as relações de trabalho entre médicos e enfermeiras na estratégia ...
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Esse filme causou alguns <strong>de</strong>sentendimentos em sala, quando reunidos médicos (<strong>as</strong>) e<br />
enfermeir<strong>as</strong> (os) <strong>na</strong> condição <strong>de</strong> alunos, eles discutiam est<strong>as</strong> relações <strong>de</strong> forma a não<br />
confirmar <strong>as</strong> dificulda<strong>de</strong>s no cotidiano. Como que tentando velar uma contradição presente no<br />
dia a dia. A enfermagem confirma o enfrentamento e a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> sobre como são tratad<strong>as</strong>,<br />
já os médicos afirmavam não existir essa <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>, nem pela condição do sexo muito<br />
menos pela profissão. "A socieda<strong>de</strong> é que <strong>na</strong>turalmente fazia esta distinção", m<strong>as</strong> no dia a dia<br />
isto era apen<strong>as</strong> "falta <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algum<strong>as</strong> coleg<strong>as</strong>".<br />
Por outro lado, <strong>na</strong> condição <strong>de</strong> alu<strong>na</strong> do mestrado, numa discussão em sala <strong>de</strong> aula ao<br />
utilizar o exemplo do filme acabei criando uma polêmica junto ao grupo. Trazer o exemplo <strong>de</strong><br />
filme <strong>na</strong>quela situação não permitia uma análise sociológica, segundo uma colega <strong>de</strong> turma,<br />
era eu a própria "gafe sociológica". Esta situação criou nova nuance sobre o tema. Como<br />
<strong>as</strong>sistente social esta análise permitia enten<strong>de</strong>r o contexto, m<strong>as</strong> no campo da sociologia a<br />
compreensão vinha <strong>de</strong> outro lugar, que lugar era este tão <strong>de</strong>sconhecido por mim?<br />
A busca <strong>de</strong>sse entendimento pela via da Sociologia <strong>de</strong>nota a sua relevância pelo fato<br />
<strong>de</strong> tentar a<strong>na</strong>lisar como aparecem no cotidiano <strong>as</strong> tensões, ambigüida<strong>de</strong>s, conflitos à divisão<br />
social e sexual do <strong>trabalho</strong>. Evi<strong>de</strong>ncia quanto uma proposta interdiscipli<strong>na</strong>r consegue romper<br />
com habitus, po<strong>de</strong>res <strong>de</strong>siguais nos diferentes níveis <strong>de</strong> participação e como profissio<strong>na</strong>is da<br />
área da saú<strong>de</strong>, médicos e enfermeir<strong>as</strong> administram no cotidiano <strong>as</strong> questões <strong>de</strong> gênero. Ou<br />
ainda, como est<strong>as</strong> relações se reproduzem no processo <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> em saú<strong>de</strong>, ou seja, a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se pensar sobre <strong>as</strong> relações <strong>entre</strong> homens e mulheres, refletindo sobre o<br />
discurso da diferença dos sexos. Marcada por sua vez, por vári<strong>as</strong> tensões <strong>na</strong> organização do<br />
<strong>trabalho</strong>, <strong>na</strong> coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e <strong>na</strong> partilha <strong>de</strong> saberes que se reconhecem<br />
mutuamente. Seja da parte da medici<strong>na</strong> reconhecer o sabe produzido pela enfermagem, e esta,<br />
por sua vez produzir em su<strong>as</strong> relações po<strong>de</strong>res participativos que não digam respeito a<br />
inversão <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> critérios duais, binários, com nov<strong>as</strong> divisões, às vezes, comuns<br />
aos grupos que buscam construir-se, visibilizar-se e empo<strong>de</strong>rar-se. Ess<strong>as</strong> questões trazem<br />
problem<strong>as</strong> importantes para uma prática interdiscipli<strong>na</strong>r que se preten<strong>de</strong> dialógica.<br />
Essa análise parece evi<strong>de</strong>nciar que o <strong>trabalho</strong> com a família talvez esteja carregado<br />
<strong>de</strong> concepções generificad<strong>as</strong> sobre <strong>as</strong> form<strong>as</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os cuidados em saú<strong>de</strong>, e sobre<br />
quem <strong>de</strong>ve fazer o que.<br />
A partir <strong>de</strong>sses diferentes <strong>de</strong>safios à reflexão, a dissertação se estrutura seguindo a<br />
or<strong>de</strong>m abaixo relacio<strong>na</strong>da:<br />
No Capítulo I – O artesa<strong>na</strong>to intelectual como possibilida<strong>de</strong> da pesquisa<br />
sociológica – reúno, nesse capítulo, uma revisão da literatura sobre a metodologia tentando