Visão Judaica - março de 2002 Nissan/Iyar 5762
Visão Judaica - março de 2002 Nissan/Iyar 5762
Visão Judaica - março de 2002 Nissan/Iyar 5762
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<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
1
2<br />
Publicação mensal<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da Empresa<br />
Jornalística <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> Ltda.<br />
Redação, Administração e Publicida<strong>de</strong><br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br - Curitiba – PR, Brasil -<br />
Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />
Diretora <strong>de</strong> Operações e<br />
Marketing<br />
Sheilla Figlarz<br />
Diretor <strong>de</strong> Redação<br />
Szyja B. Lorber<br />
Com esta primeira edição<br />
do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> estamos<br />
entregando ao público leitor um<br />
novo veículo <strong>de</strong> comunicação —<br />
o caçula da mídia israelita brasileira<br />
— nascido dos i<strong>de</strong>ais e fruto<br />
da concretização dos esforços<br />
<strong>de</strong> seu grupo <strong>de</strong> editores. Há<br />
tempos nossa comunida<strong>de</strong> vinha<br />
sentindo falta <strong>de</strong> uma publicação<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, mo<strong>de</strong>rna, abrangente,<br />
informativa e que, ao<br />
mesmo tempo, servisse <strong>de</strong> elo<br />
<strong>de</strong> ligação com o círculo extracomunitário,<br />
principalmente entre<br />
as pessoas que têm curiosida<strong>de</strong><br />
ou simpatia pelos múltiplos<br />
aspectos do judaísmo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
Antigüida<strong>de</strong> até os dias <strong>de</strong> hoje.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não é um órgão<br />
informativo oficial da comunida<strong>de</strong><br />
como alguns po<strong>de</strong>riam<br />
supor, mas nem por isso o jornal<br />
<strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> fazer sua parte, colaborando,<br />
no que for possível,<br />
para levar a toda comunida<strong>de</strong> a<br />
Diretora Comercial<br />
Hana Kleiner<br />
Diagramação e Arte Gráfica<br />
Sonia Mari Oleskovicz<br />
Colaboram nesta edição:<br />
Antônio Carlos Coelho, Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi, Isac Baril, Marian Krieger<br />
Epelzwajg, Nahum Sirotsky, Osias Wurman, Salomão Figlarz, Sami<br />
Goldstein e Yossef Dubrawsky.<br />
Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião do jornal<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
Uma visão abrangente<br />
Nossa capa<br />
divulgação das ativida<strong>de</strong>s e<br />
eventos realizados pelas entida<strong>de</strong>s<br />
que a integram. Para tanto,<br />
estamos colocando à disposição<br />
da Kehilá o necessário espaço<br />
para que <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> se torne<br />
rapidamente mais um meio <strong>de</strong><br />
comunicação entre o público e<br />
as organizações da nossa comunida<strong>de</strong>.<br />
Esperamos que todos<br />
façam bom uso <strong>de</strong>ste veículo.<br />
Longas reflexões nos conduziram<br />
à preocupação <strong>de</strong> levar<br />
aos membros da coletivida<strong>de</strong><br />
uma publicação séria, com conteúdo,<br />
e que <strong>de</strong>spertasse o interesse<br />
no <strong>de</strong>bate e no intercâmbio<br />
<strong>de</strong> idéias. Que assim seja,<br />
com a graça <strong>de</strong> D-us. <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />
terá freqüência mensal, diagramação<br />
dinâmica e formato<br />
tablói<strong>de</strong> para facilitar sua leitura<br />
e manuseio.<br />
Não é segredo para ninguém<br />
que ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> todo o mundo e<br />
<strong>de</strong> Israel vivem dias difíceis. Em<br />
A capa reproduz o quadro cujo título é “Preparação<br />
da Matzá”, um óleo sobre tela, <strong>de</strong> 70x60<br />
cm, pintado por Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi especialmente<br />
para a edição inaugural <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi nasceu em Bucareste,<br />
Romênia. É Arquiteto e Artista Plástico e vive<br />
em Curitiba <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1978. Já <strong>de</strong>senvolveu trabalhos<br />
em várias técnicas, <strong>de</strong>ntre elas pintura,<br />
gravura e tapeçaria. Recebeu premiações<br />
por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas<br />
obras estão espalhadas por vários países e<br />
tem no judaísmo, uma <strong>de</strong> suas principais fontes<br />
<strong>de</strong> inspiração.<br />
Acendimento das velas<br />
Em Curitiba <strong>março</strong>/abril<br />
DIA HORA<br />
15/3 18h14<br />
22/3 18h07<br />
27/3 * 18h02<br />
28/3 * 18h55<br />
29/3 18h00<br />
2/4** 17h55<br />
3/4** 18h49<br />
5/4 18h52<br />
12/4 17h45<br />
* 1ª e 2ª noite <strong>de</strong> Pêssach<br />
** 7ª e 8 ª noites <strong>de</strong> Pêssach<br />
tempos atuais, mais <strong>de</strong> 60 anos<br />
após o Holocausto, talvez seja<br />
uma inusitada dificulda<strong>de</strong>. Israel<br />
sofre sangrentos atentados todos<br />
os dias, matando e ferindo<br />
indiscriminadamente, crianças,<br />
jovens, mulheres ou idosos. Ao<br />
se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r para garantir sua<br />
sobrevivência, logo surgem vozes<br />
acusadoras <strong>de</strong> que Israel<br />
seria um violento agressor que<br />
não <strong>de</strong>seja a paz. Alguns meios<br />
<strong>de</strong> comunicação, não se sabe<br />
movidos por quais interesses,<br />
colaboram para fazer vingar<br />
essa imagem distorcida. Ao lado<br />
disso tudo, cresce o anti-semitismo,<br />
especialmente, aquele<br />
que se dissemina no anonimato<br />
da internet, mas que também se<br />
evi<strong>de</strong>ncia por intermédio <strong>de</strong><br />
pseudo-publicações disfarçadas,<br />
por exemplo, em jornais <strong>de</strong><br />
bairro, como o caso que mencionamos<br />
nesta edição.<br />
O jornal preten<strong>de</strong> combater e<br />
SÊDER COLETIVO<br />
<strong>de</strong>nunciar o anti-semitismo. Irá<br />
também procurar esclarecer as<br />
complexas questões relativas ao<br />
Oriente Médio, contribuindo <strong>de</strong>ssa<br />
maneira para o melhor entendimento<br />
sobre a situação existente<br />
entre israelenses e árabes.<br />
Da mesma forma, <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />
se propõe a retransmitir para as<br />
atuais e às novas gerações, nossas<br />
multimilenares cultura e tradição,<br />
<strong>de</strong>stacando sempre as<br />
festivida<strong>de</strong>s e eventos religiosos.<br />
Estamos abertos a todos. Esperamos<br />
que o primeiro número<br />
seja do agrado dos leitores. Nos<br />
esforçamos bastante para isso.<br />
Aproveitem. E <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já agra<strong>de</strong>cemos<br />
o apoio e a colaboração<br />
<strong>de</strong> cada um, sejam eles elogio,<br />
crítica ou sugestão. Qualquer um<br />
<strong>de</strong>les, sem dúvida, contribuirá<br />
para o aperfeiçoamento e o sucesso<br />
da nossa iniciativa. Contamos<br />
com vocês e boa leitura!<br />
A Redação<br />
O BEIT CHABAD estará realizando os dois sedarim (dias 27,<br />
às 19h30 e 28 <strong>de</strong> <strong>março</strong>, 20h00). Como nossa capacida<strong>de</strong> é<br />
limitada, estaremos fazendo reservas até o dia 22 <strong>de</strong> <strong>março</strong>.<br />
A<strong>de</strong>sões: R$ 20,00 para adultos<br />
R$ 10,00 para crianças<br />
RESERVAS, COM D. MAURA:<br />
BEIT CHABAD: RUA ÂNGELO SAMPAIO, 370<br />
TELEFONE: 243-0818<br />
QUEIMA DO CHAMETZ:<br />
Quarta-feira – 27 <strong>de</strong> <strong>março</strong>, 9h30 no Beit Chabad<br />
Datas importantes<br />
27 <strong>de</strong> <strong>março</strong> a 4 <strong>de</strong> abril<br />
PÊSSACH<br />
9 <strong>de</strong> abril<br />
DIA DO HOLOCAUSTO<br />
12 <strong>de</strong> abril<br />
1º DIA DE ROSH CHODESH<br />
13 <strong>de</strong> abril<br />
2º DIA DE ROSH CHODESH<br />
16 <strong>de</strong> abril<br />
YOM HAZIKARON<br />
17 <strong>de</strong> abril<br />
YOM HAATZMAUT
O que é<br />
chamêts?<br />
Em Pêssach, a Torá proíbe<br />
possuir, consumir ou tirar proveito<br />
<strong>de</strong> produtos comestíveis à<br />
base <strong>de</strong> grãos fermentados (chamêts)<br />
<strong>de</strong> um dos cinco principais<br />
cereais (trigo, cevada, centeio,<br />
aveia e espelta) ou <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>rivados,<br />
mesmo em quantida<strong>de</strong><br />
mínima. Exemplos <strong>de</strong> alimentos<br />
chamêts: Pães, bolos, cereais,<br />
macarrão, cerveja, <strong>de</strong>stilados, etc.<br />
A única exceção é matsá<br />
(pão ázimo) preparada com cuidados<br />
especiais para Pêssach.<br />
(Matsá fabricada para uso durante<br />
o ano, quando as precauções<br />
<strong>de</strong> evitar o processo <strong>de</strong> fermentação<br />
não são tomadas, torna-se<br />
chamêts.)<br />
Livrando-se<br />
do chamêts<br />
A casa <strong>de</strong>ve ser limpa por<br />
completo e qualquer vestígio<br />
<strong>de</strong> chamêts, inclusive migalhas,<br />
removido antes da véspera<br />
<strong>de</strong> Pêssach.<br />
Muitos remédios, sprays,<br />
cosméticos e perfumes contem<br />
chamêts. Um rabino competente<br />
<strong>de</strong>ve ser consultado<br />
sobre quais po<strong>de</strong>m ser usados<br />
em Pêssach.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
Parte dos trechos foram extraídos do livro O Judaísmo Vivo<br />
As tradições e as leis dos ju<strong>de</strong>us praticantes<br />
Pela or<strong>de</strong>m, a segunda das três festas durante o ano novo<br />
judaico é Pêssach ou Passagem. Todos sabem que este dia<br />
santo celebra o mais importante evento da história do povo<br />
ju<strong>de</strong>u, a re<strong>de</strong>nção <strong>de</strong> sua escravidão no Egito e a sua saída<br />
<strong>de</strong>ssa terra. Do que muitas pessoas não se dão conta é que,<br />
em muitos aspectos, ele é mais importante que o Rosh Hashaná,<br />
que comemora a criação do mundo, ou o Iom Kipur, que<br />
celebra o perdão <strong>de</strong> D-us a nossos pecados.<br />
Um rápido exame dos Dez Mandamentos dar-nos-á um<br />
indicio. Quando D-us quis dar uma <strong>de</strong>finição e uma <strong>de</strong>scrição<br />
<strong>de</strong> Si próprio ao Seu povo escolhido, Ele não disse – Eu sou o<br />
Senhor que criou o mundo – ou – Eu sou o Senhor que perdoa<br />
vossos pecados – O que disse foi:<br />
GUIA DE PÊSSACH<br />
Gentilmente cedido pela revista Chabad News<br />
Busca do<br />
chamêts<br />
Alem <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r a uma busca<br />
em toda a casa na noite anterior<br />
a Pêssach, o chamêts<br />
<strong>de</strong>ve ser procurado também no<br />
escritório, carro, bolsos <strong>de</strong> roupas,<br />
livros e maletas; sacos <strong>de</strong><br />
aspirador <strong>de</strong> pó <strong>de</strong>vem ser limpos<br />
ou <strong>de</strong>scartados; panos e esponjas<br />
<strong>de</strong> pia <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>scartados.<br />
Pessoas que viajam para<br />
outro lugar <strong>de</strong>vem efetuar a busca<br />
na noite anterior a sua saída.<br />
Venda do<br />
chamêts<br />
Alimentos usados durante o<br />
ano e utensílios não chasherizados<br />
para Pêssach <strong>de</strong>vem ser<br />
guardados em armários; po<strong>de</strong>se<br />
<strong>de</strong>signar uma parte do congelador<br />
como chamêts para alimentos<br />
congelados.<br />
Todo chamêts não eliminado<br />
<strong>de</strong>ve ser vendido a um não-ju<strong>de</strong>u<br />
antes <strong>de</strong> Pêssach, pois a Lei<br />
<strong>Judaica</strong> proíbe o uso <strong>de</strong> qualquer<br />
chamêts na posse <strong>de</strong> um<br />
ju<strong>de</strong>u durante Pêssach, mesmo<br />
após seu término. Por ser muito<br />
complexa, esta venda <strong>de</strong>ve ser<br />
efetuada por um rabino competente.<br />
Portanto, cada um <strong>de</strong>ve<br />
assinar uma procuração da ven-<br />
- “Eu sou o Senhor teu D-us, que te tirei da terra do Egito, da<br />
casa da escravidão”. As palavras que nos dirigiu mostram o quão<br />
importante é o acontecimento que celebramos em Pêssach.<br />
É evi<strong>de</strong>nte, então, que Pêssach merece rigorosa atenção e<br />
observância. Por ser particularmente significativa para as<br />
crianças, os pais ju<strong>de</strong>us não as <strong>de</strong>ixam comparecer a escola<br />
no feriado, a fim <strong>de</strong> que o recor<strong>de</strong>m e apreciem como uma real<br />
mudança <strong>de</strong> sua vida cotidiana. Os mandamentos referentes a<br />
Pêssach estão no décimo segundo capitulo do Êxodo, on<strong>de</strong><br />
se <strong>de</strong>screve quando ele <strong>de</strong>ve ser celebrado – no décimo<br />
quarto dia <strong>de</strong> <strong>Nissan</strong> – e como a celebração <strong>de</strong>ve efetuar-se<br />
através <strong>de</strong> uma festa, da ingestão das matsot e da retirada <strong>de</strong><br />
todo fermento, ou chamêts, <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da casa.<br />
da <strong>de</strong> chamêts e entregá-la ao<br />
rabino, até as 10h30 da véspera<br />
<strong>de</strong> Pêssach.<br />
A casherização<br />
É aconselhável ter jogos especiais<br />
<strong>de</strong> louças, talheres, vasilhas,<br />
panelas, etc. reservados<br />
exclusivamente para Pêssach.<br />
Se necessário, certos utensílios<br />
<strong>de</strong> uso diário po<strong>de</strong>m ser chasherizados<br />
(“tornados aptos”).<br />
De preferência a casherização<br />
<strong>de</strong>ve ser feita na presença <strong>de</strong> um<br />
rabino, conhecedor <strong>de</strong>stas leis.<br />
Utensílios <strong>de</strong> metal usados<br />
diretamente no fogo (como<br />
espetos, assa<strong>de</strong>iras, etc.) só<br />
po<strong>de</strong>m ser casherizados por<br />
incan<strong>de</strong>scência.<br />
Utensílios nos quais o alimento<br />
é cozido po<strong>de</strong>m ser casherizados<br />
por esterilização. Depois<br />
<strong>de</strong> meticulosamente limpos <strong>de</strong><br />
qualquer sujeira ou ferrugem<br />
<strong>de</strong>vem ser enxaguados e, em<br />
seguida, imersos por completo<br />
num recipiente cheio d’água em<br />
ebulição constante e imediatamente<br />
enxaguados em água fria.<br />
Utensílios <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>vem<br />
ser lixados antes da chasherização<br />
por meio <strong>de</strong> esterilização.<br />
Utensílios <strong>de</strong> cerâmica e porcelana<br />
não po<strong>de</strong>m ser casherizados.<br />
O costume ashkenazi é não<br />
casherizar utensílios <strong>de</strong> vidro.<br />
Fogão e forno<br />
Michael Asheri – Ed. Imago<br />
Preparando a casa para Pêssach<br />
O fogão <strong>de</strong>ve ser limpo por<br />
inteiro com um palito especial e<br />
suas partes lavadas em água<br />
corrente. Depois <strong>de</strong> limpo com<br />
removedor <strong>de</strong> gordura, o forno<br />
<strong>de</strong>ve ser aquecido o mais quente<br />
possível por duas horas. Também<br />
as grelhas e partes <strong>de</strong> ferro<br />
do fogão <strong>de</strong>vem ser casherizadas<br />
por incan<strong>de</strong>scência. A<br />
mesa do fogão e as pare<strong>de</strong>s e<br />
teto do forno <strong>de</strong>vem ser revestidos<br />
com papel alumínio grosso.<br />
O forno autolimpante que chega<br />
3
4<br />
até 500 o se chasheriza automaticamente,<br />
ao ser limpo na temperatura<br />
máxima até o final do ciclo.<br />
Forno <strong>de</strong><br />
microondas<br />
Deve ser inteiramente<br />
limpo e <strong>de</strong>ixado 24 horas<br />
sem uso. Um recipiente não<br />
usado durante 24 horas<br />
<strong>de</strong>ve ser enchido com água até<br />
formar bastante vapor. Deve-se<br />
repetir este processo três vezes<br />
trocando a água a cada vez. Depois,<br />
o interior <strong>de</strong>ve ser limpo e<br />
forrado com placa <strong>de</strong> isopor ou<br />
qualquer outro objeto grosso<br />
para separar o prato <strong>de</strong> comida<br />
<strong>de</strong> Pêssach do fundo do forno.<br />
Ao cozinhar, o alimento <strong>de</strong>ve estar<br />
totalmente coberto.<br />
Pia<br />
Água quente <strong>de</strong> vasilha <strong>de</strong><br />
chamêts não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>spejada<br />
na pia durante 24 horas antes<br />
<strong>de</strong> sua casherização. A pia<br />
<strong>de</strong>ve ser limpa meticulosamente,<br />
inclusive o sifão.<br />
Soda cáustica ou outro produto<br />
<strong>de</strong>sentupidor <strong>de</strong>ve<br />
ser <strong>de</strong>spejado no ralo antes<br />
da casherização.<br />
Após a limpeza, secase<br />
a pia. Água fervida<br />
duma panela limpa não<br />
usada por 24 horas <strong>de</strong>ve ser<br />
<strong>de</strong>spejada sobre cada parte da<br />
pia e torneira e, em seguida,<br />
água fria. A pia <strong>de</strong>ve então ser<br />
enxugada e forrada com papel<br />
alumínio grosso. Ao <strong>de</strong>spejar a<br />
água fervendo na pia <strong>de</strong> inox,<br />
mármore ou granito, passa-se<br />
junto um ferro incan<strong>de</strong>scente em<br />
toda a pia, sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
forrá-la; mas é costume forrá-la.<br />
Cubas <strong>de</strong> porcelana, cerâmica<br />
ou esmaltadas<br />
não po<strong>de</strong>m ser casherizadas.<br />
Devem ser<br />
bem limpas e cobertas<br />
por chapas (<strong>de</strong><br />
Pêssach) ou por duas camadas<br />
<strong>de</strong> alumínio grosso. De preferência<br />
não se <strong>de</strong>ve jogar nada<br />
quente nestas pias durante<br />
Pêssach.<br />
Gela<strong>de</strong>ira,<br />
congelador,<br />
armários, mesas<br />
e balcões<br />
Todos estes <strong>de</strong>vem ser limpos<br />
por completo e esfregados<br />
para remover quaisquer miga-<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
lhas ou resíduos <strong>de</strong> comida e forradas<br />
com papel ou plástico. A<br />
borracha ao redor da porta da<br />
gela<strong>de</strong>ira e congelador <strong>de</strong>ve ser<br />
limpa com uma escovinha. As superfícies<br />
que entram em contato<br />
com comida ou utensílios quentes,<br />
<strong>de</strong>vem ser cobertas com tábua<br />
<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, isopor, etc.<br />
Liquidificador,<br />
bate<strong>de</strong>ira,<br />
multiprocessador<br />
As tigelas, copos e faquinhas<br />
<strong>de</strong>vem ser trocadas para uso exclusivo<br />
<strong>de</strong> Pêssach. O motor <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> bem limpo e envolto em<br />
papel alumínio po<strong>de</strong> ser usado.<br />
Toalhas e<br />
guardanapos<br />
As toalhas e guardanapos <strong>de</strong><br />
pano po<strong>de</strong>m ser usados <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> lavados com água quente,<br />
sem engomar, após terem sido<br />
escovados nas costuras e<br />
bordas para retirar os possíveis<br />
resíduos <strong>de</strong> pão.<br />
Compras para<br />
Pêssach<br />
Alimentos e produtos casher<br />
