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No. 2 ? 2003

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PARA QUE O BRASIL PRECISA DE FORÇAS ARMADAS? 87<br />

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○ João Paulo Soares Alsina Jr.<br />

60 A adequação do Brasil a quase todos os regimes de não-proliferação, na década de 1990, correspondeu<br />

a um pesado investimento em soft power (que poderia ser traduzido, simplificadamente, por capacidade<br />

de influência). Até o presente, não se pôde verificar de maneira concreta em que medida esse<br />

investimento resultou em contrapartidas favoráveis ao País.<br />

61 Sobre o desenvolvimento do poder aeroespacial norte-americano e as possibilidades de utilização do<br />

espaço como “4ª dimensão” dos teatros de guerra presentes e futuros, conferir LAMBETH, Benjamin<br />

S. The Transformation of American Air Power. Ithaca: Cornell University Press, 2000.<br />

62 Pode-se dizer, genericamente, que ameaças de caráter convencional estão relacionadas à utilização<br />

hostil do poder militar por parte de Estados-nacionais adversários – desde que não incluam o uso de<br />

armas químicas, biológicas e nucleares.<br />

63 Três dos argumentos mais utilizados para sustentar o erro representado por qualquer investimento<br />

nas forças armadas brasileiras poderiam ser definidos da seguinte forma (definição esta emprestada à<br />

fórmula de Albert Hirschman em The Rhetoric of Reaction): perversidade, futilidade e perigo. A<br />

perversidade estaria ligada ao desvio de recursos escassos para uma atividade “parasitária” e moralmente<br />

condenável, em detrimento da aplicação em projetos socialmente “relevantes”. A futilidade referir-seia<br />

não só à imobilização de capital representada pela compra de material bélico, mas, sobretudo, ao<br />

fato de que, contra eventuais adversários mais poderosos, de nada adiantaria a posse desse ou daquele<br />

armamento. O perigo residiria na eventual má utilização do poder militar e nos sinais terrivelmente<br />

inquietantes que o Brasil emitiria para seus parceiros da América do Sul (e mesmo do norte…),<br />

comprometendo todo o processo de integração regional em curso ou mesmo interesses nacionais<br />

mais abrangentes. Todos os três argumentos possuem inconsistências gritantes que mereceriam uma<br />

crítica mais aprofundada. De maneira sumária, no entanto, podem-se apontar o simplismo e a estreiteza<br />

mental da “perversidade”, o derrotismo paralisante da “futilidade” e o total desconhecimento da<br />

dinâmica dos processos de securitização do “perigo”.<br />

64 <strong>No</strong>te-se que a existência de um projeto de forças, por si só, não garante a sua implementação. É<br />

preciso que haja condições políticas favoráveis e recursos disponíveis para que o planejamento se<br />

materialize.<br />

65 Não se pretende aqui explorar as implicações do termo da moda no momento: a guerra assimétrica (e<br />

seu componente mais estridente, o terrorismo). Parte-se do pressuposto de que a preparação para o<br />

enfrentamento desse tipo de ameaça deve estar subordinada à preparação para a guerra convencional<br />

e não o contrário. Não se quer dizer com isso que as modalidades de enfrentamento de ameaças<br />

assimétricas não sejam importantes ou que devam ser tratadas de maneira improvisada ou pouco<br />

profissional.<br />

66 Aguillar, oficial do Exército, defende a importância das operações de manutenção da paz (PKO) para<br />

o aperfeiçoamento profissional das tropas brasileiras. É certo que missões desse tipo permitem ao<br />

soldado ampliar seus horizontes e, em alguns casos, entrar em contato com forças tecnologicamente<br />

mais avançadas. A despeito disso, o histórico das participações brasileiras em operações de paz não<br />

parece corroborar a inferência de que o mencionado “aperfeiçoamento” contribuiria de maneira<br />

importante para o incremento do poder combatente das forças brasileiras. Antes, o argumento

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