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No. 2 ? 2003

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O ATLÂNTICO SUL COMO ESPAÇO DE POSSIBILIDADES ENTRE O CONE SUL E A ÁFRICA AUSTRAL<br />

27<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ Pio Penna Filho<br />

apreensões de Pretória se voltavam contra o suporte que a esquadra soviética poderia propiciar<br />

aos movimentos guerrilheiros da África Austral e, também, pelo temor de que tal presença<br />

pudesse apressar o fim do colonialismo português, deixando mais expostas as fronteiras do<br />

país para a ação de guerrilheiros vindos do norte. Neste particular, merece menção o<br />

pensamento das lideranças sul-africanas, que mais de uma vez expressaram que o objetivo<br />

último dos soviéticos na África era a conquista da África do Sul, por meio da subversão<br />

interna, uma vez que sua posição estratégica e seus ricos recursos minerais poderiam renovar<br />

o poder da União Soviética no plano mundial.<br />

Associando, pois, a ameaça comunista que pairava sobre o continente africano, e<br />

também sobre o seu próprio território8 , com sua necessidade de romper o isolamento<br />

internacional, o governo sul-africano primeiramente tentou convencer a Austrália e a <strong>No</strong>va<br />

Zelândia das vantagens mútuas que poderiam advir de uma colaboração mais estreita entre<br />

os três países, sobretudo porque havia conexões que poderiam ser estabelecidas entre os<br />

aspectos militares e a conjugação de esforços no plano econômico-comercial, haja vista que<br />

os três países tinham produção e mercados similares. Em 1968, por exemplo, uma missão<br />

comercial australiana foi enviada à África do Sul, a qual foi vista por círculos políticos sulafricanos,<br />

especialmente aqueles ligados ao governo, como o primeiro passo para um<br />

entrosamento mais estreito entre os dois países, e que poderia mais tarde abranger também<br />

a <strong>No</strong>va Zelândia. 9<br />

Contudo, um ano mais tarde, em 1969, quando o assunto relativo à cooperação militar<br />

envolvendo países do hemisfério sul veio à tona, o governo australiano negou qualquer tipo<br />

de associação militar com a África do Sul, tão logo surgiram as primeiras notícias de que<br />

poderia estar em andamento a formação de um sistema de cooperação militar. 10 Não logrou,<br />

portanto, a África do Sul estabelecer qualquer vínculo de natureza militar com a Austrália<br />

ou <strong>No</strong>va Zelândia, dois países que poderiam fazer parte de algum esquema de segurança<br />

para defesa do Índico. 11<br />

A Marinha brasileira, contudo, encontrou no Itamaraty um ferrenho crítico da aproximação<br />

militar com a África do Sul. Com uma visão política mais abrangente, que ia muito além do<br />

tema da defesa do Atlântico Sul em seus aspectos estritamente militares e da ameaça<br />

comunista encarada quase que exclusivamente sob a ótica militar, o Ministério das Relações<br />

Exteriores do Brasil via com grande preocupação os contatos que começaram a ocorrer<br />

envolvendo as duas Armadas. Por sua vez, a diplomacia sul-africana trabalhava com afinco<br />

para conseguir efetivar uma cooperação ampla, que contemplasse os interesses militares.<br />

Foi em Simonstown, em abril de 1969, que se realizaram as conversações “informais”<br />

entre os oficiais da Marinha do Brasil e os sul-africanos. Segundo o relato enviado pela<br />

Legação brasileira, o Almirante Rocha informou ao Almirante Bierman a existência de um<br />

sistema de troca de informações entre as marinhas do Brasil, Argentina e Uruguai. De acordo

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