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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO<br />

GRANDE DO SUL - UNIJUÍ<br />

GISSELE GANZA<br />

REFLORESTAMENTO COM EUCALIPTO COMO POSSIBILIDADE DE<br />

RENDA PARA A AGRICULTURA FAMILIAR NO MUNICÍPIO DE CERRO<br />

GRANDE, RS, BRASIL<br />

Ijuí, RS<br />

2010


GISSELE GANZA<br />

REFLORESTAMENTO COM EUCALIPTO COMO POSSIBILIDADE DE<br />

RENDA PARA A AGRICULTURA FAMILIAR NO MUNICÍPIO DE CERRO<br />

GRANDE, RS, BRASIL<br />

Orientador: Prof. Sidnei Luís Bohn Gass<br />

Ijuí, RS<br />

2010<br />

Trabalho de conclusão de curso<br />

apresentado ao Curso de Geografia,<br />

Licenciatura Plena, da Universidade<br />

Regional do Noroeste do Estado do<br />

Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como<br />

requisito parcial à obtenção do título<br />

de Licenciada em Geografia.<br />

2


AGRADECIMENTOS:<br />

A Deus que me privilegiou com o<br />

Dom da vida e a força necessária<br />

para superar as dificuldades que<br />

enfrentei nessa jornada.<br />

Aos meus familiares que<br />

compreenderam a minha ausência,<br />

compartilhando comigo as<br />

dificuldades.<br />

A direção, professores e<br />

funcionários da Unijui – Universidade<br />

Regional do Noroeste do Estado do<br />

Rio Grande do Sul, pela<br />

compreensão que tiveram comigo<br />

aos colegas, que apesar da pouca<br />

convivência, nos tornamos amigos,<br />

compartilhando juntos alegrias,<br />

conquistas, descobertas e tristezas.<br />

A todos que me auxiliaram, o<br />

meu profundo agradecimento<br />

3


DEDICATÓRIA<br />

Quero dedicar este trabalho<br />

primeiramente a Deus, por tudo o<br />

que ele me proporcionou, saúde,<br />

sabedoria, discernimento, força,<br />

compreensão e fortaleza.<br />

A todos que me auxiliaram nessa<br />

trajetória, meus amigos minha<br />

família, especialmente meus pais:<br />

Adir Ganza e Odete A. Z. Ganza,<br />

meu irmão André J. Ganza e meu<br />

namorado Cristiano Bianchetto .<br />

4


LISTA DE FIGURAS<br />

FIGURA 1 Mapa de localização do município de Cerro Grande no<br />

Estado do Rio Grande do Sul<br />

FIGURA 2 Foto aérea da cidade e parte do interior do município de<br />

Cerro Grande<br />

FIGURA 3 1º ano: eucalipto + arroz 25<br />

FIGURA 4 2º ano: eucalipto + soja 26<br />

FIGURA 5 3º ano: eucalipto + braquiária 26<br />

FIGURA 6 4º ano: eucalipto + braquiária + animais 27<br />

10<br />

11<br />

5


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 01 Volume de produção entre pequena, média e grande<br />

propriedade:<br />

Tabela 02 Custo de implantação de um hectare de eucalipto 19<br />

Tabela 03 Comparativo de rendimento do eucalipto e culturas<br />

agrícolas por hectare/ano.<br />

Tabela 04 Previsão de produção e renda econômico e financeiro de<br />

cultivo na área de um hectare de eucalipto.<br />

14<br />

20<br />

20<br />

6


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO......................................................................................07<br />

2 CERRO GRANDE: CARACTERIZAÇÃO GEOGRAFICA...................09<br />

3 AGRICULTURA FAMILIAR E ANTIGO SISTEMA DE PRODUÇÃO..13<br />

4 MONOCULTURA: CONCEITUALIZAÇÃO..........................................17<br />

4.1 A MONOCULTURA DO EUCALIPTO DENTRO DO MUNICIPIO........17<br />

4.2 MITOS SOBRE CULTIVO DO EUCALIPTO.........................................23<br />

5 ANALISE DO IMPACTO DO NOVO SISTEMA....................................28<br />

6 CONCLUSÃO........................................................................................30<br />

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................31<br />

7


1 INTRODUCAO<br />

Por séculos uma árvore nativa típica duma vasta região localizada no<br />

hemisfério sul na porção centro-oriental do continente sul-americano foi alvo da<br />

ganância dos países colonizadores já nos primeiros anos do descobrimento.<br />

Faz-se memória a árvore brasileira chamada Pau-Brasil. A presença do Pau-<br />

brasil no bioma Brasileiro principalmente no período que compreende ao século<br />

XVI era grande. No entanto, a exploração predatória reduziu significativamente<br />

a presença dessa árvore. A madeira do pau-brasil aqueceu a economia<br />

portuguesa na Europa na fase colonial do Brasil.<br />

Séculos mais tarde, outra árvore toma significativa importância na<br />

economia do país principalmente das regiões mais pobres do Brasil: o<br />

Eucalyptus.<br />

O presente trabalho está voltado para a viabilidade do cultivo do<br />

eucalipto como fonte de renda alternativa do município de Cerro Grande.<br />

Composto geograficamente por pequenas comunidades, Cerro Grande<br />

por décadas teve sua economia voltada para o cultivo de grãos e para pecuária<br />

de corte e leiteira em pequena escala. Esse sistema de produção entrou em<br />

decadência em função da modernização do setor agrícola. O alto custo das<br />

modernas técnicas e os baixos preços dos produtos levaram uma parcela<br />

significativa de agricultores a não investirem mais nas suas propriedades.<br />

Muitos preferiram a área urbana.<br />

8


Como a produção de grãos não é mais suficiente por si só<br />

economicamente para manter as propriedades do município, surge a<br />

necessidade de criar uma nova alternativa para o homem do campo. Nesse<br />

contexto, surge o plantio do eucalipto como renda alternativa para a agricultura<br />

familiar. Frente à crise, inúmeras pequenas propriedades estão adotando esse<br />

tipo de cultura em áreas pouco favoráveis para a produção de grãos como<br />

fonte de renda alternativa, tendo em vista a demanda de mercado e as políticas<br />

de incentivo. No entanto, a cultura do eucalipto por si só traz de fato benefícios<br />

para a pequena propriedade em termos de renda e diversificação de culturas?<br />

