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OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

1


Universidade da Amazônia<br />

LÚCIA CRISTINA CAVALCANTE<br />

OBESIDADE E ANÁLISE DO<br />

COMPORTAMENTO<br />

Belém<br />

UNAMA<br />

2009<br />

2


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA: OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

© 2009, UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA<br />

REITOR<br />

Édson Raymundo Pinheiro de Souza Franco<br />

VICE-REITOR<br />

Antonio de Carvalho Vaz Pereira<br />

PRÓ-REITOR DE ENSINO<br />

Mário Francisco Guzzo<br />

PRÓ-REITORA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO<br />

Núbia Maria de Vasconcelos Maciel<br />

SUPERINTENDENTE DE PESQUISA<br />

Ana Célia Bahia Silva<br />

SUPERITENDENTE DE EXTENSÃO – SUPEX<br />

Vera Lúcia Pena Carneiro Soares<br />

EXPEDIENTE<br />

EDIÇÃO: Editora UNAMA<br />

COORDENADOR: João Carlos Pereira<br />

SUPERVISÃO E FOTO DA CAPA: Helder Leite<br />

NORMALIZAÇÃO: Maria Miranda<br />

FORMATAÇÃO GRÁFICA: Elailson Santos<br />

IMPRESSÃO:<br />

“Campus” Alcindo Cacela<br />

Av. Alcindo Cacela, 287<br />

66060-902 - Belém-Pará<br />

Fone geral: (91) 4009-3000<br />

Fax: (91) 3225-3909<br />

“Campus” BR<br />

Rod. BR-316, km3<br />

67113-901 - Ananindeua-Pa<br />

Fone: (91) 4009-9200<br />

Fax: (91) 4009-9308<br />

“Campus” Senador Lemos<br />

Av. Senador Lemos, 2809<br />

66120-901 - Belém-Pará<br />

Fone: (91) 4009-7100<br />

Fax: (91) 4009-7153<br />

“Campus” Quintino<br />

Trav. Quintino Bocaiúva, 1808<br />

66035-190 - Belém-Pará<br />

Fone: (91) 4009-3300<br />

Fax: (91) 4009-3349<br />

Catalogação na fonte<br />

www.unama.br<br />

C3766o<br />

Cavalcante, Lúcia Cristina<br />

Obesidade e análise do comportamento / Lúcia<br />

Cristina Cavalcante. — Belém: Unama, 2009.<br />

176 p.<br />

ISBN 978-85-7691-074-9<br />

1. Obesidade. 2. Análise do comportamento.<br />

3 Psicologia do comportamento.I.Título<br />

CDD: 616.398<br />

3


Universidade da Amazônia<br />

“´Pessoas com excesso de<br />

peso são mais diferentes<br />

que parecidas’. Nem todos<br />

os nossos sujeitos<br />

respondem ao<br />

procedimento da mesma<br />

maneira. As variáveis<br />

pessoais e sociais<br />

envolvidas são relevantes<br />

e muitas vezes<br />

desconhecidas e escapam<br />

ao controle do<br />

experimentador. Parece<br />

que temos em mãos uma<br />

tecnologia que nos permite<br />

fortalecer comportamentos<br />

incompatíveis com a<br />

resposta de comer<br />

excessivamente a ser<br />

eliminada, mas que há<br />

ainda um longo caminho a<br />

percorrer. Encontrar a<br />

resposta controladora<br />

proposta por Skinner é<br />

possível. O problema<br />

central é manter essa<br />

resposta”<br />

Rachel Rodrigues Kerbauy (1977, p. 129-130)<br />

4


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

Às milhares de pessoas que vivem todos os<br />

dias em meio a contingências aversivas, provindas<br />

do ambiente social, físico e fisiológico,<br />

derivadas do excesso de peso.<br />

Aos Analistas do Comportamento que cientes<br />

dessas situações aversivas esforçam-se cotidianamente<br />

para construir conhecimentos e<br />

técnicas eficazes para instrumentalizar aquelas<br />

pessoas a terem uma vida melhor.<br />

À Profª Drª Rachel Rodrigues Kerbauy que iniciou<br />

esse empreendimento em terras brasileiras,<br />

pelos muitos frutos e pela determinação<br />

de levar o arsenal teórico e metodológico da<br />

Análise do Comportamento à área da Psicologia<br />

da Saúde.<br />

A Arlindo Gomes da Silva (in memorium), paternidade<br />

abundante que me acompanhará<br />

por toda a vida.<br />

Especialmente, à Maria Jacy Cavalcante, a<br />

mais hábil Analista do Comportamento que<br />

já conheci, um exemplo de resistência, sobrevivência,<br />

competência e maternidade.<br />

5


Universidade da Amazônia<br />

AGRADECIMENTOS<br />

À Universidade da Amazônia e à Fundação<br />

Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia,<br />

pela acolhida, infraesturura e fomento<br />

dessa pesquisa, aspectos tão necessários à<br />

consolidação da pesquisa na Amazônia.<br />

À direção e a coordenação do curso de Psicologia<br />

do Centro de Ciências Biológicas e da<br />

Saúde, pelo crédito e incentivo à minha produção<br />

científica.<br />

Às minhas bolsistas voluntárias Bruna Menezes<br />

Castro dos Santos e Rebeca Pereira Cabral<br />

pela presença continente e competente nas<br />

longas horas de estudo; jovens talentos de<br />

comportamento responsável e ético, tão necessário<br />

nos settings de produção do conhecimento<br />

científico.<br />

Às minhas meninas, Ana Luiza e Marina,<br />

que com características e formas distintas inspiram<br />

sonhos e abastecem realizações. Amores<br />

definitivos!<br />

Aos meus mestres e modelos Olavo de Faria<br />

Galvão, Marcelo Galvão Baptista e Lúcia<br />

Medeiros, que sempre foram extremamente<br />

hábeis em dispor contingências para o meu<br />

aprendizado de Análise do Comportamento, reforçando<br />

positivamente minha formação como<br />

docente e pesquisadora.<br />

Minha eterna gratidão e reconhecimento.<br />

Obrigada a cada um de vocês!<br />

Lúcia Cavalcante<br />

6


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

LISTA DE GRÁFICOS<br />

Gráfico 1: Distribuição dos trabalhos localizados por ano ............................ 38<br />

Gráfico 2: Distribuição dos trabalhos localizados pelos quatro<br />

períodos de tempo analisados .......................................................................... 39<br />

Gráfico 3: Distribuição dos trabalhos localizados por Região Brasileira<br />

nos quatro períodos de tempo analisados ....................................................... 39<br />

Gráfico 4: Distribuição dos trabalhos localizados pelas instituições<br />

geradoras em cada um dos quatro períodos de tempo analisados ................ 41<br />

Gráfico 5: Distribuição dos trabalhos localizados por tipo de instituição<br />

geradora nas quatro Regiões Brasileiras em cada um dos quatro períodos<br />

de tempo analisados ......................................................................................... 42<br />

Gráfico 6: Distribuição dos trabalhos localizados por tipo de produção<br />

bibliográfica gerada nos quatro períodos de tempo analisados ................... 42<br />

Gráfico 7: Distribuição dos trabalhos localizados por número de autores<br />

em cada um dos quatro períodos de tempo analisados .................................. 43<br />

LISTA DE QUADROS<br />

Quadro 1: Lista de palavras-chave selecionadas para a revisão de<br />

literatura ............................................................................................................ 34<br />

Quadro 2: Número de trabalhos realizados e/ou orientados por nove<br />

pesquisadores identificados, distribuídos nos quatro períodos de tempo<br />

analisados ......................................................................................................... 44<br />

Quadro 3: Proporção do número de trabalhos obtidos sobre o número de<br />

trabalhos localizados nos quatro períodos de tempo analisados ................. 47<br />

Quadro 4: Dificuldades relatadas pelos sujeitos para o seguimento da<br />

1ª etapa do programa desenvolvido por Heller (1990) ................................... 75<br />

LISTA DE SIGLAS<br />

UNAMA = Universidade da Amazônia (Belém – PA)<br />

UFPA = Universidade Federal do Pará (Belém – PA)<br />

UFPR = Universidade Federal do Paraná (UFPR)<br />

UnB = Universidade de Brasília (Brasília – DF)<br />

UCG = Universidade Católica de Goiás (Goiânia – GO)<br />

7


Universidade da Amazônia<br />

USP = Universidade de São Paulo (São Paulo – SP)<br />

PUCCAMP = Pontífice Universidade Católica de Campinas (Campinas – SP)<br />

UNICOR = Universidade Vale do Rio Verde (Três Corações – MG)<br />

UEL = Universidade Estadual de Londrina (Londrina – PR)<br />

UNIPAR = Universidade Paranaense (Curitiba – PR)<br />

CESUMAR = Centro de Ensino Superior de Maringá (Maringá – PR)<br />

PUCRG = Pontífice Universidade Católica do Rio Grande do Sul<br />

(Porto Alegre – RS)<br />

8


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

SUMÁRIO<br />

APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 10<br />

PREFÁCIO ............................................................................................................ 12<br />