durante o ano todo são freqüentemente<br />
inaceitáveis para Pêssach.<br />
Atualmente, há vários alimentos<br />
industrializados para Pêssach.<br />
Contudo, <strong>de</strong>vemos optar por<br />
comprar apenas os com supervisão<br />
rabínica confiável. Po<strong>de</strong>m<br />
ser usados frutas<br />
e legumes frescos,<br />
bem como<br />
carne, peixe e<br />
laticínios casher<br />
para Pêssach.<br />
É costume ashkenazi<br />
não comer em Pêssach leguminosas<br />
frescas, secas ou enlatadas,<br />
como: arroz, milho, ervilha,<br />
grão-<strong>de</strong>-bico, mostarda, amendoim,<br />
feijão, soja, vagem, sementes,<br />
etc. ou alimentos feitos com<br />
um <strong>de</strong>stes ingredientes, <strong>de</strong>vido à<br />
semelhança com o chamêts.<br />
Os sefaradim costumam comer<br />
arroz, escolhido sete vezes<br />
antes <strong>de</strong> Pêssach.<br />
Matsá Shemurá<br />
Matsá shemurá é aquela cujo<br />
trigo é cuidadosamente observado<br />
para evitar contato com água<br />
a partir da colheita (ou, no mínimo,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a moagem). A matsá<br />
shemurá redonda é amassada e<br />
moldada à mão, semelhante a<br />
matsá original assada pelos filhos<br />
<strong>de</strong> Israel na saída do Egito.<br />
É assada sob estrita supervisão<br />
rabínica para evitar qualquer<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fermentação e<br />
com a intenção da mitsvá. A matsá<br />
shemurá feita à<br />
mão <strong>de</strong>ve ser usada,<br />
pelo menos,<br />
em ambas as noites<br />
do sê<strong>de</strong>r para<br />
as três matsot na<br />
travessa do sê<strong>de</strong>r<br />
ou, no mínimo, para a<br />
do centro.<br />
Matsá Sheruyá<br />
Sheruyá é matsá ou farinha<br />
<strong>de</strong> matsá misturada com líquidos.<br />
Exemplos <strong>de</strong> sheruyá incluem<br />
kneidalech, matsá-brei e bolos<br />
<strong>de</strong> Pêssach feitos com farinha<br />
<strong>de</strong> matsá. Muitas comunida<strong>de</strong>s<br />
observam o costume<br />
<strong>de</strong> não comer<br />
sheruyá durante<br />
os primeiros sete<br />
dias <strong>de</strong> Pêssach,<br />
<strong>de</strong>ixando as<br />
matsot cobertas<br />
(<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />
guardanapo ou<br />
saco plástico) durante<br />
a refeição. A razão para<br />
esta precaução é que, se mesmo<br />
uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
matsá que contenha farinha que<br />
não foi bem misturada com água<br />
po<strong>de</strong>rá fermentar quando entrar<br />
em contato com a água.<br />
No oitavo dia,<br />
entretanto, fazse<br />
questão <strong>de</strong><br />
embeber as<br />
matsot. Nossos<br />
sábios permitiram<br />
comer sheruyá<br />
no oitavo dia <strong>de</strong><br />
Pêssach como uma <strong>de</strong>monstração<br />
da união entre todos<br />
os ju<strong>de</strong>us, apesar dos costumes<br />
variarem durante os primeiros<br />
sete dias.<br />
PREPARANDO O<br />
SÊDER<br />
As principais mitsvot do sê<strong>de</strong>r<br />
são:<br />
• Comer matsá;<br />
• Narrar a história do Êxodo<br />
ao recitar a Hagadá;<br />
• Explicar o significado dos três<br />
itens: pêssach (cor<strong>de</strong>iro pascal),<br />
matsá e maror (ervas amargas);<br />
• Beber quatro taças <strong>de</strong> vinho<br />
tinto doce (para as crianças<br />
po<strong>de</strong> ser servido suco <strong>de</strong> uva);<br />
• Comer maror;<br />
• Recitar o Halel (Cânticos<br />
<strong>de</strong> Louvor).<br />
A travessa<br />
do sê<strong>de</strong>r<br />
Três matsot <strong>de</strong>vem ser<br />
colocadas sobre a mesa<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um pano com divisões<br />
(ou uma matsá é<br />
colocada em cima da outra,<br />
com guardanapos entre<br />
elas). As três matsot simbolizam<br />
os três tipos <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us:<br />
cohen, levi e yisrael. Outro motivo<br />
é para que restem duas<br />
matsot inteiras mesmo quando<br />
a matsá central é quebrada,<br />
como em todo Shabat e Iom Tov<br />
quando <strong>de</strong>ve haver lêchem<br />
mishnê (dois pães) na mesa.<br />
Por cima das três matsot (cobertas)<br />
são colocados seis itens. Isto<br />
constitui a keará (travessa do sê<strong>de</strong>r).<br />
• Zerôa – O pescoço <strong>de</strong> frango<br />
grelhado simboliza o Cor<strong>de</strong>iro<br />
Pascal trazido ao Templo Sagrado<br />
na véspera <strong>de</strong> Pêssach.<br />
A carne do pescoço é removida<br />
e o osso queimado. O zerôa não<br />
é comido no sê<strong>de</strong>r.<br />
• Betsá – O ovo cozido representa<br />
o sacrifício chaguigá<br />
trazido ao Templo Sagrado nas<br />
Festas <strong>de</strong> Peregrinação (Pêssach,<br />
Shavuot e Sucot). O ovo cozido<br />
(normalmente servido aos<br />
enlutados durante a shiva) lembra<br />
o Templo Sagrado <strong>de</strong>struído, pelo<br />
qual ainda choramos em<br />
Tish’á Beav (o primeiro<br />
dia <strong>de</strong> Pêssach<br />
sempre coinci<strong>de</strong><br />
com o dia da semana<br />
<strong>de</strong> Tish’á<br />
Beav). Costuma-se<br />
iniciar a<br />
refeição do sê<strong>de</strong>r<br />
com o ovo cozido mergulhado na<br />
água salgada: a água salgada<br />
simboliza o Mar Vermelho, que os<br />
ju<strong>de</strong>us cruzaram a caminho da liberda<strong>de</strong>,<br />
e o ovo, o povo ju<strong>de</strong>u, por<br />
ser o único alimento que, quanto<br />
mais tempo permanece na água<br />
quente, mais duro fica.<br />
• Maror – As ervas amargas<br />
simbolizam a amarga escravidão<br />
do povo ju<strong>de</strong>u no Egito. Como<br />
maror po<strong>de</strong>-se usar raiz-forte<br />
crua e <strong>de</strong>scascada, folhas <strong>de</strong><br />
endivia, talos ou folhas <strong>de</strong> alface<br />
romana ou a combinação <strong>de</strong>stes.<br />
• Charosset – A mistura <strong>de</strong><br />
maçãs, pêras, nozes liquidifica-
das ou raladas, misturadas com<br />
uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vinho<br />
tinto, lembra a argamassa usada<br />
no Egito para fabricar tijolos.<br />
• Carpas – A cebola crua (ou<br />
a batata cozida) é mergulhada<br />
A celebração do Pêssach tem<br />
duração <strong>de</strong> oito dias e <strong>de</strong>ve ser<br />
feita na casa <strong>de</strong> todo ju<strong>de</strong>u. Esta<br />
festa, acompanhada pela leitura<br />
em voz alta da Hagadá, cumpre<br />
o mandamento contido em<br />
Ex. 13, 8: “E naquele mesmo dia<br />
farás saber a teu filho, dizendolhe:<br />
Isto é pelo que o Senhor fez<br />
por mim, quando sai do Egito”.<br />
Enquanto em outros feriados<br />
a festa que celebra o dia po<strong>de</strong><br />
ser iniciada a qualquer hora<br />
após o pôr-do-sol, até mesmo<br />
bem tar<strong>de</strong> da noite, o sê<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
Pêssach <strong>de</strong>ve ter inicio assim<br />
que fica escuro, <strong>de</strong> modo que as<br />
crianças não fiquem cansadas e<br />
adormeçam antes do sê<strong>de</strong>r terminar.<br />
O sê<strong>de</strong>r inteiro é, realmente,<br />
feito em beneficio das<br />
crianças, e por isso elas <strong>de</strong>vem<br />
sentar-se à mesma mesa<br />
que os adultos. Fazer os filhos<br />
sentar em uma mesa separada,<br />
como se faz algumas vezes<br />
em outras celebrações, é<br />
proibido em Pêssach.<br />
A mesa <strong>de</strong> Pêssach <strong>de</strong>ve ser<br />
posta com um par <strong>de</strong> can<strong>de</strong>labros,<br />
uma toalha especial e o<br />
mais belo serviço <strong>de</strong> talheres,<br />
cristais e louça que a família<br />
possua e as coisas necessárias<br />
para celebrar o próprio sê<strong>de</strong>r.<br />
Comidas e bebidas são trazidas<br />
posteriormente.<br />
Se possível, <strong>de</strong>vem-se colocar<br />
almofadas nas ca<strong>de</strong>iras, mas<br />
especialmente na do condutor<br />
do sê<strong>de</strong>r. Isto se <strong>de</strong>stina a permitir-lhe<br />
reclinar-se enquanto<br />
bebe as quatro taças <strong>de</strong> vinho,<br />
a fim <strong>de</strong> mostrar a sua libertação<br />
da escravidão.<br />
Todo lugar <strong>de</strong>ve ter também<br />
uma Hagadá, a fim <strong>de</strong> que todos<br />
possam tomar parte na recitação,<br />
ou segui-la.<br />
Em muitas famílias, o condutor<br />
da cerimônia, usa um kitel<br />
branco, tanto em sinal <strong>de</strong> jubilo<br />
como para lembrar que a vida é<br />
na água salgada para <strong>de</strong>spertar<br />
a curiosida<strong>de</strong> das crianças.<br />
• Chazêret – Mais ervas amargas<br />
para serem ingeridas no “sanduíche”<br />
(item corêch do sê<strong>de</strong>r).<br />
• Água salgada – Um pote<br />
O Sê<strong>de</strong>r<br />
curta. À frente do condutor fica<br />
o prato do sê<strong>de</strong>r. Sobre este prato<br />
são colocados os seguintes<br />
cinco alimentos (a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> seu<br />
arranjo no prato varia <strong>de</strong> família<br />
para família): ovo ( betsá - cozido<br />
e assado no forno), um osso<br />
assado (zerôa), ervas amargas<br />
(maror), pasta <strong>de</strong> maçã e nozes<br />
(charosset), batatas cozidas ou<br />
salsinha (karpás). É também colocada<br />
uma tigela com água e<br />
sal para mergulhar a salsinha e<br />
o pano com três divisórias para<br />
a colocação das três matsot.<br />
Embora seja costume recitar<br />
a Hagadá em hebraico, é perfeitamente<br />
admissível lê-la em<br />
qualquer língua. Na realida<strong>de</strong><br />
existe um trecho que começa por<br />
“Rabban Gamaliel costumava<br />
dizer...”, que tem <strong>de</strong> ser lida <strong>de</strong><br />
modo que os presentes à mesa<br />
compreendam. Ela explica os<br />
aspectos essenciais do sê<strong>de</strong>r,<br />
sendo importante que todos saibam<br />
quais são eles.<br />
A refeição <strong>de</strong> Pêssach começa,<br />
pelo menos entre os ashkenazim,<br />
comendo-se um ovo cozido<br />
num prato <strong>de</strong> água salgada.<br />
O segundo prato é geralmente<br />
guefilte fish, que muitas<br />
pessoas imaginam ser uma invenção<br />
estritamente judaica.<br />
Na realida<strong>de</strong> os chineses também<br />
o conhecem, e os japoneses<br />
possuem uma versão <strong>de</strong>le<br />
chamada kamaboko. O terceiro<br />
prato é a sopa com bolas <strong>de</strong><br />
matsá ou com macarrão feito<br />
<strong>de</strong> ovos ou <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> batata.<br />
Serve-se então o prato principal<br />
e seus acompanhamentos<br />
e por fim a sobremesa.<br />
Um costume universalmente<br />
praticado <strong>de</strong>ve ser aqui mencionado.<br />
No inicio do sê<strong>de</strong>r, coloca-se<br />
uma gran<strong>de</strong> taça <strong>de</strong> prata<br />
(se houver; se não, qualquer<br />
copo com pé) sobre a mesa e a<br />
<strong>de</strong>ixa vazia até que o terceiro<br />
dos quatro copos <strong>de</strong> vinho seja<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
com água salgada <strong>de</strong>ve ser<br />
preparado <strong>de</strong> véspera; lembra<br />
as lágrimas que os ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong>rramaram<br />
com o trabalho pesado<br />
no Egito.<br />
bebido, após a refeição. Feito<br />
isso, ela é então enchida para<br />
Elias, o Profeta (Eliahu Hanavi);<br />
o celebrante abandona a mesa<br />
e vai até a porta da frente, abrea,<br />
e recita a D-us uma súplica<br />
para que <strong>de</strong>strua os Seus inimigos<br />
e os <strong>de</strong> Seu povo, Israel. A<br />
porta é aberta para que Elias<br />
possa entrar, porque será ele<br />
quem anunciará a chegada do<br />
Messias. Em algumas famílias,<br />
a taça <strong>de</strong> Elias é enchida no começo<br />
do sê<strong>de</strong>r.<br />
5
6<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
Receitas com grife<br />
Estas receitas foram gentilmente cedidas por Vera Sasson, filha <strong>de</strong> Dna. Bertha Guelmann Scliar z”l<br />
Dna. Bertha z”l nasceu em 25 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1915 em Curitiba.<br />
Estudou no Colégio Americano e <strong>de</strong>pois foi interna do<br />
Colégio Cajuru, on<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>u artes e idiomas. Ela falava<br />
fluentemente inglês e francês e tinha mãos <strong>de</strong> fada: bordava,<br />
fazia tapeçaria, pintava porcelanas e a sua gran<strong>de</strong> paixão era<br />
a cozinha; fazia realmente <strong>de</strong>licias.<br />
Pão <strong>de</strong> Pêssach Souflê <strong>de</strong> claras com<br />
nozes e damascos<br />
Modo <strong>de</strong> fazer:<br />
Ingredientes:<br />
Colocar numa caçarola a água,<br />
1 copo <strong>de</strong> óleo sal, azeite e levar ao fogo. Quando<br />
3 copos <strong>de</strong> abrir fervura, retirar do fogo e adici-<br />
água fria<br />
onar <strong>de</strong> uma vez só toda a farinha.<br />
3 copos <strong>de</strong> Mexer bem e levar ao fogo novamen-<br />
farinha <strong>de</strong> te, sempre mexendo até formar uma<br />
matsá<br />
bola, aparecendo o fundo da pane-<br />
peneirada la. Retirar do fogo e <strong>de</strong>ixar esfriar.<br />
1 colher <strong>de</strong><br />
Bater os ovos inteiros e juntar a<br />
café <strong>de</strong> sal massa já fria e misturar bem.<br />
3 ovos<br />
Untar uma assa<strong>de</strong>ira com um pouco<br />
<strong>de</strong> óleo e polvilhar com farinha <strong>de</strong><br />
matsá. Passar o azeite nas mãos e<br />
fazer bolas pequenas com a massa,<br />
colocando bem afastadas na forma pois elas crescem.<br />
Colocar em forno bem quente e quando estiver crescido<br />
baixar o forno no mínimo. Assar durante 1 hora.<br />
Quando aconteciam os bazares da Wizo, da qual era gran<strong>de</strong><br />
ativista, seus quitutes eram disputados e faziam gran<strong>de</strong><br />
sucesso. Dizem que uma <strong>de</strong> suas netas, Sheila, herdou as<br />
habilida<strong>de</strong>s culinárias da avó.<br />
Bertha foi casada com Manoel Scliar z”l e teve três filhas e<br />
sete netos. Faleceu em 30 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1995 aos 80 anos.<br />
Modo <strong>de</strong> fazer:<br />
Ingredientes: Deixar os damascos <strong>de</strong> molho durante<br />
10 claras 1 hora ou mais. Cozinhar na mesma água<br />
para amolecer. Acrescente o açúcar a gos-<br />
5 colheres <strong>de</strong><br />
to e <strong>de</strong>ixe esfriar.<br />
sopa <strong>de</strong> açúcar<br />
Bater as claras em neve, adicionar o<br />
100 g <strong>de</strong><br />
açúcar e em seguida os damascos picados<br />
damasco<br />
e as nozes. Numa frigi<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>rreta açúcar<br />
1 xícara <strong>de</strong> a vonta<strong>de</strong> e quando estiver em ponto <strong>de</strong> cal-<br />
nozes picadas da <strong>de</strong>spejar sobre as claras batidas, batendo<br />
mais um pouco para misturar bem.<br />
Caramelar uma forma bem gran<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
pudim que tenha uma tampa. Derramar a mistura <strong>de</strong>ntro da<br />
forma e tampar (se não tiver uma tampa, cubra com papel<br />
alumínio) e em banho Maria, sobre o fogão, <strong>de</strong>ixar cozinhar<br />
por 50 minutos. Desenformar ainda quente <strong>de</strong>ixando na forma<br />
sobre o suflê até este esfriar.<br />
Tatiana Shaposhnikov<br />
ucraniana <strong>de</strong> O<strong>de</strong>ssa<br />
e que migrou para Israel<br />
em 1987 é uma das<br />
lí<strong>de</strong>res do time <strong>de</strong> vôlei<br />
do Rexona. Tali, como é<br />
conhecida, conquistou<br />
com habilida<strong>de</strong> técnica e<br />
carisma, o carinho das<br />
colegas e da gran<strong>de</strong> torcida<br />
curitibana do Rexona.<br />
Campeão da primeira<br />
etapa da Super Liga<br />
nacional, o Rexona teve<br />
em Tali uma das principais<br />
jogadoras do time, com <strong>de</strong>staque<br />
na competição.<br />
Com 25 anos e 1,83 metro <strong>de</strong> altura,<br />
tem orgulho <strong>de</strong> Israel e <strong>de</strong> ser<br />
israelense. Domina o inglês, o hebraico,<br />
o russo, o italiano e agora<br />
também o português. Jogou pela<br />
seleção israelense por três temporadas<br />
(94 a 96). Atuou no Hisamitsu<br />
(Japão), no CJD Berlin (Alemanha),<br />
no Warsi Palermo e no Reggio<br />
Calabria (Itália).<br />
Tali, que saiu <strong>de</strong> um país (Israel)<br />
com pouco mais <strong>de</strong> 24 mil km 2 e chegou<br />
num país-continente como o Brasil,<br />
com mais <strong>de</strong> 8 milhões <strong>de</strong> km 2 , evi<strong>de</strong>ntemente<br />
que ficou impressionada<br />
com as dimensões e as belezas naturais.<br />
A adaptação foi rápida, inclusive<br />
assimilando já o português. Gosta do<br />
povo brasileiro e adora Curitiba.<br />
Quanto a Israel, Tali, é claro,<br />
Lazanha<br />
<strong>de</strong> Pêssach<br />
Modo <strong>de</strong> fazer:<br />
Ingredientes:<br />
Refogar o fran-<br />
1 frango médio go em pedaços<br />
1 cebola gran<strong>de</strong> com todos os tem-<br />
1 kg <strong>de</strong> tomates<br />
peros. Desossar e<br />
<strong>de</strong>sfiar. Molhar as<br />
1 <strong>de</strong>nte <strong>de</strong> alho<br />
folhas <strong>de</strong> matsá<br />
folhas <strong>de</strong> matsá com água. Colo-<br />
sal, pimenta, louro car num pirex um<br />
pouco <strong>de</strong> azeite e<br />
fixar as folhas <strong>de</strong><br />
matsá e alternar<br />
com frango e molho. A ultima<br />
camada <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> molho.<br />
Levar ao forno para<br />
aquecer e servir em seguida.<br />
Tali nasceu na Ucrânia, é cidadã<br />
israelense e curitibana <strong>de</strong> coração<br />
Isac Baril<br />
preocupa-se com a situação<br />
<strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong>,<br />
com a segurança e a<br />
economia do país. E<br />
como todo israelense<br />
espera para breve uma<br />
<strong>de</strong>finição política, trazendo<br />
a paz esperada<br />
por ju<strong>de</strong>us e árabes. Ela<br />
admira o bom relacionamento<br />
entre árabes e<br />
ju<strong>de</strong>us aqui no Brasil e<br />
tem certeza que isso<br />
ocorrerá em Israel.<br />
Arad, uma cida<strong>de</strong><br />
com 15 mil habitantes, nas proximida<strong>de</strong>s<br />
do Mar Morto é on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong><br />
sua família (pai, mãe e irmão).<br />
Tali namora Vladislav, com quem<br />
preten<strong>de</strong> casar-se. Ele é russo e<br />
vive em Jerusalém.<br />
Seu contrato com o Rexona termina<br />
com a atual temporada da<br />
Super Liga, mas espera ficar jogando<br />
outros campeonatos, embora<br />
saiba das dificulda<strong>de</strong>s em manterse<br />
pelos problemas financeiros que<br />
sempre ocorrem entre as temporadas.<br />
Tali é judia convicta e praticante.<br />
Sente muito não po<strong>de</strong>r ir à sinagoga,<br />
principalmente no Cabalat<br />
Shabat, pois o calendário profissional<br />
a impe<strong>de</strong>, porque as competições<br />
são realizadas principalmente<br />
nos sábados. Outro exemplo <strong>de</strong> sua<br />
fé foi comprovada, quando Tali nos<br />
saudou pelo telefone com um caloroso<br />
Chag Sameach. Era Purim.