Questão esta que ainda terá que ser explicada pelos pequenos produtores<br />

rurais na implantação dessa nova cultura.<br />

9


2 CERRO GRANDE: CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA<br />

Distrito do município de Palmeira das Missões, em fevereiro de 1987 é<br />

emancipado o município de Cerro Grande. O novo município tem nos primeiros<br />

anos que se seguiram a emancipação uma população estimada de cinco mil<br />

habitantes, tendo um número de 3.278 eleitores, distribuídos numa área de 73<br />

Km².<br />

Segundo o IBGE, censo de 2010, atualmente o município possui 2417<br />

habitantes sendo 2036 eleitores.<br />

O município de Cerro Grande encontra-se localizado a 400 km da<br />

capital do Estado (Porto Alegre), está situado a 634 metros de altitude em<br />

relação ao nível do mar, tem sua posição geográfica pelo paralelo de 27,52° de<br />

latitude Sul e pelo meridiano de 53,26° de longitud e Oeste. Possui um clima<br />

temperado, oscilando em torno dos 16º C, por ser uma região costeira ao Rio<br />

da Várzea, e por tratar-se de uma região baixa, no verão atinge uma<br />

temperatura máxima em torno de 30º C.<br />

Sabe-se, por informações dos primeiros moradores, que este local<br />

recebeu o nome de Cerro Grande porque alguns caçadores que por aqui<br />

passavam, encontrando uma fonte de água na encosta de um cerro, deram-lhe<br />

esta denominação. Por ser um local distante de centros maiores e de matas<br />

cerradas, tornou-se por muito tempo um esconderijo de desajustados políticos<br />

e criminosos.<br />

10


Demograficamente, na “virada desse século várias famílias de colonos<br />

italianos saíram da Serra Gaúcha em caravanas de carroças puxadas por bois<br />

rumo ao Alto Uruguai.” (CASSOL, CAMPAGNOLO. 2002, pg. 17). Dessa forma,<br />

as primeiras migrações para essa extensão de terra delinearam o perfil do<br />

primeiro grupo de colonos estabelecidos na região, definindo, por<br />

conseqüência, também assim o tipo de cultura que viria a ser cultivada.<br />

Geograficamente, Cerro Grande está limitado pelos seguintes<br />

municípios: a leste faz divisa com os municípios de Liberato Salzano; ao sul,<br />

faz divisa com o município de Sagrada Família e Lageado do Bugre ; a oeste,<br />

faz divisa com os municípios de Jaboticaba; e ao norte, faz divisa com o<br />

município de Novo Tiradentes.<br />

Figura 01. Mapa de localização do município de Cerro Grande no Estado do Rio Grande do Sul<br />

Fonte: Laboratório de Geoprocessamento e Análise Territorial, FIDENE.<br />

11


Figura 02: Foto aérea da cidade e parte do interior do município de Cerro Grande.<br />

Fonte: Prefeitura Municipal de Cerro Grande-RS: (pmcgadm@primeisp.com.br).<br />

Cerro Grande é cercado por dois afluentes do Rio Uruguai de<br />

significativa importância: dum lado está o Rio da Várzea; doutro, está o Rio<br />

Jaboticaba, pequeno afluente limítrofe do atual município de Cerro Grande com<br />

o município vizinho de Jaboticaba. No seu interior existem outros afluentes de<br />

pequena dimensão tais como sangas e lajeados. No entanto, apesar desses<br />

recursos hídricos, o uso da técnica de irrigação não é viável em função do alto<br />

custo para a instalação e em função do baixo fluxo de água nas sangas que<br />

praticamente secam nas épocas de estiagem.<br />

O solo do município<br />

Caracteriza-se por solos do tipo litólico em 90% e latossolos (várzeas)<br />

em 10%. Sofre graves problemas de desgastes pelo uso intensivo ao<br />

longo de muitos anos, sem a adoção de medidas de proteção e<br />

recuperação da fertilidade. Aproximadamente 60% das áreas são<br />

usadas fora da sua capacidade de uso, devido à declividade<br />

existente; mas a pequena disponibilidade de área obriga o<br />

proprietário a isso por falta de opção de área melhor. Outros fatores<br />

limitantes são a pequena profundidade efetiva e a grande presença<br />

de pedras. A quase totalidade da área plantada é com milho e soja, e<br />

falta um planejamento de uso do solo, com rotação de culturas,<br />

12


plantio de espécies para cobertura de solo e adubação verde.<br />

(CASSOL, CAMPAGNOLO, 2002, 28).<br />

Nessas circunstâncias, a cultura implantada nesse solo não possibilita<br />

o sustento das famílias camponesas do município. Os anos de extração dos<br />

recursos da terra sem recuperação e sem a observância da rotação das<br />

culturas levaram ao empobrecimento do solo que culminou no funilamento das<br />

possibilidades de cultivo das áreas rurais. Por consequência, tem-se o<br />

abandono das propriedades que acabam virando capoeira. Observa-se no<br />

decorrer da história o início do declínio do antigo sistema de produção baseado<br />

