Liberdade de existir - Visão Judaica
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2<br />
editorial<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
Publicação mensal in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />
EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />
JUDAICA LTDA.<br />
Redação, Administração e Publicida<strong>de</strong><br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
Curitiba • PR • Brasil<br />
Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />
Diretora <strong>de</strong> Operações<br />
e Marketing<br />
SHEILLA FIGLARZ<br />
Diretor <strong>de</strong> Redação<br />
SZYJA B. LORBER<br />
Diretora Comercial<br />
HANA KLEINER<br />
Publicida<strong>de</strong><br />
ALEXANDRE BIEGA<br />
Criação e Diagramação<br />
SONIA OLESKOVICZ<br />
Colaboram nesta edição:<br />
Antonio Carlos Coelho, Ariel Bar Tzadok,<br />
Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi, Edda Bergmann,<br />
Gustavo Erlichman, Helena Kessel, Jana<br />
Beris, Nahum Sirotsky, Rav Berg, Ruth<br />
Lapidoth, Sami Goldstein, Sérgio<br />
Feldman, Sérgio Rosvald Donaire,<br />
Shmuel Lemle, Vittorio Corinaldi, Yossef<br />
Dubrawsky e Yossi Groisseoign.<br />
Os artigos assinados não representam<br />
necessariamente a opinião do jornal<br />
www.visãojudaica.com.br<br />
stamos nos preparando para comemorar uma<br />
das mais importantes festivida<strong>de</strong>s do povo<br />
ju<strong>de</strong>u. Pessach, também conhecida como<br />
Páscoa judaica, tem para nós um significado<br />
supremo: a liberda<strong>de</strong>. A passagem do estado<br />
da escravidão para a libertação; dos grilhões<br />
e da opressão para o livre arbítrio e o <strong>de</strong>sprendimento.<br />
Das trevas à luz. Pessach rememora<br />
toda a história <strong>de</strong> um passado que é transmitido<br />
<strong>de</strong> geração para geração, procurando preservar<br />
o valor sublime da liberda<strong>de</strong>, uma das razões maiores<br />
da existência humana. Nesta edição o leitor<br />
po<strong>de</strong> conhecer tudo sobre Pessach.<br />
Os últimos acontecimentos na Espanha chocaram<br />
mundo, mas <strong>de</strong>ram aos europeus a exata<br />
medida do que é o sofrimento pela matança <strong>de</strong><br />
inocentes por causa da brutalida<strong>de</strong> insana do terrorismo.<br />
O mesmo com o qual em Israel a população<br />
é obrigada a conviver praticamente todos os<br />
dias nestes últimos anos. O sentimento <strong>de</strong> dor é<br />
mesmo, a indignação também. É lamentável ver<br />
vidas sendo ceifadas inutilmente, mas talvez agora<br />
os europeus, e o resto do mundo, sentindo as<br />
Nossa capa<br />
<strong>Liberda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>existir</strong> tintos.<br />
feridas na própria carne, possam <strong>de</strong>spertar para o<br />
horror <strong>de</strong> ter que sair <strong>de</strong> casa e não saber se ficará<br />
vivo para retornar ao seio da família. Quem<br />
sabe agora enxerguem melhor e vejam Israel com<br />
outros olhos. Com os olhos que precisam ver que<br />
as pessoas só <strong>de</strong>sejam viver em paz.<br />
A Europa reluta em consi<strong>de</strong>rar o Hamas, um<br />
dos responsáveis pelos atentados em Israel, como<br />
grupo terrorista. Infelizmente há ainda um longo<br />
caminho a percorrer. Veja-se o caso terrível do<br />
Portal Terra na internet. Colocaram na página uma<br />
matéria contendo os principais atentados terroristas<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fatídico 11 <strong>de</strong> setembro, por conta<br />
do atentado <strong>de</strong> Madri. Pasmem leitores: Nem uma<br />
só menção aos atentados perpetrados em Israel,<br />
entre os citados. Aos que escreveram ao Portal<br />
Terra para reclamar <strong>de</strong>sse comportamento acintoso,<br />
a resposta era ainda mais revoltante.<br />
Diziam que não consi<strong>de</strong>ravam os atentados em<br />
Israel, já “que fazem parte <strong>de</strong> um conflito entre<br />
duas partes e que se esten<strong>de</strong> no tempo, como<br />
sendo da mesma natureza <strong>de</strong> atentados pontuais<br />
em partes diferentes do mundo por grupos dis-<br />
A capa reproduz o quadro cujo título é “A Aliança” (“Há-Brith”), pintado com a técnica<br />
crayon conté sobre papel bege, e dimensões 65 X 50 cm, criação <strong>de</strong> Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi.<br />
Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi nasceu em Bucareste, Romênia. É arquiteto e artista plástico e vive<br />
em Curitiba <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1978. Já <strong>de</strong>senvolveu trabalhos em várias técnicas, <strong>de</strong>ntre elas pintura,<br />
gravura e tapeçaria. Recebeu premiações por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras<br />
estão espalhadas por vários países e tem no judaísmo, uma das principais fontes <strong>de</strong> inspiração.<br />
É colaborador das capas do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Acendimento das velas <strong>de</strong><br />
shabat em Curitiba<br />
março / abril<br />
DATA HORA<br />
19/3 18h10<br />
26/3 18h03<br />
2/4 17h55<br />
5/4 * 17h52<br />
6/4* 18h46<br />
9/4 17h48<br />
11/4* 17h46<br />
12/4* 18h40<br />
16/4 17h41<br />
* Em Iom Tov recita-se uma<br />
benção diferente<br />
20 <strong>de</strong> março<br />
• Veyakhel-Pikudê,<br />
Shabat Hacho<strong>de</strong>sh<br />
23 <strong>de</strong> março<br />
• Rosh Cho<strong>de</strong>sh<br />
27 <strong>de</strong> março<br />
• Vayikrá<br />
3 <strong>de</strong> abril<br />
• Tsav, Shabat Hagadol<br />
4 <strong>de</strong> abril<br />
• Busca do Chametz<br />
5 <strong>de</strong> abril<br />
• Véspera <strong>de</strong> Pessach,<br />
1 º Se<strong>de</strong>r à noite<br />
Por isso eles não estão presentes em nossa<br />
lista”. Uma <strong>de</strong>sculpa esfarrapada e mentirosa.<br />
Afinal, o conflito entre Rússia e Chechênia não é<br />
“um conflito entre duas partes e que se esten<strong>de</strong><br />
no tempo”? Pois estão na lista pelo menos<br />
sete atentados chechenos. E o conflito na Colômbia,<br />
que já dura anos? Não será também “um<br />
conflito entre duas partes e que se esten<strong>de</strong> no<br />
tempo”? Mas a lista os inclui também. E os conflitos<br />
na Índia e Paquistão, não são o mesmo?<br />
Mas eles também estão na lista. Estão todos<br />
lá. Menos os <strong>de</strong> Israel.<br />
O que é isto? Des<strong>de</strong>nha-se os mortos em Israel,<br />
vítimas <strong>de</strong> homicidas cruéis que buscam a<br />
morte pela morte, o terror pelo terror? Uma lista<br />
<strong>de</strong> atentados no mundo sem incluir nenhum atentado<br />
em Israel é uma vergonha mentira. Ou seria<br />
anti-semitismo? O Portal alegou ter-se baseado em<br />
informe da Agência Reuters. Seriam verda<strong>de</strong>iras as<br />
suspeitas sobre a agência <strong>de</strong> notícias ter seu controle<br />
acionário nas mãos <strong>de</strong> capital saudita? O fato<br />
é que só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muita pressão o Portal terra<br />
voltou atrás e colocou a lista correta no ar.<br />
Datas importantes<br />
A Redação<br />
6 <strong>de</strong> abril<br />
• 1 º Dia <strong>de</strong> Pessach,<br />
2 º Se<strong>de</strong>r à noite<br />
7 <strong>de</strong> abril<br />
• 2 º Dia <strong>de</strong> Pessach<br />
10 <strong>de</strong> abril<br />
• Shabat Chol Hamoed<br />
12 <strong>de</strong> abril<br />
• 7 º Dia <strong>de</strong> Pessach<br />
13 <strong>de</strong> abril<br />
• 8<br />
17 <strong>de</strong> abril<br />
• Shemini<br />
18 <strong>de</strong> abril<br />
• Dia do Holocausto<br />
e Heroísmo<br />
º Dia <strong>de</strong> Pessach
Sérgio Feldman*<br />
ma vez eu <strong>de</strong>scobri<br />
o escritor e “filósofo”<br />
Scholem Rabinovitch,<br />
mais conhecido<br />
como Scholem<br />
Aleichem (este termo<br />
traduzido ao português significa<br />
“A Paz Seja Convosco”). Foi um encontro<br />
com um dos maiores tesouros<br />
literários <strong>de</strong> nossa cultura milenar.<br />
Entre muitas <strong>de</strong> suas obras gostaria<br />
<strong>de</strong> refletir sobre as que falam<br />
<strong>de</strong> uma al<strong>de</strong>ia fictícia <strong>de</strong>nominada<br />
“Kasrilevke”. Há pelo menos uns cinco<br />
ou talvez <strong>de</strong>z contos que falam<br />
<strong>de</strong>sta al<strong>de</strong>ia criada na imaginação<br />
fértil <strong>de</strong>ste sensível escritor. Seria<br />
uma al<strong>de</strong>ia igual a milhares <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ias<br />
situadas na Rússia Czarista,<br />
entre a meta<strong>de</strong> do séc. XIX e o final<br />
da Primeira Guerra Mundial<br />
(1918). Algumas sobreviveram até<br />
1939, em meio a países originados<br />
da queda do Império Russo: Polônia,<br />
por exemplo. Muitos <strong>de</strong> nossos<br />
avós vieram <strong>de</strong>stas al<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>nominadas<br />
em idish “shtetl”.<br />
O “shtetl” surgiu como o resultado<br />
<strong>de</strong> dois processos intimamente<br />
ligados: a exclusão social dos ju<strong>de</strong>us<br />
da socieda<strong>de</strong> na Rússia Czarista e na<br />
Europa Oriental, e a colocação dos<br />
mesmos em uma região (Zona <strong>de</strong> Residência<br />
<strong>Judaica</strong>), restringindo seu<br />
direito <strong>de</strong> circulação em cida<strong>de</strong>s, certas<br />
regiões da Rússia, e a posse <strong>de</strong><br />
campos <strong>de</strong> cultivo. Uma maneira <strong>de</strong><br />
concentrar e discriminar os ju<strong>de</strong>us,<br />
forçando-os a uma aguda pauperização<br />
e retirando da minoria judaica<br />
qualquer resquício <strong>de</strong> direitos.<br />
Criada pelos czares Nicolau I (por<br />
volta da meta<strong>de</strong> do séc. XIX) e mantida<br />
pelos czares Alexandre II e III,<br />
e pelo último czar Nicolau I.<br />
Nas palavras <strong>de</strong> Scholem Aleichem,<br />
ao <strong>de</strong>screver Kasrilevke: seria<br />
um local “on<strong>de</strong> os ju<strong>de</strong>us foram<br />
amontoados uns sobre os outros,<br />
como arenques num barril, com a<br />
or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> crescerem e se multiplicarem”.<br />
Para quem não sabe o que é<br />
um arenque, seria um peixe em conserva,<br />
<strong>de</strong>nominado pela maioria<br />
como “hering”. Se tratava da versão<br />
local para dizer que viviam como<br />
“sardinhas em lata”. A expressão literária<br />
<strong>de</strong> Scholem é muito rica, mas<br />
Revisitando o Shtetl<br />
Reflexões sobre um passado não muito remoto<br />
se per<strong>de</strong> ao traduzirmos do idish ao<br />
português. Estas al<strong>de</strong>ias eram um<br />
amontoado <strong>de</strong> casinhas mal construídas<br />
e apertadas, com ruas tortuosas<br />
e sem planejamento nenhum.<br />
Sem um sinal <strong>de</strong> urbanização, sujas<br />
e sem iluminação pública, esgotos<br />
nem água encanada. Uma das profissões<br />
era ser transportador <strong>de</strong> água<br />
ou “agua<strong>de</strong>iro”: levar bal<strong>de</strong>s da fonte<br />
local para as casas. Outros eram<br />
carroceiros. Muitos músicos e muitos<br />
<strong>de</strong>sempregados. Duas coisas em<br />
comum: eram todos ju<strong>de</strong>us e todos<br />
viviam famintos. Passavam o dia indo<br />
e vindo a procura <strong>de</strong> algum trabalho<br />
ou algum negócio: sem capital e sem<br />
profissão eram uma espécie <strong>de</strong> “viradores”.<br />
O termo utilizado pelos próprios<br />
ju<strong>de</strong>us para se auto<strong>de</strong>nominarem<br />
era “homens que viviam do ar” ou<br />
”luftmenschen”. Viviam do ar: não tinham<br />
quase nada e viviam com muito<br />
pouco. Eram literalmente famintos.<br />
Não um tipo qualquer <strong>de</strong> famintos.<br />
Podiam passar fome durante a<br />
semana, mas tratavam <strong>de</strong> “ganhar<br />
para o sábado”.<br />
Nos relata Scholem com seu humor<br />
e sensibilida<strong>de</strong>: “Ganhar para o<br />
sábado — eis o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>sta gente. A<br />
semana inteira eles trabalham, mourejam<br />
a duras penas, se arrebentam<br />
<strong>de</strong> labutar, comem o pão que o diabo<br />
amassou, bebem água dos infernos,<br />
contanto que garantam o sábado”.<br />
Traduzindo este trecho significa<br />
que na falta <strong>de</strong> trabalho, correm<br />
a semana toda atrás <strong>de</strong> alguma ocupação<br />
para obter pelo menos algo<br />
para comer e assim celebrar o Shabat<br />
(sábado judaico). Se não conseguissem<br />
algum trabalho e não pu<strong>de</strong>ssem<br />
adquirir alimentos, a solidarieda<strong>de</strong><br />
grupal ajeitava algo: um vizinho<br />
emprestava uma “chalá” ou um<br />
pouco <strong>de</strong> peixe para se celebrar o<br />
Shabat A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> coletiva ajudava<br />
a sobreviver numa época <strong>de</strong> enormes<br />
dificulda<strong>de</strong>s. Ser ju<strong>de</strong>u era difícil,<br />
mas nas palavras <strong>de</strong> Scholem:<br />
eram “pobres, mas felizes (ou contentes)”.<br />
E se interpelados por algum<br />
visitante, que lhes questionassem:<br />
como sobreviviam? do que viviam?<br />
Respondiam evasivamente:<br />
“Do que vivemos? Não está vendo?<br />
Há, há, há! Vivemos”. Discriminados,<br />
pobres, famintos e vivendo em uma<br />
verda<strong>de</strong>ira favela (nos padrões locais).<br />
E se <strong>de</strong>claram felizes. Seria<br />
uma i<strong>de</strong>alização <strong>de</strong> Scholem? Possivelmente<br />
sim. Por outro lado há um<br />
símbolo implícito nesta pequena<br />
obra: sobrevivem através <strong>de</strong> uma<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> coletiva, criam uma solidarieda<strong>de</strong><br />
grupal sem igual e resistem<br />
apesar das adversida<strong>de</strong>s.<br />
Sua razão <strong>de</strong> ser é sobreviver,<br />
como ju<strong>de</strong>us e como seres humanos:<br />
alias os dois aspectos são um<br />
todo coerente. Não po<strong>de</strong>riam ser<br />
apenas um <strong>de</strong>les.<br />
O “shtetl” não existe mais <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
a Segunda Guerra Mundial. Permaneceu<br />
na memória dos sobreviventes<br />
que estão se indo aos poucos.<br />
Permaneceu em fotos que poucos conhecem.<br />
Alguns <strong>de</strong> seus valores não<br />
existem mais: solidarieda<strong>de</strong>, resistência<br />
cultural e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> coletiva.<br />
A simplicida<strong>de</strong> e a pobreza foram<br />
substituídas pelo estilo <strong>de</strong> vida<br />
refinado e consumista da socieda<strong>de</strong><br />
judaica plenamente integrada na<br />
socieda<strong>de</strong> geral. Há ju<strong>de</strong>us pobres,<br />
mas <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser a maioria e a<br />
pobreza <strong>de</strong>ixou ser uma característica<br />
judaica. Hoje, a comunida<strong>de</strong><br />
ganhou status, riqueza, bens e direitos<br />
civis. Por outro lado per<strong>de</strong>u<br />
valores, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e coesão grupal.<br />
Quem será que seria mais pobre: os<br />
habitantes <strong>de</strong> Kasrilevke, pobres,<br />
mas felizes ou nós, ju<strong>de</strong>us sem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />
sem concepção <strong>de</strong> mundo e<br />
sem espiritualida<strong>de</strong>? O divã do psicanalista<br />
serve para minorar as dores<br />
<strong>de</strong> uma personalida<strong>de</strong> partida:<br />
per<strong>de</strong>mos a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> judaica e somos<br />
mais um grupo dissolvido na<br />
multidão. Sem a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> per<strong>de</strong>mos<br />
o jeito judaico (idishkait) e nada<br />
mais somos que uma sombra no meio<br />
da massa amorfa e perdida. Admito<br />
que é nostalgia e que é impossível<br />
querer voltar atrás na história; que<br />
é cegueira propor voltar ao “Shtetl”<br />
e aos níveis <strong>de</strong> pobreza e carência<br />
<strong>de</strong> cidadania <strong>de</strong> nossos ancestrais;<br />
que é antiquado viver sob um estilo<br />
<strong>de</strong> vida conservador e atado às restrições<br />
rígidas do Judaísmo normativo.<br />
Então o que fazer para restaurar<br />
nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>? Buscar as raízes<br />
judaicas e repensá-las. Tentar<br />
enten<strong>de</strong>r e contextualizar o judaísmo<br />
no mundo contemporâneo. Em<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
nossa kehilá vemos por um lado ju<strong>de</strong>us<br />
sem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e por outro ju<strong>de</strong>us<br />
que repetem o mo<strong>de</strong>lo antigo,<br />
a maneira ortodoxa. Se um é carente<br />
<strong>de</strong> espírito, o outro nega a nova<br />
realida<strong>de</strong>. Um se distancia da tradição<br />
e dos valores: o outro fica na<br />
“letra do texto”, sem interpretar as<br />
mesmas, <strong>de</strong> maneira coerente com<br />
os novos tempos e <strong>de</strong>sta forma negando<br />
a característica judaica <strong>de</strong><br />
atualizar a tradição. Não há judaísmo<br />
fora <strong>de</strong> seu tempo: este é o segredo<br />
<strong>de</strong> sua sobrevivência.<br />
A razão <strong>de</strong>ste fenômeno <strong>de</strong> “duas<br />
faces e duas posturas” seria a inércia<br />
<strong>de</strong> alguns e a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
estudar e rever conceitos, da parte<br />
<strong>de</strong> outros; uns abandonam os<br />
valores e a tradição; e outros<br />
abandonam a sua<br />
própria realida<strong>de</strong>. Isso<br />
só po<strong>de</strong> gerar alienação:<br />
ninguém vive<br />
sem raiz e nem fora<br />
do mundo. Ninguém<br />
po<strong>de</strong> viver fora da sua<br />
realida<strong>de</strong> e tampouco<br />
sem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Concluindo:<br />
os ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong><br />
Kasrilevke eram mais pobres<br />
materialmente, eram<br />
sem direitos e sem importância<br />
social. Nós somos seres sem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />
materialistas e consumistas.<br />
Sofremos a ilusão <strong>de</strong> “termos” e a<br />
realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não “sermos”. O verbo<br />
“ter” já não nos satisfaz a alma, pois<br />
per<strong>de</strong>mos o verbo “ser” que preenche<br />
nossa espiritualida<strong>de</strong>. Deixo a<br />
pergunta no vazio e o artigo incompleto.<br />
O que você caro leitor prefere:<br />
ter ou ser?<br />
3<br />
* Sérgio Feldman é<br />
professor adjunto <strong>de</strong><br />
História Antiga do Curso<br />
<strong>de</strong> História da<br />
Universida<strong>de</strong> Tuiuti do<br />
Paraná e doutorando em<br />
História<br />
pela UFPR.
4<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
Paulo Munhoz da Rocha, presi<strong>de</strong>nte da CIC participa<br />
do encontro com autorida<strong>de</strong>s e empresários do setor<br />
<strong>de</strong> turismo <strong>de</strong> Buenos Aires, Assunção, La Paz e<br />
Santiago do Chile.<br />
Curitiba terá calendário <strong>de</strong> eventos turísticos<br />
Cida<strong>de</strong> será <strong>de</strong>stino turístico o ano inteiro com anúncio feito no encontro das cida<strong>de</strong>s do Mercosul<br />
Foto: Val<strong>de</strong>cir Galor/SMCS<br />
Curitiba vai ganhar um calendário com<br />
os principais eventos turísticos da cida<strong>de</strong>.<br />
Nele estarão <strong>de</strong>stacadas as datas <strong>de</strong> realização<br />
<strong>de</strong> atrações como o Festival <strong>de</strong> Teatro, a<br />
Oficina <strong>de</strong> Música, a Maratona Ecológica Internacional<br />
e a Capital do Natal, além <strong>de</strong> outras<br />
informações sobre lazer, cultura e esportes.<br />
O anúncio do novo produto foi feito no<br />
último dia 11, pelo presi<strong>de</strong>nte da Companhia<br />
<strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Curitiba (CIC), Paulo<br />
Munhoz da Rocha, durante um encontro<br />
<strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s e empresários do setor <strong>de</strong><br />
turismo <strong>de</strong> Buenos Aires, Assunção, La Paz<br />
e Santiago do Chile. Vieram a ministra <strong>de</strong><br />
turismo do Paraguai, Maria Evangelista <strong>de</strong><br />
Gallegos, e o secretário <strong>de</strong> produção, turismo<br />
e meio ambiente <strong>de</strong> Buenos Aires,<br />
Eduardo Epsztein, além <strong>de</strong> dirigentes <strong>de</strong><br />
entida<strong>de</strong>s ligadas ao setor. Participaram cerca<br />
<strong>de</strong> 40 empresas e 350 agentes <strong>de</strong> viagens<br />
<strong>de</strong> Curitiba e do Paraná.<br />
Segundo o presi<strong>de</strong>nte da CIC, o calendário<br />
<strong>de</strong> Curitiba está sendo feito com o<br />
apoio da Fundação Cultural e da Secretaria<br />
Municipal do Esporte e Lazer. A expectativa<br />
é que fique pronto em abril. “Com o calendário<br />
<strong>de</strong> eventos, nossa intenção é fazer<br />
com que as agências <strong>de</strong> viagens tenham<br />
motivos para oferecer Curitiba como <strong>de</strong>stino<br />
turístico o ano inteiro”, disse Munhoz da<br />
Rocha durante entrevista coletiva com jornalistas<br />
brasileiros e <strong>de</strong> países convidados.<br />
O encontro em Curitiba, que leva o nome<br />
“Mercosur via TAM”, foi organizado pela<br />
companhia área com o apoio da Prefeitura<br />
<strong>de</strong> Curitiba. O objetivo é fomentar o turismo<br />
entre as cida<strong>de</strong>s da América Latina. A capital<br />
paranaense foi a segunda a receber o<br />
evento, realizado pela primeira vez em outubro<br />
<strong>de</strong> 2003, em Buenos Aires.<br />
“O resultado <strong>de</strong> Buenos Aires foi fantástico<br />
e fez com que aumentasse muito o número<br />
<strong>de</strong> turistas argentinos que vieram para<br />
cá e <strong>de</strong> curitibanos que foram para lá”, contou<br />
Munhoz da Rocha.<br />
A informação foi confirmada pelo diretor<br />
comercial da TAM Mercosul, Javier Hickethier.<br />
Segundo ele, a rota Curitiba-Buenos<br />
Aires-Curitiba está consolidada e os<br />
vôos realizados entre as duas capitais registra<br />
ocupação superior a 60%.<br />
Outra rota, que liga Curitiba a Assunção<br />
(Paraguai), está com movimento menor,<br />
mas a situação po<strong>de</strong> mudar em breve, já que<br />
está programada para o próximo mês encontro<br />
semelhante naquela cida<strong>de</strong>. Também<br />
estão previstas reuniões em Santa Cruz <strong>de</strong><br />
La Sierra (Bolívia) e Santiago (Chile). Munhoz<br />
da Rocha disse que Curitiba participará<br />
<strong>de</strong> todos os eventos, para que o seu<br />
potencial turístico seja conhecido pelos<br />
agentes e operadores <strong>de</strong> viagens das principais<br />
cida<strong>de</strong>s da região. No final da tar<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> quinta, a diretora <strong>de</strong> turismo da CIC, Juliana<br />
Vosnika, apresentou aos participantes<br />
do Workshop as atrações da capital paranaense.<br />
Todas as autorida<strong>de</strong>s presentes fizeram<br />
questão <strong>de</strong> divulgar o potencial turístico<br />
dos municípios que representam. A<br />
ministra do Paraguai falou sobre uma rota<br />
<strong>de</strong> peregrinação que será lançada nos próximos<br />
dias em conjunto com o Brasil. O representante<br />
<strong>de</strong> Buenos Aires falou sobre o<br />
tango. O do Chile, sobre o turismo voltado<br />
para a natureza e aventura. O da Bolívia,<br />
sobre a cultura e geografia do país.<br />
Nas horas vagas, os visitantes fizeram<br />
passeios pela cida<strong>de</strong>. “Em assunção, Curitiba<br />
é vendida como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>”, contou<br />
a ministra Maria Gallegos. “Seus administradores<br />
souberam combinar planejamento<br />
urbano com arte e natureza. É uma<br />
cida<strong>de</strong> que tem alma e que precisa ser imitada”,<br />
disse ela.