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
A contagem do Omer<br />
O período do Omer, que dura<br />
sete semanas e se esten<strong>de</strong> até Shavuot,<br />
inicia-se na segunda noite <strong>de</strong><br />
Pêssach. Quarenta e nove dias separam<br />
estas duas datas e a Torá<br />
nos manda contar este período. A<br />
contagem é conhecida como Sefirat<br />
HaOmer.<br />
Esta contagem inicia-se com a<br />
saída do Egito e representa os 49<br />
graus <strong>de</strong> ascensão espiritual realizados,<br />
no <strong>de</strong>serto, pelos hebreus.<br />
Segundo o Talmud, no Egito os filhos<br />
<strong>de</strong> Israel haviam perdido não<br />
apenas a sua liberda<strong>de</strong> como também<br />
a sua espiritualida<strong>de</strong>.<br />
Encontravam-se no mais baixo<br />
nível <strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong> e os 49 dias<br />
serviram <strong>de</strong> preparo espiritual para<br />
que estivessem aptos a receber a<br />
Torá no Monte Sinai, a razão fundamental<br />
do êxodo.<br />
Este período <strong>de</strong> transição, que<br />
se iniciou com a saída do Egito, foi<br />
um tempo <strong>de</strong> profunda preparação<br />
para que, gradativamente, cada um<br />
pu<strong>de</strong>sse “crescer” e alcançar o nível<br />
<strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong> necessário.<br />
Era uma tarefa enorme a ser<br />
cumprida – fazer com que uma população<br />
escravizada e oprimida,<br />
que vivera centenas <strong>de</strong> anos sob a<br />
influência do paganismo egípcio,<br />
alcançasse os altos graus <strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong><br />
necessários para receber<br />
a Lei.<br />
D-us mostrou a Moisés como<br />
realizá-la. A cada dia, cada um dos<br />
Filhos <strong>de</strong> Israel <strong>de</strong>veria mudar só<br />
uma pequena faceta do <strong>de</strong> seu caráter.<br />
Deveria refinar um traço particular<br />
<strong>de</strong> sua personalida<strong>de</strong>. Assim,<br />
a cada dia cresceria um pouco, até<br />
chegar à elevação necessária para<br />
receber a Torá.<br />
Dizem nossos sábios que, em<br />
Pêssach, cada ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar<br />
como se ele mesmo tivesse sido<br />
Quarenta e nove passos para o crescimento pessoal<br />
libertado da escravidão do Egito.<br />
Mitzraym (Egito, em hebraico)<br />
significa estreito, limitado, um espaço<br />
pequeno. Representa os caminhos<br />
pelos quais nós, como indivíduos,<br />
dificultamos o nosso crescimento<br />
espiritual. Em cada palavra<br />
e letra da Torá há uma diretriz que<br />
nos ensina como buscar um crescimento<br />
interior e uma transformação.<br />
Quando a Torá nos manda “<strong>de</strong>ixar<br />
Mitzraym”, isto significa romper<br />
com nossas limitações, convertendo<br />
traços negativos em positivos, ir<br />
além <strong>de</strong> nossas limitações, maximizando,<br />
assim, o potencial espiritual<br />
que existe em cada um <strong>de</strong> nós.<br />
O crescimento físico chega ao<br />
fim numa certa ida<strong>de</strong>, mas o crescimento<br />
espiritual <strong>de</strong>ve continuar<br />
para sempre. A espiritualida<strong>de</strong> é<br />
uma escalada rumo ao infinito.<br />
Durante os 49 dias <strong>de</strong> Sefirat<br />
HaOmer nos é dada à oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> subir, passo a passo, a escada<br />
do crescimento emocional e do<br />
aprimoramento pessoal. A cada dia<br />
concentramos nossa atenção em<br />
uma das sete, subdivididas em sete,<br />
pois cada uma inclui <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si<br />
aspectos das <strong>de</strong>mais.<br />
As sete faculda<strong>de</strong>s emocionais<br />
<strong>de</strong> nossa alma são as Sefirot da<br />
emoção humana:<br />
• Chessed: Benevolência;<br />
• Guevurá: Força, julgamento, reclusão,<br />
pavor;<br />
• Tiferet: Beleza, harmonia;<br />
• Netzach: Perseverança, a vonta<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> vencer, conquistar:<br />
• Hod: Empatia, sincerida<strong>de</strong>, perseverança;<br />
• Yessod: União;<br />
• Malchut: Soberania, nobreza; a<br />
realização do potencial do homem.<br />
Cada um dos 49 dias tem sua<br />
própria energia espiritual. Penetramos<br />
ou canalizamos essa energia<br />
quando os examinamos e aprimoramos<br />
em nosso interior. Por isso,<br />
mencionamos a cada dia uma <strong>de</strong>ssas<br />
emoções e a sua subdivisão,<br />
por exemplo: o 1 o dia é Chessed<br />
Shebechessed – a bonda<strong>de</strong> que<br />
existe na bonda<strong>de</strong>; o 2 o dia é Guevurá<br />
Shebechessed – a severida<strong>de</strong><br />
ou o rigor que existe na bonda<strong>de</strong>.<br />
Após nos purificarmos em todas<br />
as 49 dimensões, estamos plenamente<br />
aptos a receber a Revelação<br />
Divina. Celebramos o recebimento<br />
da Torá já tendo adquirido por completo<br />
o aprimoramento <strong>de</strong> todas as<br />
nossas faculda<strong>de</strong>s emocionais.<br />
A contagem<br />
A contagem <strong>de</strong>ve ser sempre<br />
feita <strong>de</strong> pé, após o aparecer das<br />
estrelas, quando segundo a tradição<br />
judaica um novo dia começa. A contagem<br />
do Omer tem inicio com a<br />
recitação do Salmo 67, pois este<br />
contém alusões aos 49 dias da sefirá.<br />
Em seguida, diz-se a berachá:<br />
Baruch Ata A-do-nai, E-lo-henu<br />
Melech haolam, asher ki<strong>de</strong>shanu bemitsvotav,<br />
vetsivanú al sefirat HaOmer.<br />
Bendito és Tu, Eterno, nosso<br />
D-us, Rei do Universo que nos santificaste<br />
com Teus mandamentos e<br />
nos or<strong>de</strong>naste a contar o Omer.<br />
Em seguida, diz-se o número <strong>de</strong><br />
dias da contagem, como mostrava<br />
o exemplo.<br />
Se alguém esquecer em alguma<br />
noite <strong>de</strong> contar o Omer, po<strong>de</strong>rá<br />
fazê-lo no dia seguinte, sem dizer a<br />
berachá. Se esquecer novamente,<br />
po<strong>de</strong>rá continuar a contagem nos<br />
<strong>de</strong>mais dias sempre sem a berachá.<br />
O Omer po<strong>de</strong> ser contado em<br />
qualquer idioma, porém o costume<br />
é contá-lo em hebraico. A lista dos<br />
dias e informações mais <strong>de</strong>talhadas<br />
po<strong>de</strong>m ser encontradas em qualquer<br />
Sidur.<br />
7
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uma família judia-húngara. Um roteiro muito bem <strong>de</strong>senvolvido que mostra três gerações<br />
da família <strong>de</strong> Ivan Sonnenschein, (que também é o narrador) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos <strong>de</strong> 1828, até<br />
os dias <strong>de</strong> hoje. Ralph Fiennes, que anteriormente havia feito um militante nazista em A<br />
Lista <strong>de</strong> Schindler, interpreta vários personagens na família judia, até mesmo sofrendo os<br />
horrores do Holocausto. O interessante <strong>de</strong>sse filme é acompanhar a saga, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
dos personagens diante dos acontecimentos fictícios e também históricos que se<br />
suce<strong>de</strong>m. Confira...<br />
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É um gran<strong>de</strong> perigo para uma comunida<strong>de</strong> minoritária,<br />
a apatia política com relação aos acontecimentos internacionais<br />
que lhe dizem respeito. Refiro-me ao momento<br />
atual em que ju<strong>de</strong>us vem sendo assassinados pelo<br />
simples fato <strong>de</strong> serem ju<strong>de</strong>us. Disse o sábio Rei Salomão,<br />
em seu livro Eclesiastes, que “não há nada <strong>de</strong> novo<br />
abaixo do sol” ou seja: tudo se repete.<br />
O requinte <strong>de</strong> cruelda<strong>de</strong> da matança nas Cruzadas,<br />
na Inquisição, nos Pogroms e no Holocausto volta a acontecer<br />
em pleno século XXI. Os métodos são diferentes, porém<br />
o intuito é o mesmo: matar ju<strong>de</strong>us impiedosamente.<br />
Dizem os historiadores que no Holocausto, os campos<br />
<strong>de</strong> concentração foram edificados pelo ódio, mas as<br />
estradas que levavam à morte foram pavimentadas pela<br />
indiferença. É este sentimento terrível <strong>de</strong> insensibilida<strong>de</strong><br />
que <strong>de</strong>ve ser combatido em nossa comunida<strong>de</strong>, em<br />
todos os níveis: das crianças aos mais velhos; dos letrados<br />
aos menos cultos. Devemos reagir contra aqueles<br />
que atacam a violência <strong>de</strong> Ariel Sharon, no governo a<br />
apenas um ano, sem mencionar, sequer em seus comentários,<br />
a falsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Yasser Arafat que vem <strong>de</strong>sgraçando<br />
o povo palestino e seus vizinhos israelenses há 37<br />
anos. Reagir com <strong>de</strong>terminação quando um artigo num<br />
jornal é publicado contendo inverda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> forma ten<strong>de</strong>nciosa,<br />
enviando carta <strong>de</strong> protesto ao veículo contrapondo-se<br />
à opinião do autor.<br />
Não po<strong>de</strong>mos permitir que sejam divulgadas pela imprensa,<br />
notícias que provocam falsas expectativas, fruto<br />
das artimanhas dos inimigos <strong>de</strong> Israel e do povo ju<strong>de</strong>u.<br />
Refiro-me ao recente plano saudita, plantado no jornal<br />
The New York Times pelo príncipe her<strong>de</strong>iro Abdullah. Esta<br />
proposta pe<strong>de</strong> a <strong>de</strong>volução <strong>de</strong> todos os territórios ocupados<br />
após a guerra <strong>de</strong> l967. Isto inclui Jerusalém oriental,<br />
as colinas <strong>de</strong> Golan e os 260 assentamentos. Nada<br />
foi dito sobre o direito <strong>de</strong> retorno pretendido por Arafat e<br />
das compensações financeiras. Repentinamente a Arábia<br />
Saudita vira uma ilha <strong>de</strong> paz, num mar <strong>de</strong> sangue,<br />
ódio e <strong>de</strong>sentendimento. Na verda<strong>de</strong>, o maior financiador<br />
dos movimentos guerrilheiros e terroristas árabes, é<br />
o reino saudí. É <strong>de</strong> lá que partem os petrodólares para<br />
pagar os armamentos produzidos no Irã, e que são mandados<br />
clan<strong>de</strong>stinamente para os palestinos, ao movimento<br />
terrorista Hezbollah e para os suicidas do Hamas. Isto<br />
foi provado com a espetacular ação dos comandos israelenses<br />
ao aprisionarem, recentemente, o navio Karina<br />
com 50 toneladas <strong>de</strong> sofisticadas armas.<br />
Há poucos dias, um jornalista ju<strong>de</strong>u americano <strong>de</strong> 38<br />
anos, que <strong>de</strong>ixou sua esposa grávida nos Estados Unidos<br />
e partiu em missão profissional ao Paquistão, foi seqüestrado<br />
por um grupo <strong>de</strong> fundamentalistas islâmicos.<br />
O jovem Daniel Pearl permaneceu amordaçado recebendo<br />
ameaças <strong>de</strong> seus captores que pediam resgate até<br />
que <strong>de</strong>scobriram a oportunida<strong>de</strong> maior <strong>de</strong> saciar seus<br />
instintos vingativos: Daniel era ju<strong>de</strong>u. A partir <strong>de</strong>ste momento,<br />
nenhuma importância seria mais importante do<br />
que humilhar o inocente prisioneiro, filmado ao ser <strong>de</strong>golado,<br />
logo após <strong>de</strong>clarar: “Sou ju<strong>de</strong>u e meu pai é ju<strong>de</strong>u”.<br />
Daniel <strong>de</strong>spediu-se <strong>de</strong>ste mundo como fizeram os<br />
ju<strong>de</strong>us em Massada, nas praças públicas das inquisidoras<br />
Espanha e Portugal, nas ruas da Rússia czarista e<br />
nos campos <strong>de</strong> concentração nazistas: com um brado<br />
<strong>de</strong> fé judaica – um verda<strong>de</strong>iro Shemá Israel!<br />
E a nossa reação a tudo isto? Acor<strong>de</strong>m irmãos!<br />
* Osias Wurman é colaborador <strong>de</strong> opinião do jornal O Globo, Jornal<br />
do Brasil, e mais seis publicações da comunida<strong>de</strong> judaica.
Minha visita a Israel<br />
Em outubro <strong>de</strong> 1994 <strong>de</strong>sci em<br />
Tel-Aviv. Melhor dizendo, <strong>de</strong>scemos.<br />
Após semanas pela Grécia,<br />
Turquia e Egito, finalmente estávamos<br />
na Terra Santa! Eu e minha<br />
esposa Rosimara.<br />
Meu coração batia forte por<br />
várias razões: rever nossos queridos<br />
amigos Henrique (Neno) e<br />
Dina Kuchnir, que lá resi<strong>de</strong>m há<br />
quase três décadas; melhor enten<strong>de</strong>r<br />
in loco um povo heróico<br />
que sobrevive há milhares <strong>de</strong><br />
anos e que passei a admirar <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
criança quando lia a Bíblia (sou<br />
<strong>de</strong> origem evangélica, mas hoje<br />
me consi<strong>de</strong>ro um “livre pensador”);<br />
enten<strong>de</strong>r melhor um revolucionário<br />
ju<strong>de</strong>u chamado Jesus<br />
Cristo, que lutou contra as injustiças<br />
e propunha um Reino baseado<br />
na amorosida<strong>de</strong> e solidarieda<strong>de</strong><br />
entre pessoas e povos; conhecer<br />
monumentos históricos, pois<br />
amo a História. Aliás, se não fosse<br />
biólogo, certamente teria me <strong>de</strong>dicado<br />
à História como profissão.<br />
O que <strong>de</strong>stacar para vocês<br />
nessas quase duas semanas que<br />
lá permanecemos? Talvez alguns<br />
aspectos hilários e alguns outros<br />
mais sérios, sob os quais realmente<br />
sentimos algum temor. Entre<br />
esses últimos, recordamos um<br />
passeio noturno que fizemos com<br />
o casal Kuchnir numa movimentada<br />
rua turística <strong>de</strong> Jerusalém.<br />
Após <strong>de</strong>gustarmos excelentes<br />
vinhos numa aconchegante loja e<br />
jantarmos num excelente restaurante,<br />
retornamos ao hotel. No outro<br />
dia, no mesmo local e horário,<br />
ocorreu um atentado terrorista<br />
causando várias mortes, nos livramos<br />
por pouco! Sorte? Destino?<br />
Coincidência? Não sei explicar.<br />
Quando visitamos Eilat, o guia<br />
nos levou para conhecer as minas<br />
do Rei Salomão. Mais duas<br />
confusões à vista! No trajeto para<br />
as minas, o guia tomou um caminho<br />
<strong>de</strong> terra que fazia divisa com<br />
a Jordânia. Não me perguntem o<br />
porquê, bem que po<strong>de</strong>ria ter ido<br />
pelo asfalto. Pedi que parasse a<br />
Van para fotografar e filmar uma<br />
plantação <strong>de</strong> melões irrigada por<br />
finas mangueiras. Quando comecei<br />
a fotografar surgiram repentinamente,<br />
como saídos da terra,<br />
dois jipes com soldados fortemente<br />
armados. Minha esposa<br />
permanecia no carro com o guia.<br />
Tremi na base.<br />
Perguntaram em inglês meu<br />
nome e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vinha. Ao respon<strong>de</strong>r<br />
“I am Brazilian tourist”, baixaram<br />
as metralhadoras e começaram<br />
a rir! Só um turista brasileiro,<br />
gordo, <strong>de</strong> bermuda e boné com a<br />
aba virada para trás teria a idéia<br />
<strong>de</strong> parar ali para fotografar! Inofensivo,<br />
portanto. Pedi que conversassem<br />
com o guia, pois só ele<br />
é que po<strong>de</strong>ria explicar, porque es-<br />
colheu o trajeto. Levou uma bronca<br />
em hebraico da qual não entendi<br />
“patavina”! Nas minas do Rei<br />
Salomão ocorreu o que raramente<br />
ocorre na região: uma forte chuva<br />
que não se infiltrando nas areias<br />
do <strong>de</strong>serto, produziu uma verda<strong>de</strong>ira<br />
enchente.<br />
Se agora estou recordando essas<br />
paisagens marcantes é porque<br />
confusões dão sabor especial<br />
às viagens.<br />
E outros pontos <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque?<br />
Foram tantos para apenas doze<br />
dias <strong>de</strong> viagem que não tenho outra<br />
alternativa senão resumi-los.<br />
Descobri porque os Evangelhos<br />
dizem que Cristo andou sobre<br />
as águas no Mar da Galiléia.<br />
Eu também an<strong>de</strong>i! Melhor dizendo:<br />
quase an<strong>de</strong>i!<br />
Como? Por quê? Estava com<br />
uma forte queimadura alérgica na<br />
virilha e no escroto, aumentado <strong>de</strong><br />
tanto andar durante a estada em<br />
Israel e pelo calor sufocante.<br />
Quando a<strong>de</strong>ntrei nas águas do<br />
Mar Morto para a clássica fotografia,<br />
não <strong>de</strong>u outra! Salmoura naquele<br />
lugar e, queimado, é o pior<br />
dos infernos...! Senti-me como um<br />
personagem <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho animado<br />
caminhando sobre as águas...<br />
Jerusalém, o Muro das Lamentações,<br />
o Museu do Livro e o Museu<br />
do Holocausto estão latentes<br />
em minha memória. Cesaréia e<br />
as obras <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s também.<br />
Golan e os <strong>de</strong>liciosos vinhos, nem<br />
é bom falar. Visitamos também<br />
dois Kibutzim.<br />
Para terminar, gostaria <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar<br />
a competência do guia,<br />
Hayym Hazan, que ao final da viagem,<br />
me abraçou e chorou por ter<br />
encontrado um casal que o bombar<strong>de</strong>ou<br />
com milhares <strong>de</strong> perguntas,<br />
permitindo-lhe mostrar sua<br />
erudição e também recebendo a<br />
ternura típica <strong>de</strong> nós, brasileiros.<br />
Afinal, foram doze dias numa<br />
Merce<strong>de</strong>s Benz limusine, espaçosa<br />
o suficiente para <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />
cervejinhas geladas, boas piadas<br />
e muita música hebraica.<br />
Massada, apesar do calor <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> 40 graus Celsius, foi um<br />
momento difícil <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver. Ali<br />
se po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a síntese da história<br />
<strong>de</strong> luta e sobrevivência <strong>de</strong> um<br />
povo. Emocionei-me, chorei. Foi<br />
algo inesquecível.<br />
Quero voltar mais vezes. Há<br />
muito por <strong>de</strong>scobrir e apren<strong>de</strong>r<br />
num país que reúne transcendência<br />
e imanência.<br />
Meus votos são <strong>de</strong> amorosida<strong>de</strong><br />
em cada coração humano.<br />
Só assim alcançaremos a verda<strong>de</strong>ira<br />
Shalom<br />
Prof. Samuel Ramos Lago<br />
E-mail: apoio@lago.com.br<br />
www.lago.com.br<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
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<strong>Visão</strong> panorâmica<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
A morte <strong>de</strong> Daniel<br />
O assassinato do jornalista Daniel Pearl, do Wall Street<br />
Journal, por muçulmanos paquistaneses, à primeira vista só<br />
engrossa o número <strong>de</strong> profissionais mortos em missão. No<br />
ano passado morreram uns 300 em todo o mundo. Mas no<br />
caso <strong>de</strong> Pearl, isso vai mais além. Ele teve sua garganta<br />
cortada não apenas porque era um jornalista, ou por ser norte-americano.<br />
Há um crescimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologias extremistas<br />
que se apresentam como sagradas e matam em nome da<br />
religião em busca do po<strong>de</strong>r. São o maior perigo que o mundo<br />
enfrenta. Os <strong>de</strong>z milhões <strong>de</strong> dólares pedidos pela vida <strong>de</strong><br />
Daniel não pagariam por ela. Ele foi morto por ser<br />
ju<strong>de</strong>u. Seu sacrifício foi um símbolo do ódio, alimentado pela<br />
<strong>de</strong>mência da fé distorcida que prega a matança <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us<br />
como solução. Assim como Hitler pregava a solução final. A<br />
mídia <strong>de</strong>via adotar um faixa negra <strong>de</strong> luto por Daniel.<br />
Site premiado<br />
O site do Beit Chabad do Brasil, www.chabad.org.br, acaba <strong>de</strong><br />
ser classificado Top 10 do Ibest <strong>de</strong> <strong>2002</strong>, o maior prêmio da internet<br />
brasileira, na categoria “Religião e esoterismo”. Por ser o único site<br />
judaico a concorrer ao prêmio, possui forte chance <strong>de</strong> chegar ainda<br />
a Top3 do Ibest, prêmio recebido em 2001. Para isto, as pessoas<br />
<strong>de</strong>vem continuar votando. É só acessar o site e clicar no logo do<br />
Ibest que se encontra na homepage com link para voto; o resultado<br />
final sairá no mês <strong>de</strong> maio.<br />
Eretz <strong>de</strong>l Este<br />
Yossi Groisseoign<br />
A cida<strong>de</strong> balneária uruguaia <strong>de</strong> Punta <strong>de</strong>l Este transformou-se<br />
num paraíso judaico durante o feriado <strong>de</strong> Natal e Ano Novo, recebendo<br />
milhares <strong>de</strong> turistas <strong>de</strong> São Paulo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Porto<br />
Alegre e até <strong>de</strong> Buenos Aires (os que tinham a poupança <strong>de</strong>baixo<br />
do colchão). Na cida<strong>de</strong> existem açougue e restaurante kosher, mikvah<br />
(para banhos rituais) e quatro sinagogas. Numa das orações durante<br />
o Cabalat Shabat, a maior das sinagogas chegou a registrar<br />
a presença <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 400 pessoas. Não era difícil ouvir<br />
conversas em iídiche na rua principal da cida<strong>de</strong> e até no cassino<br />
recém-inaugurado.<br />
BBB anti-semita<br />
Tivemos um caso <strong>de</strong> anti-semitismo propagado pela televisão,<br />
<strong>de</strong>nunciado por uma curitibana que assinou o pay-per-view da tv a<br />
cabo Net, da Globo, para ver o programa Big Brother Brasil. No dia<br />
5 <strong>de</strong> <strong>março</strong>, as 14h ela ligou a televisão. Umas cinco pessoas estavam<br />
no ar, em volta da piscina e um tal <strong>de</strong> Adriano, "artista plástico",<br />
estava soltando o verbo contra a política americana e contra Israel.<br />
Pior: falou ele da perseguição dos ju<strong>de</strong>us aos “pobres” palestinos e<br />
perguntou a seus companheiros se a “experiência” <strong>de</strong> perseguição<br />
aos ju<strong>de</strong>us não havia servido pra nada. Destilou veneno anti-semita<br />
durante 30 minutos. Vamos protestar junto a Globo? Vamos pedir<br />
que nossas entida<strong>de</strong>s representativas tomem alguma atitu<strong>de</strong>?<br />
O Leitor Escreve<br />
Câmara Brasil-Israel<br />
Aos amigos do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>,<br />
<strong>de</strong>sejamos muito sucesso nesta<br />
nova empreitada.<br />
Nissim Nigri - Secretário Executivo<br />
Câmara Brasil-Israel <strong>de</strong> Comércio e<br />
Indústria São Paulo - SP<br />
Museu Judaico<br />
Sem dúvida alguma o lançamento do<br />
jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> é uma notícia alvissareira.<br />
A comunida<strong>de</strong> israelita do<br />
Paraná está <strong>de</strong> parabéns por contar<br />
agora com um vínculo <strong>de</strong> comunicação,<br />
que temos certeza, aproximará os<br />
membros do ishuv local tornando-o<br />
mais forte e atuante. Beatzalahá.<br />
Max Nahmias<br />
Presi<strong>de</strong>nte do Museu Judaico<br />
PLETZ.com<br />
Olá vocês do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>: a<br />
direção do PLETZ.com <strong>de</strong>seja-lhes amplo<br />
sucesso neste empreendimento<br />
que engran<strong>de</strong>ce ainda mais a mídia judaica<br />
brasileira. Contem comigo no que<br />
precisar e coloco o Pletz à disposição<br />
como parceiro, seja na divulgação, seja<br />
no compartilhamento <strong>de</strong> conteúdo.<br />
Gustavo Erlichman<br />
Diretor do PLETZ.com - o seu site<br />
judaico http://www.pletz.com<br />
Sorte e vida longa<br />
Desejo vida longa e muita, muita sorte<br />
a mais esta excelente iniciativa <strong>de</strong><br />
nossa comunida<strong>de</strong> no Brasil. Fico <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
já inteira disposição, Shalom.<br />
José Luiz Goldfarb<br />
Diretor <strong>de</strong> Cultura <strong>Judaica</strong> <strong>de</strong><br />
‘A Hebraica’ - São Paulo<br />
Nahum Sirotsky<br />
Espero que vocês não imitem as <strong>de</strong>mais<br />
publicações judaicas que tanto<br />
espaço <strong>de</strong>dicam à vida em socieda<strong>de</strong>.<br />
Curitiba é orgulho do Brasil. Cui<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong>la como cuidaram Ney, Saul, Jayme<br />
e tantos outros.<br />
Nahum Sirotsky, <strong>de</strong> Israel<br />
Votos <strong>de</strong> sucesso<br />
Olá pessoal! Quero <strong>de</strong>sejar muito sucesso<br />
nesta empreitada. Um gran<strong>de</strong><br />
abraço aos amigos Hana Kleiner, Sheilla<br />
Figlarz e Szyja Lorber.<br />
Marisa Blin<strong>de</strong>r, Curitiba.<br />
Apoio para o jornal<br />
Shalom!!! Parabenizamos vocês pela<br />
iniciativa da criação do jornal “<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>”.<br />
Po<strong>de</strong>m contar com nossa colaboração<br />
e apoio.<br />
Dina e Neno Kuchnir, <strong>de</strong> Israel<br />
Mais cumprimentos<br />
Meus cumprimentos aos i<strong>de</strong>alizadores.<br />
A logomarca e o nome do periódico ficaram<br />
excelentes. Não tenho dúvidas quanto<br />
ao conteúdo, que será consubstanciado<br />
na excelência dos criadores. Parabéns.<br />
Marco Alzamora, arquiteto - Curitiba<br />
Desejo <strong>de</strong> êxito<br />
Muito sucesso para vocês do jornal<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> é o que <strong>de</strong>sejo.<br />
Marian Krieger Epelzwajg, <strong>de</strong> Curitiba<br />
Congratulações ao VJ<br />
A direção do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />
também recebeu congratulações por<br />
carta e e-mail dos jornalistas<br />
Nadyesda Almeida, Reinaldo e Cláudia<br />
Bessa, Osias Wurman, Otávio Mesquita,<br />
Marcelo Rabinovitch, <strong>de</strong> São Paulo, Helena<br />
Kessel e Sandra Wahrhaftig <strong>de</strong> Curitiba, e<br />
<strong>de</strong> Nelson Wahrhaftig, <strong>de</strong> São Paulo, Sílvia<br />
e Aarão Perlov, <strong>de</strong> São Paulo, Ted Fe<strong>de</strong>r,<br />
também <strong>de</strong> São Paulo.