na agricultura familiar. (CASSOL, CAMPAGNOLO, 2002, 29).<br />

13


3 AGRICULTURA FAMILIAR E ANTIGO SISTEMA DE PRODUÇÃO<br />

Nos moldes da Constituição Brasileira, temos os seguintes termos que<br />

definem e delineiam o âmbito da Agricultura Familiar:<br />

A Instrução Normativa n o 01/ 2009 do Ministério do Desenvolvimento<br />

Agrário (MDA) define em seu artigo primeiro 1 o , Agricultor Familiar,<br />

como sendo um empreendedor familiar rural, aquele que pratica<br />

atividades no meio rural, atendendo simultaneamente aos seguintes<br />

requisitos:<br />

a. Não detenha, a qualquer título, área maior que 4 (quatro)<br />

módulos fiscais (o modulo fiscal é uma unidade de medida,<br />

também expressa em hectare, fixada para cada município,<br />

instituída pela Lei n o 6.746, de 10 de dezembro de 1979);<br />

b. Utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas<br />

atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento<br />

ou empreendimento;<br />

c. Tenha uma renda familiar predominantemente originada de<br />

atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento<br />

ou empreendimento;<br />

d. Dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua<br />

família. (EMBRAPA, 1986, pg. 17).<br />

A agricultura familiar começa a se definir teórica e efetivamente a partir<br />

de 1990 em diante, constituindo muito mais que uma mera categoria social<br />

dentro das demais categorias analíticas da recente Sociologia Rural. Sua<br />

utilização dentro do território brasileiro, nos últimos anos de história do<br />

campesinato, ganhou notabilidade e abrangência ideológica, principalmente, na<br />

área política. Ademais, percebe-se uma motivação positiva dentro da classe<br />

campesina advinda da nova designação, uma vez que está fundada na relação<br />

positiva entre propriedade, trabalho e família, “para além da garantia da<br />

sobrevivência no presente, as relações no interior da família camponesa têm<br />

como referência o horizonte das gerações, isto é, um projeto”. (CARVALHO,<br />

2005, pg. 29). Projeto que está cada vez mais distante de se concretizar. Esse<br />

enfraquecimento de categoria baseada na produção está ligada à redução do<br />

envio de subsídios para custeio da produção. Noutros países, aonde se<br />

14


observa um maior vigor da agricultura familiar, observa-se também um número<br />

bem maior de investimentos e subsídios para a conservação das pequenas<br />

unidades de produção. A lógica desse alto investimento está centrada nos<br />

dados de que é nas pequenas propriedades que se produz a grande maioria<br />

dos produtos que abastecem as demais classes da sociedade.<br />

O conceito de agricultura familiar sempre existiu, embora com outras<br />

nomenclaturas e reduzida clareza em sua definição. Não há um conceito único<br />

no Brasil sobre agricultura familiar. O mais atual é o enunciado pela Lei<br />

11.326/06. Essa Lei, considera agricultor familiar como aquele que pratica<br />

atividades rurais utilizando mão-de-obra da própria família. Possua renda<br />

familiar predominante rural e dirija sua propriedade com sua família.<br />

Na tabela 01, está descrita a relação do volume de produção entre<br />

pequena, média e grande propriedade:<br />

TABELA 01: Volume de produção entre pequena, média e grande<br />

propriedade:<br />

PRODUTOS PEQUENA MÉDIA GRANDE<br />

Algodão 55,1 29,9 15,0<br />

Arroz (em casca) 38,9 42,7 18,4<br />

Batata-inglesa (1 a<br />

safra)<br />

Batata-inglesa (2 a<br />

safra)<br />

74,0 20,7 5,3<br />

76,7 20,9 2,4<br />

Cana-de-açúcar 19,8 47,1 33,1<br />

Feijão (1 a , 2 a e 3 a<br />

safras)<br />

78,5 16,9 4,6<br />

Fumo em folha 99,5 0,5 Zero<br />

Mandioca 91,5 7,3 0,8<br />

Milho em grão 54,4 34,8 10,8<br />

Soja em grão 34,4 43,7 21,9<br />

15


Tomate 76,4 18,5 5,1<br />

Trigo em grão 60,6 35,2 4,2<br />

Fonte: Censo Agropecuário do IBGE – 1995/1996. Oliveira, A.U. (org.).<br />

O Plano Nacional de Reforma Agrária aplicou a conceituação da Lei<br />

Agrária e dividiu todas as propriedades existentes entre pequenas (até 200<br />

hectares, em média), médias (de 200 a 2.000 hectares) e grandes<br />

propriedades (acima de 2.000 hectares).<br />

Observa-se no quadro descrito acima que as pequenas propriedades<br />

superam imensamente as médias e as grandes propriedades no volume de<br />

produção.<br />

No entanto, no século XXI a realidade começa a mudar e o quadro<br />

toma proporções diferentes e preocupantes. E, dentro desse sistema está a<br />

comunidade do município de Cerro Grande.<br />

Com a dita pós-modernidade, mudanças econômicas sociais e políticas<br />

modificaram parcelas significativas nos setores de produção. Dentre os<br />

inúmeros desafios apresentados à sociedade neste início de século, “está o de<br />

alimentar pessoas, porém não comprometendo o meio ambiente e da mesma<br />

forma, não degradando os recursos naturais necessários que visem garantir a<br />

sobrevivência e a qualidade de vida das futuras gerações”. (BONDAN, 2005,<br />

68).<br />

Para tanto, a agricultura familiar, para vencer os desafios já postos e<br />

estar preparada para os desafios que ainda virão, necessita estar<br />

rigorosamente organizada e estrategicamente estruturada, abrindo assim a<br />

possibilidade de novos cultivos economicamente mais satisfatórios. Fatores<br />

necessários “para que o modelo de agricultura familiar eleve as oportunidades<br />

sociais, a viabilidade e competitividade da economia local”. (BONDAN, 2005,<br />