VISÃOpanorâmica<br />
• Yossi Groisseoign •<br />
Investigadas contas <strong>de</strong><br />
Arafat e esposa<br />
Fiscais franceses investigam a transferência<br />
<strong>de</strong> US$ 11,5 milhões da Suíça para<br />
contas bancárias na França em nome <strong>de</strong><br />
Suha Arafat, esposa <strong>de</strong> Yasser Arafat, entre<br />
julho <strong>de</strong> 2002 e julho <strong>de</strong> 2003. A investigação<br />
teve início em outubro passado,<br />
pelo órgão governamental <strong>de</strong> combate<br />
à lavagem <strong>de</strong> dinheiro, quando o Banco<br />
da França avisou a Justiça. Vários legisladores<br />
da Autorida<strong>de</strong> Palestina se<br />
queixaram das transferências <strong>de</strong> Arafat a<br />
sua esposa, que leva uma vida luxuosa,<br />
mas ela nunca foi investigada pela AP. "A<br />
investigação po<strong>de</strong>rá trazer muitas respostas",<br />
disse um membro do Conselho Legislativo<br />
Palestino, explicando que a AP<br />
<strong>de</strong>stina muitas verbas a Arafat e não há<br />
controle sobre como este dinheiro é gasto.<br />
Se ficar <strong>de</strong>monstrada malversação dos<br />
recursos provenientes <strong>de</strong> doações, mais<br />
uma faceta <strong>de</strong> Arafat será <strong>de</strong>smascarada.<br />
UE confirma vínculos<br />
entre AP e o terrorismo<br />
A Unida<strong>de</strong> Antifrau<strong>de</strong> da União Européia<br />
(OLAF) acredita que os documentos<br />
que Israel possui mostrando que a Autorida<strong>de</strong><br />
Palestina apóia o terrorismo, são<br />
autênticos. O jornal alemão Die Welt, noticiou<br />
que crescem as suspeitas do envio<br />
<strong>de</strong> dinheiro do escritório <strong>de</strong> Yasser Arafat<br />
para organizações terroristas. Isto significa<br />
que fundos da União Européia foram<br />
usados para ajudar a financiar o terrorismo<br />
nos primeiros anos do atual ciclo <strong>de</strong><br />
violência. Des<strong>de</strong> o outono <strong>de</strong> 2000, quando<br />
começou a atual Intifada, a UE vinha<br />
financiando a AP com 10 milhões <strong>de</strong> euros<br />
por mês. Os pagamentos foram suspensos<br />
no outono <strong>de</strong> 2002 quando surgiram<br />
as suspeitas sobre como os recursos<br />
estariam sendo usados. Os documentos foram<br />
obtidos no escritório <strong>de</strong> Arafat, durante<br />
a operação realizada pelo exército<br />
israelense em março <strong>de</strong> 2002 e entregues<br />
por Israel à União Européia.<br />
Abstenção no processo<br />
<strong>de</strong> Haia<br />
A União Européia (UE) se absteve no<br />
processo iniciado dia 23 <strong>de</strong> fevereiro na<br />
Corte Internacional <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> Haia,<br />
sobre a cerca <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> Israel em<br />
resposta a uma solicitação da Assembléia<br />
Geral da ONU. A petição <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />
<strong>de</strong> 2003 solicitava às autorida<strong>de</strong>s judiciais<br />
<strong>de</strong> Haia a sua opinião sobre as<br />
implicações legais da construção. A UE<br />
consi<strong>de</strong>ra que transferir o conflito para a<br />
área legal não fará avançar o processo <strong>de</strong><br />
paz. Para o ministro <strong>de</strong> Assuntos Europeus<br />
da UE Dick Roche, há poucas melhoras<br />
no processo <strong>de</strong> paz e as perspectivas<br />
em curto prazo não são alentadoras. Insistiu<br />
que a UE continue tendo um papel<br />
ativo no Quarteto.<br />
'Arma' para coibir<br />
atentados em ônibus<br />
A polícia israelense está estudando a<br />
colocação <strong>de</strong> sacos cheios <strong>de</strong> banha <strong>de</strong><br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
(com informações das<br />
agências AP, Reuters, AFP,<br />
EFE, jornais Alef na internet,<br />
Jerusalem Post, Haaretz e IG)<br />
porco nos ônibus para dissuadir os suicidas<br />
palestinos <strong>de</strong> perpetrar atentados. Aos<br />
acionar os cinturões explosivos, eles se<br />
sujariam com a gordura do animal consi<strong>de</strong>rado<br />
impuro pela religião muçulmana.<br />
Segundo o jornal Maariv, a polícia obteve<br />
autorização das autorida<strong>de</strong>s rabínicas para<br />
esta 'arma revolucionária', apesar <strong>de</strong> que<br />
o judaísmo também consi<strong>de</strong>ra este animal<br />
impuro e não a<strong>de</strong>quado para consumo. O<br />
rabino Eliezer Moshe Fisher, que dirige<br />
importante instituto <strong>de</strong> estudos talmúdicos<br />
em Jerusalém emitiu uma <strong>de</strong>claração<br />
dizendo que 'a utilização <strong>de</strong> sacos com<br />
banha <strong>de</strong> porco para a proteção <strong>de</strong> lugares<br />
públicos é legítima, uma vez que estão<br />
em jogo vidas humanas'.<br />
Katzav: 'Sem separação<br />
<strong>de</strong> interesses'<br />
O presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Israel, Moshe Katzav<br />
<strong>de</strong>clarou que 'Não po<strong>de</strong>m ser separados<br />
totalmente os interesses dos palestinos e<br />
dos israelenses. Temos interesses comuns',<br />
durante um encontro com os representantes<br />
da Me<strong>de</strong>f (Movimento <strong>de</strong> Empresas da<br />
França) e uma <strong>de</strong>legação empresarial israelense,<br />
que pediu aos seus colegas franceses<br />
que invistam na região, pois assim<br />
estarão contribuindo para a paz. 'Nosso<br />
futuro necessita <strong>de</strong> relações estreitas com<br />
nossos vizinhos', explicou Katzav, adiantando<br />
que no futuro seu país pacificará<br />
suas relações com todo o mundo árabe,<br />
como já fez com Egito e Jordânia. O presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> Israel fez uma visita oficial <strong>de</strong><br />
quatro dias à França, <strong>de</strong>stinada a estreitar<br />
os laços entre os dois países.<br />
Peres faz previsões<br />
e elogia Lula<br />
O lí<strong>de</strong>r do Partido Trabalhista <strong>de</strong> Israel,<br />
Shimon Peres está convencido <strong>de</strong> que<br />
o traçado do muro Israel e a Cisjordânia<br />
será alterado nos próximos dias e até o<br />
final do ano serão dados passos importantes<br />
em direção à paz entre israelenses<br />
e palestinos porque a crise atingiu seu<br />
ápice e precisa ser resolvida com a fórmula<br />
<strong>de</strong> dois estados para dois povos. As afirmações<br />
foram feitas durante encontro <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> uma hora com um grupo <strong>de</strong> 20<br />
<strong>de</strong>putados e senadores brasileiros em visita<br />
a Israel. Peres elogiou Lula afirmando<br />
que 'o Brasil é uma gran<strong>de</strong> esperança<br />
do mundo socialista. O presi<strong>de</strong>nte carrega<br />
consigo uma gran<strong>de</strong> mensagem <strong>de</strong> tolerância<br />
e, em nenhum lugar como o Brasil,<br />
é possível viver um relacionamento entre<br />
os diversos grupos <strong>de</strong> forma que sejam<br />
garantidos a todos o direito <strong>de</strong> serem<br />
iguais e os mesmos direitos a que todos<br />
sejam <strong>de</strong>siguais'. Falando em nome do grupo<br />
<strong>de</strong> parlamentares brasileiros o <strong>de</strong>putado<br />
fe<strong>de</strong>ral Walter Pinheiro (PT-BA) informou<br />
que Lula <strong>de</strong>verá visitar Israel em data<br />
a ser ainda marcada.<br />
Vista a museu,<br />
instituto e creche<br />
A construção da cerca entre Israel e a<br />
Cisjordânia dominou parte dos encontros<br />
dos parlamentares brasileiros. Em discurso<br />
no Parlamento, o embaixador brasilei-<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
ro em Israel, Sérgio Moreira Lima, afirmou<br />
que o Brasil não é contra a construção da<br />
cerca, mas que questiona o traçado da<br />
mesma. Os <strong>de</strong>putados se emocionaram na<br />
visita ao Museu do Holocausto e ficaram<br />
muito impressionados com toda a tecnologia<br />
do Instituto Weizmann. As esposas<br />
dos parlamentares visitaram a creche<br />
da Na'amat em Yaffo, on<strong>de</strong> tiveram<br />
a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conferir o tratamento<br />
oferecido tanto às crianças judias<br />
quanto às palestinas.<br />
Gibson: uma questão<br />
<strong>de</strong> família?<br />
Será acaso o anti-semitismo do ator,<br />
diretor e produtor Mel Gibson, como ficou<br />
expresso no recém-lançado filme 'A Paixão<br />
<strong>de</strong> Cristo' que estimula o preconceito<br />
aos ju<strong>de</strong>us? Ou será algo já enraizado na<br />
família? O pai do ator, Hitton Gibson, nega<br />
que Osama Bin La<strong>de</strong>n possa ter qualquer<br />
relação com os ataques às torres do World<br />
Tra<strong>de</strong> Center, em 11 <strong>de</strong> setembro. Ele também<br />
questiona que possam ter sido assassinados<br />
6 milhões <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us nos campos<br />
<strong>de</strong> extermínio nazistas, e sua mãe, Joye<br />
Gibson, disse ao jornal The Times que o<br />
Holocausto foi um “arranjo entre Hitler e<br />
'financistas' para tirar os ju<strong>de</strong>us da Alemanha<br />
para que fossem ao Oriente Médio,<br />
lutar contra os árabes”, ressaltando que<br />
nem havia tantos ju<strong>de</strong>us assim na Europa.<br />
Grão-Rabino pe<strong>de</strong><br />
atitu<strong>de</strong> da Igreja<br />
O grão-rabino <strong>de</strong> Israel, Iona Metzger<br />
pediu a intervenção do Papa João Paulo<br />
II na polêmica suscitada pelo filme <strong>de</strong><br />
Gibson. Metzger esteve reunido com o<br />
papa em fevereiro e pediu uma atitu<strong>de</strong><br />
apropriada para evitar manifestações contra<br />
o povo ju<strong>de</strong>u. Segundo nota oficial<br />
entregue ao núncio apostólico em Tel Aviv,<br />
o bispo Pietro Sambi, conforme o jornal<br />
Jerusalem Post. O grão-rabino <strong>de</strong>stacou<br />
que quando esteve no Vaticano o papa se<br />
referiu aos ju<strong>de</strong>us como 'nossos irmãos<br />
maiores'. 'Por isso é lamentável que um<br />
filme ten<strong>de</strong>ncioso arruíne o progresso das<br />
relações judaico-cristãs', consi<strong>de</strong>ra ele,<br />
lembrando que o Papa João XXIII <strong>de</strong>terminou<br />
em 1965 que fosse retirado o estigma<br />
<strong>de</strong> povo <strong>de</strong>icida que pairava sobre<br />
os ju<strong>de</strong>us, fato que motivou inúmeras perseguições<br />
e matanças na Europa.<br />
Aliados po<strong>de</strong>riam ter<br />
poupado vidas<br />
Fotografias tiradas por pilotos britânicos<br />
em 1944, no auge do Holocausto,<br />
revelaram a veracida<strong>de</strong> das reclamações<br />
dos ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> que os Aliados<br />
po<strong>de</strong>riam ter bombar<strong>de</strong>ado as vias férreas<br />
que conduziam os ju<strong>de</strong>us aos campos<br />
<strong>de</strong> concentração nazista, e até mesmo<br />
as próprias câmaras <strong>de</strong> gás. Os arquivos<br />
<strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong> fotos estão sendo<br />
disponibilizados na internet no site<br />
www.evi<strong>de</strong>nceincamera.co.uk. Algumas<br />
mostram claramente as colunas <strong>de</strong> fumaça<br />
que saem do crematório <strong>de</strong> Auschwitz,<br />
enquanto outras as fossas on<strong>de</strong> foram jogados<br />
os corpos dos que não foram levados<br />
aos fornos. O diretor do Yad Vashem<br />
(O Museu do Holocausto <strong>de</strong> Jerusalém)<br />
disse que o museu tinha fotos dos pilotos<br />
norte-americanos e sul-africanos, nas<br />
quais podia ser vista a fumaça. Atualmente<br />
o site está congestionado, pois os acessos<br />
superaram as expectativas.<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Protesta contra antisemitismo<br />
na Lituânia<br />
O Ministério das Relações Exteriores<br />
<strong>de</strong> Israel protestou junto ao embaixador<br />
da Lituânia Alfonsos Eidintas contra a série<br />
<strong>de</strong> artigos anti-semitas no principal<br />
jornal daquele país, Respublika. Reclamou<br />
também <strong>de</strong> que o levou mais <strong>de</strong> uma semana<br />
para o primeiro-ministro lituano se<br />
manifestar sobre o assunto e que ele foi o<br />
único a fazê-lo. Eidintas, professor que escreveu<br />
sobre a Lituânia e o Holocausto<br />
ouviu dos israelenses o <strong>de</strong>sapontamento<br />
sobre o artigo, o primeiro <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong><br />
três escritos pelo editor do jornal Vytas<br />
Tomkus. Há leis na Lituânia contra o incitamento<br />
a discriminação étnica e ao ódio,<br />
mas o Ministério da Justiça nada fez a<br />
respeito do caso, que é ainda mais grave<br />
porque se trata do principal jornal do país.<br />
Kirchner quer<br />
esclarecer caso Amia<br />
O presi<strong>de</strong>nte argentino Néstor Kirchner<br />
assegurou que a busca do esclarecimento<br />
dos atentados terroristas à embaixada<br />
<strong>de</strong> Israel e da entida<strong>de</strong> judaica AMIA<br />
é uma 'questão <strong>de</strong> estado' e 'nos coloca<br />
em luta frontal contra o terrorismo internacional'.<br />
Lembrou seu posicionamento<br />
frente aos legisladores para impedir que<br />
os fatos fossem encobertos (como aconteceu<br />
no governo <strong>de</strong> Carlos Meném) e a<br />
sua firme disposição para a abertura total<br />
dos arquivos. A <strong>de</strong>claração foi efetuada<br />
após o cancelamento <strong>de</strong> sua reunião com<br />
o presi<strong>de</strong>nte do Irã, Mohamed Jatami Jatami,<br />
que seria realizada em Caracas, na<br />
Venezuela. Segundo a agência Reuters,<br />
Jatami disse que estaria 'enojado porque<br />
Buenos Aires acusa o Irã envolvimento no<br />
atentado à Amia'.<br />
Programa escolar<br />
para a Paz<br />
Outra iniciativa para a Paz: Em um programa<br />
conjunto, seis institutos <strong>de</strong> ensino<br />
secundário israelenses e professores palestinos<br />
<strong>de</strong> Belém, Hebron e Jerusalém começaram<br />
a ministrar aulas abrangendo tanto<br />
a história tradicional <strong>de</strong> Israel e do sionismo,<br />
quanto a visão dos palestinos sobre o<br />
conflito do Oriente Médio. A iniciativa está<br />
causando polêmica, pois não houve uma<br />
aprovação do Ministério da Educação israelense<br />
ao projeto. O programa foi estabelecido<br />
em vários encontros conjuntos dos<br />
professores, que vêem se reunindo nos últimos<br />
anos, em Jerusalém Oriental e na Turquia,<br />
com o apoio do Instituto Prime sediado<br />
Bet Yala, distrito <strong>de</strong> Belém, na Cisjordânia,<br />
segundo o jornal Maariv.<br />
Expedição <strong>de</strong> paz<br />
à Antártida<br />
Quatro israelenses e quatro palestinos<br />
iniciaram uma viagem à Antártida. Eles escalarão<br />
uma montanha <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 2 mil<br />
metros numa singular expedição pela paz.<br />
Os seis homens e as duas mulheres que integram<br />
a 'missão <strong>de</strong> paz' saíram <strong>de</strong> Puerto<br />
Williams, no extremo sul do Chile em direção<br />
às Ilhas Shetland do Sul. Ao chegar à<br />
Antártida, após uma semana <strong>de</strong> navegação<br />
no perigoso Mar <strong>de</strong> Drake, viajarão <strong>de</strong>z dias<br />
por terra para chegar à montanha, que <strong>de</strong>sejam<br />
batizar com uma ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Israel e<br />
outra da Palestina. Todas as etapas da viagem<br />
intitulada por seus protagonistas <strong>de</strong><br />
'Quebrando o gelo' estão sendo filmadas.<br />
5
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
6 VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
Shiduch on-line:<br />
A leitura da Hagadá, em Pessach, sempre foi direcionada<br />
principalmente para as crianças, procurando chamar sua atenção<br />
para a os fatos narrados e os <strong>de</strong>talhes do Se<strong>de</strong>r.<br />
A Hagadá nos traz os quatro tipos <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>s que<br />
nossos filhos po<strong>de</strong>m apresentar (e o tipo <strong>de</strong> educação que<br />
vão necessitar): o sábio, o perverso, o simples e aquele que não sabe perguntar.<br />
Porém há um filho que não é mencionado na Hagadá, pela simples razão <strong>de</strong> que<br />
é o ausente. Entre os outros quatro filhos, mesmo o perverso está presente, e a vida<br />
judaica que está à sua volta é uma esperança <strong>de</strong> tornar-se também consciente da<br />
verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Torá e mitsvot.<br />
Esse filho ausente não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado apenas como resultado da<br />
mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e do apego aos valores materiais. Tem raízes mais profundas em<br />
nossa história.<br />
Nossos antepassados, vencendo perseguições e sofrimentos encontraram no caminho<br />
da imigração uma esperança <strong>de</strong> um futuro melhor. Porém, para muitos <strong>de</strong>les,<br />
isso teve um preço muito alto para a vida espiritual <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Chegando<br />
a um novo mundo, um ambiente <strong>de</strong>safiador para quem vinha <strong>de</strong> pequenas comunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> intensa vida judaica, quiseram poupar seus filhos dos conflitos entre o<br />
mundo material e o espiritual.<br />
As concessões foram se tornando cada vez maiores, levando infelizmente à<br />
assimilação. Procuravam justificativas para <strong>de</strong>ixar a vivência judaica em <strong>de</strong>trimento<br />
das aparentes facilida<strong>de</strong>s da vida material. Dessa maneira esperavam assegurarlhes<br />
um bom entrosamento no novo ambiente; mas a tão sonhada liberda<strong>de</strong> transformou-se<br />
em escravidão aos costumes alheios ao judaísmo.<br />
Apesar <strong>de</strong> serem escravos no Egito, uma minoria oprimida, os ju<strong>de</strong>us preservaram<br />
com orgulho suas tradições, costumes e fé, o que manteve sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
como um povo, assegurando a libertação <strong>de</strong> qualquer forma <strong>de</strong> tirania, seja ela<br />
física ou espiritual.<br />
Pessach é também a festa da esperança, <strong>de</strong> promessas cumpridas. Temos certeza<br />
<strong>de</strong> que através <strong>de</strong> Ahavat Yisrael (amor ao próximo ju<strong>de</strong>u), até mesmo esta<br />
geração que muitos pessimistas consi<strong>de</strong>ram “perdida”, po<strong>de</strong> ser trazida em retorno<br />
para D-us e Torá, tornando-se não só um dos quatro filhos, mas um “filho sábio”.<br />
Desejamos que a reunião <strong>de</strong> todos os ju<strong>de</strong>us das “tribos perdidas <strong>de</strong> Yisrael” à<br />
mesa do Se<strong>de</strong>r nos traga, logo em nossos dias, a completa re<strong>de</strong>nção <strong>de</strong> nosso povo<br />
com a vinda <strong>de</strong> Mashiach.<br />
(Baseado em uma carta do Rebe <strong>de</strong> Lubavitch, 11 <strong>de</strong> Nissan <strong>de</strong> 5717)<br />
VJ INDICA<br />
LIVRO<br />
O quinto filho<br />
* Yossef Dubrawsky é rabino do Beit Chabad <strong>de</strong> Curitiba.<br />
Judaísmo para o século 21<br />
Judaísmo para o século 21, <strong>de</strong> Aryeh Carmell, é um livro raro<br />
e mo<strong>de</strong>rno que mostra como os mandamentos da Torá<br />
formam um sistema dinâmico e abrangente <strong>de</strong>stinado a<br />
aprimorar o homem e estabelecer uma socieda<strong>de</strong> justa e<br />
fraterna, on<strong>de</strong> o altruísmo prevalece sobre o egoísmo – ou<br />
seja, uma socieda<strong>de</strong> que seja um mo<strong>de</strong>lo para toda a<br />
humanida<strong>de</strong>. Nesta atual era conturbada em que vivemos,<br />
on<strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> pessoas anseiam por uma direção a<br />
seguir, a obra <strong>de</strong> Carmell permite que o leitor <strong>de</strong>scubra as<br />
respostas do Judaísmo aos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios da vida<br />
mo<strong>de</strong>rna, tais como relacionamento familiar, a<br />
preservação do meio ambiente, a revolução tecnológica<br />
e o crescimento intelectual, moral e espiritual.<br />
B”H<br />
Yossef Dubrawsky *<br />
Procurando sua alma-gêmea<br />
judaica na internet!<br />
Gustavo Gustavo Erlichman Erlichman * *<br />
Não é novida<strong>de</strong> para ninguém que o sonho <strong>de</strong> toda “yidishe-mame” é ver seu filho<br />
se casar com uma linda “meidale” ou sua filha com um belo “ingale”. Porém, a probabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> você achar o amor da sua vida na sua cida<strong>de</strong> é muito pequena ainda mais<br />
se você quer que este amor seja da comunida<strong>de</strong> judaica. Com a chegada da internet,<br />
vieram também muitos sites especializados em unir novos casais, ou simplesmente<br />
para fazer novas amiza<strong>de</strong>s, e muitos <strong>de</strong>les, focados na comunida<strong>de</strong> judaica.<br />
No Brasil, infelizmente, ainda não temos muitas opções, <strong>de</strong>staca-se o site AHAVA<br />
- www.ahava.com.br - que há mais <strong>de</strong> seis anos vem formando novos casais. I<strong>de</strong>alizado<br />
pela psicóloga Flávia Acherboim, o site conta com um banco <strong>de</strong> dados com ju<strong>de</strong>us<br />
<strong>de</strong> diversas faixas etárias, garantindo o sigilo absoluto das informações e sempre com<br />
a supervisão do rabino Yossi Schildkraut na área <strong>de</strong> Judaísmo.<br />
Temos também o site COMO VAI - www.comovai.com.br - que apesar <strong>de</strong> não ser um<br />
site exclusivamente voltado para a comunida<strong>de</strong> judaica, possui uma ferramenta <strong>de</strong><br />
busca que filtra os usuários por religião, entre elas a judaica. Outra excelente opção é<br />
o site da AGENDA 18 - www.pletz.com/agenda18 - que realiza encontros semanais para<br />
os singles da comunida<strong>de</strong> judaica, nos melhores points <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Em outros países - como Israel, Estados Unidos, Inglaterra, entre outros - aon<strong>de</strong> a<br />
população judaica é maior que no Brasil, os sites para singles são numerosos e têm<br />
muitos serviços aos interessados. Um dos mais novos é o JWOO - www.jwoo.com - que<br />
além do tradicional mecanismo <strong>de</strong> busca, possui chat ao vivo com som e ví<strong>de</strong>o, para<br />
conversar olho no olho com a sua (ou seu) preten<strong>de</strong>nte.<br />
Entre os mais populares estão o JMATCH - www.jmatch.com - que possui um<br />
sistema <strong>de</strong> busca gratuito, além disso o site dispõe <strong>de</strong> um numeroso banco <strong>de</strong><br />
dados com diversos solteiros ao redor do mundo, Brasil inclusive. Outro site bem<br />
conceituado é o JDATE - www.jdate.com - produzido pela MATCHNET, que tem filiais<br />
do serviço em diversos países. Se a sua intenção é apenas fazer novas amiza<strong>de</strong>s,<br />
e quem sabe um gran<strong>de</strong> amor, visite o JEWISH FRIEND FINDER -<br />
www.jewishfriendfin<strong>de</strong>r.com - que permite que você procure amigos e amigas por<br />
faixa etária ou por país, inclusive no Brasil.<br />
Se a sua intenção é arrumar um novo amor em Tel Aviv, então visite o site LOVE IN<br />
TELAVIV - www.loveintelaviv.com - e aproveite para se programar para o festival que<br />
eles estão preparando para acontecer em julho <strong>de</strong>ste ano. Caso você seja religiosamente<br />
ortodoxo(a), não se preocupe! O site SOON BY YOU - www.soonbyyou.com - foi<br />
feito para você! Além disso, uma característica marcante <strong>de</strong>ste site é uma relação<br />
completa <strong>de</strong> casamenteiras espalhadas por Israel e Estados Unidos, com seus nomes,<br />
telefones, en<strong>de</strong>reços e área <strong>de</strong> atuação!<br />
Ao visitar estes e outros sites do gênero, algumas dicas são importantes:<br />
1 - Nunca forneça seus dados pessoais a um <strong>de</strong>sconhecido, a menos que você<br />
esteja seguro(a) que a pessoa que você conheceu merece a sua confiança.<br />
2 - Ao se cadastrar em um site cujo serviço é pago com cartão <strong>de</strong> crédito, verifique<br />
se ele é um site seguro.<br />
Se você quer conhecer mais sites para os solteiros da comunida<strong>de</strong> judaica ou se<br />
você quer apenas tirar alguma duvida, envie um e-mail para dica<strong>de</strong>site@pletz.com<br />
que eu lhe respon<strong>de</strong>rei o mais breve possível.<br />
Boa sorte e espero que você encontre seu/sua Bashert (alma-gêmea)!<br />
* * Gustavo Gustavo Erlichman Erlichman (gus@pletz.com) (gus@pletz.com) é é consultor consultor <strong>de</strong> <strong>de</strong> Internet Internet e e criador criador do do site site judaico judaico<br />
PLETZ.com<br />
PLETZ.com<br />
FELIZ<br />
PESSACH<br />
Desejam<br />
Blima e David Lorber<br />
a toda comunida<strong>de</strong>
Shmuel Lemle*<br />
Baal Shem Tov (Mestre<br />
do Bom Nome)<br />
nasceu ao redor do<br />
ano <strong>de</strong> 1700 na Ucrânia.<br />
Sua abordagem para a<br />
conexão com a Luz e com a energia<br />
do Criador baseava-se na alegria, na felicida<strong>de</strong><br />
e na intenção espiritual, em vez<br />
<strong>de</strong> ritos e rituais religiosos. Até os dias<br />
<strong>de</strong> hoje, seus ensinamentos continuam a<br />
inspirar gerações <strong>de</strong> estudantes.<br />
Faíscas <strong>de</strong> luz<br />
A Criação po<strong>de</strong> ser comparada a<br />
um quebra-cabeça que foi <strong>de</strong>smontado.<br />
Nosso objetivo é reagrupar o<br />
quebra-cabeça para que nós também<br />
possamos ser consi<strong>de</strong>rados co-Criadores<br />
do mundo. Cada vez que fazemos<br />
uma transformação espiritual em<br />
nossa natureza, escolhendo o bem em<br />
vez do mal, compartilhar em vez <strong>de</strong><br />
receber, juntamos uma peça do quebra-cabeça.<br />
Essas peças <strong>de</strong> quebracabeça<br />
são formadas pela Luz do Cria-<br />
dor - as Faíscas Sagradas.<br />
