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Nina Rodrigues - Biblioteca Digital do Senado Federal

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As Coletividades Anormais 183<br />

o grupo. Evidentemente, não cabem, nem podem, perante a verdadeira<br />

noso grafia, ter ingresso no grupo a moléstia <strong>do</strong>s ticos generaliza<strong>do</strong>s, as<br />

diferentes variedades de tremores e as várias formas da abasia.<br />

Com relação às duas primeiras espécies, darei para maior clareza<br />

a sinonímia, comple ta quanto possível, <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s mórbi<strong>do</strong>s: 1 o Coréia<br />

Germanorum; coréia maior; coréia magna; dansomania: grande dança<br />

de S. Gui <strong>do</strong>; coréia de S. João (porque no fim da epi demia os acessos voltavam<br />

por ocasião das festas deste santo); dança de S. Vito; core, coro ou<br />

coreomania, com as suas diferentes formas, saltatória, giratória, rotatória,<br />

vibratória, maleatória e festinans ou procursiva, algu mas das quais, especialmente<br />

a penúltima, tem, sob o ponto de vista físico, o seu símile reduzi<strong>do</strong><br />

na coréia rítmica histérica; tarantismo (na Itália), por se atribuírem os<br />

acidentes à mordedura da tarântula; tigretier (na Abissínia); furor dançante<br />

(na Etiópia, na África ocidental e no país <strong>do</strong>s malgaches). 2 o Coréia de Sydenham,<br />

coréia legítima, coréia ver dadeira, coréia vulgar, coréia minor, pequena<br />

coréia, pequena dança de S. Gui<strong>do</strong>, coréia reumatismal de Germain<br />

Sée. Omiti, propo sitalmente, no segun<strong>do</strong> grupo, a denominação errônea e<br />

viciosa de Sydenham, aceita por Trousseau, de coréia sancti Viti.<br />

Convém observar que a primeira destas duas importantes espécies<br />

corresponde a uma forma de loucura convulsiva epidêmica, psiconefrose<br />

ligada à histeria, que ceifou especial mente nos séculos 14 e 15, devi<strong>do</strong><br />

ao esta<strong>do</strong> mental particular cria<strong>do</strong>, nas populações da Europa central, pelas<br />

condições mitológicas es peciais, determinadas, sobretu<strong>do</strong>, pelas guer ras, a<br />

peste negra e as dissensões religiosas.<br />

Estas epidemias mentais, flagelos horrí veis que aterraram o<br />

mun<strong>do</strong>, são verdadeiras vesânias histéricas, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que as suas<br />

congêneres de natureza ou feição demonopáti ca, recolhidas pela história<br />

sob os nomes de – possessão das Ursulinas de Aix, de Loudun, de Louviers,<br />

no século 17 e que tiveram ainda, no século atual, sua pequena reedição<br />

nas histe ro-demonopatias de Morzines (1861), de Ver zegnis (1880), Pledran<br />

(1881) e Jaca (1882). Entre essas duas grandes epidemias, de coreomania e<br />

demonomania, de manifestações deli rantes diversas, havia um laço íntimo,<br />

nos <strong>do</strong>mínios da semiologia, confirmativo de sua identidade etiopatogênica<br />

e nosólogica, o qual con sistia nos pontos de contato estreitos com<br />

as desordens convulsivas <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> grande ataque histérico,

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