou. A lista é longa,<br />

mas a luta <strong>de</strong> vida ou morte contra<br />

os não-maometanos no Islã,<br />

seculares ou praticantes, tem o<br />

mesmo sonho <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> Ará-<br />

bia sem países não-islâmicos, interrompendo<br />

a sua continuida<strong>de</strong>.<br />

Arafat, o palestino, quer o domínio<br />

dos lugares santos maometanos<br />

e cristãos. Ele assumiu a <strong>de</strong>fesa<br />

dos lugares santos cristãos<br />

sem a aprovação do Vaticano. Na<br />

área coberta por Israel existem<br />

incontáveis lugares santos cristãos,<br />

da fronteira com o Líbano ao<br />

Mar Vermelho. Ele praticamente<br />

anuncia que quer a sua ban<strong>de</strong>ira em<br />

Nazaré, no mar da Galiléia, em Jerusalém<br />

e assim por diante. É esta<br />

a verda<strong>de</strong>ira questão relevante. E<br />

sem que Israel <strong>de</strong>sista pelo menos<br />

das áreas conquistadas em 1967 e<br />

todos os lugares santos maometanos<br />

o entendimento é irrealizável.<br />

A diferença está em que o<br />

mundo islâmico po<strong>de</strong> esperar.<br />

Dentro da área israelense-palestina<br />

há a bomba <strong>de</strong>mográfica, a<br />

barriga da mulher árabe que assegura<br />

maioria árabe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

poucas décadas. Os paises árabes<br />

ao redor progri<strong>de</strong>m econômica,<br />

científica e militarmente. Arrasar<br />

o estado ju<strong>de</strong>u está nos seus<br />

planos. Israel tem <strong>de</strong> tentar um<br />

entendimento com os palestinos<br />

como possível abertura para uma<br />

aceitação pelo mundo árabe e islâmico.<br />

Arafat envelhece e não<br />

po<strong>de</strong> esperar muito. Os palestinos<br />

atravessaram 500 anos <strong>de</strong> domínio<br />

otomano. Po<strong>de</strong>m aceitar uma<br />

solução intermediária e esperar<br />

pela <strong>de</strong>finitiva.<br />

Israel abriu para os ju<strong>de</strong>us a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, no prazo, serem<br />

encarados como são os italianos<br />

ou os libaneses: brasileiros para<br />

todos os efeitos. Mas na minha<br />

vivência, isto só acontecerá se<br />

assumirem suas origens e fé com<br />

naturalida<strong>de</strong>. Serem brasileiros e<br />

ju<strong>de</strong>us, no que não há contradição.<br />

Como brasileiros, assumirem<br />

plenamente suas responsabilida<strong>de</strong>s<br />

sociais do que o Jaime Lerner<br />

é um exemplo. E serem ju<strong>de</strong>us assumidos,<br />

cônscios <strong>de</strong> sua cultura<br />

e passado histórico. Aquele que se<br />

envergonha do que é se <strong>de</strong>smoraliza<br />

equivale muito <strong>de</strong> perto ao <strong>de</strong>lator<br />

que se usa e se <strong>de</strong>spreza.<br />

O jornal <strong>de</strong> vocês po<strong>de</strong> ser<br />

uma abertura para os ju<strong>de</strong>us do<br />

Paraná e, eventualmente, do Brasil.<br />

Em poucos anos Curitiba se<br />

transformou num centro cultural<br />

exemplar. Na sua cida<strong>de</strong> se faz<br />

muito bem o que se <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> fazer.<br />

Kadima. Pra frente.<br />

17<br />

* Nahum Sirotsky é<br />

jornalista,<br />

correspon<strong>de</strong>nte da<br />

RBS em Israel e<br />

colunista do Último<br />

Segundo/IG.


