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Liberdade de existir - Visão Judaica

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2<br />

editorial<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

Publicação mensal in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />

JUDAICA LTDA.<br />

Redação, Administração e Publicida<strong>de</strong><br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Curitiba • PR • Brasil<br />

Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />

Diretora <strong>de</strong> Operações<br />

e Marketing<br />

SHEILLA FIGLARZ<br />

Diretor <strong>de</strong> Redação<br />

SZYJA B. LORBER<br />

Diretora Comercial<br />

HANA KLEINER<br />

Publicida<strong>de</strong><br />

ALEXANDRE BIEGA<br />

Criação e Diagramação<br />

SONIA OLESKOVICZ<br />

Colaboram nesta edição:<br />

Antonio Carlos Coelho, Ariel Bar Tzadok,<br />

Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi, Edda Bergmann,<br />

Gustavo Erlichman, Helena Kessel, Jana<br />

Beris, Nahum Sirotsky, Rav Berg, Ruth<br />

Lapidoth, Sami Goldstein, Sérgio<br />

Feldman, Sérgio Rosvald Donaire,<br />

Shmuel Lemle, Vittorio Corinaldi, Yossef<br />

Dubrawsky e Yossi Groisseoign.<br />

Os artigos assinados não representam<br />

necessariamente a opinião do jornal<br />

www.visãojudaica.com.br<br />

stamos nos preparando para comemorar uma<br />

das mais importantes festivida<strong>de</strong>s do povo<br />

ju<strong>de</strong>u. Pessach, também conhecida como<br />

Páscoa judaica, tem para nós um significado<br />

supremo: a liberda<strong>de</strong>. A passagem do estado<br />

da escravidão para a libertação; dos grilhões<br />

e da opressão para o livre arbítrio e o <strong>de</strong>sprendimento.<br />

Das trevas à luz. Pessach rememora<br />

toda a história <strong>de</strong> um passado que é transmitido<br />

<strong>de</strong> geração para geração, procurando preservar<br />

o valor sublime da liberda<strong>de</strong>, uma das razões maiores<br />

da existência humana. Nesta edição o leitor<br />

po<strong>de</strong> conhecer tudo sobre Pessach.<br />

Os últimos acontecimentos na Espanha chocaram<br />

mundo, mas <strong>de</strong>ram aos europeus a exata<br />

medida do que é o sofrimento pela matança <strong>de</strong><br />

inocentes por causa da brutalida<strong>de</strong> insana do terrorismo.<br />

O mesmo com o qual em Israel a população<br />

é obrigada a conviver praticamente todos os<br />

dias nestes últimos anos. O sentimento <strong>de</strong> dor é<br />

mesmo, a indignação também. É lamentável ver<br />

vidas sendo ceifadas inutilmente, mas talvez agora<br />

os europeus, e o resto do mundo, sentindo as<br />

Nossa capa<br />

<strong>Liberda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>existir</strong> tintos.<br />

feridas na própria carne, possam <strong>de</strong>spertar para o<br />

horror <strong>de</strong> ter que sair <strong>de</strong> casa e não saber se ficará<br />

vivo para retornar ao seio da família. Quem<br />

sabe agora enxerguem melhor e vejam Israel com<br />

outros olhos. Com os olhos que precisam ver que<br />

as pessoas só <strong>de</strong>sejam viver em paz.<br />

A Europa reluta em consi<strong>de</strong>rar o Hamas, um<br />

dos responsáveis pelos atentados em Israel, como<br />

grupo terrorista. Infelizmente há ainda um longo<br />

caminho a percorrer. Veja-se o caso terrível do<br />

Portal Terra na internet. Colocaram na página uma<br />

matéria contendo os principais atentados terroristas<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fatídico 11 <strong>de</strong> setembro, por conta<br />

do atentado <strong>de</strong> Madri. Pasmem leitores: Nem uma<br />

só menção aos atentados perpetrados em Israel,<br />

entre os citados. Aos que escreveram ao Portal<br />

Terra para reclamar <strong>de</strong>sse comportamento acintoso,<br />

a resposta era ainda mais revoltante.<br />

Diziam que não consi<strong>de</strong>ravam os atentados em<br />

Israel, já “que fazem parte <strong>de</strong> um conflito entre<br />

duas partes e que se esten<strong>de</strong> no tempo, como<br />

sendo da mesma natureza <strong>de</strong> atentados pontuais<br />

em partes diferentes do mundo por grupos dis-<br />

A capa reproduz o quadro cujo título é “A Aliança” (“Há-Brith”), pintado com a técnica<br />

crayon conté sobre papel bege, e dimensões 65 X 50 cm, criação <strong>de</strong> Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi.<br />

Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi nasceu em Bucareste, Romênia. É arquiteto e artista plástico e vive<br />

em Curitiba <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1978. Já <strong>de</strong>senvolveu trabalhos em várias técnicas, <strong>de</strong>ntre elas pintura,<br />

gravura e tapeçaria. Recebeu premiações por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras<br />

estão espalhadas por vários países e tem no judaísmo, uma das principais fontes <strong>de</strong> inspiração.<br />

É colaborador das capas do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Acendimento das velas <strong>de</strong><br />

shabat em Curitiba<br />

março / abril<br />

DATA HORA<br />

19/3 18h10<br />

26/3 18h03<br />

2/4 17h55<br />

5/4 * 17h52<br />

6/4* 18h46<br />

9/4 17h48<br />

11/4* 17h46<br />

12/4* 18h40<br />

16/4 17h41<br />

* Em Iom Tov recita-se uma<br />

benção diferente<br />

20 <strong>de</strong> março<br />

• Veyakhel-Pikudê,<br />

Shabat Hacho<strong>de</strong>sh<br />

23 <strong>de</strong> março<br />

• Rosh Cho<strong>de</strong>sh<br />

27 <strong>de</strong> março<br />

• Vayikrá<br />

3 <strong>de</strong> abril<br />

• Tsav, Shabat Hagadol<br />

4 <strong>de</strong> abril<br />

• Busca do Chametz<br />

5 <strong>de</strong> abril<br />

• Véspera <strong>de</strong> Pessach,<br />

1 º Se<strong>de</strong>r à noite<br />

Por isso eles não estão presentes em nossa<br />

lista”. Uma <strong>de</strong>sculpa esfarrapada e mentirosa.<br />

Afinal, o conflito entre Rússia e Chechênia não é<br />

“um conflito entre duas partes e que se esten<strong>de</strong><br />

no tempo”? Pois estão na lista pelo menos<br />

sete atentados chechenos. E o conflito na Colômbia,<br />

que já dura anos? Não será também “um<br />

conflito entre duas partes e que se esten<strong>de</strong> no<br />

tempo”? Mas a lista os inclui também. E os conflitos<br />

na Índia e Paquistão, não são o mesmo?<br />

Mas eles também estão na lista. Estão todos<br />

lá. Menos os <strong>de</strong> Israel.<br />

O que é isto? Des<strong>de</strong>nha-se os mortos em Israel,<br />

vítimas <strong>de</strong> homicidas cruéis que buscam a<br />

morte pela morte, o terror pelo terror? Uma lista<br />

<strong>de</strong> atentados no mundo sem incluir nenhum atentado<br />

em Israel é uma vergonha mentira. Ou seria<br />

anti-semitismo? O Portal alegou ter-se baseado em<br />

informe da Agência Reuters. Seriam verda<strong>de</strong>iras as<br />

suspeitas sobre a agência <strong>de</strong> notícias ter seu controle<br />

acionário nas mãos <strong>de</strong> capital saudita? O fato<br />

é que só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muita pressão o Portal terra<br />

voltou atrás e colocou a lista correta no ar.<br />

Datas importantes<br />

A Redação<br />

6 <strong>de</strong> abril<br />

• 1 º Dia <strong>de</strong> Pessach,<br />

2 º Se<strong>de</strong>r à noite<br />

7 <strong>de</strong> abril<br />

• 2 º Dia <strong>de</strong> Pessach<br />

10 <strong>de</strong> abril<br />

• Shabat Chol Hamoed<br />

12 <strong>de</strong> abril<br />

• 7 º Dia <strong>de</strong> Pessach<br />

13 <strong>de</strong> abril<br />

• 8<br />

17 <strong>de</strong> abril<br />

• Shemini<br />

18 <strong>de</strong> abril<br />

• Dia do Holocausto<br />

e Heroísmo<br />

º Dia <strong>de</strong> Pessach


Sérgio Feldman*<br />

ma vez eu <strong>de</strong>scobri<br />

o escritor e “filósofo”<br />

Scholem Rabinovitch,<br />

mais conhecido<br />

como Scholem<br />

Aleichem (este termo<br />

traduzido ao português significa<br />

“A Paz Seja Convosco”). Foi um encontro<br />

com um dos maiores tesouros<br />

literários <strong>de</strong> nossa cultura milenar.<br />

Entre muitas <strong>de</strong> suas obras gostaria<br />

<strong>de</strong> refletir sobre as que falam<br />

<strong>de</strong> uma al<strong>de</strong>ia fictícia <strong>de</strong>nominada<br />

“Kasrilevke”. Há pelo menos uns cinco<br />

ou talvez <strong>de</strong>z contos que falam<br />

<strong>de</strong>sta al<strong>de</strong>ia criada na imaginação<br />

fértil <strong>de</strong>ste sensível escritor. Seria<br />

uma al<strong>de</strong>ia igual a milhares <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ias<br />

situadas na Rússia Czarista,<br />

entre a meta<strong>de</strong> do séc. XIX e o final<br />

da Primeira Guerra Mundial<br />

(1918). Algumas sobreviveram até<br />

1939, em meio a países originados<br />

da queda do Império Russo: Polônia,<br />

por exemplo. Muitos <strong>de</strong> nossos<br />

avós vieram <strong>de</strong>stas al<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>nominadas<br />

em idish “shtetl”.<br />

O “shtetl” surgiu como o resultado<br />

<strong>de</strong> dois processos intimamente<br />

ligados: a exclusão social dos ju<strong>de</strong>us<br />

da socieda<strong>de</strong> na Rússia Czarista e na<br />

Europa Oriental, e a colocação dos<br />

mesmos em uma região (Zona <strong>de</strong> Residência<br />

<strong>Judaica</strong>), restringindo seu<br />

direito <strong>de</strong> circulação em cida<strong>de</strong>s, certas<br />

regiões da Rússia, e a posse <strong>de</strong><br />

campos <strong>de</strong> cultivo. Uma maneira <strong>de</strong><br />

concentrar e discriminar os ju<strong>de</strong>us,<br />

forçando-os a uma aguda pauperização<br />

e retirando da minoria judaica<br />

qualquer resquício <strong>de</strong> direitos.<br />

Criada pelos czares Nicolau I (por<br />

volta da meta<strong>de</strong> do séc. XIX) e mantida<br />

pelos czares Alexandre II e III,<br />

e pelo último czar Nicolau I.<br />

Nas palavras <strong>de</strong> Scholem Aleichem,<br />

ao <strong>de</strong>screver Kasrilevke: seria<br />

um local “on<strong>de</strong> os ju<strong>de</strong>us foram<br />

amontoados uns sobre os outros,<br />

como arenques num barril, com a<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> crescerem e se multiplicarem”.<br />

Para quem não sabe o que é<br />

um arenque, seria um peixe em conserva,<br />

<strong>de</strong>nominado pela maioria<br />

como “hering”. Se tratava da versão<br />

local para dizer que viviam como<br />

“sardinhas em lata”. A expressão literária<br />

<strong>de</strong> Scholem é muito rica, mas<br />

Revisitando o Shtetl<br />

Reflexões sobre um passado não muito remoto<br />

se per<strong>de</strong> ao traduzirmos do idish ao<br />

português. Estas al<strong>de</strong>ias eram um<br />

amontoado <strong>de</strong> casinhas mal construídas<br />

e apertadas, com ruas tortuosas<br />

e sem planejamento nenhum.<br />

Sem um sinal <strong>de</strong> urbanização, sujas<br />

e sem iluminação pública, esgotos<br />

nem água encanada. Uma das profissões<br />

era ser transportador <strong>de</strong> água<br />

ou “agua<strong>de</strong>iro”: levar bal<strong>de</strong>s da fonte<br />

local para as casas. Outros eram<br />

carroceiros. Muitos músicos e muitos<br />

<strong>de</strong>sempregados. Duas coisas em<br />

comum: eram todos ju<strong>de</strong>us e todos<br />

viviam famintos. Passavam o dia indo<br />

e vindo a procura <strong>de</strong> algum trabalho<br />

ou algum negócio: sem capital e sem<br />

profissão eram uma espécie <strong>de</strong> “viradores”.<br />

O termo utilizado pelos próprios<br />

ju<strong>de</strong>us para se auto<strong>de</strong>nominarem<br />

era “homens que viviam do ar” ou<br />

”luftmenschen”. Viviam do ar: não tinham<br />

quase nada e viviam com muito<br />

pouco. Eram literalmente famintos.<br />

Não um tipo qualquer <strong>de</strong> famintos.<br />

Podiam passar fome durante a<br />

semana, mas tratavam <strong>de</strong> “ganhar<br />

para o sábado”.<br />

Nos relata Scholem com seu humor<br />

e sensibilida<strong>de</strong>: “Ganhar para o<br />

sábado — eis o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>sta gente. A<br />

semana inteira eles trabalham, mourejam<br />

a duras penas, se arrebentam<br />

<strong>de</strong> labutar, comem o pão que o diabo<br />

amassou, bebem água dos infernos,<br />

contanto que garantam o sábado”.<br />

Traduzindo este trecho significa<br />

que na falta <strong>de</strong> trabalho, correm<br />

a semana toda atrás <strong>de</strong> alguma ocupação<br />

para obter pelo menos algo<br />

para comer e assim celebrar o Shabat<br />

(sábado judaico). Se não conseguissem<br />

algum trabalho e não pu<strong>de</strong>ssem<br />

adquirir alimentos, a solidarieda<strong>de</strong><br />

grupal ajeitava algo: um vizinho<br />

emprestava uma “chalá” ou um<br />

pouco <strong>de</strong> peixe para se celebrar o<br />

Shabat A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> coletiva ajudava<br />

a sobreviver numa época <strong>de</strong> enormes<br />

dificulda<strong>de</strong>s. Ser ju<strong>de</strong>u era difícil,<br />

mas nas palavras <strong>de</strong> Scholem:<br />

eram “pobres, mas felizes (ou contentes)”.<br />

E se interpelados por algum<br />

visitante, que lhes questionassem:<br />

como sobreviviam? do que viviam?<br />

Respondiam evasivamente:<br />

“Do que vivemos? Não está vendo?<br />

Há, há, há! Vivemos”. Discriminados,<br />

pobres, famintos e vivendo em uma<br />

verda<strong>de</strong>ira favela (nos padrões locais).<br />

E se <strong>de</strong>claram felizes. Seria<br />

uma i<strong>de</strong>alização <strong>de</strong> Scholem? Possivelmente<br />

sim. Por outro lado há um<br />

símbolo implícito nesta pequena<br />

obra: sobrevivem através <strong>de</strong> uma<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> coletiva, criam uma solidarieda<strong>de</strong><br />

grupal sem igual e resistem<br />

apesar das adversida<strong>de</strong>s.<br />

Sua razão <strong>de</strong> ser é sobreviver,<br />

como ju<strong>de</strong>us e como seres humanos:<br />

alias os dois aspectos são um<br />

todo coerente. Não po<strong>de</strong>riam ser<br />

apenas um <strong>de</strong>les.<br />

O “shtetl” não existe mais <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a Segunda Guerra Mundial. Permaneceu<br />

na memória dos sobreviventes<br />

que estão se indo aos poucos.<br />

Permaneceu em fotos que poucos conhecem.<br />

Alguns <strong>de</strong> seus valores não<br />

existem mais: solidarieda<strong>de</strong>, resistência<br />

cultural e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> coletiva.<br />

A simplicida<strong>de</strong> e a pobreza foram<br />

substituídas pelo estilo <strong>de</strong> vida<br />

refinado e consumista da socieda<strong>de</strong><br />

judaica plenamente integrada na<br />

socieda<strong>de</strong> geral. Há ju<strong>de</strong>us pobres,<br />

mas <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser a maioria e a<br />

pobreza <strong>de</strong>ixou ser uma característica<br />

judaica. Hoje, a comunida<strong>de</strong><br />

ganhou status, riqueza, bens e direitos<br />

civis. Por outro lado per<strong>de</strong>u<br />

valores, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e coesão grupal.<br />

Quem será que seria mais pobre: os<br />

habitantes <strong>de</strong> Kasrilevke, pobres,<br />

mas felizes ou nós, ju<strong>de</strong>us sem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />

sem concepção <strong>de</strong> mundo e<br />

sem espiritualida<strong>de</strong>? O divã do psicanalista<br />

serve para minorar as dores<br />

<strong>de</strong> uma personalida<strong>de</strong> partida:<br />

per<strong>de</strong>mos a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> judaica e somos<br />

mais um grupo dissolvido na<br />

multidão. Sem a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> per<strong>de</strong>mos<br />

o jeito judaico (idishkait) e nada<br />

mais somos que uma sombra no meio<br />

da massa amorfa e perdida. Admito<br />

que é nostalgia e que é impossível<br />

querer voltar atrás na história; que<br />

é cegueira propor voltar ao “Shtetl”<br />

e aos níveis <strong>de</strong> pobreza e carência<br />

<strong>de</strong> cidadania <strong>de</strong> nossos ancestrais;<br />

que é antiquado viver sob um estilo<br />

<strong>de</strong> vida conservador e atado às restrições<br />

rígidas do Judaísmo normativo.<br />

Então o que fazer para restaurar<br />

nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>? Buscar as raízes<br />

judaicas e repensá-las. Tentar<br />

enten<strong>de</strong>r e contextualizar o judaísmo<br />

no mundo contemporâneo. Em<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

nossa kehilá vemos por um lado ju<strong>de</strong>us<br />

sem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e por outro ju<strong>de</strong>us<br />

que repetem o mo<strong>de</strong>lo antigo,<br />

a maneira ortodoxa. Se um é carente<br />

<strong>de</strong> espírito, o outro nega a nova<br />

realida<strong>de</strong>. Um se distancia da tradição<br />

e dos valores: o outro fica na<br />

“letra do texto”, sem interpretar as<br />

mesmas, <strong>de</strong> maneira coerente com<br />

os novos tempos e <strong>de</strong>sta forma negando<br />

a característica judaica <strong>de</strong><br />

atualizar a tradição. Não há judaísmo<br />

fora <strong>de</strong> seu tempo: este é o segredo<br />

<strong>de</strong> sua sobrevivência.<br />

A razão <strong>de</strong>ste fenômeno <strong>de</strong> “duas<br />

faces e duas posturas” seria a inércia<br />

<strong>de</strong> alguns e a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

estudar e rever conceitos, da parte<br />

<strong>de</strong> outros; uns abandonam os<br />

valores e a tradição; e outros<br />

abandonam a sua<br />

própria realida<strong>de</strong>. Isso<br />

só po<strong>de</strong> gerar alienação:<br />

ninguém vive<br />

sem raiz e nem fora<br />

do mundo. Ninguém<br />

po<strong>de</strong> viver fora da sua<br />

realida<strong>de</strong> e tampouco<br />

sem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Concluindo:<br />

os ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong><br />

Kasrilevke eram mais pobres<br />

materialmente, eram<br />

sem direitos e sem importância<br />

social. Nós somos seres sem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />

materialistas e consumistas.<br />

Sofremos a ilusão <strong>de</strong> “termos” e a<br />

realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não “sermos”. O verbo<br />

“ter” já não nos satisfaz a alma, pois<br />

per<strong>de</strong>mos o verbo “ser” que preenche<br />

nossa espiritualida<strong>de</strong>. Deixo a<br />

pergunta no vazio e o artigo incompleto.<br />

O que você caro leitor prefere:<br />

ter ou ser?<br />

3<br />

* Sérgio Feldman é<br />

professor adjunto <strong>de</strong><br />

História Antiga do Curso<br />

<strong>de</strong> História da<br />

Universida<strong>de</strong> Tuiuti do<br />

Paraná e doutorando em<br />

História<br />

pela UFPR.


4<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

Paulo Munhoz da Rocha, presi<strong>de</strong>nte da CIC participa<br />

do encontro com autorida<strong>de</strong>s e empresários do setor<br />

<strong>de</strong> turismo <strong>de</strong> Buenos Aires, Assunção, La Paz e<br />

Santiago do Chile.<br />

Curitiba terá calendário <strong>de</strong> eventos turísticos<br />

Cida<strong>de</strong> será <strong>de</strong>stino turístico o ano inteiro com anúncio feito no encontro das cida<strong>de</strong>s do Mercosul<br />

Foto: Val<strong>de</strong>cir Galor/SMCS<br />

Curitiba vai ganhar um calendário com<br />

os principais eventos turísticos da cida<strong>de</strong>.<br />

Nele estarão <strong>de</strong>stacadas as datas <strong>de</strong> realização<br />

<strong>de</strong> atrações como o Festival <strong>de</strong> Teatro, a<br />

Oficina <strong>de</strong> Música, a Maratona Ecológica Internacional<br />

e a Capital do Natal, além <strong>de</strong> outras<br />

informações sobre lazer, cultura e esportes.<br />

O anúncio do novo produto foi feito no<br />

último dia 11, pelo presi<strong>de</strong>nte da Companhia<br />

<strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Curitiba (CIC), Paulo<br />

Munhoz da Rocha, durante um encontro<br />

<strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s e empresários do setor <strong>de</strong><br />

turismo <strong>de</strong> Buenos Aires, Assunção, La Paz<br />

e Santiago do Chile. Vieram a ministra <strong>de</strong><br />

turismo do Paraguai, Maria Evangelista <strong>de</strong><br />

Gallegos, e o secretário <strong>de</strong> produção, turismo<br />

e meio ambiente <strong>de</strong> Buenos Aires,<br />

Eduardo Epsztein, além <strong>de</strong> dirigentes <strong>de</strong><br />

entida<strong>de</strong>s ligadas ao setor. Participaram cerca<br />

<strong>de</strong> 40 empresas e 350 agentes <strong>de</strong> viagens<br />

<strong>de</strong> Curitiba e do Paraná.<br />

Segundo o presi<strong>de</strong>nte da CIC, o calendário<br />

<strong>de</strong> Curitiba está sendo feito com o<br />

apoio da Fundação Cultural e da Secretaria<br />

Municipal do Esporte e Lazer. A expectativa<br />

é que fique pronto em abril. “Com o calendário<br />

<strong>de</strong> eventos, nossa intenção é fazer<br />

com que as agências <strong>de</strong> viagens tenham<br />

motivos para oferecer Curitiba como <strong>de</strong>stino<br />

turístico o ano inteiro”, disse Munhoz da<br />

Rocha durante entrevista coletiva com jornalistas<br />

brasileiros e <strong>de</strong> países convidados.<br />

O encontro em Curitiba, que leva o nome<br />

“Mercosur via TAM”, foi organizado pela<br />

companhia área com o apoio da Prefeitura<br />

<strong>de</strong> Curitiba. O objetivo é fomentar o turismo<br />

entre as cida<strong>de</strong>s da América Latina. A capital<br />

paranaense foi a segunda a receber o<br />

evento, realizado pela primeira vez em outubro<br />

<strong>de</strong> 2003, em Buenos Aires.<br />

“O resultado <strong>de</strong> Buenos Aires foi fantástico<br />

e fez com que aumentasse muito o número<br />

<strong>de</strong> turistas argentinos que vieram para<br />

cá e <strong>de</strong> curitibanos que foram para lá”, contou<br />

Munhoz da Rocha.<br />

A informação foi confirmada pelo diretor<br />

comercial da TAM Mercosul, Javier Hickethier.<br />

Segundo ele, a rota Curitiba-Buenos<br />

Aires-Curitiba está consolidada e os<br />

vôos realizados entre as duas capitais registra<br />

ocupação superior a 60%.<br />

Outra rota, que liga Curitiba a Assunção<br />

(Paraguai), está com movimento menor,<br />

mas a situação po<strong>de</strong> mudar em breve, já que<br />

está programada para o próximo mês encontro<br />

semelhante naquela cida<strong>de</strong>. Também<br />

estão previstas reuniões em Santa Cruz <strong>de</strong><br />

La Sierra (Bolívia) e Santiago (Chile). Munhoz<br />

da Rocha disse que Curitiba participará<br />

<strong>de</strong> todos os eventos, para que o seu<br />

potencial turístico seja conhecido pelos<br />

agentes e operadores <strong>de</strong> viagens das principais<br />

cida<strong>de</strong>s da região. No final da tar<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> quinta, a diretora <strong>de</strong> turismo da CIC, Juliana<br />

Vosnika, apresentou aos participantes<br />

do Workshop as atrações da capital paranaense.<br />

Todas as autorida<strong>de</strong>s presentes fizeram<br />

questão <strong>de</strong> divulgar o potencial turístico<br />

dos municípios que representam. A<br />

ministra do Paraguai falou sobre uma rota<br />

<strong>de</strong> peregrinação que será lançada nos próximos<br />

dias em conjunto com o Brasil. O representante<br />

<strong>de</strong> Buenos Aires falou sobre o<br />

tango. O do Chile, sobre o turismo voltado<br />

para a natureza e aventura. O da Bolívia,<br />

sobre a cultura e geografia do país.<br />

Nas horas vagas, os visitantes fizeram<br />

passeios pela cida<strong>de</strong>. “Em assunção, Curitiba<br />

é vendida como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>”, contou<br />

a ministra Maria Gallegos. “Seus administradores<br />

souberam combinar planejamento<br />

urbano com arte e natureza. É uma<br />

cida<strong>de</strong> que tem alma e que precisa ser imitada”,<br />

disse ela.


