Liberdade de existir - Visão Judaica
Liberdade de existir - Visão Judaica
Liberdade de existir - Visão Judaica
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
16 Urchatz – Lavar as mãos<br />
VISÃO JUDAICA • Março <strong>de</strong> 2004 • Adar/Nissan • 5764<br />
Lavam-se as mãos como normalmente<br />
se faz antes <strong>de</strong> comer o pão, porém<br />
não se fala a berachá (benção). Isto porque<br />
o karpás é mergulhado na água salgada,<br />
o que exige lavar as mãos antes.<br />
Karpás – Salsão<br />
Mergulha-se um pedacinho <strong>de</strong> salsão<br />
(com menos <strong>de</strong> 18 g) na água salgada<br />
e, antes <strong>de</strong> comê-lo, recita-se a seguinte<br />
bênção (pensando no marór, pois a<br />
berachá também é válida para este):<br />
Baruch Atá Ad-onai El-ohenu melech<br />
haolam borê peri haadamá.<br />
Yachats – Partir a matzá.<br />
Na ban<strong>de</strong>ja do Se<strong>de</strong>r há três matzót.<br />
Toma-se a matzá do meio, quebrando-a<br />
em duas partes para lembrar o pão<br />
da pobreza, que nunca está inteiro. O<br />
pedaço menor é recolocado, entre as<br />
duas matzót inteiras, na ban<strong>de</strong>ja do<br />
Se<strong>de</strong>r. O pedaço maior é guardado <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> um guardanapo, sendo escondido.<br />
Este pedaço é o aficoman, que será<br />
comido no final do Se<strong>de</strong>r. As crianças<br />
costumam procurar o aficoman, ganhando<br />
brin<strong>de</strong>s se o encontrarem, como<br />
pretexto para <strong>de</strong>ixá-los acordados.<br />
Maguid – Recitação da<br />
Hagadá (Livro recitado<br />
em Pessach).<br />
Descobre-se a matzá e começa-se a<br />
leitura da Hagadá. Ha lachmá aniá. Este<br />
é o pão da pobreza – recita-se até o<br />
final do primeiro trecho. Enche-se novamente<br />
o copo <strong>de</strong> vinho e o mais jovem<br />
da casa recita, então, as quatro<br />
perguntas.<br />
Manishtaná – As quatro<br />
perguntas:<br />
Por que esta noite é diferente <strong>de</strong><br />
todas as outras noites? Em todas as noites<br />
não temos obrigação <strong>de</strong> mergulhar<br />
os alimentos nem uma só vez, enquanto<br />
que nesta noite o fazemos duas vezes?<br />
Em todas as noites comemos pão<br />
com levedura ou matzá, ao passo que<br />
esta noite, só matzá? Em todas as noites<br />
comemos todo tipo <strong>de</strong> verduras, enquanto<br />
que esta noite comemos marór<br />
- ervas amargas? Em todas as noites<br />
comemos sentados, enquanto que esta<br />
noite todos nos reclinamos?<br />
A resposta começa com Avadim hainu<br />
– escravos fomos – e faz-se uma narrativa<br />
histórica, falando sobre a escravidão<br />
e os sofrimentos dos ju<strong>de</strong>us no<br />
Egito. Conta-se sobre as pragas e sobre<br />
os milagres realizados por D-us para<br />
a re<strong>de</strong>nção <strong>de</strong> seu povo.<br />
A terminar o texto da Hagadá com a<br />
bênção Asher guealanu, bebe-se o segundo<br />
copo <strong>de</strong> vinho, reclinando-se sobre o<br />
lado esquerdo, sem dizer a berachá.<br />
Rochtsá – Lavagem<br />
das mãos<br />
Antes do Hamotsi (benção do pão)<br />
lavam-se as mãos para a refeição, recitando<br />
a seguinte bênção: Baruch Atá<br />
Ad-onai El-ohenu melech haolam asher<br />
ki<strong>de</strong>shanu bemitsvotav vetsivanu al netilat<br />
yadaim.<br />
Motsi Matzá – Bênção<br />
da matzá<br />
Segurando as três matzót (as duas<br />
inteiras e a quebrada), recita-se a bênção<br />
do pão (Hamotsi): Baruch Atá<br />
