t talento S A N D R A C O R R E I A À flor da Pel[e] A única empresa, em todo o mundo, a criar artigos em pele <strong>de</strong> cortiça é portuguesa e já chegou ao Museu <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna, em Nova Iorque Por Maria João Fernan<strong>de</strong>s Fotografia João Cupertino NASCEU E CRESCEU NO MUNDO DA CORTIÇA. O avô era corticeiro; o pai é proprietário <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> fabril on<strong>de</strong>, durante a infância, Sandra Correia correu e brincou por entre montes <strong>de</strong> cortiça. Oferecer um presente à cantora pop Madonna, <strong>de</strong> quem é admiradora, foi um <strong>de</strong>sejo que já realizou. Agora, <strong>de</strong> São Brás <strong>de</strong> Alportel, no Algarve, Sandra sonha com uma loja na Quinta Avenida, em Nova Iorque. Em Lisboa, Sandra Correia estudou Comunicação Empresarial, no Instituto Superior <strong>de</strong> Comunicação Empresarial. O objectivo foi, sempre, apren<strong>de</strong>r e voltar ao Algarve para dar o seu contributo ao negócio da família. «Há 15 anos, não imaginava que po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>senvolver um projecto como a Pelcor», confessa a empresária, que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Lisboa, prosseguiu os estudos em Huelva. O mestrado, em Ciências Económicas e Empresariais, muniu-a <strong>de</strong> novas competências e conhecimentos para enfrentar o mundo dos negócios, sempre com uma palavra em mente: inovar. Daí, nasceu a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar um projecto que mostrasse ao mundo que a cortiça é um material que po<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>ve, ter várias utilizações e aplicações. Não tardou a lançar a Pelcor, a única empresa, em todo o globo, a criar pele <strong>de</strong> cortiça, que po<strong>de</strong> ser utilizada nos mais variados artigos. Carteiras, malas <strong>de</strong> senhora e <strong>de</strong> viagem, chapéus, calçado, artesanato, porta-chaves, vestuário, artigos <strong>de</strong>corativos, tudo é possível <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que imaginado e <strong>de</strong>vidamente planeado, num catálogo exclusivo da Pelcor, com conceitos e i<strong>de</strong>ias trabalhados pelo <strong>de</strong>signer <strong>de</strong> moda António José. É em São Brás <strong>de</strong> Alportel, na fábrica da família, que os pedaços <strong>de</strong> casca <strong>de</strong> sobreiro (a cortiça trabalhada é toda proveniente da zona do Alentejo e Algarve) são tratados e transformados em palmilhas <strong>de</strong> cortiça, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um longo e <strong>de</strong>morado processo. «As palmilhas são coladas até formarem um cubo com cerca <strong>de</strong> um metro e quarenta centímetros <strong>de</strong> largura», explica Sandra. De seguida, o cubo é laminado em finas tiras <strong>de</strong> cortiça, que po<strong>de</strong>m ser aplicadas em qualquer tipo <strong>de</strong> tecido, como algodão ou poliéster. Para finalizar, a cortiça recebe um tratamento <strong>de</strong> impermeabilização, passando a pele <strong>de</strong> cortiça e garantindo resistência e comodida<strong>de</strong>. Internacionalização A internacionalização da Pelcor começou logo <strong>de</strong>pois do lançamento da marca. A aposta na mostra <strong>de</strong> produtos em feiras internacionais <strong>de</strong> artesanato e <strong>de</strong> moda foi prepon<strong>de</strong>rante para conseguir novos contactos e, assim, levar a cortiça além- -fronteiras, tendo Itália e França sido os primeiros países a conhecer os invulgares artigos em pele <strong>de</strong> cortiça. Hoje, a Pelcor está presente em quase todos os países da Europa, alguns Estados da América do Norte e nos Emirados Árabes Unidos. Em 2005, a Pelcor recebeu um convite para estar presente na Expo Aichi, no Japão, e, no ano passado, Sandra Correia teve «uma gran<strong>de</strong> surpresa». A propósito da exposição Destination Portugal, uma comitiva do MoMA, Museu <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna, veio <strong>de</strong> Nova Iorque com o intuito <strong>de</strong> escolher marcas e artistas portugueses para estarem na exposição. «A comitiva ficou muito surpreendida com o nosso trabalho. Nunca tinham visto nada parecido», conta Sandra. A exposição esteve no museu entre Maio e Julho <strong>de</strong> 2010 e três das peças da Pelcor, Print DO ALGARVE COM AMOR Um copo <strong>de</strong> shot em cortiça para chegar a um público mais jovem e promover a região. A convite <strong>de</strong> Maya, relações públicas do espaço Manta Beach, e do Gupo Fieis, a Pelcor <strong>de</strong>senvolveu um copo <strong>de</strong> shot em cortiça. O <strong>de</strong>safio foi aceite e, através da parceria entre a Pelcor e o Grupo Amorim, o copo foi criado. «Encaramos este <strong>de</strong>safio como uma forma <strong>de</strong> chegar a um público mais jovem e a festa <strong>de</strong> apresentação da criação foi um sucesso», recorda Sandra. O evento Cork Your Style foi uma das festas mais badaladas do Verão e, «além <strong>de</strong> ter sido uma forma <strong>de</strong> divulgar a Pelcor, foi, também, importante para a dinamização do Algarve, região muitas vezes esquecida pelas entida<strong>de</strong>s locais. Desenvolver e promover a minha região é também um <strong>de</strong>safio», afirma Sandra. um guarda-chuva e dois mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> mala, foram escolhidas para fazer parte do próximo catálogo MoMA. Este e outros gran<strong>de</strong>s negócios são feitos a partir da loja <strong>de</strong> Lisboa, on<strong>de</strong>, «além do cliente português e do turista curioso que passa e acaba por entrar, vêm muitos clientes estrangeiros, que querem levar a Pelcor para os seus países <strong>de</strong> origem», diz Sandra, apontando este espaço na capital como uma espécie <strong>de</strong> trampolim para o exterior. E, <strong>de</strong>pois da presença no MoMA, Sandra não hesita quando lhe perguntam qual o salto que lhe falta realizar: «Uma loja na Quinta Avenida, em Nova Iorque. Po<strong>de</strong> <strong>de</strong>morar algum tempo, mas é algo que pretendo concretizar.» Cx 10 O U T U B R O | D E Z E M B R O 2 0 1 0
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