VISÃOpanorâmica<br />

• Yossi Groisseoign •<br />

Investigadas contas <strong>de</strong><br />

Arafat e esposa<br />

Fiscais franceses investigam a transferência<br />

<strong>de</strong> US$ 11,5 milhões da Suíça para<br />

contas bancárias na França em nome <strong>de</strong><br />

Suha Arafat, esposa <strong>de</strong> Yasser Arafat, entre<br />

julho <strong>de</strong> 2002 e julho <strong>de</strong> 2003. A investigação<br />

teve início em outubro passado,<br />

pelo órgão governamental <strong>de</strong> combate<br />

à lavagem <strong>de</strong> dinheiro, quando o Banco<br />

da França avisou a Justiça. Vários legisladores<br />

da Autorida<strong>de</strong> Palestina se<br />

queixaram das transferências <strong>de</strong> Arafat a<br />

sua esposa, que leva uma vida luxuosa,<br />

mas ela nunca foi investigada pela AP. "A<br />

investigação po<strong>de</strong>rá trazer muitas respostas",<br />

disse um membro do Conselho Legislativo<br />

Palestino, explicando que a AP<br />

<strong>de</strong>stina muitas verbas a Arafat e não há<br />

controle sobre como este dinheiro é gasto.<br />

Se ficar <strong>de</strong>monstrada malversação dos<br />

recursos provenientes <strong>de</strong> doações, mais<br />

uma faceta <strong>de</strong> Arafat será <strong>de</strong>smascarada.<br />

UE confirma vínculos<br />

entre AP e o terrorismo<br />

A Unida<strong>de</strong> Antifrau<strong>de</strong> da União Européia<br />

(OLAF) acredita que os documentos<br />

que Israel possui mostrando que a Autorida<strong>de</strong><br />

Palestina apóia o terrorismo, são<br />

autênticos. O jornal alemão Die Welt, noticiou<br />

que crescem as suspeitas do envio<br />

<strong>de</strong> dinheiro do escritório <strong>de</strong> Yasser Arafat<br />

para organizações terroristas. Isto significa<br />

que fundos da União Européia foram<br />

usados para ajudar a financiar o terrorismo<br />

nos primeiros anos do atual ciclo <strong>de</strong><br />

violência. Des<strong>de</strong> o outono <strong>de</strong> 2000, quando<br />

começou a atual Intifada, a UE vinha<br />

financiando a AP com 10 milhões <strong>de</strong> euros<br />

por mês. Os pagamentos foram suspensos<br />

no outono <strong>de</strong> 2002 quando surgiram<br />

as suspeitas sobre como os recursos<br />

estariam sendo usados. Os documentos foram<br />

obtidos no escritório <strong>de</strong> Arafat, durante<br />

a operação realizada pelo exército<br />

israelense em março <strong>de</strong> 2002 e entregues<br />

por Israel à União Européia.<br />

Abstenção no processo<br />

<strong>de</strong> Haia<br />

A União Européia (UE) se absteve no<br />

processo iniciado dia 23 <strong>de</strong> fevereiro na<br />

Corte Internacional <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> Haia,<br />

sobre a cerca <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> Israel em<br />

resposta a uma solicitação da Assembléia<br />

Geral da ONU. A petição <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 2003 solicitava às autorida<strong>de</strong>s judiciais<br />

<strong>de</strong> Haia a sua opinião sobre as<br />

implicações legais da construção. A UE<br />

consi<strong>de</strong>ra que transferir o conflito para a<br />

área legal não fará avançar o processo <strong>de</strong><br />

paz. Para o ministro <strong>de</strong> Assuntos Europeus<br />

da UE Dick Roche, há poucas melhoras<br />

no processo <strong>de</strong> paz e as perspectivas<br />

em curto prazo não são alentadoras. Insistiu<br />

que a UE continue tendo um papel<br />

ativo no Quarteto.<br />

'Arma' para coibir<br />

atentados em ônibus<br />

A polícia israelense está estudando a<br />

colocação <strong>de</strong> sacos cheios <strong>de</strong> banha <strong>de</strong><br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

(com informações das<br />

agências AP, Reuters, AFP,<br />

EFE, jornais Alef na internet,<br />

Jerusalem Post, Haaretz e IG)<br />

porco nos ônibus para dissuadir os suicidas<br />

palestinos <strong>de</strong> perpetrar atentados. Aos<br />

acionar os cinturões explosivos, eles se<br />

sujariam com a gordura do animal consi<strong>de</strong>rado<br />

impuro pela religião muçulmana.<br />

Segundo o jornal Maariv, a polícia obteve<br />

autorização das autorida<strong>de</strong>s rabínicas para<br />

esta 'arma revolucionária', apesar <strong>de</strong> que<br />

o judaísmo também consi<strong>de</strong>ra este animal<br />

impuro e não a<strong>de</strong>quado para consumo. O<br />

rabino Eliezer Moshe Fisher, que dirige<br />

importante instituto <strong>de</strong> estudos talmúdicos<br />

em Jerusalém emitiu uma <strong>de</strong>claração<br />

dizendo que 'a utilização <strong>de</strong> sacos com<br />

banha <strong>de</strong> porco para a proteção <strong>de</strong> lugares<br />

públicos é legítima, uma vez que estão<br />

em jogo vidas humanas'.<br />

Katzav: 'Sem separação<br />

<strong>de</strong> interesses'<br />

O presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Israel, Moshe Katzav<br />

<strong>de</strong>clarou que 'Não po<strong>de</strong>m ser separados<br />

totalmente os interesses dos palestinos e<br />

dos israelenses. Temos interesses comuns',<br />

durante um encontro com os representantes<br />

da Me<strong>de</strong>f (Movimento <strong>de</strong> Empresas da<br />

França) e uma <strong>de</strong>legação empresarial israelense,<br />

que pediu aos seus colegas franceses<br />

que invistam na região, pois assim<br />

estarão contribuindo para a paz. 'Nosso<br />

futuro necessita <strong>de</strong> relações estreitas com<br />

nossos vizinhos', explicou Katzav, adiantando<br />

que no futuro seu país pacificará<br />

suas relações com todo o mundo árabe,<br />

como já fez com Egito e Jordânia. O presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> Israel fez uma visita oficial <strong>de</strong><br />

quatro dias à França, <strong>de</strong>stinada a estreitar<br />

os laços entre os dois países.<br />

Peres faz previsões<br />

e elogia Lula<br />

O lí<strong>de</strong>r do Partido Trabalhista <strong>de</strong> Israel,<br />

Shimon Peres está convencido <strong>de</strong> que<br />

o traçado do muro Israel e a Cisjordânia<br />

será alterado nos próximos dias e até o<br />

final do ano serão dados passos importantes<br />

em direção à paz entre israelenses<br />

e palestinos porque a crise atingiu seu<br />

ápice e precisa ser resolvida com a fórmula<br />

<strong>de</strong> dois estados para dois povos. As afirmações<br />

foram feitas durante encontro <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> uma hora com um grupo <strong>de</strong> 20<br />

<strong>de</strong>putados e senadores brasileiros em visita<br />

a Israel. Peres elogiou Lula afirmando<br />

que 'o Brasil é uma gran<strong>de</strong> esperança<br />

do mundo socialista. O presi<strong>de</strong>nte carrega<br />

consigo uma gran<strong>de</strong> mensagem <strong>de</strong> tolerância<br />

e, em nenhum lugar como o Brasil,<br />

é possível viver um relacionamento entre<br />

os diversos grupos <strong>de</strong> forma que sejam<br />

garantidos a todos o direito <strong>de</strong> serem<br />

iguais e os mesmos direitos a que todos<br />

sejam <strong>de</strong>siguais'. Falando em nome do grupo<br />

<strong>de</strong> parlamentares brasileiros o <strong>de</strong>putado<br />

fe<strong>de</strong>ral Walter Pinheiro (PT-BA) informou<br />

que Lula <strong>de</strong>verá visitar Israel em data<br />

a ser ainda marcada.<br />

Vista a museu,<br />

instituto e creche<br />

A construção da cerca entre Israel e a<br />

Cisjordânia dominou parte dos encontros<br />

dos parlamentares brasileiros. Em discurso<br />

no Parlamento, o embaixador brasilei-<br />

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ro em Israel, Sérgio Moreira Lima, afirmou<br />

que o Brasil não é contra a construção da<br />

cerca, mas que questiona o traçado da<br />

mesma. Os <strong>de</strong>putados se emocionaram na<br />

visita ao Museu do Holocausto e ficaram<br />

muito impressionados com toda a tecnologia<br />

do Instituto Weizmann. As esposas<br />

dos parlamentares visitaram a creche<br />

da Na'amat em Yaffo, on<strong>de</strong> tiveram<br />

a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conferir o tratamento<br />

oferecido tanto às crianças judias<br />

quanto às palestinas.<br />

Gibson: uma questão<br />

<strong>de</strong> família?<br />

Será acaso o anti-semitismo do ator,<br />

diretor e produtor Mel Gibson, como ficou<br />

expresso no recém-lançado filme 'A Paixão<br />

<strong>de</strong> Cristo' que estimula o preconceito<br />

aos ju<strong>de</strong>us? Ou será algo já enraizado na<br />

família? O pai do ator, Hitton Gibson, nega<br />

que Osama Bin La<strong>de</strong>n possa ter qualquer<br />

relação com os ataques às torres do World<br />

Tra<strong>de</strong> Center, em 11 <strong>de</strong> setembro. Ele também<br />

questiona que possam ter sido assassinados<br />

6 milhões <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us nos campos<br />

<strong>de</strong> extermínio nazistas, e sua mãe, Joye<br />

Gibson, disse ao jornal The Times que o<br />

Holocausto foi um “arranjo entre Hitler e<br />

'financistas' para tirar os ju<strong>de</strong>us da Alemanha<br />

para que fossem ao Oriente Médio,<br />

lutar contra os árabes”, ressaltando que<br />

nem havia tantos ju<strong>de</strong>us assim na Europa.<br />

Grão-Rabino pe<strong>de</strong><br />

atitu<strong>de</strong> da Igreja<br />

O grão-rabino <strong>de</strong> Israel, Iona Metzger<br />

pediu a intervenção do Papa João Paulo<br />

II na polêmica suscitada pelo filme <strong>de</strong><br />

Gibson. Metzger esteve reunido com o<br />

papa em fevereiro e pediu uma atitu<strong>de</strong><br />

apropriada para evitar manifestações contra<br />

o povo ju<strong>de</strong>u. Segundo nota oficial<br />

entregue ao núncio apostólico em Tel Aviv,<br />

o bispo Pietro Sambi, conforme o jornal<br />

Jerusalem Post. O grão-rabino <strong>de</strong>stacou<br />

que quando esteve no Vaticano o papa se<br />

referiu aos ju<strong>de</strong>us como 'nossos irmãos<br />

maiores'. 'Por isso é lamentável que um<br />

filme ten<strong>de</strong>ncioso arruíne o progresso das<br />

relações judaico-cristãs', consi<strong>de</strong>ra ele,<br />

lembrando que o Papa João XXIII <strong>de</strong>terminou<br />

em 1965 que fosse retirado o estigma<br />

<strong>de</strong> povo <strong>de</strong>icida que pairava sobre<br />

os ju<strong>de</strong>us, fato que motivou inúmeras perseguições<br />

e matanças na Europa.<br />

Aliados po<strong>de</strong>riam ter<br />

poupado vidas<br />

Fotografias tiradas por pilotos britânicos<br />

em 1944, no auge do Holocausto,<br />

revelaram a veracida<strong>de</strong> das reclamações<br />

dos ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> que os Aliados<br />

po<strong>de</strong>riam ter bombar<strong>de</strong>ado as vias férreas<br />

que conduziam os ju<strong>de</strong>us aos campos<br />

<strong>de</strong> concentração nazista, e até mesmo<br />

as próprias câmaras <strong>de</strong> gás. Os arquivos<br />

<strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong> fotos estão sendo<br />

disponibilizados na internet no site<br />

www.evi<strong>de</strong>nceincamera.co.uk. Algumas<br />

mostram claramente as colunas <strong>de</strong> fumaça<br />

que saem do crematório <strong>de</strong> Auschwitz,<br />

enquanto outras as fossas on<strong>de</strong> foram jogados<br />

os corpos dos que não foram levados<br />

aos fornos. O diretor do Yad Vashem<br />

(O Museu do Holocausto <strong>de</strong> Jerusalém)<br />

disse que o museu tinha fotos dos pilotos<br />

norte-americanos e sul-africanos, nas<br />

quais podia ser vista a fumaça. Atualmente<br />

o site está congestionado, pois os acessos<br />

superaram as expectativas.<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

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Protesta contra antisemitismo<br />

na Lituânia<br />

O Ministério das Relações Exteriores<br />

<strong>de</strong> Israel protestou junto ao embaixador<br />

da Lituânia Alfonsos Eidintas contra a série<br />

<strong>de</strong> artigos anti-semitas no principal<br />

jornal daquele país, Respublika. Reclamou<br />

também <strong>de</strong> que o levou mais <strong>de</strong> uma semana<br />

para o primeiro-ministro lituano se<br />

manifestar sobre o assunto e que ele foi o<br />

único a fazê-lo. Eidintas, professor que escreveu<br />

sobre a Lituânia e o Holocausto<br />

ouviu dos israelenses o <strong>de</strong>sapontamento<br />

sobre o artigo, o primeiro <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong><br />

três escritos pelo editor do jornal Vytas<br />

Tomkus. Há leis na Lituânia contra o incitamento<br />

a discriminação étnica e ao ódio,<br />

mas o Ministério da Justiça nada fez a<br />

respeito do caso, que é ainda mais grave<br />

porque se trata do principal jornal do país.<br />

Kirchner quer<br />

esclarecer caso Amia<br />

O presi<strong>de</strong>nte argentino Néstor Kirchner<br />

assegurou que a busca do esclarecimento<br />

dos atentados terroristas à embaixada<br />

<strong>de</strong> Israel e da entida<strong>de</strong> judaica AMIA<br />

é uma 'questão <strong>de</strong> estado' e 'nos coloca<br />

em luta frontal contra o terrorismo internacional'.<br />

Lembrou seu posicionamento<br />

frente aos legisladores para impedir que<br />

os fatos fossem encobertos (como aconteceu<br />

no governo <strong>de</strong> Carlos Meném) e a<br />

sua firme disposição para a abertura total<br />

dos arquivos. A <strong>de</strong>claração foi efetuada<br />

após o cancelamento <strong>de</strong> sua reunião com<br />

o presi<strong>de</strong>nte do Irã, Mohamed Jatami Jatami,<br />

que seria realizada em Caracas, na<br />

Venezuela. Segundo a agência Reuters,<br />

Jatami disse que estaria 'enojado porque<br />

Buenos Aires acusa o Irã envolvimento no<br />

atentado à Amia'.<br />

Programa escolar<br />

para a Paz<br />

Outra iniciativa para a Paz: Em um programa<br />

conjunto, seis institutos <strong>de</strong> ensino<br />

secundário israelenses e professores palestinos<br />

<strong>de</strong> Belém, Hebron e Jerusalém começaram<br />

a ministrar aulas abrangendo tanto<br />

a história tradicional <strong>de</strong> Israel e do sionismo,<br />

quanto a visão dos palestinos sobre o<br />

conflito do Oriente Médio. A iniciativa está<br />

causando polêmica, pois não houve uma<br />

aprovação do Ministério da Educação israelense<br />

ao projeto. O programa foi estabelecido<br />

em vários encontros conjuntos dos<br />

professores, que vêem se reunindo nos últimos<br />

anos, em Jerusalém Oriental e na Turquia,<br />

com o apoio do Instituto Prime sediado<br />

Bet Yala, distrito <strong>de</strong> Belém, na Cisjordânia,<br />

segundo o jornal Maariv.<br />

Expedição <strong>de</strong> paz<br />

à Antártida<br />

Quatro israelenses e quatro palestinos<br />

iniciaram uma viagem à Antártida. Eles escalarão<br />

uma montanha <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 2 mil<br />

metros numa singular expedição pela paz.<br />

Os seis homens e as duas mulheres que integram<br />

a 'missão <strong>de</strong> paz' saíram <strong>de</strong> Puerto<br />

Williams, no extremo sul do Chile em direção<br />

às Ilhas Shetland do Sul. Ao chegar à<br />

Antártida, após uma semana <strong>de</strong> navegação<br />

no perigoso Mar <strong>de</strong> Drake, viajarão <strong>de</strong>z dias<br />

por terra para chegar à montanha, que <strong>de</strong>sejam<br />

batizar com uma ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Israel e<br />

outra da Palestina. Todas as etapas da viagem<br />

intitulada por seus protagonistas <strong>de</strong><br />

'Quebrando o gelo' estão sendo filmadas.<br />

5


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

6 VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

Shiduch on-line:<br />

A leitura da Hagadá, em Pessach, sempre foi direcionada<br />

principalmente para as crianças, procurando chamar sua atenção<br />

para a os fatos narrados e os <strong>de</strong>talhes do Se<strong>de</strong>r.<br />

A Hagadá nos traz os quatro tipos <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>s que<br />

nossos filhos po<strong>de</strong>m apresentar (e o tipo <strong>de</strong> educação que<br />

vão necessitar): o sábio, o perverso, o simples e aquele que não sabe perguntar.<br />

Porém há um filho que não é mencionado na Hagadá, pela simples razão <strong>de</strong> que<br />

é o ausente. Entre os outros quatro filhos, mesmo o perverso está presente, e a vida<br />

judaica que está à sua volta é uma esperança <strong>de</strong> tornar-se também consciente da<br />

verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Torá e mitsvot.<br />

Esse filho ausente não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado apenas como resultado da<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e do apego aos valores materiais. Tem raízes mais profundas em<br />

nossa história.<br />

Nossos antepassados, vencendo perseguições e sofrimentos encontraram no caminho<br />

da imigração uma esperança <strong>de</strong> um futuro melhor. Porém, para muitos <strong>de</strong>les,<br />

isso teve um preço muito alto para a vida espiritual <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Chegando<br />

a um novo mundo, um ambiente <strong>de</strong>safiador para quem vinha <strong>de</strong> pequenas comunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> intensa vida judaica, quiseram poupar seus filhos dos conflitos entre o<br />

mundo material e o espiritual.<br />

As concessões foram se tornando cada vez maiores, levando infelizmente à<br />

assimilação. Procuravam justificativas para <strong>de</strong>ixar a vivência judaica em <strong>de</strong>trimento<br />

das aparentes facilida<strong>de</strong>s da vida material. Dessa maneira esperavam assegurarlhes<br />

um bom entrosamento no novo ambiente; mas a tão sonhada liberda<strong>de</strong> transformou-se<br />

em escravidão aos costumes alheios ao judaísmo.<br />

Apesar <strong>de</strong> serem escravos no Egito, uma minoria oprimida, os ju<strong>de</strong>us preservaram<br />

com orgulho suas tradições, costumes e fé, o que manteve sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

como um povo, assegurando a libertação <strong>de</strong> qualquer forma <strong>de</strong> tirania, seja ela<br />

física ou espiritual.<br />

Pessach é também a festa da esperança, <strong>de</strong> promessas cumpridas. Temos certeza<br />

<strong>de</strong> que através <strong>de</strong> Ahavat Yisrael (amor ao próximo ju<strong>de</strong>u), até mesmo esta<br />

geração que muitos pessimistas consi<strong>de</strong>ram “perdida”, po<strong>de</strong> ser trazida em retorno<br />

para D-us e Torá, tornando-se não só um dos quatro filhos, mas um “filho sábio”.<br />

Desejamos que a reunião <strong>de</strong> todos os ju<strong>de</strong>us das “tribos perdidas <strong>de</strong> Yisrael” à<br />

mesa do Se<strong>de</strong>r nos traga, logo em nossos dias, a completa re<strong>de</strong>nção <strong>de</strong> nosso povo<br />

com a vinda <strong>de</strong> Mashiach.<br />

(Baseado em uma carta do Rebe <strong>de</strong> Lubavitch, 11 <strong>de</strong> Nissan <strong>de</strong> 5717)<br />

VJ INDICA<br />

LIVRO<br />

O quinto filho<br />

* Yossef Dubrawsky é rabino do Beit Chabad <strong>de</strong> Curitiba.<br />

Judaísmo para o século 21<br />

Judaísmo para o século 21, <strong>de</strong> Aryeh Carmell, é um livro raro<br />

e mo<strong>de</strong>rno que mostra como os mandamentos da Torá<br />

formam um sistema dinâmico e abrangente <strong>de</strong>stinado a<br />

aprimorar o homem e estabelecer uma socieda<strong>de</strong> justa e<br />

fraterna, on<strong>de</strong> o altruísmo prevalece sobre o egoísmo – ou<br />

seja, uma socieda<strong>de</strong> que seja um mo<strong>de</strong>lo para toda a<br />

humanida<strong>de</strong>. Nesta atual era conturbada em que vivemos,<br />

on<strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> pessoas anseiam por uma direção a<br />

seguir, a obra <strong>de</strong> Carmell permite que o leitor <strong>de</strong>scubra as<br />

respostas do Judaísmo aos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios da vida<br />

mo<strong>de</strong>rna, tais como relacionamento familiar, a<br />

preservação do meio ambiente, a revolução tecnológica<br />

e o crescimento intelectual, moral e espiritual.<br />

B”H<br />

Yossef Dubrawsky *<br />

Procurando sua alma-gêmea<br />

judaica na internet!<br />

Gustavo Gustavo Erlichman Erlichman * *<br />

Não é novida<strong>de</strong> para ninguém que o sonho <strong>de</strong> toda “yidishe-mame” é ver seu filho<br />

se casar com uma linda “meidale” ou sua filha com um belo “ingale”. Porém, a probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> você achar o amor da sua vida na sua cida<strong>de</strong> é muito pequena ainda mais<br />

se você quer que este amor seja da comunida<strong>de</strong> judaica. Com a chegada da internet,<br />

vieram também muitos sites especializados em unir novos casais, ou simplesmente<br />

para fazer novas amiza<strong>de</strong>s, e muitos <strong>de</strong>les, focados na comunida<strong>de</strong> judaica.<br />

No Brasil, infelizmente, ainda não temos muitas opções, <strong>de</strong>staca-se o site AHAVA<br />

- www.ahava.com.br - que há mais <strong>de</strong> seis anos vem formando novos casais. I<strong>de</strong>alizado<br />

pela psicóloga Flávia Acherboim, o site conta com um banco <strong>de</strong> dados com ju<strong>de</strong>us<br />

<strong>de</strong> diversas faixas etárias, garantindo o sigilo absoluto das informações e sempre com<br />

a supervisão do rabino Yossi Schildkraut na área <strong>de</strong> Judaísmo.<br />

Temos também o site COMO VAI - www.comovai.com.br - que apesar <strong>de</strong> não ser um<br />

site exclusivamente voltado para a comunida<strong>de</strong> judaica, possui uma ferramenta <strong>de</strong><br />

busca que filtra os usuários por religião, entre elas a judaica. Outra excelente opção é<br />

o site da AGENDA 18 - www.pletz.com/agenda18 - que realiza encontros semanais para<br />

os singles da comunida<strong>de</strong> judaica, nos melhores points <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Em outros países - como Israel, Estados Unidos, Inglaterra, entre outros - aon<strong>de</strong> a<br />

população judaica é maior que no Brasil, os sites para singles são numerosos e têm<br />

muitos serviços aos interessados. Um dos mais novos é o JWOO - www.jwoo.com - que<br />

além do tradicional mecanismo <strong>de</strong> busca, possui chat ao vivo com som e ví<strong>de</strong>o, para<br />

conversar olho no olho com a sua (ou seu) preten<strong>de</strong>nte.<br />

Entre os mais populares estão o JMATCH - www.jmatch.com - que possui um<br />

sistema <strong>de</strong> busca gratuito, além disso o site dispõe <strong>de</strong> um numeroso banco <strong>de</strong><br />

dados com diversos solteiros ao redor do mundo, Brasil inclusive. Outro site bem<br />

conceituado é o JDATE - www.jdate.com - produzido pela MATCHNET, que tem filiais<br />

do serviço em diversos países. Se a sua intenção é apenas fazer novas amiza<strong>de</strong>s,<br />

e quem sabe um gran<strong>de</strong> amor, visite o JEWISH FRIEND FINDER -<br />

www.jewishfriendfin<strong>de</strong>r.com - que permite que você procure amigos e amigas por<br />

faixa etária ou por país, inclusive no Brasil.<br />

Se a sua intenção é arrumar um novo amor em Tel Aviv, então visite o site LOVE IN<br />

TELAVIV - www.loveintelaviv.com - e aproveite para se programar para o festival que<br />

eles estão preparando para acontecer em julho <strong>de</strong>ste ano. Caso você seja religiosamente<br />

ortodoxo(a), não se preocupe! O site SOON BY YOU - www.soonbyyou.com - foi<br />

feito para você! Além disso, uma característica marcante <strong>de</strong>ste site é uma relação<br />

completa <strong>de</strong> casamenteiras espalhadas por Israel e Estados Unidos, com seus nomes,<br />

telefones, en<strong>de</strong>reços e área <strong>de</strong> atuação!<br />

Ao visitar estes e outros sites do gênero, algumas dicas são importantes:<br />

1 - Nunca forneça seus dados pessoais a um <strong>de</strong>sconhecido, a menos que você<br />

esteja seguro(a) que a pessoa que você conheceu merece a sua confiança.<br />

2 - Ao se cadastrar em um site cujo serviço é pago com cartão <strong>de</strong> crédito, verifique<br />

se ele é um site seguro.<br />

Se você quer conhecer mais sites para os solteiros da comunida<strong>de</strong> judaica ou se<br />

você quer apenas tirar alguma duvida, envie um e-mail para dica<strong>de</strong>site@pletz.com<br />

que eu lhe respon<strong>de</strong>rei o mais breve possível.<br />

Boa sorte e espero que você encontre seu/sua Bashert (alma-gêmea)!<br />

* * Gustavo Gustavo Erlichman Erlichman (gus@pletz.com) (gus@pletz.com) é é consultor consultor <strong>de</strong> <strong>de</strong> Internet Internet e e criador criador do do site site judaico judaico<br />

PLETZ.com<br />

PLETZ.com<br />

FELIZ<br />

PESSACH<br />

Desejam<br />

Blima e David Lorber<br />

a toda comunida<strong>de</strong>


Shmuel Lemle*<br />

Baal Shem Tov (Mestre<br />

do Bom Nome)<br />

nasceu ao redor do<br />

ano <strong>de</strong> 1700 na Ucrânia.<br />

Sua abordagem para a<br />

conexão com a Luz e com a energia<br />

do Criador baseava-se na alegria, na felicida<strong>de</strong><br />

e na intenção espiritual, em vez<br />

<strong>de</strong> ritos e rituais religiosos. Até os dias<br />

<strong>de</strong> hoje, seus ensinamentos continuam a<br />

inspirar gerações <strong>de</strong> estudantes.<br />

Faíscas <strong>de</strong> luz<br />

A Criação po<strong>de</strong> ser comparada a<br />

um quebra-cabeça que foi <strong>de</strong>smontado.<br />

Nosso objetivo é reagrupar o<br />

quebra-cabeça para que nós também<br />

possamos ser consi<strong>de</strong>rados co-Criadores<br />

do mundo. Cada vez que fazemos<br />

uma transformação espiritual em<br />

nossa natureza, escolhendo o bem em<br />

vez do mal, compartilhar em vez <strong>de</strong><br />

receber, juntamos uma peça do quebra-cabeça.<br />

Essas peças <strong>de</strong> quebracabeça<br />

são formadas pela Luz do Cria-<br />

dor - as Faíscas Sagradas.<br />

Em tudo o que existe no mundo<br />

há Faíscas Sagradas, não existe nada<br />

que não tenha Faíscas. Também nas<br />

ações dos homens, <strong>de</strong> fato até mesmo<br />

nos pecados cometidos pelo homem,<br />

há Faíscas Sagradas da glória<br />

<strong>de</strong> D-us. E o que as Faíscas que habitam<br />

nos pecados aguardam? É a Virada.<br />

No momento em que você se<br />

afasta <strong>de</strong> um pecado que cometia<br />

antes, eleva a Faísca Sagrada presa<br />

por ele ao Mundo Mais Alto do Céu.<br />

As Faíscas Sagradas que caíram quando<br />

D-us construiu e <strong>de</strong>struiu os mundos,<br />

o homem <strong>de</strong>ve elevar e purificar, <strong>de</strong> pedra<br />

para planta, <strong>de</strong> planta a animal, <strong>de</strong><br />

animal a ser falante, ele <strong>de</strong>verá purificar<br />

as Faíscas Sagradas que estão aprisionadas<br />

no mundo das cascas.<br />

O homem as come, as bebe, as<br />

usa; essas são as Faíscas que habitam<br />

nas coisas. Desta forma, a pessoa<br />

<strong>de</strong>ve ter pieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas ferramentas<br />

e <strong>de</strong> suas posses, pelo bem<br />

das Faíscas que estão nelas; <strong>de</strong>ve-se<br />

ter pieda<strong>de</strong> das Faíscas Sagradas.<br />

Tudo que um homem possui - seus<br />

empregados, seus animais, suas ferramentas<br />

- tudo oculta Faíscas que pertencem<br />

às raízes <strong>de</strong> sua alma e que <strong>de</strong>sejam<br />

ser elevadas por ele à sua Origem.<br />

Palavras <strong>de</strong> sabedoria<br />

• Uma vassoura limpa, e ela mesma<br />

fica suja; limpe-se das ofensas <strong>de</strong><br />

que se sente culpado.<br />

• Assim como o homem age, D-us reage.<br />

• Antes <strong>de</strong> encontrar a D-us, você<br />

precisa se per<strong>de</strong>r.<br />

• Se a Bíblia não nos mostrasse as<br />

fraquezas, as vulnerabilida<strong>de</strong>s e os<br />

pecados <strong>de</strong> nossos heróis, po<strong>de</strong>ríamos<br />

ter perguntas profundas<br />

acerca <strong>de</strong> sua verda<strong>de</strong>ira virtu<strong>de</strong>.<br />

• As pessoas <strong>de</strong>vem permitir a si<br />

mesmas ter a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realmente<br />

saber o que significa a<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> D-us. Compreen<strong>de</strong>r<br />

uma parte da união indivisível é<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

Os escritos do Baal Shem Tov<br />

compreen<strong>de</strong>r o todo.<br />

• Não há lugar para D-us num<br />

homem que está cheio <strong>de</strong><br />

si mesmo.<br />

Quando um pai reclama<br />

que seu filho está seguindo um<br />

mau caminho, o que <strong>de</strong>ve fazer?<br />

Amá-lo mais que nunca.<br />

* Shmuel Lemle<br />

pertence ao Centro <strong>de</strong><br />

Cabala - Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

(tel. 21 2526-3353) e é o<br />

tradutor <strong>de</strong>ste artigo<br />

baseado nos<br />

ensinamentos do<br />

cabalista Rav Berg.<br />

www.kabbalah.com<br />

7


8<br />

* Nahum Sirotsky é<br />

jornalista,<br />

correspon<strong>de</strong>nte da RBS<br />

em Israel e colunista do<br />

Último Segundo/IG. A<br />

publicação <strong>de</strong>sta coluna<br />

tem a autorização do<br />

autor.<br />

Entrevista com Elie Wiesel<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

Mubarak dá aulas <strong>de</strong> política<br />

Nahum Sirotsky * nas pacificar o Iraque. Ele quer <strong>de</strong>- Não há nem sombra <strong>de</strong> entendi-<br />