<strong>Visão</strong> <strong>de</strong> um turista aci<strong>de</strong>ntal<br />
Salomão Figlarz *<br />
Os nossos sábios sempre<br />
disseram que a alma <strong>de</strong> cada<br />
ju<strong>de</strong>u esteve presente, no Monte<br />
Sinai, quando da entrega dos<br />
Dez Mandamentos.<br />
Eu acredito! Particularmente<br />
posso afirmar com 100% <strong>de</strong> segurança<br />
que isto realmente aconteceu<br />
comigo.<br />
Vivíamos e trabalhávamos, se é<br />
que isto po<strong>de</strong> ser chamado <strong>de</strong> trabalho,<br />
em uma metrópole que atualmente<br />
conhecemos como Cairo.<br />
Dávamos um duro danado. Só para<br />
facilitar as coisas e refrescar um<br />
pouco a memória <strong>de</strong> todos que,<br />
eventualmente não estavam lá,<br />
digo para vocês que aquelas pequenas<br />
pirâmi<strong>de</strong>s foram levantadas<br />
com um certo esforço meu e<br />
da minha turma. Composta <strong>de</strong><br />
aproximadamente um 1 milhão e<br />
600 mil... é um exagero? Talvez eu<br />
tenha errado na conta... <strong>de</strong>viam ser<br />
uns 600 mil ju<strong>de</strong>us.<br />
Certo dia fomos surpreendidos<br />
com um convite do presi<strong>de</strong>nte da<br />
Kehilá (comunida<strong>de</strong>) da época, Dr.<br />
Moisés, para fazermos uma viagem<br />
diferente. Fiquei <strong>de</strong>sconfiado que<br />
alguém estava com pena da nossa<br />
equipe <strong>de</strong> trabalho, porém, naqueles<br />
dias o jornal, a televisão, e o<br />
rádio vinham informando, com insistência,<br />
que os egípcios sofreram os<br />
efeitos <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> pragas. Todos<br />
nós saímos ilesos <strong>de</strong>stes fenômenos.<br />
Cheguei rapidamente à conclusão<br />
que estava bem na hora da<br />
gente tirar umas férias.<br />
Somente nos informaram que iríamos<br />
conhecer umas terras que estavam<br />
sendo oferecidas: ninguém sabia<br />
quem estava oferecendo o dito terreno,<br />
nem o seu tamanho, nem<br />
on<strong>de</strong> estava localizado, nem o preço:<br />
era somente conhecida como “a<br />
terra que jorrava leite e mel”.<br />
No dia combinado, embarcamos<br />
em vários ônibus e partimos<br />
para o <strong>de</strong>sconhecido. Lembro perfeitamente<br />
<strong>de</strong> uma coisa que me<br />
<strong>de</strong>ixou bastante irritado: a velocida<strong>de</strong><br />
com que o motorista dirigia o<br />
- Capitulo I -<br />
Uma viagem<br />
fantástica com Josué<br />
dito ônibus. Até parecia que estávamos<br />
fugindo <strong>de</strong> alguém. Meu vizinho<br />
<strong>de</strong> banco, um tal <strong>de</strong> Mel<br />
Brooksman, não parava <strong>de</strong> dizer<br />
que estávamos entrando numa fria.<br />
Num dado momento, chegamos às<br />
margens do Mar Vermelho, <strong>de</strong>scemos<br />
dos ônibus para nos refrescar<br />
e vocês não vão acreditar o que<br />
aconteceu: fomos abandonados ali,<br />
a pé; a pé mesmo. Mais tar<strong>de</strong> nos<br />
explicaram o porque da pressa dos<br />
motoristas.<br />
Daí para frente todos sabem o<br />
que aconteceu. Foi tudo inacreditável,<br />
sobrenatural, divino! Neste ponto,<br />
faço uma interrupção: pêssach<br />
(páscoa judaica), tem transmitido<br />
nos últimos 3300 anos o ocorrido,<br />
com bastante competência, através<br />
da leitura da hagadá.<br />
Após vagarmos, digo passearmos,<br />
pelo <strong>de</strong>serto do Sinai durante<br />
40 anos, comendo manah o tempo<br />
todo, quase não nos lembrávamos<br />
mais do sabor das outras comidas,<br />
pois a agência <strong>de</strong> turismo<br />
que ven<strong>de</strong>u o pacote, no Egito,<br />
não nos orientou que não haveria<br />
muita variação no cardápio, sem<br />
contar que já estávamos loucos<br />
por um bom banho.<br />
Nestas alturas, já estava circulando<br />
um jornal da excursão nos informando<br />
tudo o que aconteceria<br />
dali para frente. Breve haveria uma<br />
série <strong>de</strong> ônibus nos esperando para<br />
dar continuida<strong>de</strong> à viagem.<br />
Pensei cá com meus botões: tomara<br />
que os motoristas <strong>de</strong>sta terra<br />
chamada Canaã, nesta altura a tal<br />
terra do leite e do mel já tinha nome,<br />
não sejam como os do Egito, e o<br />
mais importante: o comando da excursão<br />
passaria para Josué.<br />
Neste momento o tal do Mel<br />
Brooksman, voltou a falar: não te<br />
disse que a gente estava entrando<br />
numa fria? Ao invés <strong>de</strong> irmos para<br />
o Canadá, viemos para Canaã. Num<br />
ponto eu acho que ele tinha razão:<br />
pelo menos eu imagino que os vizinhos<br />
Sioux, Navajos, etc. nos dariam<br />
menos dor-<strong>de</strong>-cabeça.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
* Salomão Figlarz é arquiteto<br />
A Escola Israelita Brasileira Salomão<br />
Guelmann informa que já<br />
estão à disposição os produtos<br />
para o sê<strong>de</strong>r <strong>de</strong> pêssach, nos seguintes<br />
horários e local: <strong>de</strong> 2 a a<br />
6 a feira das 14h as 17h30 e domingo<br />
das 9h as 12h, à Rua Nilo<br />
Peçanha 664.<br />
A coletivida<strong>de</strong> foi presenteada<br />
com importante acervo cultural,<br />
formado pela biblioteca que pertenceu<br />
ao Sr. Bernardino Schulman<br />
e que foi doada pelos filhos<br />
Saul e Mauricio, num belo e nobre<br />
gesto.<br />
As arquitetas Fany Rotemberg,<br />
Mariana Schulman Muniz e Patrícia<br />
Teig, participando da Casa<br />
Cor <strong>2002</strong> com ambientes ousados<br />
e inovadores.<br />
Flavio Frankel em gran<strong>de</strong>s preparativos<br />
para a abertura do seu<br />
restaurante. Sucesso à vista,<br />
consi<strong>de</strong>rando seus atributos<br />
como chef <strong>de</strong> cuisine <strong>de</strong> padrão<br />
internacional.<br />
Sheila Rotemberg retorna a Curitiba<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> longo período em<br />
Israel. Aguardamos ansiosos po<strong>de</strong>r<br />
saborear suas especialida<strong>de</strong>s<br />
culinárias.<br />
Para recordar os feitos heróicos<br />
<strong>de</strong> Esther e Mor<strong>de</strong>chai, o Beit Chabad<br />
realizou um festivo jantar <strong>de</strong><br />
Purim e que contou com significativa<br />
participação da comunida<strong>de</strong>.<br />
Sejam bem-vindos o casal Clara<br />
e Jaminho Grymberg e suas filhas<br />
Joyce e Aliane e o jovem José Ariel<br />
Schartz Urbach que vieram integrar-se<br />
à nossa comunida<strong>de</strong>.<br />
O jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> informa aos<br />
dirigentes das entida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong><br />
israelita <strong>de</strong> Curitiba, que<br />
está colocando à disposição espaço<br />
para divulgação <strong>de</strong> seus calendários<br />
<strong>de</strong> eventos e ativida<strong>de</strong>s,<br />
assim como já fez esse mesmo<br />
oferecimento à Kehilá.<br />
11
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
12<br />
Conheça a curitibana que é conselheira na AIE<br />
Família musical:<br />
Regina Beiguelman<br />
entre o marido, Noel e<br />
o filho Sérgio<br />
Gente Nossa<br />
Ela e a família vivem na Áustria e têm na música uma razão <strong>de</strong> vida<br />
Lembra da campanha institucional<br />
Bicho do Paraná? Aquela da TV<br />
que <strong>de</strong>stacava paranaenses <strong>de</strong> expressão<br />
no País e no exterior? Pois<br />
é, nossa comunida<strong>de</strong> israelita também<br />
tem os seus “bichos” e <strong>Visão</strong><br />
<strong>Judaica</strong> vai procurar <strong>de</strong>stacá-los<br />
nesta e nas próximas edições. A<br />
curitibana Regina Beiguelman é a<br />
primeira a ser enfocada. Após 12<br />
anos sem ver sua cida<strong>de</strong> natal, ela<br />
junto com a família — o marido<br />
Noel Flores e o filho Sérgio, dois<br />
“bichos” à parte, expoentes da<br />
música na Europa — estiveram em<br />
Curitiba no início <strong>de</strong> fevereiro para<br />
“matar sauda<strong>de</strong>s”.<br />
Residindo em Viena, a belíssi-<br />
Foto VJ<br />
ma capital da Áustria, toda impregnada<br />
pelas valsas <strong>de</strong> Strauss e pela<br />
cultura musical, os três construíram<br />
suas vidas sobre os pilares <strong>de</strong>sse<br />
conjunto <strong>de</strong> harmonias da sonorida<strong>de</strong><br />
que conhecemos por música.<br />
Exímia pianista e com um bom currículo<br />
<strong>de</strong> concertos e prêmios, Regina<br />
segue também a carreira diplomática,<br />
trabalhando na embaixada<br />
em Viena, on<strong>de</strong> é conselheira da<br />
missão brasileira junto à Agência<br />
Internacional <strong>de</strong> Energia (AIE). O<br />
organismo atua com as Nações<br />
Unidas na área do controle da produção<br />
<strong>de</strong> energia atômica, na pesquisa<br />
e no emprego da energia para<br />
fins pacíficos e na assistência aos<br />
países que preten<strong>de</strong>m ingressar no<br />
chamado “Clube Atômico”. Além<br />
disso, a Agência oferece cursos técnicos,<br />
treinamento e bolsas <strong>de</strong> estudo<br />
na área <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>sse tipo<br />
<strong>de</strong> energia. Entre outras instituições,<br />
no Brasil, esse treinamento é<br />
oferecido por intermédio da Comissão<br />
Nacional <strong>de</strong> Energia Nuclear<br />
(CNEN). Regina é filha <strong>de</strong> Manoel<br />
Beiguelman, um dos fundadores da<br />
Cátedra <strong>de</strong> Odontologia da Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, na década<br />
<strong>de</strong> 30, e <strong>de</strong> Maria Rosenmann,<br />
filha <strong>de</strong> Max Rosenmann,<br />
um dos pioneiros da comunida<strong>de</strong><br />
israelita <strong>de</strong> Curitiba.<br />
Em Curitiba, on<strong>de</strong> fez seus primeiros<br />
estudos, a jovem Regina freqüentou<br />
o Dror Habonim. O científico<br />
ela cursou no Colégio Estadual<br />
do Paraná. Estudou música com os<br />
professores João Paeck e Guilherme<br />
Fontainha. Formou-se na Escola<br />
<strong>de</strong> Música e Belas Artes do Paraná<br />
e aos 18 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, com<br />
um grupo <strong>de</strong> colegas foi para o Rio<br />
Janeiro para aprimorar os estudos<br />
musicais no Conservatório <strong>de</strong> Música<br />
e Canto Orfeônico, fundado por<br />
Heitor Villa Lobos e que ficava na<br />
Praia Vermelha (ficava, porque hoje<br />
já não existe mais). Desse grupo<br />
faziam parte, entre outros, Henrique<br />
Morozowicz, Sara Schulman e Cláudio<br />
Stresser, já falecido. Quem a<br />
convidou para ir ao Rio foi seu mestre<br />
Paeck. Ali teve como professores<br />
o próprio Villa Lobos e Andra<strong>de</strong><br />
Muricy, outro conhecido nome nos<br />
meios musicais. O curso durava três<br />
anos e formava professores <strong>de</strong> música,<br />
muito requisitados pelas escolas<br />
<strong>de</strong> ensino médio <strong>de</strong> todo o Brasil<br />
até alguns anos atrás.<br />
Ela fez ainda o curso da Proarte,<br />
em Petrópolis, obtendo medalha<br />
<strong>de</strong> ouro. Participou <strong>de</strong> concursos <strong>de</strong><br />
música como o Schwartzmann, em<br />
São Paulo, conquistando duas vezes<br />
o 2º lugar. Também obteve o 2º<br />
lugar no concurso Stepanow, em<br />
Viena, aon<strong>de</strong> chegou a tocar na famosa<br />
Brahmssaal. No Brasil, Regina<br />
<strong>de</strong>u aulas <strong>de</strong> música para moças<br />
até que conheceu o professor<br />
Hans Graf. Ele a convidou, juntamente<br />
com alguns brasileiros, para<br />
estudar, sob seu magistério, na Aca<strong>de</strong>mia<br />
<strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Viena.<br />
Ela guarda boas recordações<br />
das festas como Pêssach e Iom Kippur.<br />
“Na lembrança, as festas são sempre<br />
muito bonitas”, diz observando<br />
que o filho sempre lhe perguntava<br />
sobre o significado <strong>de</strong>las.<br />
NOEL FLORES<br />
Meados da década <strong>de</strong> 60. Os<br />
Beatles “estouravam” nas paradas<br />
<strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong> todo o mundo com<br />
sua pop music, hoje consi<strong>de</strong>rada<br />
por muitos um clássico mo<strong>de</strong>rno,<br />
inaugurando uma nova era e abrindo<br />
as portas para um estilo que seria<br />
seguido em massa pela juventu<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> então. Em 61 Regina conheceu,<br />
em Viena, o estudante Noel,<br />
um indiano que falava português.<br />
Ele nascera em Goa, antiga colônia<br />
portuguesa encravada na Índia, cujos<br />
habitantes até hoje falam nossa<br />
língua. Estivera estudando Arquitetura,<br />
mas a família e os amigos notaram<br />
sua pendência para a música.<br />
Ganhou então uma bolsa <strong>de</strong><br />
estudos em Madrid, para estudar<br />
com a professora Julia Parody, que<br />
foi aluna <strong>de</strong> Busoni, músico e compositor<br />
famoso, Logo, também ganhou<br />
seu primeiro prêmio no Concurso<br />
Nacional <strong>de</strong> Piano da Espanha<br />
e foi para Viena aperfeiçoar-se<br />
nessa arte. Lá, formou-se em música,<br />
obtendo a distinção máxima do<br />
Ministério da Educação, hoje Ministério<br />
da Ciência, Educação e Cultura.<br />
Em 1969 ele e Regina se casaram.<br />
Em Viena, Noel estudou com<br />
Dieter Weber, <strong>de</strong> quem se tornou<br />
mais tar<strong>de</strong> assistente.Depois <strong>de</strong> conseguir<br />
vários prêmios em concursos<br />
internacionais, foi nomeado professor,<br />
em 1974, da Hochschule, e em<br />
1978 já passava a ser catedrático da<br />
escola que hoje é a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Música e Artes Dramáticas, que tem<br />
quatro mil alunos.<br />
Na universida<strong>de</strong>, Noel forma<br />
concertistas que vão para Viena<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estudarem em escolas <strong>de</strong><br />
música <strong>de</strong> seus países. É um nome<br />
respeitado nos meios musicais, tendo<br />
participado <strong>de</strong> cursos na Alemanha,<br />
na Finlândia, Japão e na Coréia.<br />
Tem sido membro <strong>de</strong> júris <strong>de</strong><br />
concursos internacionais como o <strong>de</strong><br />
Leeds, na Inglaterra, ou o Anton Rubinstein,<br />
em Israel e é um dos organizadores<br />
do Concurso Internacional<br />
Beethoven, em Viena. Já recebeu<br />
uma das maiores con<strong>de</strong>cora-<br />
ções do governo austríaco por mérito<br />
e serviços prestados ao país.<br />