69)<br />

16


Para o município de Cerro Grande o desafio para a agricultura familiar<br />

consiste na inserção da monocultura do eucalipto como fonte de renda<br />

alternativa.<br />

Desde a sua emancipação, o quadro produtivo do município se resume<br />

nos seguintes produtos:<br />

MILHO: é a cultura de maior importância, plantada principalmente em<br />

consórcio. Estima-se que 30% é plantada solteira e o restante<br />

consorciada com soja. A tecnologia usada na grande maioria é baixa,<br />

o uso de semente certificada é reduzido e muitos produtores ainda<br />

cultivam sem uso de adubos. Estima-se que 10% plantam sementes<br />

de paiol. Também define-se esta cultura como suporte de<br />

propriedade, pois gera produção de outras atividades e alternativas<br />

na própria alimentação. Devido a baixa tecnologia utilizada, a média<br />

fica nos 35 sacos por hectare, com população de 30000/ 40000<br />

plantas por hectare.<br />

SOJA: esta cultura vem em segundo lugar, pois é plantada em<br />

consórcio com o milho e 40% solteira. Envolve a maioria dos<br />

produtores, também é cultivada com baixa tecnologia. Apenas as<br />

áreas mecanizadas, que representam 30% da cultura, recebem boa<br />

tecnologia no sistema de produção.<br />

FEIJÃO: o feijão era cultivado em quase todas as propriedades, mas<br />

devido aos baixos investimentos, baixa produtividade, além dos<br />

baixos preços obtidos, na área plantada foi drasticamente reduzida e<br />

hoje a maioria dos agricultores não cultiva feijão.<br />

FUMO: esta cultura desperta procura pelo fato de atender o anseio do<br />

mini e pequeno produtor, que recebe um pacote pronto, bom nível de<br />

tecnologia e investimento cobrindo o valor total da cultura, além do<br />

custeio também total. Porém, a grande exigência em qualidade e<br />

produtividade por parte das empresas, tem excluído alguns<br />

produtores da atividade.<br />

SUÍNOS: a atividade passou por uma grande crise nos últimos anos e<br />

a nível de município já foi setor importante. Hoje apenas um produtor<br />

permanece com produção em escala comercial no sistema integrado<br />

com a Sadia. Os demais produzem para a subsistência e muitos nem<br />

isso.<br />

LEITE: é o setor que tem demonstrado potencial para crescimento,<br />

apesar de ter sido considerada atividade marginal durante muito<br />

tempo. Vêm despertando interesse dos produtores por ser atividade<br />

capaz de gerar renda mensal capaz de fazer de fazer frente às<br />

despesas do produtor. Nos últimos anos o número de produtores<br />

passou de aproximadamente trinta (30), para cento e cinqüenta (150)<br />

produtores, embora haja 40% desses, produzindo até 10 litros/dia em<br />

média. (CASSOL, CAMPAGNOLO, 2002, pg. 26-27).<br />

A situação descrita acima se modificou com o passar dos anos. A<br />

agricultura familiar enfraqueceu consideravelmente. As novas gerações<br />

nascidas nas áreas rurais do município não se identificam mais com o campo e<br />

com a vida campesina devido às inúmeras dificuldades e baixa renda no cultivo<br />

da lavoura, e assumem caráter urbano fortificando ainda mais o êxodo rural. No<br />

17


contexto familiar, segundo BONDAN (2005), “a modernização agrícola que<br />

resultou na inserção de uma parcela de agricultores no mercado, mesmo de<br />

forma subordinada ao capital agroindustrial, comercial e financeiro, também<br />

imputou a marginalização de um número muito grande de famílias de pequenos<br />

agricultores familiares”.<br />

No entanto, novas técnicas e novas culturas surgem como alternativa<br />

para a agricultura familiar. A monocultura do eucalipto como fonte alternativa<br />

de renda, por exemplo, gerou e gera perspectiva nos pequenos agricultores.<br />

18


4 MONOCULTURA: CONCEITUALIZAÇÃO<br />

Semanticamente, monocultura diz respeito à produção ou à cultura de<br />

apenas um único produto agrícola num determinado espaço de terra. No<br />

entanto, a abrangência do termo não se resume apenas no cultivo de um único<br />

produto, mas no consórcio de um ou mais produto dentro dum mesmo espaço<br />

de terra no intuito de elevar a renda anual dentro da prática da agricultura<br />

familiar. A proposta envolve uma cultura de renda em curto prazo e outra<br />

cultura de médio ou longo prazo. Em questão está como foco central, a<br />

monocultura do eucalipto consorciada com outra cultura.<br />

4.1 A monocultura do eucalipto dentro do município<br />

Dentre as variadas formas de alternativas para o meio agrícola e para o<br />

homem, uma que está se destacando é a plantação do eucalipto.<br />

O eucalipto teve origem na Austrália e no continente da Oceânia. Com<br />

o passar dos anos essa planta começou a ganhar espaço noutros países se<br />

espalhando para outros continentes. Sua expansão está ligada a três fatores:<br />

facilidade para o cultivo; utilização de pouca mão de obra; e a alta rentabilidade<br />

lucrativa. No Brasil, o eucalipto chegou no ano de 1868 por intermédio do Sr.<br />