De Israel — Óbvio que estamos<br />

acompanhando as confusões políticas<br />

no Brasil. Mas, aqui, no Oriente<br />

Médio, existem sinais preocupantes.<br />

Existiam informações <strong>de</strong> que os egípcios<br />

assumiriam a manutenção da<br />

or<strong>de</strong>m da Faixa <strong>de</strong> Gaza quando <strong>de</strong>la<br />

fossem retirados colonos ju<strong>de</strong>us e a<br />

tropa <strong>de</strong> Israel. Mubarak, o presi<strong>de</strong>nte<br />

egípcio no po<strong>de</strong>r, nega e acaba <strong>de</strong><br />

dizer que não topa a missão. É <strong>de</strong>cisão<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s conseqüências.<br />

Até acredito que aí em Casa,<br />

nem se atente para a crise<br />

aqui. Temos <strong>de</strong>mais. Porém, as<br />

minorias em posição <strong>de</strong> comocracias<br />

no Oriente Médio no lugar<br />

do autoritarismo, ditaduras e monarquias.<br />

Mubarak, o gran<strong>de</strong> aliado americano<br />

no mundo árabe, respon<strong>de</strong> que<br />

o plano americano <strong>de</strong> reformas políticas<br />

“não terá sucesso, resultará em<br />

anarquia na região e, em qualquer<br />

hipótese, nada po<strong>de</strong> dar certo sem a<br />

solução do conflito israelense-palestino”.<br />

E mais “que os americanos<br />

parece que não enten<strong>de</strong>m que tudo<br />

que vier <strong>de</strong> fora será rejeitado pelos<br />

nossos povos. Haverá confusão do<br />

Marrocos ao Paquistão. Os terroristas<br />

se aproveitarão e atacarão aqui,<br />

na Europa e nos Estados Unidos”.<br />

mento entre israelenses e palestinos.<br />

Na zona <strong>de</strong> Gaza só piora. Sharon<br />

anuncia que quer sair <strong>de</strong> Gaza. Como<br />

parte <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> solução unilateral<br />

do conflito. Arafat, que <strong>de</strong>veria<br />

estar pressionando por retomada <strong>de</strong><br />

negociações, quer tropas internacionais<br />

separando os lados. Ninguém se<br />

movimenta no sentido da paz.<br />

Mubarak, do Egito, em conversa<br />

com Le Figaro, diário <strong>de</strong> Paris, acaba<br />

<strong>de</strong> afirmar que “cabe à Autorida<strong>de</strong><br />

Palestina a segurança e tranqüilida<strong>de</strong><br />

em Gaza. Eles precisam dos meios<br />

para isto”. Mubarak confessa o receio<br />

que se mandar forças haverá a possimando<br />

precisam saber. No<br />

nosso mundo, como já foi<br />

lembrado, mariposa bate as<br />

asas na China e escala num tu-<br />

No fim <strong>de</strong> março os lí<strong>de</strong>res árabes<br />

se reúnem em Tunis, Tunísia, para<br />

respon<strong>de</strong>rem em conjunto a iniciativa<br />

americana. Em abril Mubarak vai<br />

bilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que se choquem com<br />

elementos palestinos. E mais, se<br />

houver problema ”po<strong>de</strong>remos nos<br />

ver em conflito com os israelenses”.<br />

fão no Texas. Se a crise da Argentina<br />

com o FMI se aprofunda, vai<br />

doer no Brasil. A globalização é maquiavélica.<br />

O ruim vem instantaneamente,<br />

o bom em etapas.<br />

a Bush explicar as <strong>de</strong>cisões árabes<br />

Os povos árabes acompanham pela<br />

televisão árabe o que acontece no<br />

conflito com Israel. Não há ambiente<br />

para iniciativa alguma que pareça<br />

Concordou, indiretamente, que é<br />

confuso o ambiente em Gaza. O que<br />

teme po<strong>de</strong> acontecer.<br />

Existe o rumor, <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> um<br />

agência <strong>de</strong> origem evangélica, <strong>de</strong> que<br />

Acontece que Bush não tenta ape- simpática aos ju<strong>de</strong>us.<br />

o Hamas, o mais po<strong>de</strong>roso e organi-<br />

Pergunta — Para os palestinos, é um instrumento<br />

<strong>de</strong> segregação que os afeta gravemente.<br />

Resposta — Graças a essa barreira, pouquíssimos<br />

terroristas têm conseguido entrar no país, e<br />

assim se salvarão muitas vidas, não só israelenses,<br />

mas também palestinas, já que após cada atentado<br />

suicida a resposta do Estado [israelí] provoca novas<br />

vítimas entre os palestinos. Não esqueçamos que esta<br />

medida não foi inspirada por uma <strong>de</strong>cisão política,<br />

mas pela segurança nacional: se se chega a um acordo<br />

<strong>de</strong> paz entre as partes, serão suficientes uns poucos<br />

dias para <strong>de</strong>rrubá-la.<br />

P — Acha que os palestinos estão ganhando a<br />

guerra dos meios <strong>de</strong> comunicação?<br />

R — Israel está lutando por sua própria existência<br />

e sua priorida<strong>de</strong> absoluta é salvar vidas e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

a dignida<strong>de</strong> das pessoas que <strong>de</strong>sejam viver. Explicar<br />

ao mundo suas razões e satisfazer a opinião<br />

pública não po<strong>de</strong> portanto estar mais que em segundo<br />

lugar.<br />

P — Até a administração Bush tem expressado<br />

não poucas reservas nas discussões sobre o muro.<br />

R — Insisto, é um problema <strong>de</strong> linguagem. Jamais<br />

se <strong>de</strong>veria chamar <strong>de</strong> muro, porque essa palavra<br />

tem estranhas conotações que <strong>de</strong>spertam velhos<br />

fantasmas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o muro <strong>de</strong> Varsóvia, ao muro<br />

<strong>de</strong> Berlim e estimulam os círculos <strong>de</strong> Arafat, que<br />

o rebatizou como “o muro nazista”. Mas é pelo<br />

menos ofensivo e repugnante comparar qualquer<br />

coisa que suceda em Israel com o passado trágico<br />

zado grupo fundamentalista palestino,<br />

responsável pela maioria dos ataques<br />

<strong>de</strong> homens-bomba a Israel, e<br />

ultimamente, <strong>de</strong>senvolvendo mísseis<br />

Kassam, que projeta sobre centros<br />

urbanos em Israel, até agora sem<br />

sucesso, treina e cria força regular<br />

para tomar o po<strong>de</strong>r em Gaza se, e<br />

quando Sharon tirar sua tropa e colonos.<br />

Fala-se em 20 mil homens. O<br />

general Yalon, comandante em chefe<br />

das Forças Armadas <strong>de</strong> Israel, prevê<br />

que a simples hipótese <strong>de</strong> retirada<br />

<strong>de</strong> sua gente faz aumentar os ataques<br />

palestinos. Sair <strong>de</strong> Gaza, <strong>de</strong>ixando<br />

a impressão <strong>de</strong> retirada sob<br />

fogo, só aumentará a audácia das<br />

forças extremistas, insiste.<br />

Mubarak quer tranqüilida<strong>de</strong>. Bush<br />

quer evitar escalada <strong>de</strong> violência<br />

entre israelenses e palestinos pelo<br />

menos até <strong>de</strong>pois das eleições gerais<br />

americanas, no fim do ano, que<br />

preten<strong>de</strong> vencer.<br />

As eleições americanas po<strong>de</strong>m ser<br />

<strong>de</strong>cididas pelos acontecimentos no Oriente<br />

Médio. Enten<strong>de</strong>m, a globalização?<br />

Anti-semitismo e cerca são faces <strong>de</strong> uma mesma moeda<br />

Graças a essa barreira, pouquíssimos terroristas<br />

têm conseguido entrar no país, e assim se salvarão<br />

muitas vidas, não só israelenses, mas também palestinas,<br />

já que após cada atentado suicida a resposta<br />

do Estado [israelí] provoca novas vítimas entre<br />

os palestinos. Não esqueçamos que esta medida<br />

não foi inspirada por uma <strong>de</strong>cisão política, mas pela<br />

segurança nacional: se se chegar a um acordo <strong>de</strong><br />

paz entre as partes, serão suficientes uns poucos<br />

dias para <strong>de</strong>rrubá-la.<br />

Nova York — “Francamente, não consigo compreen<strong>de</strong>r<br />

tanto barulho por nada. O que se construiu<br />

em Israel não é um muro, mas uma cerca para<br />

proteger o país dos ataques suicidas dos kamikazes.<br />

Tenta-se cumprir essa função, que por outro lado é<br />

provisória e indiscutível.”<br />

Quem fala é Elie Wiesel, renomado escritor e prêmio<br />

Nobel da Paz, que escapou <strong>de</strong> Auschwitz e que<br />

se diz contrário ao “processo” iniciado dias atrás<br />

na Corte Internacional <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> Haia para discutir<br />

a legitimida<strong>de</strong> da cerca que Israel constrói para<br />

separá-lo da Cisjordânia.<br />

“Penso que cada nação soberana e cada governo<br />

civil têm o direito-<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus próprios<br />

cidadãos como melhor pu<strong>de</strong>rem — explica Wiesel.<br />

Certamente não é tarefa do tribunal da ONU imiscuir-se<br />

neste assunto, or<strong>de</strong>nando a Israel não <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

as suas próprias mulheres, anciãos e crianças.<br />

Será que esse tribunal está disposto a proteger<br />

os inocentes que são assassinados todos os dias pelos<br />

terroristas? Se a resposta é sim, então po<strong>de</strong>mos<br />

falar em <strong>de</strong>rrubar essa cerca.”<br />

<strong>de</strong> seus habitantes.<br />

A única saída <strong>de</strong>sta espiral <strong>de</strong> ódio é retomar o<br />

diálogo. Isto só se po<strong>de</strong>rá acontecer quando ambas<br />

as partes baixem o volume e a violência dos insultos<br />

recíprocos. Por ora, Israel <strong>de</strong>ve continuar fazendo o<br />

que faz, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se com uma cerca ou obstáculo<br />

que, não o esqueçamos, entre vizinhos é normal.<br />

P — É otimista?<br />

R — Se alguém me tivesse dito em 1945 que<br />

viveria para participar <strong>de</strong>sta campanha em 2004, não<br />

teria acreditado jamais. Estava convencido <strong>de</strong> que o<br />

anti-semitismo havia morrido em Auschwitz, mas em<br />

contrapartida constatei com estupor que só os ju<strong>de</strong>us<br />

morreram nesse lugar, enquanto que o antisemitismo<br />

está mais são e vigoroso que nunca. Tem<br />

sido a realida<strong>de</strong> mais dolorosa que comprovei na<br />

minha vida.<br />

P — Anti-semitismo e a cerca são faces <strong>de</strong> uma<br />

mesma moeda?<br />

R —Sim, mas a Europa po<strong>de</strong> fazer muito, já que,<br />

da inquisição às cruzadas, e até os pogroms, o antisemitismo<br />

é uma enfermida<strong>de</strong> européia. Jamais esqueço<br />

das vezes em que a Europa tem abandonado<br />

Israel. Em 1973, quando estava por per<strong>de</strong>r a guerra<br />

<strong>de</strong> Yom Kipur, que <strong>de</strong>via <strong>de</strong>cidir a própria existência,<br />

os norte-americanos começaram a enviar aviões,<br />

mas nenhuma só nação européia permitiu sua aterrisagem<br />

para reabastecer. Que recor<strong>de</strong>m bem esse<br />

triste capítulo da história os lí<strong>de</strong>res europeus que<br />

hoje atacam a cerca.<br />

Originalmente publicado dia 25/2/2004 no jornal italiano Corriere <strong>de</strong>lla Sera. Entrevista concedida por Elie Wiesel à<br />

jornalista Alessandra Farkas. Republicado no jornal argentino La Nación, com tradução <strong>de</strong> María Elena Rey.


Ariel Bar Tzadok*<br />

udo bem, eu vi o novo<br />

filme <strong>de</strong> Mel Gibson,<br />

“A Paixão <strong>de</strong> Cristo”.<br />

Como sempre o sr. Gibson<br />

fez um bom filme,<br />

tão realístico e ambíguo<br />

como “E o Vento Levou...” ou “Guerra<br />

nas Estrelas” (Star Wars). Para mim, a<br />

“Paixão <strong>de</strong> Cristo” é exatamente como<br />

qualquer outro filme <strong>de</strong> ficção que eu<br />

sempre vi. É uma estória, não é real,<br />

não é história, e não é assim que foi.<br />

Há muito para dizer sobre as imprecisões<br />

históricas do filme, e apesar<br />

<strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>clarações públicas<br />

em contrário, a “Paixão <strong>de</strong> Cristo” contém<br />

<strong>de</strong>finitivamente sutis elementos<br />

anti-semitas. Deixem-me documentálos<br />

alguns <strong>de</strong>les aqui.<br />

O sr. Gibson retrata a visão <strong>de</strong>le<br />

dos sacerdotes saduceus do Templo, rabinos,<br />

e muitos dos outros ju<strong>de</strong>us do<br />

dia em que Jesus foi con<strong>de</strong>nado, escarnecido,<br />

zombado e agredido, como<br />

usando peyot enrolados (cachos laterais<br />

<strong>de</strong> cabelo), <strong>de</strong> acordo com o mesmo<br />

estilo usado hoje pelos ju<strong>de</strong>us ortodoxos<br />

da tradição hassídica da Europa<br />

Oriental.<br />

Os sacerdotes e rabinos também<br />

aparecem usando algum tipo <strong>de</strong> manto<br />

ou xale com longas faixas pretas,<br />

semelhante em aparência à versão do<br />

leste europeu para o Talit (manto <strong>de</strong><br />

oração, usado pelos ju<strong>de</strong>us religiosos<br />

durante preces matinais).<br />

É um fato claro e <strong>de</strong> indiscutível<br />

realida<strong>de</strong> que os cachos laterais e mantos<br />

<strong>de</strong> oração <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign europeu oriental<br />

eram totalmente <strong>de</strong>sconhecidos nos<br />

dias <strong>de</strong> Jesus.<br />

O sr. Gibson usa nitidamente formas<br />

mo<strong>de</strong>rnas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> judaica<br />

para ter certeza que suas audiências<br />

irão reconhecer o relacionamento entre<br />

os ju<strong>de</strong>us atuais e aqueles a quem<br />

cristãos acreditam ser os responsáveis<br />

pelo assassinato <strong>de</strong> seu senhor. (ref.<br />

CB 1 Thes. 2:15).<br />

Os ju<strong>de</strong>us na multidão são mostrados<br />

zombando <strong>de</strong> Jesus e o espancando<br />

sem motivo. O comportamento <strong>de</strong>les<br />

certamente <strong>de</strong>sperta ressentimento<br />

e enfurece a qualquer um que esteja<br />

assistindo. Vestindo os ju<strong>de</strong>us antigos<br />

para os fazer parecer tão sutilmente<br />

como ju<strong>de</strong>us atuais, o sr. Gibson<br />

está tendo certeza que sua audiência<br />

não terá nenhum problema<br />

para transferir sua raiva e ressentimento<br />

sobre os ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> hoje. Só por esta<br />

terrível encenação, nada do sr. Gibson<br />

envergonhar-se <strong>de</strong>le próprio!<br />

Quando eu um rabino ortodoxo, vi<br />

a Paixão, vi com uma luz diferente da<br />

média cristã. Veja você, a morte e ressurreição<br />

<strong>de</strong> Cristo não é parte da minha<br />

estrutura <strong>de</strong> convicção, assim<br />

como não é uma imagem entalhada<br />

na minha psique. Eu não tenho vínculo<br />

emocional com as concepções<br />

que po<strong>de</strong>m ser provocados pelo filme<br />

do sr. Gibson. Isso não significa, porém,<br />

que o filme não vá <strong>de</strong>spertar sentimentos<br />

dos espectadores nãocristãos.<br />

Enquanto eu reconheço que<br />

o filme é só ficção, até mesmo narrações<br />

ficcionais evocam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós<br />

profunda emoção.<br />

Quando eu vejo a natureza do sofrimento<br />

<strong>de</strong> Jesus, eu penso nos incontáveis<br />

ju<strong>de</strong>us que realmente sofreram<br />

da mesma maneira como Jesus foi<br />

retratado no filme.<br />

Quando eu, como um ju<strong>de</strong>u, vejo a<br />

maneira como Jesus foi golpeado e sua<br />

mãe chorando por causa do sofrimento<br />

do filho <strong>de</strong>la, eu não me i<strong>de</strong>ntifico<br />

com o que é consi<strong>de</strong>rado por muitos<br />

não-cristãos, ser uma narrativa fictícia<br />

registrada nos Evangelhos. De certa forma,<br />

eu me i<strong>de</strong>ntifico com algo muito<br />

mais próximo e familiar. Eu sinto a dor<br />

das muitas mães judias ao longo <strong>de</strong> dois<br />

mil anos <strong>de</strong> perseguição cristã que choraram<br />

inconsoláveis pelos sofrimentos<br />

e perda dos seus filhos.<br />

Eu me i<strong>de</strong>ntifico com as mães judias<br />

que choraram por seus filhos<br />

enquanto sofrendo dos nazistas alemães,<br />

cossacos russos, inquisidores<br />

espanhóis e todos os tipos <strong>de</strong> cruzados<br />

europeus. Todos aqueles perseguidores<br />

dos ju<strong>de</strong>us tinham uma<br />

coisa em comum, eles eram todos<br />

cristãos, e eles todos tiveram <strong>de</strong><br />

uma só vez, ou outra, visto uma<br />

“paixão representada” alguma vez,<br />

semelhante à do filme do sr. Gibson,<br />

que os motivou, aos olhos <strong>de</strong>les,<br />

tomar a vingança <strong>de</strong> Cristo contra<br />

aqueles que o mataram.<br />

Chegará um tempo quando, por um<br />

bem maior, teremos que colocar os fatos<br />

<strong>de</strong> lado ao invés <strong>de</strong> enfocar assuntos<br />

<strong>de</strong> fé. O filme do sr. Gibson tem o<br />

potencial para fazer retroce<strong>de</strong>r as boas<br />

e duradouras relações judaico-cristãs.<br />

Partindo do fato que ele pertence a<br />

um ramo dissi<strong>de</strong>nte do culto católico,<br />

que não reconhece a autorida<strong>de</strong> do<br />

Papa ou o Vaticano, é bem provável<br />

que, no fundo, a intenção dissimulada<br />

do sr. Gibson é causar uma ruptura<br />

nessas boas relações.<br />

Também é concebível que o filme<br />

“Paixão” possa servir para prejudicar<br />

seriamente o apoio dado a Israel pelos<br />

cristãos sionistas da América. A<br />

esse respeito, o sr. Gibson po<strong>de</strong> ser<br />

visto como trabalhando para apoiar o<br />

enfraquecimento do Estado <strong>de</strong> Israel.<br />

Isto, em contrapartida, só fortaleceria<br />

os inimigos dos Estados Unidos.<br />

Assim, num certo círculo, o filme do<br />

sr. Gibson no final das contas po<strong>de</strong>ria<br />

servir para fortalecer os inimigos <strong>de</strong> paz.<br />

Isto é o que eu sinto, e é muito<br />

importante agora que nós focalizemos<br />

assuntos <strong>de</strong> camaradagem no lugar <strong>de</strong><br />

temas <strong>de</strong> conflito. Como povos <strong>de</strong> fé,<br />

nós os ju<strong>de</strong>us e cristãos temos mais<br />

em comum fundado em nossa fé do que<br />

temos a nos separar baseado em nossas<br />

visões divergentes <strong>de</strong> fatos históricos,<br />

teologia e doutrina.<br />

Como cristãos e ju<strong>de</strong>us nós ambos<br />

acreditamos no código bíblico da moralida<strong>de</strong>.<br />

Nós ambos queremos viver numa<br />

socieda<strong>de</strong> construída e prosperando sobre<br />

princípios básicos como os esboçados<br />

nos Dez Mandamentos. Os cristãos<br />

adotaram nossa Bíblia judaica e a colocaram<br />

ao lado <strong>de</strong> sua própria. Embora<br />

chamem a nossa <strong>de</strong> “velha” e a sua <strong>de</strong><br />

“nova” os cristãos ainda reconhecem o<br />

valor e a importância da aliança que<br />

D-s fez conosco, o povo ju<strong>de</strong>u.<br />

Infelizmente existem aqueles<br />

cristãos in<strong>de</strong>corosos que reivindicam<br />

que eles se transformaram no novo<br />

Israel e aquele povo escolhido <strong>de</strong><br />

D-s, o velho Israel, os ju<strong>de</strong>us, são<br />

agora nada mais que uma nação rejeitada<br />

e odiada por D-s, e <strong>de</strong>ssa forma<br />

merecedora do ódio e do <strong>de</strong>sprezo<br />

do novo Israel, a Igreja.<br />

É este tipo <strong>de</strong> teologia <strong>de</strong> substituição<br />

e da danação no fogo <strong>de</strong> inferno,<br />

sustentada por tais pessoas como<br />

o sr. Gibson que abastece as fogueiras<br />

do anti-semitismo e do ódio por todo<br />

o mundo. Isso não po<strong>de</strong> ser tolerado.<br />

Cristãos sinceros e tementes a D-s ao<br />

redor do mundo <strong>de</strong>vem unir-se aos ju<strong>de</strong>us,<br />

opondo-se a esta aberração da<br />

religião e buscando mútuo respeito<br />

ainda que sejam gran<strong>de</strong>s as nossas diferenças<br />

(ref. CB Rev. 12:17).<br />

Fé <strong>de</strong> qualquer tipo é uma questão<br />

do coração. Po<strong>de</strong> motivar uma pessoa<br />

a galgar o mais elevado ponto<br />

das alturas espirituais ou da mesma<br />

forma motivar alguém para <strong>de</strong>struir o<br />

mundo e todos os incrédulos nele. Nós<br />

vemos hoje um crescimento muçulmano<br />

mundial mais e mais fundamentalista<br />

que procura empreen<strong>de</strong>r uma<br />

guerra contra os incrédulos da socieda<strong>de</strong><br />

oci<strong>de</strong>ntal, especificamente, o<br />

mundo cristão.<br />

Nós aqui no<br />

oci<strong>de</strong>nte observamos<br />

o crescimento<br />

do Islã radical<br />

como um<br />

mal que <strong>de</strong>ve ser<br />

erradicado. Toda-<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

Um rabino ortodoxo<br />

respon<strong>de</strong> ao filme <strong>de</strong> Gibson<br />

via, não se vê a ironia nisso tudo. Veja<br />

você, o Islã não é a primeira religião<br />

do mundo a ficar intolerante com os<br />

outros e cobiçosa <strong>de</strong> conquistar o<br />

mundo. A igreja cristã sempre manteve<br />

semelhantemente doutrinas radicais<br />

com <strong>de</strong>sígnios similares para evangelizar<br />

e converter o mundo inteiro ao<br />

cristianismo. Mil anos atrás, durante<br />

as Cruzadas eram terroristas cristãos<br />

que iam invadindo e atacando centros<br />

muçulmanos, da mesma maneira que<br />

muçulmanos estão fazendo hoje.<br />

Da mesma maneira que, note bem,<br />

os muçulmanos hoje atacam os ju<strong>de</strong>us<br />

como intermediários para atacar o Oeste,<br />

assim como os cristãos assassinaram<br />

povoações inteiras <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us no<br />

seu caminho ao Oriente Médio para<br />

guerrear os muçulmanos. Parece que<br />

nós os ju<strong>de</strong>us sempre estamos no meio,<br />

sempre o sofrimento dos inocentes servidores<br />

<strong>de</strong> D-s (ref. Isaías 53).<br />

Eu ouvi muitos comentaristas sobre<br />

a “Paixão <strong>de</strong> Cristo” <strong>de</strong>clarar que<br />

o que é preciso é um filme sobre a vida<br />

<strong>de</strong> Jesus, não sua morte. Aqueles cristãos<br />

sinceros e tementes a D-s querem<br />

difundir os ensinamentos <strong>de</strong> Jesus<br />

sobre amor e vida. A esse respeito<br />

eles po<strong>de</strong>riam encontrar alguns aliados<br />

dispostos no mundo ju<strong>de</strong>u. A maioria<br />

dos discursos <strong>de</strong> Jesus como registrado<br />

<strong>de</strong> fato nos Evangelhos expressam<br />

ensinamentos <strong>de</strong> tradições rabínicas da<br />

época. Se os cristãos só conheceram a<br />

fonte judaica para muitas das suas crenças<br />

sagradas, eu acredito que isto cicatrizaria<br />

o longo caminho do conflito<br />

que tem dois milênios e que não<br />

foi nada diferente <strong>de</strong> uma<br />

profanação do Nome <strong>de</strong> D-s.<br />

Um último ponto,<br />

especialmente para<br />

meus leitores cristãos.<br />

Se a história <strong>de</strong> Jesus<br />

como retratada nos<br />

Evangelhos fosse fato<br />

atual, e Jesus fosse um<br />

ju<strong>de</strong>u íntegro perseguido<br />

por malvados sacerdotes<br />

saduceus e os seus senhores<br />

romanos, eu próprio teria saído<br />

em sua <strong>de</strong>fesa, e até carregado<br />

sua cruz. Mais ainda, muitos dos ju<strong>de</strong>us<br />

religiosos que eu conheço teriam<br />

feito o mesmo. Nós ju<strong>de</strong>us não<br />

somos os assassinos <strong>de</strong> Cristo; nós<br />

somos as vítimas daqueles que nos<br />

acusaram <strong>de</strong> tal.<br />

* O rabino Ariel Bar<br />

Tzadok, da Yeshivat<br />

Benei N’vi’im escreveu<br />

este artigo, em inglês,<br />

no site<br />

KosherTorah.com<br />

Contatos:<br />

rabbi@koshertorah.com<br />

9<br />

B”H


REFLEXÕES<br />

10<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

* Sérgio Rosvald Donaire<br />

(Jochanan Saphir ben Avraham)<br />

é administrador <strong>de</strong> empresas,<br />

auditor, consultor - Donaire<br />

Sistemas, é coor<strong>de</strong>nador do<br />

Grupo Yidish Surfers<br />

http://br.groups.yahoo.com/<br />

group/Yidish_Surfers<br />

© Reprodução e divulgação<br />

permitida no total, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

citada a origem e o autor.<br />

B”H<br />

A Segunda Lei da Termodinâmica e D-us<br />

Sérgio Rosvald Donaire (Jochanan<br />

Saphir ben Avraham) *<br />

que a Segunda Lei da Termodinâmica<br />

tem a ver com<br />

D-us e com a ética judaica?<br />

Ora, meus amigos, se vocês<br />

também não lembram muito<br />

bem daquela Lei, não se preocupem,<br />

fiz cursinho há uns 15 anos, também<br />

não lembro totalmente. Vamos recordar<br />

os princípios básicos e o relacionamento<br />

disto com a<br />

vida; com o modo <strong>de</strong> vida<br />

judaico, mais particularmente.<br />

E, com<br />

isso, nossa relação<br />

com D-us, B”H.<br />

Imagine uma pedra<br />

caindo. Ela possui<br />

Energia Potencial<br />

(pela sua posição, sua<br />

altura do solo) e Cinética,<br />

relacionada ao seu<br />

movimento. Quando se<br />

choca com o solo, converte<br />

parte da energia <strong>de</strong> seu movimento<br />

em calor e <strong>de</strong>sagregação, neste caso,<br />

Crítica árabe aos<br />

atentados suicidas<br />

um <strong>de</strong>sperdício, por assim dizer,<br />

uma energia caótica, uma energia<br />

<strong>de</strong>sorganizada.<br />

O que quero propor aqui é que a<br />

forma como o Universo está disposto,<br />

faz-nos acreditar que toda energia<br />

“organizada” ten<strong>de</strong> a se <strong>de</strong>sorganizar.<br />

Hum... Agora você <strong>de</strong>ve estar<br />

pensando: Como explicar os processos<br />

que organizam a vida? Este é o<br />

ponto no qual queremos refletir.<br />

Vamos voltar às <strong>de</strong>finições clássicas.<br />

A Segunda Lei da Termodinâmica<br />

procura estudar as limitações a<br />

que estão sujeitos os processos, <strong>de</strong>terminando<br />

o sentido em que ocorrem<br />

essas transformações, através da<br />

função Entropia.<br />

Entropia: quando ocorre uma<br />

transformação termodinâmica, uma<br />

parte da energia é aproveitada e uma<br />

outra é <strong>de</strong>sperdiçada, em forma <strong>de</strong>sorganizada<br />

e aparentemente inútil,<br />

conhecida como energia térmica. A<br />

Entropia me<strong>de</strong> a “<strong>de</strong>gradação” da<br />

energia organizada para uma energia<br />

<strong>de</strong>sorganizada.<br />

No jornal egípcio “Al Shark El Awsat” a jornalista Mona El Tjawi [1] criticou abertamente os<br />

atentados suicidas e o uso <strong>de</strong> mulheres por parte das organizações terroristas.<br />