CAPÍTULO 1: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................... 15<br />

1.1 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO: compreendendo a relação<br />

organismo-ambiente .......................................................................................... 16<br />

1.2 UM POUCO DA HISTÓRIA DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO NO BRASIL .. 24<br />

1.3 O QUE VEM A SER OBESIDADE? .................................................................... 25<br />

1.4 OBESIDADE SOB A PERSPECTIVA DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO .......... 28<br />

CAPÍTULO 2: PERCURSO METODOLÓGICO ......................................................... 32<br />

2.1 A PESQUISA “ESTADO DA ARTE” .................................................................... 33<br />

2.2 RELATANDO O CAMINHO ............................................................................... 34<br />

2.2.1 A localização dos trabalhos ........................................................................ 34<br />

2.2.2 Leitura, identificação e caracterização ...................................................... 35<br />

2.2.3 Análise dos resultados .............................................................................. 36<br />

CAPÍTULO 3: DADOS E ANÁLISE QUANTITATIVA ................................................ 37<br />

CAPÍTULO 4: DADOS E ANÁLISE QUALITATIVA ................................................... 46<br />

4.1 A PESQUISA NA DÉCADA DE 70 ..................................................................... 48<br />

4.2 A PESQUISA NA DÉCADA DE 80 ..................................................................... 61<br />

4.3 A PESQUISA NA DÉCADA DE 90 ..................................................................... 84<br />

4.4 A PESQUISA NOS ANOS DE 2001 A 2004 ...................................................... 96<br />

À GUISA DA CONCLUSÃO ................................................................................. 129<br />

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 134<br />

ANEXOS E APÊNDICE ........................................................................................ 147<br />

9


Universidade da Amazônia<br />

APRESENTAÇÃO<br />

Adentrar as teceduras de um grave problema de saúde pública<br />

como a Obesidade que, democraticamente, atinge em todos os<br />

continentes pessoas de todas as faixas etárias, sexos e classes<br />

sociais, não é tarefa simples, muito menos deve ser levada a efeito por<br />

uma só ciência.<br />

No entanto, tão importante quanto pesquisar, elaborar e aplicar<br />

estratégias interdisciplinares de enfrentamento ao problema, são os<br />

investimentos de cada ciência na construção crítica e reflexiva de uma<br />

espécie de autodiagnóstico acerca de sua produção científica sobre a<br />

questão. O que se produziu? Como foi feito? Por quem? Com que grupo<br />

de indivíduos? Sob que condições? São perguntas fundamentais para<br />

compreender não apenas o fenômeno, mas as características do conhecimento<br />

produzido sobre ele. Se é verdade que o conhecimento científico<br />

deve animar as iniciativas racionais de modificações da realidade,<br />

tão verdadeiro também é o fato de que este conhecimento é obtido de<br />

forma processual e deve ser permanentemente revisto.<br />

Nos últimos anos tem crescido o contingente de cientistas interessados<br />

em realizar “Estados da Arte”, revisões do conhecimento<br />

científico que não apenas historiam, mas, sobretudo, indicam caminhos<br />

para a consolidação de teorias explicativas sobre determinados<br />

temas de pesquisa. Ganha a ciência, pois toma consciência de si, ganham<br />

os profissionais que configuram responsavelmente suas intervenções<br />

no conhecimento científico e, por fim, ganha a população<br />

afetada direta e indiretamente, na medida em que passa a contar com<br />

intervenções tecidas com um arsenal de conhecimentos permanentemente<br />

refletidos.<br />

A Psicologia faz parte do rol das ciências que toma a Obesidade<br />

como objeto de estudo, é bem verdade que por suas características esta<br />

ciência não lança um único olhar sobre o mesmo, é possível identificar<br />

diferentes atitudes epistemológicas nas investigações, o que gera, naturalmente,<br />

compreensões diversas sobre o fenômeno.<br />

Dentre estes olhares encontramos a Análise do Comportamento,<br />

um campo de estudos e pesquisas da Psicologia proposto por B. F.<br />

Skinner na década de 30 nos Estados Unidos, que se caracteriza pela<br />

investigação da relação organismo-ambiente sob uma perspectiva ex-<br />

10


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

ternalista, julgando que o comportamento dos indivíduos não é determinado<br />

por motivações internas, mas pela sua história de relação com o<br />

ambiente físico e social.<br />

Os primeiros estudos realizados pela Análise do Comportamento<br />

sobre a Obesidade ocorreram na década de 60, após o estudo pioneiro<br />

de Ferster, Nurnberger e Levitt (1962). Dez anos depois, a defesa da<br />

tese de doutorado de Rachel Kerbauy, no Instituto de Psicologia da Universidade<br />

de São Paulo, deu início a estas investigações em território<br />

nacional. Há mais de três décadas, Analistas de Comportamento brasileiros<br />

vêm em maior ou menor intensidade investigando a Obesidade,<br />

construindo um acervo de conhecimentos significativos, eleito como<br />

objeto de estudo deste trabalho.<br />

Historiar, sintetizar e analisar esta produção foram nossas metas.<br />

A pesquisa de caráter bibliográfico, conhecida como “Estado da Arte”<br />

ou “Estado do Conhecimento”, o nosso caminho. Os resultados geraram<br />

um catálogo com as produções por ano, objeto de análise quantitativa.<br />

Parte destas produções foi obtida e tornou-se objeto de uma análise<br />

qualitativa. Ao final, foi possível esboçar uma espécie de raio x da produção<br />

brasileira entre os anos de 1972 a 2004, apresentado no decorrer<br />

deste texto dividido em cinco capítulos. Embora seja desejável a leitura<br />

contínua do texto, é possível que os iniciados em Análise do Comportamento<br />

prescindam da leitura do Capítulo 1, uma vez que o conteúdo<br />

apenas faz uma apresentação didática da Obesidade e da Análise do<br />

Comportamento. Desta forma, é possível iniciar a leitura pelo Capítulo<br />

2, sem prejuízo à compreensão do trabalho.<br />

Esperamos que este texto possa, muito mais que responder questões,<br />

provocar perguntas que incitem a realização de novas pesquisas, abastecendo<br />

de razões os Analistas do Comportamento interessados em compreender<br />

a complexa relação entre comportamento, saúde e doença.<br />

Lúcia Cristina Cavalcante<br />

11


Universidade da Amazônia<br />

PREFÁCIO<br />

Recentemente, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica<br />

(SBCBM) divulgou resultados de uma pesquisa indicando<br />

que mais da metade (51%) da população brasileira está acima de<br />

seu peso ideal. Entre os jovens de 18 a 25 anos, a incidência corresponde<br />

a 66%, sugerindo que, caso não sejam tomadas medidas preventivas,<br />

já nas próximas décadas, o Brasil precisará dispensar elevados recursos<br />

financeiros com o tratamento e as consequências sociais de doenças<br />

associadas ao excesso de peso como diabetes e cardiopatias. Mais<br />

alarmante ainda, esta pesquisa revela que 3% da população brasileira<br />

pode ser incluída na classe de obesidade mórbida.<br />

Há décadas, a obesidade tem sido objeto de estudo de diversos<br />

campos do conhecimento científico. No caso das ciências do comportamento,<br />

como a Psicologia e em particular a Análise do Comportamento<br />

(AC), o interesse tornou-se crescente a partir da constatação<br />

de que a obesidade apresenta etiologia multifatorial e suas consequências<br />

afetam a qualidade de vida do indivíduo, de seu grupo familiar,<br />

ocupacional e social.<br />

A Análise do Comportamento não estuda a obesidade em si,<br />

mas as relações entre o indivíduo com obesidade e seu ambiente, identificando<br />

a função que o comportamento alimentar adquiriu para este<br />

indivíduo a ponto de fazer com que o mesmo continue a executá-lo em<br />

excesso, a despeito das consequências adversas. Desse modo, a AC se<br />

destaca como um promissor modelo teórico e metodológico para o estudo<br />

da obesidade, o que vem a ser demonstrado neste trabalho realizado<br />

por Lúcia Cristina Cavalcante, professora e pesquisadora da Universidade<br />

da Amazônia (UNAMA).<br />

Este livro apresenta uma organização do conhecimento produzido<br />

na área, isto é, o seu “estado da arte”. É o principal produto da<br />

pesquisa realizada pela autora com o objetivo de “historiar, sintetizar e<br />

analisar a produção científica sobre obesidade realizada por analistas<br />

do comportamento no Brasil – uma espécie de raio X da produção brasileira<br />

entre os anos de 1972 a 2004”.<br />

O livro está dividido em cinco capítulos. Nos dois primeiros, a<br />

autora apresenta a fundamentação teórica e o percurso metodológico<br />

de coleta e de análise do material bibliográfico localizado. No terceiro<br />

12


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

capítulo, é apresentada uma análise quantitativa dos 78 estudos selecionados,<br />