Frederico de Albuquerque no estado do Rio Grande do Sul. Depois se<br />

espalhou para o restante do Brasil em larga escala e em âmbito comercial.<br />

O município de Cerro Grande, apesar de estar localizado dentro do<br />

estado pioneiro no cultivo do eucalipto, somente no século XXI despertou o<br />

19


interesse para essa forma de cultura em função da renda que ele pode gerar. O<br />

despertar para essa cultura é um fato histórico motivado pela dificuldade na<br />

produção de grãos e pelos baixos preços dos produtos agrícolas observado já<br />

desde o início do século. Nesse contexto, se infiltra a monocultura do eucalipto<br />

como elo que viabilize a permanência das famílias no meio rural em condições<br />

economicamente viáveis.<br />

A plantação de eucalipto vai movimentar toda a ala agrícola<br />

impulsionando assim toda a economia do município. Ademais, segundo Marion<br />

(1996), um sistema de baixos custos que permite ao administrador um maior<br />

controle da unidade de produção, auxiliando o processo de planejamento rural,<br />

revelando ao administrador as atividades mais lucrativas e de menor custo,<br />

bem como as vantagens de substituição uma pelas outras.<br />

Ademais, além da renda obtida com o cultivo do eucalipto, como já<br />

descrito acima, o produtor também pode facilitar sua vida no campo, pois essa<br />

cultura exige uma quantidade reduzida de trabalho, sendo que a maior<br />

demanda de mão-de-obra ocorre na implantação das mudas e nos primeiros<br />

anos quando o eucalipto está em fase de crescimento, que é necessário ser<br />

feita a poda das mudas para que a planta se transforme em uma árvore de boa<br />

qualidade e também no controle das pragas que aparecem nos primeiros anos,<br />

depois que a planta começa a se desenvolver não é mais necessário o<br />

emprego de mão-de-obra, pois a planta só depende das condições climáticas<br />

para seu desenvolvimento até atingir a idade ideal. Na colheita quando a<br />

madeira já está no tamanho ideal para o corte as madeireiras se encarregam<br />

do corte e do transporte.<br />

Plantar eucalipto no município de Cerro Grande representa um<br />

investimento de médio a longo prazo que traz inúmeros benefícios econômicos,<br />

devido seu baixo custo de produção.<br />

O eucalipto exige quantidade reduzida de mão-de-obra, sendo que a<br />

maior demanda ocorre no período da implantação ao terceiro ano, nos anos<br />

seguintes, apenas esporadicamente.Na colheita ou desbaste, que ocorre a<br />

20


partir do quarto ano, as madeireiras, encarregam-se do corte e transporte, ou<br />

seja, o agricultor não tem custo. Na tabela 02, apresentam-se os custos de<br />

implantação até o terceiro ano do cultivo de eucalipto na área de um hectare.<br />

TABELA 02 - Custo de implantação de um hectare de eucalipto<br />

1º ANO<br />

2º ANO<br />

Insumos Unidade Cust.Unit Quant. Cust. Total Quant.<br />

Mudas<br />

Cust.<br />

3º ANO<br />

Total Quant<br />

21<br />

Cust.<br />

Total<br />

Mudas unidade R$ 0,37 1.751 R$ 647,87 0 0 0 0<br />

Adubação<br />

Adubo kg R$ 1,50 200 R$300,00 0 0 0 0<br />

Defencivos<br />

Formicida Kg R$ 13,00 2 R$ 26,00 2 R$ 26,00 0 0<br />

Herbicida litro R$ 21,00 2 R$ 42,00 0 0 0 0<br />

Óleo mineral litro R$ 5,00 0,83 R$ 4,15 0 0 0 0<br />

SUBTOTAL<br />

Prep. Do solo<br />

p/ plantio<br />

R$ 722,35 R$ 26,00 0 0<br />

Roçada dia/homem R$ 40,00 6 R$ 240,00 0 0 0 0<br />

Contr.formiga dia/homem R$ 40,00 2 R$ 80,00 0 0 0 0<br />

Dessecagem dia/homem R$ 40,00 2 R$ 80,00 0 0 0 0<br />

Cova/plantio dia/homem R$ 40,00 9 R$ 360,00 0 0 0 0<br />

Replantio dia/homem R$ 40,00 1 R$ 40,00 0 0 0 0<br />

SUBTOTAL<br />

Tratos<br />

culturais<br />

Combate<br />

Formiga dia/homem R$ 40,00 4 R$ 160,00 3<br />

R$ 880,00 0 0 0<br />

R$<br />

120,00 0 0<br />

Desecagem dia/homem R$ 40,00 2 R$ 80,00 0 0 0 0<br />

Roçada dia/homem R$ 40,00 4 R$ 160,00 0 0 0 0<br />

Desrama dia/homem R$ 40,00 0 0 0 0 4 R$160,0<br />

SUBTOTAL<br />

Total Geral<br />

R$ 400,00<br />

R$2.300,02<br />

R$<br />

120,00 R$160,0<br />

R$<br />

146,00 R$160,0<br />

CUSTO TOTAL R$ 2.606,02<br />

Fonte: Emater de Coronel Vivida – PR.


A produção de eucalipto comparada com a produção das demais<br />

culturas agrícolas apresenta uma grande vantagem, pelo uso da mão-de-obra,<br />

conservação do solo, preservação dos corpos hídricos, preservação das matas<br />

nativas e principalmente pelo seu rendimento econômico<br />

TABELA 03- Comparativo de rendimento do eucalipto e culturas<br />

agrícolas por hectare/ano.<br />

Cultura Rendimento<br />

Milho R$ 3.000,00/ha<br />

Soja R$ 2.000,00/ha<br />

Trigo R$ 2.000,00/ha<br />

Feijão R$ 3.000,00/ha<br />

EUCALIPTO R$ 6.910,71/ha<br />

Fonte: Embrapa, Colombo-PR,1986.<br />

OBS: os rendimentos das culturas do Milho, Soja, Trigo e feijão são valores<br />

brutos multiplicados por duas safras que correspondem a um ano agrícola.<br />

É uma poupança, “dinheiro guardado no tronco”. Um investimento sem<br />

muitos riscos, conforme se observa na tabela 04, com previsão de produção e<br />

renda econômico e financeiro de cultivo na área de um hectare de eucalipto.<br />