Divulgação<br />

18<br />

A montagem <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> Lost<br />

Zweig, décimo longa-metragem <strong>de</strong><br />

Sylvio Back está quase pronta. O<br />

filme, baseado em fatos reais, narra<br />

a “vida brasileira” do escritor<br />

ju<strong>de</strong>u austríaco Stefan Zweig, autor<br />

do famoso livro “Brasil, País do<br />

Futuro”, e <strong>de</strong> sua mulher, Lotte,<br />

que, na semana seguinte ao Carnaval<br />

<strong>de</strong> 1942, ao qual haviam<br />

assistido, se suicidam em Petrópolis<br />

num gesto que ainda hoje é<br />

consi<strong>de</strong>rado insondável e <strong>de</strong>sconcertante.<br />

No dia 23 <strong>de</strong> fevereiro<br />

foram relembrados em todo o mundo<br />

os 60 anos da morte <strong>de</strong> Zweig.<br />

A produção já está inscrita e<br />

vai competir, em maio, no Festival<br />

<strong>de</strong> Cannes. Mas o lançamento<br />

comercial, que <strong>de</strong>verá acontecer<br />

simultaneamente no Brasil, nos<br />

Estados Unidos e na Europa, está<br />

previsto para setembro. Como ele,<br />

a mulher e amigos eram todos estrangeiros<br />

e sempre conversavam<br />

em uma segunda língua, além do<br />

alemão, o francês, o inglês e até<br />

o iídiche, Back <strong>de</strong>cidiu que o filme<br />

seria inteiramente falado em inglês,<br />

incluindo o elenco nacional.<br />

INTERESSE POR ZWEIG<br />

Sylvio Back diz que Stefan<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

Novo filme <strong>de</strong> Sylvio Back<br />

analisa “vida brasileira” <strong>de</strong> Zweig<br />

Rüdiger Vogler e Ruth Rieser, interpretam Stefan Zweig e sua mulher Lotte<br />

Zweig entrou em sua vida e ele<br />

nele pelo cinema. “Quase na contramão<br />

<strong>de</strong> sua prosa límpida, encantatória<br />

e psicologizante (era<br />

amigo <strong>de</strong> Freud, trocavam correspondência,<br />

chegou a escrever biografia<br />

<strong>de</strong>le e fez o elogio á beira<br />

do seu túmulo em Londres). Tudo<br />

parece ter começado ao assistir,<br />

em épocas diferentes, aos filmes<br />

“Carta <strong>de</strong> uma Desconhecida”<br />

(1948), do mestre franco-alemão,<br />

Max Olphüls, um canto à sensibilida<strong>de</strong><br />

feminina, e “Até o Último<br />

Obstáculo” (1960), <strong>de</strong> Gerd Oswald,<br />

este baseado no livro “Uma partida<br />

<strong>de</strong> Xadrez” (“Schachnovelle”literalmente,<br />

novela do xadrez),<br />

uma brilhante metáfora do totalitarismo,<br />

que Zweig terminou horas<br />

antes <strong>de</strong> se suicidar em Petrópolis<br />

com a mulher, Lotte.”<br />

Back prossegue: “em 1981,<br />

entrevistando o ex-ministro e escritor<br />

Afonso Arinos para um documentário<br />

sobre a renúncia <strong>de</strong> Jânio<br />

Quadros, que orgulhoso me<br />

mostrou um livro autografado que<br />

Stefan Zweig lhe <strong>de</strong>ixara entre os<br />

seus “presentes” pós-suicídio, vim<br />

a saber que o jornalista Alberto<br />

Dines preparava livro sobre ele.<br />

Até então biografias publicadas no<br />

exterior davam pouca importância<br />

à “vida brasileira” <strong>de</strong> Zweig, aos<br />

angustiantes seis meses que passou<br />

no Brasil entre agosto <strong>de</strong> 41 à<br />

semana seguinte ao Carnaval carioca<br />

quando se matou, aos sessenta<br />

anos, com a jovem esposa<br />

<strong>de</strong> apenas trinta e três. Os biógrafos<br />

se limitam mais ao aspecto<br />

policial do suicídio, sem contudo<br />

dar-lhe a envergadura <strong>de</strong> síntese<br />

e até <strong>de</strong> apogeu <strong>de</strong> uma vida <strong>de</strong><br />

luta contra toda e qualquer opressão<br />

e limitações à liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pensar e <strong>de</strong> ir e vir. Sem falar<br />

português, eles visitam a casa e<br />

o túmulo <strong>de</strong> Zweig em Petrópolis,<br />

torcem fatos, dão informações<br />

históricas errôneas.<br />

Para o diretor, Dines invertia a<br />

mão, <strong>de</strong>dicando-se a esmiuçar e<br />

a “entrelaçar com rara habilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> repórter esses meses cruciais,<br />

