as relações de trabalho entre médicos e enfermeiras na estratégia ...
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RESUMO<br />
Esta dissertação é um estudo sociológico sobre <strong>as</strong> relações <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> <strong>de</strong> médicos e<br />
enfermeir<strong>as</strong> da Estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família (ESF), que <strong>de</strong>senvolve o atendimento em<br />
saú<strong>de</strong> da população b<strong>as</strong>eada nos princípios previstos pelo Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS). A<br />
ESF tem em vista a promoção e o reor<strong>de</strong><strong>na</strong>mento do atendimento da atenção em saú<strong>de</strong> junto à<br />
família através da vigilância à saú<strong>de</strong> e do <strong>trabalho</strong> em equipe. Este estudo tem como objetivo<br />
compreen<strong>de</strong>r os significados atribuídos aos conteúdos d<strong>as</strong> taref<strong>as</strong> e a divisão sexual do<br />
<strong>trabalho</strong>, inserida em dinâmic<strong>as</strong> <strong>de</strong> gênero e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r no <strong>trabalho</strong> <strong>de</strong> médicos (homens) e<br />
enfermeir<strong>as</strong> (mulheres) que atuam <strong>na</strong> ESF, no que se refere à proposta <strong>de</strong> interdiscipli<strong>na</strong>rida<strong>de</strong><br />
sobre <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> do cuidado no meio familiar. Nessa perspectiva busca i<strong>de</strong>ntificar como se<br />
constrói <strong>as</strong> relações <strong>de</strong> gênero e se el<strong>as</strong> são capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcarem diferentes prátic<strong>as</strong> e<br />
concepções em relação à generificação do conteúdo d<strong>as</strong> taref<strong>as</strong>, e, sobretudo a categoria<br />
cuidado <strong>entre</strong> profissio<strong>na</strong>is médicos e enfermeir<strong>as</strong>, no que se refere ao exercício d<strong>as</strong> funções<br />
previst<strong>as</strong> pela ESF; a<strong>na</strong>lisar <strong>as</strong> concepções sobre o conteúdo do <strong>trabalho</strong> que a ESF precisa<br />
<strong>de</strong>senvolver no fazer profissio<strong>na</strong>l e como ocorre a flexibilização e a hierarquização d<strong>as</strong><br />
ativida<strong>de</strong>s no cotidiano da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, para conhecer que tipo <strong>de</strong> prátic<strong>as</strong> el<strong>as</strong> expressam<br />
no que tange à divisão sexual do <strong>trabalho</strong>;compreen<strong>de</strong>r como se constitui historicamente e no<br />
cotidiano o conteúdo d<strong>as</strong> ações <strong>de</strong> médicos e enfermeir<strong>as</strong>, e se <strong>as</strong> concepções sobre o cuidado<br />
e o conteúdo <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> ações são <strong>de</strong>marcad<strong>as</strong> por alguma or<strong>de</strong>m simbólica <strong>as</strong>sociada a relações<br />
<strong>de</strong>siguais <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, gerando dificulda<strong>de</strong>s à própria proposta da interdiscipli<strong>na</strong>rida<strong>de</strong>. Para<br />
tanto, <strong>de</strong>senvolve-se e articula-se à metodologia <strong>de</strong>ssa dissertação algum<strong>as</strong> hipóteses <strong>de</strong><br />
<strong>trabalho</strong> que partem do pressuposto que o po<strong>de</strong>r faz parte <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> relações<br />
organizad<strong>as</strong> e hierarquizad<strong>as</strong>, é possível então, perceber que embutido no discurso <strong>de</strong><br />
interdiscipli<strong>na</strong>rida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> existir uma relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e subordi<strong>na</strong>ção pautad<strong>as</strong> por relações<br />
<strong>as</strong>simétric<strong>as</strong> <strong>de</strong> gênero. A segunda hipótese problematiza se o significado do <strong>trabalho</strong> da<br />
enfermeira faz parte <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero que se constitui a partir do entendimento <strong>de</strong><br />
que ser mulher significa estar pronta para o ato <strong>de</strong> "cuidar", ao contrário do que se espera do<br />
médico cuja tarefa se vincula ao conhecimento. A terceira hipótese é a <strong>de</strong> que apesar <strong>de</strong><br />
alguns contextos e exigênci<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> terem se modificado, não significa que não<br />
continuem a existir relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s e concepções <strong>na</strong>turalizad<strong>as</strong> sobre o<br />
<strong>trabalho</strong> <strong>de</strong> médicos e enfermeir<strong>as</strong> que se expressariam dificultando a própria prática<br />
interdiscipli<strong>na</strong>r no contexto <strong>de</strong>ste estudo. A própria organização d<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>na</strong> ESF po<strong>de</strong><br />
ser o ponto neurálgico <strong>de</strong>ssa relação quando referida a divisão social e sexual do <strong>trabalho</strong>; e<br />
nesse c<strong>as</strong>o, ao invés <strong>de</strong> estar modificando a clássica hierarquia em termos <strong>de</strong> cuidar/saber e<br />
fazer, estaria convivendo com prátic<strong>as</strong> carregad<strong>as</strong> <strong>de</strong> muit<strong>as</strong> ambigüida<strong>de</strong>s. A metodologia<br />
b<strong>as</strong>eou-se em uma pesquisa <strong>de</strong> campo <strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza qualitativa a partir d<strong>as</strong> <strong>entre</strong>vist<strong>as</strong> com 10<br />
profissio<strong>na</strong>is da ESF <strong>na</strong> cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba e sua Região Metropolita<strong>na</strong> no período <strong>de</strong> janeiro a<br />
março <strong>de</strong> 2008. Este estudo é relevante no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar a reflexão sobre o processo <strong>de</strong><br />
<strong>trabalho</strong> em saú<strong>de</strong> <strong>na</strong> perspectiva do cuidado e d<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> e concepções que estão<br />
sedimentando a ESF, colocando à disposição da sociologia resultados <strong>de</strong>sta análise no sentido<br />
do aprofundamento d<strong>as</strong> questões relacio<strong>na</strong>d<strong>as</strong> a gênero.<br />
Palavr<strong>as</strong>-chave: estratégia <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da família; equipe interdiscipli<strong>na</strong>r; cuidado; relações <strong>de</strong><br />
gênero e po<strong>de</strong>r.