TABELA 04: Previsão de produção e renda econômico e financeiro<br />

de cultivo na área de um hectare de eucalipto.<br />

Operações Idade m³ / ha Preço / m³ R$ total/ ha<br />

Desbastes Aos 4, 7, 10<br />

anos<br />

300,0 R$ 55,00 R$ 16.500,00<br />

Corte Final 14 anos 600,0 R$ 120,00 R$ 72.000,00<br />

Lenha (sobra do<br />

corte final)<br />

14 anos<br />

150,0<br />

R$ 55,00<br />

R$ 8.250,00<br />

TOTAL R$ 96.750,00<br />

Fonte: Embrapa (Colombo-PR,1986).<br />

OBS: chegar aos 14 anos com 300 árvores por hectare para o corte final.<br />

22


Podemos observar um rendimento anual de R$ 6.910,71 / hectare, durante<br />

14 anos do ciclo da cultura, já descontados os custos de produção.<br />

Variedades que se adaptam no município<br />

O eucalipto possui cerca de 600 espécies diferentes aptadas a diversas<br />

condições de solo e clima. A maioria das espécies conhecidas são arvores<br />

típicas de florestas altas, atingindo alturas que variam de 30 a 50 metros de<br />

altura.<br />

Em áreas com geadas leves, caso do município de Cerro Grande,<br />

recomenda-se o cultivo das seguintes variedades; camaldulensis e dunni, as<br />

quais são utilizadas para celulose, lenha, carvão, postes, moirões e madeira<br />