Em tudo o que existe no mundo<br />
há Faíscas Sagradas, não existe nada<br />
que não tenha Faíscas. Também nas<br />
ações dos homens, <strong>de</strong> fato até mesmo<br />
nos pecados cometidos pelo homem,<br />
há Faíscas Sagradas da glória<br />
<strong>de</strong> D-us. E o que as Faíscas que habitam<br />
nos pecados aguardam? É a Virada.<br />
No momento em que você se<br />
afasta <strong>de</strong> um pecado que cometia<br />
antes, eleva a Faísca Sagrada presa<br />
por ele ao Mundo Mais Alto do Céu.<br />
As Faíscas Sagradas que caíram quando<br />
D-us construiu e <strong>de</strong>struiu os mundos,<br />
o homem <strong>de</strong>ve elevar e purificar, <strong>de</strong> pedra<br />
para planta, <strong>de</strong> planta a animal, <strong>de</strong><br />
animal a ser falante, ele <strong>de</strong>verá purificar<br />
as Faíscas Sagradas que estão aprisionadas<br />
no mundo das cascas.<br />
O homem as come, as bebe, as<br />
usa; essas são as Faíscas que habitam<br />
nas coisas. Desta forma, a pessoa<br />
<strong>de</strong>ve ter pieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas ferramentas<br />
e <strong>de</strong> suas posses, pelo bem<br />
das Faíscas que estão nelas; <strong>de</strong>ve-se<br />
ter pieda<strong>de</strong> das Faíscas Sagradas.<br />
Tudo que um homem possui - seus<br />
empregados, seus animais, suas ferramentas<br />
- tudo oculta Faíscas que pertencem<br />
às raízes <strong>de</strong> sua alma e que <strong>de</strong>sejam<br />
ser elevadas por ele à sua Origem.<br />
Palavras <strong>de</strong> sabedoria<br />
• Uma vassoura limpa, e ela mesma<br />
fica suja; limpe-se das ofensas <strong>de</strong><br />
que se sente culpado.<br />
• Assim como o homem age, D-us reage.<br />
• Antes <strong>de</strong> encontrar a D-us, você<br />
precisa se per<strong>de</strong>r.<br />
• Se a Bíblia não nos mostrasse as<br />
fraquezas, as vulnerabilida<strong>de</strong>s e os<br />
pecados <strong>de</strong> nossos heróis, po<strong>de</strong>ríamos<br />
ter perguntas profundas<br />
acerca <strong>de</strong> sua verda<strong>de</strong>ira virtu<strong>de</strong>.<br />
• As pessoas <strong>de</strong>vem permitir a si<br />
mesmas ter a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realmente<br />
saber o que significa a<br />
unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> D-us. Compreen<strong>de</strong>r<br />
uma parte da união indivisível é<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
Os escritos do Baal Shem Tov<br />
compreen<strong>de</strong>r o todo.<br />
• Não há lugar para D-us num<br />
homem que está cheio <strong>de</strong><br />
si mesmo.<br />
Quando um pai reclama<br />
que seu filho está seguindo um<br />
mau caminho, o que <strong>de</strong>ve fazer?<br />
Amá-lo mais que nunca.<br />
* Shmuel Lemle<br />
pertence ao Centro <strong>de</strong><br />
Cabala - Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
(tel. 21 2526-3353) e é o<br />
tradutor <strong>de</strong>ste artigo<br />
baseado nos<br />
ensinamentos do<br />
cabalista Rav Berg.<br />
www.kabbalah.com<br />
7
8<br />
* Nahum Sirotsky é<br />
jornalista,<br />
correspon<strong>de</strong>nte da RBS<br />
em Israel e colunista do<br />
Último Segundo/IG. A<br />
publicação <strong>de</strong>sta coluna<br />
tem a autorização do<br />
autor.<br />
Entrevista com Elie Wiesel<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
Mubarak dá aulas <strong>de</strong> política<br />
Nahum Sirotsky * nas pacificar o Iraque. Ele quer <strong>de</strong>- Não há nem sombra <strong>de</strong> entendi-<br />
De Israel — Óbvio que estamos<br />
acompanhando as confusões políticas<br />
no Brasil. Mas, aqui, no Oriente<br />
Médio, existem sinais preocupantes.<br />
Existiam informações <strong>de</strong> que os egípcios<br />
assumiriam a manutenção da<br />
or<strong>de</strong>m da Faixa <strong>de</strong> Gaza quando <strong>de</strong>la<br />
fossem retirados colonos ju<strong>de</strong>us e a<br />
tropa <strong>de</strong> Israel. Mubarak, o presi<strong>de</strong>nte<br />
egípcio no po<strong>de</strong>r, nega e acaba <strong>de</strong><br />
dizer que não topa a missão. É <strong>de</strong>cisão<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s conseqüências.<br />
Até acredito que aí em Casa,<br />
nem se atente para a crise<br />
aqui. Temos <strong>de</strong>mais. Porém, as<br />
minorias em posição <strong>de</strong> comocracias<br />
no Oriente Médio no lugar<br />
do autoritarismo, ditaduras e monarquias.<br />
Mubarak, o gran<strong>de</strong> aliado americano<br />
no mundo árabe, respon<strong>de</strong> que<br />
o plano americano <strong>de</strong> reformas políticas<br />
“não terá sucesso, resultará em<br />
anarquia na região e, em qualquer<br />
hipótese, nada po<strong>de</strong> dar certo sem a<br />
solução do conflito israelense-palestino”.<br />
E mais “que os americanos<br />
parece que não enten<strong>de</strong>m que tudo<br />
que vier <strong>de</strong> fora será rejeitado pelos<br />
nossos povos. Haverá confusão do<br />
Marrocos ao Paquistão. Os terroristas<br />
se aproveitarão e atacarão aqui,<br />
na Europa e nos Estados Unidos”.<br />
mento entre israelenses e palestinos.<br />
Na zona <strong>de</strong> Gaza só piora. Sharon<br />
anuncia que quer sair <strong>de</strong> Gaza. Como<br />
parte <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> solução unilateral<br />
do conflito. Arafat, que <strong>de</strong>veria<br />
estar pressionando por retomada <strong>de</strong><br />
negociações, quer tropas internacionais<br />
separando os lados. Ninguém se<br />
movimenta no sentido da paz.<br />
Mubarak, do Egito, em conversa<br />
com Le Figaro, diário <strong>de</strong> Paris, acaba<br />
<strong>de</strong> afirmar que “cabe à Autorida<strong>de</strong><br />
Palestina a segurança e tranqüilida<strong>de</strong><br />
em Gaza. Eles precisam dos meios<br />
para isto”. Mubarak confessa o receio<br />
que se mandar forças haverá a possimando<br />
precisam saber. No<br />
nosso mundo, como já foi<br />
lembrado, mariposa bate as<br />
asas na China e escala num tu-<br />
No fim <strong>de</strong> março os lí<strong>de</strong>res árabes<br />
se reúnem em Tunis, Tunísia, para<br />
respon<strong>de</strong>rem em conjunto a iniciativa<br />
americana. Em abril Mubarak vai<br />
bilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que se choquem com<br />
elementos palestinos. E mais, se<br />
houver problema ”po<strong>de</strong>remos nos<br />
ver em conflito com os israelenses”.<br />
fão no Texas. Se a crise da Argentina<br />
com o FMI se aprofunda, vai<br />
doer no Brasil. A globalização é maquiavélica.<br />
O ruim vem instantaneamente,<br />
o bom em etapas.<br />
a Bush explicar as <strong>de</strong>cisões árabes<br />
Os povos árabes acompanham pela<br />
televisão árabe o que acontece no<br />
conflito com Israel. Não há ambiente<br />
para iniciativa alguma que pareça<br />
Concordou, indiretamente, que é<br />
confuso o ambiente em Gaza. O que<br />
teme po<strong>de</strong> acontecer.<br />
Existe o rumor, <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> um<br />
agência <strong>de</strong> origem evangélica, <strong>de</strong> que<br />
Acontece que Bush não tenta ape- simpática aos ju<strong>de</strong>us.<br />
o Hamas, o mais po<strong>de</strong>roso e organi-<br />
Pergunta — Para os palestinos, é um instrumento<br />
<strong>de</strong> segregação que os afeta gravemente.<br />
Resposta — Graças a essa barreira, pouquíssimos<br />
terroristas têm conseguido entrar no país, e<br />
assim se salvarão muitas vidas, não só israelenses,<br />
mas também palestinas, já que após cada atentado<br />
suicida a resposta do Estado [israelí] provoca novas<br />
vítimas entre os palestinos. Não esqueçamos que esta<br />
medida não foi inspirada por uma <strong>de</strong>cisão política,<br />
mas pela segurança nacional: se se chega a um acordo<br />
<strong>de</strong> paz entre as partes, serão suficientes uns poucos<br />
dias para <strong>de</strong>rrubá-la.<br />
P — Acha que os palestinos estão ganhando a<br />
guerra dos meios <strong>de</strong> comunicação?<br />
R — Israel está lutando por sua própria existência<br />
e sua priorida<strong>de</strong> absoluta é salvar vidas e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />
a dignida<strong>de</strong> das pessoas que <strong>de</strong>sejam viver. Explicar<br />
ao mundo suas razões e satisfazer a opinião<br />
pública não po<strong>de</strong> portanto estar mais que em segundo<br />
lugar.<br />
P — Até a administração Bush tem expressado<br />
não poucas reservas nas discussões sobre o muro.<br />
R — Insisto, é um problema <strong>de</strong> linguagem. Jamais<br />
se <strong>de</strong>veria chamar <strong>de</strong> muro, porque essa palavra<br />
tem estranhas conotações que <strong>de</strong>spertam velhos<br />
fantasmas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o muro <strong>de</strong> Varsóvia, ao muro<br />
<strong>de</strong> Berlim e estimulam os círculos <strong>de</strong> Arafat, que<br />
o rebatizou como “o muro nazista”. Mas é pelo<br />
menos ofensivo e repugnante comparar qualquer<br />
coisa que suceda em Israel com o passado trágico<br />
zado grupo fundamentalista palestino,<br />
responsável pela maioria dos ataques<br />
<strong>de</strong> homens-bomba a Israel, e<br />
ultimamente, <strong>de</strong>senvolvendo mísseis<br />
Kassam, que projeta sobre centros<br />
urbanos em Israel, até agora sem<br />
sucesso, treina e cria força regular<br />
para tomar o po<strong>de</strong>r em Gaza se, e<br />
quando Sharon tirar sua tropa e colonos.<br />
Fala-se em 20 mil homens. O<br />
general Yalon, comandante em chefe<br />
das Forças Armadas <strong>de</strong> Israel, prevê<br />
que a simples hipótese <strong>de</strong> retirada<br />
<strong>de</strong> sua gente faz aumentar os ataques<br />
palestinos. Sair <strong>de</strong> Gaza, <strong>de</strong>ixando<br />
a impressão <strong>de</strong> retirada sob<br />
fogo, só aumentará a audácia das<br />
forças extremistas, insiste.<br />
Mubarak quer tranqüilida<strong>de</strong>. Bush<br />
quer evitar escalada <strong>de</strong> violência<br />
entre israelenses e palestinos pelo<br />
menos até <strong>de</strong>pois das eleições gerais<br />
americanas, no fim do ano, que<br />
preten<strong>de</strong> vencer.<br />
As eleições americanas po<strong>de</strong>m ser<br />
<strong>de</strong>cididas pelos acontecimentos no Oriente<br />
Médio. Enten<strong>de</strong>m, a globalização?<br />
Anti-semitismo e cerca são faces <strong>de</strong> uma mesma moeda<br />
Graças a essa barreira, pouquíssimos terroristas<br />
têm conseguido entrar no país, e assim se salvarão<br />
muitas vidas, não só israelenses, mas também palestinas,<br />
já que após cada atentado suicida a resposta<br />
do Estado [israelí] provoca novas vítimas entre<br />
os palestinos. Não esqueçamos que esta medida<br />
não foi inspirada por uma <strong>de</strong>cisão política, mas pela<br />
segurança nacional: se se chegar a um acordo <strong>de</strong><br />
paz entre as partes, serão suficientes uns poucos<br />
dias para <strong>de</strong>rrubá-la.<br />
Nova York — “Francamente, não consigo compreen<strong>de</strong>r<br />
tanto barulho por nada. O que se construiu<br />
em Israel não é um muro, mas uma cerca para<br />
proteger o país dos ataques suicidas dos kamikazes.<br />
Tenta-se cumprir essa função, que por outro lado é<br />
provisória e indiscutível.”<br />
Quem fala é Elie Wiesel, renomado escritor e prêmio<br />
Nobel da Paz, que escapou <strong>de</strong> Auschwitz e que<br />
se diz contrário ao “processo” iniciado dias atrás<br />
na Corte Internacional <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> Haia para discutir<br />
a legitimida<strong>de</strong> da cerca que Israel constrói para<br />
separá-lo da Cisjordânia.<br />
“Penso que cada nação soberana e cada governo<br />
civil têm o direito-<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus próprios<br />
cidadãos como melhor pu<strong>de</strong>rem — explica Wiesel.<br />
Certamente não é tarefa do tribunal da ONU imiscuir-se<br />
neste assunto, or<strong>de</strong>nando a Israel não <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />
as suas próprias mulheres, anciãos e crianças.<br />
Será que esse tribunal está disposto a proteger<br />
os inocentes que são assassinados todos os dias pelos<br />
terroristas? Se a resposta é sim, então po<strong>de</strong>mos<br />
falar em <strong>de</strong>rrubar essa cerca.”<br />
<strong>de</strong> seus habitantes.<br />
A única saída <strong>de</strong>sta espiral <strong>de</strong> ódio é retomar o<br />
diálogo. Isto só se po<strong>de</strong>rá acontecer quando ambas<br />
as partes baixem o volume e a violência dos insultos<br />
recíprocos. Por ora, Israel <strong>de</strong>ve continuar fazendo o<br />
que faz, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se com uma cerca ou obstáculo<br />
que, não o esqueçamos, entre vizinhos é normal.<br />
P — É otimista?<br />
R — Se alguém me tivesse dito em 1945 que<br />
viveria para participar <strong>de</strong>sta campanha em 2004, não<br />
teria acreditado jamais. Estava convencido <strong>de</strong> que o<br />
anti-semitismo havia morrido em Auschwitz, mas em<br />
contrapartida constatei com estupor que só os ju<strong>de</strong>us<br />
morreram nesse lugar, enquanto que o antisemitismo<br />
está mais são e vigoroso que nunca. Tem<br />
sido a realida<strong>de</strong> mais dolorosa que comprovei na<br />
minha vida.<br />
P — Anti-semitismo e a cerca são faces <strong>de</strong> uma<br />
mesma moeda?<br />
R —Sim, mas a Europa po<strong>de</strong> fazer muito, já que,<br />
da inquisição às cruzadas, e até os pogroms, o antisemitismo<br />
é uma enfermida<strong>de</strong> européia. Jamais esqueço<br />
das vezes em que a Europa tem abandonado<br />
Israel. Em 1973, quando estava por per<strong>de</strong>r a guerra<br />
<strong>de</strong> Yom Kipur, que <strong>de</strong>via <strong>de</strong>cidir a própria existência,<br />
os norte-americanos começaram a enviar aviões,<br />
mas nenhuma só nação européia permitiu sua aterrisagem<br />
para reabastecer. Que recor<strong>de</strong>m bem esse<br />
triste capítulo da história os lí<strong>de</strong>res europeus que<br />
hoje atacam a cerca.<br />
Originalmente publicado dia 25/2/2004 no jornal italiano Corriere <strong>de</strong>lla Sera. Entrevista concedida por Elie Wiesel à<br />
jornalista Alessandra Farkas. Republicado no jornal argentino La Nación, com tradução <strong>de</strong> María Elena Rey.
Ariel Bar Tzadok*<br />
udo bem, eu vi o novo<br />
filme <strong>de</strong> Mel Gibson,<br />
“A Paixão <strong>de</strong> Cristo”.<br />
Como sempre o sr. Gibson<br />
fez um bom filme,<br />
tão realístico e ambíguo<br />
como “E o Vento Levou...” ou “Guerra<br />
nas Estrelas” (Star Wars). Para mim, a<br />
“Paixão <strong>de</strong> Cristo” é exatamente como<br />
qualquer outro filme <strong>de</strong> ficção que eu<br />
sempre vi. É uma estória, não é real,<br />
não é história, e não é assim que foi.<br />
Há muito para dizer sobre as imprecisões<br />
históricas do filme, e apesar<br />
<strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>clarações públicas<br />
em contrário, a “Paixão <strong>de</strong> Cristo” contém<br />
<strong>de</strong>finitivamente sutis elementos<br />
anti-semitas. Deixem-me documentálos<br />
alguns <strong>de</strong>les aqui.<br />
O sr. Gibson retrata a visão <strong>de</strong>le<br />
dos sacerdotes saduceus do Templo, rabinos,<br />
e muitos dos outros ju<strong>de</strong>us do<br />
dia em que Jesus foi con<strong>de</strong>nado, escarnecido,<br />
zombado e agredido, como<br />
usando peyot enrolados (cachos laterais<br />
<strong>de</strong> cabelo), <strong>de</strong> acordo com o mesmo<br />
estilo usado hoje pelos ju<strong>de</strong>us ortodoxos<br />
da tradição hassídica da Europa<br />
Oriental.<br />
Os sacerdotes e rabinos também<br />
aparecem usando algum tipo <strong>de</strong> manto<br />
ou xale com longas faixas pretas,<br />
semelhante em aparência à versão do<br />
leste europeu para o Talit (manto <strong>de</strong><br />
oração, usado pelos ju<strong>de</strong>us religiosos<br />
durante preces matinais).<br />
É um fato claro e <strong>de</strong> indiscutível<br />
realida<strong>de</strong> que os cachos laterais e mantos<br />
<strong>de</strong> oração <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign europeu oriental<br />
eram totalmente <strong>de</strong>sconhecidos nos<br />
dias <strong>de</strong> Jesus.<br />
O sr. Gibson usa nitidamente formas<br />
mo<strong>de</strong>rnas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> judaica<br />
para ter certeza que suas audiências<br />
irão reconhecer o relacionamento entre<br />
os ju<strong>de</strong>us atuais e aqueles a quem<br />
cristãos acreditam ser os responsáveis<br />
pelo assassinato <strong>de</strong> seu senhor. (ref.<br />
CB 1 Thes. 2:15).<br />
Os ju<strong>de</strong>us na multidão são mostrados<br />
zombando <strong>de</strong> Jesus e o espancando<br />
sem motivo. O comportamento <strong>de</strong>les<br />
certamente <strong>de</strong>sperta ressentimento<br />
e enfurece a qualquer um que esteja<br />
assistindo. Vestindo os ju<strong>de</strong>us antigos<br />
para os fazer parecer tão sutilmente<br />
como ju<strong>de</strong>us atuais, o sr. Gibson<br />
está tendo certeza que sua audiência<br />
não terá nenhum problema<br />
para transferir sua raiva e ressentimento<br />
sobre os ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> hoje. Só por esta<br />
terrível encenação, nada do sr. Gibson<br />
envergonhar-se <strong>de</strong>le próprio!<br />
Quando eu um rabino ortodoxo, vi<br />
a Paixão, vi com uma luz diferente da<br />
média cristã. Veja você, a morte e ressurreição<br />
<strong>de</strong> Cristo não é parte da minha<br />
estrutura <strong>de</strong> convicção, assim<br />
como não é uma imagem entalhada<br />
na minha psique. Eu não tenho vínculo<br />
emocional com as concepções<br />
que po<strong>de</strong>m ser provocados pelo filme<br />
do sr. Gibson. Isso não significa, porém,<br />
que o filme não vá <strong>de</strong>spertar sentimentos<br />
dos espectadores nãocristãos.<br />
Enquanto eu reconheço que<br />
o filme é só ficção, até mesmo narrações<br />
ficcionais evocam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós<br />
profunda emoção.<br />
Quando eu vejo a natureza do sofrimento<br />
<strong>de</strong> Jesus, eu penso nos incontáveis<br />
ju<strong>de</strong>us que realmente sofreram<br />
da mesma maneira como Jesus foi<br />
retratado no filme.<br />
Quando eu, como um ju<strong>de</strong>u, vejo a<br />
maneira como Jesus foi golpeado e sua<br />
mãe chorando por causa do sofrimento<br />
do filho <strong>de</strong>la, eu não me i<strong>de</strong>ntifico<br />
com o que é consi<strong>de</strong>rado por muitos<br />
não-cristãos, ser uma narrativa fictícia<br />
registrada nos Evangelhos. De certa forma,<br />
eu me i<strong>de</strong>ntifico com algo muito<br />
mais próximo e familiar. Eu sinto a dor<br />
das muitas mães judias ao longo <strong>de</strong> dois<br />
mil anos <strong>de</strong> perseguição cristã que choraram<br />
inconsoláveis pelos sofrimentos<br />
e perda dos seus filhos.<br />
Eu me i<strong>de</strong>ntifico com as mães judias<br />
que choraram por seus filhos<br />
enquanto sofrendo dos nazistas alemães,<br />
cossacos russos, inquisidores<br />
espanhóis e todos os tipos <strong>de</strong> cruzados<br />
europeus. Todos aqueles perseguidores<br />
dos ju<strong>de</strong>us tinham uma<br />
coisa em comum, eles eram todos<br />
cristãos, e eles todos tiveram <strong>de</strong><br />
uma só vez, ou outra, visto uma<br />
“paixão representada” alguma vez,<br />
semelhante à do filme do sr. Gibson,<br />
que os motivou, aos olhos <strong>de</strong>les,<br />
tomar a vingança <strong>de</strong> Cristo contra<br />
aqueles que o mataram.<br />
Chegará um tempo quando, por um<br />
bem maior, teremos que colocar os fatos<br />
<strong>de</strong> lado ao invés <strong>de</strong> enfocar assuntos<br />
<strong>de</strong> fé. O filme do sr. Gibson tem o<br />
potencial para fazer retroce<strong>de</strong>r as boas<br />
e duradouras relações judaico-cristãs.<br />
Partindo do fato que ele pertence a<br />
um ramo dissi<strong>de</strong>nte do culto católico,<br />
que não reconhece a autorida<strong>de</strong> do<br />
Papa ou o Vaticano, é bem provável<br />
que, no fundo, a intenção dissimulada<br />
do sr. Gibson é causar uma ruptura<br />
nessas boas relações.<br />
Também é concebível que o filme<br />
“Paixão” possa servir para prejudicar<br />
seriamente o apoio dado a Israel pelos<br />
cristãos sionistas da América. A<br />
esse respeito, o sr. Gibson po<strong>de</strong> ser<br />
visto como trabalhando para apoiar o<br />
enfraquecimento do Estado <strong>de</strong> Israel.<br />
Isto, em contrapartida, só fortaleceria<br />
os inimigos dos Estados Unidos.<br />
Assim, num certo círculo, o filme do<br />
sr. Gibson no final das contas po<strong>de</strong>ria<br />
servir para fortalecer os inimigos <strong>de</strong> paz.<br />
Isto é o que eu sinto, e é muito<br />
importante agora que nós focalizemos<br />
assuntos <strong>de</strong> camaradagem no lugar <strong>de</strong><br />
temas <strong>de</strong> conflito. Como povos <strong>de</strong> fé,<br />
nós os ju<strong>de</strong>us e cristãos temos mais<br />
em comum fundado em nossa fé do que<br />
temos a nos separar baseado em nossas<br />
visões divergentes <strong>de</strong> fatos históricos,<br />
teologia e doutrina.<br />
Como cristãos e ju<strong>de</strong>us nós ambos<br />
acreditamos no código bíblico da moralida<strong>de</strong>.<br />
Nós ambos queremos viver numa<br />
socieda<strong>de</strong> construída e prosperando sobre<br />
princípios básicos como os esboçados<br />
nos Dez Mandamentos. Os cristãos<br />
adotaram nossa Bíblia judaica e a colocaram<br />
ao lado <strong>de</strong> sua própria. Embora<br />
chamem a nossa <strong>de</strong> “velha” e a sua <strong>de</strong><br />
“nova” os cristãos ainda reconhecem o<br />
valor e a importância da aliança que<br />
D-s fez conosco, o povo ju<strong>de</strong>u.<br />
Infelizmente existem aqueles<br />
cristãos in<strong>de</strong>corosos que reivindicam<br />
que eles se transformaram no novo<br />
Israel e aquele povo escolhido <strong>de</strong><br />
D-s, o velho Israel, os ju<strong>de</strong>us, são<br />
agora nada mais que uma nação rejeitada<br />
e odiada por D-s, e <strong>de</strong>ssa forma<br />
merecedora do ódio e do <strong>de</strong>sprezo<br />
do novo Israel, a Igreja.<br />
É este tipo <strong>de</strong> teologia <strong>de</strong> substituição<br />
e da danação no fogo <strong>de</strong> inferno,<br />
sustentada por tais pessoas como<br />
o sr. Gibson que abastece as fogueiras<br />
do anti-semitismo e do ódio por todo<br />
o mundo. Isso não po<strong>de</strong> ser tolerado.<br />
Cristãos sinceros e tementes a D-s ao<br />
redor do mundo <strong>de</strong>vem unir-se aos ju<strong>de</strong>us,<br />
opondo-se a esta aberração da<br />
religião e buscando mútuo respeito<br />
ainda que sejam gran<strong>de</strong>s as nossas diferenças<br />
(ref. CB Rev. 12:17).<br />
Fé <strong>de</strong> qualquer tipo é uma questão<br />
do coração. Po<strong>de</strong> motivar uma pessoa<br />
a galgar o mais elevado ponto<br />
das alturas espirituais ou da mesma<br />
forma motivar alguém para <strong>de</strong>struir o<br />
mundo e todos os incrédulos nele. Nós<br />
vemos hoje um crescimento muçulmano<br />
mundial mais e mais fundamentalista<br />
que procura empreen<strong>de</strong>r uma<br />
guerra contra os incrédulos da socieda<strong>de</strong><br />
oci<strong>de</strong>ntal, especificamente, o<br />
mundo cristão.<br />
Nós aqui no<br />
oci<strong>de</strong>nte observamos<br />
o crescimento<br />
do Islã radical<br />
como um<br />
mal que <strong>de</strong>ve ser<br />
erradicado. Toda-<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
Um rabino ortodoxo<br />
respon<strong>de</strong> ao filme <strong>de</strong> Gibson<br />
via, não se vê a ironia nisso tudo. Veja<br />
você, o Islã não é a primeira religião<br />
do mundo a ficar intolerante com os<br />
outros e cobiçosa <strong>de</strong> conquistar o<br />
mundo. A igreja cristã sempre manteve<br />
semelhantemente doutrinas radicais<br />
com <strong>de</strong>sígnios similares para evangelizar<br />
e converter o mundo inteiro ao<br />
cristianismo. Mil anos atrás, durante<br />
as Cruzadas eram terroristas cristãos<br />
que iam invadindo e atacando centros<br />
muçulmanos, da mesma maneira que<br />
muçulmanos estão fazendo hoje.<br />
Da mesma maneira que, note bem,<br />
os muçulmanos hoje atacam os ju<strong>de</strong>us<br />
como intermediários para atacar o Oeste,<br />
assim como os cristãos assassinaram<br />
povoações inteiras <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us no<br />
seu caminho ao Oriente Médio para<br />
guerrear os muçulmanos. Parece que<br />
nós os ju<strong>de</strong>us sempre estamos no meio,<br />
sempre o sofrimento dos inocentes servidores<br />
<strong>de</strong> D-s (ref. Isaías 53).<br />
Eu ouvi muitos comentaristas sobre<br />
a “Paixão <strong>de</strong> Cristo” <strong>de</strong>clarar que<br />
o que é preciso é um filme sobre a vida<br />
<strong>de</strong> Jesus, não sua morte. Aqueles cristãos<br />
sinceros e tementes a D-s querem<br />
difundir os ensinamentos <strong>de</strong> Jesus<br />
sobre amor e vida. A esse respeito<br />
eles po<strong>de</strong>riam encontrar alguns aliados<br />
dispostos no mundo ju<strong>de</strong>u. A maioria<br />
dos discursos <strong>de</strong> Jesus como registrado<br />
<strong>de</strong> fato nos Evangelhos expressam<br />
ensinamentos <strong>de</strong> tradições rabínicas da<br />
época. Se os cristãos só conheceram a<br />
fonte judaica para muitas das suas crenças<br />
sagradas, eu acredito que isto cicatrizaria<br />
o longo caminho do conflito<br />
que tem dois milênios e que não<br />
foi nada diferente <strong>de</strong> uma<br />
profanação do Nome <strong>de</strong> D-s.<br />
Um último ponto,<br />
