eparacao45_<strong>Layout</strong> 1 23/02/2012 12:37 Page 12 12 CAPA PROFISSIONAL EXTINTO | Fevereiro de 2012 - Edição 45 www.reparacaoautomotiva.com.br AS DEMANDAS DE CADA UM Na região metropolitana de São Paulo e nas cidades vizinhas, cinco oficinas mecânicas participam desta matéria expondo as suas principais demandas. INFORMAÇÕES RESTRITAS No Centro Automotivo Atalaia, em Cotia (SP), além da demanda por treinamentos técnicos, principalmente na parte de injeção, a carência é por mão de obra qualificada. “Não existem mais mecânicos. É uma profissão em extinção. Daqui a pouco, começaremos a importar mão de obra”, diz Fábio Caldeira, gerente da oficina. Na parte técnica, diz ele, o que há de oferta de treinamento hoje é muito superficial. “Precisamos de cursos mais aprimorados. Os que as fábricas oferecem hoje são superficiais, muito mais em relação a produtos”. Para driblar as necessidades da oficina, informa Caldeira, periodicamente eles solicitam treinamentos às empresas e contam com um profissional que administra cursos e faz as atualizações no próprio centro automotivo. Na Hybrid Motors, em São Bernardo do Campo (SP), o sócio da oficina Eduardo Konio Inoue, pontua que há uma demanda muito grande por informações técnicas. “Não temos tabela de aperto, torque, e como cada caso é um caso, isso é muito complicado. Também não temos acesso à manual técnico das montadoras. Temos muita demanda, principalmente na parte de injeção e os cursos que são oferecidos geralmente acontecem a partir das 19 horas, não conseguimos chegar pela distância”, comenta. Uma das soluções encontradas, diz Inoue, é a troca de informações por meio do portal Procuro Oficina. “No portal um ajuda o outro, há muita troca de informação, além de indicações sobre cursos e treinamentos”. Sócia de Inoue, Alexandra de Abreu, que cuida da parte administrativa da oficina, diz que na sua área o cenário não é diferente. “Também temos uma carência de cursos e treinamento na área administrativa e financeira”, revela. À MODA ANTIGA ESCASSEZ DAS FÁBRICAS FALTA DE APOIO Proprietário da Motor Car, localizada no bairro do Morumbi, em São Paulo (SP), Mauro Jean afirma que muitos reparadores ainda são resistentes a treinamentos e preferem aprender na raça. “Há uma falta de interesse em se aperfeiçoar. Há muitos cursos e treinamentos que o mercado oferece, mas a alegação é que não coincidem com o horário disponível para participar”. O lado bom, informa Jean, é a tecnologia dos equipamentos que ajuda a detectar os problemas dos veículos. “Equipamentos como os scanners ajudam a identificar as falhas, o que facilita muito. E como nós trabalhamos com uma frota seminova é muito raro apresentar problemas mais complexos. Além disso, temos muitas pessoas qualificadas e eu escolho a dedo quem trabalha na oficina”, revela. Ainda de acordo com o empresário, a falta de qualificação não está só nas oficinas. “Para se ter uma ideia, já tive funcionários que vieram de concessionárias e sabiam menos do que os que já estavam aqui na oficina. Estou no mercado há 30 anos e você nem imagina o que já passou por aqui”, conclui. Apesar da pouca idade (33 anos), Fabiano do Nascimento Patrone, sócio da Santa Oficina, em São Caetano do Sul (SP), começou a trabalhar aos 12 anos de idade. Ele lembra que no passado a oferta de treinamentos das fábricas era grande. “Tenho muitos diplomas de cursos que participei. Mas, depois que descobriram a palavra marketing, esqueceram-se da tecnologia. Hoje, os treinamentos são mais para divulgação de produtos e promoções para vender peças”, lamenta. Para ele, as fábricas deveriam estar mais próximas das oficinas. Porém, com a entrada massiva dos chineses, talvez esse seja um dos motivos pelo distanciamento. “A globalização está arrebentando todo mundo. Se perguntarem aos mecânicos a diferença de uma peça chinesa com uma nacional, vão dizer que é somente preço. Ninguém se atém à qualidade. Tanto que se quebrar uma peça chinesa, na hora é reposta. Uma nacional devido à burocracia com a garantia, pode levar meses, prejudicando a oficina e o consumidor final. Muitos estão deixando de trabalhar com peças nacionais e aqui nós prezamos pela qualidade”. Paulo Rubio Jr., sócio da Paraopeba, em São Bernardo do Campo (SP), também avalia que faltam profissionais no mercado, mais treinamento e acesso às informações técnicas. “Não consigo formar profissional para o futuro. Os jovens de hoje não estão interessados em ser mecânicos, vejo isso também, de forma geral, na área de manutenção de diversos setores, como na construção civil. Para se ter uma ideia, tenho duas vagas em aberto que não consigo preencher”, comenta. Acesso à informação técnica também é um entrave, avalia Rubio. “Temos pouco acesso a manuais. Algumas montadoras, como Fiat e GM, abrem mais, mas não são todas. Nós temos de nos virarmos, buscar informações pela internet ou pelo banco de dados que estamos formando no portal. Se dependermos das montadoras, fechamos as portas”. Para o empresário, as montadoras deveriam se conscientizar que são as oficinas que detêm o maior volume de manutenção. “Além de serem elas que indicam marcas/modelos para seus clientes. E, com certeza, a oficina vai indicar as que quebram menos e têm mais facilidade de acesso às informações. Todos deveriam se juntar e promover uma revolução no mercado de reparação, de forma que haja apoio das montadoras”, defende. Segundo ele, o melhor carro é o que o cliente consegue consertar em qualquer lugar.
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