Num artigo publicado dia 25 <strong>de</strong> janeiro ela escreveu que <strong>de</strong>sta forma, a mensagem do Hamas<br />

aos palestinos é reforçar a idéia <strong>de</strong> que as mulheres não valem nada. A jornalista expressa sua<br />

preocupação ante a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avivar um <strong>de</strong>bate no seio da socieda<strong>de</strong> palestina sobre o<br />

inútil e imoral estímulo ao sacrifício <strong>de</strong> meninos para auto-imolação. Também <strong>de</strong>staca que se opõe<br />

aos atentados suicidas em todas suas formas e que até agora o envio <strong>de</strong> suicidas nunca havia<br />

envolvido crianças.<br />

Do seu ponto <strong>de</strong> vista, o atentado que Al Riashi [2] realizou não servirá como apoio aos<br />

trabalhadores palestinos, como justificou o Hamas, mas só os prejudica mais ainda. Após o atentado,<br />

Israel fechou a passagem <strong>de</strong> Erez e isso <strong>de</strong>ixou os operários jogados à sua sorte. Assim<br />

mesmo, a jornalista pe<strong>de</strong> ao povo palestino para superar suas dúvidas e negar-se claramente a este<br />

fenômeno espantoso.<br />

Num outro artigo <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> fevereiro, a mesma jornalista se esten<strong>de</strong>u em sua crítica e explica que<br />

se os palestinos querem <strong>de</strong>rrotar Israel, <strong>de</strong>verão viver e não morrer. Também reflexiona acerca da<br />

impossibilida<strong>de</strong> do governo palestino em enten<strong>de</strong>r que é sua responsabilida<strong>de</strong> coroar como<br />

heróis aos que permanecem com vida apesar <strong>de</strong> todas as dificulda<strong>de</strong>s, e não aos que se sacrificam.<br />

Mona El Tjawi vai além: Que os mais <strong>de</strong> 100 atentados suicidas não trouxeram ao povo<br />

palestino nenhum beneficio. Ainda assim, agrega também que os dirigentes palestinos só dizem a<br />

verda<strong>de</strong> a seu público só <strong>de</strong>pois que renunciam. Como exemplo cita o caso <strong>de</strong> Mohamed Dahlan<br />

que, só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> renunciar, <strong>de</strong>clarou que a situação dos palestinos era melhor antes da Intifada.<br />

Na mesma nota a jornalista <strong>de</strong>staca que muitos leitores lhe enviaram cartas carregadas <strong>de</strong> ódio em<br />

resposta ao seu artigo anterior, no qual se manifestou contrária a suicida Al Raishi, se bem que<br />

escolheu resumir as reações dos leitores que a apoiaram, um da Arábia Saudita e o outro da França.<br />

Resumindo: Nestes artigos ela também critica Israel e a “política <strong>de</strong> conquista”, mas aos<br />

leitores fica bem claro que a mensagem principal é o repudio aos atentados suicidas.<br />

[1] Jornalista egípcia radicada em Nova York. Trabalhou como correspon<strong>de</strong>nte da Reuters no<br />

Cairo e como representante <strong>de</strong>sta agência <strong>de</strong> notícias em Jerusalém durante um ano.<br />

[2] Primeira mulher suicida palestina que se matou em nome do Hamas, em fevereiro <strong>de</strong> 2004.<br />

Tinha filhos.<br />

Nos processos naturais (irreversíveis)<br />

a Entropia aumenta. Se admitirmos<br />

que o Universo seja um sistema<br />

isolado, a Entropia do Universo<br />

sempre aumentaria. (Conforme Fuke,<br />

Carlos e Kazuhito - Os Alicerces da<br />

Física - 1ª edição - Ed. Saraiva, 1988)<br />

E nós, Yehudi, com isso? Vamos<br />

tentar imaginar se a vida é um processo<br />

organizado ou <strong>de</strong>sorganizado.<br />

O que você acha? Talvez não sejam<br />

necessários muitos argumentos para<br />

convencê-lo que os processos vitais<br />

são altamente organizados, complexos,<br />

perfeitos, preparados, sábios, por<br />

que não dizer? E quanto à criativida<strong>de</strong>?<br />

Bem, então agora chegamos ao<br />

contraponto: os processos vitais, em<br />

sua constituição, negam o aumento<br />

da Entropia (que seria o aumento da<br />

“bagunça”). E isto está perfeitamente<br />

<strong>de</strong> acordo com as leis <strong>de</strong> D-us.<br />

Nos foi dado o livre-arbítrio. Nos<br />

foi dada a opção <strong>de</strong> imitarmos nosso<br />

D-us, <strong>de</strong> auxiliarmos em sua Obra Criadora,<br />

<strong>de</strong> sermos “realmente uma parte<br />

do D-us acima”. “LeChaim”! Viva a vida!<br />

A noção <strong>de</strong> Entropia (e aqui não<br />

a estamos <strong>de</strong>sfazendo, e sim, buscando<br />

trazer um conceito da Física) foi <strong>de</strong>senvolvida<br />

numa época em que a preocupação<br />

dos cientistas era a <strong>de</strong> estudar<br />

as condições através das quais o Calor<br />

po<strong>de</strong> ser convertido em Trabalho.<br />

O quanto <strong>de</strong> seu Calor, digo, do<br />

Calor <strong>de</strong> seus pensamentos, do Calor<br />

<strong>de</strong> seu coração, tem se convertido em<br />

Trabalho Divino? Com seu trabalho,<br />

com sua imaginação bem conduzida,<br />

com sua ação neste Mundo, po<strong>de</strong>mos<br />

melhorá-lo. Assim, com a sua criativida<strong>de</strong><br />

aplicada, elevando este Mundo,<br />

você estaria “negando” aquela lei<br />

do aumento da Entropia (bagunça).<br />

Entenda que tudo neste Mundo foi<br />

criado e está sob as Leis <strong>de</strong> D-us, e<br />

as leis da matéria, as leis científicas,<br />

não se opõem às leis morais, às leis<br />

judaicas. Qualquer contradição aparente<br />

é um ponto a <strong>de</strong>senvolvermos,<br />

pois como sabemos e acreditamos:<br />

“Ad’nai Eloh’nu, Ad’nai Ech’d”. (O Eterno<br />

é nosso D-us, o Eterno é Um). O<br />

fato é que D-us não só criou a maté-<br />

ria, mas o Homem, à sua semelhança.<br />

Conforme revelado a nosso<br />

Patriarca, Avraham, Avinu, Z”L, este<br />

abraçou a fé monoteísta, e construiu<br />

uma nação, para glorificar e aumentar<br />

a luz <strong>de</strong> D-us neste mundo.<br />

A dualida<strong>de</strong> Energia organizada<br />

versus Entropia é apenas uma outra<br />

forma <strong>de</strong> se colocar a questão do<br />

dualismo da Criação. Isto não foi à<br />

toa. Há o mundo “Olam” e há o Homem<br />

“Adam Kadmon”. Através <strong>de</strong>le,<br />

D-us quer que seja evitada a tendência<br />

ao caos, a tendência <strong>de</strong> aumento<br />

da Entropia. “Yetzer HaTov” sobrepujando<br />

“Yetzer Hará”. A boa inclinação<br />

superando a má inclinação. Como<br />

dizia um nobre Físico: “D-us não joga<br />

dados com o Universo”.<br />

Observe os fenômenos ao seu redor.<br />

As águas <strong>de</strong> um rio movimentam-se<br />

<strong>de</strong>vido a um <strong>de</strong>snível; o fluxo<br />

<strong>de</strong> água po<strong>de</strong> ser utilizado para gerar<br />

Trabalho e mover turbinas <strong>de</strong> usinas<br />

hidroelétricas ou mover moinhos.<br />

Você, meu amigo, não <strong>de</strong>ixe suas<br />

águas paradas, transforme-as em<br />

Energia; é isto o que quer nos dizer a<br />

Natureza. Entretanto, a mesma água,<br />

estando parada num lago, por exemplo,<br />

não é capaz <strong>de</strong> gerar trabalho,<br />

pois não há fluxo. Aqui se vê outra<br />

relação importante: a vida é fluxo, a<br />

vida é movimento. Lembrando daquela<br />

outra <strong>de</strong>finição: Trabalho é igual à<br />

Força vezes o Deslocamento. Portanto:<br />

entre no movimento da vida, <strong>de</strong>sloque-se,<br />

provoque a mudança, transforme<br />

o mundo: “Tikun Olam”, conforme<br />

dizem nossos sábios.<br />

Uma xícara <strong>de</strong> café quente <strong>de</strong>ixada<br />

sobre a mesa, esfria, isto é, entra<br />

em equilíbrio térmico com o meio<br />

ambiente, e <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> haver fluxo <strong>de</strong><br />

calor do café para o meio externo.<br />

Ao contrário disso, sejamos parte do<br />

fluxo que vem <strong>de</strong> D-us, contribuamos<br />

para aquecer nossos semelhantes<br />

e vice-versa.<br />

Shalom.


Por ocasião da visita do presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> Israel, Moshe Katzav, à Cida<strong>de</strong><br />

das Luzes entre 16 e 20 <strong>de</strong> fevereiro,<br />

uma das avenidas mais importantes<br />

do mundo, a Champs Elysées, foi<br />

<strong>de</strong>corada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Place <strong>de</strong> La Concor<strong>de</strong><br />

até o Arco do Triunfo com ban<strong>de</strong>iras<br />

<strong>de</strong> Israel e da França, em cada uma<br />

das árvores e postes que contornam a<br />

famosa avenida. A imagem aquece o<br />

coração e <strong>de</strong>sperta ainda mais o judaísmo<br />

que cada ju<strong>de</strong>u tem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si.<br />

Além disso, a rádio judaica, a 94.8, foi<br />

às ruas no dia 16 e entrevistou os cidadãos.<br />

Entre as manifestações, ouviuse<br />

“que orgulho ser ju<strong>de</strong>u”, “há muito<br />

tempo eu não via uma coisa como esta”.<br />

Com efeito, e como não po<strong>de</strong>ria<br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser, o policiamento foi intenso<br />

e ostensivo na região, não só por<br />

conta do azul e branco e a Maguen David<br />

ao lado da ban<strong>de</strong>ira tricolor francesa,<br />

como também por conta da proximida<strong>de</strong><br />

do local da casa do presi<strong>de</strong>nte<br />

Jacques Chirac. Finalmente a França está<br />

reconhecendo o Estado <strong>de</strong> Israel.<br />

A comunida<strong>de</strong> judaica parisiense<br />

é composta por aproximadamente<br />

500 mil ju<strong>de</strong>us ao passo que a comunida<strong>de</strong><br />

islâmica perfaz a quantia <strong>de</strong> 2<br />

milhões. A titulo estatístico, 1% e 10%<br />

respectivamente em relação à população<br />

<strong>de</strong> Paris. Como parnassá (sustento),<br />

a maioria dos ju<strong>de</strong>us se <strong>de</strong>dica às<br />

profissões liberais, embora ainda seja<br />

possível vislumbrar resquícios das gerações<br />

anteriores e <strong>de</strong> seus atuais her<strong>de</strong>iros<br />

na ativida<strong>de</strong> do comércio, sobretudo<br />

no vestuário.<br />

O diretório acadêmico <strong>de</strong> uma<br />

universida<strong>de</strong> é sempre emblemático. Na<br />

B”H<br />

França, a coletivida<strong>de</strong> judaica acadêmica<br />

é muito bem representada pela<br />

entida<strong>de</strong> chamada UEJF, União dos<br />

Estudantes Ju<strong>de</strong>us. Além <strong>de</strong> promover<br />

diversas ativida<strong>de</strong>s, palestras,<br />

viagens, cursos, ela reúne os ju<strong>de</strong>us<br />

<strong>de</strong> cada universida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo-os<br />

e os representando.<br />

Conforme informei na edição<br />

anterior, a Universida<strong>de</strong> Paris 2, Pantheon<br />

Assas, infelizmente é conhecida<br />

pela tendência extrema-direita <strong>de</strong> seus<br />

estudantes. Com efeito, essa inclinação<br />

se esten<strong>de</strong> às atitu<strong>de</strong>s do diretório<br />

acadêmico, que, não raras vezes engendra<br />

discussões e até brigas com os<br />

representantes da UEJF.<br />

No entanto, esse tipo <strong>de</strong> situação<br />

não e exclusiva da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Direito. Caso análogo ocorreu e infelizmente<br />

ainda ocorre na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Medicina, em que os participantes acabaram<br />

no hospital, sem, todavia, prestar<br />

queixa na polícia.<br />

Sophie, uma amiga que conheci<br />

no kabalat shabat da sinagoga da<br />

Rue <strong>de</strong> La Victoire, me contou o seguinte<br />

fato: um amigo seu, chamado<br />

Cyril, 30 anos, queria comprar um<br />

apartamento aqui em Paris. No dia 4<br />

<strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2004, um agente imobiliário<br />

e o proprietário do studio no<br />

6ème arrondissement o levaram para<br />

visitar o imóvel. Após a tradicional<br />

visita, o proprietário perguntou se<br />

Cyril era ju<strong>de</strong>u. Após a evi<strong>de</strong>nte resposta<br />

afirmativa, seguiu dizendo<br />

“bem, eu não vendo nada a ju<strong>de</strong>us!”.<br />

Ato contínuo, falou para o agente imobiliário:<br />

“por favor, não me traga mais<br />

isso para visitar o meu apartamento”.<br />

○ ○ ○ ○ ○<br />

Helena Kessel –<br />

correspon<strong>de</strong>nte VJ<br />

Em seguida a esse inci<strong>de</strong>nte, uma <strong>de</strong>núncia<br />

foi interposta na polícia.<br />

Um dos exercícios propostos<br />

pela professora em uma das aulas <strong>de</strong><br />

francês era trazer um artigo <strong>de</strong> jornal,<br />

apresentá-lo diante da turma e finalizar<br />

tecendo alguns comentários sobre<br />

a notícia. Uma das colegas resolveu falar<br />

sobre o direito das minorias. Logo<br />

pensei com a minha adrenalina que<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> poucos instantes eu teria <strong>de</strong><br />

me manifestar. Qual não foi a minha<br />

surpresa quando nem a colega nem o<br />

resto da turma mencionaram o nosso<br />

povo como sendo uma minoria. Curioso.<br />

Dentro dos exemplos trazidos, citou<br />

os muçulmanos (!) e os homossexuais.<br />

Curioso, para dizer o mínimo.<br />

A alegria da festa <strong>de</strong> Purim contagia<br />

toda a comunida<strong>de</strong> parisiense.<br />

Nas ruas, é possível encontrar várias<br />

famílias carregando cestas <strong>de</strong><br />

mishloach manot, crianças e adultos<br />

fantasiados e “purim sameach”<br />

é uma saudação comum e natural,<br />

mesmo entre pessoas que até então<br />

não se conheciam.<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

Aliás, em Paris só não escuta a<br />

leitura da Meguilat Esther quem não<br />

quer. A comunida<strong>de</strong> dispõe <strong>de</strong> aproximadamente<br />

100 lugares em que a mitsvá<br />

po<strong>de</strong> ser cumprida, sem contar que<br />

em muitos <strong>de</strong>les a leitura é feita <strong>de</strong><br />

hora em hora. Além disso, se ainda<br />

assim o cidadão resolve que não quer<br />

sair <strong>de</strong> casa, muitas sinagogas dispõem<br />

<strong>de</strong> bachurim ou membros da própria<br />

coletivida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>slocam até a casa<br />

da pessoa e efetuam a leitura, com o<br />

tradicional barulho na palavra “haman”.<br />

Toda semana o jornal “Actualité<br />

Juive” <strong>de</strong>dica as suas três ultimas<br />

páginas à seção chamada “pequenos<br />

anúncios”, ocasião na qual os leitores<br />

po<strong>de</strong>m fazer ofertas para compra, venda,<br />

locação <strong>de</strong> diversos bens e, o mais<br />

importante, on<strong>de</strong> são feitos anúncios<br />

com o objetivo <strong>de</strong> encontrar pessoas,<br />

quer para fins <strong>de</strong> matrimonio, quer para<br />

fins <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>. A pessoa faz uma auto<strong>de</strong>scrição,<br />

em seguida escreve o que<br />

procura e, por fim, ou fornece o seu<br />

telefone para estabelecerem o contato<br />

ou encarrega o jornal <strong>de</strong> fazê-lo. Certamente<br />

a prática po<strong>de</strong> se enten<strong>de</strong>r a<br />

outras comunida<strong>de</strong>s.<br />

11


GENTE DE VISÃO<br />

12<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

Joel Bergman:<br />

o incansável lí<strong>de</strong>r comunitário<br />

Joel Bergman é um batalhador. Não há<br />

quem não o conheça na comunida<strong>de</strong>.<br />

Moço, teve que enfrentar os nazistas e<br />

a tragédia da guerra. Per<strong>de</strong>u pais e<br />

irmãos, mas sobreviveu, guardando<br />

como triste recordação dos tempos do<br />

Holocausto o número que lhe tatuaram<br />

no braço esquerdo. No Brasil, mais<br />

precisamente em Curitiba, começou<br />

vida nova, <strong>de</strong>dicando-se simultaneamente<br />

ao comércio e aos serviços<br />

comunitários, como na Chevra<br />

Kadisha, a instituição mantenedora<br />

da sinagoga e dos<br />

cemitérios da comunida<strong>de</strong>, do<br />

Hils Farein (Ajuda aos Necessitados),<br />

do Fundo Comunitário,<br />

Beit Chabad, foi fundador e<br />

ainda participa da B’nai B’rith<br />

em Curitiba, na Loja Chaim<br />

Weizmann. Ele é nosso “Gente<br />

<strong>de</strong> visão” <strong>de</strong>ste mês.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> — On<strong>de</strong> e quando<br />

nasceu?<br />

Joel Bergman — Nasci em<br />

Pabjanice, perto <strong>de</strong> Lodz, na Polônia,<br />

em 17 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1921.<br />

VJ — Como era sua vida lá?<br />

JB — Minha casa era religiosa.<br />

Estu<strong>de</strong>i para ser shochet (magarefe<br />

ritual), mas em 1939 quando tinha 18<br />

anos, os alemães invadiram a Polônia<br />

e começou a 2ª Guerra Mundial, sobrevindo<br />

<strong>de</strong>pois o Holocausto.<br />

VJ — De que forma conseguiu<br />

sobreviver ao Holocausto?<br />

JB — Éramos seis irmãos. Com o<br />

início da guerra, meu irmão mais velho<br />

fugiu para a Rússia e nunca mais<br />

soube <strong>de</strong>le. Depois da invasão da<br />

Polônia, os alemães exigiram traba-<br />

Foto:Szyja Lorber<br />

Joel Bergman e o número <strong>de</strong> Auschwitz em seu braço<br />

lhadores e pegaram meu irmão menor<br />

<strong>de</strong> 16 anos. Consultei meus pais<br />

e <strong>de</strong>cidi me oferecer em seu lugar<br />

para ser enviado aos campos <strong>de</strong> trabalho<br />

forçado em Neubenchen, na<br />

fronteira com a Alemanha. Pensava<br />

que assim estava salvando meu irmão.<br />

Dois dias mais tar<strong>de</strong> pegaramno<br />

<strong>de</strong> novo e o levaram também para<br />

a fronteira. Durante um bom tempo<br />

no campo <strong>de</strong> trabalho, alguém <strong>de</strong>ixava<br />

todo dia um bal<strong>de</strong> com batatas<br />

cozidas. Isso foi minha salvação e a<br />

<strong>de</strong> muitos outros. Nunca fiquei sabendo<br />

quem foi nosso salvador. Todos<br />

os dias morriam <strong>de</strong> fome, doenças<br />

e maus tratos 10, 15 até 20 pessoas<br />

e seus corpos eram empilhados<br />

fora do local <strong>de</strong> trabalho. Tínhamos<br />

cotas <strong>de</strong> trabalho, e eu sempre consegui<br />

cumpri-las. Isso também me<br />

ajudou. Mais tar<strong>de</strong> fui mandado para<br />

o campo <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> Auschwitz.<br />

Duas ou três semanas mais<br />

tar<strong>de</strong> mandaram mil pessoas <strong>de</strong>smontar<br />

e limpar o Gueto <strong>de</strong> Varsóvia que<br />

então tinha sido <strong>de</strong>struído. Faltavam<br />

oito homens e então colocaram os<br />

primeiros que apareciam. Eu estava<br />

entre eles. Tínhamos que limpar 1250<br />

tijolos por dia, do <strong>de</strong>smonte do gueto,<br />

para a sua reutilização em construções.<br />

De lá me levaram para Mildorf,<br />

uma fábrica alemã <strong>de</strong> munições<br />

on<strong>de</strong> fiquei até o final da guerra. Três<br />

dias antes do fim, nos embarcaram<br />

<strong>de</strong> trem para ir ao Tirol, na Áustria,<br />

on<strong>de</strong> provavelmente seríamos fuzilados.<br />

Mas a ferrovia foi bombar<strong>de</strong>ada<br />

e ficamos presos <strong>de</strong>ntro dos vagões<br />

<strong>de</strong> gado por dois ou três dias (não<br />

sei quantos!) amontoados, sem água,<br />

comida e sem po<strong>de</strong>r sair para fazer<br />

as necessida<strong>de</strong>s. Finalmente apareceram<br />

os norte-americanos. Eu tinha<br />

38 quilos quando fui libertado. Existe<br />

um ví<strong>de</strong>o na escola Israelita, acho que<br />

feito em 2001, on<strong>de</strong> relato tudo isso.<br />

Além disso, fui um dos sobreviventes<br />

que prestou <strong>de</strong>poimento à Fundação<br />

Spielberg, para os arquivos do Museu<br />

do Holocausto em Los Angeles e já<br />

<strong>de</strong>i muitas entrevistas a jornais e estudantes<br />

sobre o tema.<br />

VJ — Quando veio para o Brasil?<br />

Com quem se casou?<br />

JB — Foi em 1957. Mas antes<br />

disso me casei com Tubi (Tova em<br />

hebraico), na Alemanha, para on<strong>de</strong> fui<br />

enviado, e fui para Israel on<strong>de</strong> eu tinha<br />

um tio, Israel Bergman. Morei em<br />

Rehovot. Vim para o Brasil para reencontrar<br />

meu irmão mais novo, Samuel,<br />

que al,émd e mim, foi o único da minha<br />

família a sobreviver, que então<br />

morava em São Paulo. Sara, minha<br />

única filha, mora em São Paulo e tem<br />

dois filhos. Fiquei em São Paulo, por<br />

um mês e ouvi falar que em Curitiba<br />

tinha ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> origem polonesa.<br />

VJ — Como foi sua chegada a<br />

Curitiba?<br />

JB — São Paulo era muito gran<strong>de</strong><br />

e eu não estava acostumado com<br />

isso. Assim, vim para cá e gostei <strong>de</strong><br />

Curitiba, on<strong>de</strong> logo fiz alguns negócios,<br />

pois comprava em nome do meu<br />

irmão que já estava estabelecido,<br />

roupas feitas, para revendê-las. Logo,<br />

aluguei uma loja na Rua Westphalen<br />

e passei a trabalhar. A colônia em<br />

Curitiba era muito fechada naquele


tempo, mas logo me adaptei e participei<br />

da Chevra Kadisha, do Fundo Comunitário,<br />

do Hils Farein e aju<strong>de</strong>i a<br />

fundar a B’nai B’rith, da qual ainda<br />

faço parte, além <strong>de</strong> ter sido vice-presi<strong>de</strong>nte<br />

do Beit Chabad.<br />

VJ — Qual a sua relação com o<br />

Estado <strong>de</strong> Israel?<br />

JB — Sou cem por cento sionista.<br />

Graças a Israel o povo ju<strong>de</strong>u tem<br />

hoje um país para viver em segurança<br />

e nos permite viver em segurança<br />

em qualquer parte do mundo. Acredito<br />

que todo ju<strong>de</strong>u tem laços afetivos<br />

com Israel.<br />

VJ — Como lí<strong>de</strong>r comunitário,<br />

qual o momento mais difícil e o melhor<br />

momento vividos?<br />

JB — Creio que o momento mais<br />

difícil foi durante a Guerra dos Seis<br />

Dias, em 1967 porque mexeu muito<br />

com a gente. Estávamos apreensivos<br />

com os acontecimentos e as ameaças<br />

<strong>de</strong> jogar os ju<strong>de</strong>us no mar. Em<br />

1973 houve outro momento <strong>de</strong> tensão,<br />

durante a Guerra do Iom Kipur,<br />

quando houve perigo. Mas graças a<br />

Sharon, que hoje é o primeiro-minis-<br />

tro do país, tudo <strong>de</strong>u certo. O melhor<br />

momento, sem dúvida foi a alegria da<br />

In<strong>de</strong>pendência do Estado <strong>de</strong> Israel.<br />

VJ — Hoje é fácil, como ontem,<br />

<strong>de</strong> atuar na comunida<strong>de</strong>?<br />

JB — Atualmente é mais difícil<br />

trabalhar com a comunida<strong>de</strong>. Antigamente<br />

isso representava para as pessoas<br />

uma honra. Hoje, ninguém mais<br />

liga para isso. Parece que as pessoas<br />

só se preocupam com seus problemas<br />

e os <strong>de</strong> sua família, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado<br />

o trabalho comunitário.<br />

VJ — Qual a mensagem que gostaria<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar para os novos lí<strong>de</strong>res<br />

comunitários?<br />

JB — Gostaria que eles mantivessem<br />

firme a continuida<strong>de</strong> do judaísmo.<br />

Um exemplo a seguir é o<br />

que está acontecendo na parte religiosa.<br />

Estamos assistindo a um belo<br />

trabalho com a juventu<strong>de</strong>, por parte<br />

do nosso lí<strong>de</strong>r espiritual Sami<br />

Goldstein, na Sinagoga “Francisco<br />

Frischmann”, como com o trabalho<br />

<strong>de</strong>senvolvido pelo rabino Dubrawsky<br />

do Beit Chabad e <strong>de</strong> sua esposa Tila<br />

em favor do judaísmo.<br />

Foto: Internet<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

‘Armando’ a fotografia<br />

Esta fotografia<br />

foi feita durante<br />

uma manifestação<br />

na qual participaram<br />

organizações<br />

palestinas e israelenses<br />

<strong>de</strong> direitos<br />

humanos e associaçõespró-palestinas<br />

em Abu Dis,<br />

on<strong>de</strong> está sendo<br />

construído a cerca<br />

<strong>de</strong> segurança.<br />

A foto foi publicada<br />

por um jornal<br />

israelense que tem<br />

contrato com duas<br />

importantes agências <strong>de</strong> notícias para aquisição <strong>de</strong> fotografias.<br />

A diferença <strong>de</strong>sse jornal com os outros meios, é que<br />

utilizam somente fotografias autorizadas e pelas quais pagam<br />

um <strong>de</strong>terminado preço através <strong>de</strong> uma conta mensal.<br />