por meio da qual se observa o crescente interesse de analistas<br />

do comportamento brasileiros, destacando-se o maior volume de pesquisas<br />

realizadas nos primeiros anos do século XXI. Nesta análise, a<br />

autora considera o número e o tipo de estudo por ano, por década e por<br />

autor, e também as regiões geográficas brasileiras nas quais os trabalhos<br />

foram realizados.<br />

No quarto capítulo, o mais extenso, a autora apresenta cuidadosa<br />

análise qualitativa de 21 pesquisas realizadas em 33 anos de produção,<br />

organizadas em quatro categorias (década de 70, década de 80,<br />

década de 90 e anos 2001 a 2004), por meio da qual são analisados aspectos<br />

como: delineamento utilizado, participantes, principais resultados<br />

obtidos e questões conceituais mais exploradas, sob uma perspectiva<br />

histórica. Muito interessante a forma que a autora elegeu para a<br />

apresentação dos estudos, iniciando com um resumo do trabalho, seguido<br />

de uma análise do mesmo e ao final, fazendo uma síntese da<br />

produção do autor. A cada apresentação do grupo de estudos, a autora<br />

justifica os critérios utilizados para a seleção dos mesmos, orientando o<br />

leitor sobre o modo de fazer uma pesquisa bibliográfica.<br />

No quinto capítulo, a autora tece importantes conclusões sobre<br />

os resultados encontrados, fazendo, como boa pesquisadora, importantes<br />

comentários e sugestões para estudos futuros. Desse modo, permite<br />

um salto qualitativo para os pesquisadores da área, ao organizar o<br />

conjunto de trabalhos já realizados por analistas do comportamento<br />

brasileiros apontando caminhos a serem seguidos.<br />

Para complementar, a autora anexa a lista de todos os trabalhos<br />

localizados, como um catálogo, oferecendo ao leitor uma preciosa ferramenta<br />

para estudo.<br />

Os resultados apontam a carência de estudos nas Regiões Norte<br />

e Nordeste, sugerindo a necessidade de incentivos à pesquisa nestas<br />

regiões. A autora também destaca o importante papel das instituições<br />

de ensino superior na realização de pesquisas.<br />

Cabe ainda algumas considerações sobre o percurso realizado<br />

pela profa. Lúcia como docente e pesquisadora. Formada em Bacharelado<br />

em Psicologia pela Universidade Federal do Pará, concluiu o curso<br />

de mestrado no programa de pós-graduação em Psicologia: Teoria<br />

e Pesquisa do Comportamento, também pela UFPA, com dissertação<br />

realizada sob a orientação do Prof. Dr. Olavo Galvão. Em 1997 iniciou<br />

suas atividades como docente na Universidade da Amazônia. Atual-<br />

13


Universidade da Amazônia<br />

mente, é Professora Adjunto VI nesta instituição de ensino superior,<br />

orienta trabalhos de iniciação científica e de conclusão de cursos de<br />

graduação e de pós-graduação, além de ministrar disciplinas em cursos<br />

da área de educação (Pedagogia) e de saúde (Psicologia, Fisioterapia<br />

e Fonoaudiologia).<br />

Iniciou sua vida acadêmica realizando estudos sobre aprendizagem<br />

e desempenho acadêmico, ampliando-os para estudos sobre controle<br />

aversivo e, mais recentemente, tem se dedicado a estudar o comportamento<br />

alimentar de indivíduos com obesidade seguindo o modelo<br />

analítico-comportamental. Vários de seus trabalhos foram apresentados<br />

em eventos científicos locais e nacionais.<br />

Espera-se que, ao final da leitura deste livro, outro objetivo apontado<br />

pela autora seja alcançado: “mais que responder perguntas, [ ]<br />

provocar perguntas que incitem a realização de novas pesquisas, abastecendo<br />

de razões os analistas do comportamento interessados em compreender<br />

a complexa relação entre comportamento, saúde e doença”.<br />

Profª. Drª. Eleonora Arnaud Pereira Ferreira<br />

Mestre e Doutora em Psicologia (UnB)<br />

Psicóloga e Professora Associada I da UFPA<br />

14


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

Capítulo 1<br />

FUNDAMENTAÇÃO<br />

TEÓRICA<br />

15


Universidade da Amazônia<br />

1.1 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO: compreendendo a relação organismo-ambiente<br />

A Análise do Comportamento é um campo de estudos e pesquisas<br />

da Psicologia, proposto por B. F. Skinner, inicialmente em 1938 com<br />

a obra The Behavior of organisms: an experimental analysis (MATOS,<br />

1990), que se caracteriza pela investigação do comportamento, fundamentada<br />

epistemologicamente no Behaviorismo Radical (BAUM, 1999;<br />

COSTA, M., 1997; MICHELETTO e SÉRIO, 1993; TODOROV, 1981, 1982;<br />

ANDERY e SÉRIO, 2001; SÉRIO, 1999).<br />

O Behaviorismo Radical, enquanto uma epistemologia, se configurou<br />

a partir das reflexões que Skinner desenvolveu sobre a visão de<br />

homem, o objeto de estudo e o modelo de ciência adotados pela Psicologia;<br />

refelxões estas nascidas de pesquisas realizadas pelo autor desde<br />

1931, quando iniciou seu doutoramento em Harvard, mas só explicitadas<br />

pela primeira vez em 1945, no artigo The operacional analysis of<br />

psichological terms (MATOS, 1990; TOURINHO, 1987).<br />

Para o Behaviorismo Radical, o homem é um ser ativo, sujeito<br />

de sua própria história, construída e reconstruída nas relações com o<br />

ambiente (SKINNER, 1957/1978 1 ; SKINNER, 1990; MACHADO, 1994). Com<br />

relação a esta concepção de homem, Micheletto e Sério (1993, p. 14)<br />

afirmam que:<br />

O homem constrói o mundo a sua volta, agindo sobre ele e,<br />

ao fazê-lo, está também se construindo. Não se absolutiza<br />

nem o homem, nem o mundo; nenhum dos elementos da<br />

relação tem autonomia. Supera-se, com isto, a concepção<br />

de que os fenômenos tenham uma existência por si<br />

mesmos... A cada relação obtém-se, como produto, um<br />

ambiente e um homem diferentes.<br />

Para compreender o homem, portanto, é necessário investigar a<br />

relação homem-mundo. Dito de outra forma, é necessário compreender<br />

seu comportamento, definido não apenas como a ação do homem no<br />

mundo, mas a relação/interação deste homem, visto como um organismo<br />

vivo, com seu ambiente presente e passado (SKINNER, 1953/2000;<br />

TODOROV, 1981, 1982; MATOS, 1999a; SANT‘ANNA, 2001). Cabe assinalar<br />

1<br />

O primeiro ano se refere à data de publicação original em língua inglesa. O segundo ano se refere à<br />

data da obra lida em língua portuguesa.<br />

16


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

o significado que o termo “ambiente” assume no Behaviorismo Radical:<br />

conjunto de condições ou circunstâncias que afetam o organismo e o<br />

fazem comportar-se (MATOS, 1999b). O ambiente, portanto, não se restringe<br />

apenas a eventos no meio físico, como alterações climáticas (ambiente<br />

físico) por exemplo, abarca também eventos sociais, ou seja, comportamentos<br />