toda a sua existência européia e<br />

o próprio ato terminal.” Ele observa<br />

que chegou a ler trechos <strong>de</strong><br />

“Morte no paraíso” ainda nas provas.<br />

Mais tar<strong>de</strong> comprou os direitos<br />

<strong>de</strong> filmagem, base do atual<br />

roteiro <strong>de</strong> “Lost Zweig”, cujos primeiros<br />

tratamentos escreveu sozinho.<br />

Antes, em 95, fez um documentário<br />

para a televisão alemã,<br />

“Zweig: A Morte em Cena”.<br />

Entrevistas com amigos sobreviventes,<br />

hoje, todos mortos (entre<br />

eles, o editor, o advogado e o tradutor),<br />

abriram-lhe o conhecimento<br />

privado em torno do escritor e<br />

<strong>de</strong> sua mulher, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o polêmico<br />

visto <strong>de</strong> permanência concedido<br />

pela ditadura Vargas, ostensivamente<br />

anti-semita, às aventuras<br />

eróticas e à bissexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le,<br />

sempre omitida ou não intuída,<br />

aliás, “chave para a compreensão<br />

<strong>de</strong> inúmeros <strong>de</strong> seus personagens”,<br />

<strong>de</strong> acordo com, Sylvio Back.<br />

ELENCO INTERNACIONAL<br />

Encabeçado por um elenco internacional,<br />

Lost Zweig traz o ator<br />

preferido do diretor Wim Wen<strong>de</strong>rs,<br />

Rüdiger Vogler, e a atriz austríaca<br />

Ruth Rieser, como Zweig e Lotte,<br />

mais os brasileiros Renato Borghi<br />

(no papel <strong>de</strong> Getúlio Vargas),<br />

Daniel Dantas, Ney Piacentini,<br />

Claudia Neto, Juan Alba, Ana Carbatti,<br />

Odilon Wagner, Kiko Mascarenhas,<br />

Katia Bronstein, Denise<br />

Weinberg, Michael Berkovich, Felipe<br />

Wagner, Carina Cooper, Silvia<br />

Chamecki, Thelmo Fernan<strong>de</strong>s<br />

(no papel <strong>de</strong> Orson Welles), Isaac<br />

Bernat, Alexandre Ackerman e Garcia<br />

Júnior. As filmagens aconteceram<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro e em Petrópolis,<br />

on<strong>de</strong> o casal viveu e morreu.<br />

O argumento original é do próprio<br />

Sylvio Back e o roteiro escrito com<br />

o irlandês Nicholas O’Neill, foi baseado<br />

no livro “Morte no Paraíso”,<br />

<strong>de</strong> Alberto Dines. Lost Zweig exigiu<br />

uma rigorosa reconstituição histórica<br />

tanto <strong>de</strong> ambientes e seleção<br />

<strong>de</strong> locações como dos figurinos,<br />

penteados e maquiagem.<br />

A reconstituição da época,<br />

aliás, foi revivida nos seus menores<br />

<strong>de</strong>talhes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o modo <strong>de</strong><br />

falar o inglês e a postura cotidiana<br />

das pessoas até o resgate <strong>de</strong><br />

inúmeras músicas do Carnaval <strong>de</strong><br />

42 e do cancioneiro internacional,<br />

<strong>de</strong>stacando-se a música cantada<br />

em inglês por Marlene Dietrich e<br />

no filme reinterpretada por Katia<br />

Bronstein. A composição da trilha<br />

sonora original está a cargo do<br />

pianista Guilherme Vergueiro e <strong>de</strong><br />

Raul <strong>de</strong> Souza,<br />

Co-produzido e distribuído pela<br />

Riofilme, Lost Zweig foi filmado<br />

em 35mm e a cores por um dos<br />

maiores diretores <strong>de</strong> fotografia do<br />

país, Antônio Luiz Men<strong>de</strong>s, a<br />

quem Back chama <strong>de</strong> “mestre” e<br />

com quem filmou seu recente Cruz<br />

e Sousa - O Poeta do Desterro<br />

(1999). Seu custo é estimado em<br />

seis milhões <strong>de</strong> reais, sendo a<br />

Labo Cine do Brasil um dos coprodutores<br />

do filme. Do Paraná, a<br />

produtora Usina <strong>de</strong> Kyno conta<br />

com patrocínio da Copel e da Sanepar.<br />

Também tem parceria Calla<br />

Productions, <strong>de</strong> Los Angeles, BR<br />

Distribuidora, BNDES, BANESPA,<br />

BCN, TV Cultura <strong>de</strong> São Paulo,<br />

FINEP, Quanta e apoio logístico<br />

da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Petrópolis,<br />

Fundação Cultural <strong>de</strong> Petrópolis,<br />

Petrotur e da Fundação Parque<br />

<strong>de</strong> Alta Tecnologia <strong>de</strong> Petrópolis<br />

– Funpat.<br />

Sylvio Back classifica seu filme<br />

como “<strong>de</strong>sconcertante”. Stefan<br />

Zweig foi um intelectual <strong>de</strong> uma<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> à toda prova. Daí a<br />