Manipulação: Como se "arma" uma cena <strong>de</strong> protesto, enganando<br />

a imprensa em todo mundo e o seus leitores<br />

A foto mencionada pertence a um meio ao qual o jornal<br />

não é associado. Por isso, o jornal entrou em contato com as<br />

agências noticiosas com as que tem contrato, para saber se<br />

tinham alguma fotografia similar, explicando-lhes do que se<br />

tratava. Esperou uns minutos enquanto procuravam entre as<br />

fotos feitas no dia anterior e não tinham nada parecido.<br />

Surgiu então a interrogação do porquê o fotógrafo não<br />

se prevenira <strong>de</strong> fazer a tomada como os <strong>de</strong>mais, ao que<br />

respon<strong>de</strong>ram: “Nosso fotógrafo observou a situação, mas se<br />

<strong>de</strong>u conta que era uma tomada 'armada'”. Assim é que se<br />

po<strong>de</strong> ver que a mulher está 'justamente' parada diante <strong>de</strong><br />

uma pichação que diz: 'Parem <strong>de</strong> matar o povo palestino'.<br />

Para conseguir a fotografia tal como se observa o jornal<br />

teve que se dirigir a uma agência que a possuía.<br />

Esta é mais uma <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> que a maioria dos<br />

meios <strong>de</strong> comunicação (sobretudo estrangeiros), muitas<br />

vezes <strong>de</strong> forma ingênua, faz mau uso jornalismo e acaba<br />

prejudicando Israel <strong>de</strong> forma intencional ou não.<br />

13


14<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

TURISMO<br />

Aqueles que visitam a esplanada<br />

on<strong>de</strong> se encontram os dois importantes<br />

monumentos da fé islâmica em<br />

Jerusalém, Domo da Rocha e Mesquita<br />

<strong>de</strong> Al Aksa, dificilmente reparam<br />

na construção que se encontra<br />

próxima à bilheteria: a Fonte do<br />

Sultão Quytbay.<br />

A fonte do século 15 (1482), não<br />

tem merecido a atenção dos guias <strong>de</strong><br />

turismo, o que é uma injustiça. Ela<br />

passa <strong>de</strong>spercebida pelos olhos dos<br />

visitantes como outros tantos monumentos<br />

que fazem parte do conjunto<br />

<strong>de</strong> obras <strong>de</strong>ixadas pelos califas e sultões<br />

que passaram por Jerusalém ou<br />

que, mesmo sem estarem presentes,<br />

or<strong>de</strong>naram suas construções que hoje<br />

lembram os seus nomes.<br />

A fonte construída por artesãos<br />

Jerusalém (9)<br />

Bairro árabe (4)<br />

Antônio Carlos Coelho da Costa*<br />

egípcios e por um mestre cristão, traz<br />

a característica da requintada arquitetura<br />

mameluca. Seu interior é <strong>de</strong>corado<br />

com o mesmo requinte e, em<br />

seu entorno, há uma inscrição <strong>de</strong> frases<br />

do Corão.<br />

No ano <strong>de</strong> 1883 sofreu sua única<br />

restauração, sem que esta modificasse<br />

o seu aspecto original. Por ter<br />

sido construída por artesãos especializados<br />

em edifícios fúnebres,<br />

recebeu também, influência da arquitetura<br />

funerária.<br />

Outra obra que chama a atenção<br />

por sua beleza é o Púlpito <strong>de</strong> Burhan<br />

ed-Din. Situado à direita do Domo<br />

da Rocha. A construção do século 14<br />

(1388) reúne elementos bizantinos<br />

e cruzados, formando uma combinação<br />

muito interessante. Há uma es-<br />

O púlpito <strong>de</strong> Burhan ed-Din, um tesouros arquitetônicos que passam<br />

<strong>de</strong>spercebidos em Jerusalém<br />

cada que leva ao lugar do pregador<br />

(juiz). O púlpito coberto diferenciase<br />

dos outros com a mesma finalida<strong>de</strong>,<br />

pois foi feito especialmente para<br />

pregações em local aberto.<br />

No imenso jardim da esplanada há<br />

muitas outras marcas da presença islâmica<br />

em Jerusalém. Lamentavelmente,<br />

elas passam <strong>de</strong>spercebidas dos<br />

visitantes que, hipnotizados pelo<br />

dourado da cúpula do Domo da Ro-<br />

cha ou apresados para cumprir os<br />

apertados programas turísticos.<br />

Não só na esplanada há belos<br />

exemplos da arquitetura islâmica. Elas<br />

estão nas vielas, nas fachadas dos<br />

edifícios, nas fontes e nas <strong>de</strong>corações<br />

talhadas na pedra, perdidas nos<br />

cantos do mercado. Visitar Jerusalém<br />

requer olhos atentos para cada <strong>de</strong>talhe<br />

que contam a história <strong>de</strong> uma<br />

cida<strong>de</strong> única.<br />

*Antônio Carlos Coelho da Costa é professor e diretor do Instituto Ciência e Fé


Pessach 14<br />

Pessach (Páscoa) é uma festa da<br />

primavera que comemora o Êxodo - a<br />

saída dos filhos <strong>de</strong> Israel do Egito há<br />

cerca <strong>de</strong> 3300 anos, guiados por Moisés,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> dois séculos <strong>de</strong> escravidão.<br />

A festa começa com o Se<strong>de</strong>r, um jantar<br />

cerimonial em família, durante o qual<br />

a história do Êxodo, tal como relatada<br />

na Hagadá, é recitada e celebrada.<br />

Durante os sete dias <strong>de</strong> Pessach, é<br />

proibido comer pão fermentado (isto<br />

é, feito com fermento), que é substituído<br />

pelo pão ázimo. A origem do<br />

nome da festa está na promessa feita<br />

pelo Eterno <strong>de</strong> “Passar por cima” das<br />

casas dos filhos <strong>de</strong> Israel, colocandoas<br />

a salvo <strong>de</strong>ssas pragas.<br />

Na época bíblica, Pessach coincidia<br />

com a colheita da cevada, a primeira<br />

colheita <strong>de</strong> cereal do ano. Na<br />

segunda noite <strong>de</strong> Pessach começa a<br />

contagem do Ômer, que se conclui quarenta<br />

e nove dias mais tar<strong>de</strong>, na véspera<br />

<strong>de</strong> Shavuót.<br />

Guia para a Páscoa judaica<br />

Busca do chametz<br />

Uma busca formal por chametz (restos<br />

<strong>de</strong> comida esquecida ou migalhas<br />

perdidas ou caídas <strong>de</strong> pão, biscoito,<br />

etc) <strong>de</strong>ve ocorrer na noite anterior a<br />

Pessach, este ano, 2004, segunda-feira<br />

à noite, dia 5 <strong>de</strong> abril. A busca do<br />

chametz é feita à luz <strong>de</strong> uma vela. Os<br />

membros da família percorrem aposento<br />

por aposento, on<strong>de</strong> quer que algum<br />

alimento possa estar. É um costume cabalístico<br />

colocar <strong>de</strong>z pedaços <strong>de</strong> pão<br />

bem embrulhados<br />

(para que<br />

não caia nenhum<br />

farelo) e<br />

espalhados pelos<br />

diversos<br />

ambientes,<br />

para serem<br />

achados e coletadosdurante<br />

a busca geral <strong>de</strong> chametz. As crianças<br />

curtem muito este momento, percorrendo<br />

a casa munidos com uma pena<br />

que serve para “varrer” o chametz. Antes<br />

<strong>de</strong> procurar, recita-se a bênção Al<br />

Biur Chametz:<br />

“Baruch Atá A-do-nai E-lo-hê-nu<br />

Mêlech Haolám, Asher Ki<strong>de</strong>shánu Be-<br />

mitsvotav Vetzivánu Al Biur Chamêts.”<br />

(“Bendito és Tu, Senhor nosso D-us,<br />

Rei do Universo que nos santificou com<br />

Seus mandamentos e nos or<strong>de</strong>nou remover<br />

o chametz”).<br />

Ao concluir a busca e após ter-se<br />

recolhido qualquer chametz que por<br />

acaso tenha sido encontrado, a seguinte<br />

<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> anulação <strong>de</strong>ve<br />

ser pronunciada:<br />

“Todo fermento ou qualquer produto<br />

fermentado em meu po<strong>de</strong>r que<br />

não vi ou removi, e <strong>de</strong> que não tenho<br />

consciência, seja<br />

consi<strong>de</strong>rado sem valor<br />

e sem dono como o pó<br />

da terra.”<br />

O chametz encontrado<br />

durante a busca<br />

<strong>de</strong>ve então ser embrulhado<br />

e colocado <strong>de</strong><br />

lado, para ser queimado<br />

na manhã seguinte<br />

na sinagoga juntamente<br />

com o chametz <strong>de</strong><br />

outros membros <strong>de</strong> sua<br />

comunida<strong>de</strong> e que passaram<br />

pelo mesmo procedimento.<br />

Venda do<br />

chametz<br />

Tradicionalmente, após guardar o<br />

chametz num quarto fechado ou num<br />

congelador trancado, é dada autorização<br />

ao rabino para a venda do nosso<br />

chametz. Assim o chametz <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> pertencer<br />

ao ju<strong>de</strong>u.<br />

Jejum dos primogênitos<br />

Este jejum é realizado na véspera<br />

<strong>de</strong> Pessach,<br />

porém costuma-separticipar<br />

<strong>de</strong><br />

um término<br />

<strong>de</strong> tratado<br />

Talmud para<br />

isentar-se<br />

<strong>de</strong>le.<br />

Na véspera do Se<strong>de</strong>r<br />

No domingo, a cozinha <strong>de</strong>verá estar<br />

<strong>de</strong>vidamente “casherizada”. À véspera<br />

<strong>de</strong> Pessach, é permitido comer matzá<br />

ashirá (matzá <strong>de</strong> ovo). A matzá shemurá<br />

é usada nas duas noites do Se<strong>de</strong>r. Alguns<br />

a usam durante toda a festa. Na<br />

véspera <strong>de</strong> Pessach é proibido ingerir pão<br />

após as 9h30m e também não po<strong>de</strong>mos<br />

ingerir matzá antes do Se<strong>de</strong>r.<br />

Em Yom Tov (dia sagrado) não se<br />

cozinha para o dia seguinte.<br />

Preparação da mesa<br />

No Se<strong>de</strong>r, prepara-se a mesa da seguinte<br />

forma: no centro <strong>de</strong> uma ban<strong>de</strong>ja<br />

colocam-se três matzót, que representam<br />

os três grupos <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us:<br />

Cohanim, Leviim e Israel. Ao lado<br />

<strong>de</strong>ssas matzót, colocam-se os seguintes<br />

símbolos:<br />

Zeroá - Pedaço <strong>de</strong><br />

osso do cor<strong>de</strong>iro ou<br />

ovelha, que se coloca<br />

na parte superior, à direita<br />

da ban<strong>de</strong>ja. Este<br />

osso simboliza o po<strong>de</strong>r<br />

com que D-us nos tirou<br />

do Egito e o cor<strong>de</strong>iro<br />

nos lembra o cor<strong>de</strong>iro<br />

pascal, sacrificado no<br />

Templo.<br />

Betsá - Ovo cozido,<br />

colocado na parte superior<br />

à esquerda da<br />

ban<strong>de</strong>ja, simboliza<br />

uma lembrança do sacrifício<br />

que se oferecia<br />

em cada festivida<strong>de</strong>.<br />

Marór - Erva amarga, colocada no<br />

centro da ban<strong>de</strong>ja, simboliza o sofrimento<br />

dos ju<strong>de</strong>us escravos no Egito.<br />

Usa-se escarola, verdura mais amarga<br />

que alface.<br />

Charósset - Mistura <strong>de</strong> nozes, amêndoas,<br />

tâmaras, canela e vinho. Colocada<br />

na parte inferior à direita da ban<strong>de</strong>ja,<br />

representa a argamassa com a<br />

qual os ju<strong>de</strong>us trabalhavam na construção<br />

das edificações do faraó.<br />

Karpás - O salsão, colocado embaixo,<br />

à esquerda. Essa verdura, molhada<br />

em vinagre ou água salgada, serve para<br />

dar o “sabor” do Êxodo. Lembra o hissopo<br />

(Ezov) com o qual os israelitas<br />

aspergiram um pouco <strong>de</strong> sangue nos<br />

batentes <strong>de</strong> suas casas, antes da praga<br />

dos primogênitos.<br />

Chazéret - Escarola.<br />

Coloca-se sob o Marór.<br />

Além disso, colocam-se na mesa:<br />

• Um recipiente com água salgada, em<br />

que se mergulham as verduras. Lembra<br />

o mar.<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

– a festa que comemora a libertação<br />

<strong>de</strong> Nissan 5764 - 6 e 7 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2004<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>,<br />

Hana Kleiner, Sheilla Figlarz,<br />

Szyja Lorber e famílias<br />

Desejam nesta festa da <strong>Liberda<strong>de</strong></strong><br />

um Pessach com muitas alegrias<br />

• A taça para cada um dos presentes. O<br />

conteúdo mínimo <strong>de</strong> cada taça é <strong>de</strong> 86<br />

mililitros (valor numérico <strong>de</strong> Kos = copo).<br />

O Se<strong>de</strong>r (Or<strong>de</strong>m)<br />

Durante o Se<strong>de</strong>r, quem conduz a cerimônia<br />

<strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer a seguinte or<strong>de</strong>m:<br />

Ka<strong>de</strong>sh - fazer o kidush<br />

(benção)<br />

O Se<strong>de</strong>r começa com o kidush feito<br />

sobre um copo <strong>de</strong> vinho cheio. Cada<br />

um dos presentes tem obrigação <strong>de</strong><br />

beber no <strong>de</strong>correr do Se<strong>de</strong>r quatro copos<br />

<strong>de</strong> vinho. Estes quatro copos lembram<br />

as quatro expressões <strong>de</strong> salvação<br />

mencionadas na Torá: “...E vos tirarei<br />

do Egito... e vos salvarei da escravidão...<br />

e vos redimirei com braço estendido...<br />

e vos tomarei para mim como<br />

povo...” Ao terminar <strong>de</strong> recitar o<br />

kidush, cada um dos presentes bebe o<br />

primeiro dos quatro copos, reclinandose<br />

sobre o lado esquerdo, como expressão<br />

<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Ele moa<strong>de</strong>i Ad-onai<br />

mikraê ko<strong>de</strong>sh, asher tikreú otam bemoadam.<br />

Vaidaber Moshe et moa<strong>de</strong>i Adonai<br />

el benei Israel. Sabri maranan!<br />

Veonim: (Lechaim).<br />

Baruch Atá Ad-onai El-oheinu melech<br />

haolam borê peri haguefen. Baruch<br />

Atá Ad-onai El-oheinu melech haolam,<br />

asher bachar banu mikol am, veromemanu<br />

mikol lashon, veki<strong>de</strong>shanu bemits-<br />

votav, vatiten lanu Ad-onai El-ohenu<br />

beahavá Shabatot limnuchá umoadim<br />

lesimchá, chaguim uzmanim lessasson.<br />

Et yom chag hamatsot hazé, veet yom<br />

tov mikra ko<strong>de</strong>sh hazé, zeman cherutenu.<br />

Beahavá mikra ko<strong>de</strong>sh, zecher litsiat<br />

mitzraim, ki banu bacharta veotanu kidashta<br />

mikol haamim, umoa<strong>de</strong>i kôdshecha<br />

besimchá uvssasson hinchaltánu.<br />

Baruch Atá Ad-onai, meka<strong>de</strong>sh Yisrael<br />

vehazemanim.<br />

Baruch Atá Ado-nai El-ohenu melech<br />

haolam shehecheianu vekiyemanu vehiguianu<br />

lazeman haze.<br />

15


16 Urchatz – Lavar as mãos<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

Lavam-se as mãos como normalmente<br />

se faz antes <strong>de</strong> comer o pão, porém<br />

não se fala a berachá (benção). Isto porque<br />

o karpás é mergulhado na água salgada,<br />

o que exige lavar as mãos antes.<br />

Karpás – Salsão<br />

Mergulha-se um pedacinho <strong>de</strong> salsão<br />

(com menos <strong>de</strong> 18 g) na água salgada<br />

e, antes <strong>de</strong> comê-lo, recita-se a seguinte<br />

bênção (pensando no marór, pois a<br />

berachá também é válida para este):<br />

Baruch Atá Ad-onai El-ohenu melech<br />

haolam borê peri haadamá.<br />

Yachats – Partir a matzá.<br />

Na ban<strong>de</strong>ja do Se<strong>de</strong>r há três matzót.<br />

Toma-se a matzá do meio, quebrando-a<br />

em duas partes para lembrar o pão<br />

da pobreza, que nunca está inteiro. O<br />

pedaço menor é recolocado, entre as<br />

duas matzót inteiras, na ban<strong>de</strong>ja do<br />

Se<strong>de</strong>r. O pedaço maior é guardado <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> um guardanapo, sendo escondido.<br />

Este pedaço é o aficoman, que será<br />

comido no final do Se<strong>de</strong>r. As crianças<br />

costumam procurar o aficoman, ganhando<br />

brin<strong>de</strong>s se o encontrarem, como<br />

pretexto para <strong>de</strong>ixá-los acordados.<br />

Maguid – Recitação da<br />

Hagadá (Livro recitado<br />

em Pessach).<br />

Descobre-se a matzá e começa-se a<br />

leitura da Hagadá. Ha lachmá aniá. Este<br />

é o pão da pobreza – recita-se até o<br />

final do primeiro trecho. Enche-se novamente<br />

o copo <strong>de</strong> vinho e o mais jovem<br />

da casa recita, então, as quatro<br />

perguntas.<br />

Manishtaná – As quatro<br />

perguntas:<br />

Por que esta noite é diferente <strong>de</strong><br />

todas as outras noites? Em todas as noites<br />

não temos obrigação <strong>de</strong> mergulhar<br />

os alimentos nem uma só vez, enquanto<br />

que nesta noite o fazemos duas vezes?<br />

Em todas as noites comemos pão<br />

com levedura ou matzá, ao passo que<br />

esta noite, só matzá? Em todas as noites<br />

comemos todo tipo <strong>de</strong> verduras, enquanto<br />

que esta noite comemos marór<br />

- ervas amargas? Em todas as noites<br />

comemos sentados, enquanto que esta<br />

noite todos nos reclinamos?<br />

A resposta começa com Avadim hainu<br />

– escravos fomos – e faz-se uma narrativa<br />

histórica, falando sobre a escravidão<br />

e os sofrimentos dos ju<strong>de</strong>us no<br />

Egito. Conta-se sobre as pragas e sobre<br />

os milagres realizados por D-us para<br />

a re<strong>de</strong>nção <strong>de</strong> seu povo.<br />

A terminar o texto da Hagadá com a<br />

bênção Asher guealanu, bebe-se o segundo<br />

copo <strong>de</strong> vinho, reclinando-se sobre o<br />

lado esquerdo, sem dizer a berachá.<br />

Rochtsá – Lavagem<br />

das mãos<br />

Antes do Hamotsi (benção do pão)<br />

lavam-se as mãos para a refeição, recitando<br />

a seguinte bênção: Baruch Atá<br />

Ad-onai El-ohenu melech haolam asher<br />

ki<strong>de</strong>shanu bemitsvotav vetsivanu al netilat<br />

yadaim.<br />

Motsi Matzá – Bênção<br />

da matzá<br />

Segurando as três matzót (as duas<br />

inteiras e a quebrada), recita-se a bênção<br />

do pão (Hamotsi): Baruch Atá<br />

Adonai El-ohenu melech haolam ha-<br />

motsilechem min haaretz. Imediatamente<br />

solta-se a matzá inferior e, segurando<br />

a matzá superior e a do meio,<br />

diz-se: Baruch Atá Ad-onai El-ohenu<br />

melech haolam asher ki<strong>de</strong>shanu bemitsvotav<br />

vetsivanu al achilat matzá.<br />

Marór – Erva amarga<br />

Pega-se a folha <strong>de</strong> alface e mergulha-se<br />

no charosset.<br />

Não se reclina o corpo ao comer o<br />

marór, pois este nos lembra a servidão<br />

e a amargura. Antes <strong>de</strong> comer recita-se<br />

a seguinte bênção: Baruch Atá<br />

Adonai El-ohenu melech haolam asher<br />

ki<strong>de</strong>shanu bemitsvotav vetsivanu al<br />

achilat marór.<br />

Korech – Sanduíche<br />

<strong>de</strong> matzá e marór<br />

Na Torá está escrito: Al matzot umerorim<br />

yocheluhu. Hillel entendia que se<br />

<strong>de</strong>via comer o sacrifício pascal junto<br />

com matzá e marór. Portanto, pega-se<br />

a matzá inferior e coloca-se entre dois<br />

pedaços da mesma (equivalentes ambos<br />

a um kazait), um outro kazait <strong>de</strong><br />

alface romana (pesando cerca <strong>de</strong> 29 g),<br />

mergulha-se tudo junto no charosset e<br />

se diz: Zecher lamikdash kehilel hazaken<br />

shehaya korchan veochlam bebat achat<br />

lekayem ma sheneemar al matzot umerorim<br />

yocheluhu. Come-se, então, reclinando-se<br />

sobre o lado esquerdo.<br />

Shulchan Orech –<br />

Refeição festiva<br />

Serve-se a refeição, que se inicia<br />

com o ovo cozido. Depois, seguem-se<br />

os pratos especialmente preparados<br />

para a ceia. Deve-se acabar antes da<br />

meia-noite, para po<strong>de</strong>r comer o aficoman<br />

antes <strong>de</strong>sse horário.<br />

Tsafun – Aficoman<br />

Após a refeição come-se um kazait<br />

(29 g) <strong>de</strong> matzá, que é o aficoman, recitando-se<br />

a seguinte frase: “Zecher<br />

lekorbarn Pêssach haneechal al hassabá”.<br />

Após esta bênção, não é mais<br />

permitido comer ou beber durante<br />

essa noite, com exceção dos últimos<br />

copos <strong>de</strong> vinho.<br />

Barech – Bênção<br />

após a refeição<br />

Enche-se o copo <strong>de</strong> vinho pela<br />

terceira vez, recitando-se, então, o<br />

Bircat Hamazon (Graças após as refeições).<br />

Logo se diz a bênção do vinho<br />

e se toma o terceiro copo, reclinado<br />

sobre o lado esquerdo.<br />

Halel – Louvores<br />

Enche-se o quarto copo <strong>de</strong> vinho e<br />

recitam-se os louvores a D-us <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Shefoch Chamatchá, seguido do Halel<br />

até a conclusão do Nishmat. Bebe-se o<br />

quarto copo <strong>de</strong> vinho com o corpo reclinado<br />

sobre o lado esquerdo e <strong>de</strong>pois<br />

recita-se a berachá “Al haguefen veal<br />

peri haguefen”, a bênção para quando<br />

se bebeu vinho em quantida<strong>de</strong> maior<br />

do que 45 centímetros cúbicos.<br />

Nirtsá – Aceitação<br />

Tendo conduzido o Se<strong>de</strong>r da maneira<br />

certa, conforme indicado acima, a<br />

pessoa po<strong>de</strong> estar segura <strong>de</strong> que o mesmo<br />

foi bem aceito. Então, termina-se<br />

com a seguinte proclamação: Leshaná<br />

habaá b’Yerushalaim – “No próximo ano<br />

em Jerusalém”.<br />

Contagem do Ômer<br />

6 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2004<br />

Na segunda noite <strong>de</strong> Pêssach, iniciamos<br />

Sefirát HaÔmer, contando 49<br />

dias entre Pessach e Shavuót, dia em<br />

que a Torá foi outorgada ao povo <strong>de</strong><br />

Israel. Esta contagem foi or<strong>de</strong>nada por<br />

D-us e serve como preparação ao povo<br />

para o recebimento da Torá. Na tradição<br />

<strong>Judaica</strong>, o termo “sefirá” também<br />

possui significado específico, pois o<br />

povo ju<strong>de</strong>u foi redimido <strong>de</strong> um terrível<br />

período <strong>de</strong> escravidão física na “casa<br />

do cativeiro”, no Egito. Em Shavuot,<br />

que comemora D-us outorgando Seu<br />

precioso presente, a Torá, ao povo ju<strong>de</strong>u<br />

no Monte Sinai, celebramos nossa<br />

passagem da Escravidão Espiritual à<br />

<strong>Liberda<strong>de</strong></strong> Espiritual.<br />

O objetivo da Re<strong>de</strong>nção Física é a<br />

Re<strong>de</strong>nção Espiritual. Sem a Espiritual,<br />

a Física nada significaria. A única fonte<br />

<strong>de</strong> moralida<strong>de</strong> é D-us; o ser humano<br />

é muito criativo, mas é incapaz <strong>de</strong><br />

inventar um código moral. O melhor<br />

que o ser humano po<strong>de</strong> fazer por si<br />

só é estabelecer regras que impeçam<br />

a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mergulhar no caos. A<br />

Torá prescreve um modo <strong>de</strong> vida que<br />

eleva o ser humano acima da natureza<br />

puramente física, ao nível <strong>de</strong> um<br />

ser moral e espiritual.<br />

Por que contamos? O povo <strong>de</strong> Israel<br />

ao partir do Egito recebeu a Torá<br />

sete semanas mais tar<strong>de</strong> no Monte Sinai.<br />

Todos os anos lembramos isto com<br />

a Contagem do Ômer, por quarenta e<br />

nove dias. Começamos na segunda noite<br />

<strong>de</strong> Pessach: “Hoje é o primeiro dia do<br />

ômer”, proclamamos na primeira noite<br />

da contagem. “Hoje são dois dias do<br />

ômer” ou “Hoje são sete dias, que perfazem<br />

uma semana do ômer”, “Hoje são<br />

vinte e seis dias que perfazem três semanas<br />

e cinco dias do ômer”, e assim<br />

por diante, até “hoje são quarenta e<br />

nove dias, que perfazem sete semanas<br />

do ômer.” Até chegar no qüinquagésimo<br />

dia que é Shavuót.<br />

Os cabalistas explicam que cada um<br />

<strong>de</strong> nós possui sete po<strong>de</strong>res no coração<br />

- amor, reverência, beleza, ambição,<br />

humilda<strong>de</strong>, compromisso e realeza - e<br />

que cada um <strong>de</strong>sses sete po<strong>de</strong>res inclui<br />

elementos <strong>de</strong> todos os sete. São representados<br />

pelas sete semanas e 49 dias<br />

da contagem do ômer. A cada Pessach,<br />

recebemos uma arca do tesouro contendo<br />

o mais grandioso dom jamais concedido<br />

ao homem - o dom da liberda<strong>de</strong>. É<br />

também um dom completamente inútil.<br />

O que é liberda<strong>de</strong>? O que po<strong>de</strong> ser feito<br />

com ela? Nada. A menos que abramos a<br />

arca do tesouro e contemos seu conteúdo.<br />

Então, no segundo dia <strong>de</strong> Pessach,<br />

após termos levado nosso tesouro<br />

para casa, começamos a contagem.<br />

Contamos sete vezes sete, porque<br />

o presente da liberda<strong>de</strong> foi dado a cada<br />

um dos sete po<strong>de</strong>res e dimensões <strong>de</strong><br />

nossa alma. De fato, <strong>de</strong> que serve a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar, se somos escravos<br />

<strong>de</strong> influências externas e neuroses internas?<br />

De que vale a ambição, se somos<br />

seu servo ao invés <strong>de</strong> seu amo?