de outros indivíduos da mesma espécie que afetam o indivíduo<br />

em análise. Eventos estes que, para Skinner (1953/2000), Todorov<br />

(1981) e Todorov (1982), constituem o ambiente social.<br />

Para fins de investigação, a Análise do Comportamento utiliza<br />

os conceitos estímulo e resposta para descrever o comportamento. Segundo<br />

Keller e Schoenfeld (1950/1973, p. 17), estímulo é “Uma parte, ou<br />

mudança em uma parte do ambiente”, já resposta é definida como “Uma<br />

parte, ou a mudança em uma parte, do comportamento”; não havendo<br />

sentido na utilização de um destes termos sem a referência ao outro.<br />

Micheletto e Sério (1993, p. 12) prosseguem afirmando ainda<br />

que o homem “... Não é uma natureza humana diferente dos demais<br />

fenômenos e nem contém em si duas naturezas distintas, o homem<br />

está submetido a leis universais e é passível de ser conhecido”.<br />

Desta forma, pode-se afirmar que o Behaviorismo Radical rejeita<br />

concepções dualistas de homem, rejeitando a ideia de um homem composto<br />

de uma natureza material (o corpo) e outra imaterial (a alma, o<br />

espírito, a mente). O homem é visto como um organismo vivo que possui<br />

apenas uma natureza: a física, que está submetida às mesmas leis que<br />

regem outros aspectos do universo (CHIESA, 1994). Esta interpretação<br />

leva o Behaviorismo Radical a ser considerado uma abordagem monista.<br />

Por conta disso, estímulos e respostas acessíveis de modo direto<br />

apenas ao próprio indivíduo, circunscritos no “mundo-dentro-dapele”,<br />

como sensações e pensamentos, não têm nenhuma natureza<br />

especial diferenciada dos estímulos e respostas públicas, diferindo dos<br />

últimos apenas pela questão do acesso à observação. Estes estímulos e<br />

respostas são denominados de eventos privados (SKINNER, 1953/2000,<br />

1974/1993; LAMPREIA, 1996; TOURINHO, 1999; SIMONASSI, TOURINHO e<br />

SILVA, 2001; TEIXEIRA, 2001; TOURINHO, TEIXEIRA e MACIEL, 2002).<br />

Os eventos privados são vistos pelo Behaviorismo Radical como<br />

frutos da história de interação do organismo com o ambiente externo<br />

físico e/ou social, assim como os eventos públicos. Por conta disso, não<br />

têm existência independente, contrariando a visão de outras abordagens<br />

psicológicas que pressupõem o livre arbítrio e/ou o determinismo<br />

interno do comportamento (LAMPREIA, 1996). Desta forma, os eventos<br />

17


Universidade da Amazônia<br />

privados fazem parte da relação organismo-ambiente, mas não podem<br />

ser tomados, em última análise, como as causas do comportamento,<br />

que estariam no ambiente e que seriam as variáveis das quais o comportamento<br />

é função (SKINNER, 1953/2000, 1974/1993, 1969/1984, 1989/<br />

1991; CHIESA, 1994). Esta interpretação sobre a determinação do comportamento<br />

permite classificar o Behaviorismo Radical como uma abordagem<br />

externalista (TOURINHO, 1999).<br />

Outro aspecto que tem particular importância na compreensão<br />

do Behaviorismo Radical é a ênfase dada por Skinner em toda sua obra<br />

(1930-1990) às consequências das interações organismo-ambiente. O<br />

estabelecimento do conceito de comportamento operante em 1938 é<br />

um marco nesta direção dada à explicação do comportamento.<br />

Em estudos desenvolvidos em sua tese de doutorado, Skinner identificou<br />

um tipo de comportamento: o operante, que não poderia ser explicado<br />

pelos estudos até ali realizados, baseado na noção de comportamento<br />

reflexo ou respondente, desenvolvida por I. P. Pavlov.<br />

Skinner verificou, em observações experimentais, que as respostas<br />

do sujeito não poderiam ser explicadas pela presença de estímulos<br />

antecedentes eliciadores 2 , como vinha sendo feito nos estudos<br />

sobre comportamentos e reflexos. Os sujeitos ora respondiam na presença<br />

de um estímulo antecedente, ora não respondiam. As respostas<br />

dos sujeitos tinham sua frequência alterada pelas modificações produzidas<br />

no ambiente (estímulos ambientais consequentes). Este novo tipo<br />

de comportamento caracterizava-se pela sensibilidade às consequências<br />

(SKINNER, 1974/1993) e mantinha uma relação muito particular e<br />

bastante diferenciada com o estímulo ambiental antecedente: dependendo<br />

das consequências da resposta, a situação onde ela ocorria (estímulo<br />

ambiental antecedente) assumia um controle sobre a mesma.<br />

Este controle, denominado discriminativo, fazia com que aspectos desta<br />

situação funcionassem para o sujeito como “dicas”, indicativo da probabilidade<br />

de certos tipos de consequências serem apresentadas para<br />

aquela resposta. Skinner (1953/2000) passa a se referir ao comportamento<br />

operante como uma relação do tipo resposta-estímulo (R-S 3 ),<br />

em contraste à relação do tipo estímulo-resposta (S-R) presente no comportamento<br />

respondente.<br />

2<br />

Eliciar é o termo técnico usado para se referir à função de provocar uma resposta reflexa que<br />

estímulos possuem, quando apresentados a um organismo, a exemplo da comida na boca (estímulo<br />

eliciador) que gera salivação (respondente). A relação S-R é denominada reflexo ou comportamento<br />

respondente.<br />

3<br />

S do inglês stimulus e R do inglês response.<br />

18


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

É importante destacar que o advento deste novo conceito não<br />

excluiu do campo da Análise do Comportamento as dimensões comportamentais<br />

que podem ser explicadas a partir do conceito de comportamento<br />

respondente, uma vez que os estímulos apresentados como<br />

consequência para um operante (R-S) eliciam, sem dúvida, respondentes<br />

no organismo (S-R). A diferenciação entre eles, operante e respondente,<br />

se justifica pela especificidade da interação apresentada em cada<br />

um, especialmente no que tange à ação do sujeito e é muito útil para<br />

efeito de análise comportamental. A partir da proposição do conceito<br />

de comportamento operante, Skinner (1969/1984) passa a analisar a interação<br />

organismo-ambiente utilizando o conceito de contingência.<br />

Contingências são enunciados do tipo “se..., então....” que descrevem<br />

relações entre eventos (SOUZA, 1999). Um exemplo de contingência<br />

presente no comportamento respondente seria: “se a luz apagar (estímulo<br />

eliciador), então a pupila irá imediatamente se contrair (respondente)”<br />

ou esquematicamente apenas S-R.<br />

A Análise do Comportamento a partir do estabelecimento do<br />

conceito de operante passou a empregar a contingência tríplice: S-R-S,<br />

ou seja, estímulo ambiental antecedente-resposta-estímulo ambiental<br />

consequente, para identificar as variáveis das quais o comportamento<br />

é função. Este método de Análise do Comportamento é denominado<br />

análise funcional (TODOROV, 1981, 1982, 1985; COSTA e MARINHO, 2002).<br />

A importância atribuída às consequências no comportamento<br />

operante desencadeou uma série de estudos que culminaram com a<br />

identificação de dois tipos de operações que ocorrem na relação organismo-ambiente,<br />

e interferem na frequência e probabilidade de ocorrência<br />

de um comportamento: a punição e o reforçamento.<br />

A punição é uma operação que consiste na apresentação de um<br />

estímulo ambiental consequente que diminui a frequência e probabilidade<br />

de ocorrência das respostas que o produzem. Estes estímulos são<br />

denominados estímulos aversivos (SKINNER, 1953/2000).<br />

Estudos mostraram que esta operação, infelizmente muito usada<br />

nas relações humanas, tem apenas eficácia parcial na diminuição da<br />

frequência do comportamento, uma vez que os indivíduos tendem a<br />

não emitir a resposta na presença do agente punitivo, mas na sua ausência<br />

podem voltar a apresentar o comportamento, que em muitos<br />

casos se apresenta em uma frequência ainda maior que a original.<br />

Outros estudos, a exemplo de Sidman (1989/1995), que avaliaram<br />

os subprodutos da punição apontam como correlatos da exposição<br />

19


Universidade da Amazônia<br />

sistemática a situações punitivas: o desenvolvimento de alterações orgânicas<br />

como taquicardia, tremores periféricos, aumento da sudorese,<br />

úlceras, medo, ansiedade, depressão, fobias, dentre outros. Tais efeitos<br />

fizeram Skinner (1953/2000) propor alternativas à punição para obter<br />

a redução da frequência de um comportamento, sendo a principal<br />

delas a extinção, que se caracteriza pela retirada do evento ambiental<br />

consequente à resposta com alta frequência.<br />

A segunda operação estudada pela Análise do Comportamento<br />

é o reforçamento. Reforçamento é definido como uma operação na<br />

qual um estímulo ambiental apresentado contingentemente a uma resposta,<br />

aumenta a frequência e probabilidade de ocorrência futura da<br />

mesma (SKINNER, 1953/2000, 1969/1984; HALL, 1975).<br />

As pesquisas da Análise do Comportamento mostraram que existem<br />

basicamente dois tipos de reforço: reforço positivo e reforço negativo.<br />

A diferença básica entre eles está no fato de que, no reforço positivo<br />

o que aumenta a frequência e probabilidade de ocorrência do comportamento<br />

é a apresentação de um estímulo contingente à resposta,<br />

enquanto que, no reforço negativo, o que aumenta a frequência e probabilidade<br />

