Alterações nas Hipotecas e Refinanciamento - Post Milenio
Alterações nas Hipotecas e Refinanciamento - Post Milenio
Alterações nas Hipotecas e Refinanciamento - Post Milenio
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Milénio Stadium... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si!<br />
De 29 de Junho a 5 de Julho de 2012<br />
27<br />
OPINIÃO<br />
Celebrar o quê?<br />
LUIS BARREIRA<br />
No início desta semana fui surpreendido<br />
com a notícia de que o Governo de<br />
Portugal tinha reunido todos os seus<br />
Ministros e Secretários de Estado para “celebrar”!...<br />
A princípio “pensei” que se tratava de uma reunião destinada<br />
a celebrar a passagem às meias finais da selecção<br />
portuguesa de futebol, o que não seria de todo absurdo, por<br />
parte de quem apoia incondicionalmente tudo o que diz e<br />
faz a chanceler alemã e tendo em conta os “pinotes” que<br />
esta última deu, quando assistia no estádio, aos golos da sua<br />
equipa nacional.<br />
Ainda pensei que, esse encontro, se desti<strong>nas</strong>se a incentivar<br />
a nossa selecção, para o próximo e difícil encontro<br />
com os espanhois e agradecerem-lhes terem sido os únicos<br />
que, nestes últimos tempos, mais têm contribuído para melhorar<br />
a nossa auto-estima e o orgulho nacional, por nos<br />
considerarmos entre os melhores desta difícil competição.<br />
Mas parece que, arreliar o seu vizinho ideológico, apoiando<br />
os jogadores portugueses na sua próxima disputa com os<br />
espanhois, não está nos planos imediatos deste Governo.<br />
Porventura aguarda saber se a Espanha obteve melhores<br />
condições de empréstimo da “troika”, para desenterrar a<br />
“pá de Aljubarrota” e servir umas tortas regionais ao seu<br />
amigo Rajoi!...<br />
Como estávamos em pleno solstício de verão e tendo<br />
em consideração o calor que se faz sentir, dei comigo a<br />
imaginar que o Governo, na sua enorme capacidade criativa,<br />
destinada a apoiar o turismo nacional (que muito se<br />
queixa...), iria inaugurar a época balnear, indo todos a banhos<br />
para Carcavelos!...Mas tal não aconteceu, talvez por<br />
recearem algum provável “arrastão”!<br />
Mas, afinal, o Governo ape<strong>nas</strong> queria celebrar um ano<br />
de actividade!<br />
Mas “celebrar” o quê?...<br />
Que muito dificilmente atingiremos as metas do défice<br />
a que nos obrigaram, face a contínua diminuição das<br />
receitas fiscais? Fenómeno previsivel para qualquer leigo<br />
em economia e fiscalidade, tendo em consideração o<br />
estrangulamento da economia, a drástica diminuição do<br />
poder de compra dos cidadãos e a elevadíssima taxa de<br />
desemprego, para já não falar na permanente fuga de capitais.<br />
Que mais de um milhão de portugueses não tem trabalho<br />
e que a falta de emprego diminui a capacidade de<br />
resistência dos trabalhadores, ao já explicitado por alguns<br />
“conselheiros”, de que é preciso baixar os salários para sermos<br />
mais competitivos?<br />
Que os mais jovens e habilitados são “empurrados”<br />
para a emigração, retirando-se da força de trabalho<br />
nacional, esvaziando o País da “ massa cinzenta” universitária,<br />
que tanto nos custou a formar, hipotecando o futuro<br />
do nosso desenvolvimento económico e o suporte da nossa<br />
segurança social?<br />
Que a privatização das empresas rentáveis do Estado,<br />
está em bom ritmo, como se a simples mudança de patrão<br />
correspondesse a melhores salários e empregabilidade dos<br />
cidadãos ou, simplesmente, a uma baixa do preço ao consumidor,<br />
dos produtos produzidos pelas mesmas?<br />
Estamos a celebrar o quê?<br />
Um País e uma Europa em preocupante recessão de valores<br />
morais, éticos e de solidariedade colectiva, a caminho<br />
do apogeu do individualismo, da cretinice, dos “espertos”<br />
em enriquecimento a qualquer preço, da vulgarização do<br />
conceito de justiça ou da promoção dos inaptos à governação?<br />
A resposta não se fez tardar, para quem no café do bairro<br />
ouviu os discursos de encerramento desta palaciana<br />
comemoração e deixou escapar algumas perversas observações.<br />
Paulo Portas afirmava enfaticamente: “Hoje, Portugal,<br />
deixou de estar perto do precipício”! – e alguém exclamou<br />
no café - “Pois... pois... já caímos!...”<br />
Entretanto, Passos Coelho também sublinhava, em termos<br />
de balanço que, apesar de “algumas falhas” das suas<br />
previsões, o importante é manter o rumo actual.<br />
No café ouviram-se variadas e irritadas exclamações<br />
mas... devido aos termos da linguagem utilizada, sou obrigado<br />
a censurar... Pi!