Adonai El-ohenu melech haolam ha-<br />
motsilechem min haaretz. Imediatamente<br />
solta-se a matzá inferior e, segurando<br />
a matzá superior e a do meio,<br />
diz-se: Baruch Atá Ad-onai El-ohenu<br />
melech haolam asher ki<strong>de</strong>shanu bemitsvotav<br />
vetsivanu al achilat matzá.<br />
Marór – Erva amarga<br />
Pega-se a folha <strong>de</strong> alface e mergulha-se<br />
no charosset.<br />
Não se reclina o corpo ao comer o<br />
marór, pois este nos lembra a servidão<br />
e a amargura. Antes <strong>de</strong> comer recita-se<br />
a seguinte bênção: Baruch Atá<br />
Adonai El-ohenu melech haolam asher<br />
ki<strong>de</strong>shanu bemitsvotav vetsivanu al<br />
achilat marór.<br />
Korech – Sanduíche<br />
<strong>de</strong> matzá e marór<br />
Na Torá está escrito: Al matzot umerorim<br />
yocheluhu. Hillel entendia que se<br />
<strong>de</strong>via comer o sacrifício pascal junto<br />
com matzá e marór. Portanto, pega-se<br />
a matzá inferior e coloca-se entre dois<br />
pedaços da mesma (equivalentes ambos<br />
a um kazait), um outro kazait <strong>de</strong><br />
alface romana (pesando cerca <strong>de</strong> 29 g),<br />
mergulha-se tudo junto no charosset e<br />
se diz: Zecher lamikdash kehilel hazaken<br />
shehaya korchan veochlam bebat achat<br />
lekayem ma sheneemar al matzot umerorim<br />
yocheluhu. Come-se, então, reclinando-se<br />
sobre o lado esquerdo.<br />
Shulchan Orech –<br />
Refeição festiva<br />
Serve-se a refeição, que se inicia<br />
com o ovo cozido. Depois, seguem-se<br />
os pratos especialmente preparados<br />
para a ceia. Deve-se acabar antes da<br />
meia-noite, para po<strong>de</strong>r comer o aficoman<br />
antes <strong>de</strong>sse horário.<br />
Tsafun – Aficoman<br />
Após a refeição come-se um kazait<br />
(29 g) <strong>de</strong> matzá, que é o aficoman, recitando-se<br />
a seguinte frase: “Zecher<br />
lekorbarn Pêssach haneechal al hassabá”.<br />
Após esta bênção, não é mais<br />
permitido comer ou beber durante<br />
essa noite, com exceção dos últimos<br />
copos <strong>de</strong> vinho.<br />
Barech – Bênção<br />
após a refeição<br />
Enche-se o copo <strong>de</strong> vinho pela<br />
terceira vez, recitando-se, então, o<br />
Bircat Hamazon (Graças após as refeições).<br />
Logo se diz a bênção do vinho<br />
e se toma o terceiro copo, reclinado<br />
sobre o lado esquerdo.<br />
Halel – Louvores<br />
Enche-se o quarto copo <strong>de</strong> vinho e<br />
recitam-se os louvores a D-us <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
Shefoch Chamatchá, seguido do Halel<br />
até a conclusão do Nishmat. Bebe-se o<br />
quarto copo <strong>de</strong> vinho com o corpo reclinado<br />
sobre o lado esquerdo e <strong>de</strong>pois<br />
recita-se a berachá “Al haguefen veal<br />
peri haguefen”, a bênção para quando<br />
se bebeu vinho em quantida<strong>de</strong> maior<br />
do que 45 centímetros cúbicos.<br />
Nirtsá – Aceitação<br />
Tendo conduzido o Se<strong>de</strong>r da maneira<br />
certa, conforme indicado acima, a<br />
pessoa po<strong>de</strong> estar segura <strong>de</strong> que o mesmo<br />
foi bem aceito. Então, termina-se<br />
com a seguinte proclamação: Leshaná<br />
habaá b’Yerushalaim – “No próximo ano<br />
em Jerusalém”.<br />
Contagem do Ômer<br />
6 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2004<br />
Na segunda noite <strong>de</strong> Pêssach, iniciamos<br />
Sefirát HaÔmer, contando 49<br />
dias entre Pessach e Shavuót, dia em<br />