de ocorrência do comportamento é a retirada de um estímulo<br />

aversivo ou a evitação do contato com o referido estímulo.<br />

Os estudos sobre o reforço positivo realizados pela Análise do<br />

Comportamento indicaram como fatores críticos para o estabelecimento<br />

de uma contingência de reforço: 1) o tempo entre a resposta e a<br />

conseqüência e; 2) o esquema de administração da consequência, que<br />

pode ser feita de forma contínua, intermitente, dentre outras variações<br />

e combinações possíveis (MACHADO, 1980, 1986).<br />

Vários autores estudaram os efeitos do reforço negativo. Em geral,<br />

estes estudos são realizados em associação com estudos acerca da punição.<br />

Tais estudos classificaram os comportamentos reforçados negativamente<br />

como fuga e esquiva. Na fuga, a resposta é reforçada pela retirada do estímulo<br />

aversivo e na esquiva a resposta é reforçada por evitar ou adiar o<br />

contato do indivíduo com a estimulação aversiva (SIDMAN, 1989/1995).<br />

Embora, haja uma franca defesa nos textos de Skinner e Sidman dos<br />

benefícios de estabelecer comportamentos via reforçamento positivo, estudos<br />

recentes têm problematizado esta questão, uma vez que muitos comportamentos<br />

instalados e mantidos por reforço positivo imediato têm consequências<br />

futuras altamente aversivas. Um exemplo disso, pode ser o comportamento<br />

de comer em excesso, para o qual existe reforço imediato. Esta<br />

discussão leva com que se iniciem reflexões sobre as consequências do uso<br />

20


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

indiscriminado do reforçamento positivo. Somado a isso, é possível pensar<br />

que a situação de punição também se apresenta como uma oportunidade de<br />

ampliação de repertório, uma vez que os indivíduos passam a apresentar<br />

comportamentos alternativos ao punido, estabelecendo outras formas de se<br />

relacionar com seu ambiente (PERONE, 2003). Longe de defender a utilização<br />

de punição, a análise de quadros como a Obesidade pode servir de incentivo<br />

à pesquisa sobre os malefícios da disponibilização de reforçamento positivo<br />

e consequente fortalecimento de comportamentos incompatíveis com a saúde.<br />

Aprofundaremos esta questão mais à frente.<br />

A proposição do conceito de operante e a identificação da operação<br />

de reforçamento fizeram com que Skinner (1989/1991) apresentasse<br />

a seguinte questão: “Por que o reforço reforça?”. Na ânsia por responder<br />

esta questão, Skinner foi buscar o mecanismo de seleção natural proposto<br />

por Darwin para a evolução das espécies e elaborou o modelo de seleção<br />

pelas consequências, em 1981. Este modelo propõe que a seleção não<br />

atuaria somente na variabilidade anatômica e fisiológica exibida pelos<br />

indivíduos, mas também na variabilidade comportamental. O comportamento<br />

de um indivíduo seria resultado de contingências filogenéticas<br />

(atuando no nível das espécies), de contingências ontogenéticas (atuando<br />

no nível dos repertórios comportamentais individuais) e de contingências<br />

culturais (atuando no nível das práticas grupais) (SKINNER, 1969/<br />

1984; MACHADO, 1994; NELSON, 1998; ANDERY, 1999; MICHELETTO, 1999).<br />

Acerca da Seleção pelas consequências no nível filogenético,<br />

Matos (1990) afirma que:<br />

... A modificação ocorre na reserva genética da espécie e é<br />

assim transmitida pelos indivíduos que, consequentemente,<br />

sobrevivem. Em nível comportamental, esses indivíduos tornam-se<br />

sensíveis a diferentes tipos e/ou níveis de estimulação,<br />

apresentam posturas típicas, sequências reflexas etc.<br />

Desta forma, é possível entender porque alguns estímulos consequentes<br />

ao comportamento têm o poder de aumentar a frequência e<br />

probabilidade de ocorrência do mesmo, tais como: água e alimento.<br />

Eles adquirem seu poder reforçador pelos efeitos que produzem no<br />

organismo. A estes estímulos denominamos reforçadores primários<br />

(SKINNER, 1953/2000, 1989/1991).<br />

No entanto, Skinner (1953/2000), evocando o segundo e terceiro<br />

nível de seleção: a ontogênese e a cultura, identifica outros estímulos<br />

consequentes que adquiriam o status de reforçadores pelo pareamen-<br />

21


Universidade da Amazônia<br />

to 4 ocorrido durante a história de vida do indivíduo com um ou mais<br />

reforçadores primários. Estes estímulos serão denominados reforçadores<br />

condicionados e reforçadores generalizados, respectivamente.<br />

Ao analisar o comportamento é necessário considerar os três níveis<br />

de seleção. No entanto, pelas próprias características da ciência que<br />

preconiza a eleição de um nível de análise ou ainda um recorte para configurar<br />

o caminho de investigação de um aspecto da realidade, Skinner<br />

(1990) propõe que a Análise do Comportamento investigue o comportamento<br />

a partir das interações organismo-ambiente que se dão no nível<br />

ontogenético (na história pessoal de cada indivíduo), acreditando que<br />

neste nível se façam presentes os dois outros níveis de determinação do<br />

comportamento: o filogenético e o cultural.<br />

Por conta desta eleição para a compreensão do processo de determinação<br />

do comportamento, uma das críticas mais frequentemente feitas ao<br />

Behaviorismo Radical (e por extensão à Análise do Comportamento) é que o<br />

homem seria tomado como um autômato e que não existiria a possibilidade<br />

de um indivíduo comandar sua própria vida. A exposição feita acima, ainda<br />

que pontual e sumarizada, impossibilita a confirmação desta crítica.<br />

A elaboração do conceito de autocontrole por Skinner (1953/2000),<br />

como controle ambiental exercido pelo próprio indivíduo, a partir da análise<br />

das contingências às quais seu comportamento é função (autoconhecimento),<br />

que lhe possibilita apresentar respostas (respostas controladoras)<br />

para diminuir a frequência de alguns comportamentos e/ou aumentar<br />

a frequência de outros (respostas controladas); descaracteriza a<br />

crítica de automação humana frequentemente feita ao Behaviorismo<br />

Radical, muito difundida no meio acadêmico (SKINNER, 1974/1993; FRAN-<br />

ÇA, 1997; CARRARA, 1998; RODRIGUES, 1999; WEBER, 2002).<br />

Em geral, o autocontrole é requerido em que existam contingências<br />

conflitantes. Na maioria das vezes, as consequências reforçadoras<br />

são apresentadas primeiramente que as consequências aversivas,<br />

mantendo a frequência e a probabilidade de ocorrência da resposta<br />

em níveis altos, gerando um controle competitivo (KERBAUY, 2000).<br />

Um exemplo de controle competitivo e dos prejuízos que este pode<br />

causar ao indivíduo pode ser observado no consumo de drogas (SILVA,<br />

GUERRA, GONÇALVES e GARCIA-MIJARES, 2001) e na Obesidade (KER-<br />

BAUY, 1972, 1977).<br />

4<br />

Pareamento ou emparelhamento de estímulos é o procedimento pelo qual um estímulo previamente<br />

neutro em relação a um respondente, adquire a função de eliciá-lo, após ter sido apresentado<br />

conjuntamente com o estímulo que originalmente eliciava o respondente em questão (SKINNER,<br />