sobrevida <strong>de</strong> sua obra e <strong>de</strong> seu<br />

pensamento, observa o diretor,<br />

para quem o suicídio está envolto<br />

em mistério intrigante. Morando<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro, mas entrevistado<br />

por <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> esclarece:<br />

o filme é uma homenagem a um<br />

homem que já nos anos 30 previa


Divulgação<br />

uma Europa sem passaportes,<br />

com moeda única, vivendo sem<br />

guerras, cada país respeitando a<br />

cultura do outro, etc. Segundo ele,<br />

as biografias que se suce<strong>de</strong>ram<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, principalmente na<br />

Europa, excetuando-se a do jornalista<br />

brasileiro Alberto Dines,<br />

todas remetem à vida e obra do<br />

escritor em Viena, Paris, Londres<br />

e Nova York, e nenhuma se <strong>de</strong>tém<br />

em esmiuçar os seus dias terminais<br />

no Brasil.<br />

Sobre o escritor há alguns programas<br />

<strong>de</strong> televisão europeus e o<br />

documentário Zweig: A Morte em<br />

Cena (43 min. cor/PB), do próprio<br />

Back, produzido pelo Instituto Goethe<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro em 1995,<br />

para a TV alemã por assinatura<br />

3Sat. Lost Zweig é o primeiro filme<br />

<strong>de</strong> longa-metragem, com exibição<br />

e distribuição internacionais<br />

— cujo roteiro, retratando o<br />

cotidiano e as falas baseados na<br />

obra e correspondência do escritor<br />

e do testemunho <strong>de</strong> contemporâneos<br />

—, a ficcionar a tragédia<br />

dos Zweig no Brasil. Para o diretor,<br />

sua originalida<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>, exatamente,<br />

no resgate ficcional da<br />

“vida brasileira” <strong>de</strong> Zweig, uma<br />

espécie <strong>de</strong> elo perdido da sua biografia:<br />

a tensão entre as recordações<br />

da “dourada era da segurança”<br />

européia pré-Hitler e a<br />

nostálgica ilusão <strong>de</strong> reencontrála<br />

no Brasil da ditadura Vargas.<br />

O filme registra ainda o inusitado<br />

encontro <strong>de</strong> Zweig com o<br />

Orson Welles filmando o seu inconcluso<br />

documentário “It’s All<br />

True”. Tudo permeado pela tortuosa<br />

relação com a ex-mulher Fri<strong>de</strong>rike<br />

e a atual, Lotte, e pelo obsedante<br />

projeto <strong>de</strong> salvar refugiados<br />

ju<strong>de</strong>us da perseguição nazista,<br />

enquanto se <strong>de</strong>ixa levar pela<br />

idéia da morte como o supremo<br />

sacrifício <strong>de</strong> um humanista ante a<br />

<strong>de</strong>cadência moral do mundo. Sobrecarregado<br />

pelas evidências da<br />

guerra (Pearl Harbour, a queda <strong>de</strong><br />

Cingapura), imbricado a uma crescente<br />

crise pessoal, Zweig prepara-se —<br />

quase cientificamente — para o fim.<br />

Autor <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> cinqüenta<br />

novelas, romances, poesia e inú-<br />

meras biografias, Stefan Zweig<br />

acreditava na inevitável vitória da<br />

barbárie nacional-socialista, <strong>de</strong><br />

que a Europa toda cairia <strong>de</strong>finitivamente<br />

sob o jugo <strong>de</strong> Hitler. Esses<br />

presságios o enlouquecem<br />

nos últimos meses <strong>de</strong> vida.”Zweig<br />

- diz Back - era um pacifista, antibelicista<br />

e humanista, militante<br />

solitário <strong>de</strong> suas idéias e convicções.<br />

Um homem à frente <strong>de</strong> seu<br />

tempo. E <strong>de</strong> todos os tempos.”<br />

Apaixonado pelo Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a primeira visita em 1936 — “... se<br />