OLHAR<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○<br />

Vacina para gripe em gotas nasais<br />

Cientistas israelenses estão <strong>de</strong>senvolvendo<br />

uma vacina contra gripe que apenas com uma<br />

gota nasal protegerá pessoas <strong>de</strong> todas as<br />

ida<strong>de</strong>s contra todas as formas atuais e futuras<br />

da doença durante cinco anos. A vacina está<br />

sendo testada em ratos e os testes em seres<br />

humanos começarão em 2006. É o resultado <strong>de</strong><br />

20 anos <strong>de</strong> pesquisas da professora Ruth<br />

Arnon, do Instituto Weizmann, da equipe<br />

veterana que <strong>de</strong>senvolveu o Copaxone para a<br />

esclerose múltipla. Os testes finais em<br />

laboratório estão sendo efetuados na empresa<br />

BiondVax. As vacinas convencionais são válidas<br />

apenas por um ano, dado que o vírus — cujas<br />

complicações po<strong>de</strong>m ser mortais para idosos ou<br />

pessoas com sistema imunológico <strong>de</strong>bilitado<br />

— muda a cada ano, período em que entre 5 a<br />

20% da população mundial contrai a doença.<br />

Complicações <strong>de</strong>correntes da gripe atingem 1,<br />

2 milhão <strong>de</strong> pessoas por ano.<br />

Cirurgia <strong>de</strong> bacia assistida<br />

por computador<br />

Pela primeira vez no mundo, cirurgiões<br />

ortopedistas realizaram uma operação <strong>de</strong><br />

recolocação <strong>de</strong> bacia com o auxílio <strong>de</strong> um<br />

sistema <strong>de</strong> navegação computadorizado. Foi no<br />

Hospital Universitário Hadassah, em Israel.<br />

Esse complexo procedimento cirúrgico —<br />

conhecido como artroscopia — é o tratamento<br />

para o último estágio da artrite, efetuado<br />

anualmente em mais <strong>de</strong> 150 mil pessoas nos<br />

EUA. Duas empresas gigantes do exterior —<br />

Zimmer e Medtronics — pioneiras no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> hardware e software para<br />

cirurgias escolheram o Hospital Hadassah para<br />

realizar o procedimento, <strong>de</strong>vido à experiência<br />

<strong>de</strong> seus ortopedistas em cirurgias assistidas<br />

por computador, incluindo a remoção <strong>de</strong><br />

estilhaços em vítimas do terrorismo.<br />

Esta tecnologia que melhora a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida do paciente no pós-cirúrgico,<br />

com maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentos,<br />

será disponibilizada aos melhores<br />

centros cirúrgicos.<br />

Carro controlado por celular<br />

Um novo dispositivo inventado por israelenses<br />

po<strong>de</strong> mostrar aos pais qual a velocida<strong>de</strong> em<br />

que seus filhos estão dirigindo, através <strong>de</strong><br />

mensagem do telefone celular do interessado,<br />

que se comunica com o sistema <strong>de</strong> alarme<br />

anti-roubo e com marcador <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> do<br />

automóvel. Em Israel, como em muitos países<br />

do Oci<strong>de</strong>nte, é gran<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> automóvel envolvendo jovens,<br />

especialmente nos finais <strong>de</strong> semana.<br />

A invenção acionada por controle remoto,<br />

patenteada pela empresa Ituran, também<br />

permitirá às firmas controlarem os motoristas<br />

dos carros que estão em serviço.<br />

Israel e Jordânia criam instituto científico<br />

Israel e a Jordânia criaram em conjunto um<br />

instituto científico <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções,<br />

HIGH-TECH<br />

após cinco anos <strong>de</strong> preparativos secretos.<br />

A pedra fundamental do ambicioso projeto<br />

acaba <strong>de</strong> ser colocada em Arava, próximo<br />

a Ein Yahav. Espera-se que estudantes<br />

israelenses e jordanianos trabalhem juntos<br />

em projetos <strong>de</strong> pesquisas biológicas e<br />

tecnológicas. O principal objetivo é a<br />

aproximação entre os dois países.<br />

Myasthenia Gravis perto da cura<br />

Uma empresa israelense está em estágio <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento avançado <strong>de</strong> um tratamento<br />

efetivo para Myasthenia Gravis (MG). É uma<br />

doença crônica que afeta cerca <strong>de</strong> 100 mil<br />

pessoas em todo o mundo, caracterizada por<br />

fraqueza, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> abrir os olhos e<br />

problemas musculares nas mãos e pernas.<br />

O sistema imunológico do corpo ataca os<br />

receptores <strong>de</strong> acetylcholine na junção<br />

neuromuscular, interferindo na função da<br />

musculatura, em diversos casos inclusive<br />

afetando a respiração. A empresa Ester<br />

Neurosciences, <strong>de</strong> Herzliya, acaba <strong>de</strong> completar<br />

com sucesso a fase <strong>de</strong> testes da substância<br />

Monarsen – um medicamento por via oral para<br />

a doença neurológica e em conseqüência<br />

galgou um <strong>de</strong>grau em termos <strong>de</strong> autorização da<br />

FDA, Departamento dos EUA, que regulamenta<br />

as medicações, recebendo o status <strong>de</strong> Orphan<br />

Drug Designation, (antigo EN101). O Monarsen<br />

é mais eficaz e com menos efeitos colaterais<br />

do que outras substâncias pesquisadas.<br />

Trabalho, a fonte da juventu<strong>de</strong><br />

Um estudo realizado durante 13 anos com<br />

idosos pelo Departamento <strong>de</strong> Reabilitação e<br />

Geriatria do Hospital Hadassah Mt. Scopus<br />

mostra o segredo da fonte da juventu<strong>de</strong>:<br />

continuar trabalhando o mais que pu<strong>de</strong>r e se<br />

isto não for possível atuar como voluntário.<br />

É o que explica o dr. Yaram Maaravi, chefe do<br />

<strong>de</strong>partamento e lí<strong>de</strong>r do estudo, que envolveu<br />

1000 cidadãos israelenses, nascidos em 1920.<br />

'Aqueles que continuam trabalhando após os<br />

70 anos têm mais chance <strong>de</strong> viver <strong>de</strong> maneira<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte até aos 77 anos ou mais'. Há<br />

pouca diferença se o trabalho é voluntário ou<br />

não, se é uma ou mais vezes por semana.<br />

Encontrada solução para apnéia infantil<br />

De acordo com uma nova pesquisa do Centro<br />

Médico Soroka <strong>de</strong> Israel, é possível melhorar a<br />

qualida<strong>de</strong> do sono <strong>de</strong> crianças que sofrem da<br />

síndrome <strong>de</strong> apnéia (que influi no <strong>de</strong>sempenho<br />

escolar e no comportamento), através da<br />

remoção das amídalas, bem como da a<strong>de</strong>nói<strong>de</strong>.<br />

Os efeitos da apnéia durante o sono são<br />

totalmente reversíveis, explica o professor Asher<br />

Tal, que chefia a pesquisa junto com o dr. Haim<br />

Reuveni do Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública e <strong>de</strong><br />

Pediatria e o dr. Ariel Tarasiuk, chefe do<br />

Laboratório do Sono. As <strong>de</strong>scobertas foram<br />

publicadas em dois estudos separados em<br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003, nos jornais médicos Chest e<br />

Sleep. Segundo os pesquisadores, 3% das crianças<br />

têm problemas durante o sono, resultantes do<br />

bloqueio das vias aéreas superiores.<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

Pessach: 17<br />

Uma<br />

visão histórica e universal<br />

Edda Bergmann *<br />

A Hagadá <strong>de</strong> Pessach que foi escrita muitos anos mais tar<strong>de</strong> se inicia com um<br />

relato histórico da maior importância.<br />

“Entretanto levantou-se no Egito um novo rei que não conhecera José”. Estabeleceu<br />

sobre eles inspetores <strong>de</strong> obras para os oprimirem com trabalhos penosos<br />

e eles edificaram para o Faraó as cida<strong>de</strong>s dos armazéns <strong>de</strong> Pitom e Ramsés<br />

(Êxodo 1-8-19). O novo rei que não conhecera José era Ramsés II. Seu <strong>de</strong>sconhecimento<br />

é perfeitamente compreensível, porque José viveu séculos antes<br />

<strong>de</strong>le e no tempo dos hicsos.<br />

Os egípcios não nos transmitiram nem os nomes dos odiados soberanos hicsos<br />

quanto mais <strong>de</strong> dignatários.<br />

Portanto, a época <strong>de</strong> José e posteriormente <strong>de</strong> seus irmãos no Egito é a época<br />

em que o país esteve sob a <strong>de</strong>nominação dos hicsos e quando esta terminou, os<br />

israelitas que estavam na fértil terra <strong>de</strong> Gessem foram feitos escravos pelo faraó<br />

que voltava ao po<strong>de</strong>r e resolvera construir as cida<strong>de</strong>s armazéns.<br />

Um egípcio que se prezasse tinha dois motivos para <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhar os israelitas,<br />

estes eram asiáticos e portanto <strong>de</strong>sprezíveis “vagabundos da areia” e teriam sido<br />

amigos dos invasores hicsos, o que não representava recomendação para o faraó.<br />

Nos <strong>de</strong>talhes das inscrições arqueológicas aparece um povo <strong>de</strong> pele clara vestido<br />

com tanga <strong>de</strong> linho e no trabalho pesado da construção <strong>de</strong> tijolos os capatazes<br />

<strong>de</strong> pele escura. Está claro que eles não estavam ali <strong>de</strong> pura e espontânea vonta<strong>de</strong><br />

mas sim, sob um regime <strong>de</strong> escravidão forçada. As duas cida<strong>de</strong>s dos escravos, uma<br />

era a antiga capital <strong>de</strong> Ecos, Abares, e pela nova política internacional do Egito não<br />

era aconselhável a capital em Tebas, muito distante do Delta, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> os egípcios<br />

po<strong>de</strong>riam controlar melhor a irrequieta Ásia e os domínios <strong>de</strong> Canaã e da Síria.<br />

De Avaris, a antiga terra dos irmãos <strong>de</strong> José, surgiu Piton Ramsés Meir Aimon.<br />

Se 4.000 anos a.C. já houvesse um registro <strong>de</strong> patentes os egípcios po<strong>de</strong>riam<br />

ter registrado a invenção dos silos. Os silos das fazendas americanas e cana<strong>de</strong>nses<br />

ainda hoje são construídos sob o mesmo princípio.<br />

José mandou construir celeiros e os seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes construíram-nos como<br />

escravos da terra <strong>de</strong> Gessem.<br />

Ramsés II <strong>de</strong>u muito trabalho aos arqueólogos, pois por vaida<strong>de</strong> colocou o seu<br />

nome em todas as construções do Egito.<br />

Segundo o nosso conhecimento atual da topografia do Delta Oriental, a narrativa<br />

do começo do Êxodo (Ex. 12-37 e 13-20) é absolutamente exata topograficamente<br />

e a narrativa histórica também da sua peregrinação nas regiões do Sinai,<br />

Madiã e Ca<strong>de</strong>s. Até a data da saída do Egito, por tanto tempo discutida, po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>terminada hoje em 1290 a.C.<br />

O tempo dos filhos <strong>de</strong> Israel no Egito foi <strong>de</strong> 450 anos. Moisés era um hebreu<br />

nascido no Egito com um nome tipicamente egípcio como era usado no país do Nilo.<br />

Sendo Moisés já gran<strong>de</strong> quando resolvera visitar seus irmãos e viu sua aflição,<br />

razão que fez com que matasse um capataz. Saiu da jurisdição do Egito para Madiã,<br />

pois Canaã era terra ocupada pelo Egito e a leste do Golfo <strong>de</strong> Ácaba ficava Madiã<br />

com cujos habitantes tinha laços <strong>de</strong> parentesco pois era a terra <strong>de</strong> Célera, mulher<br />

<strong>de</strong> Abrão após a morte <strong>de</strong> Sara.<br />

As pragas são comuns no Egito mas acontecem em diferentes épocas do ano e a<br />

coincidência <strong>de</strong> terem surgido todas ao mesmo tempo é intrigante para os historiadores.<br />

Moisés conduziu seu povo pela região das minas que começava em Menphis e<br />

passava junto à ponta do Golfo.<br />

Para uma caravana com muita gente e rebanhos 70 quilômetros representava<br />

uma marcha <strong>de</strong> três dias sem encontrar água, a água é salgada, sulfurosa e amarga<br />

diz a Bíblia.<br />

As codornizes e o maná são inteiramente naturais naquela região e não faltam<br />

escritores fi<strong>de</strong>dignos sobre sua existência.<br />

Po<strong>de</strong>-se encontrar o sobrenatural em tudo isto? Com toda a certeza sim!<br />

As coincidências históricas e a naturalida<strong>de</strong> da comunicação <strong>de</strong> Moisés com D-us<br />

no Monte Sinai on<strong>de</strong> as Tábuas da Lei que até hoje fazem parte dos códigos universais<br />

do mundo chamado civilizado são prova disso.<br />

O sobrenatural po<strong>de</strong> estar em qualquer parte, <strong>de</strong>ntro e fora <strong>de</strong> nós mesmos. E<br />

ele sempre será <strong>de</strong>tectado como algo superior e inexplicável para nossas inteligências,<br />

mas muitas vezes captado pelo que <strong>de</strong> mais digno existe em cada um <strong>de</strong> nós,<br />

“a nossa alma”.<br />

Vamos estudar as coincidências e teremos um Pessach mais rico e sua influência<br />

e percepção mais duradoura.<br />

Vamos conhecer melhor o nosso eu.<br />

* Edda Bergmann é vice-presi<strong>de</strong>nte internacional da B’nai B’rith.


18<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

INGREDIENTES:<br />

1 frango (em<br />

pedaços) gordo;<br />

2 cenouras;<br />

1 cebola;<br />

2 batatas;<br />

2 galhos <strong>de</strong> salsinha<br />

(quando ferver<br />

retirar);<br />

1 tablete <strong>de</strong> caldo<br />

Receitas com grife<br />

Guefilte fish (bolinhas <strong>de</strong> peixe)<br />

INGREDIENTES:<br />

• 300 gramas <strong>de</strong> carpas;<br />

• 300 gramas <strong>de</strong> tainha;<br />

• 300 gramas <strong>de</strong> perna <strong>de</strong> moça;<br />

• 3 cebolas;<br />

• 1 ovo cru;<br />

• 1 ovo cozido;<br />

• Farinha <strong>de</strong> matzá;<br />

• 2 cenouras;<br />

• Cabeças, espinhas e rabos <strong>de</strong> peixes;<br />

• Gelatina sem sabor (opcional);<br />

• Sal;<br />

• Pimenta;<br />

• Açúcar (opcional).<br />

• Ovos;<br />

• Farinha <strong>de</strong> matzá;<br />

• Caldo <strong>de</strong> carne (em cubos).<br />

<strong>de</strong> carne;<br />

1 talo <strong>de</strong> aipo;<br />

Sal a gosto;<br />

Pimenta do reino<br />

(opcional);<br />

½ colher <strong>de</strong> sopa<br />

<strong>de</strong> vinagre;<br />

1 colher <strong>de</strong> chá <strong>de</strong><br />

açúcar.<br />

INGREDIENTES: MODO DE FAZER<br />

• 1 pato;<br />

• Gengibre bem picado;<br />

• 2 cebolas bem picadas;<br />

• Vinagre;<br />

• 1 amarrado <strong>de</strong> cheiro ver<strong>de</strong>;<br />

• 6 <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> alho bem picado;<br />

• 5 laranjas;<br />

• 1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> sal;<br />

• ½ cálice <strong>de</strong> vinho branco ou tinto seco;<br />

• Limão.<br />

Kohava Teig<br />

MODO DE FAZER<br />

Moer os peixes com uma cebola picada, 1 ovo cru, 1 ovo cozido,<br />

sal, pimenta e uma pitada <strong>de</strong> açúcar. Misturar com a farinha <strong>de</strong><br />

matzá (o suficiente para dar liga e fazer as bolinhas). Pegar<br />

uma panela gran<strong>de</strong>, colocar água, as cenouras, duas cebolas<br />

cortadas em pedaços gran<strong>de</strong>s, cabeças, rabos e espinhas <strong>de</strong><br />

peixes, sal, pimenta e açúcar a gosto. Os ju<strong>de</strong>us poloneses usavam<br />

mais açúcar porque era costume comer o guefilte fish doce. Deixar<br />

cozinhar até as cenouras estarem no ponto e acrescentar as<br />

bolinhas <strong>de</strong> peixe para cozinhar. Depois <strong>de</strong> cozidas, tire do molho<br />

e coe o caldo. Arrumar o guefilte fish numa travessa e colocar<br />

em cima <strong>de</strong> cada um, uma ro<strong>de</strong>la <strong>de</strong> cenoura e um pequeno<br />

galho <strong>de</strong> salsinha para enfeitar. Para quem gosta com mocotó,<br />

acrescenta-se um pacote <strong>de</strong> gelatina sem sabor, dissolvida em<br />

meia xícara do molho e coloca no microondas por meio minuto.<br />

Misturar ao caldo restante e regar o guefilte fish com ele.<br />

Gol<strong>de</strong>ne Yiuach (caldo dourado)<br />

MODO DE FAZER<br />

Sheilla Figlarz<br />

Colocar todos os ingredientes<br />

numa panela gran<strong>de</strong> com água.<br />

Deixar cozinhar. Quando ferver<br />

retirar a salsinha. À medida que<br />

for criando espuma retirá-la.<br />

Quando a carne estiver mole, o<br />

caldo estará pronto. É só coar e<br />

servir com os complementos.<br />

Kneidalach (bolas <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> matzá p/sopa)<br />

INGREDIENTES: MODO DE FAZER<br />

Para cada ovo colocar 2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong><br />

matzá. Bater os ovos com um pouco <strong>de</strong> sal e acrescentar<br />

a farinha mexendo bem. Deixar <strong>de</strong>scansar por uns 10<br />

minutos. Colocar em colheradas no caldo e cozinhar.<br />

Pato ao molho <strong>de</strong> laranja<br />

Gitcia Wahrhaftig<br />

Sheilla Figlarz<br />

Cortar o pato e esfregar bastante limão para<br />

limpar. Lavar bem. Acrescentar todos os<br />

temperos, menos as laranjas, um dia antes, e<br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>scansar na gela<strong>de</strong>ira. Colocar numa<br />

forma com todos os temperos e acrescentar<br />

margarina. Colocar no forno, em temperatura<br />

média para assar. Regar com o caldo das<br />

laranjas e quando estiver bem dourado, mais<br />

ou menos 40 minutos, está pronto para servir.<br />

Não esqueça <strong>de</strong> tirar os temperos, coar e<br />

recolocar o molho no pato.<br />

Ferfale (substitui o arroz) - Para 6 pessoas<br />

INGREDIENTES: MODO DE FAZER<br />

• 4 xícaras <strong>de</strong> ferfale;<br />

• 2 ovos inteiros;<br />

• Cebola;<br />

• Azeite;<br />

• Sal à gosto.<br />

Misturar o ferfale com os ovos batidos numa<br />

panela e coloca no fogo baixo até que fique<br />

bem seco. Colocar água fervendo o suficiente<br />

para cobrir. Deixar cozinhar até ficar seco.<br />

Dourar uma cabeça gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> cebola em azeite<br />

e colocar o ferfale. Provar o tempero. Mexer<br />

para misturar bem e servir.<br />

O LEITOR ESCREVE<br />

Serieda<strong>de</strong> e informação<br />

Prezados Senhores:<br />

Sentimo-nos premiados ao ganhar <strong>de</strong><br />

um amigo o nº 20 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003.<br />

Os artigos contidos nesta publicação,<br />

<strong>de</strong>monstram a serieda<strong>de</strong> dos articulistas,<br />

mantendo uma informação na comunida<strong>de</strong><br />

judaica em que poucos até hoje fizeram.<br />

Gostaria <strong>de</strong> saber a forma <strong>de</strong> receber<br />

esta publicação, inclusive seria um meio<br />

<strong>de</strong> mandar para nosso filho que vive em<br />

Tiberias, Israel. Temos um parente que<br />

também gostaria <strong>de</strong> receber através das<br />

condições <strong>de</strong> vocês.<br />

Antecipadamente agra<strong>de</strong>cemos a atenção.<br />

Jankiel Zylbersztejn - Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ<br />

NR: Já provi<strong>de</strong>nciamos a inclusão dos<br />

nomes e en<strong>de</strong>reços para recebimento das<br />

próximas edições <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

Interesse no Judaísmo<br />

Prezados Redatores:<br />

Tenho sincero interesse em apren<strong>de</strong>r os<br />

ensinamentos da Torá. Infelizmente, aqui no<br />

Brasil, livros acerca do tema são obviamente<br />

difíceis <strong>de</strong> encontrar e os que se encontram<br />

nas livrarias, além <strong>de</strong> caros, mais das<br />

vezes, mostram-se superficiais ou com enfoques<br />

afetados. Eu tenho buscado literatura<br />

sobre judaísmo na internet, mas meu acesso<br />

à re<strong>de</strong> é limitado e imprimir os textos em<br />

copiadoras (para estudar em casa) tem sido<br />

muito dispendioso para mim. Assim, a falta<br />

<strong>de</strong> recursos financeiros tem me imposto sérias<br />

dificulda<strong>de</strong>s para dar seqüência a meus<br />

estudos. Creio que a divulgação das verda<strong>de</strong>s<br />

expostas na Torá seja um ofício a que se<br />

<strong>de</strong>dicam seus seguidores. Assim sendo, venho<br />

até Vossas Senhorias, rogar por ajuda<br />

para viabilizar meu caminho nesse aprendizado.<br />

Se acaso Vossas Senhorias mantêm -<br />

ou tiverem contato com instituição que mantenha<br />

- um programa <strong>de</strong> divulgação do Judaísmo,<br />

gostaria <strong>de</strong> receber material literário<br />

que acaso possuam para distribuição gratuita.<br />

Se acaso sejam escassos - ou mesmo<br />

não existam - livros em português para distribuição<br />

gratuita, tenho estudado inglês e<br />

italiano por conta própria - sem professor -<br />

e, embora ainda com dificulda<strong>de</strong>, consigo<br />

assimilar textos nesses idiomas razoavelmente<br />

bem. Creio também, que embora nunca<br />

tenha estudado espanhol, que a leitura do<br />

idioma não seja <strong>de</strong> todo inviável. Antecipando<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> já meus sinceros agra<strong>de</strong>cimentos<br />

pela atenção e generosida<strong>de</strong>, subscrevo-me.<br />

Respeitosamente,<br />

Enio César - Belo Horizonte, Minas Gerais<br />

A cerca e a vida<br />

Prezados Senhores:<br />

Sou um argentino que em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

2003 esteve em Israel e pô<strong>de</strong> comprovar<br />

como graças à cerca <strong>de</strong> segurança antiterrorista,<br />

aos excelentes serviços <strong>de</strong> inteligência<br />

e ao acionar do eficiente exército<br />

<strong>de</strong> Israel foi possível evitar mais <strong>de</strong><br />

40 atentados somente em novembro <strong>de</strong><br />

2003. Visitei também o Hospital Hadassa,<br />

em Jerusalém, e pu<strong>de</strong> constatar as <strong>de</strong>sastrosas<br />

conseqüências humanas provocadas<br />

pelos <strong>de</strong>lirantes assassinos… O problema<br />

não é o termo que se utiliza, muro ou cerca,<br />

e sim, o drama do terrorismo criminoso.<br />

O muros ou cercas po<strong>de</strong>m ser levantados<br />

e <strong>de</strong>smontados, as vidas humanas, não.<br />

Víctor Zaj<strong>de</strong>nberg, professor - Argentina<br />

Interesse em sites<br />

Senhor Diretor:<br />

Gosto muito do povo ju<strong>de</strong>u e gostaria<br />

<strong>de</strong> receber en<strong>de</strong>reços <strong>de</strong> sites que falam<br />

do povo, ou mesmo fotos das cida<strong>de</strong>s israelenses.<br />

Seu povo é muito valente.<br />

Anthony P. Pamplona<br />

NR: Acesse a página eletrônica do jornal<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> na internet em<br />

www.visaojudaica.com.br e encontre<br />

muitos links para os sites que <strong>de</strong>seja.<br />

Veracida<strong>de</strong> da nota<br />

Senhores:<br />

A edição <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> <strong>de</strong> fevereiro<br />

<strong>de</strong>ste ano (nº 21) é o primeiro número<br />

que recebo: gostei.<br />

Comento sobre a nota a respeito <strong>de</strong><br />

alho para tratamento <strong>de</strong> câncer (Olhar<br />

High-Tec) — realmente verda<strong>de</strong>iro; sou<br />

médico fitoterapeuta e uso muito o alho<br />

com o objetivo <strong>de</strong> ajudar o organismo a<br />

<strong>de</strong>rrotar cânceres.<br />

Luiz Carlos Leme Franco - Curitiba, PR<br />

Interesse pelo nome<br />

Prezados amigos:<br />

Gostaria que me enviassem o meu nome escrito<br />

em hebraico. Agra<strong>de</strong>ço <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já a atenção.<br />

Alexandra - chanda-br@bol.com.br<br />

Sugestão <strong>de</strong> boicote<br />

Senhores:<br />

Com tudo o que temos lido ultimamente<br />

a respeito Mel Gibson e seu filme falso<br />

e anti-semita sobre a paixão <strong>de</strong> Cristo,<br />

procurando lançar o ódio medieval e o<br />

preconceito das trevas contra os ju<strong>de</strong>us<br />

sugiro que iniciemos um boicote a todos<br />

os filmes <strong>de</strong>sse canastrão agora encenando<br />

a figura — infelizmente real — <strong>de</strong> um<br />

fanático religioso. Por sinal, já repararam<br />

que diversos canais <strong>de</strong> TV passaram<br />

a programar filmes estrelados por Gibson<br />

para tirar partido da polêmica? Vamos<br />

usar os controles remotos!<br />

Vera Lúcia Nabil Haram - Curitiba - PR


Rachel Yurkiewicz comemorou<br />

com um grupo <strong>de</strong> amigas mais<br />

um aniversário. Daqui, os<br />

nossos votos <strong>de</strong> Mazal Tov.<br />

Já em funcionamento “La<br />

Donna Pizza” – Disk Pizza<br />

3023-6999 e fale com Alex ou<br />

Tatiana.<br />

Já estão a venda no CIP<br />

produtos para Pessach como<br />

matzá nacional e importada,<br />

matze meil, ferfel, chrerin e<br />

vinho kosher lepessach. O<br />

horário <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong> 2ª a<br />

6ª feira é das 14 às 18h. Na<br />

compra <strong>de</strong> uma rifa concorre-se<br />

a uma bicicleta com marchas.<br />

No domingo <strong>de</strong> Purim, 6/3,<br />

aconteceu churrasco na<br />

chácara dos Zugman. Foi lida a<br />

meguilá <strong>de</strong> Ester e servido um<br />

churrasco casher a todos que<br />

lá compareceram. Ambiente<br />

alegre e <strong>de</strong>scontraído para<br />

comemorar a data.<br />

Aspecto do churrasco <strong>de</strong> Purim, realizado<br />

na Chácara da família Zugman<br />

No mesmo dia aconteceu<br />

confraternização <strong>de</strong> Purim no<br />

CIP. Evento prestigiado e muito<br />

alegre, como <strong>de</strong>ve ser<br />

comemorada a data.<br />

Parabéns aos dois<br />

i<strong>de</strong>alizadores pela iniciativa e<br />

pelo sucesso!<br />

Se você precisa comprar<br />

material <strong>de</strong> limpeza para a sua<br />

empresa não esqueça <strong>de</strong>ste<br />

numero: 575-1314 ou então<br />

peça pelo e-mail<br />

higiepress@terra.com.br<br />

Betty Zimmerman — diretora do<br />

programa <strong>de</strong>staca: “Espero que<br />

possamos junto com os jovens<br />

ter um ano rico em novas<br />

experiências e vivências, <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> limites claros, que são muito<br />

necessários e importantes a<br />

todo adolescente”<br />

Dia 9/3 aconteceu o lançamento<br />

do livro do arquiteto. Jaime<br />

Lerner, “Acupuntura Urbana”, na<br />

Livraria Saraiva do Shopping<br />

Crystal. O evento foi prestigiado<br />

por nomes importantes da<br />

socieda<strong>de</strong> pensante curitibana.<br />

As filas para receber o autógrafo<br />

do escritor arquiteto tomaram<br />

conta dos corredores do<br />

shopping. E esgotaram-se os<br />

livros. Foi realmente o<br />

reconhecimento do que<br />

representa o nome Jaime Lerner.<br />

Sucesso!<br />

Empossada a nova diretoria da<br />

Wizo Paraná Biênio 2004/2006:<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Vera Scliar Sasson:<br />

Vice-presi<strong>de</strong>ntes: Regina Lucia<br />

Brenner, Tania Gisele Slud e<br />

Silvia Goldstein; Secretaria:<br />

Clara Grimberg e Silvia<br />

Goldstein; Tesouraria: Elizabeth<br />

Kulish, Tania Slud e Simone<br />

Soifer; Departamento <strong>de</strong> Cultura<br />

e Haguim (Festas <strong>Judaica</strong>s):<br />

Sara Kulish, Ester Jacubovitz,<br />

Sarita Kulish Fatuch e<br />

Raquel Fiselovici;<br />

Departamento Social e<br />

Promoções: Edy Balid,<br />

Sonia Copernik, Perola<br />

Berger, Regina Lucia<br />

Brenner e Sara Zugman,<br />

Rosita Reich e Clarice<br />

Hertz; Livro <strong>de</strong> Ouro: Blime<br />

Czizyk e Sara Zugman;<br />

Departamento <strong>de</strong><br />

Divulgação e Turismo:<br />

Alegre G. Bromfman,<br />

Helena Grimbaun, Regina<br />

Morgenstein, Clara<br />

Grimberg e Vera Scliar<br />

Sasson. Desejamos a todas um<br />

trabalho <strong>de</strong> sucesso!<br />

O CIAM — Centro Israelita <strong>de</strong><br />

Assistência ao Menor<br />

(www.cipanet.com.br), presidido<br />

por Anna Schvartzman e<br />

vencedor por duas vezes do<br />

Prêmio Bem Eficiente, estará<br />

participando <strong>de</strong> 25 a 28 <strong>de</strong><br />

março, da 3ª maior Feira Mundial<br />

<strong>de</strong> produtos e serviços para<br />

inclusão e reabilitação, a<br />

Reatech 2004, no Centro <strong>de</strong><br />

Exposições Imigrantes, em São<br />

Paulo. O evento é aberto ao<br />

público, com entrada gratuita e<br />

funcionará das 13 às 21 h.<br />

A instituição vai mostrar seus<br />

serviços que aten<strong>de</strong>m pessoas<br />

com necessida<strong>de</strong>s especiais e<br />

distúrbios psiquiátricos, além <strong>de</strong><br />

lançar dois novos programas, o<br />

<strong>de</strong> Estimulação Essencial (a<br />

Ao lado <strong>de</strong> Fani, Jaime Lerner autografa<br />

seu livro "Acupuntara Urbana", lançado<br />

com sucesso na Megastore da Livraria<br />

Saraiva, no Shopping Cristal, em Curitiba<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