1953/2000).<br />

22


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

Para Hanna e Todorov (2002, p. 338) os seguintes aspectos fazem<br />

parte da análise comportamental do autocontrole:<br />

1. Trata-se de uma contingência ou uma combinação de<br />

contingências com duas conseqüências para uma mesma<br />

resposta – reforçamento e punição – esta resposta é chamada<br />

por ele de controlada (Rc);<br />

2. Envolve uma história individual onde ocorre o estabelecimento<br />

de propriedades aversivas para o comportamento<br />

controlado, idéia esta derivada da afirmação de que respostas<br />

que reduzem a probabilidade deste comportamento<br />

podem ser fortalecidas;<br />

3. Faz parte da contingência um segundo comportamento –<br />

chamado por ele de controlador (Rc 1 ) – que muda algum<br />

aspecto que compõe as condições ambientais e altera a<br />

probabilidade da resposta controlada;<br />

4. As mudanças na contingência do comportamento controlado<br />

produzidas pelo comportamento controlador podem:<br />

(a) reduzir/aumentar a intensidade de estímulos eliciadores<br />

ou aversivos; (b) produzir/retirar estímulos discriminativos;<br />

(c) modificar a motivação através da criação de operações<br />

estabelecedoras (emoção, drogas); (d) tornar reforçadores/punidores<br />

altamente prováveis ou improváveis; ou<br />

(e) desenvolver alternativas comportamentais que não<br />

impliquem punição.<br />

Os autores concluem que “Em qualquer desses casos, a mudança<br />

produzida pelo comportamento controlador somente alterará a probabilidade<br />

desse comportamento, se a probabilidade do comportamento<br />

controlado for alterada” (HANNA e TODOROV, 2002, p. 338). Sendo<br />

assim, é importante planejar contingências reforçadoras imediatas para<br />

a resposta controladora, de forma a permitir seu fortalecimento.<br />

Em resumo, podemos perceber neste item, que a Análise do<br />

Comportamento considera o comportamento como uma relação entre<br />

organismo e ambiente, que é construída e mantida ao longo de uma<br />

história de vida. Embora cada indivíduo tenha traçado uma caminhada<br />

peculiar, os processos que permeiam esta relação são plenamente acessíveis<br />

à análise científica, o que permite o estabelecimento de estratégias<br />

de modificação baseadas, sobretudo, na compreensão da função<br />

que o comportamento tem no ambiente e nos limites e possibilidades<br />

do repertório comportamental de cada indivíduo.<br />

23


Universidade da Amazônia<br />

1.2 UM POUCO DA HISTÓRIA DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO NO<br />

BRASIL<br />

Apesar da Psicologia, como área de conhecimento, ter se feito<br />

presente nos escritos brasileiros desde a época do Brasil Colônia (MAS-<br />

SIMI, 1987; MASSIMI, 1990; ANTUNES, 2001), a Análise do Comportamento<br />

chegou ao Brasil apenas em 1961, com as aulas do Prof. Fred<br />

Keller na USP (primeira graduação em Psicologia a surgir no Brasil). O<br />

processo de desenvolvimento inicial dessa área do conhecimento psicológico<br />

é mais bem descrito por Matos (1996; 1998).<br />

Durante um significativo período de tempo, as pesquisas estiveram<br />

concentradas em princípios básicos do comportamento, investigados<br />

por meio de experimentos com animais infra-humanos. Outro<br />

campo que mereceu investimento inicial foi a área da Educação, com as<br />

investigações sobre programação de ensino.<br />

A partir de 1964, as contingências criadas a partir da instalação<br />

da ditadura militar, fizeram com que a Análise do Comportamento no<br />

Brasil fosse, por muitos anos, um sinônimo de Psicologia Experimental,<br />

área que sofria menor controle coercitivo do Estado. Desta forma, excetuando-se<br />

a área da Educação, a ampliação das pesquisas para áreas<br />

tradicionais como a área da Saúde se deu de forma mais lenta, o que<br />

veio a ocorrer no início da década de 80, em tese defendida na pósgraduação<br />

do Instituto de Psicologia da USP sobre o tema “Autocontrole<br />

do comportamento alimentar” (KERBAUY, 1972).<br />

Além da questão relativa aos campos de pesquisa explorados,<br />

Matos (1998) nos chama a atenção para a concentração da formação dos<br />

primeiros Analistas do Comportamento. Para a autora, esta concentração<br />

se deu no eixo Sul-Sudeste, com exceção do Estado da Pará:<br />

Um sólido curso de pós-graduação, com uma forte ênfase<br />

em Análise do Comportamento, existia na Universidade de<br />

São Paulo desde 1970. Outros foram criados, na Pontifícia<br />

Universidade Católica de Campinas, SP, em 1972, e na<br />

Universidade de Brasília, em 1974. Um excelente mestrado<br />

em Educação Especial passou a ser oferecido na<br />

Universidade Federal de São Carlos, SP, a partir de 1980, e<br />

um mestrado em Análise Comportamental passou a ser<br />

oferecido na Universidade Federal do Pará em 1987. Cursos<br />

de especialização em Análise do Comportamento passaram<br />

a ser oferecidos regularmente na Universidade Estadual<br />

de Londrina, PR, e na Universidade de Caxias do Sul, RS.<br />

24


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

Há poucos dados sobre a migração dos Analistas do Comportamento<br />

para outras regiões do país, mas a análise dos programas de concurso<br />

para as Universidades Federais revela que a seleção de tópicos<br />

circunscritos à Análise do Comportamento iniciou-se em meados da<br />

década de 90. É preciso lembrar, no entanto, que na Região Nordeste já<br />

há grupos de pesquisa consolidados e que a presença da Análise do<br />

Comportamento vem se tornando forte, em áreas como a Psicologia<br />

Clínica e Escolar.<br />

1.3 O QUE VEM A SER OBESIDADE?<br />

A Obesidade é uma doença crônica de etiologia multifatorial,<br />

que se caracteriza pelo acúmulo anormal ou excessivo de gordura no<br />

organismo sob a forma de tecido adiposo (ADES e KERBAUY, 2002; AL-<br />

MEIDA, LOUREIRO e SANTOS, 2002; SEGAL e FANDIÑO, 2002).<br />

O Índice de Massa Corporal (IMC) 5 tem sido o método de referência<br />

para o diagnóstico da Obesidade, adotado como parâmetro por<br />

organismos internacionais, a exemplo da Organização Mundial da Saúde<br />

(OMS), para estimar a prevalência deste distúrbio na população (DO-<br />

BROW, KAMENETZ e DEVLIN, 2002). Tal índice estabelece basicamente<br />

duas categorias para descrever a condição de um indivíduo que está<br />

acima do peso corporal considerado normal: o Sobrepeso e a Obesidade.<br />

O sobrepeso é caracterizado quando o cálculo do IMC resulta em<br />

índice que varia de 25 a 29,9 Kg/m 2 . A Obesidade é caracterizada quando<br />

o cálculo do IMC atinge índices de 30 a 34,9 Kg/m 2 . A Obesidade<br />

mórbida é aferida quando o índice do IMC ultrapassa 35 Kg/m 2 , nesta<br />

condição o indivíduo já excede o peso normal em mais de 40% (DAMIA-<br />

NI, DAMIANI e OLIVEIRA, 2002).<br />

Outros autores alertam para as limitações do IMC, já que ele<br />

não permite visualizar, por exemplo, a distribuição do tecido adiposo<br />

excedente ao longo do corpo, fator comprovadamente relevante e correlacionado<br />

com algumas doenças associadas à Obesidade como o diabetes.<br />

Conforme Cuppari (2002, p.136), a Obesidade pode ser classificada<br />

em relação a forma de armazenamento e distribuição da gordura<br />

pelo corpo em três grupos:<br />

5<br />

Peso corporal em quilogramas dividido pelo quadrado da altura em metros quadrados.<br />

25


Universidade da Amazônia<br />

a) Obesidade andróide: também chamada troncular ou<br />

central, lembra o formato de uma maçã. Sua presença se<br />

relaciona com alto risco cardiovascular;<br />

b) Obesidade ginecóide: caracteriza-se por um depósito<br />

aumentado de gordura nos quadris, lembra o formato de<br />

uma pêra. Sua presença está relacionada com um risco<br />

maior de artroses e varizes;<br />

c) generalizada.<br />

A Obesidade e o Sobrepeso têm apresentado um aumento progressivo<br />

e significativo na população mundial nos últimos 40 anos, atingindo<br />

indistintamente crianças, adolescentes, adultos e idosos, não só<br />

nos países chamados desenvolvidos, mas também alcançando altos níveis<br />

de prevalência em países com baixos índices de desenvolvimento,<br />

a exemplo do que se observa na América Latina (CARVALHO, 2000; DA-<br />

MIANI, DAMIANI e OLIVEIRA, 2002), passando, assim, a se configurar<br />

como uma epidemia. No Brasil, as pesquisas apontam o mesmo avanço<br />

na prevalência da Obesidade, sendo caracterizado por alguns autores<br />

como uma transição epidemiológica, uma vez que o país contava com<br />

um alto índice de subnutridos e um baixo índice de obesos no início da<br />

década de 70, hoje conta com 40% de sua população obesa e apenas<br />

5,7% subnutrida (OLIVEIRA, 2000; NEVES, 2003).<br />

A Obesidade já é bem conhecida como fator de risco para patologias<br />

graves como o diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão, arteriosclerose,<br />

alguns tipos de câncer, problemas respiratórios e distúrbios<br />

reprodutivos em mulheres, dentre outros (GIGANTE, BARROS, POST e<br />

OLINTO, 1997; ADES e KERBAUY, 2002; ALMEIDA, LOUREIRO e SANTOS,<br />

2002; SEGAL e FANDIÑO, 2002; DAMIANI, DAMIANI e OLIVEIRA, 2002).<br />

No entanto, as alterações e as patologias orgânicas decorrentes<br />

da Obesidade, sobretudo a Obesidade mórbida, não expressam completamente<br />

o que este quadro pode ocasionar na vida de um indivíduo. Investigações<br />

têm indicado a relação entre Obesidade e baixa competência<br />

social 6 (BARBOSA, 2001), expressa em quadros de esquiva e retraimento<br />

social (KERBAUY, 1987) e dificuldades no estabelecimento de relacionamentos<br />

amorosos (ROCHA, ABDELNOR e VANETTA, 2001; ROCHA,<br />

ABDELNOR, VANETTA e SILVA, 2002), além de quadros de ansiedade e<br />

depressão (GONÇALVES e OLIVEIRA, 2003; DOBROW, KAMENETZ e DEV-<br />

6<br />

Competência social pode ser definida pela expressão de sentimentos, atitudes, desejos, opiniões e/<br />

ou direitos, adequada ao contexto situacional, respeitando-se igualmente a expressão destes mesmos<br />

comportamentos por outros indivíduos (BARBOSA, 2001; DEL PRETTE e DEL PRETTE, 1999).<br />

