Alterações nas Hipotecas e Refinanciamento - Post Milenio
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28<br />
De 29 de Junho a 5 de Julho de 2012<br />
Milénio Stadium... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si!<br />
À Conversa<br />
OPINIÃO<br />
À Conversa...<br />
Há Conversa!<br />
FÁTIMA MARTINS<br />
Palavras<br />
para Rodrigo<br />
AIDA BAPTISTA<br />
aidabatista@sapo.pt<br />
Oprograma<br />
radiofónico à<br />
Conversa<br />
contou com a presença<br />
de Fátima<br />
Toste e de Luís<br />
Carlos Moniz um dos<br />
muitos participantes<br />
do livro “Açorianos<br />
na Diáspora Fazem a<br />
Diferença”.<br />
Fátima Toste salientou<br />
que este seu último trabalho<br />
teve por objetivo primordial<br />
homenagear as ilhas e<br />
sobretudo reconhecer o voluntariado<br />
de muitos e<br />
muitas que têm doado o seu<br />
tempo livre em prol da sua<br />
gente e da comunidade em<br />
que estão inseridos. Dissenos<br />
também que para este<br />
livro selecionou as Ilhas de<br />
S. Miguel, Terceira e Faial e<br />
suas gentes e que tem entre<br />
mãos, a segunda parte deste<br />
projeto dedicada às ilhas do<br />
Pico, Flores e Corvo.<br />
Acrescentou que posteriormente<br />
fará o mesmo para as<br />
restantes ilhas.<br />
Fátima Toste que recentemente<br />
assumiu a posição<br />
de segunda vice presidente<br />
da Assembleia geral da<br />
Casa dos Açores do Ontário<br />
e é membro vitalício e Vice-<br />
Presidente do Grémio<br />
Literário do Canadá revelanos<br />
que tem dedicado os<br />
últimos anos a “cultivar a<br />
açorianidade que caracteriza<br />
os filhos das ilhas,<br />
guardando no coração o<br />
nome de Portugal de que<br />
somos filhos legítimos.”<br />
Foi bom poder constatar<br />
que, apesar de conhecer o<br />
professor Luís Carlos<br />
Moniz há já alguns anos,<br />
desconhecia por completo a<br />
parte mais interessante da<br />
vida deste nosso conterrâneo,<br />
ou seja a paixão que<br />
desde muito jovem sente<br />
por motas e os muitos<br />
serviços que ele tem prestado<br />
à comunidade portuguesa<br />
e não só.<br />
Ao passar os olhos pelo<br />
texto dedicado ao professor<br />
Moniz, li que “num arrojo<br />
de aventura e desejo de<br />
aprender o modus Vivendi<br />
de diferentes gentes”,<br />
empreendeu uma viagem de<br />
mota através dos Estados<br />
Unidos e Canadá, num total<br />
de 24.000 quilómetros.<br />
Considera-se “embaixador<br />
da nossa cultura” através do<br />
seu envolvimento no<br />
mosaico canadiano.<br />
O livro “Açorianos na<br />
Diáspora Fazem a<br />
Diferença” é na realidade<br />
como diz o Dr. Vitor Rui<br />
Dores no prefácio do<br />
mesmo “Mais do que um<br />
livro, trata-se de uma<br />
declaração de amor aos<br />
Açores e às suas gentes”e é<br />
acima de tudo “Um documento<br />
de interesse sociológico….um<br />
valioso contributo<br />
para um melhor<br />
entendimento da experiência<br />
e/imigrante açoriana.”<br />
À Conversa volta a<br />
estas pági<strong>nas</strong> na próxima<br />
semana com mais um tema<br />
de interesse para a comunidade.<br />
À Conversa é um programa<br />
semanal emitido pela<br />
CHIN Radio 100.7 FM,<br />
produzido e apresentado<br />
por mim, mas sempre a<br />
pensar em si!<br />
Já sabe também que<br />
pode ouvir todas as entrevistas<br />
na íntegra, consultando<br />
o blogue www.aconversa.ca,<br />
onde pode também<br />
deixar o seu comentário.<br />
Até para a semana!<br />
a fotografia em que estou<br />
ao teu colo é a fotografia<br />
mais bonita que tenho,<br />
gosto de quando estás feliz.<br />
José Luís Peixoto,<br />
in "A Casa, a Escuridão"<br />
Hoje, 21 de Junho, é dia do solstício<br />
de verão que, segundo a astronomia, nos<br />
dá o dia mais longo do ano, ao contrário<br />
do solstício de inverno, em que a<br />
duração da noite é a mais longa de todas.<br />
Mas não foi por acasos da geografia que,<br />
há onze anos, este foi o dia mais longo<br />
para a nossa família, mas porque as<br />