algures na Terra existe o Paraíso,<br />

não po<strong>de</strong> estar longe daqui” (fazia<br />

suas as palavras <strong>de</strong> seu biografado<br />

Américo Vespúcio) —,<br />

Zweig veio mais duas vezes, e na<br />

segunda em 1941, para ficar, fugindo<br />

do nazismo que queimara<br />

os livros em praça pública. Na carta-testamento<br />

que <strong>de</strong>ixou, e que<br />

é uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> amor ao Brasil,<br />

confessa: “Eu, <strong>de</strong>masiadamente<br />

impaciente, vou-me antes”.<br />

Quando navios mercantes brasileiros<br />

foram torpe<strong>de</strong>ados por submarinos<br />

nazistas na costa do<br />

Atlântico, Zweig teria dito ao ouvir<br />

a notícia no “Repórter Esso”:<br />

“A guerra chegou ao paraíso!”<br />

O DIRETOR<br />

O ator principal é um dos preferidos do diretor Wim Wen<strong>de</strong>rs<br />

Sylvio Back, 64 anos, é cineasta,<br />

poeta e escritor. Filho <strong>de</strong> imigrantes<br />

húngaro e alemã, é natural<br />

<strong>de</strong> Blumenau (SC). Ex-jornalista<br />

e crítico <strong>de</strong> cinema, autodidata<br />

iniciou-se na direção cinematográfica<br />

em 1962, tendo realizado<br />

e produzido até hoje 36 filmes<br />

- entre curtas, médias e <strong>de</strong>z longas-metragens:<br />

“Lance Maior”<br />

(1968), “A Guerra dos Pelados”<br />

(1971), “Aleluia,Gretchen” (1976),<br />

“Revolução <strong>de</strong> 30” (1980), “República<br />

Guarani” (1982), “Guerra do<br />

Brasil” (1987), “Rádio Auriver<strong>de</strong>”<br />

(1991), “Yndio do Brasil” (1995),<br />

“Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro”<br />

(1999) e “Lost Zweig” (<strong>2002</strong>).<br />

Tem editados <strong>de</strong>zessete livros<br />

- entre poesia, ensaios e os argumentos/roteiros<br />

dos filmes “Lance<br />

Maior”, “Aleluia, Gretchen”, “República<br />

Guarani”, “Sete Quedas”,<br />

“Vida e Sangue <strong>de</strong> Polaco”, “O<br />

Auto-Retrato <strong>de</strong> Bakun”,<br />

“Guerra do Brasil”,<br />

“Rádio Auriver<strong>de</strong>”,<br />

“Yndio do Brasil”,<br />

“Zweig: A Morte<br />

em Cena” e “Cruz e<br />

Sousa — O Poeta do<br />

Desterro” (tetralíngüe).<br />

Com 62 prêmios<br />

nacionais e internacionais,<br />

Sylvio<br />

Back é um dos mais<br />

festejados cineastas<br />

do Brasil.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

O bom humor<br />

per<strong>de</strong> Sale<br />

Wolokita<br />

19<br />

No dia 15 <strong>de</strong> fevereiro a notícia da morte <strong>de</strong> Sale Wolokita<br />

entristeceu não só a comunida<strong>de</strong> israelita <strong>de</strong> Curitiba,<br />

mas também o vasto círculo <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>s que ele cul- Sale Wolokita: vida <strong>de</strong>dicada<br />

tivou entre os profissionais e espectadores das artes cê- ao teatro e à comunicação<br />

nicas, jornalistas e comunicadores do Paraná ao longo<br />

<strong>de</strong> sua vida. E o bom humor per<strong>de</strong>u um dos seus mais legítimos representantes.<br />

Sale tinha 68 anos, foi ator, diretor <strong>de</strong> teatro, comunicador, apresentador<br />

e administrador.<br />

Sale Wolokita nasceu no bairro do Portão, em Curitiba, e em 1942, antes dos<br />

10 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> já estreava como ator num grupo amador do Centro Israelita<br />

Paraná. No começo dos anos 50 trabalhou com Lala Schnei<strong>de</strong>r no Teatro do Sesi<br />

e participou <strong>de</strong> Helena <strong>de</strong> Tróia, uma das montagens que inauguraram o Auditório<br />