Noel <strong>de</strong>senvolveu um método<br />
próprio para ensinar música, baseado<br />
nos princípios da yoga que ele<br />
pratica, em suas leituras sobre medicina,<br />
anatomia e também nas observações<br />
<strong>de</strong> que para tocar piano<br />
é preciso ter um certo preparo físico:<br />
toca-se com os braços estendidos,<br />
utilizando os <strong>de</strong>z <strong>de</strong>dos e em<br />
gran<strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>. Tudo isso afeta<br />
o corpo, e claro, tem conseqüências<br />
sobre a sonorida<strong>de</strong> produzida pelo<br />
instrumentista. O método, que ele<br />
<strong>de</strong>nomina “Body and Soul” (Corpo<br />
e Alma), ele aplica aos seus alunos,<br />
observando que o piano, como instrumento<br />
<strong>de</strong> percussão, sem o uso<br />
<strong>de</strong> uma técnica a<strong>de</strong>quada não se<br />
consegue transmitir exatamente o<br />
que se <strong>de</strong>seja. Ele explica ainda que<br />
existem pianistas que simplesmente<br />
batem nas teclas e o som sai<br />
“duro” e por isso as técnicas <strong>de</strong> relaxamento<br />
muscular não só melhoram<br />
a postura corporal, como faz a<br />
yoga, mas também o próprio som<br />
tirado do instrumento. Para Noel<br />
Flores, as possibilida<strong>de</strong>s da música<br />
são infinitas, assim como as possibilida<strong>de</strong>s<br />
da capacida<strong>de</strong> humana<br />
também são infinitas. Uma junção<br />
<strong>de</strong>ssas possibilida<strong>de</strong>s é a essência<br />
do método “Body and Soul”, resume<br />
ele, acrescentando que como na<br />
yoga, “isso é necessário para a libertação<br />
física do indivíduo”.<br />
Entre seus alunos, Noel tem alguns<br />
conhecidos em todo o mundo,<br />
como duas gêmeas da Turquia, ou<br />
a filha <strong>de</strong> Friedrich Gulda, um renomado<br />
musicista. Ele tem também<br />
uma aluna coreana que começou<br />
com 13 anos e atualmente está<br />
com 17. Seu nome é Erika Chun.<br />
Ele a consi<strong>de</strong>ra um prodígio e acredita<br />
que <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> pouco tempo<br />
atingirá a fama.<br />
Regina veio <strong>de</strong> uma família judia<br />
liberal e Noel <strong>de</strong> católicos liberais.<br />
Para ele são válidos todos os<br />
ensinamentos das duas religiões.<br />
Na Áustria, a fé predominante é a<br />
católica e embora o filho Sérgio tenha<br />
sido batizado católico, seus<br />
pais sempre lhe <strong>de</strong>ram total liberda<strong>de</strong>.<br />
Ele crê na existência <strong>de</strong> um<br />
D-us único, mas não segue nenhuma<br />
das duas religiões. Regina não<br />
mantém a tradição judaica, mas tem<br />
um profundo respeito pelos princípios<br />
humanistas.<br />
SÉRGIO<br />
Sérgio, o filho <strong>de</strong> Regina e Noel,<br />
não podia mesmo ser outra coisa a<br />
não ser músico também. Des<strong>de</strong><br />
pequeno, praticamente respirando<br />
música em casa e cercado por ela
<strong>de</strong> todos os lados em Viena, on<strong>de</strong><br />
nasceu há 25 anos atrás e fez seus<br />
primeiros estudos, ele acabou se<br />
apaixonando pela música. Como ele<br />
mesmo conta, crescendo em meio<br />
a um ambiente musical, ainda pequeno,<br />
<strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira, já dirigia sinfonias<br />
<strong>de</strong> Brahms. Quando tinha<br />
dois ou três anos, havia uma empregada<br />
brasileira em casa que tocava<br />
discos <strong>de</strong> samba na vitrola.<br />
Entre uma batida e outra, passou a<br />
interessar-se pelos instrumentos <strong>de</strong><br />
percussão. E o seu primeiro foi um<br />
bongô. O curso secundário foi completado<br />
numa escola pública fundada<br />
pela imperatriz Maria Tereza,<br />
on<strong>de</strong> estudaram personalida<strong>de</strong>s<br />
como o compositor Schubert, o escritor<br />
Hoffmannsthal e o Prêmio Nobel<br />
<strong>de</strong> Física Schroedinger, entre outros.<br />
Garoto juntou-se a uma banda<br />
on<strong>de</strong> tocava bateria e aos 12 anos<br />
ganhou do pai um teclado eletrônico<br />
que ficou um bom tempo guardado.<br />
A carreira <strong>de</strong> baterista foi interrompida<br />
pelas reclamações dos vizinhos<br />
durante os ensaios e assim o teclado<br />
acabou saindo do armário.<br />
Utilizando o teclado junto com o<br />
computador, Sérgio passou a fazer<br />
arranjos musicais. Depois <strong>de</strong> se formar,<br />
<strong>de</strong>cidiu estudar Direito, mas<br />
sempre permaneceu fiel à música<br />
e sua preferência era pela pop music.<br />
Mostrou os arranjos que fez a<br />
dois produtores na Áustria e um<br />
<strong>de</strong>les se interessou. Gravou seus<br />
primeiros discos, CD e vinil, que<br />
imediatamente dispararam nas paradas<br />
<strong>de</strong> sucesso na Inglaterra. A<br />
partir daí as portas se abriram para<br />
Passatempo<br />
5 LETRAS<br />
halel<br />
maror<br />
10 LETRAS<br />
motsi matsá<br />
ele. Fez remixes para dance music<br />
e uma música para a cantora Gloria<br />
Gaynor sob encomenda <strong>de</strong> uma<br />
gravadora alemã. Os ingleses se<br />
interessaram por vários arranjos e<br />
ele fez ainda músicas para Tina<br />
Turner, Donna Summer e Giorgio<br />
Moro<strong>de</strong>r, que musicou os filmes<br />
Flashdance, Top Gun e História<br />
Sem Fim. Moro<strong>de</strong>r foi ganhador do<br />
prêmio Emmy e <strong>de</strong> três Oscar.<br />
Fez também arranjos para Kylie<br />
Minouge, atriz e cantora neozelan<strong>de</strong>sa,<br />
sucesso na Europa e na América.<br />
Em 1999, com seu arranjo foi<br />
relançada a música Spinning<br />
Around que atingiu o 1º lugar nas<br />
vendas <strong>de</strong> discos na Inglaterra, em<br />
Portugal e na Austrália. Por ela, recebeu<br />
um disco <strong>de</strong> platina, que<br />
equivale a 400 mil discos vendidos<br />
só na Inglaterra, mas não sabe<br />
quantos ven<strong>de</strong>u no resto do mundo.<br />
Seu trabalho aten<strong>de</strong>u ainda arranjos<br />
para Tom Jones, o conjunto<br />
inglês Atomic Kitten e Henrique Iglesias,<br />
com a música Scape, além <strong>de</strong><br />
outros arranjos para Moro<strong>de</strong>r e para<br />
a companhia <strong>de</strong> discos Interscope.<br />
Todo esse sucesso, entretanto, <strong>de</strong>ixou-o<br />
com a vida um pouco agitada.<br />
No dia seguinte à entrevista<br />
para <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, bem cedo, ele<br />
tinha que estar no aeroporto para<br />
viajar a Miami aon<strong>de</strong> iria participar<br />
<strong>de</strong> uma conferência sobre<br />
música. Dias antes <strong>de</strong> vir para<br />
Curitiba, estava em Cannes, em<br />
outro evento do gênero.<br />
Assim como o pai, que <strong>de</strong>ixou a<br />
Arquitetura pela música, ele também<br />
trocou o Direito para <strong>de</strong>dicar-se a ela.<br />
Preencha o diagrama com as<br />
seguintes palavras que mostram<br />
a or<strong>de</strong>m do sê<strong>de</strong>r.<br />
6 LETRAS<br />
tsafun<br />
cadêsh<br />
nirtsá<br />
berach<br />
corêch<br />
carpas<br />
maguid<br />
7 LETRAS<br />
urchats<br />
yáchats<br />
rochtsá<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
ESPAÇO DIVERTIDO<br />
SEÇAO ENIGMA (Gentilmente cedido pela Revista Chabad News)<br />
PARA PRINCIPIANTES<br />
Aqui estão os quatro filhos<br />
para o sê<strong>de</strong>r. Seus nomes são:<br />
Shlomô, David, Ytschac e<br />
Moshê.<br />
Mas quem é quem?<br />
Eis algumas pistas. Você<br />
consegue <strong>de</strong>scobrir?<br />
PARA AVANÇADOS<br />
Acima estão os quatro<br />
filhos para o sê<strong>de</strong>r:<br />
Tsevi, Mor<strong>de</strong>chai,<br />
Shimon e Yaacov.<br />
Mas quem é o filho<br />
sábio? E quem é o<br />
perverso? Aqui vão<br />
algumas dicas para<br />
ajuda-lo a <strong>de</strong>scobrir,<br />
afinal, quem é quem:<br />
Os 4 filhos<br />
1. Shlomô esqueceu sua Hagadá<br />
para o sê<strong>de</strong>r.<br />
2. David está ao lado <strong>de</strong> um<br />
menino que não veste casaco<br />
nem gravata.<br />
3. Moshê está ao lado <strong>de</strong> Shlomô.<br />
4. Shlomô não tem Hagadá nem<br />
veste seus sapatos pretos<br />
novos.<br />
1. Yaacov não tem vinho para o sê<strong>de</strong>r<br />
2. Shimon, que está ao lado <strong>de</strong> Tsevi,<br />
nunca sonhou em vestir seus tênis<br />
para o sê<strong>de</strong>r.<br />
3. Tsevi se sente mal vestindo uma<br />
gravata.<br />
4. Mor<strong>de</strong>chai esta ao lado <strong>de</strong> um<br />
menino que não cortou seus cabelos<br />
conforme o pedido <strong>de</strong> sua mãe<br />
5. Shimon e Yaacov insistiram em ficar<br />
nas extremida<strong>de</strong>s.<br />
Avançados (da esquerda para a direita): Yaacov, Mor<strong>de</strong>chai, Tsvi e Shimo<br />
Principiantes (da esquerda para a direita): Ytschak, David, Shlomô e Moshê.<br />
13<br />
Você já<br />
<strong>de</strong>scobriu?<br />
Então escreva<br />
o nome <strong>de</strong><br />
cada menino<br />
na linha<br />
colocada em<br />
cima <strong>de</strong> suas<br />
cabeças.<br />
E então, você<br />
conseguiu?<br />
Agora escreva o<br />
nome <strong>de</strong> cada<br />
menino na linha<br />
colocada abaixo<br />
<strong>de</strong> seus pés. Para<br />
saber se acertou<br />
vire a pagina <strong>de</strong><br />
ponta cabeça e<br />
confira a resposta<br />
correta.
14<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
<strong>Visão</strong> indica livros<br />
1. Eichmann em Jerusalém – Hannah<br />
Arendt – Companhia das Letras<br />
Assistindo ao julgamento como correspon<strong>de</strong>nte da revista The New<br />
Yorker (na qual o livro foi originalmente publicado, ao longo <strong>de</strong> 1963),<br />
a filósofa alemã percebe que o caso Eichmann resume um gran<strong>de</strong><br />
dilema das socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas: como enfrentar o po<strong>de</strong>r da <strong>de</strong>struição<br />
do Estado burocratizado, capaz <strong>de</strong> transformar o exercício<br />
da violência homicida em mero cumprimento <strong>de</strong> metas e organogramas?<br />
Que valor ainda po<strong>de</strong> ter as noções <strong>de</strong> culpa e responsabilida<strong>de</strong><br />
num contexto tão insólito? Para dar conta <strong>de</strong>stes fenômenos,<br />
Arendt cunha o conceito <strong>de</strong> “banalida<strong>de</strong> do mal”, reflexão filosófica<br />
séria – garantia <strong>de</strong> seu interesse para um mundo ainda sacudido<br />
pela violência e pelo genocídio.<br />
2. Sombras sobre o rio Hudson – Isaac<br />
Bashevis Singer – Companhia das Letras<br />
Em razão do gran<strong>de</strong> valor <strong>de</strong> sua vasta obra literária, em iídiche, Isaac<br />
Bashevis Singer recebeu em 1978 o prêmio Nobel <strong>de</strong> Literatura. Este<br />
livro trata da história <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us da Europa Oriental que<br />
escapou do Holocausto e tenta recomeçar a vida em Nova York do<br />
pós-guerra. O sobrenatural, o misticismo, a charlatanice, o apelo do<br />
passado, a fé e a incredulida<strong>de</strong>, as i<strong>de</strong>ologias políticas, todas as possíveis<br />
vertentes das opções humanas encontram personagens que as<br />
representam no romance. A comédia humana orbitando ao redor das<br />
<strong>de</strong>mais sérias questões morais e intelectuais, exposta numa narrativa<br />
sem freios que i<strong>de</strong>ntifica e fun<strong>de</strong> narrador e personagens.<br />
3. Êxodo – Introdução <strong>de</strong> David Grossman<br />
– Editora Perspectiva Ltda<br />
No torvelinho dos acontecimentos no inicio do livro do Êxodo – a história<br />
da escravidão e da opressão dos filhos <strong>de</strong> Israel e da crescente<br />
animosida<strong>de</strong> entre os israelenses e os egípcios – infiltra-se uma outra<br />
história mais pessoal e mais pungente: um menino hebreu nasce e a<br />
mãe, para salvá-lo da morte <strong>de</strong>cretada pelo faraó a todos os filhos,<br />
coloca-o numa arca <strong>de</strong> juncos e solta-o na margem do rio Nilo. Lá,<br />
entre os juncos, a filha do rei do Egito o encontra. Ela imediatamente<br />
se dá conta <strong>de</strong> que se trata <strong>de</strong> “um dos meninos hebreus”, mas mesmo<br />
assim resolve criá-lo como filho; e é ela que lhe dá o nome <strong>de</strong> Moisés.<br />
É fascinante o entrelaçamento <strong>de</strong>ssa encantadora narrativa com o tempestuoso<br />
épico do nascimento <strong>de</strong> uma nação. De certo modo, essa é a<br />
estrutura do livro inteiro, uma tessitura quase ilusória dos contos <strong>de</strong><br />
fada com um severo código legal e religioso: a urdidura – cajados que<br />
se transformam em serpentes, um rei cruel e maligno, uma terra arruinada<br />
por uma praga <strong>de</strong> sapos; a trama – a transmissão da lei no Monte<br />
Sinai, o momento no qual o povo é unido a seu <strong>de</strong>stino. A leitura do<br />
livro Êxodo é carregada <strong>de</strong> tensão: entre a condição mais infeliz e “infantil”<br />
dos filhos <strong>de</strong> Israel, um povo física e espiritualmente escravizado,<br />
e o exaltado papel que D-us escolheu para eles, sem levar em<br />
consi<strong>de</strong>ração o ritmo <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento espiritual e moral. Talvez<br />
esta seja a jornada realmente exigente feita pelos filhos <strong>de</strong> Israel<br />
no livro do Êxodo: do clã à nação, da escravidão à liberda<strong>de</strong>.<br />
5. A noite – Elie Wiesel – Ediouro<br />
Prêmio Nobel da Paz em 1986, Elie Wiesel não<br />
passou apenas por humilhações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m racial.<br />
Viu <strong>de</strong> perto o mal personificado, testemunhou a<br />
morte <strong>de</strong> diversas pessoas, entre elas seus pais<br />
e sua irmã e percebeu o que homens são capazes<br />
<strong>de</strong> fazer em nome da sobrevivência diante<br />
da fome e da <strong>de</strong>sumanida<strong>de</strong>. A noite é um livro<br />
comovente e singular. Trata do Holocausto<br />
sob o enfoque <strong>de</strong> um sobrevivente, um personagem<br />
que sentiu na pele (e na alma!) o horror<br />
dos campos <strong>de</strong> concentração alemães.<br />
Narrado em primeira pessoa, o livro permite<br />
que o leitor tenha uma maior proximida<strong>de</strong> com<br />
a dor dos ju<strong>de</strong>us então prisioneiros e, em especial,<br />
com a dor e o sofrimento <strong>de</strong> Elie Wiesel.