Foto: Szyja Lorber<br />

partir da ida<strong>de</strong> zero até o final da<br />

vida) e seu Centro <strong>de</strong><br />

Reabilitação e Hidroterapia, que<br />

brevemente será inaugurado.<br />

Durante a Reatech 2004, as<br />

principais empresas nacionais e<br />

internacionais fabricantes <strong>de</strong><br />

produtos e fornecedoras <strong>de</strong><br />

serviços apresentarão seus<br />

lançamentos e novida<strong>de</strong>s<br />

voltados para as pessoas<br />

portadoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência<br />

(PPD´s). Conforme dados e<br />

pesquisas da Revista Nacional<br />

<strong>de</strong> Reabilitação, este setor já<br />

movimenta no País algo em torno<br />

<strong>de</strong> R$ 1 bilhão por ano. No<br />

Brasil, mais <strong>de</strong> 500 pessoas se<br />

tornam portadoras <strong>de</strong> algum tipo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência por dia (segundo<br />

dados da ONU e da OMS).<br />

Conforme o IBGE, em 2001, 24<br />

milhões <strong>de</strong> pessoas ou 15,9% da<br />

população do País eram<br />

portadoras <strong>de</strong> alguma <strong>de</strong>ficiência.<br />

A Feira é aberta ao público,<br />

contará com a participação <strong>de</strong><br />

150 expositores e aguarda um<br />

público <strong>de</strong> 20 mil pessoas.<br />

No dia 18 <strong>de</strong> fevereiro, mais uma<br />

turma <strong>de</strong> jovens <strong>de</strong> diversos<br />

Estados brasileiros embarcou<br />

para Israel, a fim <strong>de</strong> cursar um<br />

ano do Programa das Classes<br />

Brasileiras <strong>de</strong> Ayanot. O<br />

programa é coor<strong>de</strong>nado por<br />

Na’amat Brasil e visa oferecer ao<br />

jovem oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar<br />

em Israel, em português, com o<br />

diploma valendo tanto no Brasil<br />

como em Israel. A turma conta<br />

com professores e madrichim<br />

brasileiros que moram em Israel.<br />

Nossa cida<strong>de</strong> será palco, mais<br />

uma vez, do Festival <strong>de</strong> Teatro<br />

<strong>de</strong> Curitiba comandado por Victor<br />

Aronis. A abertura oficial será no<br />

dia 28, na Ópera <strong>de</strong> Arame com<br />

o espetáculo “Sonhos <strong>de</strong><br />

Einstein”. Imperdivel!<br />

Mazal tov à família Jitomirski, em<br />

especial à Fanny e José Aker,<br />

pelo bar mitzvá <strong>de</strong> Ariel realizado<br />

dia 13/3 em São Paulo, na<br />

Sinagoga Knesset Israel. Mas os<br />

tefilin, ele os colocou pela<br />

primeira vez na Sinagoga do Ohel<br />

do Rebe <strong>de</strong> Lubavitch, em Nova<br />

York. Na quinta-feira, 11/3, foi a<br />

vez da sinagoga do Beit Chabad<br />

em Curitiba.<br />

Vera Sasson, presi<strong>de</strong>nte<br />

da Wizo-Paraná e Silvia<br />

Goldstein retornaram <strong>de</strong><br />

Israel, on<strong>de</strong> participaram<br />

do 23º Congresso Wizo<br />

Mundial, realizado entre<br />

18 e 22 <strong>de</strong> janeiro em<br />

Tel-Aviv, Israel.<br />

O encontro reuniu cerca <strong>de</strong> 800<br />

voluntárias proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> 50 países on<strong>de</strong> a Wizo atua.<br />

Além <strong>de</strong> ter proporcionado uma<br />

agradável oportunida<strong>de</strong> para<br />

troca <strong>de</strong> informações e<br />

atualização cultural, realizadas<br />

através <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

impecavelmente organizadas<br />

sob os mais diferentes temas <strong>de</strong><br />

interesse da platéia, elegeu as<br />

Sras. Helena Glaser e Tova<br />

Bem-Dov, respectivamente,<br />

Presi<strong>de</strong>nte e chefe do Executivo<br />

Mundial da organização.<br />

Aconteceu em SP a Mostra<br />

Rumos Dança 2003 do Itaú<br />

Cultural. Segundo a crítica da<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo, Inês<br />

Borgéa, ao longo da semana<br />

foram apresentados 6 trabalhos<br />

<strong>de</strong> 415 inscritos. Um <strong>de</strong>les,<br />

representando o Estado do<br />

Paraná foi o <strong>de</strong> Cinthia Kunifas,<br />

<strong>de</strong>scrito por Inês como<br />

“revelação”. Parabéns Cinthia,<br />

porque não é todo dia que<br />

alguém do Paraná é assim<br />

<strong>de</strong>scrito no Folha Ilustrada.<br />

A mais nova pedida da cida<strong>de</strong> é<br />

a Boutique <strong>de</strong> carnes Red Angus<br />

Beef, na Carlos <strong>de</strong> Carvalho,<br />

2.290, no Batel. Vale a pena<br />

conhecer os cortes especiais. E<br />

eles entregam em casa.<br />

Dr. Moysés Paciornik abre as<br />

portas do seu consultório, na<br />

rua Lourenço Pinto, todas as<br />

sextas-feiras, a partir das 15h para<br />

aulas gratuitas <strong>de</strong> ginástica que<br />

visam <strong>de</strong>ixar todos ágeis e com<br />

uma circulação sangüínea <strong>de</strong><br />

jovens <strong>de</strong> 18 anos. O próprio Dr.<br />

Moysés é o exemplo do efeito<br />

<strong>de</strong>sta terapia. Vamos nos mexer?<br />

Vera Sasson e<br />

Silvia Goldstein<br />

19


Foto: Arquivo Morashá<br />

20<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

As <strong>de</strong>z tribos perdidas - 7<br />

Conheça os “Beta<br />

Israel”, os khazares<br />

e os lemba<br />

No século nono, havia um homem chamado<br />

Eldad ha-Dani, mercador e viajante ju<strong>de</strong>u que ia<br />

e vinha entre as comunida<strong>de</strong>s judaicas da Babilônia,<br />

Norte da África e Espanha. Deixou um registro<br />

<strong>de</strong> suas viagens, que constituem mais uma<br />

lenda que um fato, mas mesmo assim <strong>de</strong>spertou<br />

o interesse das pessoas. Eldad dizia ser um mercador<br />

e erudito, originário <strong>de</strong> um país ju<strong>de</strong>u in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />

situado a leste da África. Declarava<br />

categoricamente que seu país era o lar das Tribos<br />

Perdidas <strong>de</strong> Asher, Gad, Naftali e Dan, e que<br />

ele próprio era da Tribo <strong>de</strong> Dan. Seu nome, ha-<br />

Dani, significa da Tribo <strong>de</strong> Dan em hebraico.<br />

Eldad mencionava que em “Kush”, na África<br />

Oriental, on<strong>de</strong> é hoje a Etiópia, viviam muitos<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes da Tribo <strong>de</strong> Dan e <strong>de</strong> outras Tribos<br />

<strong>de</strong> Israel.<br />

É interessante notar que ainda hoje na Etiópia,<br />

vive um grupo ju<strong>de</strong>u chamado falashas. Sua<br />

pele é negra e chamam a si mesmos “Beta Israel”,<br />

que significa Casa <strong>de</strong> Israel em hebraico.<br />

Eles vêm seguindo os preceitos da Torá <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

tempos antigos, <strong>de</strong> maneira um tanto <strong>de</strong>sprendida.<br />

Os falashas na Etiópia falam o gez, uma língua<br />

com termos hebraicos e guardam o shabat. (o sábado).<br />

Tragicamente, muitos <strong>de</strong>les pereceram <strong>de</strong>vido<br />

à guerra civil e ás recentes secas na Etiópia,<br />

mas os remanescentes emigraram para Israel. Foram<br />

transportados em aviões fretados pelo governo<br />

<strong>de</strong> Israel em 1983 e 1991, em duas operações<br />

conhecidas como Moisés e Salomão. Aproximadamente<br />

90% dos Beta Israel vivem hoje em Israel.<br />

Os khazares<br />

Eldad ha-Dani mencionou também o reino <strong>de</strong><br />

Khazar, que estava localizado entre o Mar Negro<br />

e o Mar Cáspio. Declarou que muitas das Dez Tribos<br />

Perdidas <strong>de</strong> Israel vivem em Khazar. Por volta<br />

<strong>de</strong> 740, o rei e todo o povo dos khazares converteram-se<br />

todos ao judaísmo. Foi uma conversão<br />

nacional, e esta também é uma história bem<br />

conhecida entre os ju<strong>de</strong>us.<br />

Ainda <strong>de</strong> acordo com Eldad, vivem em Khazar<br />

três das Dez tribos Perdidas <strong>de</strong> Israel. Eram Reuven,<br />

Gad e meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Menashe. Eles eram aproximadamente<br />

300.000 pessoas do povo <strong>de</strong> Khazar.<br />

No século nono da Era Comum, José, o rei <strong>de</strong><br />

Khazar, escreveu: “(A capital <strong>de</strong> Khazar consiste<br />

<strong>de</strong> três cida<strong>de</strong>s e) na segunda cida<strong>de</strong> vivem os<br />

israelitas, os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Ismael, cristãos e<br />

o povo que fala outros idiomas.” Assim, é perfeitamente<br />

possível que algumas das Dez tribos Perdidas<br />

<strong>de</strong> Israel ainda vivam lá.<br />

Os ju<strong>de</strong>us negros da Etiópia viveram por séculos separados das outras<br />

comunida<strong>de</strong>s judaicas<br />

Origem e história dos<br />

ju<strong>de</strong>us etíopes remonta<br />

aos tempos do rei Salomão Vivem<br />

or quase 3.000 anos, os ju<strong>de</strong>us<br />

negros da Etiópia, conhecidos<br />

como falashas e<br />

que se auto-<strong>de</strong>nominam<br />

“Beta Israel” mantiveram sua fé<br />

e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> lutando contra a fome,<br />

a seca e as guerras tribais. Acreditase<br />

que eles faziam parte <strong>de</strong> uma das<br />

<strong>de</strong>z tribos perdidas, seus ancestrais<br />

remontando ao rei Salomão e à rainha<br />

<strong>de</strong> Sheba (Sabá).<br />

Em maio <strong>de</strong> 1991, os falashas protagonizaram<br />

um êxodo milagroso. Com<br />

a Etiópia envolvida em profunda e brutal<br />

guerra civil, 14.200 membros <strong>de</strong>ssa<br />

comunida<strong>de</strong> foram transportados <strong>de</strong><br />

avião para Jerusalém pelas Forças <strong>de</strong><br />

Defesa <strong>de</strong> Israel. Toda a operação <strong>de</strong><br />

salvamento durou 25 horas.<br />

O herói que i<strong>de</strong>alizou e organizou<br />

o incrível resgate foi o então embaixador<br />

<strong>de</strong> Israel na Etiópia, Asher<br />

Naim. A epopéia foi narrada no livro<br />

Saving the lost tribe (Salvando a tribo<br />

perdida), no qual Naim relata com<br />

humor e conhecimento <strong>de</strong> causa a<br />

ação que se tornou conhecida como<br />

Operação Salomão.<br />

No outono <strong>de</strong> 1990, quando foi<br />

nomeado pelo governo israelense<br />

para o cargo <strong>de</strong> embaixador em Adis<br />

Abeba, sua i<strong>de</strong>ntificação com os ju<strong>de</strong>us<br />

etíopes foi imediata. Ele queria<br />

dar continuida<strong>de</strong> à chamada Operação<br />

Moisés, iniciada em 1985 pelos<br />

israelenses com o apoio dos norte-americanos<br />

e que durante três anos, tentou<br />

tirar do país <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhares<br />

<strong>de</strong> falashas através do Sudão, levando-os<br />

<strong>de</strong> barco para Israel. O sucesso<br />

daquela operação foi relativo, pois na<br />

época, só oito mil pessoas conseguiram<br />

fugir; o restante adoeceu na viagem<br />

e muitos voltaram à Etiópia. Muitas<br />

famílias foram, assim, separadas.<br />

História dos falashas<br />

Em 1860, missionários britânicos<br />

que viajavam pela Etiópia foram os<br />

primeiros oci<strong>de</strong>ntais a encontrar a<br />

tribo dos falashas, ficando surpresos<br />

ao ver as faces queimadas com traços<br />

semitas e que praticavam o judaísmo.<br />

Os membros <strong>de</strong>ssa comunida<strong>de</strong><br />

observavam o shabat e mantinham<br />

rígidas leis rituais da forma<br />

como estão <strong>de</strong>scritas na Torá.<br />

Pouco tempo <strong>de</strong>pois, o estudioso<br />

ju<strong>de</strong>u Joseph Halevy <strong>de</strong>cidiu conhecê-los<br />

pessoalmente. Seria possível<br />

que esses ju<strong>de</strong>us fossem parte <strong>de</strong> uma<br />

das tribos <strong>de</strong> Israel, perdidas há muito,<br />

foragidas durante as <strong>de</strong>struições<br />

do Primeiro ou Segundo Templo? Halevy<br />

foi recebido com curiosida<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong>sconfiança pelos nativos, que lhe<br />

perguntavam: O senhor, ju<strong>de</strong>u? Como<br />

po<strong>de</strong> ser ju<strong>de</strong>u? O senhor é branco!<br />

Mas quando Halevy mencionou a<br />

palavra Jerusalém, todos se convenceram.<br />

Os falashas haviam sido separados<br />

<strong>de</strong> outros ju<strong>de</strong>us por milhares<br />

<strong>de</strong> anos. Nenhum <strong>de</strong>les jamais saíra<br />

<strong>de</strong> seus vilarejos. No entanto, todos<br />

acalentavam um gran<strong>de</strong> sonho, vindo<br />

<strong>de</strong> gerações passadas: voltar para Jerusalém.<br />

Os ju<strong>de</strong>us da Etiópia sofriam<br />

as mesmas discriminações que os <strong>de</strong>mais,<br />

na diáspora.<br />

No início <strong>de</strong> 1970, havia um grupo<br />

organizado dos Beta-Israel que<br />

queria emigrar para Israel, apesar <strong>de</strong><br />

seus membros ainda não serem<br />

consi<strong>de</strong>rados ju<strong>de</strong>us àquela<br />

época, não tinham, portanto,<br />

direito a fazer aliá (imigração).<br />

Uma centena <strong>de</strong> falashas já vivia<br />

em Israel, on<strong>de</strong> começou<br />

um movimento li<strong>de</strong>rado por um<br />

iemenita ju<strong>de</strong>u nascido na Etiópia,<br />

Ovadia <strong>de</strong> Tzahala, que<br />

fizera aliá em 1930 e que tinha<br />

parentes entre os falashas.<br />

Por isso, pressionava-os a emigrar<br />

para Israel.<br />

hoje em<br />

Israel cerca <strong>de</strong> 70<br />

mil ju<strong>de</strong>us negros<br />

Operação Salomão<br />

Em 1990, enquanto as forças rebel<strong>de</strong>s<br />

avançavam contra o ditador<br />

etíope Mengistu Haile Mariam (conhecido<br />

como o açougueiro <strong>de</strong> Adis),<br />

foi ficando claro que os falashas seriam<br />

exterminados, a não ser que conseguissem<br />

<strong>de</strong>ixar o país pois eram<br />

muito discriminados. Asher Naim, excelente<br />

mediador, trabalhou em vários<br />

campos simultaneamente. Negociava<br />

com Mengistu, coor<strong>de</strong>nava logística<br />

e estratégias com os militares<br />

israelenses e arrecadava doações,<br />

freneticamente, através <strong>de</strong> contatos<br />

nos Estados Unidos.<br />

No dia 23 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1991, <strong>de</strong>cidiu<br />

que havia chegado a hora <strong>de</strong> convocar<br />

a Força Aérea Israelense: a<br />

Operação Salomão <strong>de</strong>via começar<br />

imediatamente. O ditador Mengistu<br />

aceitara as condições, mediante pagamento<br />

em espécie e impondo segredo<br />

absoluto.<br />

Diante da embaixada israelense,<br />

milhares <strong>de</strong> falashas se acotovelavam,<br />

prontos para partir. Os primeiros<br />

aviões israelenses aterrissaram no<br />

aeroporto <strong>de</strong> Adis Abeba e uma equipe<br />

<strong>de</strong> comandantes muito bem preparados<br />

se posicionou para proteger<br />

a missão a qualquer custo.<br />

No total, em pouco mais <strong>de</strong> um<br />

dia, 14.200 emigrantes<br />

foram levados para o aeroporto<br />

Ben-Gurion, em<br />

Tel Aviv. Trinta e cinco<br />

aviões militares e civis fizeram<br />

41 vôos. Em um<br />

dado momento, havia 28<br />

aviões no ar. Um dos Jumbos,<br />

que normalmente po<strong>de</strong>ria<br />

levar 500 passagei-<br />

Em duas operações<br />

"Moisés" (em 1983) e<br />

"Salomão" (em 1991)<br />

foram transferidos da<br />

Etiópia para Israel cerca<br />

<strong>de</strong> 90% dos falashas<br />

ros, transportou <strong>de</strong> uma<br />

só vez 1.087 pessoas,<br />

num feito anotado no livro<br />

<strong>de</strong> recor<strong>de</strong>s Guinness.


Os ju<strong>de</strong>rus etíopes<br />

preservaram os<br />

costumes judaicos por<br />

milhares <strong>de</strong> anos<br />

Para Asher<br />

Naim, o resgate<br />

dos ju<strong>de</strong>us<br />

etíopes foi <strong>de</strong><br />

importância vital.<br />

Ele queria<br />

liberar seus irmãos<br />

<strong>de</strong> um ditador<br />

tirano e<br />

assim assegurar<br />

a sobrevi-<br />

vência <strong>de</strong>ssa tribo. Ajudando os falashas<br />

a voltar para Jerusalém, Naim<br />

chegou a um novo e profundo entendimento<br />

do verda<strong>de</strong>iro significado <strong>de</strong><br />

fé, <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e da luta para superar<br />

as adversida<strong>de</strong>s. No seu livro, cita<br />

uma frase <strong>de</strong> Bernard Raskas: “D-us<br />

não quer que façamos coisas extraordinárias.<br />

Ele quer que façamos coisas<br />

simples, <strong>de</strong> forma extraordinária...”<br />

Em Israel, a adaptação dos imigrantes<br />

não foi fácil. A maioria era<br />

muito jovem e sem cultura nenhuma,<br />

e no princípio sofreram <strong>de</strong>sconfiança<br />

e rejeição por parte <strong>de</strong> alguns<br />

por causa <strong>de</strong> sua cor. Mas vários institutos<br />

têm <strong>de</strong>senvolvido projetos especiais<br />

<strong>de</strong> educação intensiva para<br />

as crianças, como por exemplo, a escola<br />

Beth Zipora, no sul <strong>de</strong> Israel.<br />

Esse programa foi implantado por Elie<br />

Wiesel e ministra cursos <strong>de</strong> inglês e<br />

computação. O sonho dos ju<strong>de</strong>us<br />

etíopes é formar lí<strong>de</strong>res, médicos, engenheiros<br />

e até generais. Tão logo<br />

<strong>de</strong>sembarcaram, o governo israelense<br />

fez campanhas para angariar fundos<br />

para sua absorção e sobrevivência,<br />

a fim <strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixá-los voltar ao<br />

mesmo ciclo <strong>de</strong> empobrecimento,<br />

amargura e <strong>de</strong>sespero <strong>de</strong> seu passado<br />

na África.<br />

NOTA SOBRE O AUTOR:<br />

Asher Naim, diplomata israelense, serviu<br />

como adido cultural no Japão e Estados<br />

Unidos e como embaixador na ONU,<br />

Finlândia, Coréia do Sul e Etiópia. Ele é o<br />

criador do Fundo <strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Estudos para<br />

Ju<strong>de</strong>us Etíopes e arrecada verbas para que<br />

os membros <strong>de</strong>sta comunida<strong>de</strong> possam ter<br />

uma educação <strong>de</strong> nível superior nas<br />

universida<strong>de</strong>s israelenses.<br />

Os presentes artigos foram pesquisados e<br />

editados com base no material colhido nos<br />

sites do Beit Chabad do Brasil<br />

(www.chabad.org), da Revista Morashá <strong>de</strong><br />

março <strong>de</strong> 2003 (www.morasha.com.br)<br />

Enciclopaedya Philtar (http://<br />

www.philtar.ucsm.ac.uk/encyclopedia/<br />

judaism/falash.html) e Enigmas da<br />

Humanida<strong>de</strong> (www.enigmas.hpg.ig.com.br)<br />

21<br />

Ju<strong>de</strong>us expulsos dos países árabes<br />

também são refugiados no Oriente Médio<br />

Congresso Judaico Mundial aplaudiu a resolução <strong>de</strong> reconhecimento dos EUA<br />

Depois <strong>de</strong> recentes vitórias históricas,<br />

como o pedido <strong>de</strong> <strong>de</strong>sculpas do Vaticano<br />

<strong>de</strong>vido a perseguição <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us no passado<br />

e a <strong>de</strong>volução <strong>de</strong> dinheiro <strong>de</strong> contas bancárias<br />

na Suíça roubado durante o nazismo,<br />

o Congresso Judaico Mundial (CJM)<br />

já escolheu suas próximas batalhas: o<br />

combate ao crescimento do anti-semitismo<br />

na Europa e a luta pelo reconhecimento<br />

dos direitos dos refugiados ju<strong>de</strong>us<br />

que saíram <strong>de</strong> países árabes. Para o presi<strong>de</strong>nte<br />

do CJM, Edgar Bronfman, que esteve<br />

em visita ao Rio, o mundo <strong>de</strong>ve enfrentar<br />

estes problemas <strong>de</strong> frente se quiser<br />

ser justo com os ju<strong>de</strong>us.<br />

O po<strong>de</strong>roso CJM é o braço diplomático<br />

das comunida<strong>de</strong>s judaicas <strong>de</strong> todo o mundo<br />

em suas relações com governos e entida<strong>de</strong>s.<br />

Isto faz <strong>de</strong> Bronfman um alvo preferencial<br />

<strong>de</strong> grupos radicais ou re<strong>de</strong>s terroristas<br />

como a al-Qaeda e medidas <strong>de</strong> segurança<br />

extremas são observadas. Dezenas <strong>de</strong><br />

seguranças, incluindo agentes israelenses,<br />

foram mobilizados para proteger Bronfman<br />

e o presi<strong>de</strong>nte do conselho do CJM, Israel<br />

Singer. Para Bronfman, o ressurgimento do<br />

anti-semitismo na Europa está muitas vezes<br />

mascarado em <strong>de</strong>clarações contra as<br />

políticas do governo <strong>de</strong> Israel.<br />

“Há uma gran<strong>de</strong> diferença entre ser crítico<br />

e propagar ódio”, disse Bronfman,<br />

acrescentando: “Não acho que seja tão difícil<br />

fazer a diferença. A pessoa está tentando<br />

oferecer ajuda ou ódio? Se você cri-<br />

Africanos<br />

também seriam<br />

ju<strong>de</strong>us<br />

No século 19, alguns missionários ficaram<br />

intrigados com as práticas “judaicas” do povo<br />

lemba, que habita o sul da África. Seriam eles<br />

também uma das Tribos Perdidas <strong>de</strong> Israel ?<br />

Os lemba fazem circuncisões em seus meninos,<br />

promovem sacrifícios rituais (como no<br />

antigo Templo) e se recusam a comer carne <strong>de</strong><br />

porco. Mas suas características são comuns ao<br />

<strong>de</strong>mais povos africanos negros, pois cultuam<br />

os ancestrais, mantém curan<strong>de</strong>iros e permitem<br />

a poligamia.<br />

Os lemba dizem que são originários dos<br />

ju<strong>de</strong>us que migraram da Judéia para o Yemen,<br />

<strong>de</strong>pois atravessaram o Mar Vermelho<br />

e chegaram às costas africanas.<br />

Tudor Parfitt, dirigente do Middle East Centre,<br />

da School of Oriental and African Studies<br />

<strong>de</strong> Londres, Inglaterra, recolheu amostras <strong>de</strong><br />

tecido da boca dos lemba e <strong>de</strong> habitantes do<br />

sul do Yemen e encontrou correlações genéticas<br />

entre eles.<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

tica com a intenção <strong>de</strong> ajudar, isto é crítica<br />

positiva. Mas se você só critica se baseando<br />

no argumento, 'o<strong>de</strong>io esse povo',<br />

isso é anti-semitismo.”<br />

Para o cana<strong>de</strong>nse, presi<strong>de</strong>nte do CJM<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1981, as críticas a Israel não <strong>de</strong>vem<br />

ser consi<strong>de</strong>radas anti-semitismo. Mas diz<br />

que em países como França, Bélgica, Alemanha<br />

e Reino Unido há crescentes casos<br />

<strong>de</strong> preconceito. Ele próprio critica políticas<br />

do governo <strong>de</strong> Ariel Sharon, como os<br />

assentamentos, que para ele não ajudarão<br />

Israel a ter paz.<br />

Num contra-ataque ao pleito <strong>de</strong> palestinos<br />

que fugiram ou foram expulsos na criação<br />

<strong>de</strong> Israel, o CJM pe<strong>de</strong> que a comunida<strong>de</strong><br />

internacional <strong>de</strong>monstre a mesma preocupação<br />

com ju<strong>de</strong>us que <strong>de</strong>ixaram os países<br />

árabes. Segundo o Congresso, mais <strong>de</strong><br />

800 mil ju<strong>de</strong>us saíram ou foram expulsos e<br />

tiveram suas proprieda<strong>de</strong>s tomadas.<br />

“Não há dúvida <strong>de</strong> que centenas <strong>de</strong> milhares<br />

<strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong>ixaram Marrocos, Argélia<br />

etc. E <strong>de</strong>ixaram suas proprieda<strong>de</strong>s para<br />

trás. E os árabes da Palestina falam do que<br />

eles <strong>de</strong>ixaram para trás quando Israel foi<br />

criado. Então sejamos justos. Não façam<br />

disso uma rua <strong>de</strong> mão única”.<br />

Bronfman elogiou a postura do Papa<br />

João Paulo II, que, segundo ele, avançou<br />

mais na questão do preconceito contra ju<strong>de</strong>us<br />

“em 20 anos do que em dois milênios”.<br />

Mas disse que a estrutura católica po<strong>de</strong> não<br />

FILME<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

VJ INDICA<br />

ser tão rápida quando seu lí<strong>de</strong>r.<br />

“O que o Papa falou é que o anti-semitismo<br />

é um pecado. É uma ação positiva.<br />

Mas, quanto tempo leva para que isso atravesse<br />

a hierarquia do sacerdócio até as pessoas?<br />

Leva muito tempo. Foram milhares<br />

<strong>de</strong> anos <strong>de</strong> doutrinação, não dá para se livrar<br />

disso num minuto”.<br />

Singer, provável sucessor <strong>de</strong> Bronfman,<br />

diz que, apesar <strong>de</strong> o Congresso não<br />

participar da política interna <strong>de</strong> Israel,<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma solução <strong>de</strong> dois Estados. O<br />

CJM não po<strong>de</strong> discutir a política interna<br />

israelense, pois representa os ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong><br />

todo o mundo, mas Singer atacou críticos<br />

do país, incluindo governos latinoamericanos,<br />

como o Brasil.<br />

“A exigência <strong>de</strong> muitos países que não<br />

são <strong>de</strong>mocráticos para que Israel forneça<br />

uma <strong>de</strong>mocracia total para um vizinho violento<br />

é inaceitável. É algo que eles não fazem<br />

para seus cidadãos. Se se olha todos<br />

os artigos da ONU que são apoiados por<br />

tantos países, inclusive da América Latina,<br />

não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> sentir que o velho<br />

anti-semitismo ainda está ar<strong>de</strong>ndo”, disse.<br />

Aqui entre nós<br />

TÍTULO ORIGINAL: L’homme est um femme comme les<br />

autres<br />

DIREÇÃO Jean-Jaques Zibermann<br />

PRODUÇÃO Régine Konckier e Jean-Luc Omières<br />

ROTEIRO Gilles Taurand e Jean-Jaques Zibermann<br />

ELENCO Antoine <strong>de</strong> Caunes, Elsa Zylberstein, Gad<br />

Elmaleh<br />

SINOPSE<br />

Você é um homem e gosta <strong>de</strong> homens... Bem, por que não? Você<br />

ama seu primo que está prestes a se casar e escolhe o dia do seu<br />

casamento para <strong>de</strong>clarar sua persistente paixão. E mais; e se você<br />

estiver sendo pressionado pela sua mãe judia e pelo seu tio para<br />

perpetuar o nome da família? Daí a situação se complica muito...<br />

Simon sempre se interessou por rapazes. Virou as costas há<br />

muito tempo para <strong>de</strong>veres familiares, e tudo mais que diz respeito a<br />

tradição judia.<br />

Rosalie vem <strong>de</strong> uma família judia ortodoxa e se mantém virgem;<br />

se guarda para o homem <strong>de</strong> seus sonhos... Até que vê Simon e se<br />

apaixona perdidamente... por seu clarinete, mas não faz idéia das<br />

preferências <strong>de</strong>sse virtuoso clarinetista.<br />

A mãe <strong>de</strong> Simon ao conhecê-la faz <strong>de</strong> tudo para promover um<br />

casamento...<br />

Apesar <strong>de</strong> esta união ser muito improvável, suas vidas se<br />

transformarão por completo...