Salvador <strong>de</strong> Ferrante, o popular Guairinha. “Éramos centuriões, ficamos um ato<br />

inteiro um <strong>de</strong> cada lado do palco, paralisados como estátuas”, lembra o ator e<br />

amigo Sinval Martins. Na platéia estavam o presi<strong>de</strong>nte Café Filho e o governador<br />

Bento Munhoz da Rocha.<br />

Em 1974, quando o Guairão foi inaugurado, Sale Wolokita era superinten<strong>de</strong>nte<br />

da Fundação Teatro Guairá. Ele foi o fundador da Escola <strong>de</strong> Arte Dramática do<br />

teatro. Os jornalistas recordam aqueles bons tempos em que ganhavam convites<br />

para as principais apresentações. Como ator, Sale atuou em clássicos como por<br />

exemplo Schweyk na Segunda Guerra Mundial, <strong>de</strong> Bertolt Brecht, montagem <strong>de</strong><br />

1985 do Teatro <strong>de</strong> Comédia do Paraná, com direção <strong>de</strong> Cláudio Corrêa e Castro.<br />

Atuou também na Rádio Atalaia e foi diretor da Rádio Estadual. Entretanto, foi<br />

na televisão que ele <strong>de</strong>ixou sua marca in<strong>de</strong>lével. Em 1969 foi convidado para<br />

apresentar um programa jornalístico <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública na TV Iguaçu. Era o<br />

Jornal da Cida<strong>de</strong>, que ia ao ar diariamente as 19h. Foi no Jornal da Cida<strong>de</strong>, hoje<br />

uma referência histórica na TV do Paraná, que o apresentador criou seu célebre<br />

bordão “Vai prá Tribuna!”, proferido ao final <strong>de</strong> cada <strong>de</strong>núncia,<br />

na redação do jornal Tribuna do Paraná. Algo parecido com o<br />

“Isto é uma vergonha”, do Boris Casoy, só que com maior impacto<br />

e repercussão. Na época, virou moda entre os paranaenses<br />

dizer “Vai pra Tribuna!” para qualquer coisa errada.“Ele<br />

não foi contratado para comandar um jornal da emissora, o<br />

programa foi feito especialmente para ele”, observa o jornalista<br />

e ex-apresentador Jamur Júnior, outro colega a lamentar a<br />

perda do Sale.<br />

Nos anos 70 o programa atingiu gran<strong>de</strong>s níveis <strong>de</strong> audiência,<br />

e recebia <strong>de</strong> 20 e 30 cartas por dia. “As pessoas normalmente<br />

reclamam <strong>de</strong> rua esburacada, falta <strong>de</strong> iluminação pública,<br />

falta <strong>de</strong> água e esgoto, brigas <strong>de</strong> vizinhos, ônibus superlotados<br />

e até correio sentimental”, contava Wolokita numa entrevista<br />

quando o programa completou um ano. A Prefeitura<br />

na época chegou a instalar um aparelho <strong>de</strong> televisão no setor<br />

<strong>de</strong> fiscalização, só para acompanhar as reclamações no pro-<br />

Em “Aleluia, Gretchen” ingrama<br />

do Sale, e no dia seguinte provi<strong>de</strong>nciar os consertos, terpretou um oficial alemão<br />

tapar o buraco ou arrumar a rua.<br />

O sucesso do programa transformou Sale no diretor artístico<br />

da emissora, e mais tar<strong>de</strong> em coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> ação cultural da Secretaria da<br />

Cultura do Paraná. Ele também fez cinema, interpretando personagens nos filmes<br />

do diretor Sylvio Back como “A Guerra dos Pelados”, <strong>de</strong> 1971, em foi um<br />

fazen<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> posses ou em “Aleluia, Gretchen”, <strong>de</strong> 1976, no qual fez o papel <strong>de</strong><br />

um oficial nazista. Sendo ju<strong>de</strong>u, só mesmo um gran<strong>de</strong> ator po<strong>de</strong>ria fazê-lo.<br />

A partir do final dos anos 70, Sale Wolokita tentou a vida política: foi candidato<br />

a vereador pela Arena, coor<strong>de</strong>nador estadual do Mobral, foi candidato a vicegovernador<br />

em 1994 pelo PL e arriscou novamente a Câmara em 2000. Ultimamente<br />

continuava trabalhando como diretor <strong>de</strong> teatro. Suas peças mais recentes<br />

foram Meno Male e Uma família quase perfeita, e apresentava um programa <strong>de</strong><br />

leilões numa TV por assinatura.<br />

Sale Wolokita também exerceu ativida<strong>de</strong>s comunida<strong>de</strong> israelita <strong>de</strong> Curitiba,<br />

entre elas, foi diretor da entida<strong>de</strong> mantenedora da Escola Israelita Salomão Guelmann.<br />

