eparacao45_<strong>Layout</strong> 1 23/02/2012 12:37 Page 8 8 ARTIGO FOTO: DIVULGAÇ‹O O ciclo de caixa | Fevereiro de 2012 - Edição 45 www.reparacaoautomotiva.com.br Texto: Fauzi Timaco Jorge* Um dos mais angustiantes problemas enfrentados pelo pequeno e médio empresário é o financiamento do capital de giro do seu negócio e, por consequência, os custos financeiros daí decorrentes. Como minimizar tais custos e como obter financiamento do caixa sem botar a mão no próprio bolso? Existem dois conceitos na gestão de finanças do negócio que ajudam a entender como é possível ter custo zero e, se for assim, a dedução óbvia é que não existirá capital próprio ou de terceiros - com ônus - investido no giro do negócio. Se ainda não foi tentado por você, experimente visualizar essa possibilidade depois da apreensão desses conceitos. O primeiro deles diz respeito ao ciclo financeiro ou ciclo de caixa, como também é conhecido. É expresso em quantidade de dias. Advém de uma simples soma aritmética entre prazos médios, como nessa fórmula: CC = PMRV + PMRE (-) PMPC Não interrompa essa leitura antes de aprender tudo sobre o que essa fórmula nos indica! Primeiro, identifiquemos as siglas: CC significa ciclo de caixa; PMRV é prazo médio de recebimento de vendas, ou seja, quantos dias você demora para receber suas vendas, em média, tanto de peças como de serviços prestados; PMRE é prazo médio de renovação de estoques, ou seja, quanto tempo você mantém uma peça em seu estoque, além de materiais de consumo necessários aos serviços prestados e, por último, PMPC é o prazo médio de pagamento de compras, retratando qual é a quantidade de dias que você dispõe para efetuar os pagamentos de suas compras em geral. Coloque alguns números ali nessa fórmula, para identificar seus prazos médios e, consequentemente, seu ciclo de caixa. Que tal 30 dias para o PMRV? 60 dias para o PMRE? 45 dias para o PMPC? Nesse caso, o seu ciclo de caixa é de 45 dias, resultado de 30+60-45. Isso indica que você precisará de capital de giro suficiente para suportar 45 dias da sua operação. Daqui você extrai o custo financeiro: se a taxa mensal for de 2%, você já terá que arcar com 3% (um mês e meio) para compensar os encargos financeiros que poderão existir no caso de financiamento do capital de giro via empréstimo bancário. Se for capital próprio colocado no giro do negócio, pense na metade desse valor, pelo menos, como retribuição pelo risco ao investir em seu negócio. Como diminuir esse custo financeiro? Não pense que é via redução da taxa de juros que lhe cobram. A briga é desproporcional. Empresas de pequeno e médio porte são tomadoras de recursos e estão no fim da fila daqueles que influenciam a taxa de juros praticada no mercado. Então, a saída se faz pela redução do ciclo de caixa. E isso só será possível se houver uma diminuição do PMRV e do PMRE e uma ampliação do PMPC. Em outras palavras: diminua ao máximo possível o seu prazo médio de recebimento de vendas e prazo de estocagem dos seus produtos e amplie até onde for possível o prazo médio de pagamento de suas compras. Sem hesitar! Com muita habilidade nessa negociação! Mesmo que lhe custe alguma compensação perante seus clientes e seus fornecedores. Use sua criatividade para isso, também! E qual é o tamanho desse capital de giro? Em termos técnicos, qual é a Necessidade de Capital de Giro (NCG) do seu negócio? Já que você chegou até aqui na leitura desse texto, vai aqui outra fórmula para responder a essa pergunta. Mas não se assuste e prossiga até o fim, ok? NCG = ACO (-) PCO Some todos os seus títulos a receber, duplicatas, promissórias, cheques pré-datados e outros recebíveis. Depois, some isso ao valor do seu estoque de peças e material de consumo. Com isso, você determinou o valor dos seus bens e direitos de curto prazo, ou seja, o seu Ativo Circulante Operacional (o ACO da fórmula). Agora, é a vez das suas obrigações de curto prazo, ou seja, o Passivo Circulante Operacional (PCO), onde figuram suas duplicatas a pagar, cheques prédatados que você emitiu, impostos a recolher, salários a pagar e outras obrigações decorrentes da operação. Pronto! Faça um exercício com seus dados reais e, se quiser, mande suas informações para mim, com um plano de ação sobre o que você pretende fazer para diminuir essa NCG e o CC. Trocaremos impressões a respeito, ok? *Economista, professor-tutor da FGV Online e professor da FGV + CEA-Centro de Estudos Automotivos, escreve regularmente nesta coluna e pode ser acessado pelo e-mail fauzi@balcaoautomotivo.com.br
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