especialmente para<br />
meus leitores cristãos.<br />
Se a história <strong>de</strong> Jesus<br />
como retratada nos<br />
Evangelhos fosse fato<br />
atual, e Jesus fosse um<br />
ju<strong>de</strong>u íntegro perseguido<br />
por malvados sacerdotes<br />
saduceus e os seus senhores<br />
romanos, eu próprio teria saído<br />
em sua <strong>de</strong>fesa, e até carregado<br />
sua cruz. Mais ainda, muitos dos ju<strong>de</strong>us<br />
religiosos que eu conheço teriam<br />
feito o mesmo. Nós ju<strong>de</strong>us não<br />
somos os assassinos <strong>de</strong> Cristo; nós<br />
somos as vítimas daqueles que nos<br />
acusaram <strong>de</strong> tal.<br />
* O rabino Ariel Bar<br />
Tzadok, da Yeshivat<br />
Benei N’vi’im escreveu<br />
este artigo, em inglês,<br />
no site<br />
KosherTorah.com<br />
Contatos:<br />
rabbi@koshertorah.com<br />
9<br />
B”H
REFLEXÕES<br />
10<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
* Sérgio Rosvald Donaire<br />
(Jochanan Saphir ben Avraham)<br />
é administrador <strong>de</strong> empresas,<br />
auditor, consultor - Donaire<br />
Sistemas, é coor<strong>de</strong>nador do<br />
Grupo Yidish Surfers<br />
http://br.groups.yahoo.com/<br />
group/Yidish_Surfers<br />
© Reprodução e divulgação<br />
permitida no total, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />
citada a origem e o autor.<br />
B”H<br />
A Segunda Lei da Termodinâmica e D-us<br />
Sérgio Rosvald Donaire (Jochanan<br />
Saphir ben Avraham) *<br />
que a Segunda Lei da Termodinâmica<br />
tem a ver com<br />
D-us e com a ética judaica?<br />
Ora, meus amigos, se vocês<br />
também não lembram muito<br />
bem daquela Lei, não se preocupem,<br />
fiz cursinho há uns 15 anos, também<br />
não lembro totalmente. Vamos recordar<br />
os princípios básicos e o relacionamento<br />
disto com a<br />
vida; com o modo <strong>de</strong> vida<br />
judaico, mais particularmente.<br />
E, com<br />
isso, nossa relação<br />
com D-us, B”H.<br />
Imagine uma pedra<br />
caindo. Ela possui<br />
Energia Potencial<br />
(pela sua posição, sua<br />
altura do solo) e Cinética,<br />
relacionada ao seu<br />
movimento. Quando se<br />
choca com o solo, converte<br />
parte da energia <strong>de</strong> seu movimento<br />
em calor e <strong>de</strong>sagregação, neste caso,<br />
Crítica árabe aos<br />
atentados suicidas<br />
um <strong>de</strong>sperdício, por assim dizer,<br />
uma energia caótica, uma energia<br />
<strong>de</strong>sorganizada.<br />
O que quero propor aqui é que a<br />
forma como o Universo está disposto,<br />
faz-nos acreditar que toda energia<br />
“organizada” ten<strong>de</strong> a se <strong>de</strong>sorganizar.<br />
Hum... Agora você <strong>de</strong>ve estar<br />
pensando: Como explicar os processos<br />
que organizam a vida? Este é o<br />
ponto no qual queremos refletir.<br />
Vamos voltar às <strong>de</strong>finições clássicas.<br />
A Segunda Lei da Termodinâmica<br />
procura estudar as limitações a<br />
que estão sujeitos os processos, <strong>de</strong>terminando<br />
o sentido em que ocorrem<br />
essas transformações, através da<br />
função Entropia.<br />
Entropia: quando ocorre uma<br />
transformação termodinâmica, uma<br />
parte da energia é aproveitada e uma<br />
outra é <strong>de</strong>sperdiçada, em forma <strong>de</strong>sorganizada<br />
e aparentemente inútil,<br />
conhecida como energia térmica. A<br />
Entropia me<strong>de</strong> a “<strong>de</strong>gradação” da<br />
energia organizada para uma energia<br />
<strong>de</strong>sorganizada.<br />
No jornal egípcio “Al Shark El Awsat” a jornalista Mona El Tjawi [1] criticou abertamente os<br />
atentados suicidas e o uso <strong>de</strong> mulheres por parte das organizações terroristas.<br />
Num artigo publicado dia 25 <strong>de</strong> janeiro ela escreveu que <strong>de</strong>sta forma, a mensagem do Hamas<br />
aos palestinos é reforçar a idéia <strong>de</strong> que as mulheres não valem nada. A jornalista expressa sua<br />
preocupação ante a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avivar um <strong>de</strong>bate no seio da socieda<strong>de</strong> palestina sobre o<br />
inútil e imoral estímulo ao sacrifício <strong>de</strong> meninos para auto-imolação. Também <strong>de</strong>staca que se opõe<br />
aos atentados suicidas em todas suas formas e que até agora o envio <strong>de</strong> suicidas nunca havia<br />
envolvido crianças.<br />
Do seu ponto <strong>de</strong> vista, o atentado que Al Riashi [2] realizou não servirá como apoio aos<br />
trabalhadores palestinos, como justificou o Hamas, mas só os prejudica mais ainda. Após o atentado,<br />
Israel fechou a passagem <strong>de</strong> Erez e isso <strong>de</strong>ixou os operários jogados à sua sorte. Assim<br />
mesmo, a jornalista pe<strong>de</strong> ao povo palestino para superar suas dúvidas e negar-se claramente a este<br />
fenômeno espantoso.<br />
Num outro artigo <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> fevereiro, a mesma jornalista se esten<strong>de</strong>u em sua crítica e explica que<br />
se os palestinos querem <strong>de</strong>rrotar Israel, <strong>de</strong>verão viver e não morrer. Também reflexiona acerca da<br />
impossibilida<strong>de</strong> do governo palestino em enten<strong>de</strong>r que é sua responsabilida<strong>de</strong> coroar como<br />
heróis aos que permanecem com vida apesar <strong>de</strong> todas as dificulda<strong>de</strong>s, e não aos que se sacrificam.<br />
Mona El Tjawi vai além: Que os mais <strong>de</strong> 100 atentados suicidas não trouxeram ao povo<br />
palestino nenhum beneficio. Ainda assim, agrega também que os dirigentes palestinos só dizem a<br />
verda<strong>de</strong> a seu público só <strong>de</strong>pois que renunciam. Como exemplo cita o caso <strong>de</strong> Mohamed Dahlan<br />
que, só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> renunciar, <strong>de</strong>clarou que a situação dos palestinos era melhor antes da Intifada.<br />
Na mesma nota a jornalista <strong>de</strong>staca que muitos leitores lhe enviaram cartas carregadas <strong>de</strong> ódio em<br />
resposta ao seu artigo anterior, no qual se manifestou contrária a suicida Al Raishi, se bem que<br />
escolheu resumir as reações dos leitores que a apoiaram, um da Arábia Saudita e o outro da França.<br />
Resumindo: Nestes artigos ela também critica Israel e a “política <strong>de</strong> conquista”, mas aos<br />
leitores fica bem claro que a mensagem principal é o repudio aos atentados suicidas.<br />
[1] Jornalista egípcia radicada em Nova York. Trabalhou como correspon<strong>de</strong>nte da Reuters no<br />
Cairo e como representante <strong>de</strong>sta agência <strong>de</strong> notícias em Jerusalém durante um ano.<br />
[2] Primeira mulher suicida palestina que se matou em nome do Hamas, em fevereiro <strong>de</strong> 2004.<br />
Tinha filhos.<br />
Nos processos naturais (irreversíveis)<br />
a Entropia aumenta. Se admitirmos<br />
que o Universo seja um sistema<br />
isolado, a Entropia do Universo<br />
sempre aumentaria. (Conforme Fuke,<br />
Carlos e Kazuhito - Os Alicerces da<br />
Física - 1ª edição - Ed. Saraiva, 1988)<br />
E nós, Yehudi, com isso? Vamos<br />
tentar imaginar se a vida é um processo<br />
organizado ou <strong>de</strong>sorganizado.<br />
O que você acha? Talvez não sejam<br />
necessários muitos argumentos para<br />
convencê-lo que os processos vitais<br />
são altamente organizados, complexos,<br />
perfeitos, preparados, sábios, por<br />
que não dizer? E quanto à criativida<strong>de</strong>?<br />
Bem, então agora chegamos ao<br />
contraponto: os processos vitais, em<br />
sua constituição, negam o aumento<br />
da Entropia (que seria o aumento da<br />
“bagunça”). E isto está perfeitamente<br />
<strong>de</strong> acordo com as leis <strong>de</strong> D-us.<br />
Nos foi dado o livre-arbítrio. Nos<br />
foi dada a opção <strong>de</strong> imitarmos nosso<br />
D-us, <strong>de</strong> auxiliarmos em sua Obra Criadora,<br />
<strong>de</strong> sermos “realmente uma parte<br />
do D-us acima”. “LeChaim”! Viva a vida!<br />
A noção <strong>de</strong> Entropia (e aqui não<br />
a estamos <strong>de</strong>sfazendo, e sim, buscando<br />
trazer um conceito da Física) foi <strong>de</strong>senvolvida<br />
numa época em que a preocupação<br />
dos cientistas era a <strong>de</strong> estudar<br />
as condições através das quais o Calor<br />
po<strong>de</strong> ser convertido em Trabalho.<br />
O quanto <strong>de</strong> seu Calor, digo, do<br />
Calor <strong>de</strong> seus pensamentos, do Calor<br />
<strong>de</strong> seu coração, tem se convertido em<br />
Trabalho Divino? Com seu trabalho,<br />
com sua imaginação bem conduzida,<br />
com sua ação neste Mundo, po<strong>de</strong>mos<br />
melhorá-lo. Assim, com a sua criativida<strong>de</strong><br />
aplicada, elevando este Mundo,<br />
você estaria “negando” aquela lei<br />
do aumento da Entropia (bagunça).<br />
Entenda que tudo neste Mundo foi<br />
criado e está sob as Leis <strong>de</strong> D-us, e<br />
as leis da matéria, as leis científicas,<br />
não se opõem às leis morais, às leis<br />
judaicas. Qualquer contradição aparente<br />
é um ponto a <strong>de</strong>senvolvermos,<br />
pois como sabemos e acreditamos:<br />
“Ad’nai Eloh’nu, Ad’nai Ech’d”. (O Eterno<br />
é nosso D-us, o Eterno é Um). O<br />
fato é que D-us não só criou a maté-<br />
ria, mas o Homem, à sua semelhança.<br />
Conforme revelado a nosso<br />
Patriarca, Avraham, Avinu, Z”L, este<br />
abraçou a fé monoteísta, e construiu<br />
uma nação, para glorificar e aumentar<br />
a luz <strong>de</strong> D-us neste mundo.<br />
A dualida<strong>de</strong> Energia organizada<br />
versus Entropia é apenas uma outra<br />
forma <strong>de</strong> se colocar a questão do<br />
dualismo da Criação. Isto não foi à<br />
toa. Há o mundo “Olam” e há o Homem<br />
“Adam Kadmon”. Através <strong>de</strong>le,<br />
D-us quer que seja evitada a tendência<br />
ao caos, a tendência <strong>de</strong> aumento<br />
da Entropia. “Yetzer HaTov” sobrepujando<br />
“Yetzer Hará”. A boa inclinação<br />
superando a má inclinação. Como<br />
dizia um nobre Físico: “D-us não joga<br />
dados com o Universo”.<br />
Observe os fenômenos ao seu redor.<br />
As águas <strong>de</strong> um rio movimentam-se<br />
<strong>de</strong>vido a um <strong>de</strong>snível; o fluxo<br />
<strong>de</strong> água po<strong>de</strong> ser utilizado para gerar<br />
Trabalho e mover turbinas <strong>de</strong> usinas<br />
hidroelétricas ou mover moinhos.<br />
Você, meu amigo, não <strong>de</strong>ixe suas<br />
águas paradas, transforme-as em<br />
Energia; é isto o que quer nos dizer a<br />
Natureza. Entretanto, a mesma água,<br />
estando parada num lago, por exemplo,<br />
não é capaz <strong>de</strong> gerar trabalho,<br />
pois não há fluxo. Aqui se vê outra<br />
relação importante: a vida é fluxo, a<br />
vida é movimento. Lembrando daquela<br />
outra <strong>de</strong>finição: Trabalho é igual à<br />
Força vezes o Deslocamento. Portanto:<br />
entre no movimento da vida, <strong>de</strong>sloque-se,<br />
provoque a mudança, transforme<br />
o mundo: “Tikun Olam”, conforme<br />
dizem nossos sábios.<br />
Uma xícara <strong>de</strong> café quente <strong>de</strong>ixada<br />
sobre a mesa, esfria, isto é, entra<br />
em equilíbrio térmico com o meio<br />
ambiente, e <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> haver fluxo <strong>de</strong><br />
calor do café para o meio externo.<br />
Ao contrário disso, sejamos parte do<br />
fluxo que vem <strong>de</strong> D-us, contribuamos<br />
para aquecer nossos semelhantes<br />
e vice-versa.<br />
Shalom.
Por ocasião da visita do presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> Israel, Moshe Katzav, à Cida<strong>de</strong><br />
das Luzes entre 16 e 20 <strong>de</strong> fevereiro,<br />
uma das avenidas mais importantes<br />
do mundo, a Champs Elysées, foi<br />
<strong>de</strong>corada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Place <strong>de</strong> La Concor<strong>de</strong><br />
até o Arco do Triunfo com ban<strong>de</strong>iras<br />
<strong>de</strong> Israel e da França, em cada uma<br />
das árvores e postes que contornam a<br />
famosa avenida. A imagem aquece o<br />
coração e <strong>de</strong>sperta ainda mais o judaísmo<br />
que cada ju<strong>de</strong>u tem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si.<br />
Além disso, a rádio judaica, a 94.8, foi<br />
às ruas no dia 16 e entrevistou os cidadãos.<br />
Entre as manifestações, ouviuse<br />
“que orgulho ser ju<strong>de</strong>u”, “há muito<br />
tempo eu não via uma coisa como esta”.<br />
Com efeito, e como não po<strong>de</strong>ria<br />
<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser, o policiamento foi intenso<br />
e ostensivo na região, não só por<br />
conta do azul e branco e a Maguen David<br />
ao lado da ban<strong>de</strong>ira tricolor francesa,<br />
como também por conta da proximida<strong>de</strong><br />
do local da casa do presi<strong>de</strong>nte<br />
Jacques Chirac. Finalmente a França está<br />
reconhecendo o Estado <strong>de</strong> Israel.<br />
A comunida<strong>de</strong> judaica parisiense<br />
é composta por aproximadamente<br />
500 mil ju<strong>de</strong>us ao passo que a comunida<strong>de</strong><br />
islâmica perfaz a quantia <strong>de</strong> 2<br />
milhões. A titulo estatístico, 1% e 10%<br />
respectivamente em relação à população<br />
<strong>de</strong> Paris. Como parnassá (sustento),<br />
a maioria dos ju<strong>de</strong>us se <strong>de</strong>dica às<br />
profissões liberais, embora ainda seja<br />
possível vislumbrar resquícios das gerações<br />
anteriores e <strong>de</strong> seus atuais her<strong>de</strong>iros<br />
na ativida<strong>de</strong> do comércio, sobretudo<br />
no vestuário.<br />
O diretório acadêmico <strong>de</strong> uma<br />
universida<strong>de</strong> é sempre emblemático. Na<br />
B”H<br />
França, a coletivida<strong>de</strong> judaica acadêmica<br />
é muito bem representada pela<br />
entida<strong>de</strong> chamada UEJF, União dos<br />
Estudantes Ju<strong>de</strong>us. Além <strong>de</strong> promover<br />
diversas ativida<strong>de</strong>s, palestras,<br />
viagens, cursos, ela reúne os ju<strong>de</strong>us<br />
<strong>de</strong> cada universida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo-os<br />
e os representando.<br />
Conforme informei na edição<br />
anterior, a Universida<strong>de</strong> Paris 2, Pantheon<br />
Assas, infelizmente é conhecida<br />
pela tendência extrema-direita <strong>de</strong> seus<br />
estudantes. Com efeito, essa inclinação<br />
se esten<strong>de</strong> às atitu<strong>de</strong>s do diretório<br />
acadêmico, que, não raras vezes engendra<br />
discussões e até brigas com os<br />
representantes da UEJF.<br />
No entanto, esse tipo <strong>de</strong> situação<br />
não e exclusiva da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Direito. Caso análogo ocorreu e infelizmente<br />
ainda ocorre na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina, em que os participantes acabaram<br />
no hospital, sem, todavia, prestar<br />
queixa na polícia.<br />
Sophie, uma amiga que conheci<br />
no kabalat shabat da sinagoga da<br />
Rue <strong>de</strong> La Victoire, me contou o seguinte<br />
fato: um amigo seu, chamado<br />
Cyril, 30 anos, queria comprar um<br />
apartamento aqui em Paris. No dia 4<br />
<strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2004, um agente imobiliário<br />
e o proprietário do studio no<br />
6ème arrondissement o levaram para<br />
visitar o imóvel. Após a tradicional<br />
visita, o proprietário perguntou se<br />
Cyril era ju<strong>de</strong>u. Após a evi<strong>de</strong>nte resposta<br />
afirmativa, seguiu dizendo<br />
“bem, eu não vendo nada a ju<strong>de</strong>us!”.<br />
Ato contínuo, falou para o agente imobiliário:<br />
“por favor, não me traga mais<br />
isso para visitar o meu apartamento”.<br />
○ ○ ○ ○ ○<br />
Helena Kessel –<br />
correspon<strong>de</strong>nte VJ<br />
Em seguida a esse inci<strong>de</strong>nte, uma <strong>de</strong>núncia<br />
foi interposta na polícia.<br />
Um dos exercícios propostos<br />
pela professora em uma das aulas <strong>de</strong><br />
francês era trazer um artigo <strong>de</strong> jornal,<br />
apresentá-lo diante da turma e finalizar<br />
tecendo alguns comentários sobre<br />
a notícia. Uma das colegas resolveu falar<br />
sobre o direito das minorias. Logo<br />
pensei com a minha adrenalina que<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> poucos instantes eu teria <strong>de</strong><br />
me manifestar. Qual não foi a minha<br />
surpresa quando nem a colega nem o<br />
resto da turma mencionaram o nosso<br />
povo como sendo uma minoria. Curioso.<br />
Dentro dos exemplos trazidos, citou<br />
os muçulmanos (!) e os homossexuais.<br />
Curioso, para dizer o mínimo.<br />
A alegria da festa <strong>de</strong> Purim contagia<br />
toda a comunida<strong>de</strong> parisiense.<br />
Nas ruas, é possível encontrar várias<br />
famílias carregando cestas <strong>de</strong><br />
mishloach manot, crianças e adultos<br />
fantasiados e “purim sameach”<br />
é uma saudação comum e natural,<br />
mesmo entre pessoas que até então<br />
não se conheciam.<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
Aliás, em Paris só não escuta a<br />
leitura da Meguilat Esther quem não<br />
quer. A comunida<strong>de</strong> dispõe <strong>de</strong> aproximadamente<br />
100 lugares em que a mitsvá<br />
po<strong>de</strong> ser cumprida, sem contar que<br />
em muitos <strong>de</strong>les a leitura é feita <strong>de</strong><br />
hora em hora. Além disso, se ainda<br />
assim o cidadão resolve que não quer<br />
sair <strong>de</strong> casa, muitas sinagogas dispõem<br />
<strong>de</strong> bachurim ou membros da própria<br />
coletivida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>slocam até a casa<br />
da pessoa e efetuam a leitura, com o<br />
tradicional barulho na palavra “haman”.<br />
Toda semana o jornal “Actualité<br />
Juive” <strong>de</strong>dica as suas três ultimas<br />
páginas à seção chamada “pequenos<br />
anúncios”, ocasião na qual os leitores<br />
po<strong>de</strong>m fazer ofertas para compra, venda,<br />
locação <strong>de</strong> diversos bens e, o mais<br />
importante, on<strong>de</strong> são feitos anúncios<br />
com o objetivo <strong>de</strong> encontrar pessoas,<br />
quer para fins <strong>de</strong> matrimonio, quer para<br />
fins <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>. A pessoa faz uma auto<strong>de</strong>scrição,<br />
em seguida escreve o que<br />
procura e, por fim, ou fornece o seu<br />
telefone para estabelecerem o contato<br />
ou encarrega o jornal <strong>de</strong> fazê-lo. Certamente<br />
a prática po<strong>de</strong> se enten<strong>de</strong>r a<br />
outras comunida<strong>de</strong>s.<br />
11
GENTE DE VISÃO<br />
12<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
Joel Bergman:<br />
o incansável lí<strong>de</strong>r comunitário<br />
Joel Bergman é um batalhador. Não há<br />
quem não o conheça na comunida<strong>de</strong>.<br />
Moço, teve que enfrentar os nazistas e<br />
a tragédia da guerra. Per<strong>de</strong>u pais e<br />
irmãos, mas sobreviveu, guardando<br />
como triste recordação dos tempos do<br />
Holocausto o número que lhe tatuaram<br />
no braço esquerdo. No Brasil, mais<br />
precisamente em Curitiba, começou<br />
vida nova, <strong>de</strong>dicando-se simultaneamente<br />
ao comércio e aos serviços<br />
comunitários, como na Chevra<br />
Kadisha, a instituição mantenedora<br />
da sinagoga e dos<br />
cemitérios da comunida<strong>de</strong>, do<br />
Hils Farein (Ajuda aos Necessitados),<br />
do Fundo Comunitário,<br />
Beit Chabad, foi fundador e<br />
ainda participa da B’nai B’rith<br />
em Curitiba, na Loja Chaim<br />
Weizmann. Ele é nosso “Gente<br />
<strong>de</strong> visão” <strong>de</strong>ste mês.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> — On<strong>de</strong> e quando<br />
nasceu?<br />
Joel Bergman — Nasci em<br />
Pabjanice, perto <strong>de</strong> Lodz, na Polônia,<br />
em 17 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1921.<br />
VJ — Como era sua vida lá?<br />
JB — Minha casa era religiosa.<br />
Estu<strong>de</strong>i para ser shochet (magarefe<br />
ritual), mas em 1939 quando tinha 18<br />
anos, os alemães invadiram a Polônia<br />
e começou a 2ª Guerra Mundial, sobrevindo<br />
<strong>de</strong>pois o Holocausto.<br />
VJ — De que forma conseguiu<br />
sobreviver ao Holocausto?<br />
JB — Éramos seis irmãos. Com o<br />
início da guerra, meu irmão mais velho<br />
fugiu para a Rússia e nunca mais<br />
soube <strong>de</strong>le. Depois da invasão da<br />
Polônia, os alemães exigiram traba-<br />
Foto:Szyja Lorber<br />
Joel Bergman e o número <strong>de</strong> Auschwitz em seu braço<br />
lhadores e pegaram meu irmão menor<br />
<strong>de</strong> 16 anos. Consultei meus pais<br />
e <strong>de</strong>cidi me oferecer em seu lugar<br />
para ser enviado aos campos <strong>de</strong> trabalho<br />
forçado em Neubenchen, na<br />
fronteira com a Alemanha. Pensava<br />
que assim estava salvando meu irmão.<br />
Dois dias mais tar<strong>de</strong> pegaramno<br />
<strong>de</strong> novo e o levaram também para<br />
a fronteira. Durante um bom tempo<br />
no campo <strong>de</strong> trabalho, alguém <strong>de</strong>ixava<br />
todo dia um bal<strong>de</strong> com batatas<br />
cozidas. Isso foi minha salvação e a<br />
<strong>de</strong> muitos outros. Nunca fiquei sabendo<br />
quem foi nosso salvador. Todos<br />
os dias morriam <strong>de</strong> fome, doenças<br />
e maus tratos 10, 15 até 20 pessoas<br />
e seus corpos eram empilhados<br />
fora do local <strong>de</strong> trabalho. Tínhamos<br />
cotas <strong>de</strong> trabalho, e eu sempre consegui<br />
cumpri-las. Isso também me<br />
ajudou. Mais tar<strong>de</strong> fui mandado para<br />
o campo <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> Auschwitz.<br />
Duas ou três semanas mais<br />
tar<strong>de</strong> mandaram mil pessoas <strong>de</strong>smontar<br />
e limpar o Gueto <strong>de</strong> Varsóvia que<br />
então tinha sido <strong>de</strong>struído. Faltavam<br />
oito homens e então colocaram os<br />
primeiros que apareciam. Eu estava<br />
entre eles. Tínhamos que limpar 1250<br />
tijolos por dia, do <strong>de</strong>smonte do gueto,<br />
para a sua reutilização em construções.<br />
De lá me levaram para Mildorf,<br />
uma fábrica alemã <strong>de</strong> munições<br />
on<strong>de</strong> fiquei até o final da guerra. Três<br />
dias antes do fim, nos embarcaram<br />
<strong>de</strong> trem para ir ao Tirol, na Áustria,<br />
on<strong>de</strong> provavelmente seríamos fuzilados.<br />
Mas a ferrovia foi bombar<strong>de</strong>ada<br />
e ficamos presos <strong>de</strong>ntro dos vagões<br />
<strong>de</strong> gado por dois ou três dias (não<br />
sei quantos!) amontoados, sem água,<br />
comida e sem po<strong>de</strong>r sair para fazer<br />
as necessida<strong>de</strong>s. Finalmente apareceram<br />
os norte-americanos. Eu tinha<br />
38 quilos quando fui libertado. Existe<br />
um ví<strong>de</strong>o na escola Israelita, acho que<br />
feito em 2001, on<strong>de</strong> relato tudo isso.<br />
Além disso, fui um dos sobreviventes<br />
que prestou <strong>de</strong>poimento à Fundação<br />
Spielberg, para os arquivos do Museu<br />
do Holocausto em Los Angeles e já<br />
<strong>de</strong>i muitas entrevistas a jornais e estudantes<br />
sobre o tema.<br />
VJ — Quando veio para o Brasil?<br />
Com quem se casou?<br />
JB — Foi em 1957. Mas antes<br />
disso me casei com Tubi (Tova em<br />
hebraico), na Alemanha, para on<strong>de</strong> fui<br />
enviado, e fui para Israel on<strong>de</strong> eu tinha<br />
um tio, Israel Bergman. Morei em<br />
Rehovot. Vim para o Brasil para reencontrar<br />
meu irmão mais novo, Samuel,<br />
que al,émd e mim, foi o único da minha<br />
família a sobreviver, que então<br />
morava em São Paulo. Sara, minha<br />
única filha, mora em São Paulo e tem<br />
dois filhos. Fiquei em São Paulo, por<br />
um mês e ouvi falar que em Curitiba<br />
tinha ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> origem polonesa.<br />
VJ — Como foi sua chegada a<br />
Curitiba?<br />
JB — São Paulo era muito gran<strong>de</strong><br />
e eu não estava acostumado com<br />
isso. Assim, vim para cá e gostei <strong>de</strong><br />
Curitiba, on<strong>de</strong> logo fiz alguns negócios,<br />
pois comprava em nome do meu<br />
irmão que já estava estabelecido,<br />
roupas feitas, para revendê-las. Logo,<br />
aluguei uma loja na Rua Westphalen<br />
e passei a trabalhar. A colônia em<br />
Curitiba era muito fechada naquele
tempo, mas logo me adaptei e participei<br />
da Chevra Kadisha, do Fundo Comunitário,<br />
do Hils Farein e aju<strong>de</strong>i a<br />
fundar a B’nai B’rith, da qual ainda<br />
faço parte, além <strong>de</strong> ter sido vice-presi<strong>de</strong>nte<br />
do Beit Chabad.<br />
VJ — Qual a sua relação com o<br />
Estado <strong>de</strong> Israel?<br />
JB — Sou cem por cento sionista.<br />
Graças a Israel o povo ju<strong>de</strong>u tem<br />
hoje um país para viver em segurança<br />
e nos permite viver em segurança<br />
em qualquer parte do mundo. Acredito<br />
que todo ju<strong>de</strong>u tem laços afetivos<br />
com Israel.<br />
VJ — Como lí<strong>de</strong>r comunitário,<br />
qual o momento mais difícil e o melhor<br />
momento vividos?<br />
JB — Creio que o momento mais<br />
difícil foi durante a Guerra dos Seis<br />
Dias, em 1967 porque mexeu muito<br />
com a gente. Estávamos apreensivos<br />
com os acontecimentos e as ameaças<br />
<strong>de</strong> jogar os ju<strong>de</strong>us no mar. Em<br />
1973 houve outro momento <strong>de</strong> tensão,<br />
durante a Guerra do Iom Kipur,<br />
quando houve perigo. Mas graças a<br />
Sharon, que hoje é o primeiro-minis-<br />
tro do país, tudo <strong>de</strong>u certo. O melhor<br />
momento, sem dúvida foi a alegria da<br />
In<strong>de</strong>pendência do Estado <strong>de</strong> Israel.<br />