Antonio Carlos da Costa Coelho *<br />
A mais nova proposta para um<br />
acordo <strong>de</strong> paz no Oriente Médio<br />
partiu <strong>de</strong> um príncipe saudita. Ainda<br />
ontem escrevia sobre a dificulda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong> acordo<br />
mais aceitável para se por fim ao<br />
conflito israelo-palestino. É um assunto<br />
complicado: há uma história<br />
<strong>de</strong> meio século <strong>de</strong> conflitos; uma<br />
arraigada mentalida<strong>de</strong> anti-judaica<br />
entre os povos da região, os interesses<br />
dos países oci<strong>de</strong>ntais. E<br />
po<strong>de</strong>-se acrescentar ainda, o exibicionismo<br />
<strong>de</strong> alguns governantes<br />
árabes visando atrair a atenção do<br />
Oci<strong>de</strong>nte. Tudo isso dificulta a elaboração<br />
<strong>de</strong> uma nova proposta <strong>de</strong><br />
paz na região. Sempre que surge<br />
uma, é apenas mais uma, mais uma<br />
prorrogação do conflito, sem que se<br />
chegue a um fim positivo.<br />
Duas forças disputam a simpatia<br />
política na região: Estados Unidos<br />
e Europa. A primeira apoiando<br />
Israel, a segunda, apoiando, discretamente<br />
os palestinos. Isso fica<br />
evi<strong>de</strong>nte nos noticiários. As TVs européias<br />
reforçam o caráter beligerante<br />
<strong>de</strong> Israel, classificando suas ações<br />
como terroristas. A TV americana<br />
valoriza o combate ao terrorismo e<br />
o apoio <strong>de</strong> Bush à ação <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>fesa<br />
<strong>de</strong> Israel. A opção <strong>de</strong> apoio aos<br />
palestinos por parte dos países europeus<br />
não é <strong>de</strong> hoje, vem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
protetorado britânico na região.<br />
A proposta para se dar início a<br />
uma nova rodada <strong>de</strong> conversas faz<br />
pensar que há algo mais além do<br />
que uma tentativa <strong>de</strong> se chegar à<br />
paz. Tal proposta seria um novo ato<br />
do exibicionismo maneiroso que alguns<br />
governantes usam para atrair<br />
a proximida<strong>de</strong> e a simpatia dos<br />
EUA. Na atual situação em que se<br />
encontram os governos árabes, vale<br />
até abraçar o inimigo - o inimigo íntimo.<br />
É preciso comover a fera e levála<br />
pressionar Israel a um acordo.<br />
A condição inicial para o diálogo<br />
é a retirada das áreas ocupadas<br />
durante a Intifada II. Israel não <strong>de</strong>scartou<br />
a idéia. Sabe que tal proposta<br />
foi do agrado americano e que po<strong>de</strong>rá<br />
haver pressão para a sua aceitação.<br />
Caberá a Sharon, na segunda<br />
parte da conversa, impor suas<br />
condições. Ele sabe como jogar,<br />
e mesmo <strong>de</strong>scrente <strong>de</strong> um possível<br />
acordo, precisa <strong>de</strong>monstrar<br />
disposição para entrar na nova rodada<br />
<strong>de</strong> negociações.<br />
Por enquanto é a Tzahal que<br />
<strong>de</strong>ve sair das áreas ocupadas, e<br />
<strong>de</strong>pois? Arafat concordará em pren<strong>de</strong>r<br />
o pessoal do terror? Ele terá<br />
força para isso? Pelo visto, não. E<br />
os tais refugiados que estão nos<br />
países vizinhos? Qual solução se<br />
dará para eles? Arafat sabe que não<br />
po<strong>de</strong>rá fechar acordo sem o retorno<br />
daqueles tantos. O número <strong>de</strong><br />
refugiados é <strong>de</strong>sconhecido: ora é<br />
um, ora outro. É como dívida <strong>de</strong><br />
cartão <strong>de</strong> crédito, quanto mais se<br />
paga, mais se <strong>de</strong>ve. O caso dos refugiados<br />
nada mais é do que um<br />
trunfo <strong>de</strong> Arafat: ele sabe que não<br />
há solução, joga com números, explora<br />
os sentimentos humanitários<br />
das organizações internacionais, e<br />
ainda, ganha a simpatia do seu público,<br />
pois ao insistir nesse item da<br />
pauta <strong>de</strong> negociações, solidariza-se<br />
com cada mãe, pai, irmão, tio, que<br />
têm parentes num outro país.<br />
O fato da proposta ter partido <strong>de</strong><br />
um príncipe da família Saud, também<br />
<strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado. Qual é<br />
o grau <strong>de</strong> aceitação popular da família<br />
real saudita no contexto atual?<br />
As organizações terroristas representam<br />
as camadas populares do<br />
povo árabe. Elas têm a simpatia dos<br />
religiosos e do pessoal das ruas,<br />
dos mercados, on<strong>de</strong> a palavra forte<br />
vem das li<strong>de</strong>ranças islâmicas que,<br />
por sua vez, pregam contra os ditadores<br />
que um dia estiveram ou ainda<br />
estão aliados aos governos oci<strong>de</strong>ntais.<br />
As organizações terrorista<br />
não acataram os acordos anteriores,<br />
opuseram-se às inúmeras propostas<br />
<strong>de</strong> trégua, acatariam agora<br />
uma proposta vinda da casa real<br />
saudita que sempre manteve relações<br />
com o Oci<strong>de</strong>nte?<br />
A entrega da áreas reivindicadas<br />
pelos palestinos teria como contrapartida<br />
o reconhecimento do Estado<br />
<strong>de</strong> Israel. Ótimo! E a educação<br />
dada às crianças árabes em todos<br />
esses anos, teriam seus efeitos<br />
anulados, ou ficariam congelados<br />
até a próxima oportunida<strong>de</strong>? E o<br />
efeito da insistente publicida<strong>de</strong> antijudaica<br />
na TV seria neutralizado?<br />
Como? As crianças árabes esqueceriam<br />
tudo e passariam a aceitar<br />
Israel como o bom vizinho on<strong>de</strong> elas<br />
fariam intercâmbios estudantis?<br />
Mas, se a proposta partiu do<br />
lado árabe, não aceitá-la, a princípio,<br />
seria um erro político. Seria visto<br />
como um gesto <strong>de</strong> má vonta<strong>de</strong><br />
por parte <strong>de</strong> Israel. Então, é preciso<br />
valorizá-la, mesmo que a experiência<br />
antecipe o fracasso. Mesmo<br />
que se saiba que isto dará fôlego a<br />
Arafat, e que ele fará as suas peregrinações<br />
costumeiras, como sempre<br />
faz quando as coisas se complicam.<br />
Com ar <strong>de</strong> moço bom, irá<br />
aos governantes europeus, ao Bush<br />
e ao Papa, buscando apoio, mostrando-se<br />
insatisfeito com os atos<br />
<strong>de</strong> terror e prometendo, <strong>de</strong>sta vez,<br />
combate-los com mãos fortes.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
A nova proposta <strong>de</strong> paz<br />
Sharon, por sua vez, fará todo<br />
esforço pela manutenção da integrida<strong>de</strong><br />
do Estado. Não permitirá ser<br />
colocado em cheque pelas ambições<br />
políticas dos exibicionistas<br />
árabes e não dará crédito a uma<br />
população educada para odiar mais<br />
do que construir. A contrapartida<br />
oferecida pelos árabes — o reconhecimento<br />
formal do Estado <strong>de</strong> Israel<br />
— é animadora, mas é preciso<br />
que seja real e permanente, sob pena<br />
<strong>de</strong> se prorrogar o conflito para uma<br />
nova Intifada num futuro próximo.<br />
Todavia, não se po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r<br />
oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se chegar ao fim<br />
<strong>de</strong>sse doloroso conflito. Apesar da<br />
experiência apontar para o insucesso<br />
das negociações, mesmo que se<br />
saiba que não haverá paz sólida, e<br />
que será preciso que essa geração<br />
<strong>de</strong> crianças educadas no ódio passe,<br />
é preciso tentar. Por mais que<br />
Estão avançadas as obras <strong>de</strong> reforma e<br />
ampliação do Centro Israelita do Paraná<br />
(CIP), segundo constatou a reportagem do<br />
jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. Todo o prédio principal,<br />
a área das piscinas, o ginásio <strong>de</strong> esportes,<br />
as quadras <strong>de</strong> tênis e a novo acesso parecem<br />
um enorme canteiro <strong>de</strong> obras, conforme<br />
as fotos que mostramos com exclusivida<strong>de</strong><br />
para os leitores. Até o final <strong>de</strong>ste mês já <strong>de</strong>verá<br />
estar concluída e entregue ao uso a rampa<br />
<strong>de</strong> acesso pela Travessa Coronel Agostinho<br />
<strong>de</strong> Macedo (a entrada pela Rua Mateus<br />
Leme será fechada e a área <strong>de</strong> servidão <strong>de</strong>volvida<br />
aos seus proprietários).<br />
Junto com a rampa <strong>de</strong> acesso também serão<br />
entregues a nova guarita com portaria e<br />
os portões <strong>de</strong> segurança. Outra parte que <strong>de</strong>verá<br />
estar concluída até o final <strong>de</strong> <strong>março</strong>, ou<br />
antes até, é o Ginásio <strong>de</strong> Esportes que ficará<br />
totalmente reformulado, com novo telhado, o<br />
piso <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira marfim, muito mais apropriada<br />
para a quadra, mais flexível e dinâmico.<br />
Uma novida<strong>de</strong>: toda a cancha será protegida<br />
com tela. Além disso, já foram concretadas<br />
as novas arquibancadas laterais, e o conjunto<br />
ganhará novos vestiários e sanitários que<br />
se duvi<strong>de</strong> — uma justa dúvida —<br />
ainda vale a esperança. Afinal, o Estado<br />
<strong>de</strong> Israel foi construído para a<br />
paz. Foi pelas mãos dos imigrantes<br />
que, na esperança <strong>de</strong> uma vida melhor,<br />
longe das perseguições e das<br />
guerras, com o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> viver mais<br />
intensamente o judaísmo na terra<br />
<strong>de</strong> seus antepassados, <strong>de</strong>ram o<br />
melhor <strong>de</strong> si para ver realizado o<br />
sonho <strong>de</strong> um estado <strong>de</strong>mocrático,<br />
aberto às diferentes origens e tradições<br />
<strong>de</strong> um só povo. E foi também,<br />
pelo empenho <strong>de</strong> todos aqueles<br />
que, mesmo sem ter feito aliah,<br />
<strong>de</strong>dicaram esforços e esperanças,<br />
para a construção <strong>de</strong> Israel. Toda e<br />
qualquer indisponibilida<strong>de</strong> para a<br />
paz seria naturalmente rejeitada<br />
pela socieda<strong>de</strong> israelense e pela comunida<strong>de</strong><br />
judaica universal, por ser<br />
essa, uma contradição às razões da<br />
existência <strong>de</strong> Israel.<br />
15<br />
*Antônio Carlos<br />
da Costa Coelho<br />
é professor e<br />
assessor do<br />
Governo do<br />
Paraná<br />
Ginásio <strong>de</strong> Esportes e novo<br />
acesso ao CIP estão quase prontos<br />
O engenheiro Noêmio Hendler (D) superviona as obras<br />
do novo acesso<br />
fotos VJ<br />
Aspecto do Ginásio <strong>de</strong> Esportes com a nova quadra<br />
e arquibancadas já concretadas<br />
servirão também aos usuários das quadras<br />
<strong>de</strong> tênis. E também sala para o Departamento<br />
esportivo do CIP, bar e <strong>de</strong>pósitos para materiais<br />
esportivos.<br />
Como se sabe, todo empreendimento da<br />
nova se<strong>de</strong> do CIP, envolvendo um gran<strong>de</strong><br />
projeto arquitetônico <strong>de</strong> Júlio Pechman foi<br />
<strong>de</strong>cidido pela comunida<strong>de</strong> israelita <strong>de</strong> Curitiba,<br />
objetivando não só renovar a se<strong>de</strong>, mas<br />
oferecer maior conforto e equipamentos para<br />
todos os seus associados, especialmente os<br />
jovens. O projeto, cuja previsão preliminar<br />
<strong>de</strong>ve durar até o final do ano, integra também<br />
um novo edifício, construído sobre a parte<br />
do antigo estacionamento, que abrigará<br />
uma mo<strong>de</strong>rna e ampla sinagoga, além <strong>de</strong><br />
outros <strong>de</strong>partamentos da Kehilá.<br />
As obras estão sendo tocadas pela empresa<br />
Dória Construções, sob a fiscalização<br />
do engenheiro Roberto Ravaglio. O engenheiro<br />
Noêmio Hendler supervisiona os trabalhos<br />
pela Kehilá e a coor<strong>de</strong>nação das obras do<br />
novo Centro Israelita está a cargo <strong>de</strong> Eduardo<br />
Schulman e Jean Pierre Akiva Brami (Kive).
16<br />
* Yossef<br />
Dubrawsky é<br />
rabino do<br />
Beit Chabad<br />
Curitiba<br />
* Sami<br />
Goldstein é<br />
professor e<br />
lí<strong>de</strong>r espiritual<br />
da Sinagoga<br />
Francisco<br />
Frischmann,<br />
<strong>de</strong> Curitiba<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
Carta a alguém que quer ser feliz<br />
Sami Goldstein*<br />
Meu amigo,<br />
Kafka conta a história sobre um<br />
homem que chega à porta da felicida<strong>de</strong>.<br />
Seu passo é firme e <strong>de</strong>cidido.<br />
Uma força invisível parece atraílo<br />
até ali. Era, <strong>de</strong> fato, sua porta da<br />
felicida<strong>de</strong>. Entretanto, enquanto se<br />
aproxima cheio <strong>de</strong> esperança, surge<br />
o guardião que, admirado e<br />
olhando-o fixamente, põe-se na sua<br />
frente. E como era amedrontador...<br />
Nosso homem fica um pouco<br />
perplexo, <strong>de</strong>sconcentrado e sem<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reação. Depois <strong>de</strong><br />
vacilar por alguns instantes, sentase<br />
no chão e fica pensativo, ensimesmado.<br />
E assim passa um bom<br />
tempo... Em seguida, começa a<br />
olhar ao seu redor, curioso: a porta,<br />
as janelas, o prédio, como se<br />
buscasse um modo <strong>de</strong> entrar e enganar<br />
o guardião. Nenhuma solução<br />
parece suficiente. Nervoso,<br />
luta com o <strong>de</strong>sejo, a dúvida, a in<strong>de</strong>cisão...<br />
E vai embora.<br />
Passam-se os anos e todos os<br />
dias o homem caminha em direção<br />
à porta da felicida<strong>de</strong>. Quantas maravilhas<br />
<strong>de</strong>veriam estar aguardando<br />
apenas pelo momento em que<br />
Pêssach<br />
O êxodo sempre presente<br />
Yossef Dubrawsky *<br />
A celebração <strong>de</strong> Pêssach é tão<br />
importante no judaísmo, que todos os<br />
dias somos solicitados a lembrar que<br />
“em cada geração uma pessoa <strong>de</strong>ve<br />
consi<strong>de</strong>rar a si mesma como se ela<br />
mesma tivesse saído do Egito”.<br />
O Rebe, em suas mensagens,<br />
nos coloca um dilema. De que tipo<br />
<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> falamos quando os ju<strong>de</strong>us<br />
saíram do Egito: a libertação da<br />
escravidão foi condicionada apenas<br />
à obediência a D-us. Quando observamos<br />
a Torá e as 613 mitsvot, parece-nos,<br />
à primeira vista, um jugo pesado,<br />
algo a nos cercar durante todos<br />
os minutos <strong>de</strong> nossa vida.<br />
Para o homem, liberda<strong>de</strong> física, satisfação<br />
das necessida<strong>de</strong>s materiais,<br />
porém sem preencher as aspirações<br />
intelectuais, seria uma privação terrível.<br />
Mesmo assim, também a realização<br />
intelectual não representa a<br />
verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong> para um ju<strong>de</strong>u.<br />
Devemos levar em consi<strong>de</strong>ração<br />
que a alma <strong>de</strong> um ju<strong>de</strong>u é parte <strong>de</strong><br />
D-us; a verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />
ju<strong>de</strong>u só é conseguida quando sua<br />
alma po<strong>de</strong> unir-se à sua fonte, D-us,<br />
através da Torá e do cumprimento das<br />
mitsvot. Formam um suave caminho,<br />
porque a busca se resume a nosso<br />
potencial interior, buscando forças<br />
com as quais nascemos e crescemos.<br />
Entretanto, o mais difícil, a rota,<br />
as metas, o norte que procuramos<br />
está na Torá, um tesouro que não<br />
nos foi encoberto, mas sim revelado<br />
e em cujas palavras sempre novas<br />
luzes iluminam cada vez mais a escuridão<br />
da galut.<br />
A Torá e as mitsvot nos dão o livre<br />
arbítrio para crescer sempre mais,<br />
nos elevarmos mais, melhorar o mundo<br />
à nossa volta, alcançando a verda<strong>de</strong>ira<br />
liberda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolvendo<br />
todo o nosso potencial físico e espiritual,<br />
e esta é a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> D-us, que<br />
nos quer como construtores <strong>de</strong> sua<br />
morada no mundo físico.<br />
Um tema chave na história <strong>de</strong><br />
Pêssach é a pressa: os filhos <strong>de</strong> Israel<br />
são <strong>de</strong>scritos como havendo “fugido”<br />
do Egito; a matsá é o pão que<br />
não fermentou porque fomos expulsos<br />
do Egito e não podíamos nos retardar;<br />
e o Korban Pêssach (a Oferenda<br />
Pascal), a chave para a re<strong>de</strong>nção<br />
e o eixo ao redor do qual gira toda<br />
a festivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pêssach, era comido<br />
“com pressa”. A pressa <strong>de</strong> Pêssach<br />
atravessasse pela soleira. Mas lá<br />
está o guardião, imponente como<br />
uma resistente muralha.<br />
O tempo não perdoa e o homem,<br />
já muito velho e doente, sente-se<br />
esmorecido. Quem sabe esse<br />
seu estado inspire compaixão ao<br />
guardião e o <strong>de</strong>ixe entrar... Assim,<br />
reunindo as últimas forças, aproxima-se<br />
da porta e pergunta com<br />
voz moribunda:<br />
- Se esta é a porta da minha<br />
felicida<strong>de</strong>, por que nunca me<br />
<strong>de</strong>ixou entrar?<br />
E o guardião, surpreso, retruca:<br />
- Mas você nunca me pediu...<br />
Felicida<strong>de</strong>... Poucas letras que<br />
contém <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si o segredo da<br />
existência humana. É uma palavra<br />
que precisa ser pensada, para não<br />
a termos como poesia separada da<br />
realida<strong>de</strong>. Vale lembrar que o direito<br />
à felicida<strong>de</strong> é assegurado pela<br />
Declaração dos Direitos do Homem,<br />
aprovada pela Organização da Nações<br />
Unidas. Muito antes disso, já<br />
advertia a Torá sobre como as pessoas<br />
tristes seriam punidas, “pois<br />
você não serviu ao Eterno com alegria<br />
e com o coração feliz” (Deuteronômio<br />
28:47). Portanto, embora<br />
enfatiza que a vida, para o ju<strong>de</strong>u,<br />
nunca mais será uma experiência<br />
imóvel e passiva que foi para a tribo<br />
<strong>de</strong> escravos hebreus sob o cativeiro<br />
egípcio.<br />
A pressa com que aconteceu o<br />
primeiro Se<strong>de</strong>r no Egito se expressou<br />
<strong>de</strong> três maneiras: cinturas cingidas,<br />
sapatos nos pés e cajados em<br />
suas mãos. O Rebe nos explica que<br />
estes atos correspon<strong>de</strong>m às três dimensões<br />
do movimento através da<br />
vida: nosso próprio <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
nosso efeito sobre nossa comunida<strong>de</strong><br />
e nosso papel no mundo.<br />
A cintura (os quadris), que são a<br />
base do corpo, representam o ser humano<br />
como um todo.<br />
Pés calçados são os meios <strong>de</strong> locomoção<br />
<strong>de</strong> uma pessoa, com os<br />
quais viajamos do interior <strong>de</strong> nosso<br />
ser para influir em lugares e indivíduos<br />
que estão mais longe <strong>de</strong> um “pé<br />
<strong>de</strong>scalço”, uma personalida<strong>de</strong> presa<br />
ao seu espaço.<br />
O cajado representa a convicção<br />
própria do homem <strong>de</strong> que nada é impossível,<br />
que sempre po<strong>de</strong>mos encontrar<br />
uma maneira <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r<br />
nosso alcance mais além que a dis-<br />
amemos a poesia, não se trata <strong>de</strong><br />
suspirar pelo impossível, como alguns<br />
enten<strong>de</strong>m ser a poesia.<br />
A felicida<strong>de</strong> só é impossível<br />
àqueles que temem lançar-se ao<br />
<strong>de</strong>safio <strong>de</strong> buscá-la. Não a vejo<br />
como um objetivo, mas como um<br />
i<strong>de</strong>al. Não é uma situação, mas uma<br />
<strong>de</strong>cisão. Talvez não a conquistemos,<br />
mas teremos iniciado o caminho<br />
rumo ao seu encontro. E, principalmente,<br />
teremos dado um sentido,<br />
uma razão à nossa vida. É<br />
melhor fechar-se numa concha e<br />
<strong>de</strong>sistir da felicida<strong>de</strong> pelo puro<br />
medo do <strong>de</strong>sconhecido? É verda<strong>de</strong>:<br />
a felicida<strong>de</strong> traz consigo o sabor<br />
do <strong>de</strong>sconhecido. Passamos<br />
inúmeras vezes durante nossa existência<br />
por portas da felicida<strong>de</strong>. Queremos<br />
saber o que há lá <strong>de</strong>ntro; se<br />
realmente vale a pena. Imaginamos<br />
mil coisas e esperamos que ela se<br />
abra para nós com todas as garantias,<br />
pois somos merecedores. Com<br />
isso, esquecemos do essencial:<br />
pedir para entrar. O problema não<br />
é quem merece ou <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> merecer,<br />
mas quem toma uma atitu<strong>de</strong><br />
e corre atrás do que acredita e<br />
quer para si! E per<strong>de</strong>mos nossa<br />
chance, pelo mero receio <strong>de</strong> superar<br />
B"H<br />
tância <strong>de</strong> nosso braço natural, nosso<br />
próprio conhecimento.<br />
A festivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pêssach nos traz<br />
a força para atingir a verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong>.<br />
O primeiro passo é nos livrarmos<br />
dos “ídolos”, nos livrarmos da <strong>de</strong>pendência<br />
<strong>de</strong> “o que o mundo pensa<br />
e no que o mundo crê”.<br />
O povo, a entida<strong>de</strong> nascida em<br />
Pêssach, era um “ser” que não se <strong>de</strong>fine<br />
como uma socieda<strong>de</strong> nem pela<br />
aparência intelectual, emocional ou<br />
física, senão pela faísca <strong>de</strong> Divinda<strong>de</strong><br />
que é a essência do homem. E esta<br />
faísca emana da Torá e em cada uma<br />
das mitsvot <strong>de</strong>legadas a nós ju<strong>de</strong>us.<br />
Neste ano <strong>de</strong> <strong>5762</strong>, no dia 11 <strong>de</strong><br />
<strong>Nissan</strong> (24 <strong>de</strong> <strong>março</strong>), estaremos comemorando<br />
o centenário do nascimento<br />
do Rebe <strong>de</strong> Lubavitch, o lí<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong> nossa geração. Ele soube, com<br />
ações e ensinamentos, nos ensinar<br />
o caminho da “saída do Egito”, rumo<br />
à verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong>, à conexão<br />
com a faísca Divina existente em<br />
cada ju<strong>de</strong>u. A Torá é real, é a Torá da<br />
vida, que nos guia ainda nos dias <strong>de</strong><br />
hoje, para a verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong>,<br />
para sermos somente servos <strong>de</strong><br />
D-us e <strong>de</strong> ninguém mais!<br />
nossos próprios limites. Meu amigo,<br />
muitas outras portas po<strong>de</strong>rão abrirse<br />
para você, mas talvez aquela se<br />
feche para sempre.<br />
A felicida<strong>de</strong> não é um prêmio; é<br />
uma escolha e ainda mais: um verda<strong>de</strong>iro<br />
atrevimento. Afonso Duarte<br />
<strong>de</strong> Barros dizia “felizes os que sonham,<br />
ainda que não possam realizar<br />
os sonhos.” Às vezes precisamos<br />
<strong>de</strong>ixar o passado para sonhar<br />
– mesmo sabendo que talvez não<br />
tenhamos as asas necessárias para<br />
alcançar as nuvens da felicida<strong>de</strong> –,<br />
mas tudo nesta vida tem seu preço.<br />
A questão é: arcamos com os custos<br />
<strong>de</strong> nossa felicida<strong>de</strong> ou não?<br />
Deixemos o velho <strong>de</strong> fora e abramos<br />
espaço para o novo. Assuma<br />
um compromisso comigo hoje e<br />
diga a si mesmo: eu vou ser feliz!<br />
Meu amigo, estarei aqui esperando<br />
pelo seu sucesso. Pois mesmo<br />
que fracasse, será um vencedor<br />
por apenas ter tentado. Faça <strong>de</strong><br />
sua poesia uma história viva e repleta<br />
<strong>de</strong> momentos felizes. Sempre<br />
haverá um amigo a apoiá-lo, palmas<br />
abertas a felicitá-lo e um braço estendido<br />
a consolá-lo. Afinal, não há<br />
quem feche a porta da amiza<strong>de</strong>.<br />
Boa sorte!