serrada.<br />

O camaldulensis apresenta boas adaptações a solos pobres e<br />

prolongada estação seca, tolerância a inundações periódicas, moderada<br />

resistência a temperaturas elevadas e a geadas e muito boa regeneração<br />

através de brotações de cepas.<br />

O dunni demonstra discreta resistência ao frio suportando temperaturas<br />

mínimas de ate -5º C.<br />

Estudos realizados no ano de 2010 pelo IBGE elencam o impacto<br />

positivo causado pela monocultura do eucalipto. Observam-se os seguintes:<br />

Geração de produtos florestais valiosos e renováveis, essenciais para<br />

a qualidade de vida do ser humano.<br />

Redução da pressão sobre as matas nativas por parte do homem,<br />

que demanda madeira para seu consumo e suas necessidades.<br />

Aumento substancial das áreas de preservação ambiental no Brasil<br />

em relação a paises que adotam outros modelos de uso das terras. A<br />

cada 1,5 a 2,0 hectares de florestas plantadas este setor brasileiro<br />

preserva um hectare de mata nativa como área de preservação<br />

permanente ou de reserva legal.<br />

Instalação e manutenção de reservas particulares do patrimônio<br />

natural por parte das empresas florestais.<br />

Liberação de oxigênio ao ar, devido a ação fotossintetizadora, por<br />

florestas jovens e em crescimento. a cada tonelada de matéria<br />

orgânica que a floresta plantada forma , faz crescer e imobiliza por<br />

ano é liberada cerca de 1,1 tonelada de oxigênio para a atmosfera .<br />

Um reflorestamento de qualidade de eucalipto forma cerca de 20 a 30<br />

23


toneladas de matéria seca por hectare por ano, durante sua fase de<br />

crescimento, ate atingir a maturidade. Com isso, pode-se verificar que<br />

é importante a ação das florestas plantadas na oxigenação da<br />

atmosfera.<br />

Absorção e seqüestro de gás carbônico atmosférico, colaborando<br />

para a diminuição do aquecimento global ou efeito estufa. A cada<br />

ano, um hectare de floresta plantada de eucalipto consegue<br />

seqüestrar entre 8 e 13 toneladas de carbono da atmosfera brasileira<br />

. Isso equivale a cerca de 30 a 50 toneladas de gás carbônico<br />

seqüestrado e imobilizado como matéria orgânica por hectare e por<br />

ano.<br />

Contribuição para a regulação dos fluxos e da qualidade dos recursos<br />

hídricos pela melhor distribuição das águas que caem como chuvas e<br />

redução da erosão e do arraste de sedimentos de solos aos cursos<br />

d’agua.<br />

Atuação como quebra vento, minimizando as forças de deslocamento<br />

das massas de ar.<br />

Atenuação e maior estabilidade dos microclimas locais.<br />

Manutenção da cobertura do solo florestal com uma manta orgânica,<br />

o que diminui o risco de erosão e melhora a umidade e riqueza do<br />

solo pelo efeito de ciclagem de nutrientes.<br />

Atenuação da erosão em áreas mais declivosas graças aos mosaicos<br />

e cuidados conservacionistas implantados.<br />

“Atuação de áreas florestais como” corredores ecológicos” ,<br />

permitindo abrigo e proteção da fauna .<br />

Recuperação de áreas já intensamente degradadas pelo uso agrícola<br />

e ou zootécnica ou pela erosão, compactação do solo, perda da<br />

riqueza nutricional etc.<br />

Garantia de maior estabilidade das áreas de reflorestamento, pelo<br />

ciclo mais longo das florestas, pelo aquecimento de sub-bosques,<br />

pelo abrigo da fauna, pela proteção da biodiversidade nas unidades<br />

de manejo em mosaicos diversificados etc.<br />

Oferecimento de alternativa energética ecologicamente mais<br />

adequada por ser renovável, como no caso da biomassa energética<br />

(lenha e resíduos).<br />

Oferecimento de renda e novas oportunidades aos produtores rurais.<br />

Aumento da arrecadação de impostos e da movimentação financeira<br />

nos municípios e nas regiões.<br />

Geração de empregos nas comunidades. Cada 100 hectares de<br />

florestas plantadas pelas empresas lideres em reflorestamento são<br />

capazes de gerar de dois a cinco empregos diretos só nas atividades<br />

florestais. A quantidade de empregos indiretos gerados chega a ser<br />

2,5 a 5 vezes maior que dos diretos, devido à intensificação da<br />

economia na região.<br />

Difusão de novos conhecimentos, nova pratica agrícolas e novas<br />

tecnologias.<br />

Implementação de programas de educação ambiental nas<br />

comunidades, proporcionando também por meio deles a integração<br />

das empresas com a comunidade.<br />

Integração com entidades de ensino e pesquisas, com efeito direto na<br />

qualidade do ensino acadêmico e no desenvolvimento científico<br />

brasileiro. (CARVALHO, 2010, pg. 26).<br />

Segundo dados da Embrapa (Colombo-PR,1986). As florestas plantadas<br />

no Brasil ocupam uma área de 4,8 milhões de hectares,sendo que,<br />

aproximadamente, 3 milhões plantados com o gênero eucalipto. A madeira<br />

proveniente dos reflorestamentos era, até alguns anos, exclusivamente voltada<br />

24


para a produção de matéria-prima para celulose, carvão vegetal, moirões e<br />

postes. Porém, com o crescente desenvolvimento e o aumento da demanda de<br />

mercado por produtos madeiráveis, as empresas do setor florestal estão<br />

buscando ampliar as possibilidades de utilização da madeira e diversificar a<br />

sua produção.<br />

Um hectare de floresta plantada de eucalipto produz a mesma<br />

quantidade de madeira que 30 hectares de florestas tropicais nativas.<br />

No Brasil, dos 300 milhões de metros cúbicos de madeira consumidos<br />

por ano, somente 100 milhões provêm de plantios florestais.<br />

Só para atender a demanda da cadeia do frango seriam necessários<br />

mais 130.000 hectares de eucaliptos, fora a cadeia do suíno e do gado de leite<br />

que ainda não se tem estudo.<br />

O eucalipto tem inúmeros fins, entre eles podemos destacar: energia,<br />

celulose, laminação, serraria, móveis, serragem, óleos essenciais, construção<br />

civil.<br />

No entanto, essas vantagens descritas acima raramente são lembradas<br />

principalmente quando se coloca em questão os mitos que envolvem a planta.<br />

4.2 Mitos sobre o cultivo do eucalipto<br />

Dentro da história geral os mitos sempre tiveram um papel fundamental<br />

para a fundamentação prática de teorias tendenciosas. Semanticamente o<br />

mito, teorizado na Grécia antiga, não perdeu sua essência intrínseca: ofusca a<br />

verdade com lógicas cientificamente não condizentes com a realidade. O<br />

mesmo ocorre com a implantação e com plantação do eucalipto nas pequenas<br />

propriedades do município de Cerro Grande. No entanto, existem muitos dados<br />

que contradizem os mitos criados em torno da monocultura do eucalipto:<br />

• O RS possui 3 milhões de hectares de soja:<br />

- Aplicação no mínimo de 4 litros/ha de herbicidas;<br />

25


no estado:<br />

- Inseticidas na média de 2 litros/ha; (Embrapa, (Colombo-PR,1986).<br />

• A cultura do Arroz que possui aproximadamente 1 milhão de hectares<br />

- mais de 80% estão em áreas de banhado, várzeas e beira de rios e<br />

lagos, ou seja, APP (Área de Preservação Permanente);<br />

- Consome em quatro meses média de 12.960m³ de água/ha.;<br />

- Uma pessoa consome em média 200 litros de água/dia;<br />

Assim, o arroz no RS consome água correspondente ao consumo de<br />

648 milhões de pessoas. Ademais, libera um grande poluente para a<br />

atmosfera: gás metano. (Embrapa, (Colombo-PR,1986)).<br />

• Milho possui mais de 1,4 milhões de ha.;<br />

• Trigo possui mais de um milhão de hectares no estado;<br />

• Somente essas quatro culturas, representam mais de 6,4 milhões de<br />

hectares, enquanto temos atualmente apenas 400 mil hectares de florestas<br />

plantadas, ou seja, 16 vezes menos que a área de culturas agrícolas;<br />

(Embrapa, (Colombo-PR,1986))<br />

• Pecuária, o Rio Grande do Sul possui um rebanho de mais de 14<br />

milhões de bovinos, utilizando quase metade da área cultivável do Estado.<br />

Introdução de espécies forrageiras ‘exóticas’, erosão e compactação do solo;<br />

(Embrapa, (Colombo-PR,1986).<br />

• Mais de quatro milhões de suínos.<br />

Ainda sobre o consumo de água:<br />

A floresta amazônica consome por ano 1.500 mm de água/hectare;<br />

A floresta atlântica consome por ano 1.200 mm de água/hectare;<br />

A floresta de eucalipto consome por ano 900 mm de água/hectare.<br />

(Embrapa, (Colombo-PR,1986))<br />

Segundo pesquisas Realizadas pela Embrapa, para a plantação de<br />

eucalipto solteiro os plantios devem ser executados com espaçamentos variando<br />

entre:<br />

− 2 x 2 m = 2.500 mudas/hectare;<br />

− 1,5 x 1,5 m = 4.445 mudas/hectare;<br />

26


− 2 x 3 m = 1.667 mudas/hectare, com 3 desbastes (4, 7, 10<br />

anos) para chegar aos 14 anos com 300 arvores/hectare.<br />

− Mas com um bom planejamento é possível ocupar a terra<br />

utilizada com a plantação de eucalipto para cultivar outras culturas no<br />

mesmo espaço.<br />

Se os eucaliptos forem plantadas em renque (linhas simples, duplas<br />

ou mais) com o plantio em nível x leste/oeste e espaçamento entre renques: 14<br />