que a Torá foi outorgada ao povo <strong>de</strong><br />
Israel. Esta contagem foi or<strong>de</strong>nada por<br />
D-us e serve como preparação ao povo<br />
para o recebimento da Torá. Na tradição<br />
<strong>Judaica</strong>, o termo “sefirá” também<br />
possui significado específico, pois o<br />
povo ju<strong>de</strong>u foi redimido <strong>de</strong> um terrível<br />
período <strong>de</strong> escravidão física na “casa<br />
do cativeiro”, no Egito. Em Shavuot,<br />
que comemora D-us outorgando Seu<br />
precioso presente, a Torá, ao povo ju<strong>de</strong>u<br />
no Monte Sinai, celebramos nossa<br />
passagem da Escravidão Espiritual à<br />
<strong>Liberda<strong>de</strong></strong> Espiritual.<br />
O objetivo da Re<strong>de</strong>nção Física é a<br />
Re<strong>de</strong>nção Espiritual. Sem a Espiritual,<br />
a Física nada significaria. A única fonte<br />
<strong>de</strong> moralida<strong>de</strong> é D-us; o ser humano<br />
é muito criativo, mas é incapaz <strong>de</strong><br />
inventar um código moral. O melhor<br />
que o ser humano po<strong>de</strong> fazer por si<br />
só é estabelecer regras que impeçam<br />
a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mergulhar no caos. A<br />
Torá prescreve um modo <strong>de</strong> vida que<br />
eleva o ser humano acima da natureza<br />
puramente física, ao nível <strong>de</strong> um<br />
ser moral e espiritual.<br />
Por que contamos? O povo <strong>de</strong> Israel<br />
ao partir do Egito recebeu a Torá<br />
sete semanas mais tar<strong>de</strong> no Monte Sinai.<br />
Todos os anos lembramos isto com<br />
a Contagem do Ômer, por quarenta e<br />
nove dias. Começamos na segunda noite<br />
<strong>de</strong> Pessach: “Hoje é o primeiro dia do<br />
ômer”, proclamamos na primeira noite<br />
da contagem. “Hoje são dois dias do<br />
ômer” ou “Hoje são sete dias, que perfazem<br />
uma semana do ômer”, “Hoje são<br />
vinte e seis dias que perfazem três semanas<br />
e cinco dias do ômer”, e assim<br />
por diante, até “hoje são quarenta e<br />
nove dias, que perfazem sete semanas<br />
do ômer.” Até chegar no qüinquagésimo<br />
dia que é Shavuót.<br />
Os cabalistas explicam que cada um<br />
<strong>de</strong> nós possui sete po<strong>de</strong>res no coração<br />
- amor, reverência, beleza, ambição,<br />
humilda<strong>de</strong>, compromisso e realeza - e<br />
que cada um <strong>de</strong>sses sete po<strong>de</strong>res inclui<br />
elementos <strong>de</strong> todos os sete. São representados<br />
pelas sete semanas e 49 dias<br />
da contagem do ômer. A cada Pessach,<br />
recebemos uma arca do tesouro contendo<br />
o mais grandioso dom jamais concedido<br />
ao homem - o dom da liberda<strong>de</strong>. É<br />
também um dom completamente inútil.<br />
O que é liberda<strong>de</strong>? O que po<strong>de</strong> ser feito<br />
com ela? Nada. A menos que abramos a<br />
arca do tesouro e contemos seu conteúdo.<br />
Então, no segundo dia <strong>de</strong> Pessach,<br />
após termos levado nosso tesouro<br />
para casa, começamos a contagem.<br />
Contamos sete vezes sete, porque<br />
o presente da liberda<strong>de</strong> foi dado a cada<br />
um dos sete po<strong>de</strong>res e dimensões <strong>de</strong><br />
nossa alma. De fato, <strong>de</strong> que serve a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar, se somos escravos<br />
<strong>de</strong> influências externas e neuroses internas?<br />
De que vale a ambição, se somos<br />
seu servo ao invés <strong>de</strong> seu amo?