Nahum Sirotsky *<br />
Raramente aceito escrever<br />
para publicações comunitárias em<br />
geral. Passei a vida empenhado<br />
em escrever o que penso do que<br />
observo, sem consi<strong>de</strong>rar i<strong>de</strong>ologias<br />
ou crenças. Não minto se<br />
digo que sou objetivo, pois isto<br />
não existe na observação da vida<br />
do homem. Todos enxergamos<br />
com os próprios olhos e ouvimos<br />
com os próprios ouvidos. Nunca<br />
me canso <strong>de</strong> visitar o Museu do<br />
Prado, em Madrid, sempre que<br />
passo pela cida<strong>de</strong>. Vou rever os<br />
Goyas que já vi incontáveis vezes<br />
e, a cada vez, <strong>de</strong>scubro que não<br />
vi bem. Há poetas, como Rilke,<br />
Elliot, cuja sabedoria jamais alcanço.<br />
E releio sempre. Nunca me<br />
canso dos compositores barrocos<br />
cuja mensagem procuro enten<strong>de</strong>r.<br />
E <strong>de</strong> ouvir o samba <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>.<br />
Meu livro bíblico favorito é<br />
Eclesiastes (Kohelet, como dizemos<br />
em hebraico). Estudo o Velho<br />
Testamento não só tentando<br />
enten<strong>de</strong>r esta obra-prima da literatura<br />
e a condição humana.<br />
Estudo para tentar apren<strong>de</strong>r a<br />
escrever, a sintetizar. E saber<br />
como foi possível ser criado pelo<br />
homem. Sei que se enten<strong>de</strong> com<br />
o que se sabe. Quero saber<br />
mais para enten<strong>de</strong>r melhor. Nunca<br />
hesito em mudar minhas interpretações,<br />
pois meus conhecimentos<br />
mudam todos os dias.<br />
Não sei o que valem meus escritos<br />
que nunca releio, publicados<br />
por consi<strong>de</strong>rar, sem falsa modéstia,<br />
que não são poucos os leitores.<br />
Cada um tem suas loucuras.<br />
O “Último Segundo“ do IG me convidou<br />
e me <strong>de</strong>u liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão<br />
pelo que sou muito grato.<br />
Leão Serva Pinto, meu editor<br />
e amigo, não gostará <strong>de</strong> saber<br />
que <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> abrir o IG <strong>de</strong>pois<br />
que me contratou como correspon<strong>de</strong>nte.<br />
Foi assim em toda a<br />
minha longa carreira.<br />
Não consegui negar o pedido<br />
<strong>de</strong> Curitiba, on<strong>de</strong> jamais vivi e tenho<br />
alguns dos melhores amigos<br />
que fiz na vida. Por uma posição<br />
ética profissional procuro não me<br />
tornar íntimo dos atores da vida<br />
pública. Quero a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> criticá-los.<br />
Mas me juntei aos <strong>de</strong><br />
Curitiba como amigo e parceiro.<br />
Ney Braga que respeitava pela<br />
integrida<strong>de</strong> e modéstia, infelizmente<br />
não chegou à Presidência<br />
da República on<strong>de</strong> seria sem dú-<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
Da vida, dos gostos<br />
e o pedido <strong>de</strong> Curitiba<br />
vida alguma, dos maiores da história<br />
brasileira. Ele me chamava<br />
<strong>de</strong> “meu filho”, e mesmo <strong>de</strong> Israel,<br />
ele já aposentado, nos falávamos.<br />
Karlos Rischbieter, Saul Raiz, Alexandre<br />
Fontana Beltrão, Jayme<br />
Canet, Leônidas Lopes Bório,<br />
Maurício Schulman e há outros.<br />
Com o Jaime Lerner, no IPPUC,<br />
trabalhou meu filho único, Iossef,<br />
que tanto apren<strong>de</strong>u com a incrível<br />
criativida<strong>de</strong> do governador. Ele<br />
é hoje diretor <strong>de</strong> um Talmud Torá<br />
em Israel. Como profissional e ser<br />
humano me orgulho e me envai<strong>de</strong>ço<br />
<strong>de</strong> ser parte <strong>de</strong>ste grupo. As<br />
contribuições <strong>de</strong>les ao Estado e<br />
ao País são incomparáveis. Eles<br />
souberam dar <strong>de</strong> seus conhecimentos<br />
com amor ao muito que<br />
criaram. Gente limpa.<br />
Começo <strong>de</strong> publicação é sempre<br />
uma gran<strong>de</strong> angústia que sofri<br />
várias vezes. O que se imagina<br />
não se realiza no papel. Nunca se<br />
chega aon<strong>de</strong> se quer chegar. Jornalismo,<br />
no entanto, é, hoje, mais<br />
essencial à vida social do que jamais<br />
foi. A era da Informação tornou<br />
o mundo mais complexo e<br />
aumentou os <strong>de</strong>sentendimentos.<br />
Poucos têm acesso intelectual ao<br />
que se abre para eles na Net.com.<br />
A escola se atrasa em relação aos<br />
avanços. Num certo sentido, imagino<br />
que acontece com o homem<br />
confusão semelhante à provocada<br />
pelo patriarca Abrahão. Antes,<br />
todos tinham <strong>de</strong>uses visíveis. Um<br />
<strong>de</strong>us para cada fenômeno. Simplificava<br />
a relação do ser humano<br />
com o <strong>de</strong>sconhecido. É incompreensível.<br />
Ai chega um velho <strong>de</strong> Ur,<br />
na Caldéia, e diz que só existe<br />
Um, invisível, incompreensível,<br />
inatingível, o que os sábios ju<strong>de</strong>us<br />
viriam a qualificar <strong>de</strong> Einsof, sem<br />
fim. Ele <strong>de</strong>ve ter provocado fortíssima<br />
reação negativa, <strong>de</strong> raiva<br />
mesmo. A UNIDADE é a complexida<strong>de</strong><br />
abrangida e compreendida<br />
numa combinação em que tudo se<br />
sintetiza e as partes <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser<br />
visíveis, mas lá estão. A física viria<br />
comprová-lo. Mas não se chegou<br />
à fórmula matemática alguma<br />
para a Unida<strong>de</strong> proclamada pelo<br />
velho Abrahão. Há muito que tenho<br />
a tese <strong>de</strong> que é duro ser ju<strong>de</strong>u<br />
por causa <strong>de</strong> Avrahaam Avinu.<br />
Ele foi o começo do anti-semitismo.<br />
É um tanto menos perigoso<br />
agora. Com o Estado <strong>de</strong> Israel<br />
o ju<strong>de</strong>u conquistou sua liberda<strong>de</strong>.<br />
Ele po<strong>de</strong> ser ju<strong>de</strong>u sem ser<br />
israelense. E, na hora da necessida<strong>de</strong>,<br />
reclamar seu direito <strong>de</strong><br />
retorno e passar a israelense. Aliás,<br />
sou <strong>de</strong> família que sempre é o que<br />
é. E <strong>de</strong>la me orgulho também pelos<br />
seus sucessos e comportamento.<br />
Somos ju<strong>de</strong>us assumidos.<br />
Na verda<strong>de</strong>, em matéria <strong>de</strong> religião<br />
sou um ignorante, o que não<br />
muda minha qualida<strong>de</strong> essencial. É<br />
sempre um esforço, muito gran<strong>de</strong><br />
esquecê-lo na hora <strong>de</strong> escrever.<br />
Sou contratado para analisar<br />
uma situação e não para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />
posições. E a questão israelense-palestina<br />
é extremamente<br />
complexa. Ä distância, sem conhecer<br />
as histórias <strong>de</strong>sses povos<br />
e da região, ten<strong>de</strong>-se a vê-la como<br />
uma disputa <strong>de</strong> terra, na qual os<br />
pobres palestinos, econômica e<br />
militarmente inferiorizados, merecem<br />
e conquistam as simpatia do<br />
mundo. Se fosse assim teria solução.<br />
Nenhum dos lados consegue<br />
vencer com armas. Haveria<br />
<strong>de</strong> surgir lí<strong>de</strong>res que enten<strong>de</strong>riam<br />
o impasse e chegariam a um entendimento.<br />
A terra é o menor dos<br />
problemas. O conflito é étnico e<br />
religioso, é entre o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mitos<br />
profundamente enraizados. Há<br />
inúmeros conflitos religiosos em<br />
todos os países islâmicos o que<br />
pouco se comenta. Em todos eles<br />
há o choque entre os mo<strong>de</strong>rnizadores<br />
e tradicionalistas. Os extremistas<br />
querem po<strong>de</strong>r para impor<br />
a lei canônica, a lei do Corão,<br />
querem ser os presi<strong>de</strong>ntes ou<br />
emires ou califas.<br />
Todos os países islâmicos<br />
com governos seculares sofrem<br />
<strong>de</strong> “jihads”, guerras santas. Os extremistas<br />
são sempre duramente<br />
punidos. O pai do atual presi<strong>de</strong>nte<br />
Assad, da Síria, Hafez, alawita,<br />
seita minoritária que nem todos<br />
os maometanos aceitam<br />
como parte do Islã, ameaçado e<br />
<strong>de</strong>safiado massacrou milhares <strong>de</strong><br />
xiitas em Holms. No Líbano, o conflito<br />
entre maronitas cristãos e xiitas<br />
é permanente. Eles já se enfrentaram,<br />
numa guerra civil <strong>de</strong> 20<br />
anos. Os wahabitas fundamentalistas<br />
da Arábia Saudita, dos quais<br />
Bin La<strong>de</strong>n foi ou é um <strong>de</strong>les, são<br />
uma ameaça permanente. Os chechenos<br />
na Rússia não aceitam as<br />
leis <strong>de</strong> Moscou. A lista é longa,<br />
mas a luta <strong>de</strong> vida ou morte contra<br />
os não-maometanos no Islã,<br />
seculares ou praticantes, tem o<br />
mesmo sonho <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> Ará-<br />
bia sem países não-islâmicos, interrompendo<br />
a sua continuida<strong>de</strong>.<br />
Arafat, o palestino, quer o domínio<br />
dos lugares santos maometanos<br />
e cristãos. Ele assumiu a <strong>de</strong>fesa<br />
dos lugares santos cristãos<br />
sem a aprovação do Vaticano. Na<br />
área coberta por Israel existem<br />
incontáveis lugares santos cristãos,<br />
da fronteira com o Líbano ao<br />
Mar Vermelho. Ele praticamente<br />
anuncia que quer a sua ban<strong>de</strong>ira em<br />
Nazaré, no mar da Galiléia, em Jerusalém<br />
e assim por diante. É esta<br />
a verda<strong>de</strong>ira questão relevante. E<br />
sem que Israel <strong>de</strong>sista pelo menos<br />
das áreas conquistadas em 1967 e<br />
todos os lugares santos maometanos<br />
o entendimento é irrealizável.<br />
A diferença está em que o<br />
mundo islâmico po<strong>de</strong> esperar.<br />
Dentro da área israelense-palestina<br />
há a bomba <strong>de</strong>mográfica, a<br />
barriga da mulher árabe que assegura<br />
maioria árabe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
poucas décadas. Os paises árabes<br />
ao redor progri<strong>de</strong>m econômica,<br />
científica e militarmente. Arrasar<br />
o estado ju<strong>de</strong>u está nos seus<br />
planos. Israel tem <strong>de</strong> tentar um<br />
entendimento com os palestinos<br />
como possível abertura para uma<br />
aceitação pelo mundo árabe e islâmico.<br />
Arafat envelhece e não<br />
po<strong>de</strong> esperar muito. Os palestinos<br />
atravessaram 500 anos <strong>de</strong> domínio<br />
otomano. Po<strong>de</strong>m aceitar uma<br />
solução intermediária e esperar<br />
pela <strong>de</strong>finitiva.<br />
Israel abriu para os ju<strong>de</strong>us a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, no prazo, serem<br />
encarados como são os italianos<br />
ou os libaneses: brasileiros para<br />
todos os efeitos. Mas na minha<br />
vivência, isto só acontecerá se<br />
assumirem suas origens e fé com<br />
naturalida<strong>de</strong>. Serem brasileiros e<br />
ju<strong>de</strong>us, no que não há contradição.<br />
Como brasileiros, assumirem<br />
plenamente suas responsabilida<strong>de</strong>s<br />
sociais do que o Jaime Lerner<br />
é um exemplo. E serem ju<strong>de</strong>us assumidos,<br />
cônscios <strong>de</strong> sua cultura<br />
e passado histórico. Aquele que se<br />
envergonha do que é se <strong>de</strong>smoraliza<br />
equivale muito <strong>de</strong> perto ao <strong>de</strong>lator<br />
que se usa e se <strong>de</strong>spreza.<br />
O jornal <strong>de</strong> vocês po<strong>de</strong> ser<br />
uma abertura para os ju<strong>de</strong>us do<br />
Paraná e, eventualmente, do Brasil.<br />
Em poucos anos Curitiba se<br />
transformou num centro cultural<br />
exemplar. Na sua cida<strong>de</strong> se faz<br />
muito bem o que se <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> fazer.<br />
Kadima. Pra frente.<br />
17<br />
* Nahum Sirotsky é<br />
jornalista,<br />
correspon<strong>de</strong>nte da<br />
RBS em Israel e<br />
colunista do Último<br />
Segundo/IG.
Divulgação<br />
18<br />
A montagem <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> Lost<br />
Zweig, décimo longa-metragem <strong>de</strong><br />
Sylvio Back está quase pronta. O<br />
filme, baseado em fatos reais, narra<br />
a “vida brasileira” do escritor<br />
ju<strong>de</strong>u austríaco Stefan Zweig, autor<br />
do famoso livro “Brasil, País do<br />
Futuro”, e <strong>de</strong> sua mulher, Lotte,<br />
que, na semana seguinte ao Carnaval<br />
<strong>de</strong> 1942, ao qual haviam<br />
assistido, se suicidam em Petrópolis<br />
num gesto que ainda hoje é<br />
consi<strong>de</strong>rado insondável e <strong>de</strong>sconcertante.<br />
No dia 23 <strong>de</strong> fevereiro<br />
foram relembrados em todo o mundo<br />
os 60 anos da morte <strong>de</strong> Zweig.<br />
A produção já está inscrita e<br />
vai competir, em maio, no Festival<br />
<strong>de</strong> Cannes. Mas o lançamento<br />
comercial, que <strong>de</strong>verá acontecer<br />
simultaneamente no Brasil, nos<br />
Estados Unidos e na Europa, está<br />
previsto para setembro. Como ele,<br />
a mulher e amigos eram todos estrangeiros<br />
e sempre conversavam<br />
em uma segunda língua, além do<br />
alemão, o francês, o inglês e até<br />
o iídiche, Back <strong>de</strong>cidiu que o filme<br />
seria inteiramente falado em inglês,<br />
incluindo o elenco nacional.<br />
INTERESSE POR ZWEIG<br />
Sylvio Back diz que Stefan<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
Novo filme <strong>de</strong> Sylvio Back<br />
analisa “vida brasileira” <strong>de</strong> Zweig<br />
Rüdiger Vogler e Ruth Rieser, interpretam Stefan Zweig e sua mulher Lotte<br />
Zweig entrou em sua vida e ele<br />
nele pelo cinema. “Quase na contramão<br />
<strong>de</strong> sua prosa límpida, encantatória<br />
e psicologizante (era<br />
amigo <strong>de</strong> Freud, trocavam correspondência,<br />
chegou a escrever biografia<br />
<strong>de</strong>le e fez o elogio á beira<br />
do seu túmulo em Londres). Tudo<br />
parece ter começado ao assistir,<br />
em épocas diferentes, aos filmes<br />
“Carta <strong>de</strong> uma Desconhecida”<br />
(1948), do mestre franco-alemão,<br />
Max Olphüls, um canto à sensibilida<strong>de</strong><br />
feminina, e “Até o Último<br />
Obstáculo” (1960), <strong>de</strong> Gerd Oswald,<br />
este baseado no livro “Uma partida<br />
<strong>de</strong> Xadrez” (“Schachnovelle”literalmente,<br />
novela do xadrez),<br />
uma brilhante metáfora do totalitarismo,<br />
que Zweig terminou horas<br />
antes <strong>de</strong> se suicidar em Petrópolis<br />
com a mulher, Lotte.”<br />
Back prossegue: “em 1981,<br />
entrevistando o ex-ministro e escritor<br />
Afonso Arinos para um documentário<br />
sobre a renúncia <strong>de</strong> Jânio<br />
Quadros, que orgulhoso me<br />
mostrou um livro autografado que<br />
Stefan Zweig lhe <strong>de</strong>ixara entre os<br />
seus “presentes” pós-suicídio, vim<br />
a saber que o jornalista Alberto<br />
Dines preparava livro sobre ele.<br />
Até então biografias publicadas no<br />
exterior davam pouca importância<br />
à “vida brasileira” <strong>de</strong> Zweig, aos<br />
angustiantes seis meses que passou<br />
no Brasil entre agosto <strong>de</strong> 41 à<br />
semana seguinte ao Carnaval carioca<br />
quando se matou, aos sessenta<br />
anos, com a jovem esposa<br />
<strong>de</strong> apenas trinta e três. Os biógrafos<br />
se limitam mais ao aspecto<br />
policial do suicídio, sem contudo<br />
dar-lhe a envergadura <strong>de</strong> síntese<br />
e até <strong>de</strong> apogeu <strong>de</strong> uma vida <strong>de</strong><br />
luta contra toda e qualquer opressão<br />
e limitações à liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
pensar e <strong>de</strong> ir e vir. Sem falar<br />
português, eles visitam a casa e<br />
o túmulo <strong>de</strong> Zweig em Petrópolis,<br />
torcem fatos, dão informações<br />
históricas errôneas.<br />
Para o diretor, Dines invertia a<br />
mão, <strong>de</strong>dicando-se a esmiuçar e<br />
a “entrelaçar com rara habilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> repórter esses meses cruciais,<br />
toda a sua existência européia e<br />
o próprio ato terminal.” Ele observa<br />
que chegou a ler trechos <strong>de</strong><br />
“Morte no paraíso” ainda nas provas.<br />
Mais tar<strong>de</strong> comprou os direitos<br />
<strong>de</strong> filmagem, base do atual<br />
roteiro <strong>de</strong> “Lost Zweig”, cujos primeiros<br />
tratamentos escreveu sozinho.<br />
Antes, em 95, fez um documentário<br />
para a televisão alemã,<br />
“Zweig: A Morte em Cena”.<br />
Entrevistas com amigos sobreviventes,<br />
hoje, todos mortos (entre<br />
eles, o editor, o advogado e o tradutor),<br />
abriram-lhe o conhecimento<br />
privado em torno do escritor e<br />
<strong>de</strong> sua mulher, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o polêmico<br />
visto <strong>de</strong> permanência concedido<br />
pela ditadura Vargas, ostensivamente<br />
anti-semita, às aventuras<br />
eróticas e à bissexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le,<br />
sempre omitida ou não intuída,<br />
aliás, “chave para a compreensão<br />
<strong>de</strong> inúmeros <strong>de</strong> seus personagens”,<br />
<strong>de</strong> acordo com, Sylvio Back.<br />
ELENCO INTERNACIONAL<br />
Encabeçado por um elenco internacional,<br />
Lost Zweig traz o ator<br />
preferido do diretor Wim Wen<strong>de</strong>rs,<br />
Rüdiger Vogler, e a atriz austríaca<br />
Ruth Rieser, como Zweig e Lotte,<br />
mais os brasileiros Renato Borghi<br />
(no papel <strong>de</strong> Getúlio Vargas),<br />
Daniel Dantas, Ney Piacentini,<br />
Claudia Neto, Juan Alba, Ana Carbatti,<br />
Odilon Wagner, Kiko Mascarenhas,<br />
Katia Bronstein, Denise<br />
Weinberg, Michael Berkovich, Felipe<br />
Wagner, Carina Cooper, Silvia<br />
Chamecki, Thelmo Fernan<strong>de</strong>s<br />
(no papel <strong>de</strong> Orson Welles), Isaac<br />
Bernat, Alexandre Ackerman e Garcia<br />
Júnior. As filmagens aconteceram<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro e em Petrópolis,<br />
on<strong>de</strong> o casal viveu e morreu.<br />
O argumento original é do próprio<br />
Sylvio Back e o roteiro escrito com<br />
o irlandês Nicholas O’Neill, foi baseado<br />
no livro “Morte no Paraíso”,<br />
<strong>de</strong> Alberto Dines. Lost Zweig exigiu<br />
uma rigorosa reconstituição histórica<br />
tanto <strong>de</strong> ambientes e seleção<br />
<strong>de</strong> locações como dos figurinos,<br />
penteados e maquiagem.<br />
A reconstituição da época,<br />
aliás, foi revivida nos seus menores<br />
<strong>de</strong>talhes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o modo <strong>de</strong><br />
falar o inglês e a postura cotidiana<br />
das pessoas até o resgate <strong>de</strong><br />
inúmeras músicas do Carnaval <strong>de</strong><br />
42 e do cancioneiro internacional,<br />
<strong>de</strong>stacando-se a música cantada<br />
em inglês por Marlene Dietrich e<br />
no filme reinterpretada por Katia<br />
Bronstein. A composição da trilha<br />
sonora original está a cargo do<br />
pianista Guilherme Vergueiro e <strong>de</strong><br />
Raul <strong>de</strong> Souza,<br />
Co-produzido e distribuído pela<br />
Riofilme, Lost Zweig foi filmado<br />
em 35mm e a cores por um dos<br />
maiores diretores <strong>de</strong> fotografia do<br />
país, Antônio Luiz Men<strong>de</strong>s, a<br />
quem Back chama <strong>de</strong> “mestre” e<br />
com quem filmou seu recente Cruz<br />
e Sousa - O Poeta do Desterro<br />
(1999). Seu custo é estimado em<br />
seis milhões <strong>de</strong> reais, sendo a<br />
Labo Cine do Brasil um dos coprodutores<br />
do filme. Do Paraná, a<br />
produtora Usina <strong>de</strong> Kyno conta<br />