a 35 m ou 10 a 50 m. é possível acrescentar a cada ano culturas diferentes,<br />

como mostram as figuras abaixo:<br />

Figura 03:<br />

1º ano: eucalipto + arroz<br />

27


Figura 04:<br />

2º ano: eucalipto + soja<br />

Figura 05:<br />

3º ano: eucalipto + braquiária<br />

28


Figura 06:<br />

4º ano: eucalipto + braquiária + animais<br />

(Embrapa, (Colombo-PR,1986))<br />

29


5 ANÁLISE DO IMPACTO DO NOVO SISTEMA<br />

Por séculos a preocupação financeira foi umas das maiores<br />

preocupações do homem enquanto ser social. Por isso, o capitalismo,<br />

desenvolvido por Carl Marx, tornou-se umas das ideologias mais importantes e<br />

duradouras desde o século XVII. O resultado se sintetiza no fato de que “as<br />

diversas épocas históricas e os diversos modos de produção se distingue entre<br />

si, fundamentalmente, pelo tipo de relações sociais que predomina em cada<br />

época.” (CARVALHO, 2005, pg. 80).<br />

Vivemos a época da chamada pós-modernidade. Inúmeras<br />

necessidades dantes inexistentes criaram forças e passaram a perambular pelo<br />

meio social sob o título de consumismo, enfraquecendo o conceito do “trabalho<br />

de sobrevivência”. Dessa forma, camadas mais baixas da pirâmide social<br />

passaram a procurar novos meios para escapar da crise econômica e para<br />

gerar mais renda que amenizassem o impacto do sistema vigente.<br />

A comunidade, principalmente a comunidade agrícola do município de<br />

Cerro Grande, dentro da agricultura familiar, está procurando novas técnicas de<br />

produção para superar os anos de prejuízos e de crise e para gerar renda<br />

extra.<br />

A agricultura baseada somente na produção de grãos, caracterizada<br />

aqui como antigo sistema de produção, para as pequenas propriedades,<br />

tornou-se inviável. O alto custo das novas técnicas e o alto custo para o plantio<br />

(processo que compreende desde a semeadura até a colheita) fez com que o<br />

30


antigo sistema diminuísse consideravelmente a renda líquida anual dos<br />

pequenos produtores.<br />

O cultivo do eucalipto surge como uma alternativa de renda extra que<br />

supriria essa lacuna criada pela modernização do sistema de produção.<br />

No entanto, o município de Cerro Grande, representado<br />

essencialmente pelas pequenas propriedades, teria condições de financiar a<br />

prática de uma monocultura de médio e longo prazo como está? Como estará a<br />

perspectiva de mercado para os próximos anos para o produto extraído dessa<br />

região? E a receptividade do meio ambiente no cultivo dessa planta nas<br />

extensões territoriais de todo município, uma vez que, a divisão geográfica está<br />

alicerçada em pequenas propriedades?<br />

Essas são preocupações que movimentam muitas críticas a cerca<br />

dessa prática. A ala agrícola, enfraquecida por praticas não rentáveis da cultura<br />

de grãos, não se sente segura para novos investimentos tanto na<br />

disponibilidade de espaço de produção, quanto no espaço econômico,<br />

principalmente acerca duma cultura ainda não explorada dentro do município<br />

de Cerro grande.<br />

31


CONCLUSÃO<br />

Em suma, no aspecto social, a plantação de eucalipto nas pequenas<br />

propriedades trará uma renda extra para os agricultores dentro da agricultura<br />

familiar.<br />

No aspecto ambiental, o plantio da planta contribui para o equilíbrio do<br />

ecossistema e na recuperação e consolidação das matas nativas, além da<br />

conservação do solo e dos corpos hídricos, pois a manutenção da cobertura do<br />

solo florestal com a manta orgânica diminui o risco de erosão e compactação<br />

do solo e assim melhora a umidade e as riquezas do solo pelo efeito de<br />

reciclagem de nutrientes.<br />

No que tange ao mercado da madeira, melhorou substancialmente em<br />

função do aquecimento da economia internacional e nacional, levando o Brasil<br />

a ficar entre os países destaques na produtividade e no número de áreas<br />

plantadas. Cerro Grande, em pequena escala, faz parte dessa realidade na<br />

busca de vencer a crise, consolidando assim a importância do eucalipto para o<br />

mundo no século XXI.<br />

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA<br />

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histórico-cultural a partir da migração italiana. Frederico Westephalen: Ed. Da<br />

URI, 2002.<br />

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Florestas (Colombo, PR).<br />

Zoneamento ecológico para plantios florestais no Estado do Paraná.<br />

Curitiba, 1986.<br />

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Florestas (Colombo, PR).<br />

Zoneamento ecológico para plantios florestais no Estado de Santa<br />

Catarina. Curitiba, 1988. 113p. (EMBRAPA-CNPF. Documentos, 21).<br />

CARVALHO, Horácio Martins de. Campesinato no século XXI: possibilidades<br />

e condicionamentos do campesinato no Brasil. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.<br />

BONDAN, Elaine. O papel da agricultura familiar num contexto geral. In:<br />

ZONTA, Elisandra Manfio; TREVISAN, Franscisco; HILLESBEIN, Luis Pedro.<br />

Pedagogia da alternância. Frederico Westephalen. Ed.: Grafimax, 2005. Pg.<br />

88.<br />

MARION, T. Economias. Ed. Cultural. São Paulo, 1996.<br />

ARCARI, J. Novas culturas. Ed. Sextante. Rio de Janeiro. 2010.<br />

EMATER – Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural,<br />

projetos de reflorestamento, responsável técnico Paulo Walter Kohl, prefeitura<br />

Municipal, praça Três Poderes em Coronel Vivida – PR.<br />

www.emater.tche.br<br />

www.IBGE.gov.br<br />

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