VJ — Hoje é fácil, como ontem,<br />
<strong>de</strong> atuar na comunida<strong>de</strong>?<br />
JB — Atualmente é mais difícil<br />
trabalhar com a comunida<strong>de</strong>. Antigamente<br />
isso representava para as pessoas<br />
uma honra. Hoje, ninguém mais<br />
liga para isso. Parece que as pessoas<br />
só se preocupam com seus problemas<br />
e os <strong>de</strong> sua família, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado<br />
o trabalho comunitário.<br />
VJ — Qual a mensagem que gostaria<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar para os novos lí<strong>de</strong>res<br />
comunitários?<br />
JB — Gostaria que eles mantivessem<br />
firme a continuida<strong>de</strong> do judaísmo.<br />
Um exemplo a seguir é o<br />
que está acontecendo na parte religiosa.<br />
Estamos assistindo a um belo<br />
trabalho com a juventu<strong>de</strong>, por parte<br />
do nosso lí<strong>de</strong>r espiritual Sami<br />
Goldstein, na Sinagoga “Francisco<br />
Frischmann”, como com o trabalho<br />
<strong>de</strong>senvolvido pelo rabino Dubrawsky<br />
do Beit Chabad e <strong>de</strong> sua esposa Tila<br />
em favor do judaísmo.<br />
Foto: Internet<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
‘Armando’ a fotografia<br />
Esta fotografia<br />
foi feita durante<br />
uma manifestação<br />
na qual participaram<br />
organizações<br />
palestinas e israelenses<br />
<strong>de</strong> direitos<br />
humanos e associaçõespró-palestinas<br />
em Abu Dis,<br />
on<strong>de</strong> está sendo<br />
construído a cerca<br />
<strong>de</strong> segurança.<br />
A foto foi publicada<br />
por um jornal<br />
israelense que tem<br />
contrato com duas<br />
importantes agências <strong>de</strong> notícias para aquisição <strong>de</strong> fotografias.<br />
A diferença <strong>de</strong>sse jornal com os outros meios, é que<br />
utilizam somente fotografias autorizadas e pelas quais pagam<br />
um <strong>de</strong>terminado preço através <strong>de</strong> uma conta mensal.<br />
Manipulação: Como se "arma" uma cena <strong>de</strong> protesto, enganando<br />
a imprensa em todo mundo e o seus leitores<br />
A foto mencionada pertence a um meio ao qual o jornal<br />
não é associado. Por isso, o jornal entrou em contato com as<br />
agências noticiosas com as que tem contrato, para saber se<br />
tinham alguma fotografia similar, explicando-lhes do que se<br />
tratava. Esperou uns minutos enquanto procuravam entre as<br />
fotos feitas no dia anterior e não tinham nada parecido.<br />
Surgiu então a interrogação do porquê o fotógrafo não<br />
se prevenira <strong>de</strong> fazer a tomada como os <strong>de</strong>mais, ao que<br />
respon<strong>de</strong>ram: “Nosso fotógrafo observou a situação, mas se<br />
<strong>de</strong>u conta que era uma tomada 'armada'”. Assim é que se<br />
po<strong>de</strong> ver que a mulher está 'justamente' parada diante <strong>de</strong><br />
uma pichação que diz: 'Parem <strong>de</strong> matar o povo palestino'.<br />
Para conseguir a fotografia tal como se observa o jornal<br />
teve que se dirigir a uma agência que a possuía.<br />
Esta é mais uma <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> que a maioria dos<br />
meios <strong>de</strong> comunicação (sobretudo estrangeiros), muitas<br />
vezes <strong>de</strong> forma ingênua, faz mau uso jornalismo e acaba<br />
prejudicando Israel <strong>de</strong> forma intencional ou não.<br />
13
14<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
TURISMO<br />
Aqueles que visitam a esplanada<br />
on<strong>de</strong> se encontram os dois importantes<br />
monumentos da fé islâmica em<br />
Jerusalém, Domo da Rocha e Mesquita<br />
<strong>de</strong> Al Aksa, dificilmente reparam<br />
na construção que se encontra<br />
próxima à bilheteria: a Fonte do<br />
Sultão Quytbay.<br />
A fonte do século 15 (1482), não<br />
tem merecido a atenção dos guias <strong>de</strong><br />
turismo, o que é uma injustiça. Ela<br />
passa <strong>de</strong>spercebida pelos olhos dos<br />
visitantes como outros tantos monumentos<br />
que fazem parte do conjunto<br />
<strong>de</strong> obras <strong>de</strong>ixadas pelos califas e sultões<br />
que passaram por Jerusalém ou<br />
que, mesmo sem estarem presentes,<br />
or<strong>de</strong>naram suas construções que hoje<br />
lembram os seus nomes.<br />
A fonte construída por artesãos<br />
Jerusalém (9)<br />
Bairro árabe (4)<br />
Antônio Carlos Coelho da Costa*<br />
egípcios e por um mestre cristão, traz<br />
a característica da requintada arquitetura<br />
mameluca. Seu interior é <strong>de</strong>corado<br />
com o mesmo requinte e, em<br />
seu entorno, há uma inscrição <strong>de</strong> frases<br />
do Corão.<br />
No ano <strong>de</strong> 1883 sofreu sua única<br />
restauração, sem que esta modificasse<br />
o seu aspecto original. Por ter<br />
sido construída por artesãos especializados<br />
em edifícios fúnebres,<br />
recebeu também, influência da arquitetura<br />
funerária.<br />
Outra obra que chama a atenção<br />
por sua beleza é o Púlpito <strong>de</strong> Burhan<br />
ed-Din. Situado à direita do Domo<br />
da Rocha. A construção do século 14<br />
(1388) reúne elementos bizantinos<br />
e cruzados, formando uma combinação<br />
muito interessante. Há uma es-<br />
O púlpito <strong>de</strong> Burhan ed-Din, um tesouros arquitetônicos que passam<br />
<strong>de</strong>spercebidos em Jerusalém<br />
cada que leva ao lugar do pregador<br />
(juiz). O púlpito coberto diferenciase<br />
dos outros com a mesma finalida<strong>de</strong>,<br />
pois foi feito especialmente para<br />
pregações em local aberto.<br />
No imenso jardim da esplanada há<br />
muitas outras marcas da presença islâmica<br />
em Jerusalém. Lamentavelmente,<br />
elas passam <strong>de</strong>spercebidas dos<br />
visitantes que, hipnotizados pelo<br />
dourado da cúpula do Domo da Ro-<br />
cha ou apresados para cumprir os<br />
apertados programas turísticos.<br />
Não só na esplanada há belos<br />
exemplos da arquitetura islâmica. Elas<br />
estão nas vielas, nas fachadas dos<br />
edifícios, nas fontes e nas <strong>de</strong>corações<br />
talhadas na pedra, perdidas nos<br />
cantos do mercado. Visitar Jerusalém<br />
requer olhos atentos para cada <strong>de</strong>talhe<br />
que contam a história <strong>de</strong> uma<br />
cida<strong>de</strong> única.<br />
*Antônio Carlos Coelho da Costa é professor e diretor do Instituto Ciência e Fé
Pessach 14<br />
Pessach (Páscoa) é uma festa da<br />
primavera que comemora o Êxodo - a<br />
saída dos filhos <strong>de</strong> Israel do Egito há<br />
cerca <strong>de</strong> 3300 anos, guiados por Moisés,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> dois séculos <strong>de</strong> escravidão.<br />
A festa começa com o Se<strong>de</strong>r, um jantar<br />
cerimonial em família, durante o qual<br />
a história do Êxodo, tal como relatada<br />
na Hagadá, é recitada e celebrada.<br />
Durante os sete dias <strong>de</strong> Pessach, é<br />
proibido comer pão fermentado (isto<br />
é, feito com fermento), que é substituído<br />
pelo pão ázimo. A origem do<br />
nome da festa está na promessa feita<br />
pelo Eterno <strong>de</strong> “Passar por cima” das<br />
casas dos filhos <strong>de</strong> Israel, colocandoas<br />
a salvo <strong>de</strong>ssas pragas.<br />
Na época bíblica, Pessach coincidia<br />
com a colheita da cevada, a primeira<br />
colheita <strong>de</strong> cereal do ano. Na<br />
segunda noite <strong>de</strong> Pessach começa a<br />
contagem do Ômer, que se conclui quarenta<br />
e nove dias mais tar<strong>de</strong>, na véspera<br />
<strong>de</strong> Shavuót.<br />
Guia para a Páscoa judaica<br />
Busca do chametz<br />
Uma busca formal por chametz (restos<br />
<strong>de</strong> comida esquecida ou migalhas<br />
perdidas ou caídas <strong>de</strong> pão, biscoito,<br />
etc) <strong>de</strong>ve ocorrer na noite anterior a<br />
Pessach, este ano, 2004, segunda-feira<br />
à noite, dia 5 <strong>de</strong> abril. A busca do<br />
chametz é feita à luz <strong>de</strong> uma vela. Os<br />
membros da família percorrem aposento<br />
por aposento, on<strong>de</strong> quer que algum<br />
alimento possa estar. É um costume cabalístico<br />
colocar <strong>de</strong>z pedaços <strong>de</strong> pão<br />
bem embrulhados<br />
(para que<br />
não caia nenhum<br />
farelo) e<br />
espalhados pelos<br />
diversos<br />
ambientes,<br />
para serem<br />
achados e coletadosdurante<br />
a busca geral <strong>de</strong> chametz. As crianças<br />
curtem muito este momento, percorrendo<br />
a casa munidos com uma pena<br />
que serve para “varrer” o chametz. Antes<br />
<strong>de</strong> procurar, recita-se a bênção Al<br />
Biur Chametz:<br />
“Baruch Atá A-do-nai E-lo-hê-nu<br />
Mêlech Haolám, Asher Ki<strong>de</strong>shánu Be-<br />
mitsvotav Vetzivánu Al Biur Chamêts.”<br />
(“Bendito és Tu, Senhor nosso D-us,<br />
Rei do Universo que nos santificou com<br />
Seus mandamentos e nos or<strong>de</strong>nou remover<br />
o chametz”).<br />
Ao concluir a busca e após ter-se<br />
recolhido qualquer chametz que por<br />
acaso tenha sido encontrado, a seguinte<br />
<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> anulação <strong>de</strong>ve<br />
ser pronunciada:<br />
“Todo fermento ou qualquer produto<br />
fermentado em meu po<strong>de</strong>r que<br />
não vi ou removi, e <strong>de</strong> que não tenho<br />
consciência, seja<br />
consi<strong>de</strong>rado sem valor<br />
e sem dono como o pó<br />
da terra.”<br />
O chametz encontrado<br />
durante a busca<br />
<strong>de</strong>ve então ser embrulhado<br />
e colocado <strong>de</strong><br />
lado, para ser queimado<br />
na manhã seguinte<br />
na sinagoga juntamente<br />
com o chametz <strong>de</strong><br />
outros membros <strong>de</strong> sua<br />
comunida<strong>de</strong> e que passaram<br />
pelo mesmo procedimento.<br />
Venda do<br />
chametz<br />
Tradicionalmente, após guardar o<br />
chametz num quarto fechado ou num<br />
congelador trancado, é dada autorização<br />
ao rabino para a venda do nosso<br />
chametz. Assim o chametz <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> pertencer<br />
ao ju<strong>de</strong>u.<br />
Jejum dos primogênitos<br />
Este jejum é realizado na véspera<br />
<strong>de</strong> Pessach,<br />
porém costuma-separticipar<br />
<strong>de</strong><br />
um término<br />
<strong>de</strong> tratado<br />
Talmud para<br />
isentar-se<br />
<strong>de</strong>le.<br />
Na véspera do Se<strong>de</strong>r<br />
No domingo, a cozinha <strong>de</strong>verá estar<br />
<strong>de</strong>vidamente “casherizada”. À véspera<br />
<strong>de</strong> Pessach, é permitido comer matzá<br />
ashirá (matzá <strong>de</strong> ovo). A matzá shemurá<br />
é usada nas duas noites do Se<strong>de</strong>r. Alguns<br />
a usam durante toda a festa. Na<br />
véspera <strong>de</strong> Pessach é proibido ingerir pão<br />
após as 9h30m e também não po<strong>de</strong>mos<br />
ingerir matzá antes do Se<strong>de</strong>r.<br />
Em Yom Tov (dia sagrado) não se<br />
cozinha para o dia seguinte.<br />
Preparação da mesa<br />
No Se<strong>de</strong>r, prepara-se a mesa da seguinte<br />
forma: no centro <strong>de</strong> uma ban<strong>de</strong>ja<br />
colocam-se três matzót, que representam<br />
os três grupos <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us:<br />
Cohanim, Leviim e Israel. Ao lado<br />
<strong>de</strong>ssas matzót, colocam-se os seguintes<br />
símbolos:<br />
Zeroá - Pedaço <strong>de</strong><br />
osso do cor<strong>de</strong>iro ou<br />
ovelha, que se coloca<br />
na parte superior, à direita<br />
da ban<strong>de</strong>ja. Este<br />
osso simboliza o po<strong>de</strong>r<br />
com que D-us nos tirou<br />
do Egito e o cor<strong>de</strong>iro<br />
nos lembra o cor<strong>de</strong>iro<br />
pascal, sacrificado no<br />
Templo.<br />
Betsá - Ovo cozido,<br />
colocado na parte superior<br />
à esquerda da<br />
ban<strong>de</strong>ja, simboliza<br />
uma lembrança do sacrifício<br />
que se oferecia<br />
em cada festivida<strong>de</strong>.<br />
Marór - Erva amarga, colocada no<br />
centro da ban<strong>de</strong>ja, simboliza o sofrimento<br />
dos ju<strong>de</strong>us escravos no Egito.<br />
Usa-se escarola, verdura mais amarga<br />
que alface.<br />
Charósset - Mistura <strong>de</strong> nozes, amêndoas,<br />
tâmaras, canela e vinho. Colocada<br />
na parte inferior à direita da ban<strong>de</strong>ja,<br />
representa a argamassa com a<br />
qual os ju<strong>de</strong>us trabalhavam na construção<br />
das edificações do faraó.<br />
Karpás - O salsão, colocado embaixo,<br />
à esquerda. Essa verdura, molhada<br />
em vinagre ou água salgada, serve para<br />
dar o “sabor” do Êxodo. Lembra o hissopo<br />
(Ezov) com o qual os israelitas<br />
aspergiram um pouco <strong>de</strong> sangue nos<br />
batentes <strong>de</strong> suas casas, antes da praga<br />
dos primogênitos.<br />
Chazéret - Escarola.<br />
Coloca-se sob o Marór.<br />
Além disso, colocam-se na mesa:<br />
• Um recipiente com água salgada, em<br />
que se mergulham as verduras. Lembra<br />
o mar.<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
– a festa que comemora a libertação<br />
<strong>de</strong> Nissan 5764 - 6 e 7 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2004<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>,<br />
Hana Kleiner, Sheilla Figlarz,<br />
Szyja Lorber e famílias<br />
Desejam nesta festa da <strong>Liberda<strong>de</strong></strong><br />
um Pessach com muitas alegrias<br />
• A taça para cada um dos presentes. O<br />
conteúdo mínimo <strong>de</strong> cada taça é <strong>de</strong> 86<br />
mililitros (valor numérico <strong>de</strong> Kos = copo).<br />
O Se<strong>de</strong>r (Or<strong>de</strong>m)<br />
Durante o Se<strong>de</strong>r, quem conduz a cerimônia<br />
<strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer a seguinte or<strong>de</strong>m:<br />
Ka<strong>de</strong>sh - fazer o kidush<br />
(benção)<br />
O Se<strong>de</strong>r começa com o kidush feito<br />
sobre um copo <strong>de</strong> vinho cheio. Cada<br />
um dos presentes tem obrigação <strong>de</strong><br />
beber no <strong>de</strong>correr do Se<strong>de</strong>r quatro copos<br />
<strong>de</strong> vinho. Estes quatro copos lembram<br />
as quatro expressões <strong>de</strong> salvação<br />
mencionadas na Torá: “...E vos tirarei<br />
do Egito... e vos salvarei da escravidão...<br />
e vos redimirei com braço estendido...<br />
e vos tomarei para mim como<br />
povo...” Ao terminar <strong>de</strong> recitar o<br />
kidush, cada um dos presentes bebe o<br />
primeiro dos quatro copos, reclinandose<br />
sobre o lado esquerdo, como expressão<br />
<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Ele moa<strong>de</strong>i Ad-onai<br />
mikraê ko<strong>de</strong>sh, asher tikreú otam bemoadam.<br />
Vaidaber Moshe et moa<strong>de</strong>i Adonai<br />
el benei Israel. Sabri maranan!<br />
Veonim: (Lechaim).<br />
Baruch Atá Ad-onai El-oheinu melech<br />
haolam borê peri haguefen. Baruch<br />
Atá Ad-onai El-oheinu melech haolam,<br />
asher bachar banu mikol am, veromemanu<br />
mikol lashon, veki<strong>de</strong>shanu bemits-<br />
votav, vatiten lanu Ad-onai El-ohenu<br />
beahavá Shabatot limnuchá umoadim<br />
lesimchá, chaguim uzmanim lessasson.<br />
Et yom chag hamatsot hazé, veet yom<br />
tov mikra ko<strong>de</strong>sh hazé, zeman cherutenu.<br />
Beahavá mikra ko<strong>de</strong>sh, zecher litsiat<br />
mitzraim, ki banu bacharta veotanu kidashta<br />
mikol haamim, umoa<strong>de</strong>i kôdshecha<br />
besimchá uvssasson hinchaltánu.<br />
Baruch Atá Ad-onai, meka<strong>de</strong>sh Yisrael<br />
vehazemanim.<br />
Baruch Atá Ado-nai El-ohenu melech<br />
haolam shehecheianu vekiyemanu vehiguianu<br />
lazeman haze.<br />
15
16 Urchatz – Lavar as mãos<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
Lavam-se as mãos como normalmente<br />
se faz antes <strong>de</strong> comer o pão, porém<br />
não se fala a berachá (benção). Isto porque<br />
o karpás é mergulhado na água salgada,<br />
o que exige lavar as mãos antes.<br />
Karpás – Salsão<br />
Mergulha-se um pedacinho <strong>de</strong> salsão<br />
(com menos <strong>de</strong> 18 g) na água salgada<br />
e, antes <strong>de</strong> comê-lo, recita-se a seguinte<br />
bênção (pensando no marór, pois a<br />
berachá também é válida para este):<br />
Baruch Atá Ad-onai El-ohenu melech<br />
haolam borê peri haadamá.<br />
Yachats – Partir a matzá.<br />
Na ban<strong>de</strong>ja do Se<strong>de</strong>r há três matzót.<br />
Toma-se a matzá do meio, quebrando-a<br />
em duas partes para lembrar o pão<br />
da pobreza, que nunca está inteiro. O<br />
pedaço menor é recolocado, entre as<br />
duas matzót inteiras, na ban<strong>de</strong>ja do<br />
Se<strong>de</strong>r. O pedaço maior é guardado <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> um guardanapo, sendo escondido.<br />
Este pedaço é o aficoman, que será<br />
comido no final do Se<strong>de</strong>r. As crianças<br />
costumam procurar o aficoman, ganhando<br />
brin<strong>de</strong>s se o encontrarem, como<br />
pretexto para <strong>de</strong>ixá-los acordados.<br />
Maguid – Recitação da<br />
Hagadá (Livro recitado<br />
em Pessach).<br />
Descobre-se a matzá e começa-se a<br />
leitura da Hagadá. Ha lachmá aniá. Este<br />
é o pão da pobreza – recita-se até o<br />
final do primeiro trecho. Enche-se novamente<br />
o copo <strong>de</strong> vinho e o mais jovem<br />
da casa recita, então, as quatro<br />
perguntas.<br />
Manishtaná – As quatro<br />
perguntas:<br />
Por que esta noite é diferente <strong>de</strong><br />
todas as outras noites? Em todas as noites<br />
não temos obrigação <strong>de</strong> mergulhar<br />
os alimentos nem uma só vez, enquanto<br />
que nesta noite o fazemos duas vezes?<br />
Em todas as noites comemos pão<br />
com levedura ou matzá, ao passo que<br />
esta noite, só matzá? Em todas as noites<br />
comemos todo tipo <strong>de</strong> verduras, enquanto<br />
que esta noite comemos marór<br />
- ervas amargas? Em todas as noites<br />
comemos sentados, enquanto que esta<br />
noite todos nos reclinamos?<br />
A resposta começa com Avadim hainu<br />
– escravos fomos – e faz-se uma narrativa<br />
histórica, falando sobre a escravidão<br />
e os sofrimentos dos ju<strong>de</strong>us no<br />
Egito. Conta-se sobre as pragas e sobre<br />
os milagres realizados por D-us para<br />
a re<strong>de</strong>nção <strong>de</strong> seu povo.<br />
A terminar o texto da Hagadá com a<br />
bênção Asher guealanu, bebe-se o segundo<br />
copo <strong>de</strong> vinho, reclinando-se sobre o<br />
lado esquerdo, sem dizer a berachá.<br />
Rochtsá – Lavagem<br />
das mãos<br />
Antes do Hamotsi (benção do pão)<br />
lavam-se as mãos para a refeição, recitando<br />
a seguinte bênção: Baruch Atá<br />
Ad-onai El-ohenu melech haolam asher<br />
ki<strong>de</strong>shanu bemitsvotav vetsivanu al netilat<br />
yadaim.<br />
Motsi Matzá – Bênção<br />
da matzá<br />
Segurando as três matzót (as duas<br />
inteiras e a quebrada), recita-se a bênção<br />
do pão (Hamotsi): Baruch Atá<br />
Adonai El-ohenu melech haolam ha-<br />
motsilechem min haaretz. Imediatamente<br />
solta-se a matzá inferior e, segurando<br />
a matzá superior e a do meio,<br />
diz-se: Baruch Atá Ad-onai El-ohenu<br />
melech haolam asher ki<strong>de</strong>shanu bemitsvotav<br />
vetsivanu al achilat matzá.<br />
Marór – Erva amarga<br />
Pega-se a folha <strong>de</strong> alface e mergulha-se<br />
no charosset.<br />
Não se reclina o corpo ao comer o<br />
marór, pois este nos lembra a servidão<br />
e a amargura. Antes <strong>de</strong> comer recita-se<br />
a seguinte bênção: Baruch Atá<br />
Adonai El-ohenu melech haolam asher<br />
ki<strong>de</strong>shanu bemitsvotav vetsivanu al<br />
achilat marór.<br />
Korech – Sanduíche<br />
<strong>de</strong> matzá e marór<br />
Na Torá está escrito: Al matzot umerorim<br />
yocheluhu. Hillel entendia que se<br />
<strong>de</strong>via comer o sacrifício pascal junto<br />
com matzá e marór. Portanto, pega-se<br />
a matzá inferior e coloca-se entre dois<br />
pedaços da mesma (equivalentes ambos<br />
a um kazait), um outro kazait <strong>de</strong><br />
alface romana (pesando cerca <strong>de</strong> 29 g),<br />
mergulha-se tudo junto no charosset e<br />
se diz: Zecher lamikdash kehilel hazaken<br />
shehaya korchan veochlam bebat achat<br />
lekayem ma sheneemar al matzot umerorim<br />
yocheluhu. Come-se, então, reclinando-se<br />
sobre o lado esquerdo.<br />
Shulchan Orech –<br />
Refeição festiva<br />
Serve-se a refeição, que se inicia<br />
com o ovo cozido. Depois, seguem-se<br />
os pratos especialmente preparados<br />
para a ceia. Deve-se acabar antes da<br />
meia-noite, para po<strong>de</strong>r comer o aficoman<br />
antes <strong>de</strong>sse horário.<br />
Tsafun – Aficoman<br />
Após a refeição come-se um kazait<br />
(29 g) <strong>de</strong> matzá, que é o aficoman, recitando-se<br />
a seguinte frase: “Zecher<br />
lekorbarn Pêssach haneechal al hassabá”.<br />
Após esta bênção, não é mais<br />
permitido comer ou beber durante<br />
essa noite, com exceção dos últimos<br />
copos <strong>de</strong> vinho.<br />
Barech – Bênção<br />
após a refeição<br />
Enche-se o copo <strong>de</strong> vinho pela<br />
terceira vez, recitando-se, então, o<br />
Bircat Hamazon (Graças após as refeições).<br />
Logo se diz a bênção do vinho<br />
e se toma o terceiro copo, reclinado<br />
sobre o lado esquerdo.<br />
Halel – Louvores<br />
Enche-se o quarto copo <strong>de</strong> vinho e<br />
recitam-se os louvores a D-us <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
Shefoch Chamatchá, seguido do Halel<br />
até a conclusão do Nishmat. Bebe-se o<br />
quarto copo <strong>de</strong> vinho com o corpo reclinado<br />
sobre o lado esquerdo e <strong>de</strong>pois<br />
recita-se a berachá “Al haguefen veal<br />
peri haguefen”, a bênção para quando<br />
se bebeu vinho em quantida<strong>de</strong> maior<br />
do que 45 centímetros cúbicos.<br />
Nirtsá – Aceitação<br />
Tendo conduzido o Se<strong>de</strong>r da maneira<br />
certa, conforme indicado acima, a<br />
pessoa po<strong>de</strong> estar segura <strong>de</strong> que o mesmo<br />
foi bem aceito. Então, termina-se<br />
com a seguinte proclamação: Leshaná<br />
habaá b’Yerushalaim – “No próximo ano<br />
em Jerusalém”.<br />
Contagem do Ômer<br />
6 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2004<br />
Na segunda noite <strong>de</strong> Pêssach, iniciamos<br />
Sefirát HaÔmer, contando 49<br />
dias entre Pessach e Shavuót, dia em<br />
que a Torá foi outorgada ao povo <strong>de</strong><br />
Israel. Esta contagem foi or<strong>de</strong>nada por<br />
D-us e serve como preparação ao povo<br />
para o recebimento da Torá. Na tradição<br />
<strong>Judaica</strong>, o termo “sefirá” também<br />
possui significado específico, pois o<br />
povo ju<strong>de</strong>u foi redimido <strong>de</strong> um terrível<br />
período <strong>de</strong> escravidão física na “casa<br />
do cativeiro”, no Egito. Em Shavuot,<br />
que comemora D-us outorgando Seu<br />
precioso presente, a Torá, ao povo ju<strong>de</strong>u<br />
no Monte Sinai, celebramos nossa<br />
passagem da Escravidão Espiritual à<br />
<strong>Liberda<strong>de</strong></strong> Espiritual.<br />
O objetivo da Re<strong>de</strong>nção Física é a<br />
Re<strong>de</strong>nção Espiritual. Sem a Espiritual,<br />
a Física nada significaria. A única fonte<br />
<strong>de</strong> moralida<strong>de</strong> é D-us; o ser humano<br />
é muito criativo, mas é incapaz <strong>de</strong><br />
inventar um código moral. O melhor<br />
que o ser humano po<strong>de</strong> fazer por si<br />
só é estabelecer regras que impeçam<br />
a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mergulhar no caos. A<br />
Torá prescreve um modo <strong>de</strong> vida que<br />
eleva o ser humano acima da natureza<br />
puramente física, ao nível <strong>de</strong> um<br />
ser moral e espiritual.<br />
Por que contamos? O povo <strong>de</strong> Israel<br />
ao partir do Egito recebeu a Torá<br />
sete semanas mais tar<strong>de</strong> no Monte Sinai.<br />
Todos os anos lembramos isto com<br />
a Contagem do Ômer, por quarenta e<br />
nove dias. Começamos na segunda noite<br />
<strong>de</strong> Pessach: “Hoje é o primeiro dia do<br />
ômer”, proclamamos na primeira noite<br />
da contagem. “Hoje são dois dias do<br />
ômer” ou “Hoje são sete dias, que perfazem<br />
uma semana do ômer”, “Hoje são<br />
vinte e seis dias que perfazem três semanas<br />
e cinco dias do ômer”, e assim<br />
por diante, até “hoje são quarenta e<br />
nove dias, que perfazem sete semanas<br />
do ômer.” Até chegar no qüinquagésimo<br />
dia que é Shavuót.<br />
Os cabalistas explicam que cada um<br />
<strong>de</strong> nós possui sete po<strong>de</strong>res no coração<br />
- amor, reverência, beleza, ambição,<br />
humilda<strong>de</strong>, compromisso e realeza - e<br />
que cada um <strong>de</strong>sses sete po<strong>de</strong>res inclui<br />
elementos <strong>de</strong> todos os sete. São representados<br />
pelas sete semanas e 49 dias<br />
da contagem do ômer. A cada Pessach,<br />
recebemos uma arca do tesouro contendo<br />
o mais grandioso dom jamais concedido<br />
ao homem - o dom da liberda<strong>de</strong>. É<br />
também um dom completamente inútil.<br />
O que é liberda<strong>de</strong>? O que po<strong>de</strong> ser feito<br />
com ela? Nada. A menos que abramos a<br />
arca do tesouro e contemos seu conteúdo.<br />
Então, no segundo dia <strong>de</strong> Pessach,<br />
após termos levado nosso tesouro<br />
para casa, começamos a contagem.<br />
Contamos sete vezes sete, porque<br />
o presente da liberda<strong>de</strong> foi dado a cada<br />
um dos sete po<strong>de</strong>res e dimensões <strong>de</strong><br />
nossa alma. De fato, <strong>de</strong> que serve a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar, se somos escravos<br />
<strong>de</strong> influências externas e neuroses internas?<br />
De que vale a ambição, se somos<br />
seu servo ao invés <strong>de</strong> seu amo?