No Centro Israelita do Paraná elaborou projeto para a criação da Casa do<br />

Teatro, que mexeu com a comunida<strong>de</strong> na época, especialmente quando ele dirigiu<br />

a peça O Diário <strong>de</strong> Anne Frank.<br />

Na Câmara Municipal <strong>de</strong> Curitiba, o vereador Mário Celso Cunha (PFL), com<br />

apoio <strong>de</strong> colegas, preten<strong>de</strong> homenagear Sale Wolokita dando seu nome a um dos<br />

logradouros públicos <strong>de</strong> Curitiba.<br />

Álbum <strong>de</strong> família<br />

Arquivo <strong>de</strong> “O Estado do Paraná”


20<br />

Existe um jornal <strong>de</strong> bairro em<br />

Curitiba que vem sistematicamente<br />

atacando os ju<strong>de</strong>us e Israel<br />

em suas páginas, promovendo<br />

abertamente o anti-semitismo,<br />

crime enquadrado na legislação<br />

brasileira como preconceito<br />

racial. A publicação,<br />

cujo nome é “Folha do Batel”,<br />

parece ser mais um instrumento<br />

<strong>de</strong> disseminação <strong>de</strong> ódio contra<br />

ju<strong>de</strong>us, dissimulada em jornal<br />

<strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços à<br />

comunida<strong>de</strong>, tal é a insistência<br />

com a qual vem agredindo os ju<strong>de</strong>us.<br />

O que surpreen<strong>de</strong>, no<br />

caso, é que a tal “folha” vem<br />

agindo livremente sem que as<br />

autorida<strong>de</strong>s tomem providências<br />

contra essa afronta à Constituição<br />

do País.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

Folha promove anti-semitismo<br />

publicando textos neonazistas<br />

Tudo serve para cumprir os<br />

objetivos escusos <strong>de</strong>sse preconceito,<br />

inclusive mentir para os<br />

leitores, como o texto <strong>de</strong> uma<br />

pretensa “carta aberta ao presi<strong>de</strong>nte<br />

Bush” que teria sido escrita<br />

por um indivíduo <strong>de</strong> nome<br />

David Duke, e apresentado na<br />

edição <strong>de</strong> novembro pelo jornal<br />

como sendo “ex-candidato a<br />

Presi<strong>de</strong>nte dos Estados Unidos”.<br />

Duke, que nunca chegou a<br />

concorrer à Presidência dos<br />

EUA, é, na verda<strong>de</strong> um notório<br />

neonazista norte-americano e lí<strong>de</strong>r<br />

da Ku Klux Klan, centrou os<br />

escritos <strong>de</strong> sua “carta” nos rescaldos<br />

<strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> setembro para<br />

aproveitar o choque da opinião<br />

pública com os atentados aos<br />

edifícios do World Tra<strong>de</strong> Centrer<br />

e do Pentágono, e as milhares<br />

<strong>de</strong> mortes, em conseqüências<br />

<strong>de</strong>les, para culpar ninguém menos<br />

que os ju<strong>de</strong>us pelo ocorrido,<br />

vinculando o fato ao apoio do<br />

governo norte-americano a Israel.<br />

Escrita num estilo totalmente<br />

distorcido e repleta <strong>de</strong> ódio e<br />

<strong>de</strong> referências típicas anti-semitas<br />

— como a velha e surrada<br />

balela que ainda encontra eco<br />

entre os menos esclarecidos, <strong>de</strong><br />

que o judaísmo controla a imprensa<br />

— a tal “carta” não foi<br />

publicada em nenhum veículo da<br />

mídia norte-americana. Ela só<br />

encontrou eco em uma série <strong>de</strong><br />

websites nazistas que infestam<br />

a Internet. E foi <strong>de</strong>la que responsável<br />

pela Folha do Batel retirou<br />

toda essa patuscada. Além<br />

disso, constatou-se que anos<br />

atrás essa mesma pessoa esteve<br />

envolvida com um núcleo<br />

neonazista que atuava em Curitiba<br />

distribuindo publicações racistas<br />

principalmente entre estudantes<br />

universitários. O fato foi<br />

<strong>de</strong>nunciado na época pelo jornal<br />

Correio <strong>de</strong> Notícias, hoje extinto.<br />

No ano passado, a Agência<br />