com patrocínio da Copel e da Sanepar.<br />
Também tem parceria Calla<br />
Productions, <strong>de</strong> Los Angeles, BR<br />
Distribuidora, BNDES, BANESPA,<br />
BCN, TV Cultura <strong>de</strong> São Paulo,<br />
FINEP, Quanta e apoio logístico<br />
da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Petrópolis,<br />
Fundação Cultural <strong>de</strong> Petrópolis,<br />
Petrotur e da Fundação Parque<br />
<strong>de</strong> Alta Tecnologia <strong>de</strong> Petrópolis<br />
– Funpat.<br />
Sylvio Back classifica seu filme<br />
como “<strong>de</strong>sconcertante”. Stefan<br />
Zweig foi um intelectual <strong>de</strong> uma<br />
mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> à toda prova. Daí a<br />
sobrevida <strong>de</strong> sua obra e <strong>de</strong> seu<br />
pensamento, observa o diretor,<br />
para quem o suicídio está envolto<br />
em mistério intrigante. Morando<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro, mas entrevistado<br />
por <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> esclarece:<br />
o filme é uma homenagem a um<br />
homem que já nos anos 30 previa
Divulgação<br />
uma Europa sem passaportes,<br />
com moeda única, vivendo sem<br />
guerras, cada país respeitando a<br />
cultura do outro, etc. Segundo ele,<br />
as biografias que se suce<strong>de</strong>ram<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, principalmente na<br />
Europa, excetuando-se a do jornalista<br />
brasileiro Alberto Dines,<br />
todas remetem à vida e obra do<br />
escritor em Viena, Paris, Londres<br />
e Nova York, e nenhuma se <strong>de</strong>tém<br />
em esmiuçar os seus dias terminais<br />
no Brasil.<br />
Sobre o escritor há alguns programas<br />
<strong>de</strong> televisão europeus e o<br />
documentário Zweig: A Morte em<br />
Cena (43 min. cor/PB), do próprio<br />
Back, produzido pelo Instituto Goethe<br />
do Rio <strong>de</strong> Janeiro em 1995,<br />
para a TV alemã por assinatura<br />
3Sat. Lost Zweig é o primeiro filme<br />
<strong>de</strong> longa-metragem, com exibição<br />
e distribuição internacionais<br />
— cujo roteiro, retratando o<br />
cotidiano e as falas baseados na<br />
obra e correspondência do escritor<br />
e do testemunho <strong>de</strong> contemporâneos<br />
—, a ficcionar a tragédia<br />
dos Zweig no Brasil. Para o diretor,<br />
sua originalida<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>, exatamente,<br />
no resgate ficcional da<br />
“vida brasileira” <strong>de</strong> Zweig, uma<br />
espécie <strong>de</strong> elo perdido da sua biografia:<br />
a tensão entre as recordações<br />
da “dourada era da segurança”<br />
européia pré-Hitler e a<br />
nostálgica ilusão <strong>de</strong> reencontrála<br />
no Brasil da ditadura Vargas.<br />
O filme registra ainda o inusitado<br />
encontro <strong>de</strong> Zweig com o<br />
Orson Welles filmando o seu inconcluso<br />
documentário “It’s All<br />
True”. Tudo permeado pela tortuosa<br />
relação com a ex-mulher Fri<strong>de</strong>rike<br />
e a atual, Lotte, e pelo obsedante<br />
projeto <strong>de</strong> salvar refugiados<br />
ju<strong>de</strong>us da perseguição nazista,<br />
enquanto se <strong>de</strong>ixa levar pela<br />
idéia da morte como o supremo<br />
sacrifício <strong>de</strong> um humanista ante a<br />
<strong>de</strong>cadência moral do mundo. Sobrecarregado<br />
pelas evidências da<br />
guerra (Pearl Harbour, a queda <strong>de</strong><br />
Cingapura), imbricado a uma crescente<br />
crise pessoal, Zweig prepara-se —<br />
quase cientificamente — para o fim.<br />
Autor <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> cinqüenta<br />
novelas, romances, poesia e inú-<br />
meras biografias, Stefan Zweig<br />
acreditava na inevitável vitória da<br />
barbárie nacional-socialista, <strong>de</strong><br />
que a Europa toda cairia <strong>de</strong>finitivamente<br />
sob o jugo <strong>de</strong> Hitler. Esses<br />
presságios o enlouquecem<br />
nos últimos meses <strong>de</strong> vida.”Zweig<br />
- diz Back - era um pacifista, antibelicista<br />
e humanista, militante<br />
solitário <strong>de</strong> suas idéias e convicções.<br />
Um homem à frente <strong>de</strong> seu<br />
tempo. E <strong>de</strong> todos os tempos.”<br />
Apaixonado pelo Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
a primeira visita em 1936 — “... se<br />
algures na Terra existe o Paraíso,<br />
não po<strong>de</strong> estar longe daqui” (fazia<br />
suas as palavras <strong>de</strong> seu biografado<br />
Américo Vespúcio) —,<br />
Zweig veio mais duas vezes, e na<br />
segunda em 1941, para ficar, fugindo<br />
do nazismo que queimara<br />
os livros em praça pública. Na carta-testamento<br />
que <strong>de</strong>ixou, e que<br />
é uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> amor ao Brasil,<br />
confessa: “Eu, <strong>de</strong>masiadamente<br />
impaciente, vou-me antes”.<br />
Quando navios mercantes brasileiros<br />
foram torpe<strong>de</strong>ados por submarinos<br />
nazistas na costa do<br />
Atlântico, Zweig teria dito ao ouvir<br />
a notícia no “Repórter Esso”:<br />
“A guerra chegou ao paraíso!”<br />
O DIRETOR<br />
O ator principal é um dos preferidos do diretor Wim Wen<strong>de</strong>rs<br />
Sylvio Back, 64 anos, é cineasta,<br />
poeta e escritor. Filho <strong>de</strong> imigrantes<br />
húngaro e alemã, é natural<br />
<strong>de</strong> Blumenau (SC). Ex-jornalista<br />
e crítico <strong>de</strong> cinema, autodidata<br />
iniciou-se na direção cinematográfica<br />
em 1962, tendo realizado<br />
e produzido até hoje 36 filmes<br />
- entre curtas, médias e <strong>de</strong>z longas-metragens:<br />
“Lance Maior”<br />
(1968), “A Guerra dos Pelados”<br />
(1971), “Aleluia,Gretchen” (1976),<br />
“Revolução <strong>de</strong> 30” (1980), “República<br />
Guarani” (1982), “Guerra do<br />
Brasil” (1987), “Rádio Auriver<strong>de</strong>”<br />
(1991), “Yndio do Brasil” (1995),<br />
“Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro”<br />
(1999) e “Lost Zweig” (<strong>2002</strong>).<br />
Tem editados <strong>de</strong>zessete livros<br />
- entre poesia, ensaios e os argumentos/roteiros<br />
dos filmes “Lance<br />
Maior”, “Aleluia, Gretchen”, “República<br />
Guarani”, “Sete Quedas”,<br />
“Vida e Sangue <strong>de</strong> Polaco”, “O<br />
Auto-Retrato <strong>de</strong> Bakun”,<br />
“Guerra do Brasil”,<br />
“Rádio Auriver<strong>de</strong>”,<br />
“Yndio do Brasil”,<br />
“Zweig: A Morte<br />
em Cena” e “Cruz e<br />
Sousa — O Poeta do<br />
Desterro” (tetralíngüe).<br />
Com 62 prêmios<br />
nacionais e internacionais,<br />
Sylvio<br />
Back é um dos mais<br />
festejados cineastas<br />
do Brasil.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
O bom humor<br />
per<strong>de</strong> Sale<br />
Wolokita<br />
19<br />
No dia 15 <strong>de</strong> fevereiro a notícia da morte <strong>de</strong> Sale Wolokita<br />
entristeceu não só a comunida<strong>de</strong> israelita <strong>de</strong> Curitiba,<br />
mas também o vasto círculo <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>s que ele cul- Sale Wolokita: vida <strong>de</strong>dicada<br />
tivou entre os profissionais e espectadores das artes cê- ao teatro e à comunicação<br />
nicas, jornalistas e comunicadores do Paraná ao longo<br />
<strong>de</strong> sua vida. E o bom humor per<strong>de</strong>u um dos seus mais legítimos representantes.<br />
Sale tinha 68 anos, foi ator, diretor <strong>de</strong> teatro, comunicador, apresentador<br />
e administrador.<br />
Sale Wolokita nasceu no bairro do Portão, em Curitiba, e em 1942, antes dos<br />
10 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> já estreava como ator num grupo amador do Centro Israelita<br />
Paraná. No começo dos anos 50 trabalhou com Lala Schnei<strong>de</strong>r no Teatro do Sesi<br />
e participou <strong>de</strong> Helena <strong>de</strong> Tróia, uma das montagens que inauguraram o Auditório<br />
Salvador <strong>de</strong> Ferrante, o popular Guairinha. “Éramos centuriões, ficamos um ato<br />
inteiro um <strong>de</strong> cada lado do palco, paralisados como estátuas”, lembra o ator e<br />
amigo Sinval Martins. Na platéia estavam o presi<strong>de</strong>nte Café Filho e o governador<br />
Bento Munhoz da Rocha.<br />
Em 1974, quando o Guairão foi inaugurado, Sale Wolokita era superinten<strong>de</strong>nte<br />
da Fundação Teatro Guairá. Ele foi o fundador da Escola <strong>de</strong> Arte Dramática do<br />
teatro. Os jornalistas recordam aqueles bons tempos em que ganhavam convites<br />
para as principais apresentações. Como ator, Sale atuou em clássicos como por<br />
exemplo Schweyk na Segunda Guerra Mundial, <strong>de</strong> Bertolt Brecht, montagem <strong>de</strong><br />
1985 do Teatro <strong>de</strong> Comédia do Paraná, com direção <strong>de</strong> Cláudio Corrêa e Castro.<br />
Atuou também na Rádio Atalaia e foi diretor da Rádio Estadual. Entretanto, foi<br />
na televisão que ele <strong>de</strong>ixou sua marca in<strong>de</strong>lével. Em 1969 foi convidado para<br />
apresentar um programa jornalístico <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública na TV Iguaçu. Era o<br />
Jornal da Cida<strong>de</strong>, que ia ao ar diariamente as 19h. Foi no Jornal da Cida<strong>de</strong>, hoje<br />
uma referência histórica na TV do Paraná, que o apresentador criou seu célebre<br />
bordão “Vai prá Tribuna!”, proferido ao final <strong>de</strong> cada <strong>de</strong>núncia,<br />
na redação do jornal Tribuna do Paraná. Algo parecido com o<br />
“Isto é uma vergonha”, do Boris Casoy, só que com maior impacto<br />
e repercussão. Na época, virou moda entre os paranaenses<br />
dizer “Vai pra Tribuna!” para qualquer coisa errada.“Ele<br />
não foi contratado para comandar um jornal da emissora, o<br />
programa foi feito especialmente para ele”, observa o jornalista<br />
e ex-apresentador Jamur Júnior, outro colega a lamentar a<br />
perda do Sale.<br />
Nos anos 70 o programa atingiu gran<strong>de</strong>s níveis <strong>de</strong> audiência,<br />
e recebia <strong>de</strong> 20 e 30 cartas por dia. “As pessoas normalmente<br />
reclamam <strong>de</strong> rua esburacada, falta <strong>de</strong> iluminação pública,<br />
falta <strong>de</strong> água e esgoto, brigas <strong>de</strong> vizinhos, ônibus superlotados<br />
e até correio sentimental”, contava Wolokita numa entrevista<br />
quando o programa completou um ano. A Prefeitura<br />
na época chegou a instalar um aparelho <strong>de</strong> televisão no setor<br />
<strong>de</strong> fiscalização, só para acompanhar as reclamações no pro-<br />
Em “Aleluia, Gretchen” ingrama<br />
do Sale, e no dia seguinte provi<strong>de</strong>nciar os consertos, terpretou um oficial alemão<br />
tapar o buraco ou arrumar a rua.<br />
O sucesso do programa transformou Sale no diretor artístico<br />
da emissora, e mais tar<strong>de</strong> em coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> ação cultural da Secretaria da<br />
Cultura do Paraná. Ele também fez cinema, interpretando personagens nos filmes<br />
do diretor Sylvio Back como “A Guerra dos Pelados”, <strong>de</strong> 1971, em foi um<br />
fazen<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> posses ou em “Aleluia, Gretchen”, <strong>de</strong> 1976, no qual fez o papel <strong>de</strong><br />
um oficial nazista. Sendo ju<strong>de</strong>u, só mesmo um gran<strong>de</strong> ator po<strong>de</strong>ria fazê-lo.<br />
A partir do final dos anos 70, Sale Wolokita tentou a vida política: foi candidato<br />
a vereador pela Arena, coor<strong>de</strong>nador estadual do Mobral, foi candidato a vicegovernador<br />
em 1994 pelo PL e arriscou novamente a Câmara em 2000. Ultimamente<br />
continuava trabalhando como diretor <strong>de</strong> teatro. Suas peças mais recentes<br />
foram Meno Male e Uma família quase perfeita, e apresentava um programa <strong>de</strong><br />
leilões numa TV por assinatura.<br />
Sale Wolokita também exerceu ativida<strong>de</strong>s comunida<strong>de</strong> israelita <strong>de</strong> Curitiba,<br />
entre elas, foi diretor da entida<strong>de</strong> mantenedora da Escola Israelita Salomão Guelmann.<br />
No Centro Israelita do Paraná elaborou projeto para a criação da Casa do<br />
Teatro, que mexeu com a comunida<strong>de</strong> na época, especialmente quando ele dirigiu<br />
a peça O Diário <strong>de</strong> Anne Frank.<br />
Na Câmara Municipal <strong>de</strong> Curitiba, o vereador Mário Celso Cunha (PFL), com<br />
apoio <strong>de</strong> colegas, preten<strong>de</strong> homenagear Sale Wolokita dando seu nome a um dos<br />
logradouros públicos <strong>de</strong> Curitiba.<br />
Álbum <strong>de</strong> família<br />
Arquivo <strong>de</strong> “O Estado do Paraná”
20<br />
Existe um jornal <strong>de</strong> bairro em<br />
Curitiba que vem sistematicamente<br />
atacando os ju<strong>de</strong>us e Israel<br />
em suas páginas, promovendo<br />
abertamente o anti-semitismo,<br />
crime enquadrado na legislação<br />
brasileira como preconceito<br />
racial. A publicação,<br />
cujo nome é “Folha do Batel”,<br />
parece ser mais um instrumento<br />
<strong>de</strong> disseminação <strong>de</strong> ódio contra<br />
ju<strong>de</strong>us, dissimulada em jornal<br />
<strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços à<br />
comunida<strong>de</strong>, tal é a insistência<br />
com a qual vem agredindo os ju<strong>de</strong>us.<br />
O que surpreen<strong>de</strong>, no<br />
caso, é que a tal “folha” vem<br />
agindo livremente sem que as<br />
autorida<strong>de</strong>s tomem providências<br />
contra essa afronta à Constituição<br />
do País.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />
Folha promove anti-semitismo<br />
publicando textos neonazistas<br />
Tudo serve para cumprir os<br />
objetivos escusos <strong>de</strong>sse preconceito,<br />
inclusive mentir para os<br />
leitores, como o texto <strong>de</strong> uma<br />
pretensa “carta aberta ao presi<strong>de</strong>nte<br />
Bush” que teria sido escrita<br />
por um indivíduo <strong>de</strong> nome<br />
David Duke, e apresentado na<br />
edição <strong>de</strong> novembro pelo jornal<br />
como sendo “ex-candidato a<br />
Presi<strong>de</strong>nte dos Estados Unidos”.<br />
Duke, que nunca chegou a<br />
concorrer à Presidência dos<br />
EUA, é, na verda<strong>de</strong> um notório<br />
neonazista norte-americano e lí<strong>de</strong>r<br />
da Ku Klux Klan, centrou os<br />
escritos <strong>de</strong> sua “carta” nos rescaldos<br />
<strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> setembro para<br />
aproveitar o choque da opinião<br />
pública com os atentados aos<br />
edifícios do World Tra<strong>de</strong> Centrer<br />
e do Pentágono, e as milhares<br />
<strong>de</strong> mortes, em conseqüências<br />
<strong>de</strong>les, para culpar ninguém menos<br />
que os ju<strong>de</strong>us pelo ocorrido,<br />
vinculando o fato ao apoio do<br />
governo norte-americano a Israel.<br />
Escrita num estilo totalmente<br />
distorcido e repleta <strong>de</strong> ódio e<br />
<strong>de</strong> referências típicas anti-semitas<br />
— como a velha e surrada<br />
balela que ainda encontra eco<br />
entre os menos esclarecidos, <strong>de</strong><br />
que o judaísmo controla a imprensa<br />
— a tal “carta” não foi<br />
publicada em nenhum veículo da<br />
mídia norte-americana. Ela só<br />
encontrou eco em uma série <strong>de</strong><br />
websites nazistas que infestam<br />
a Internet. E foi <strong>de</strong>la que responsável<br />
pela Folha do Batel retirou<br />
toda essa patuscada. Além<br />
disso, constatou-se que anos<br />
atrás essa mesma pessoa esteve<br />
envolvida com um núcleo<br />
neonazista que atuava em Curitiba<br />
distribuindo publicações racistas<br />
principalmente entre estudantes<br />
universitários. O fato foi<br />
<strong>de</strong>nunciado na época pelo jornal<br />
Correio <strong>de</strong> Notícias, hoje extinto.<br />
No ano passado, a Agência<br />
Estado, ligada ao jornal “O Estado<br />
<strong>de</strong> S. Paulo”, distribuiu uma<br />
notícia que iniciava assim: “Moscou<br />
— Um ex-chefe da organização<br />
racista americana Ku Klux<br />
Klan está promovendo em Moscou<br />
um livro que expõe teses<br />
anti-semitas, <strong>de</strong> acordo com informações<br />
da televisão privada<br />
NTV. Fundador da Organização<br />
Nacional pró-Direitos dos Americanos<br />
Europeus, David Duke,<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o livro “A supremacia<br />
final: um exame da questão judia”.<br />
Na página <strong>de</strong> sua organização<br />
na internet, David Duke<br />
elogia a Rússia como “reduto da<br />
raça branca”. Ele afirma que<br />
quer fazer nesse país o primeiro<br />
elo <strong>de</strong> uma corrente <strong>de</strong> “tomada<br />
<strong>de</strong> consciência racial” através do<br />
mundo. “O povo russo também<br />
tem um gran<strong>de</strong> conhecimento da<br />
potência do sionismo internacional<br />
e do papel dominante dos<br />
ju<strong>de</strong>us na orquestração da imigração<br />
e o multiculturalismo que<br />
minam o Oci<strong>de</strong>nte”, <strong>de</strong>clarou.<br />
A propósito disso, algumas<br />
pessoas da comunida<strong>de</strong> israelita<br />
<strong>de</strong> Curitiba resolveram <strong>de</strong>nunciar<br />
à imprensa o anti-semitismo<br />
praticado pelo jornal <strong>de</strong> bairro.<br />
“Com o mais recente <strong>de</strong>sses crimes,<br />
que afrontam a Constituição<br />
brasileira e envergonham a<br />
Lei nº 5.250 (Lei <strong>de</strong> Imprensa),<br />
o responsável pela edição nº 26,<br />
relativa ao mês <strong>de</strong> novembro do<br />
corrente, daquele panfletário,<br />
que, a propósito, não indica,<br />
como manda a legislação, seu<br />
respectivo registro profissional,<br />
zomba da justiça e <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong><br />
brasileira, que sempre<br />
têm rechaçado qualquer espécie<br />
<strong>de</strong> racismo em nosso País — observa<br />
a carta-<strong>de</strong>núncia enviada à<br />
redação dos jornais da Capital.<br />
Mais além, a carta observa:<br />
Além <strong>de</strong> disseminar anti-semitismo,<br />
uma das faces do racismo,<br />
a publicação mente acintosamente<br />
para o leitor ao apresentar<br />
o texto, <strong>de</strong> página inteira, recheado<br />
<strong>de</strong> ódio e preconceito<br />
contra os ju<strong>de</strong>us e Israel, como<br />
sendo <strong>de</strong> um “ex-candidato a presi<strong>de</strong>nte<br />
do Estados Unidos da<br />
América”, um certo David Duke,<br />
que, em realida<strong>de</strong>, é um notório<br />
neonazista norte-americano e lí<strong>de</strong>r<br />
da tristemente famosa Ku Klux<br />
Klan. Esse fanfarrão nunca concorreu<br />
a uma eleição presi<strong>de</strong>ncial<br />
nos Estados Unidos. Em 1996, ele<br />
foi candidato a candidato, mas<br />
evi<strong>de</strong>ntemente rejeitado antes<br />
mesmo das primárias. O que é<br />
bem diferente <strong>de</strong> ser candidato.<br />
Pois bem, para alcançar seu<br />
intento criminoso, o (ir)responsável<br />
pela tal “Folha” omitiu<br />
para os leitores do Batel esses<br />
fatos reveladores, escon<strong>de</strong>ndo<br />
o racista sob a aura da<br />
serieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> “um candidato a<br />
presi<strong>de</strong>nte dos EUA”. Tudo<br />
para <strong>de</strong>stilar o veneno <strong>de</strong> seu<br />
ódio racial. Esperamos que o<br />
Ministério Público e a Polícia<br />
Fe<strong>de</strong>ral investiguem e tomem<br />
providências, e que o comércio<br />
e os moradores do Batel,<br />
recusem, daqui para frente,<br />
anúncios e exemplares <strong>de</strong>ssa<br />
nefasta publicação.