OLHAR<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○<br />
Vacina para gripe em gotas nasais<br />
Cientistas israelenses estão <strong>de</strong>senvolvendo<br />
uma vacina contra gripe que apenas com uma<br />
gota nasal protegerá pessoas <strong>de</strong> todas as<br />
ida<strong>de</strong>s contra todas as formas atuais e futuras<br />
da doença durante cinco anos. A vacina está<br />
sendo testada em ratos e os testes em seres<br />
humanos começarão em 2006. É o resultado <strong>de</strong><br />
20 anos <strong>de</strong> pesquisas da professora Ruth<br />
Arnon, do Instituto Weizmann, da equipe<br />
veterana que <strong>de</strong>senvolveu o Copaxone para a<br />
esclerose múltipla. Os testes finais em<br />
laboratório estão sendo efetuados na empresa<br />
BiondVax. As vacinas convencionais são válidas<br />
apenas por um ano, dado que o vírus — cujas<br />
complicações po<strong>de</strong>m ser mortais para idosos ou<br />
pessoas com sistema imunológico <strong>de</strong>bilitado<br />
— muda a cada ano, período em que entre 5 a<br />
20% da população mundial contrai a doença.<br />
Complicações <strong>de</strong>correntes da gripe atingem 1,<br />
2 milhão <strong>de</strong> pessoas por ano.<br />
Cirurgia <strong>de</strong> bacia assistida<br />
por computador<br />
Pela primeira vez no mundo, cirurgiões<br />
ortopedistas realizaram uma operação <strong>de</strong><br />
recolocação <strong>de</strong> bacia com o auxílio <strong>de</strong> um<br />
sistema <strong>de</strong> navegação computadorizado. Foi no<br />
Hospital Universitário Hadassah, em Israel.<br />
Esse complexo procedimento cirúrgico —<br />
conhecido como artroscopia — é o tratamento<br />
para o último estágio da artrite, efetuado<br />
anualmente em mais <strong>de</strong> 150 mil pessoas nos<br />
EUA. Duas empresas gigantes do exterior —<br />
Zimmer e Medtronics — pioneiras no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> hardware e software para<br />
cirurgias escolheram o Hospital Hadassah para<br />
realizar o procedimento, <strong>de</strong>vido à experiência<br />
<strong>de</strong> seus ortopedistas em cirurgias assistidas<br />
por computador, incluindo a remoção <strong>de</strong><br />
estilhaços em vítimas do terrorismo.<br />
Esta tecnologia que melhora a qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> vida do paciente no pós-cirúrgico,<br />
com maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentos,<br />
será disponibilizada aos melhores<br />
centros cirúrgicos.<br />
Carro controlado por celular<br />
Um novo dispositivo inventado por israelenses<br />
po<strong>de</strong> mostrar aos pais qual a velocida<strong>de</strong> em<br />
que seus filhos estão dirigindo, através <strong>de</strong><br />
mensagem do telefone celular do interessado,<br />
que se comunica com o sistema <strong>de</strong> alarme<br />
anti-roubo e com marcador <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> do<br />
automóvel. Em Israel, como em muitos países<br />
do Oci<strong>de</strong>nte, é gran<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>de</strong> automóvel envolvendo jovens,<br />
especialmente nos finais <strong>de</strong> semana.<br />
A invenção acionada por controle remoto,<br />
patenteada pela empresa Ituran, também<br />
permitirá às firmas controlarem os motoristas<br />
dos carros que estão em serviço.<br />
Israel e Jordânia criam instituto científico<br />
Israel e a Jordânia criaram em conjunto um<br />
instituto científico <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções,<br />
HIGH-TECH<br />
após cinco anos <strong>de</strong> preparativos secretos.<br />
A pedra fundamental do ambicioso projeto<br />
acaba <strong>de</strong> ser colocada em Arava, próximo<br />
a Ein Yahav. Espera-se que estudantes<br />
israelenses e jordanianos trabalhem juntos<br />
em projetos <strong>de</strong> pesquisas biológicas e<br />
tecnológicas. O principal objetivo é a<br />
aproximação entre os dois países.<br />
Myasthenia Gravis perto da cura<br />
Uma empresa israelense está em estágio <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento avançado <strong>de</strong> um tratamento<br />
efetivo para Myasthenia Gravis (MG). É uma<br />
doença crônica que afeta cerca <strong>de</strong> 100 mil<br />
pessoas em todo o mundo, caracterizada por<br />
fraqueza, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> abrir os olhos e<br />
problemas musculares nas mãos e pernas.<br />
O sistema imunológico do corpo ataca os<br />
receptores <strong>de</strong> acetylcholine na junção<br />
neuromuscular, interferindo na função da<br />
musculatura, em diversos casos inclusive<br />
afetando a respiração. A empresa Ester<br />
Neurosciences, <strong>de</strong> Herzliya, acaba <strong>de</strong> completar<br />
com sucesso a fase <strong>de</strong> testes da substância<br />
Monarsen – um medicamento por via oral para<br />
a doença neurológica e em conseqüência<br />
galgou um <strong>de</strong>grau em termos <strong>de</strong> autorização da<br />
FDA, Departamento dos EUA, que regulamenta<br />
as medicações, recebendo o status <strong>de</strong> Orphan<br />
Drug Designation, (antigo EN101). O Monarsen<br />
é mais eficaz e com menos efeitos colaterais<br />
do que outras substâncias pesquisadas.<br />
Trabalho, a fonte da juventu<strong>de</strong><br />
Um estudo realizado durante 13 anos com<br />
idosos pelo Departamento <strong>de</strong> Reabilitação e<br />
Geriatria do Hospital Hadassah Mt. Scopus<br />
mostra o segredo da fonte da juventu<strong>de</strong>:<br />
continuar trabalhando o mais que pu<strong>de</strong>r e se<br />
isto não for possível atuar como voluntário.<br />
É o que explica o dr. Yaram Maaravi, chefe do<br />
<strong>de</strong>partamento e lí<strong>de</strong>r do estudo, que envolveu<br />
1000 cidadãos israelenses, nascidos em 1920.<br />
'Aqueles que continuam trabalhando após os<br />
70 anos têm mais chance <strong>de</strong> viver <strong>de</strong> maneira<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte até aos 77 anos ou mais'. Há<br />
pouca diferença se o trabalho é voluntário ou<br />
não, se é uma ou mais vezes por semana.<br />
Encontrada solução para apnéia infantil<br />
De acordo com uma nova pesquisa do Centro<br />
Médico Soroka <strong>de</strong> Israel, é possível melhorar a<br />
qualida<strong>de</strong> do sono <strong>de</strong> crianças que sofrem da<br />
síndrome <strong>de</strong> apnéia (que influi no <strong>de</strong>sempenho<br />
escolar e no comportamento), através da<br />
remoção das amídalas, bem como da a<strong>de</strong>nói<strong>de</strong>.<br />
Os efeitos da apnéia durante o sono são<br />
totalmente reversíveis, explica o professor Asher<br />
Tal, que chefia a pesquisa junto com o dr. Haim<br />
Reuveni do Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública e <strong>de</strong><br />
Pediatria e o dr. Ariel Tarasiuk, chefe do<br />
Laboratório do Sono. As <strong>de</strong>scobertas foram<br />
publicadas em dois estudos separados em<br />
<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003, nos jornais médicos Chest e<br />
Sleep. Segundo os pesquisadores, 3% das crianças<br />
têm problemas durante o sono, resultantes do<br />
bloqueio das vias aéreas superiores.<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
Pessach: 17<br />
Uma<br />
visão histórica e universal<br />
Edda Bergmann *<br />
A Hagadá <strong>de</strong> Pessach que foi escrita muitos anos mais tar<strong>de</strong> se inicia com um<br />
relato histórico da maior importância.<br />
“Entretanto levantou-se no Egito um novo rei que não conhecera José”. Estabeleceu<br />
sobre eles inspetores <strong>de</strong> obras para os oprimirem com trabalhos penosos<br />
e eles edificaram para o Faraó as cida<strong>de</strong>s dos armazéns <strong>de</strong> Pitom e Ramsés<br />
(Êxodo 1-8-19). O novo rei que não conhecera José era Ramsés II. Seu <strong>de</strong>sconhecimento<br />
é perfeitamente compreensível, porque José viveu séculos antes<br />
<strong>de</strong>le e no tempo dos hicsos.<br />
Os egípcios não nos transmitiram nem os nomes dos odiados soberanos hicsos<br />
quanto mais <strong>de</strong> dignatários.<br />
Portanto, a época <strong>de</strong> José e posteriormente <strong>de</strong> seus irmãos no Egito é a época<br />
em que o país esteve sob a <strong>de</strong>nominação dos hicsos e quando esta terminou, os<br />
israelitas que estavam na fértil terra <strong>de</strong> Gessem foram feitos escravos pelo faraó<br />
que voltava ao po<strong>de</strong>r e resolvera construir as cida<strong>de</strong>s armazéns.<br />
Um egípcio que se prezasse tinha dois motivos para <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhar os israelitas,<br />
estes eram asiáticos e portanto <strong>de</strong>sprezíveis “vagabundos da areia” e teriam sido<br />
amigos dos invasores hicsos, o que não representava recomendação para o faraó.<br />
Nos <strong>de</strong>talhes das inscrições arqueológicas aparece um povo <strong>de</strong> pele clara vestido<br />
com tanga <strong>de</strong> linho e no trabalho pesado da construção <strong>de</strong> tijolos os capatazes<br />
<strong>de</strong> pele escura. Está claro que eles não estavam ali <strong>de</strong> pura e espontânea vonta<strong>de</strong><br />
mas sim, sob um regime <strong>de</strong> escravidão forçada. As duas cida<strong>de</strong>s dos escravos, uma<br />
era a antiga capital <strong>de</strong> Ecos, Abares, e pela nova política internacional do Egito não<br />
era aconselhável a capital em Tebas, muito distante do Delta, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> os egípcios<br />
po<strong>de</strong>riam controlar melhor a irrequieta Ásia e os domínios <strong>de</strong> Canaã e da Síria.<br />
De Avaris, a antiga terra dos irmãos <strong>de</strong> José, surgiu Piton Ramsés Meir Aimon.<br />
Se 4.000 anos a.C. já houvesse um registro <strong>de</strong> patentes os egípcios po<strong>de</strong>riam<br />
ter registrado a invenção dos silos. Os silos das fazendas americanas e cana<strong>de</strong>nses<br />
ainda hoje são construídos sob o mesmo princípio.<br />
José mandou construir celeiros e os seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes construíram-nos como<br />
escravos da terra <strong>de</strong> Gessem.<br />
Ramsés II <strong>de</strong>u muito trabalho aos arqueólogos, pois por vaida<strong>de</strong> colocou o seu<br />
nome em todas as construções do Egito.<br />
Segundo o nosso conhecimento atual da topografia do Delta Oriental, a narrativa<br />
do começo do Êxodo (Ex. 12-37 e 13-20) é absolutamente exata topograficamente<br />
e a narrativa histórica também da sua peregrinação nas regiões do Sinai,<br />
Madiã e Ca<strong>de</strong>s. Até a data da saída do Egito, por tanto tempo discutida, po<strong>de</strong> ser<br />
<strong>de</strong>terminada hoje em 1290 a.C.<br />
O tempo dos filhos <strong>de</strong> Israel no Egito foi <strong>de</strong> 450 anos. Moisés era um hebreu<br />
nascido no Egito com um nome tipicamente egípcio como era usado no país do Nilo.<br />
Sendo Moisés já gran<strong>de</strong> quando resolvera visitar seus irmãos e viu sua aflição,<br />
razão que fez com que matasse um capataz. Saiu da jurisdição do Egito para Madiã,<br />
pois Canaã era terra ocupada pelo Egito e a leste do Golfo <strong>de</strong> Ácaba ficava Madiã<br />
com cujos habitantes tinha laços <strong>de</strong> parentesco pois era a terra <strong>de</strong> Célera, mulher<br />
<strong>de</strong> Abrão após a morte <strong>de</strong> Sara.<br />
As pragas são comuns no Egito mas acontecem em diferentes épocas do ano e a<br />
coincidência <strong>de</strong> terem surgido todas ao mesmo tempo é intrigante para os historiadores.<br />
Moisés conduziu seu povo pela região das minas que começava em Menphis e<br />
passava junto à ponta do Golfo.<br />
Para uma caravana com muita gente e rebanhos 70 quilômetros representava<br />
uma marcha <strong>de</strong> três dias sem encontrar água, a água é salgada, sulfurosa e amarga<br />
diz a Bíblia.<br />
As codornizes e o maná são inteiramente naturais naquela região e não faltam<br />
escritores fi<strong>de</strong>dignos sobre sua existência.<br />
Po<strong>de</strong>-se encontrar o sobrenatural em tudo isto? Com toda a certeza sim!<br />
As coincidências históricas e a naturalida<strong>de</strong> da comunicação <strong>de</strong> Moisés com D-us<br />
no Monte Sinai on<strong>de</strong> as Tábuas da Lei que até hoje fazem parte dos códigos universais<br />
do mundo chamado civilizado são prova disso.<br />
O sobrenatural po<strong>de</strong> estar em qualquer parte, <strong>de</strong>ntro e fora <strong>de</strong> nós mesmos. E<br />
ele sempre será <strong>de</strong>tectado como algo superior e inexplicável para nossas inteligências,<br />
mas muitas vezes captado pelo que <strong>de</strong> mais digno existe em cada um <strong>de</strong> nós,<br />
“a nossa alma”.<br />
Vamos estudar as coincidências e teremos um Pessach mais rico e sua influência<br />
e percepção mais duradoura.<br />
Vamos conhecer melhor o nosso eu.<br />
* Edda Bergmann é vice-presi<strong>de</strong>nte internacional da B’nai B’rith.
18<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
INGREDIENTES:<br />
1 frango (em<br />
pedaços) gordo;<br />
2 cenouras;<br />
1 cebola;<br />
2 batatas;<br />
2 galhos <strong>de</strong> salsinha<br />
(quando ferver<br />
retirar);<br />
1 tablete <strong>de</strong> caldo<br />
Receitas com grife<br />
Guefilte fish (bolinhas <strong>de</strong> peixe)<br />
INGREDIENTES:<br />
• 300 gramas <strong>de</strong> carpas;<br />
• 300 gramas <strong>de</strong> tainha;<br />
• 300 gramas <strong>de</strong> perna <strong>de</strong> moça;<br />
• 3 cebolas;<br />
• 1 ovo cru;<br />
• 1 ovo cozido;<br />
• Farinha <strong>de</strong> matzá;<br />
• 2 cenouras;<br />
• Cabeças, espinhas e rabos <strong>de</strong> peixes;<br />
• Gelatina sem sabor (opcional);<br />
• Sal;<br />
• Pimenta;<br />
• Açúcar (opcional).<br />
• Ovos;<br />
• Farinha <strong>de</strong> matzá;<br />
• Caldo <strong>de</strong> carne (em cubos).<br />
<strong>de</strong> carne;<br />
1 talo <strong>de</strong> aipo;<br />
Sal a gosto;<br />
Pimenta do reino<br />
(opcional);<br />
½ colher <strong>de</strong> sopa<br />
<strong>de</strong> vinagre;<br />
1 colher <strong>de</strong> chá <strong>de</strong><br />
açúcar.<br />
INGREDIENTES: MODO DE FAZER<br />
• 1 pato;<br />
• Gengibre bem picado;<br />
• 2 cebolas bem picadas;<br />
• Vinagre;<br />
• 1 amarrado <strong>de</strong> cheiro ver<strong>de</strong>;<br />
• 6 <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> alho bem picado;<br />
• 5 laranjas;<br />
• 1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> sal;<br />
• ½ cálice <strong>de</strong> vinho branco ou tinto seco;<br />
• Limão.<br />
Kohava Teig<br />
MODO DE FAZER<br />
Moer os peixes com uma cebola picada, 1 ovo cru, 1 ovo cozido,<br />
sal, pimenta e uma pitada <strong>de</strong> açúcar. Misturar com a farinha <strong>de</strong><br />
matzá (o suficiente para dar liga e fazer as bolinhas). Pegar<br />
uma panela gran<strong>de</strong>, colocar água, as cenouras, duas cebolas<br />
cortadas em pedaços gran<strong>de</strong>s, cabeças, rabos e espinhas <strong>de</strong><br />
peixes, sal, pimenta e açúcar a gosto. Os ju<strong>de</strong>us poloneses usavam<br />
mais açúcar porque era costume comer o guefilte fish doce. Deixar<br />
cozinhar até as cenouras estarem no ponto e acrescentar as<br />
bolinhas <strong>de</strong> peixe para cozinhar. Depois <strong>de</strong> cozidas, tire do molho<br />
e coe o caldo. Arrumar o guefilte fish numa travessa e colocar<br />
em cima <strong>de</strong> cada um, uma ro<strong>de</strong>la <strong>de</strong> cenoura e um pequeno<br />
galho <strong>de</strong> salsinha para enfeitar. Para quem gosta com mocotó,<br />
acrescenta-se um pacote <strong>de</strong> gelatina sem sabor, dissolvida em<br />
meia xícara do molho e coloca no microondas por meio minuto.<br />
Misturar ao caldo restante e regar o guefilte fish com ele.<br />
Gol<strong>de</strong>ne Yiuach (caldo dourado)<br />
MODO DE FAZER<br />
Sheilla Figlarz<br />
Colocar todos os ingredientes<br />
numa panela gran<strong>de</strong> com água.<br />
Deixar cozinhar. Quando ferver<br />
retirar a salsinha. À medida que<br />
for criando espuma retirá-la.<br />
Quando a carne estiver mole, o<br />
caldo estará pronto. É só coar e<br />
servir com os complementos.<br />
Kneidalach (bolas <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> matzá p/sopa)<br />
INGREDIENTES: MODO DE FAZER<br />
Para cada ovo colocar 2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong><br />
matzá. Bater os ovos com um pouco <strong>de</strong> sal e acrescentar<br />
a farinha mexendo bem. Deixar <strong>de</strong>scansar por uns 10<br />
minutos. Colocar em colheradas no caldo e cozinhar.<br />
Pato ao molho <strong>de</strong> laranja<br />
Gitcia Wahrhaftig<br />
Sheilla Figlarz<br />
Cortar o pato e esfregar bastante limão para<br />
limpar. Lavar bem. Acrescentar todos os<br />
temperos, menos as laranjas, um dia antes, e<br />
<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>scansar na gela<strong>de</strong>ira. Colocar numa<br />
forma com todos os temperos e acrescentar<br />
margarina. Colocar no forno, em temperatura<br />
média para assar. Regar com o caldo das<br />
laranjas e quando estiver bem dourado, mais<br />
ou menos 40 minutos, está pronto para servir.<br />
Não esqueça <strong>de</strong> tirar os temperos, coar e<br />
recolocar o molho no pato.<br />
Ferfale (substitui o arroz) - Para 6 pessoas<br />
INGREDIENTES: MODO DE FAZER<br />
• 4 xícaras <strong>de</strong> ferfale;<br />
• 2 ovos inteiros;<br />
• Cebola;<br />
• Azeite;<br />
• Sal à gosto.<br />
Misturar o ferfale com os ovos batidos numa<br />
panela e coloca no fogo baixo até que fique<br />
bem seco. Colocar água fervendo o suficiente<br />
para cobrir. Deixar cozinhar até ficar seco.<br />
Dourar uma cabeça gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> cebola em azeite<br />
e colocar o ferfale. Provar o tempero. Mexer<br />
para misturar bem e servir.<br />
O LEITOR ESCREVE<br />
Serieda<strong>de</strong> e informação<br />
Prezados Senhores:<br />
Sentimo-nos premiados ao ganhar <strong>de</strong><br />
um amigo o nº 20 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003.<br />
Os artigos contidos nesta publicação,<br />
<strong>de</strong>monstram a serieda<strong>de</strong> dos articulistas,<br />
mantendo uma informação na comunida<strong>de</strong><br />
judaica em que poucos até hoje fizeram.<br />
Gostaria <strong>de</strong> saber a forma <strong>de</strong> receber<br />
esta publicação, inclusive seria um meio<br />
<strong>de</strong> mandar para nosso filho que vive em<br />
Tiberias, Israel. Temos um parente que<br />
também gostaria <strong>de</strong> receber através das<br />
condições <strong>de</strong> vocês.<br />
Antecipadamente agra<strong>de</strong>cemos a atenção.<br />
Jankiel Zylbersztejn - Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ<br />
NR: Já provi<strong>de</strong>nciamos a inclusão dos<br />
nomes e en<strong>de</strong>reços para recebimento das<br />
próximas edições <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
Interesse no Judaísmo<br />
Prezados Redatores:<br />
Tenho sincero interesse em apren<strong>de</strong>r os<br />
ensinamentos da Torá. Infelizmente, aqui no<br />
Brasil, livros acerca do tema são obviamente<br />
difíceis <strong>de</strong> encontrar e os que se encontram<br />
nas livrarias, além <strong>de</strong> caros, mais das<br />
vezes, mostram-se superficiais ou com enfoques<br />
afetados. Eu tenho buscado literatura<br />
sobre judaísmo na internet, mas meu acesso<br />
à re<strong>de</strong> é limitado e imprimir os textos em<br />
copiadoras (para estudar em casa) tem sido<br />
muito dispendioso para mim. Assim, a falta<br />
<strong>de</strong> recursos financeiros tem me imposto sérias<br />
dificulda<strong>de</strong>s para dar seqüência a meus<br />
estudos. Creio que a divulgação das verda<strong>de</strong>s<br />
expostas na Torá seja um ofício a que se<br />
<strong>de</strong>dicam seus seguidores. Assim sendo, venho<br />
até Vossas Senhorias, rogar por ajuda<br />
para viabilizar meu caminho nesse aprendizado.<br />
Se acaso Vossas Senhorias mantêm -<br />
ou tiverem contato com instituição que mantenha<br />
- um programa <strong>de</strong> divulgação do Judaísmo,<br />
gostaria <strong>de</strong> receber material literário<br />
que acaso possuam para distribuição gratuita.<br />
Se acaso sejam escassos - ou mesmo<br />
não existam - livros em português para distribuição<br />
gratuita, tenho estudado inglês e<br />
italiano por conta própria - sem professor -<br />
e, embora ainda com dificulda<strong>de</strong>, consigo<br />
assimilar textos nesses idiomas razoavelmente<br />
bem. Creio também, que embora nunca<br />
tenha estudado espanhol, que a leitura do<br />
idioma não seja <strong>de</strong> todo inviável. Antecipando<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> já meus sinceros agra<strong>de</strong>cimentos<br />
pela atenção e generosida<strong>de</strong>, subscrevo-me.<br />
Respeitosamente,<br />
Enio César - Belo Horizonte, Minas Gerais<br />
A cerca e a vida<br />
Prezados Senhores:<br />
Sou um argentino que em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />
2003 esteve em Israel e pô<strong>de</strong> comprovar<br />
como graças à cerca <strong>de</strong> segurança antiterrorista,<br />
aos excelentes serviços <strong>de</strong> inteligência<br />
e ao acionar do eficiente exército<br />
<strong>de</strong> Israel foi possível evitar mais <strong>de</strong><br />
40 atentados somente em novembro <strong>de</strong><br />
2003. Visitei também o Hospital Hadassa,<br />
em Jerusalém, e pu<strong>de</strong> constatar as <strong>de</strong>sastrosas<br />
conseqüências humanas provocadas<br />
pelos <strong>de</strong>lirantes assassinos… O problema<br />
não é o termo que se utiliza, muro ou cerca,<br />
e sim, o drama do terrorismo criminoso.<br />
O muros ou cercas po<strong>de</strong>m ser levantados<br />
e <strong>de</strong>smontados, as vidas humanas, não.<br />
Víctor Zaj<strong>de</strong>nberg, professor - Argentina<br />
Interesse em sites<br />
Senhor Diretor:<br />
Gosto muito do povo ju<strong>de</strong>u e gostaria<br />
<strong>de</strong> receber en<strong>de</strong>reços <strong>de</strong> sites que falam<br />
do povo, ou mesmo fotos das cida<strong>de</strong>s israelenses.<br />
Seu povo é muito valente.<br />
Anthony P. Pamplona<br />
NR: Acesse a página eletrônica do jornal<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> na internet em<br />
www.visaojudaica.com.br e encontre<br />
muitos links para os sites que <strong>de</strong>seja.<br />
Veracida<strong>de</strong> da nota<br />
Senhores:<br />
A edição <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> <strong>de</strong> fevereiro<br />
<strong>de</strong>ste ano (nº 21) é o primeiro número<br />
que recebo: gostei.<br />
Comento sobre a nota a respeito <strong>de</strong><br />
alho para tratamento <strong>de</strong> câncer (Olhar<br />
High-Tec) — realmente verda<strong>de</strong>iro; sou<br />
médico fitoterapeuta e uso muito o alho<br />
com o objetivo <strong>de</strong> ajudar o organismo a<br />
<strong>de</strong>rrotar cânceres.<br />
Luiz Carlos Leme Franco - Curitiba, PR<br />
Interesse pelo nome<br />
Prezados amigos:<br />
Gostaria que me enviassem o meu nome escrito<br />
em hebraico. Agra<strong>de</strong>ço <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já a atenção.<br />
Alexandra - chanda-br@bol.com.br<br />
Sugestão <strong>de</strong> boicote<br />
Senhores:<br />
Com tudo o que temos lido ultimamente<br />
a respeito Mel Gibson e seu filme falso<br />
e anti-semita sobre a paixão <strong>de</strong> Cristo,<br />
procurando lançar o ódio medieval e o<br />
preconceito das trevas contra os ju<strong>de</strong>us<br />
sugiro que iniciemos um boicote a todos<br />
os filmes <strong>de</strong>sse canastrão agora encenando<br />
a figura — infelizmente real — <strong>de</strong> um<br />
fanático religioso. Por sinal, já repararam<br />
que diversos canais <strong>de</strong> TV passaram<br />
a programar filmes estrelados por Gibson<br />
para tirar partido da polêmica? Vamos<br />
usar os controles remotos!<br />
Vera Lúcia Nabil Haram - Curitiba - PR
Rachel Yurkiewicz comemorou<br />
com um grupo <strong>de</strong> amigas mais<br />
um aniversário. Daqui, os<br />
nossos votos <strong>de</strong> Mazal Tov.<br />
Já em funcionamento “La<br />
Donna Pizza” – Disk Pizza<br />
3023-6999 e fale com Alex ou<br />
Tatiana.<br />
Já estão a venda no CIP<br />
produtos para Pessach como<br />
matzá nacional e importada,<br />
matze meil, ferfel, chrerin e<br />
vinho kosher lepessach. O<br />
horário <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong> 2ª a<br />
6ª feira é das 14 às 18h. Na<br />
compra <strong>de</strong> uma rifa concorre-se<br />
a uma bicicleta com marchas.<br />
No domingo <strong>de</strong> Purim, 6/3,<br />
aconteceu churrasco na<br />
chácara dos Zugman. Foi lida a<br />
meguilá <strong>de</strong> Ester e servido um<br />
churrasco casher a todos que<br />
lá compareceram. Ambiente<br />
alegre e <strong>de</strong>scontraído para<br />
comemorar a data.<br />
Aspecto do churrasco <strong>de</strong> Purim, realizado<br />
na Chácara da família Zugman<br />
No mesmo dia aconteceu<br />
confraternização <strong>de</strong> Purim no<br />
CIP. Evento prestigiado e muito<br />
alegre, como <strong>de</strong>ve ser<br />
comemorada a data.<br />
Parabéns aos dois<br />
i<strong>de</strong>alizadores pela iniciativa e<br />
pelo sucesso!<br />
Se você precisa comprar<br />
material <strong>de</strong> limpeza para a sua<br />
empresa não esqueça <strong>de</strong>ste<br />
numero: 575-1314 ou então<br />
peça pelo e-mail<br />
higiepress@terra.com.br<br />
Betty Zimmerman — diretora do<br />
programa <strong>de</strong>staca: “Espero que<br />
possamos junto com os jovens<br />
ter um ano rico em novas<br />
experiências e vivências, <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> limites claros, que são muito<br />
necessários e importantes a<br />
todo adolescente”<br />
Dia 9/3 aconteceu o lançamento<br />
do livro do arquiteto. Jaime<br />
Lerner, “Acupuntura Urbana”, na<br />
Livraria Saraiva do Shopping<br />
Crystal. O evento foi prestigiado<br />
por nomes importantes da<br />
socieda<strong>de</strong> pensante curitibana.<br />
As filas para receber o autógrafo<br />
do escritor arquiteto tomaram<br />
conta dos corredores do<br />
shopping. E esgotaram-se os<br />
livros. Foi realmente o<br />
reconhecimento do que<br />
representa o nome Jaime Lerner.<br />
Sucesso!<br />
Empossada a nova diretoria da<br />
Wizo Paraná Biênio 2004/2006:<br />
Presi<strong>de</strong>nte: Vera Scliar Sasson:<br />
Vice-presi<strong>de</strong>ntes: Regina Lucia<br />
Brenner, Tania Gisele Slud e<br />
Silvia Goldstein; Secretaria:<br />
Clara Grimberg e Silvia<br />
Goldstein; Tesouraria: Elizabeth<br />
Kulish, Tania Slud e Simone<br />
Soifer; Departamento <strong>de</strong> Cultura<br />
e Haguim (Festas <strong>Judaica</strong>s):<br />
Sara Kulish, Ester Jacubovitz,<br />
Sarita Kulish Fatuch e<br />
Raquel Fiselovici;<br />
Departamento Social e<br />
Promoções: Edy Balid,<br />
Sonia Copernik, Perola<br />
Berger, Regina Lucia<br />
Brenner e Sara Zugman,<br />
Rosita Reich e Clarice<br />
Hertz; Livro <strong>de</strong> Ouro: Blime<br />
Czizyk e Sara Zugman;<br />
Departamento <strong>de</strong><br />
Divulgação e Turismo:<br />
Alegre G. Bromfman,<br />
Helena Grimbaun, Regina<br />
Morgenstein, Clara<br />
Grimberg e Vera Scliar<br />
Sasson. Desejamos a todas um<br />
trabalho <strong>de</strong> sucesso!<br />
O CIAM — Centro Israelita <strong>de</strong><br />
Assistência ao Menor<br />
(www.cipanet.com.br), presidido<br />
