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Nina Rodrigues - Biblioteca Digital do Senado Federal

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26 <strong>Nina</strong> <strong>Rodrigues</strong><br />

Estes fatos e deduções que a escola da Salpêtrière tornou de conhecimento<br />

vulgar, tão verdadeiros das pequenas epidemias circunscritas,<br />

quais as observadas por Davi em 1880 nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e por Bougal em<br />

1882 em Ardeche, como das epidemias coreiformes de proporções maiores,<br />

a <strong>do</strong> Brasil por exemplo, que, posto em esboço de linhas mal seguras, bem<br />

podia rememorar pela sua extensão as coreomanias <strong>do</strong>s tempos i<strong>do</strong>s.<br />

A história da epidemia coreiforme <strong>do</strong> Brasil, que <strong>do</strong> lugar por<br />

onde se iniciou nesta cidade, recebeu na Bahia o nome de – moléstia de Itapagipe,<br />

– acha-se ainda hoje reduzida ao capítulo que dela escreveu a comissão<br />

médica, nomeada em 1883 pela câmara municipal para estudá-la aqui.<br />

Entretanto muito mais dilata<strong>do</strong>s foram os limites da sua área<br />

geográfica real, pois compreendeu diversas províncias <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> ex-império,<br />

atingin<strong>do</strong> o máximo de intensidade na Bahia e no Maranhão. A<br />

manifestação epidêmica deste último Esta<strong>do</strong> precedeu mesmo a da Bahia,<br />

que só teve lugar em 1882, quan<strong>do</strong> desde 1877 reinava já a moléstia com<br />

forma epidêmica na cidade de S. Luís.<br />

Dos fatos que se passaram então no Maranhão não ficou <strong>do</strong>cumento<br />

algum científico. Mas vive ainda grande número daqueles que os<br />

testemunharam e embora muito atenua<strong>do</strong>s e quase de to<strong>do</strong> reduzi<strong>do</strong>s da<br />

sua grandeza primitiva, prolongam-se ainda até hoje, de mo<strong>do</strong> a permitir<br />

que se reconstrua e complete a sua história. Não era eu ainda médico,<br />

quan<strong>do</strong> os presenciei; mas o espetáculo estranho que oferecia por aquela<br />

época a pequena cidade de S. Luís, com as ruas diariamente percorridas<br />

por grande número de mulheres principalmente, amparadas por duas pessoas<br />

e em um andar rítmico interrompi<strong>do</strong> a cada passo de saltos repeti<strong>do</strong>s,<br />

genuflexões e movimentos desordena<strong>do</strong>s, me deixou uma impressão profunda<br />

e dura<strong>do</strong>ura que, ainda por cima mais se devia revigorar e fortalecer<br />

com a observação, poucos anos depois, das mesmas cenas aqui na Bahia.<br />

Deixan<strong>do</strong> de parte por enquanto as restrições que exigem e os<br />

comentários que farei às interpretações científicas dadas aos fatos nesse <strong>do</strong>cumento,<br />

ce<strong>do</strong> espaço a uma carta <strong>do</strong> distinto prático e respeitável colega<br />

<strong>do</strong> Maranhão, Sr. Dr. Afonso Saulnier de Pierrelevée, a quem um largo<br />

tirocínio clínico de mais de 30 anos confere sobeja competência em matéria<br />

da patologia maranhense. Nessa carta, o Dr. Afonso Saulnier distingue<br />

perfeitamente a coréia epidêmica da coréia minor, coréia de Sydenham.

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