26


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

LIN, 2002), gerando consequências significativas para a autoimagem e<br />

autoestima dos indivíduos (ALMEIDA, LOUREIRO e SANTOS, 2002), prejudicando<br />

sua interação social e, consequentemente, sua qualidade de vida.<br />

Nos últimos anos, novos métodos têm sido construídos com vistas<br />

a realizar uma intervenção mais efetiva em quadros de excesso de<br />

peso. Em especial, nos casos de Obesidade mórbida, a cirurgia bariátrica<br />

tem sido indicada como um método eficaz para a redução de peso e<br />

sua manutenção em longo prazo (GARRIDO JÚNIOR, 2002; OLIVEIRA,<br />

LINARDI e AZEVEDO, 2004; BENEDETTI, 2003; FERRAZ et al, 2007).<br />

A cirurgia bariátrica pode ter caráter exclusivo ou restritivo e<br />

busca dificultar, com maior ou menor intensidade, a absorção de nutrientes.<br />

Essa intervenção cirúrgica pode ser dividida em procedimentos<br />

que: 1) limitam a capacidade gástrica, ou seja, cirurgias restritivas; 2)<br />

interferem na digestão (cirurgias disabsortivas) e; 3) uma combinação<br />

de ambas as técnicas, isto é, cirurgias mistas (MARQUES e GRAIM, 2004;<br />

QUADROS, HECKE e ORTELLADO, 2005).<br />

Um conjunto de critérios estabelecidos pela Federação Internacional<br />

para a Cirurgia da Obesidade e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia<br />

Bariátrica (SBCB) é adotado para a feitura da indicação do paciente<br />

para a realização da cirurgia bariátrica. Dentre eles estão: o paciente deve<br />

ser portador de Obesidade tipo III (Obesidade mórbida); não ter obtido<br />

sucesso em diversos tratamentos clínicos; apresentar comprometimento<br />

em sua saúde derivado da presença da Obesidade; ter risco cirúrgico aceitável;<br />

ter capacidade de compreender as implicações que a feitura da<br />

cirurgia irá gerar em termos de mudanças em seu estilo de vida.<br />

As principais contraindicação da cirurgia são a existência de distúrbios<br />

psiquiátricos, dependência química, alcoolismo, atraso mental,<br />

transtornos alimentares como a bulimia nervosa e resistência à mudança<br />

de atitude alimentar e comportamental. Além disso, não é aceitável a<br />

realização de cirurgias bariátricas em crianças, adolescentes, grávidas e<br />

pessoas com idade avançada; possuidores de varizes esofágicas, doenças<br />

imunológicas ou inflamatórias do trato superior; sujeitos com doença<br />

cardiopulmonar severa e descompensadora; que tenham quadros alérgicos<br />

exuberante e nunca tenham frequentado programa de tratamento<br />

para perda de peso, considerando a cirurgia bariátrica como tratamento<br />

de primeira escolha (CARREIRO e ZILBERSTEIN, 2004).<br />

Em alguns casos, é aceitável a realização de cirurgia bariátrica<br />

em pacientes com IMC em torno de 32 e 35, desde que seja atestada a<br />

presença de comorbidades ou tenham indicações formais do clínico,<br />

27


Universidade da Amazônia<br />

endocrinologista e psicólogo, uma vez que esses indivíduos encontramse<br />

com sua saúde extremamente debilitada e necessitam de melhora<br />

urgente na sua qualidade de vida (CARREIRO e ZILBERSTEIN, 2004).<br />

Os pacientes submetidos a esta cirurgia passam por um longo<br />

período de adaptação à nova condição gástrica, seguindo durante alguns<br />

meses uma sequência de passos para a reintrodução de alimentos e de<br />

atividade física. Por conta de sua história alimentar anterior, a literatura<br />

sobre o assunto ressalta que há necessidade da equipe responsável pela<br />

alimentação do paciente atentar para possíveis situações, nas quais o<br />

paciente poderá se sentir tentado a comer mais do que pode ou a ingerir<br />

alimentos que não são tidos como saudáveis. Um exemplo de situação<br />

perigosa é o fato de que geralmente o sujeito obeso come mais e pior<br />

(quanto à qualidade), no final de semana do que durante os dias da semana,<br />

e com frequência, justifica esse comportamento relatando que é<br />

mais comedido durante a semana para poder comer o que e o quanto<br />

desejam no sábado e no domingo (GARRIDO JÚNIOR, 2002).<br />

1.4 OBESIDADE SOB A PERSPECTIVA DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

A Psicologia, como ciência e profissão, tem tomado a Obesidade<br />

como foco de análise e intervenção. Entretanto, dadas as características<br />

deste domínio do conhecimento, há na ciência psicológica diferentes<br />

formas de compreender a Obesidade que geram diferentes formas<br />

de abordá-la, dentre elas, a Análise do Comportamento.<br />

A Análise do Comportamento tem desenvolvido pesquisas sobre<br />

o comportamento alimentar desde o estudo clássico de Ferster,<br />

Nurnberger e Levitt (1962). Estes estudos se caracterizam pela descrição<br />

e análise do comportamento alimentar, em termos da relação organismo-ambiente<br />

construída ao longo da história dos indivíduos, visando<br />

a identificar que condições ambientais (variáveis) instalaram e mantêm<br />

o padrão de comportamento observado e, desta forma, identificam<br />

a função do mesmo. Além da avaliação de métodos de intervenção<br />

para o estabelecimento de mudanças comportamentais e autocontrole<br />

do comportamento dos indivíduos obesos.<br />

Estes estudos, que inicialmente se desenvolviam dentro do<br />

ambiente controlado do laboratório (FERSTER, NUNRBERGER e LEVITT,<br />

1962; GOLDIAMOND, 1965), foram progressivamente estendidos para<br />

outros settings como hospitais e consultórios psicológicos (BARBOSA,<br />

2001, por exemplo).<br />

28


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

No Brasil, o primeiro estudo realizado a partir do referencial<br />

teórico e metodológico da Análise do Comportamento acerca do comportamento<br />

alimentar de obesos é de autoria de Kerbauy (1972), tese<br />

de doutorado em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP. Desde<br />

este estudo, vários pesquisadores têm investigado este tema sob o<br />

mesmo referencial, buscando construir conhecimentos científicos que,<br />

em última análise, orientem ações profiláticas e/ou terapêuticas. Sem<br />

dúvida, nestes mais de 30 anos de pesquisas brasileiras sobre o tema se<br />

construiu um arcabouço de conhecimentos considerável.<br />

Estes estudos levantaram questões acerca da função que o comportamento<br />

alimentar tem para o obeso, em outras palavras colocaram<br />

a necessidade de identificar o porquê de o indivíduo obeso apresentar<br />

um padrão de ingesta de alimento superior ao gasto de seu organismo<br />

(KERBAUY, 1988). Responder a esta pergunta, coerentemente com o referencial<br />

teórico assumido, passa necessariamente pela descrição e<br />

análise das contingências a que o indivíduo está exposto, ou seja, por<br />

uma análise funcional de seu comportamento.<br />

Estudos, como o de Silva, V. (2001), apontam que a carência de fontes<br />

de reforçamento positivo alternativas ao alimento no ambiente do indivíduo<br />

obeso, associada à história de exposição às contingências familiares, quando,<br />

principalmente na infância, o alimento é administrado em substituição a<br />

outros reforçadores como contato físico, atenção etc., são fatores relevantes<br />