esperas, sejam elas quais forem, são<br />
sempre prolongadas num tempo que vai<br />
para além da precisão dos relógios.<br />
Esse dia, destinado a ser a data do<br />
teu <strong>nas</strong>cimento (como de facto aconteceu),<br />
foi para tua mãe um dia muito<br />
longo, porque feito do somatório de<br />
muitas horas peque<strong>nas</strong> e breves, como<br />
são todas as horas que se desejam a<br />
quem entra em trabalho de parto.<br />
- Que tenhas uma hora pequena! é o<br />
voto que se formula, como se o simples<br />
ato de o dizermos pudesse encurtar e<br />
contrariar o movimento sincopado dos<br />
minutos e segundos sempre iguais. E o<br />
dia continuou longo <strong>nas</strong> esperas de tua<br />
mãe, ansiosa por te ver <strong>nas</strong>cer, e do teu<br />
pai que, impedido de estar presente,<br />
engordava a gravidez do tempo com o<br />
silêncio da falta de notícias.<br />
A barriga da tua mãe, transformada<br />
num sol prenhe de ti, continuava redonda<br />
e luminosa porque tu teimavas em a<br />
manter na tensão máxima com que<br />
esticaras a pele que a envolvia. Dando<br />
razão à etimologia - que se encarrega de<br />
estudar a origem das palavras e nos<br />
explica que solstício vem do latim<br />
sol+sistere, que quer dizer «não se<br />
mexe» -, tu permanecias também quieto,<br />
sem te mexeres, aconchegado no ventre<br />
de tua mãe, como se quisesses prolongar<br />
o dia até ao limite possível do ritual de<br />
passagem para um outro.<br />
Pouco antes da meia-noite, celebrámos<br />
a tua chegada anunciada num choro<br />
saudável, no dizer dos médicos que te<br />
ditaram uma saúde robusta, premonição<br />
que não levou muito tempo a ser posta à<br />
prova. Seis meses depois, e durante um<br />
internamento de uma semana, travarias a<br />
tua primeira batalha entre o alfa e o<br />
ómega de um alfabeto que define princípio<br />
e fim de todas as coisas. Venceste-a,<br />
aliviando-nos a todos dos temores e<br />
provações a que todas as correntes de<br />
afetos estão sujeitas.<br />
Chamaram-te Rodrigo, nome de<br />
origem germânica e que significa<br />
«famoso pela glória». Não sei até que<br />
ponto o significado teve influência na<br />
escolha, mas, para nós, começaste a ser<br />
famoso desde o momento em que<br />
pudemos anunciar a todos: já <strong>nas</strong>ceu! E,<br />
naquele dia, nada era mais importante<br />
do que sermos agraciados com a glória<br />
da tua chegada.<br />
No entanto, só te conhecemos a vinte<br />
e dois. Primeiro, à distância, e só depois<br />
à hora da visita. Teus pais moravam num<br />
apartamento junto ao hospital de S.<br />
Bernardo de Setúbal e foi da varanda<br />
dele que te pudemos avistar na janela do<br />
quarto do hospital a que tua mãe assomou<br />
contigo nos braços. Essa foi a<br />
primeira fotografia que tive de ti:<br />
embrulhado numa manta e emoldurado<br />
na caixilharia branca de uma janela de<br />
hospital.<br />
Fomos autorizados a visitar-te só da<br />
parte da tarde e o teu irmão mais velho,<br />
sofreu o primeiro revés da sua vida. De<br />
prendinha na mão, foi-lhe barrada a passagem,<br />
porque era demasiado novo para<br />
se sujeitar ao ambiente dos hospitais,<br />
onde as infeções espreitam em cada<br />
esquina, corredores e enfermarias. Teria<br />
poucas defesas, argumentavam.<br />
Não me lembro se ele chorou perante<br />
esta recusa, mas, no regresso a casa,<br />
além da prenda com que tencionava surpreender-te,<br />
carregava uma enorme<br />
deceção e tristeza que levou três dias a<br />
desaparecer. Só no dia em que tua mãe<br />
foi autorizada a trazer-te para casa, ele<br />
pôde dar-te o abraço suspenso de tanta<br />
espera.<br />
Ainda hoje, apesar da diferença de<br />
idade que vos separa, a força enternecedora,<br />
com que tantas vezes se apertam<br />
num abraço, continua a ser a imagem<br />
mais forte do carinho que sentem um<br />
pelo outro. E a fotografia mental com<br />
que sempre vos retrato!<br />
Sardoal, 21 de Junho de 2012