por Anna Schvartzman e<br />
vencedor por duas vezes do<br />
Prêmio Bem Eficiente, estará<br />
participando <strong>de</strong> 25 a 28 <strong>de</strong><br />
março, da 3ª maior Feira Mundial<br />
<strong>de</strong> produtos e serviços para<br />
inclusão e reabilitação, a<br />
Reatech 2004, no Centro <strong>de</strong><br />
Exposições Imigrantes, em São<br />
Paulo. O evento é aberto ao<br />
público, com entrada gratuita e<br />
funcionará das 13 às 21 h.<br />
A instituição vai mostrar seus<br />
serviços que aten<strong>de</strong>m pessoas<br />
com necessida<strong>de</strong>s especiais e<br />
distúrbios psiquiátricos, além <strong>de</strong><br />
lançar dois novos programas, o<br />
<strong>de</strong> Estimulação Essencial (a<br />
Ao lado <strong>de</strong> Fani, Jaime Lerner autografa<br />
seu livro "Acupuntara Urbana", lançado<br />
com sucesso na Megastore da Livraria<br />
Saraiva, no Shopping Cristal, em Curitiba<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
Foto: Szyja Lorber<br />
partir da ida<strong>de</strong> zero até o final da<br />
vida) e seu Centro <strong>de</strong><br />
Reabilitação e Hidroterapia, que<br />
brevemente será inaugurado.<br />
Durante a Reatech 2004, as<br />
principais empresas nacionais e<br />
internacionais fabricantes <strong>de</strong><br />
produtos e fornecedoras <strong>de</strong><br />
serviços apresentarão seus<br />
lançamentos e novida<strong>de</strong>s<br />
voltados para as pessoas<br />
portadoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência<br />
(PPD´s). Conforme dados e<br />
pesquisas da Revista Nacional<br />
<strong>de</strong> Reabilitação, este setor já<br />
movimenta no País algo em torno<br />
<strong>de</strong> R$ 1 bilhão por ano. No<br />
Brasil, mais <strong>de</strong> 500 pessoas se<br />
tornam portadoras <strong>de</strong> algum tipo<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência por dia (segundo<br />
dados da ONU e da OMS).<br />
Conforme o IBGE, em 2001, 24<br />
milhões <strong>de</strong> pessoas ou 15,9% da<br />
população do País eram<br />
portadoras <strong>de</strong> alguma <strong>de</strong>ficiência.<br />
A Feira é aberta ao público,<br />
contará com a participação <strong>de</strong><br />
150 expositores e aguarda um<br />
público <strong>de</strong> 20 mil pessoas.<br />
No dia 18 <strong>de</strong> fevereiro, mais uma<br />
turma <strong>de</strong> jovens <strong>de</strong> diversos<br />
Estados brasileiros embarcou<br />
para Israel, a fim <strong>de</strong> cursar um<br />
ano do Programa das Classes<br />
Brasileiras <strong>de</strong> Ayanot. O<br />
programa é coor<strong>de</strong>nado por<br />
Na’amat Brasil e visa oferecer ao<br />
jovem oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar<br />
em Israel, em português, com o<br />
diploma valendo tanto no Brasil<br />
como em Israel. A turma conta<br />
com professores e madrichim<br />
brasileiros que moram em Israel.<br />
Nossa cida<strong>de</strong> será palco, mais<br />
uma vez, do Festival <strong>de</strong> Teatro<br />
<strong>de</strong> Curitiba comandado por Victor<br />
Aronis. A abertura oficial será no<br />
dia 28, na Ópera <strong>de</strong> Arame com<br />
o espetáculo “Sonhos <strong>de</strong><br />
Einstein”. Imperdivel!<br />
Mazal tov à família Jitomirski, em<br />
especial à Fanny e José Aker,<br />
pelo bar mitzvá <strong>de</strong> Ariel realizado<br />
dia 13/3 em São Paulo, na<br />
Sinagoga Knesset Israel. Mas os<br />
tefilin, ele os colocou pela<br />
primeira vez na Sinagoga do Ohel<br />
do Rebe <strong>de</strong> Lubavitch, em Nova<br />
York. Na quinta-feira, 11/3, foi a<br />
vez da sinagoga do Beit Chabad<br />
em Curitiba.<br />
Vera Sasson, presi<strong>de</strong>nte<br />
da Wizo-Paraná e Silvia<br />
Goldstein retornaram <strong>de</strong><br />
Israel, on<strong>de</strong> participaram<br />
do 23º Congresso Wizo<br />
Mundial, realizado entre<br />
18 e 22 <strong>de</strong> janeiro em<br />
Tel-Aviv, Israel.<br />
O encontro reuniu cerca <strong>de</strong> 800<br />
voluntárias proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> mais<br />
<strong>de</strong> 50 países on<strong>de</strong> a Wizo atua.<br />
Além <strong>de</strong> ter proporcionado uma<br />
agradável oportunida<strong>de</strong> para<br />
troca <strong>de</strong> informações e<br />
atualização cultural, realizadas<br />
através <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />
impecavelmente organizadas<br />
sob os mais diferentes temas <strong>de</strong><br />
interesse da platéia, elegeu as<br />
Sras. Helena Glaser e Tova<br />
Bem-Dov, respectivamente,<br />
Presi<strong>de</strong>nte e chefe do Executivo<br />
Mundial da organização.<br />
Aconteceu em SP a Mostra<br />
Rumos Dança 2003 do Itaú<br />
Cultural. Segundo a crítica da<br />
Folha <strong>de</strong> São Paulo, Inês<br />
Borgéa, ao longo da semana<br />
foram apresentados 6 trabalhos<br />
<strong>de</strong> 415 inscritos. Um <strong>de</strong>les,<br />
representando o Estado do<br />
Paraná foi o <strong>de</strong> Cinthia Kunifas,<br />
<strong>de</strong>scrito por Inês como<br />
“revelação”. Parabéns Cinthia,<br />
porque não é todo dia que<br />
alguém do Paraná é assim<br />
<strong>de</strong>scrito no Folha Ilustrada.<br />
A mais nova pedida da cida<strong>de</strong> é<br />
a Boutique <strong>de</strong> carnes Red Angus<br />
Beef, na Carlos <strong>de</strong> Carvalho,<br />
2.290, no Batel. Vale a pena<br />
conhecer os cortes especiais. E<br />
eles entregam em casa.<br />
Dr. Moysés Paciornik abre as<br />
portas do seu consultório, na<br />
rua Lourenço Pinto, todas as<br />
sextas-feiras, a partir das 15h para<br />
aulas gratuitas <strong>de</strong> ginástica que<br />
visam <strong>de</strong>ixar todos ágeis e com<br />
uma circulação sangüínea <strong>de</strong><br />
jovens <strong>de</strong> 18 anos. O próprio Dr.<br />
Moysés é o exemplo do efeito<br />
<strong>de</strong>sta terapia. Vamos nos mexer?<br />
Vera Sasson e<br />
Silvia Goldstein<br />
19
Foto: Arquivo Morashá<br />
20<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
As <strong>de</strong>z tribos perdidas - 7<br />
Conheça os “Beta<br />
Israel”, os khazares<br />
e os lemba<br />
No século nono, havia um homem chamado<br />
Eldad ha-Dani, mercador e viajante ju<strong>de</strong>u que ia<br />
e vinha entre as comunida<strong>de</strong>s judaicas da Babilônia,<br />
Norte da África e Espanha. Deixou um registro<br />
<strong>de</strong> suas viagens, que constituem mais uma<br />
lenda que um fato, mas mesmo assim <strong>de</strong>spertou<br />
o interesse das pessoas. Eldad dizia ser um mercador<br />
e erudito, originário <strong>de</strong> um país ju<strong>de</strong>u in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />
situado a leste da África. Declarava<br />
categoricamente que seu país era o lar das Tribos<br />
Perdidas <strong>de</strong> Asher, Gad, Naftali e Dan, e que<br />
ele próprio era da Tribo <strong>de</strong> Dan. Seu nome, ha-<br />
Dani, significa da Tribo <strong>de</strong> Dan em hebraico.<br />
Eldad mencionava que em “Kush”, na África<br />
Oriental, on<strong>de</strong> é hoje a Etiópia, viviam muitos<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes da Tribo <strong>de</strong> Dan e <strong>de</strong> outras Tribos<br />
<strong>de</strong> Israel.<br />
É interessante notar que ainda hoje na Etiópia,<br />
vive um grupo ju<strong>de</strong>u chamado falashas. Sua<br />
pele é negra e chamam a si mesmos “Beta Israel”,<br />
que significa Casa <strong>de</strong> Israel em hebraico.<br />
Eles vêm seguindo os preceitos da Torá <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />
tempos antigos, <strong>de</strong> maneira um tanto <strong>de</strong>sprendida.<br />
Os falashas na Etiópia falam o gez, uma língua<br />
com termos hebraicos e guardam o shabat. (o sábado).<br />
Tragicamente, muitos <strong>de</strong>les pereceram <strong>de</strong>vido<br />
à guerra civil e ás recentes secas na Etiópia,<br />
mas os remanescentes emigraram para Israel. Foram<br />
transportados em aviões fretados pelo governo<br />
<strong>de</strong> Israel em 1983 e 1991, em duas operações<br />
conhecidas como Moisés e Salomão. Aproximadamente<br />
90% dos Beta Israel vivem hoje em Israel.<br />
Os khazares<br />
Eldad ha-Dani mencionou também o reino <strong>de</strong><br />
Khazar, que estava localizado entre o Mar Negro<br />
e o Mar Cáspio. Declarou que muitas das Dez Tribos<br />
Perdidas <strong>de</strong> Israel vivem em Khazar. Por volta<br />
<strong>de</strong> 740, o rei e todo o povo dos khazares converteram-se<br />
todos ao judaísmo. Foi uma conversão<br />
nacional, e esta também é uma história bem<br />
conhecida entre os ju<strong>de</strong>us.<br />
Ainda <strong>de</strong> acordo com Eldad, vivem em Khazar<br />
três das Dez tribos Perdidas <strong>de</strong> Israel. Eram Reuven,<br />
Gad e meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Menashe. Eles eram aproximadamente<br />
300.000 pessoas do povo <strong>de</strong> Khazar.<br />
No século nono da Era Comum, José, o rei <strong>de</strong><br />
Khazar, escreveu: “(A capital <strong>de</strong> Khazar consiste<br />
<strong>de</strong> três cida<strong>de</strong>s e) na segunda cida<strong>de</strong> vivem os<br />
israelitas, os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Ismael, cristãos e<br />
o povo que fala outros idiomas.” Assim, é perfeitamente<br />
possível que algumas das Dez tribos Perdidas<br />
<strong>de</strong> Israel ainda vivam lá.<br />
Os ju<strong>de</strong>us negros da Etiópia viveram por séculos separados das outras<br />
comunida<strong>de</strong>s judaicas<br />
Origem e história dos<br />
ju<strong>de</strong>us etíopes remonta<br />
aos tempos do rei Salomão Vivem<br />
or quase 3.000 anos, os ju<strong>de</strong>us<br />
negros da Etiópia, conhecidos<br />
como falashas e<br />
que se auto-<strong>de</strong>nominam<br />
“Beta Israel” mantiveram sua fé<br />
e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> lutando contra a fome,<br />
a seca e as guerras tribais. Acreditase<br />
que eles faziam parte <strong>de</strong> uma das<br />
<strong>de</strong>z tribos perdidas, seus ancestrais<br />
remontando ao rei Salomão e à rainha<br />
<strong>de</strong> Sheba (Sabá).<br />
Em maio <strong>de</strong> 1991, os falashas protagonizaram<br />
um êxodo milagroso. Com<br />
a Etiópia envolvida em profunda e brutal<br />
guerra civil, 14.200 membros <strong>de</strong>ssa<br />
comunida<strong>de</strong> foram transportados <strong>de</strong><br />
avião para Jerusalém pelas Forças <strong>de</strong><br />
Defesa <strong>de</strong> Israel. Toda a operação <strong>de</strong><br />
salvamento durou 25 horas.<br />
O herói que i<strong>de</strong>alizou e organizou<br />
o incrível resgate foi o então embaixador<br />
<strong>de</strong> Israel na Etiópia, Asher<br />
Naim. A epopéia foi narrada no livro<br />
Saving the lost tribe (Salvando a tribo<br />
perdida), no qual Naim relata com<br />
humor e conhecimento <strong>de</strong> causa a<br />
ação que se tornou conhecida como<br />
Operação Salomão.<br />
No outono <strong>de</strong> 1990, quando foi<br />
nomeado pelo governo israelense<br />
para o cargo <strong>de</strong> embaixador em Adis<br />
Abeba, sua i<strong>de</strong>ntificação com os ju<strong>de</strong>us<br />
etíopes foi imediata. Ele queria<br />
dar continuida<strong>de</strong> à chamada Operação<br />
Moisés, iniciada em 1985 pelos<br />
israelenses com o apoio dos norte-americanos<br />
e que durante três anos, tentou<br />
tirar do país <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhares<br />
<strong>de</strong> falashas através do Sudão, levando-os<br />
<strong>de</strong> barco para Israel. O sucesso<br />
daquela operação foi relativo, pois na<br />
época, só oito mil pessoas conseguiram<br />
fugir; o restante adoeceu na viagem<br />
e muitos voltaram à Etiópia. Muitas<br />
famílias foram, assim, separadas.<br />
História dos falashas<br />
Em 1860, missionários britânicos<br />
que viajavam pela Etiópia foram os<br />
primeiros oci<strong>de</strong>ntais a encontrar a<br />
tribo dos falashas, ficando surpresos<br />
ao ver as faces queimadas com traços<br />
semitas e que praticavam o judaísmo.<br />
Os membros <strong>de</strong>ssa comunida<strong>de</strong><br />
observavam o shabat e mantinham<br />
rígidas leis rituais da forma<br />
como estão <strong>de</strong>scritas na Torá.<br />
Pouco tempo <strong>de</strong>pois, o estudioso<br />
ju<strong>de</strong>u Joseph Halevy <strong>de</strong>cidiu conhecê-los<br />
pessoalmente. Seria possível<br />
que esses ju<strong>de</strong>us fossem parte <strong>de</strong> uma<br />
das tribos <strong>de</strong> Israel, perdidas há muito,<br />
foragidas durante as <strong>de</strong>struições<br />
do Primeiro ou Segundo Templo? Halevy<br />
foi recebido com curiosida<strong>de</strong> e<br />
<strong>de</strong>sconfiança pelos nativos, que lhe<br />
perguntavam: O senhor, ju<strong>de</strong>u? Como<br />
po<strong>de</strong> ser ju<strong>de</strong>u? O senhor é branco!<br />
Mas quando Halevy mencionou a<br />
palavra Jerusalém, todos se convenceram.<br />
Os falashas haviam sido separados<br />
<strong>de</strong> outros ju<strong>de</strong>us por milhares<br />
<strong>de</strong> anos. Nenhum <strong>de</strong>les jamais saíra<br />
<strong>de</strong> seus vilarejos. No entanto, todos<br />
acalentavam um gran<strong>de</strong> sonho, vindo<br />
<strong>de</strong> gerações passadas: voltar para Jerusalém.<br />
Os ju<strong>de</strong>us da Etiópia sofriam<br />
as mesmas discriminações que os <strong>de</strong>mais,<br />
na diáspora.<br />
No início <strong>de</strong> 1970, havia um grupo<br />
organizado dos Beta-Israel que<br />
queria emigrar para Israel, apesar <strong>de</strong><br />
seus membros ainda não serem<br />
consi<strong>de</strong>rados ju<strong>de</strong>us àquela<br />
época, não tinham, portanto,<br />
direito a fazer aliá (imigração).<br />
Uma centena <strong>de</strong> falashas já vivia<br />
em Israel, on<strong>de</strong> começou<br />
um movimento li<strong>de</strong>rado por um<br />
iemenita ju<strong>de</strong>u nascido na Etiópia,<br />
Ovadia <strong>de</strong> Tzahala, que<br />
fizera aliá em 1930 e que tinha<br />
parentes entre os falashas.<br />
Por isso, pressionava-os a emigrar<br />
para Israel.<br />
hoje em<br />
Israel cerca <strong>de</strong> 70<br />
mil ju<strong>de</strong>us negros<br />
Operação Salomão<br />
Em 1990, enquanto as forças rebel<strong>de</strong>s<br />
avançavam contra o ditador<br />
etíope Mengistu Haile Mariam (conhecido<br />
como o açougueiro <strong>de</strong> Adis),<br />
foi ficando claro que os falashas seriam<br />
exterminados, a não ser que conseguissem<br />
<strong>de</strong>ixar o país pois eram<br />
muito discriminados. Asher Naim, excelente<br />
mediador, trabalhou em vários<br />
campos simultaneamente. Negociava<br />
com Mengistu, coor<strong>de</strong>nava logística<br />
e estratégias com os militares<br />
israelenses e arrecadava doações,<br />
freneticamente, através <strong>de</strong> contatos<br />
nos Estados Unidos.<br />
No dia 23 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1991, <strong>de</strong>cidiu<br />
que havia chegado a hora <strong>de</strong> convocar<br />
a Força Aérea Israelense: a<br />
Operação Salomão <strong>de</strong>via começar<br />
imediatamente. O ditador Mengistu<br />
aceitara as condições, mediante pagamento<br />
em espécie e impondo segredo<br />
absoluto.<br />
Diante da embaixada israelense,<br />
milhares <strong>de</strong> falashas se acotovelavam,<br />
prontos para partir. Os primeiros<br />
aviões israelenses aterrissaram no<br />
aeroporto <strong>de</strong> Adis Abeba e uma equipe<br />
<strong>de</strong> comandantes muito bem preparados<br />
se posicionou para proteger<br />
a missão a qualquer custo.<br />
No total, em pouco mais <strong>de</strong> um<br />
dia, 14.200 emigrantes<br />
foram levados para o aeroporto<br />
Ben-Gurion, em<br />
Tel Aviv. Trinta e cinco<br />
aviões militares e civis fizeram<br />
41 vôos. Em um<br />
dado momento, havia 28<br />
aviões no ar. Um dos Jumbos,<br />
que normalmente po<strong>de</strong>ria<br />
levar 500 passagei-<br />
Em duas operações<br />
"Moisés" (em 1983) e<br />
"Salomão" (em 1991)<br />
foram transferidos da<br />
Etiópia para Israel cerca<br />
<strong>de</strong> 90% dos falashas<br />
ros, transportou <strong>de</strong> uma<br />
só vez 1.087 pessoas,<br />
num feito anotado no livro<br />
<strong>de</strong> recor<strong>de</strong>s Guinness.
Os ju<strong>de</strong>rus etíopes<br />
preservaram os<br />
costumes judaicos por<br />
milhares <strong>de</strong> anos<br />
Para Asher<br />
Naim, o resgate<br />
dos ju<strong>de</strong>us<br />
etíopes foi <strong>de</strong><br />
importância vital.<br />
Ele queria<br />
liberar seus irmãos<br />
<strong>de</strong> um ditador<br />
tirano e<br />
assim assegurar<br />
a sobrevi-<br />
vência <strong>de</strong>ssa tribo. Ajudando os falashas<br />
a voltar para Jerusalém, Naim<br />
chegou a um novo e profundo entendimento<br />
do verda<strong>de</strong>iro significado <strong>de</strong><br />
fé, <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e da luta para superar<br />
as adversida<strong>de</strong>s. No seu livro, cita<br />
uma frase <strong>de</strong> Bernard Raskas: “D-us<br />
não quer que façamos coisas extraordinárias.<br />
Ele quer que façamos coisas<br />
simples, <strong>de</strong> forma extraordinária...”<br />
Em Israel, a adaptação dos imigrantes<br />
não foi fácil. A maioria era<br />
muito jovem e sem cultura nenhuma,<br />
e no princípio sofreram <strong>de</strong>sconfiança<br />
e rejeição por parte <strong>de</strong> alguns<br />
por causa <strong>de</strong> sua cor. Mas vários institutos<br />
têm <strong>de</strong>senvolvido projetos especiais<br />
<strong>de</strong> educação intensiva para<br />
as crianças, como por exemplo, a escola<br />
Beth Zipora, no sul <strong>de</strong> Israel.<br />
Esse programa foi implantado por Elie<br />
Wiesel e ministra cursos <strong>de</strong> inglês e<br />
computação. O sonho dos ju<strong>de</strong>us<br />
etíopes é formar lí<strong>de</strong>res, médicos, engenheiros<br />
e até generais. Tão logo<br />
<strong>de</strong>sembarcaram, o governo israelense<br />
fez campanhas para angariar fundos<br />
para sua absorção e sobrevivência,<br />
a fim <strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixá-los voltar ao<br />
mesmo ciclo <strong>de</strong> empobrecimento,<br />
amargura e <strong>de</strong>sespero <strong>de</strong> seu passado<br />
na África.<br />
NOTA SOBRE O AUTOR:<br />
Asher Naim, diplomata israelense, serviu<br />
como adido cultural no Japão e Estados<br />
Unidos e como embaixador na ONU,<br />
Finlândia, Coréia do Sul e Etiópia. Ele é o<br />
criador do Fundo <strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Estudos para<br />
Ju<strong>de</strong>us Etíopes e arrecada verbas para que<br />
os membros <strong>de</strong>sta comunida<strong>de</strong> possam ter<br />
uma educação <strong>de</strong> nível superior nas<br />
universida<strong>de</strong>s israelenses.<br />
Os presentes artigos foram pesquisados e<br />
editados com base no material colhido nos<br />
sites do Beit Chabad do Brasil<br />
(www.chabad.org), da Revista Morashá <strong>de</strong><br />
março <strong>de</strong> 2003 (www.morasha.com.br)<br />
Enciclopaedya Philtar (http://<br />
www.philtar.ucsm.ac.uk/encyclopedia/<br />
judaism/falash.html) e Enigmas da<br />
Humanida<strong>de</strong> (www.enigmas.hpg.ig.com.br)<br />
21<br />
Ju<strong>de</strong>us expulsos dos países árabes<br />
também são refugiados no Oriente Médio<br />
Congresso Judaico Mundial aplaudiu a resolução <strong>de</strong> reconhecimento dos EUA<br />
Depois <strong>de</strong> recentes vitórias históricas,<br />
como o pedido <strong>de</strong> <strong>de</strong>sculpas do Vaticano<br />
<strong>de</strong>vido a perseguição <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us no passado<br />
e a <strong>de</strong>volução <strong>de</strong> dinheiro <strong>de</strong> contas bancárias<br />
na Suíça roubado durante o nazismo,<br />
o Congresso Judaico Mundial (CJM)<br />
já escolheu suas próximas batalhas: o<br />
combate ao crescimento do anti-semitismo<br />
na Europa e a luta pelo reconhecimento<br />
dos direitos dos refugiados ju<strong>de</strong>us<br />
que saíram <strong>de</strong> países árabes. Para o presi<strong>de</strong>nte<br />
do CJM, Edgar Bronfman, que esteve<br />
em visita ao Rio, o mundo <strong>de</strong>ve enfrentar<br />
estes problemas <strong>de</strong> frente se quiser<br />
ser justo com os ju<strong>de</strong>us.<br />
O po<strong>de</strong>roso CJM é o braço diplomático<br />
das comunida<strong>de</strong>s judaicas <strong>de</strong> todo o mundo<br />
em suas relações com governos e entida<strong>de</strong>s.<br />
Isto faz <strong>de</strong> Bronfman um alvo preferencial<br />
<strong>de</strong> grupos radicais ou re<strong>de</strong>s terroristas<br />
como a al-Qaeda e medidas <strong>de</strong> segurança<br />
extremas são observadas. Dezenas <strong>de</strong><br />
seguranças, incluindo agentes israelenses,<br />
foram mobilizados para proteger Bronfman<br />
e o presi<strong>de</strong>nte do conselho do CJM, Israel<br />
Singer. Para Bronfman, o ressurgimento do<br />
anti-semitismo na Europa está muitas vezes<br />
mascarado em <strong>de</strong>clarações contra as<br />
políticas do governo <strong>de</strong> Israel.<br />
“Há uma gran<strong>de</strong> diferença entre ser crítico<br />
e propagar ódio”, disse Bronfman,<br />
acrescentando: “Não acho que seja tão difícil<br />
fazer a diferença. A pessoa está tentando<br />
oferecer ajuda ou ódio? Se você cri-<br />
Africanos<br />
também seriam<br />
ju<strong>de</strong>us<br />
No século 19, alguns missionários ficaram<br />
intrigados com as práticas “judaicas” do povo<br />
lemba, que habita o sul da África. Seriam eles<br />
também uma das Tribos Perdidas <strong>de</strong> Israel ?<br />
Os lemba fazem circuncisões em seus meninos,<br />
promovem sacrifícios rituais (como no<br />
antigo Templo) e se recusam a comer carne <strong>de</strong><br />
porco. Mas suas características são comuns ao<br />
<strong>de</strong>mais povos africanos negros, pois cultuam<br />
os ancestrais, mantém curan<strong>de</strong>iros e permitem<br />
a poligamia.<br />
Os lemba dizem que são originários dos<br />
ju<strong>de</strong>us que migraram da Judéia para o Yemen,<br />
<strong>de</strong>pois atravessaram o Mar Vermelho<br />
e chegaram às costas africanas.<br />
Tudor Parfitt, dirigente do Middle East Centre,<br />
da School of Oriental and African Studies<br />
<strong>de</strong> Londres, Inglaterra, recolheu amostras <strong>de</strong><br />
tecido da boca dos lemba e <strong>de</strong> habitantes do<br />
sul do Yemen e encontrou correlações genéticas<br />
entre eles.<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
tica com a intenção <strong>de</strong> ajudar, isto é crítica<br />
positiva. Mas se você só critica se baseando<br />
no argumento, 'o<strong>de</strong>io esse povo',<br />
isso é anti-semitismo.”<br />
Para o cana<strong>de</strong>nse, presi<strong>de</strong>nte do CJM<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1981, as críticas a Israel não <strong>de</strong>vem<br />
ser consi<strong>de</strong>radas anti-semitismo. Mas diz<br />
que em países como França, Bélgica, Alemanha<br />
e Reino Unido há crescentes casos<br />
<strong>de</strong> preconceito. Ele próprio critica políticas<br />
do governo <strong>de</strong> Ariel Sharon, como os<br />
assentamentos, que para ele não ajudarão<br />
Israel a ter paz.<br />
Num contra-ataque ao pleito <strong>de</strong> palestinos<br />
que fugiram ou foram expulsos na criação<br />
<strong>de</strong> Israel, o CJM pe<strong>de</strong> que a comunida<strong>de</strong><br />
internacional <strong>de</strong>monstre a mesma preocupação<br />
com ju<strong>de</strong>us que <strong>de</strong>ixaram os países<br />
árabes. Segundo o Congresso, mais <strong>de</strong><br />
800 mil ju<strong>de</strong>us saíram ou foram expulsos e<br />
tiveram suas proprieda<strong>de</strong>s tomadas.<br />
“Não há dúvida <strong>de</strong> que centenas <strong>de</strong> milhares<br />
<strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong>ixaram Marrocos, Argélia<br />
etc. E <strong>de</strong>ixaram suas proprieda<strong>de</strong>s para<br />
trás. E os árabes da Palestina falam do que<br />
eles <strong>de</strong>ixaram para trás quando Israel foi<br />
criado. Então sejamos justos. Não façam<br />
disso uma rua <strong>de</strong> mão única”.<br />
Bronfman elogiou a postura do Papa<br />
João Paulo II, que, segundo ele, avançou<br />
mais na questão do preconceito contra ju<strong>de</strong>us<br />
“em 20 anos do que em dois milênios”.<br />
Mas disse que a estrutura católica po<strong>de</strong> não<br />
FILME<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
VJ INDICA<br />
ser tão rápida quando seu lí<strong>de</strong>r.<br />
“O que o Papa falou é que o anti-semitismo<br />
é um pecado. É uma ação positiva.<br />
Mas, quanto tempo leva para que isso atravesse<br />
a hierarquia do sacerdócio até as pessoas?<br />
Leva muito tempo. Foram milhares<br />
<strong>de</strong> anos <strong>de</strong> doutrinação, não dá para se livrar<br />
disso num minuto”.<br />
Singer, provável sucessor <strong>de</strong> Bronfman,<br />
diz que, apesar <strong>de</strong> o Congresso não<br />
participar da política interna <strong>de</strong> Israel,<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma solução <strong>de</strong> dois Estados. O<br />
CJM não po<strong>de</strong> discutir a política interna<br />
israelense, pois representa os ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong><br />
todo o mundo, mas Singer atacou críticos<br />
do país, incluindo governos latinoamericanos,<br />
como o Brasil.<br />
“A exigência <strong>de</strong> muitos países que não<br />
são <strong>de</strong>mocráticos para que Israel forneça<br />
uma <strong>de</strong>mocracia total para um vizinho violento<br />
é inaceitável. É algo que eles não fazem<br />
para seus cidadãos. Se se olha todos<br />
os artigos da ONU que são apoiados por<br />
tantos países, inclusive da América Latina,<br />
não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> sentir que o velho<br />
anti-semitismo ainda está ar<strong>de</strong>ndo”, disse.<br />
Aqui entre nós<br />
TÍTULO ORIGINAL: L’homme est um femme comme les<br />
autres<br />
DIREÇÃO Jean-Jaques Zibermann<br />
PRODUÇÃO Régine Konckier e Jean-Luc Omières<br />
ROTEIRO Gilles Taurand e Jean-Jaques Zibermann<br />
ELENCO Antoine <strong>de</strong> Caunes, Elsa Zylberstein, Gad<br />
Elmaleh<br />
SINOPSE<br />
Você é um homem e gosta <strong>de</strong> homens... Bem, por que não? Você<br />
ama seu primo que está prestes a se casar e escolhe o dia do seu<br />
casamento para <strong>de</strong>clarar sua persistente paixão. E mais; e se você<br />
estiver sendo pressionado pela sua mãe judia e pelo seu tio para<br />
perpetuar o nome da família? Daí a situação se complica muito...<br />
Simon sempre se interessou por rapazes. Virou as costas há<br />
muito tempo para <strong>de</strong>veres familiares, e tudo mais que diz respeito a<br />
tradição judia.<br />
Rosalie vem <strong>de</strong> uma família judia ortodoxa e se mantém virgem;<br />
se guarda para o homem <strong>de</strong> seus sonhos... Até que vê Simon e se<br />
apaixona perdidamente... por seu clarinete, mas não faz idéia das<br />
preferências <strong>de</strong>sse virtuoso clarinetista.<br />
A mãe <strong>de</strong> Simon ao conhecê-la faz <strong>de</strong> tudo para promover um<br />
casamento...<br />
Apesar <strong>de</strong> esta união ser muito improvável, suas vidas se<br />
transformarão por completo...
