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Revista TV Escola - Portal do Professor - Ministério da Educação

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pectiva de um mun<strong>do</strong> inacaba<strong>do</strong>, que<br />

tem um mo<strong>do</strong> próprio e que não exclui<br />

a possibili<strong>da</strong>de de um Deus, um mun<strong>do</strong>máquina,<br />

na tradição newtoniana, que<br />

se move por leis próprias sobre as quais<br />

pouco conhecemos. mas, ao envelhecer,<br />

Darwin avançou a linha <strong>da</strong> prudência<br />

e chegou a condenar a vacinação contra<br />

a varíola, dizen<strong>do</strong> que o ser humano<br />

não pratica consigo mesmo aquilo que<br />

faz com seus animais e plantas: permitia<br />

que apenas os animais de boa estirpe<br />

se reproduzissem nas fazen<strong>da</strong>s, mas nos<br />

hospitais envi<strong>da</strong>va to<strong>do</strong>s os esforços para<br />

prolongar a vi<strong>da</strong> de criaturas débeis, que<br />

a natureza teria elimina<strong>do</strong>. Darwin via a<br />

ruína <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de por meio <strong>da</strong> pie<strong>da</strong>de<br />

e <strong>da</strong> cari<strong>da</strong>de, embora fosse contra a<br />

escravidão, como to<strong>do</strong> burguês liberal de<br />

sua época.<br />

imagENs laTiNsTOCk<br />

Alguns estudiosos dizem que ele relutou<br />

em publicar suas teorias... a ideia<br />

de que Darwin relutou em publicar suas<br />

investigações não leva em consideração<br />

o fato de que a teoria tinha diversas lacunas<br />

e que ele estava ciente disso. apenas<br />

em 1856 ele conseguiu preencher uma<br />

Aborígenes <strong>da</strong> Terra <strong>do</strong> fogo sau<strong>da</strong>n<strong>do</strong><br />

o Beagle – por Conrad Martens<br />

<strong>da</strong>s lacunas mais importantes, crian<strong>do</strong><br />

o princípio <strong>da</strong> divergência. Este foi o<br />

ver<strong>da</strong>deiro rompimento com a teologia<br />

natural de William Paley [teólogo e filósofo<br />

britânico], pois assumia que a<br />

a<strong>da</strong>ptação biológica não era perfeita e,<br />

portanto, não se poderia ver marcas de<br />

nenhuma mente divina ao olhar para a<br />

natureza. Essa ideia é revolucionária e<br />

até hoje bioquímicos reputa<strong>do</strong>s não a<br />

admitem.<br />

O senhor foi um <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res<br />

credencia<strong>do</strong>s para analisar os manuscritos<br />

e a biblioteca pessoal de Charles<br />

Darwin, <strong>do</strong>cumentos que estão<br />

na Universi<strong>da</strong>de de Cambridge, na<br />

Inglaterra. O que o senhor encontrou<br />

nos arquivos <strong>do</strong> cientista? Eu estava<br />

interessa<strong>do</strong> não na versão impressa<br />

<strong>do</strong> livro A origem <strong>da</strong>s espécies, mas,<br />

sim, nos rascunhos, nos rabiscos. Eu<br />

queria conhecer a ordem de escrituração<br />

<strong>do</strong> livro. Para isso, até o tipo de<br />

papel era importante, para saber se a<br />

página estava na sequência ou se era<br />

uma página nova, de pensamento refeito.<br />

foi muito emocionante, mas me<br />

senti invadin<strong>do</strong> a privaci<strong>da</strong>de não só<br />

de Darwin, mas, também, de sua família.<br />

Percebi, então, o peso ético de uma<br />

pesquisa histórica.<br />

entrevista<br />

Apesar de tu<strong>do</strong>, as teorias de Darwin<br />

ain<strong>da</strong> são contesta<strong>da</strong>s. Há fun<strong>da</strong>mentos<br />

para que, mais de um século e meio<br />

depois, a teoria <strong>da</strong> evolução ain<strong>da</strong> seja<br />

questiona<strong>da</strong>? as contestações a Darwin,<br />

nos diz o zoólogo mário de Pinna [<strong>do</strong> museu<br />

<strong>da</strong> usP], em um artigo recente, ou são<br />

anacrônicas ou irrelevantes. Ele compara<br />

a ideia <strong>da</strong> evolução à ideia <strong>da</strong> esferici<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> terra. Durante muito tempo questionou-se<br />

que a terra fosse re<strong>do</strong>n<strong>da</strong>. Àquela<br />

época, havia razões para isso. mas, hoje,<br />

o questionamento ou é anacrônico – imagine<br />

o ridículo que enfrentaria alguém<br />

defenden<strong>do</strong> a ideia de que a terra é plana<br />

– ou ele é irrelevante, alguém dizen<strong>do</strong><br />

que ela é achata<strong>da</strong> nos pólos, por isso<br />

não é re<strong>do</strong>n<strong>da</strong>. Em linhas gerais, a terra<br />

é re<strong>do</strong>n<strong>da</strong>. se ela é um esferoide achata<strong>do</strong><br />

nos pólos, não mu<strong>da</strong> em na<strong>da</strong> a ideia<br />

geral. o mesmo ocorre com a evolução: a<br />

comuni<strong>da</strong>de científica discute hoje como<br />

a evolução ocorre e não se ocorre. não<br />

podemos esquecer que 99,9% <strong>da</strong>s espécies<br />

que já existiram foram extintas. isso<br />

é um claríssimo indício de que não há<br />

na<strong>da</strong> de perfeito, pelo menos em nosso<br />

planeta. Essa ideia devemos a Darwin,<br />

ela não tinha ocorri<strong>do</strong> a galileu.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>TV</strong> <strong>Escola</strong> | março/abril 2010 9

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