Estado, ligada ao jornal “O Estado<br />

<strong>de</strong> S. Paulo”, distribuiu uma<br />

notícia que iniciava assim: “Moscou<br />

— Um ex-chefe da organização<br />

racista americana Ku Klux<br />

Klan está promovendo em Moscou<br />

um livro que expõe teses<br />

anti-semitas, <strong>de</strong> acordo com informações<br />

da televisão privada<br />

NTV. Fundador da Organização<br />

Nacional pró-Direitos dos Americanos<br />

Europeus, David Duke,<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o livro “A supremacia<br />

final: um exame da questão judia”.<br />

Na página <strong>de</strong> sua organização<br />

na internet, David Duke<br />

elogia a Rússia como “reduto da<br />

raça branca”. Ele afirma que<br />

quer fazer nesse país o primeiro<br />

elo <strong>de</strong> uma corrente <strong>de</strong> “tomada<br />

<strong>de</strong> consciência racial” através do<br />

mundo. “O povo russo também<br />

tem um gran<strong>de</strong> conhecimento da<br />

potência do sionismo internacional<br />

e do papel dominante dos<br />

ju<strong>de</strong>us na orquestração da imigração<br />

e o multiculturalismo que<br />

minam o Oci<strong>de</strong>nte”, <strong>de</strong>clarou.<br />

A propósito disso, algumas<br />

pessoas da comunida<strong>de</strong> israelita<br />

<strong>de</strong> Curitiba resolveram <strong>de</strong>nunciar<br />

à imprensa o anti-semitismo<br />

praticado pelo jornal <strong>de</strong> bairro.<br />

“Com o mais recente <strong>de</strong>sses crimes,<br />

que afrontam a Constituição<br />

brasileira e envergonham a<br />

Lei nº 5.250 (Lei <strong>de</strong> Imprensa),<br />

o responsável pela edição nº 26,<br />

relativa ao mês <strong>de</strong> novembro do<br />

corrente, daquele panfletário,<br />

que, a propósito, não indica,<br />

como manda a legislação, seu<br />

respectivo registro profissional,<br />

zomba da justiça e <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong><br />

brasileira, que sempre<br />

têm rechaçado qualquer espécie<br />

<strong>de</strong> racismo em nosso País — observa<br />

a carta-<strong>de</strong>núncia enviada à<br />

redação dos jornais da Capital.<br />

Mais além, a carta observa:<br />

Além <strong>de</strong> disseminar anti-semitismo,<br />

uma das faces do racismo,<br />

a publicação mente acintosamente<br />

para o leitor ao apresentar<br />

o texto, <strong>de</strong> página inteira, recheado<br />

<strong>de</strong> ódio e preconceito<br />

contra os ju<strong>de</strong>us e Israel, como<br />

sendo <strong>de</strong> um “ex-candidato a presi<strong>de</strong>nte<br />

do Estados Unidos da<br />

América”, um certo David Duke,<br />

que, em realida<strong>de</strong>, é um notório<br />

neonazista norte-americano e lí<strong>de</strong>r<br />

da tristemente famosa Ku Klux<br />

Klan. Esse fanfarrão nunca concorreu<br />

a uma eleição presi<strong>de</strong>ncial<br />

nos Estados Unidos. Em 1996, ele<br />

foi candidato a candidato, mas<br />

evi<strong>de</strong>ntemente rejeitado antes<br />

mesmo das primárias. O que é<br />

bem diferente <strong>de</strong> ser candidato.<br />

Pois bem, para alcançar seu<br />

intento criminoso, o (ir)responsável<br />

pela tal “Folha” omitiu<br />

para os leitores do Batel esses<br />

fatos reveladores, escon<strong>de</strong>ndo<br />

o racista sob a aura da<br />

serieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> “um candidato a<br />

presi<strong>de</strong>nte dos EUA”. Tudo<br />

para <strong>de</strong>stilar o veneno <strong>de</strong> seu<br />

ódio racial. Esperamos que o<br />

Ministério Público e a Polícia<br />

Fe<strong>de</strong>ral investiguem e tomem<br />

providências, e que o comércio<br />

e os moradores do Batel,<br />

recusem, daqui para frente,<br />

anúncios e exemplares <strong>de</strong>ssa<br />

nefasta publicação.

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