22<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
Jerusalém me<br />
tocou muito <strong>de</strong> perto<br />
Relato tocante <strong>de</strong> uma jornalista no cenário <strong>de</strong> um atentado a bomba<br />
Jana Beris*<br />
Subitamente, um pouco antes das 9 da manhã,<br />
uma potente explosão me fez pular. Vireime<br />
e vi a bola <strong>de</strong> fogo envolvendo o ônibus. Nunca<br />
havia visto o horror <strong>de</strong> forma tão imediata e tão<br />
<strong>de</strong> perto. Nunca havia coberto um dos muitos<br />
atentados em Jerusalém, tendo ouvido antes a<br />
explosão, visto a bola <strong>de</strong> fogo que envolveu o<br />
ônibus. Nunca havia buscado a notícia enquanto<br />
meu corpo tremia todo.<br />
Sempre chegava aos locais dos atentados<br />
quando os feridos mais graves já haviam sido levados<br />
para as ambulâncias, quando as partes dos<br />
corpos <strong>de</strong>stroçados já haviam sido cobertas por<br />
mantas ou sacos plásticos negros com os quais<br />
seriam levados ao Instituto Forense Abu Kabir.<br />
Mas, <strong>de</strong>sta vez me tocou <strong>de</strong> perto, <strong>de</strong>masiado<br />
perto, e mais, se o ônibus que se converteu em<br />
cenário <strong>de</strong> imagens dantescas tivesse avançado<br />
mais uns 20 metros pela rua Aza <strong>de</strong> Jerusalém, a<br />
explosão ocorreria ao meu lado. Provavelmente esta<br />
notícia teria sido escrita por outro jornalista.<br />
O dia amanhecera ensolarado, embora um tanto<br />
frio. A notícia do dia era a troca <strong>de</strong> prisioneiros,<br />
e pela manhã só teria que seguir as informações<br />
da Alemanha. Tinha <strong>de</strong>ixado as crianças na<br />
escola e me encontraria com meu marido no Café<br />
Moment, para o <strong>de</strong>sjejum. Fizemos isto muitas<br />
vezes, mesmo sabendo que há dois anos havia<br />
sido cenário <strong>de</strong> um atentado, <strong>de</strong>ixando quase uma<br />
<strong>de</strong>zena <strong>de</strong> civis mortos.<br />
Desta vez eu estava ali. Depois da explosão,<br />
o silêncio sepulcral. Corri para o ônibus para tratar<br />
<strong>de</strong> ajudar. Vi o <strong>de</strong>sespero e o horror nos olhos<br />
dos sobreviventes, que não compreendiam que raio<br />
os atingira. Afastei os restos da porta e subi. Jamais<br />
esquecerei este momento, a primeira vez que<br />
entrava em um ônibus <strong>de</strong>stroçado pela explosão.<br />
Jamais me esquecerei <strong>de</strong>ste momento porque é impossível<br />
esquecer a entrada no inferno.<br />
Em um assento vi algo que era difícil <strong>de</strong>finir.<br />
Restos <strong>de</strong> um corpo que supus ser o do suicida<br />
porque era difícil i<strong>de</strong>ntificar qualquer parte do<br />
mesmo. Afastei metais retorcidos do teto e laterais<br />
para chegar a alguns dos feridos. Na parte <strong>de</strong><br />
trás vi restos <strong>de</strong> carne nua ensangüentada. Três<br />
adultos miravam o vazio, como que congelados<br />
em seus lugares, sem po<strong>de</strong>r se mover. Neste momento<br />
compreendi o que significa a expressão<br />
que mais <strong>de</strong> uma vez utilizei em minhas próprias<br />
matérias 'estado <strong>de</strong> choque', falando sobre esta<br />
horda <strong>de</strong> feridos, sem lesões físicas, que chegam<br />
aos hospitais porque precisam <strong>de</strong> ajuda mesmo<br />
estando inteiros. Foram quatro pessoas que conseguimos<br />
tirar do ônibus, entre elas, uma mulher<br />
repleta <strong>de</strong> sangue. Minha blusa branca ficou empapada<br />
e cheirando a queimado.<br />
Alguns gritavam e outros não entendiam nada.<br />
Uma mulher com o rosto ferido estava presa entre<br />
a carroceria queimada e um corpo que caíra sobre<br />
ela. Tive que reunir toda minha força para levantar<br />
<strong>de</strong> seu assento um senhor com sangue na face<br />
e que não entendia o que havia acontecido. Olhava<br />
para mim como que pedindo ajuda, e dizendo,<br />
ao mesmo tempo, que não podia se mover, não<br />
podia fazer nada.<br />
Pensei em sair, pois po<strong>de</strong>ria haver uma segunda<br />
explosão e não podia ajudar muito já que<br />
não era profissional da área da saú<strong>de</strong>. Mas havia<br />
pessoas vivas e os equipamentos dos para-médicos<br />
não haviam chegado, assim eu continuava<br />
<strong>de</strong>ntro do ônibus.<br />
Um senhor quando tratei <strong>de</strong> tirá-lo <strong>de</strong> lá dizia:<br />
'Minha bolsa! Minha bolsa!' Respondi: 'Não<br />
importa senhor, o principal é que saia daqui!',<br />
sabendo que não se acharia nada inteiro naquele<br />
cenário dantesco. Depois fiquei aborrecida por não<br />
ter feito o que ele pedira. Quem sabe trazia na<br />
carteira as fotos dos netos, como eu trago as dos<br />
meus filhos.<br />
Um homem corpulento, <strong>de</strong> jaqueta azul, pareceu<br />
notar minha expressão <strong>de</strong> horror e me ofereceu<br />
água. Tomei um pouco e olhei ao redor. Espalhados<br />
pela rua, ao redor <strong>de</strong> vários metros, havia<br />
feridos <strong>de</strong> todos os tipos. 'Veja o pulso <strong>de</strong>ste, não<br />
tenho certeza <strong>de</strong> que esteja vivo', me disse o primeiro<br />
para-médico que chegou. O jovem <strong>de</strong> camisa<br />
cinza e calça jeans parecia inerte. Ao meu lado<br />
outro jovem conseguiu dizer seu nome, Erez, tinha<br />
os olhos fechados e seu cabelo curto estava como<br />
que grudado artificialmente ao corpo, <strong>de</strong>vido ao<br />
fogo que o atingira. Sangrava <strong>de</strong> uma perna, mas<br />
parecia bastante inteiro. Acariciei sua cabeça e tratei<br />
<strong>de</strong> cuidar para que não per<strong>de</strong>sse a consciência.<br />
Ao meu lado alguém disse: ‘vou aten<strong>de</strong>r a um outro<br />
mais grave, fique com este, não o perca!’<br />
Assim fiz, até a chegada das ambulâncias e da<br />
polícia, cujo chefe tratava <strong>de</strong> organizar o trabalho<br />
por meio um megafone. Alguém isolara o local,<br />
<strong>de</strong>marcando o espaço do cenário da explosão,<br />
que como sempre nos atentados anteriores<br />
os jornalistas tentavam penetrar discutindo com<br />
os policiais. Mas, <strong>de</strong>sta vez, eu estava do outro<br />
lado da faixa, com a roupa manchada <strong>de</strong> sangue e<br />
o corpo tremendo.<br />
Um pouco <strong>de</strong>pois, encontrei meu marido e começamos<br />
a maratona para tentar avisar a todos<br />
que sabiam que estaríamos no local. Meu marido<br />
ligou para minha filha mais velha e disse acalmando-a:<br />
'Mamãe e eu estamos bem'. Claro que,<br />
naquele momento, 'estamos bem' era apenas uma<br />
força <strong>de</strong> expressão.<br />
* Jana Beris é jornalista em Jerusalém, trabalha<br />
no programa BBC Mundo.<br />
Texto traduzido pela B‘nai B´rith da Venezuela<br />
Nas sendas do judaísmo<br />
Vittorio Corinaldi *<br />
É este o título <strong>de</strong> um livro <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Walter Rehfeld, recém-lançado<br />
pela Editora Perspectiva em São Paulo.<br />
Walter Rehfeld, falecido há pouco mais <strong>de</strong> 10 anos, foi uma figura excepcional<br />
no panorama do pensamento judaico brasileiro. E por ter eu me<br />
contado em juventu<strong>de</strong> entre aqueles que tiveram a ventura <strong>de</strong> o conhecer e<br />
<strong>de</strong> se aproximar <strong>de</strong> seu ensinamento e <strong>de</strong> sua amiza<strong>de</strong>, não quero <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />
assinalar o acontecimento que é a publicação <strong>de</strong>sse livro – talvez o primeiro<br />
tardío reconhecimento do valor <strong>de</strong> Rehfeld por uma comunida<strong>de</strong> que,<br />
espelhando uma tendência generalizada da socieda<strong>de</strong> circunstante, não se<br />
distingue por uma produção espiritual das mais insignes.<br />
O livro é uma coletênea <strong>de</strong> escritos <strong>de</strong> épocas diversas, abrangendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
ensaios filosóficos produzidos para fins <strong>de</strong> suas aulas na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />
Paulo ou para seminários e congressos acadêmicos, até pequenos comentários<br />
sobre a vida e os costumes judaicos, bem como consi<strong>de</strong>rações sobre os<br />
<strong>de</strong>stinos do judaísmo <strong>de</strong> hoje e a posição <strong>de</strong> Israel com relação a eles.<br />
A leitura <strong>de</strong>sses escritos veio para mim confirmar a característica <strong>de</strong> Walter<br />
Rehfeld, como a recordo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aqueles anos já longínquos que prece<strong>de</strong>ram<br />
minha Aliá: um profundo e verda<strong>de</strong>iro pensador e orientador nas sendas<br />
do judaismo – bem no espírito do nome do livro.<br />
Numa época em que o título <strong>de</strong> Rabino é associado a tantos indivíduos<br />
que fazem uso obsceno e falso da autorida<strong>de</strong> que ele conce<strong>de</strong> (tanto pela<br />
aplicação estéril e mecânica <strong>de</strong> normas religiosas mal interpretadas à luz<br />
<strong>de</strong> um obsoleto dogmatismo ortodoxo, quanto pela exortação a um ruidoso<br />
comportamento político extremista, agressivo e intolerante.), a personalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Walter Rehfeld ganha uma dimensão especial: emanava <strong>de</strong>le um<br />
sentido <strong>de</strong> fé, uma crença genuína numa essência divina que nada mais<br />
<strong>de</strong>veria ser senão a expressão da capacida<strong>de</strong> do homem <strong>de</strong> distinguir e<br />
escolher entre o Bem e o Mal; e uma convicção na vocação judaica nesse<br />
sentido: vocação que para ele se baseava em conhecimento filosófico, em<br />
<strong>de</strong>safio atualizado das “verda<strong>de</strong>s” históricas, em assimilação racional <strong>de</strong><br />
postulados éticos contidos em costumes e tradições.<br />
E ninguém melhor do que ele personalizava a verda<strong>de</strong>ira figura do “Rav”,<br />
embora sua vida e seu ambiente cotidiano fossem <strong>de</strong> caráter absolutamente leigo<br />
e aberto. Colaboravam para esta imagem também uma bondosa consi<strong>de</strong>ração<br />
pelo próximo, uma atitu<strong>de</strong> calma, paciente e compreensiva pelas opiniões alheias,<br />
uma <strong>de</strong>dicação silenciosa à ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explicação e convencimento.<br />
A pessoa <strong>de</strong> Walter Rehfeld e sua opinião e conselho certamente fazem<br />
falta na angustiante situação do judaismo <strong>de</strong> hoje: situação em que <strong>de</strong> um<br />
lado Israel, <strong>de</strong>positário principal da mo<strong>de</strong>rna criação judaica, encontra-se<br />
numa perigosa encruzilhada para sua sobrevivência física e moral, em que<br />
convergem insegurança, instabilida<strong>de</strong> econômica, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social, opressão<br />
(mesmo que imposta) <strong>de</strong> populações alheias às força <strong>de</strong> interesse atuantes<br />
no conflito; e não menos, o endurecimanto da essencial qualida<strong>de</strong> ética<br />
que caracterizou o nascimento da nação. E <strong>de</strong> outro lado o judaismo da Golá,<br />
<strong>de</strong>sorientado ainda pela perda <strong>de</strong> suas fontes vitais com o extermínio europeu,<br />
e incapaz <strong>de</strong> encontrar novas nascentes em meio à atual cultura do<br />
consumismo e da supremacia do “mercado” sobre os valores do espírito.<br />
E é neste sentido que a iniciativa da Editora Perspectiva, com a publicação<br />
do volume <strong>de</strong> Walter Rehfeld, vem constituir um passo louvavel na<br />
trajetória já <strong>de</strong> há muito iniciada, <strong>de</strong> fomentar a renovação <strong>de</strong> um pensamento<br />
judaico brasileiro, opondo-se à citada tendência <strong>de</strong> dissolução cultural<br />
que caracteriza muito da ação comunitaria local.<br />
* Vittorio Corinaldi é arquiteto e mora em Tel Aviv, Israel.
“Vocês julgam e<br />
eu enterro meu<br />
marido”<br />
Fanny Haim *<br />
Hoje vocês se sentarão lá em<br />
Haia e o julgamento começará. Hoje<br />
eu enterro meu marido, e isso me<br />
parte o coração.<br />
Eu não sou política. Dirijo-me a vocês<br />
como alguém que per<strong>de</strong>u seu marido,<br />
como uma pessoa cujo coração foi<br />
<strong>de</strong>stroçado, e como uma pessoa a quem<br />
a cerca <strong>de</strong> separação po<strong>de</strong>ria ter evitado<br />
sua tragédia. Estive casada com<br />
Yehudá por 21 anos. Foi o amor <strong>de</strong> minha<br />
juventu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os 15 anos. A irmã<br />
<strong>de</strong> Yehudá é a esposa do Agregado Comercial<br />
<strong>de</strong> Israel em Haia e trabalha lá<br />
na Embaixada. Faz meses que ela, seu<br />
marido e o pessoal da Embaixada tentam<br />
abrir os olhos do mundo. Faz meses<br />
que lutam pelos direitos do Estado<br />
<strong>de</strong> Israel. E eu, o que po<strong>de</strong>ria pedir?<br />
Só meu pequeno direito, o direito<br />
a ter um marido, o direito <strong>de</strong> ver, junto<br />
com ele, nossos filhos crescerem, educarem-se<br />
e servirem no exército.<br />
Esse direito já não o tenho mais.<br />
Mas hoje vocês po<strong>de</strong>m fazer com outras<br />
famílias em Israel tenham o direito<br />
básico <strong>de</strong> manter uma família feliz;<br />
<strong>de</strong> levantar-se pela manhã sem morte,<br />
orfanda<strong>de</strong> e viuvez, sem lápi<strong>de</strong>s e sem<br />
cemitérios. Hoje, quando começarem<br />
<strong>de</strong>bater os gran<strong>de</strong>s assuntos, pensem<br />
— ainda que seja por um instante —<br />
nas pequenas pessoas que vivem atrás<br />
<strong>de</strong>ste conflito sangrento. Pensem por<br />
um instante no coração <strong>de</strong> ouro <strong>de</strong><br />
Yehudá meu esposo, ou em meu filho<br />
pequeno, Avner. Talvez vocês possam<br />
tentar explicar-lhe, com seus apenas 10<br />
anos, por quê diabos não tem mais pai.<br />
Hoje entrarão na sala on<strong>de</strong> vocês<br />
encontrarão pessoas que falarão, que<br />
acusarão. Em minha casa entrarão pessoas<br />
para expressar condolências e eu<br />
não conseguirei enten<strong>de</strong>r, e sem dúvida<br />
não encontrarei consolo. À noite,<br />
vocês regressarão a suas casas, beijarão<br />
seus cônjuges, abraçarão seus filhos,<br />
mas e eu permanecerei só.<br />
É verda<strong>de</strong>, a política está distante<br />
<strong>de</strong> mim, mas agora que a morte e a perda<br />
estão tão <strong>de</strong>masiadamente próximas<br />
<strong>de</strong> mim creio que obtive com justiça,<br />
com lágrimas, o direito <strong>de</strong> dirigir-me a<br />
vocês e dizer-lhes: Se houvesse uma<br />
cerca em toda a extensão do país quem<br />
sabe, também eu, como vocês, pu<strong>de</strong>sse<br />
esta noite beijar meu marido.<br />
Não julguem meu país, não lhe impeçam<br />
<strong>de</strong> evitar mais vítimas.<br />
Eu enterrei hoje o meu marido. Vocês,<br />
não enterrem a Justiça.<br />
* Fanny Haim é viúva <strong>de</strong> Yehudá Haim,<br />
uma das vítimas <strong>de</strong> atentado recente,<br />
que se dirigiu aos juízes <strong>de</strong> Haia.<br />
Publicado por Nurith Palter no jornal<br />
Iediot Aharonot em 23/2/2004<br />
23<br />
Deve a Corte Internacional <strong>de</strong> Justiça<br />
opinar sobre a cerca <strong>de</strong> segurança?<br />
Ruth Lapidoth *<br />
Já que os palestinos não po<strong>de</strong>m processar<br />
Israel na Corte Internacional <strong>de</strong><br />
Justiça (ICJ) com uma ação litigiosa —<br />
porque não são um Estado e porque Israel<br />
não aceitou a jurisdição da Corte,<br />
os palestinos usaram sua influência junto<br />
à Assembléia Geral que então pediu uma<br />
opinião consultiva.<br />
A sessão especial <strong>de</strong> emergência da<br />
Assembléia Geral foi organizada <strong>de</strong> acordo<br />
com a Resolução Unidos pela Paz, <strong>de</strong><br />
1950, que estabelece certas condições a<br />
serem cumpridas antes que a Assembléia<br />
Geral possa agir e estas condições não<br />
foram cumpridas no presente caso.<br />
Além disso, o assunto já está sendo<br />
tratado pelo Conselho <strong>de</strong> Segurança que<br />
adotou o “Mapa da Estrada.” O pedido<br />
para uma opinião consultiva prejudica o<br />
“Mapa da Estrada” e as tentativas <strong>de</strong><br />
encontrar uma ampla solução para a disputa<br />
palestino-israelense.<br />
Em 20 <strong>de</strong> novembro do ano passado,<br />
a Assembléia Geral da ONU pediu à Corte<br />
que opinasse sobre a questão: “Quais são<br />
as conseqüências legais da construção por<br />
Israel do muro, o po<strong>de</strong>r ocupante, no território<br />
palestino ocupado....” A opinião<br />
<strong>de</strong> Israel é <strong>de</strong> que a corte não tem jurisdição<br />
para tratar <strong>de</strong>sta questão. Mesmo<br />
se tivesse, a corte <strong>de</strong>veria se abster <strong>de</strong><br />
exercê-la —como será explicado abaixo.<br />
A Corte Internacional<br />
<strong>de</strong> Justiça<br />
O ICJ é o principal órgão judicial da<br />
ONU. Foi criado em 1922, à época da<br />
Liga <strong>de</strong> Nações, e renovado em 1946. A<br />
corte tem dois tipos <strong>de</strong> funções:<br />
1) resolver disputas entre Estados por<br />
meio <strong>de</strong> julgamentos; esta função só po<strong>de</strong><br />
ser exercitada se ambos os estados aceitarem<br />
a submissão do caso junto a corte.<br />
2) opinar em questões legais a ela submetidas<br />
por um órgão principal da ONU<br />
ou outra organização internacional (as<br />
“agências especializadas”) autorizada pela<br />
Assembléia Geral da ONU. As opiniões consultivas<br />
não são compulsórias 1. A corte<br />
po<strong>de</strong> também se recusar a dar uma certa<br />
opinião — é um po<strong>de</strong>r discricionário.<br />
Condições do Caso<br />
Em 21 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2003, a Assembléia<br />
Geral das Nações Unidas adotou uma<br />
resolução que exigiu “a parada e a reversão<br />
por parte <strong>de</strong> Israel” da construção<br />
da cerca que, <strong>de</strong> acordo com a Assem-<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
bléia Geral, “está em contradição” com a lei<br />
internacional (uma proposta semelhante já<br />
tinha sido vetada anteriormente no Conselho<br />
<strong>de</strong> Segurança). Consi<strong>de</strong>rando que Israel<br />
não se submeteu a este pedido, a Assembléia<br />
Geral pediu para o ICJ uma opinião consultiva<br />
sobre a questão acima mencionada.<br />
Deve ser observado que a pergunta diz respeito<br />
a um “muro” enquanto a barreira é<br />
basicamente uma cerca, e apenas algo em<br />
torno <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong>la estão na forma <strong>de</strong> muro.<br />
Neste caso, os palestinos não po<strong>de</strong>m<br />
processar Israel como uma ação litigiosa<br />
entre Estados junto a corte. Em primeiro<br />
lugar porque os palestinos não são um Estado<br />
e em segundo porque Israel não aceitou<br />
a jurisdição da corte. Para evitar este<br />
problema, os palestinos usaram a sua influência<br />
junto a Assembléia Geral que então<br />
solicitou uma opinião consultiva.<br />
As Características da Cerca<br />
A cerca não envolve qualquer anexação;<br />
foi estabelecida por razões <strong>de</strong> segurança.<br />
A terra utilizada não foi confiscada,<br />
mas requisitada por três anos. Um aluguel<br />
está sendo pago pelo uso da terra.<br />
Por que a Corte <strong>de</strong>ve<br />
recusar-se a opinar?<br />
Curiosamente, em trinta das quase cinqüenta<br />
petições submetidas à corte sobre<br />
este assunto, a sugestão expressa foi a <strong>de</strong><br />
que a corte não <strong>de</strong>veria opinar. Até mesmo<br />
em algumas <strong>de</strong>clarações que questionam a<br />
legalida<strong>de</strong> da cerca, os autores <strong>de</strong>saconselham<br />
o exercício <strong>de</strong> jurisdição da corte.<br />
Os principais argumentos <strong>de</strong> Israel contra<br />
o exercício <strong>de</strong> jurisdição po<strong>de</strong>m ser assim<br />
resumidos:<br />
1) a Assembléia Geral agiu fora da legalida<strong>de</strong><br />
ao pedir uma opinião consultiva,<br />
já que as condições para a atuação da Assembléia<br />
Geral, conforme a resolução <strong>de</strong><br />
paz <strong>de</strong> 1950 não existem.<br />
2) o assunto é principalmente <strong>de</strong> natureza<br />
política e então <strong>de</strong>veria ser negociado<br />
por meios diplomáticos e políticos.<br />
3) o pedido prejudica a ação do Conselho<br />
<strong>de</strong> Segurança que adotou em 2003 o Mapa<br />
da Estrada, patrocinado pelos Estados Unidos,<br />
Rússia, ONU e Comunida<strong>de</strong> Européia.<br />
4) a cerca é um dos assuntos do conflito<br />
maior palestino-israelense. A escolha<br />
<strong>de</strong>ste único artigo causa prejuízos aos esforços<br />
para alcançar uma solução compreensiva.<br />
5) a própria Assembléia Geral já tinha<br />
<strong>de</strong>cidido quanto a legalida<strong>de</strong> da cerca, pare-<br />
ce que é supérfluo submeter o questionamento<br />
ao ICJ.<br />
6) esta é uma tentativa para fazer com<br />
que a corte <strong>de</strong>cida uma ação litigante por<br />
meio <strong>de</strong> uma opinião consultiva.<br />
7) a reputação da própria corte po<strong>de</strong><br />
sofrer prejuízos envolvendo-se em um assunto<br />
altamente político.<br />
A Atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Israel<br />
Israel submeteu ao ICJ uma <strong>de</strong>claração<br />
escrita <strong>de</strong>talhada que trata da pergunta <strong>de</strong><br />
jurisdição e o <strong>de</strong>coro <strong>de</strong> dar uma opinião<br />
consultiva. A <strong>de</strong>claração também <strong>de</strong>screve<br />
situação efetiva —- os terríveis atos terroristas<br />
que a cerca <strong>de</strong>ve prevenir ou pelo<br />
menos reduzir.<br />
Porém, Israel <strong>de</strong>cidiu não participar nas<br />
audiências realizadas entre 23 e 25 <strong>de</strong> fevereiro,<br />
por várias razões:<br />
A participação <strong>de</strong> Israel nos procedimentos<br />
po<strong>de</strong>ria ser interpretada como reconhecimento<br />
da jurisdição da corte quanto ao assunto.<br />
Tal participação também po<strong>de</strong>ria induzir<br />
os palestinos e seus aliados a transformar<br />
o caso num espetáculo <strong>de</strong> relações públicas<br />
que nega o direito <strong>de</strong> Israel <strong>existir</strong>,<br />
como aconteceu em Durban (África do Sul)<br />
na Conferência contra Racismo.<br />
Israel <strong>de</strong>clarou e explicou todos os seus<br />
argumentos por escrito.<br />
Nota<br />
1. Somente ao agir como uma corte<br />
superior contra <strong>de</strong>cisões do Tribunal<br />
Administrativo da ONU -, como e disputas<br />
entre a ONU e seus empregados – são as<br />
opiniões consultivas obrigatórias.<br />
Ruth Lapidoth faz parte do Centro para Assuntos<br />
Públicos <strong>de</strong> Jerusalém. Professora emérita <strong>de</strong><br />
Lei Internacional da Universida<strong>de</strong> Hebraica <strong>de</strong><br />
Jerusalém e professora da Escola <strong>de</strong> Direito da<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Administração. Seus livros<br />
incluem ‘O Conflito <strong>de</strong> Árabe-Israelense e Sua<br />
Resolução: Documentos Selecionados’ (1992),<br />
‘A Questão <strong>de</strong> Jerusalém e sua Resolução:<br />
Documentos Selecionados’ (1994), ‘Autonomia:<br />
Soluções Flexíveis para Conflitos Étnicos’<br />
(1997), e ‘A Cida<strong>de</strong> Velha <strong>de</strong> Jerusalém’ (2002).<br />
Ela também é a autora <strong>de</strong> ‘Aspectos Legais da<br />
Questão dos Refugiados Palestinos’, ‘Pontos <strong>de</strong><br />
Vista <strong>de</strong> Jerusalém Nº 485’ (setembro <strong>de</strong> 2002).<br />
Em 2000 recebeu ela o Prêmio ‘Mulher<br />
Proeminente em Lei internacional” do grupo<br />
Wilig da Socieda<strong>de</strong> Americana <strong>de</strong> Lei<br />
Internacional. Este artigo tem como base a<br />
apresentação realizada no Instituto para<br />
Assuntos Contemporâneos, em Jerusalém, no<br />
dia 2 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2004. O texto está<br />
disponível em inglês em http://www.jcpa.org/<br />
brief/brief3-18.htm, site do Centro para Assuntos<br />
Públicos <strong>de</strong> Jerusalém, cujo editor é Dore Gold,<br />
diretor <strong>de</strong> programas do ICA Lenny Bem-David e<br />
editor gerente Mark Amil-El. As opiniões<br />
expressas neste artigo necessariamente não<br />
refletem as idéias dos membros do Centro para<br />
Assuntos Públicos <strong>de</strong> Jerusalém. O Instituto<br />
para Assuntos Contemporâneos (ICA) é<br />
<strong>de</strong>dicado a prover um foro para discussão <strong>de</strong><br />
política israelense e <strong>de</strong>bates.
24<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764