22<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

Jerusalém me<br />

tocou muito <strong>de</strong> perto<br />

Relato tocante <strong>de</strong> uma jornalista no cenário <strong>de</strong> um atentado a bomba<br />

Jana Beris*<br />

Subitamente, um pouco antes das 9 da manhã,<br />

uma potente explosão me fez pular. Vireime<br />

e vi a bola <strong>de</strong> fogo envolvendo o ônibus. Nunca<br />

havia visto o horror <strong>de</strong> forma tão imediata e tão<br />

<strong>de</strong> perto. Nunca havia coberto um dos muitos<br />

atentados em Jerusalém, tendo ouvido antes a<br />

explosão, visto a bola <strong>de</strong> fogo que envolveu o<br />

ônibus. Nunca havia buscado a notícia enquanto<br />

meu corpo tremia todo.<br />

Sempre chegava aos locais dos atentados<br />

quando os feridos mais graves já haviam sido levados<br />

para as ambulâncias, quando as partes dos<br />

corpos <strong>de</strong>stroçados já haviam sido cobertas por<br />

mantas ou sacos plásticos negros com os quais<br />

seriam levados ao Instituto Forense Abu Kabir.<br />

Mas, <strong>de</strong>sta vez me tocou <strong>de</strong> perto, <strong>de</strong>masiado<br />

perto, e mais, se o ônibus que se converteu em<br />

cenário <strong>de</strong> imagens dantescas tivesse avançado<br />

mais uns 20 metros pela rua Aza <strong>de</strong> Jerusalém, a<br />

explosão ocorreria ao meu lado. Provavelmente esta<br />

notícia teria sido escrita por outro jornalista.<br />

O dia amanhecera ensolarado, embora um tanto<br />

frio. A notícia do dia era a troca <strong>de</strong> prisioneiros,<br />

e pela manhã só teria que seguir as informações<br />

da Alemanha. Tinha <strong>de</strong>ixado as crianças na<br />

escola e me encontraria com meu marido no Café<br />

Moment, para o <strong>de</strong>sjejum. Fizemos isto muitas<br />

vezes, mesmo sabendo que há dois anos havia<br />

sido cenário <strong>de</strong> um atentado, <strong>de</strong>ixando quase uma<br />

<strong>de</strong>zena <strong>de</strong> civis mortos.<br />

Desta vez eu estava ali. Depois da explosão,<br />

o silêncio sepulcral. Corri para o ônibus para tratar<br />

<strong>de</strong> ajudar. Vi o <strong>de</strong>sespero e o horror nos olhos<br />

dos sobreviventes, que não compreendiam que raio<br />

os atingira. Afastei os restos da porta e subi. Jamais<br />

esquecerei este momento, a primeira vez que<br />

entrava em um ônibus <strong>de</strong>stroçado pela explosão.<br />

Jamais me esquecerei <strong>de</strong>ste momento porque é impossível<br />

esquecer a entrada no inferno.<br />

Em um assento vi algo que era difícil <strong>de</strong>finir.<br />

Restos <strong>de</strong> um corpo que supus ser o do suicida<br />

porque era difícil i<strong>de</strong>ntificar qualquer parte do<br />

mesmo. Afastei metais retorcidos do teto e laterais<br />

para chegar a alguns dos feridos. Na parte <strong>de</strong><br />

trás vi restos <strong>de</strong> carne nua ensangüentada. Três<br />

adultos miravam o vazio, como que congelados<br />

em seus lugares, sem po<strong>de</strong>r se mover. Neste momento<br />

compreendi o que significa a expressão<br />

que mais <strong>de</strong> uma vez utilizei em minhas próprias<br />

matérias 'estado <strong>de</strong> choque', falando sobre esta<br />

horda <strong>de</strong> feridos, sem lesões físicas, que chegam<br />

aos hospitais porque precisam <strong>de</strong> ajuda mesmo<br />

estando inteiros. Foram quatro pessoas que conseguimos<br />

tirar do ônibus, entre elas, uma mulher<br />

repleta <strong>de</strong> sangue. Minha blusa branca ficou empapada<br />

e cheirando a queimado.<br />

Alguns gritavam e outros não entendiam nada.<br />

Uma mulher com o rosto ferido estava presa entre<br />

a carroceria queimada e um corpo que caíra sobre<br />

ela. Tive que reunir toda minha força para levantar<br />

<strong>de</strong> seu assento um senhor com sangue na face<br />

e que não entendia o que havia acontecido. Olhava<br />

para mim como que pedindo ajuda, e dizendo,<br />

ao mesmo tempo, que não podia se mover, não<br />

podia fazer nada.<br />

Pensei em sair, pois po<strong>de</strong>ria haver uma segunda<br />

explosão e não podia ajudar muito já que<br />

não era profissional da área da saú<strong>de</strong>. Mas havia<br />

pessoas vivas e os equipamentos dos para-médicos<br />

não haviam chegado, assim eu continuava<br />

<strong>de</strong>ntro do ônibus.<br />

Um senhor quando tratei <strong>de</strong> tirá-lo <strong>de</strong> lá dizia:<br />

'Minha bolsa! Minha bolsa!' Respondi: 'Não<br />

importa senhor, o principal é que saia daqui!',<br />

sabendo que não se acharia nada inteiro naquele<br />

cenário dantesco. Depois fiquei aborrecida por não<br />

ter feito o que ele pedira. Quem sabe trazia na<br />

carteira as fotos dos netos, como eu trago as dos<br />

meus filhos.<br />

Um homem corpulento, <strong>de</strong> jaqueta azul, pareceu<br />

notar minha expressão <strong>de</strong> horror e me ofereceu<br />

água. Tomei um pouco e olhei ao redor. Espalhados<br />

pela rua, ao redor <strong>de</strong> vários metros, havia<br />

feridos <strong>de</strong> todos os tipos. 'Veja o pulso <strong>de</strong>ste, não<br />

tenho certeza <strong>de</strong> que esteja vivo', me disse o primeiro<br />

para-médico que chegou. O jovem <strong>de</strong> camisa<br />

cinza e calça jeans parecia inerte. Ao meu lado<br />

outro jovem conseguiu dizer seu nome, Erez, tinha<br />

os olhos fechados e seu cabelo curto estava como<br />

que grudado artificialmente ao corpo, <strong>de</strong>vido ao<br />

fogo que o atingira. Sangrava <strong>de</strong> uma perna, mas<br />

parecia bastante inteiro. Acariciei sua cabeça e tratei<br />

<strong>de</strong> cuidar para que não per<strong>de</strong>sse a consciência.<br />

Ao meu lado alguém disse: ‘vou aten<strong>de</strong>r a um outro<br />

mais grave, fique com este, não o perca!’<br />

Assim fiz, até a chegada das ambulâncias e da<br />

polícia, cujo chefe tratava <strong>de</strong> organizar o trabalho<br />

por meio um megafone. Alguém isolara o local,<br />

<strong>de</strong>marcando o espaço do cenário da explosão,<br />

que como sempre nos atentados anteriores<br />

os jornalistas tentavam penetrar discutindo com<br />

os policiais. Mas, <strong>de</strong>sta vez, eu estava do outro<br />

lado da faixa, com a roupa manchada <strong>de</strong> sangue e<br />

o corpo tremendo.<br />

Um pouco <strong>de</strong>pois, encontrei meu marido e começamos<br />

a maratona para tentar avisar a todos<br />

que sabiam que estaríamos no local. Meu marido<br />

ligou para minha filha mais velha e disse acalmando-a:<br />

'Mamãe e eu estamos bem'. Claro que,<br />

naquele momento, 'estamos bem' era apenas uma<br />

força <strong>de</strong> expressão.<br />

* Jana Beris é jornalista em Jerusalém, trabalha<br />

no programa BBC Mundo.<br />

Texto traduzido pela B‘nai B´rith da Venezuela<br />

Nas sendas do judaísmo<br />

Vittorio Corinaldi *<br />

É este o título <strong>de</strong> um livro <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Walter Rehfeld, recém-lançado<br />

pela Editora Perspectiva em São Paulo.<br />

Walter Rehfeld, falecido há pouco mais <strong>de</strong> 10 anos, foi uma figura excepcional<br />

no panorama do pensamento judaico brasileiro. E por ter eu me<br />

contado em juventu<strong>de</strong> entre aqueles que tiveram a ventura <strong>de</strong> o conhecer e<br />

<strong>de</strong> se aproximar <strong>de</strong> seu ensinamento e <strong>de</strong> sua amiza<strong>de</strong>, não quero <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

assinalar o acontecimento que é a publicação <strong>de</strong>sse livro – talvez o primeiro<br />

tardío reconhecimento do valor <strong>de</strong> Rehfeld por uma comunida<strong>de</strong> que,<br />

espelhando uma tendência generalizada da socieda<strong>de</strong> circunstante, não se<br />

distingue por uma produção espiritual das mais insignes.<br />

O livro é uma coletênea <strong>de</strong> escritos <strong>de</strong> épocas diversas, abrangendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

ensaios filosóficos produzidos para fins <strong>de</strong> suas aulas na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo ou para seminários e congressos acadêmicos, até pequenos comentários<br />

sobre a vida e os costumes judaicos, bem como consi<strong>de</strong>rações sobre os<br />

<strong>de</strong>stinos do judaísmo <strong>de</strong> hoje e a posição <strong>de</strong> Israel com relação a eles.<br />

A leitura <strong>de</strong>sses escritos veio para mim confirmar a característica <strong>de</strong> Walter<br />

Rehfeld, como a recordo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aqueles anos já longínquos que prece<strong>de</strong>ram<br />

minha Aliá: um profundo e verda<strong>de</strong>iro pensador e orientador nas sendas<br />

do judaismo – bem no espírito do nome do livro.<br />

Numa época em que o título <strong>de</strong> Rabino é associado a tantos indivíduos<br />

que fazem uso obsceno e falso da autorida<strong>de</strong> que ele conce<strong>de</strong> (tanto pela<br />

aplicação estéril e mecânica <strong>de</strong> normas religiosas mal interpretadas à luz<br />

<strong>de</strong> um obsoleto dogmatismo ortodoxo, quanto pela exortação a um ruidoso<br />

comportamento político extremista, agressivo e intolerante.), a personalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Walter Rehfeld ganha uma dimensão especial: emanava <strong>de</strong>le um<br />

sentido <strong>de</strong> fé, uma crença genuína numa essência divina que nada mais<br />

<strong>de</strong>veria ser senão a expressão da capacida<strong>de</strong> do homem <strong>de</strong> distinguir e<br />

escolher entre o Bem e o Mal; e uma convicção na vocação judaica nesse<br />

sentido: vocação que para ele se baseava em conhecimento filosófico, em<br />

<strong>de</strong>safio atualizado das “verda<strong>de</strong>s” históricas, em assimilação racional <strong>de</strong><br />

postulados éticos contidos em costumes e tradições.<br />

E ninguém melhor do que ele personalizava a verda<strong>de</strong>ira figura do “Rav”,<br />

embora sua vida e seu ambiente cotidiano fossem <strong>de</strong> caráter absolutamente leigo<br />

e aberto. Colaboravam para esta imagem também uma bondosa consi<strong>de</strong>ração<br />

pelo próximo, uma atitu<strong>de</strong> calma, paciente e compreensiva pelas opiniões alheias,<br />

uma <strong>de</strong>dicação silenciosa à ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explicação e convencimento.<br />

A pessoa <strong>de</strong> Walter Rehfeld e sua opinião e conselho certamente fazem<br />

falta na angustiante situação do judaismo <strong>de</strong> hoje: situação em que <strong>de</strong> um<br />

lado Israel, <strong>de</strong>positário principal da mo<strong>de</strong>rna criação judaica, encontra-se<br />

numa perigosa encruzilhada para sua sobrevivência física e moral, em que<br />

convergem insegurança, instabilida<strong>de</strong> econômica, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social, opressão<br />

(mesmo que imposta) <strong>de</strong> populações alheias às força <strong>de</strong> interesse atuantes<br />

no conflito; e não menos, o endurecimanto da essencial qualida<strong>de</strong> ética<br />

que caracterizou o nascimento da nação. E <strong>de</strong> outro lado o judaismo da Golá,<br />

<strong>de</strong>sorientado ainda pela perda <strong>de</strong> suas fontes vitais com o extermínio europeu,<br />

e incapaz <strong>de</strong> encontrar novas nascentes em meio à atual cultura do<br />

consumismo e da supremacia do “mercado” sobre os valores do espírito.<br />

E é neste sentido que a iniciativa da Editora Perspectiva, com a publicação<br />

do volume <strong>de</strong> Walter Rehfeld, vem constituir um passo louvavel na<br />

trajetória já <strong>de</strong> há muito iniciada, <strong>de</strong> fomentar a renovação <strong>de</strong> um pensamento<br />

judaico brasileiro, opondo-se à citada tendência <strong>de</strong> dissolução cultural<br />

que caracteriza muito da ação comunitaria local.<br />

* Vittorio Corinaldi é arquiteto e mora em Tel Aviv, Israel.


“Vocês julgam e<br />

eu enterro meu<br />

marido”<br />

Fanny Haim *<br />

Hoje vocês se sentarão lá em<br />

Haia e o julgamento começará. Hoje<br />

eu enterro meu marido, e isso me<br />

parte o coração.<br />

Eu não sou política. Dirijo-me a vocês<br />

como alguém que per<strong>de</strong>u seu marido,<br />

como uma pessoa cujo coração foi<br />

<strong>de</strong>stroçado, e como uma pessoa a quem<br />

a cerca <strong>de</strong> separação po<strong>de</strong>ria ter evitado<br />

sua tragédia. Estive casada com<br />

Yehudá por 21 anos. Foi o amor <strong>de</strong> minha<br />

juventu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os 15 anos. A irmã<br />

<strong>de</strong> Yehudá é a esposa do Agregado Comercial<br />

<strong>de</strong> Israel em Haia e trabalha lá<br />

na Embaixada. Faz meses que ela, seu<br />

marido e o pessoal da Embaixada tentam<br />

abrir os olhos do mundo. Faz meses<br />

que lutam pelos direitos do Estado<br />

<strong>de</strong> Israel. E eu, o que po<strong>de</strong>ria pedir?<br />

Só meu pequeno direito, o direito<br />

a ter um marido, o direito <strong>de</strong> ver, junto<br />

com ele, nossos filhos crescerem, educarem-se<br />

e servirem no exército.<br />

Esse direito já não o tenho mais.<br />

Mas hoje vocês po<strong>de</strong>m fazer com outras<br />

famílias em Israel tenham o direito<br />

básico <strong>de</strong> manter uma família feliz;<br />

<strong>de</strong> levantar-se pela manhã sem morte,<br />

orfanda<strong>de</strong> e viuvez, sem lápi<strong>de</strong>s e sem<br />

cemitérios. Hoje, quando começarem<br />

<strong>de</strong>bater os gran<strong>de</strong>s assuntos, pensem<br />

— ainda que seja por um instante —<br />

nas pequenas pessoas que vivem atrás<br />

<strong>de</strong>ste conflito sangrento. Pensem por<br />

um instante no coração <strong>de</strong> ouro <strong>de</strong><br />

Yehudá meu esposo, ou em meu filho<br />

pequeno, Avner. Talvez vocês possam<br />

tentar explicar-lhe, com seus apenas 10<br />

anos, por quê diabos não tem mais pai.<br />

Hoje entrarão na sala on<strong>de</strong> vocês<br />

encontrarão pessoas que falarão, que<br />

acusarão. Em minha casa entrarão pessoas<br />

para expressar condolências e eu<br />

não conseguirei enten<strong>de</strong>r, e sem dúvida<br />

não encontrarei consolo. À noite,<br />

vocês regressarão a suas casas, beijarão<br />

seus cônjuges, abraçarão seus filhos,<br />

mas e eu permanecerei só.<br />

É verda<strong>de</strong>, a política está distante<br />

<strong>de</strong> mim, mas agora que a morte e a perda<br />

estão tão <strong>de</strong>masiadamente próximas<br />

<strong>de</strong> mim creio que obtive com justiça,<br />

com lágrimas, o direito <strong>de</strong> dirigir-me a<br />

vocês e dizer-lhes: Se houvesse uma<br />

cerca em toda a extensão do país quem<br />

sabe, também eu, como vocês, pu<strong>de</strong>sse<br />

esta noite beijar meu marido.<br />

Não julguem meu país, não lhe impeçam<br />

<strong>de</strong> evitar mais vítimas.<br />

Eu enterrei hoje o meu marido. Vocês,<br />

não enterrem a Justiça.<br />

* Fanny Haim é viúva <strong>de</strong> Yehudá Haim,<br />

uma das vítimas <strong>de</strong> atentado recente,<br />

que se dirigiu aos juízes <strong>de</strong> Haia.<br />

Publicado por Nurith Palter no jornal<br />

Iediot Aharonot em 23/2/2004<br />

23<br />

Deve a Corte Internacional <strong>de</strong> Justiça<br />

opinar sobre a cerca <strong>de</strong> segurança?<br />

Ruth Lapidoth *<br />

Já que os palestinos não po<strong>de</strong>m processar<br />

Israel na Corte Internacional <strong>de</strong><br />

Justiça (ICJ) com uma ação litigiosa —<br />

porque não são um Estado e porque Israel<br />

não aceitou a jurisdição da Corte,<br />

os palestinos usaram sua influência junto<br />

à Assembléia Geral que então pediu uma<br />

opinião consultiva.<br />

A sessão especial <strong>de</strong> emergência da<br />

Assembléia Geral foi organizada <strong>de</strong> acordo<br />

com a Resolução Unidos pela Paz, <strong>de</strong><br />

1950, que estabelece certas condições a<br />

serem cumpridas antes que a Assembléia<br />

Geral possa agir e estas condições não<br />

foram cumpridas no presente caso.<br />

Além disso, o assunto já está sendo<br />

tratado pelo Conselho <strong>de</strong> Segurança que<br />

adotou o “Mapa da Estrada.” O pedido<br />

para uma opinião consultiva prejudica o<br />

“Mapa da Estrada” e as tentativas <strong>de</strong><br />

encontrar uma ampla solução para a disputa<br />

palestino-israelense.<br />

Em 20 <strong>de</strong> novembro do ano passado,<br />

a Assembléia Geral da ONU pediu à Corte<br />

que opinasse sobre a questão: “Quais são<br />

as conseqüências legais da construção por<br />

Israel do muro, o po<strong>de</strong>r ocupante, no território<br />

palestino ocupado....” A opinião<br />

<strong>de</strong> Israel é <strong>de</strong> que a corte não tem jurisdição<br />

para tratar <strong>de</strong>sta questão. Mesmo<br />

se tivesse, a corte <strong>de</strong>veria se abster <strong>de</strong><br />

exercê-la —como será explicado abaixo.<br />

A Corte Internacional<br />

<strong>de</strong> Justiça<br />

O ICJ é o principal órgão judicial da<br />

ONU. Foi criado em 1922, à época da<br />

Liga <strong>de</strong> Nações, e renovado em 1946. A<br />

corte tem dois tipos <strong>de</strong> funções:<br />

1) resolver disputas entre Estados por<br />

meio <strong>de</strong> julgamentos; esta função só po<strong>de</strong><br />

ser exercitada se ambos os estados aceitarem<br />

a submissão do caso junto a corte.<br />

2) opinar em questões legais a ela submetidas<br />

por um órgão principal da ONU<br />

ou outra organização internacional (as<br />

“agências especializadas”) autorizada pela<br />

Assembléia Geral da ONU. As opiniões consultivas<br />

não são compulsórias 1. A corte<br />

po<strong>de</strong> também se recusar a dar uma certa<br />

opinião — é um po<strong>de</strong>r discricionário.<br />

Condições do Caso<br />

Em 21 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2003, a Assembléia<br />

Geral das Nações Unidas adotou uma<br />

resolução que exigiu “a parada e a reversão<br />

por parte <strong>de</strong> Israel” da construção<br />

da cerca que, <strong>de</strong> acordo com a Assem-<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />

bléia Geral, “está em contradição” com a lei<br />

internacional (uma proposta semelhante já<br />

tinha sido vetada anteriormente no Conselho<br />

<strong>de</strong> Segurança). Consi<strong>de</strong>rando que Israel<br />

não se submeteu a este pedido, a Assembléia<br />

Geral pediu para o ICJ uma opinião consultiva<br />

sobre a questão acima mencionada.<br />

Deve ser observado que a pergunta diz respeito<br />

a um “muro” enquanto a barreira é<br />

basicamente uma cerca, e apenas algo em<br />

torno <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong>la estão na forma <strong>de</strong> muro.<br />

Neste caso, os palestinos não po<strong>de</strong>m<br />

processar Israel como uma ação litigiosa<br />

entre Estados junto a corte. Em primeiro<br />

lugar porque os palestinos não são um Estado<br />

e em segundo porque Israel não aceitou<br />

a jurisdição da corte. Para evitar este<br />

problema, os palestinos usaram a sua influência<br />

junto a Assembléia Geral que então<br />

solicitou uma opinião consultiva.<br />

As Características da Cerca<br />

A cerca não envolve qualquer anexação;<br />

foi estabelecida por razões <strong>de</strong> segurança.<br />

A terra utilizada não foi confiscada,<br />

mas requisitada por três anos. Um aluguel<br />

está sendo pago pelo uso da terra.<br />

Por que a Corte <strong>de</strong>ve<br />

recusar-se a opinar?<br />

Curiosamente, em trinta das quase cinqüenta<br />

petições submetidas à corte sobre<br />

este assunto, a sugestão expressa foi a <strong>de</strong><br />

que a corte não <strong>de</strong>veria opinar. Até mesmo<br />

em algumas <strong>de</strong>clarações que questionam a<br />

legalida<strong>de</strong> da cerca, os autores <strong>de</strong>saconselham<br />

o exercício <strong>de</strong> jurisdição da corte.<br />

Os principais argumentos <strong>de</strong> Israel contra<br />

o exercício <strong>de</strong> jurisdição po<strong>de</strong>m ser assim<br />

resumidos:<br />

1) a Assembléia Geral agiu fora da legalida<strong>de</strong><br />

ao pedir uma opinião consultiva,<br />

já que as condições para a atuação da Assembléia<br />

Geral, conforme a resolução <strong>de</strong><br />

paz <strong>de</strong> 1950 não existem.<br />

2) o assunto é principalmente <strong>de</strong> natureza<br />

política e então <strong>de</strong>veria ser negociado<br />

por meios diplomáticos e políticos.<br />

3) o pedido prejudica a ação do Conselho<br />

<strong>de</strong> Segurança que adotou em 2003 o Mapa<br />

da Estrada, patrocinado pelos Estados Unidos,<br />

Rússia, ONU e Comunida<strong>de</strong> Européia.<br />

4) a cerca é um dos assuntos do conflito<br />

maior palestino-israelense. A escolha<br />

<strong>de</strong>ste único artigo causa prejuízos aos esforços<br />

para alcançar uma solução compreensiva.<br />

5) a própria Assembléia Geral já tinha<br />

<strong>de</strong>cidido quanto a legalida<strong>de</strong> da cerca, pare-<br />

ce que é supérfluo submeter o questionamento<br />

ao ICJ.<br />

6) esta é uma tentativa para fazer com<br />

que a corte <strong>de</strong>cida uma ação litigante por<br />

meio <strong>de</strong> uma opinião consultiva.<br />

7) a reputação da própria corte po<strong>de</strong><br />

sofrer prejuízos envolvendo-se em um assunto<br />

altamente político.<br />

A Atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Israel<br />

Israel submeteu ao ICJ uma <strong>de</strong>claração<br />

escrita <strong>de</strong>talhada que trata da pergunta <strong>de</strong><br />

jurisdição e o <strong>de</strong>coro <strong>de</strong> dar uma opinião<br />

consultiva. A <strong>de</strong>claração também <strong>de</strong>screve<br />

situação efetiva —- os terríveis atos terroristas<br />

que a cerca <strong>de</strong>ve prevenir ou pelo<br />

menos reduzir.<br />

Porém, Israel <strong>de</strong>cidiu não participar nas<br />

audiências realizadas entre 23 e 25 <strong>de</strong> fevereiro,<br />

por várias razões:<br />

A participação <strong>de</strong> Israel nos procedimentos<br />

po<strong>de</strong>ria ser interpretada como reconhecimento<br />

da jurisdição da corte quanto ao assunto.<br />

Tal participação também po<strong>de</strong>ria induzir<br />

os palestinos e seus aliados a transformar<br />

o caso num espetáculo <strong>de</strong> relações públicas<br />

que nega o direito <strong>de</strong> Israel <strong>existir</strong>,<br />

como aconteceu em Durban (África do Sul)<br />

na Conferência contra Racismo.<br />

Israel <strong>de</strong>clarou e explicou todos os seus<br />

argumentos por escrito.<br />

Nota<br />

1. Somente ao agir como uma corte<br />

superior contra <strong>de</strong>cisões do Tribunal<br />

Administrativo da ONU -, como e disputas<br />

entre a ONU e seus empregados – são as<br />

opiniões consultivas obrigatórias.<br />

Ruth Lapidoth faz parte do Centro para Assuntos<br />

Públicos <strong>de</strong> Jerusalém. Professora emérita <strong>de</strong><br />

Lei Internacional da Universida<strong>de</strong> Hebraica <strong>de</strong><br />

Jerusalém e professora da Escola <strong>de</strong> Direito da<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Administração. Seus livros<br />

incluem ‘O Conflito <strong>de</strong> Árabe-Israelense e Sua<br />

Resolução: Documentos Selecionados’ (1992),<br />

‘A Questão <strong>de</strong> Jerusalém e sua Resolução:<br />

Documentos Selecionados’ (1994), ‘Autonomia:<br />

Soluções Flexíveis para Conflitos Étnicos’<br />

(1997), e ‘A Cida<strong>de</strong> Velha <strong>de</strong> Jerusalém’ (2002).<br />

Ela também é a autora <strong>de</strong> ‘Aspectos Legais da<br />

Questão dos Refugiados Palestinos’, ‘Pontos <strong>de</strong><br />

Vista <strong>de</strong> Jerusalém Nº 485’ (setembro <strong>de</strong> 2002).<br />

Em 2000 recebeu ela o Prêmio ‘Mulher<br />

Proeminente em Lei internacional” do grupo<br />

Wilig da Socieda<strong>de</strong> Americana <strong>de</strong> Lei<br />

Internacional. Este artigo tem como base a<br />

apresentação realizada no Instituto para<br />

Assuntos Contemporâneos, em Jerusalém, no<br />

dia 2 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2004. O texto está<br />

disponível em inglês em http://www.jcpa.org/<br />

brief/brief3-18.htm, site do Centro para Assuntos<br />

Públicos <strong>de</strong> Jerusalém, cujo editor é Dore Gold,<br />

diretor <strong>de</strong> programas do ICA Lenny Bem-David e<br />

editor gerente Mark Amil-El. As opiniões<br />

expressas neste artigo necessariamente não<br />

refletem as idéias dos membros do Centro para<br />

Assuntos Públicos <strong>de</strong> Jerusalém. O Instituto<br />

para Assuntos Contemporâneos (ICA) é<br />

<strong>de</strong>dicado a prover um foro para discussão <strong>de</strong><br />

política israelense e <strong>de</strong>bates.


24<br />

VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764

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