para a instalação e manutenção do comportamento alimentar do obeso.<br />

Outros estudos, a exemplo de Kerbauy (1988) e Gonçalves e<br />

Oliveira (2003) _ este último, realizado por meio da coleta de dados<br />

clínicos de pacientes obesos com psicólogos comportamentais - têm<br />

apontado que o comportamento alimentar do obeso seria instalado<br />

e mantido também por reforçamento negativo. Em situações que o<br />

indivíduo tem contato com um estímulo pré-aversivo ou aversivo e<br />

não há a possibilidade da emissão de respostas de esquiva e/ou fuga,<br />

ocorre um padrão conjunto de produção de estados corporais (eventos<br />

privados) e supressão de comportamentos operantes (evento<br />

público) denominado ansiedade (TORRES, 2000; QUEIROZ e GUI-<br />

LHARD, 2001), o indivíduo obeso ingeriria alimento para, pelo menos<br />

momentaneamente, reduzir os estados corporais experimentados,<br />

reforçando negativamente o comportamento de ingerir alimentos<br />

nestas situações.<br />

É importante destacar que, coerentemente com a fundamentação<br />

epistemológica da Análise do Comportamento, a ansiedade em si<br />

29


Universidade da Amazônia<br />

não é tomada como causa do comportamento alimentar do obeso, mas<br />

a situação que a gerou. Nestes termos, a ansiedade é tão produto das<br />

contingências quanto o comportamento alimentar do obeso.<br />

Outros estudos avaliaram contingências presentes no ambiente<br />

social do obeso que podiam estar relacionadas ao padrão de ingestão de<br />

alimento apresentado. Estes estudos apontaram a oferta de alimentos e<br />

os padrões comportamentais presentes no ambiente familiar como variáveis<br />

que afetam a instalação do quadro de Obesidade. Estes mesmos<br />

estudos também relacionam estas variáveis com as dificuldades em seguir<br />

as prescrições de dieta alimentar, em realizar exercícios periodicamente<br />

e manter a perda de peso, obtida inclusive com o uso de medicamentos<br />

(ALBUQUERQUE e GOMES, 2002; ADES e KERBAUY, 2002). Estes<br />

estudos foram progressivamente fornecendo dados para uma área de<br />

investigação central da Psicologia da Saúde: a adesão ao tratamento (MA-<br />

LERBI, 2000; FERREIRA, 2001, ZANNON e ARRUDA, 2002, por exemplo).<br />

Outros estudos têm indicado que o indivíduo obeso é exposto a<br />

um conjunto de contingências sociais aversivas, como rejeição de colegas,<br />

por exemplo, que têm como reflexo dificuldades de estabelecimento<br />

de relacionamentos amorosos (ROCHA, ABDELNOR, VANETTA e SILVA,<br />

2002), retraimento social (KERBAUY, 1988), solidão, depressão e agressividade,<br />

em alguns casos (MULLER, 1999). O estudo de Barbosa (2001) ratifica<br />

a relação entre Obesidade e baixa competência social, uma vez que<br />

os dois adolescentes estudados apresentaram melhoras nas suas relações<br />

interpessoais à medida que foi se configurando a perda de peso. É<br />

preciso, no entanto, salientar que programas que usam apenas estratégias<br />

médicas, mesmo que evasivas, como a cirurgia bariátrica, apesar de<br />

produzirem perda de peso, não habilitam o indivíduo a lidar com sua<br />

nova situação (ADES e KERBAUY, 2002). Além disso, estes mesmos estudos<br />

apontam que programas que associam estratégias médicas a estratégias<br />

comportamentais são mais eficazes, uma vez que este tipo de intervenção<br />

amplia o repertório do indivíduo, em vários aspectos, inclusive no<br />

aspecto social, permitindo que ele aprenda a lidar com as novas contingências<br />

que se configurarão no seu ambiente daí para frente. Esta constatação<br />

resultou em uma outra série de estudos que visou a construção de<br />

programas de redução de peso que abarquem estes dois tipos de estratégias,<br />

por exemplo (COSTA, J., 1983; HELLER e KERBAUY, 2000).<br />

A caracterização do comportamento alimentar do obeso, como<br />

comportamento que experimenta como consequência, por um lado, de<br />

forma mais imediata, reforço positivo e negativo e, por outro, a médio<br />

30


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

e longo prazo, consequências aversivas relacionadas a questões orgânicas<br />

e sociais vivenciadas pelo obeso, faz com que esta área de pesquisa<br />

esteja em franca ascensão no meio acadêmico e profissional dos Analistas<br />

do Comportamento.<br />

Ades e Kerbauy (2002) apresentam dados que sustentam a importância<br />

da análise e intervenção em nível comportamental com o indivíduo<br />

obeso. As autoras no trecho abaixo descrevem o comportamento<br />

de indivíduos submetidos à cirurgia bariátrica:<br />

Com o tempo, M. parou de se incomodar muito com isso,<br />

acostumou-se a comer pouco. Porém, a escolha dos<br />

alimentos continuou sendo influenciada por antigas<br />

preferências: “às vezes prefiro comer um biscoito e não almoçar.<br />

Tem que ser um biscoito...”... Não é incomum encontrar<br />

pessoas que precisam de um seguimento ainda mais<br />

cuidadoso após a cirurgia por ter uma dificuldade muito<br />

grande em adaptar-se à nova alimentação que deve ser<br />

introduzida aos poucos. Pacientes relatam muita ansiedade<br />

e até desespero por não poderem comer mais como antes...<br />

Pacientes que entram no programa de mudança<br />

comportamental e que iniciam a dieta antes da cirurgia<br />

parecem estar mais prontos a aceitar a alimentação no<br />

período pós-operatório (líquidos, papas, etc.) e parecem<br />

ter mais consciência de que uma reeducação alimentar é<br />

necessária. O prognóstico é bastante melhor.<br />

O trecho acima é claro ao destacar que a mudança na escolha dos<br />

alimentos, fundamental para promover a perda de peso, não é obtida<br />

simplesmente com uma intervenção orgânica, por mais abrasiva que esta<br />

seja. O indivíduo tem uma história alimentar, seu comportamento alimentar<br />

foi construído a partir de relações travadas com seu ambiente ao<br />

longo de sua vida. A cirurgia modifica o corpo, mas não necessariamente<br />

o comportamento, simplesmente porque este adquiriu uma função para<br />

aquele indivíduo e a cirurgia não é capaz de alterar esta função.<br />

Em resumo, a Análise do Comportamento não estuda a Obesidade<br />

em si, por ela se tratar de uma patologia orgânica, mas sim a relação<br />

entre o indivíduo obeso e seu ambiente que instalou e mantém<br />

este quadro, em especial a função que o comportamento alimentar<br />

adquiriu a ponto de fazer com que o indivíduo continue a executá-lo em<br />

excesso e de forma inadequada, a despeito dos enormes prejuízos sentidos<br />

nos campos orgânico e social.<br />

31


Universidade da Amazônia<br />

Capítulo 2<br />

______________________________________________________________<br />

Percurso Metodológico<br />

Capítulo 2<br />

PERCURSO<br />

METODOLÓGICO<br />

32


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

2.1 A PESQUISA “ESTADO DA ARTE”<br />

“Estado da Arte” ou “Estado do conhecimento” é uma pesquisa<br />

de caráter bibliográfico que inventaria e analisa a produção científica<br />

de uma dada área do conhecimento acerca de uma temática, constituindo-se,<br />

desta forma, em “... Uma exposição sobre o nível de conhecimento<br />

e o grau de desenvolvimento de um dado campo” (SPINK apud<br />

RANGEL, 1998, p. 73).<br />

Para Luna (1999, p. 82), o objetivo deste tipo de pesquisa é fundamentalmente<br />

responder a questões como:<br />

[...] O que já se sabe, quais as principais lacunas, onde se<br />

encontram os principais entraves teóricos e metodológicos,<br />

contribuindo por um lado, para caracterizar o conhecimento<br />

produzido, por outro, para desencadear reflexões<br />

que sirvam para reorientar a investigação científica acerca<br />

da temática em análise; ratificando sua relevância epistemológica.<br />

Neste sentido, Gamboa (1996, p.147) afirma que, ao se referir a<br />

pesquisas “Estado da Arte” na área da Educação:<br />

Estudos semelhantes [Estado da Arte] aos aqui registrados<br />

poderão contribuir para a avaliação crítica dessa trajetória<br />

e, conseqüentemente, para potencializar o “salto<br />

qualitativo” a que a pesquisa em educação precisa. Não é<br />

possível transformar uma realidade sem conhecê-la. Não é<br />

possível esse conhecimento sem o rigor da pesquisa.<br />

Tais estudos, além disso, adquirem relevância social, uma vez<br />

que avaliar a produção científica tem reflexos sobre a qualidade do<br />

conhecimento produzido, que em última instância, será fornecido a<br />

sociedade em geral, para a prevenção e o enfrentamento de problemas<br />

cotidianos. Isto, em muitas áreas, mas especialmente na área da Saúde,<br />

confere a estes estudos uma importância estratégica.<br />

A julgar pela presença crescente de pesquisas “Estado da Arte”<br />

ou “Estado do Conhecimento” no meio acadêmico brasileiro (SILVA, R.<br />

et al, 1991; GODOY, 1995; ORTEGA, FAVERO e GARCIA, 1998; ANDRÉ, 2000;<br />

HADDAD, 2000: MOLINA, 2007), pode-se afirmar que este tipo de pesquisa<br />

vem se expandindo e se consolidando na comunidade científica.<br />

33


Universidade da Amazônia<br />

2.2 RELATANDO O CAMINHO<br />

A investigação de nosso objeto: a produção científica da Análise<br />

do Comportamento no Brasil sobre o tema Obesidade, requereu a adoção<br />

dos seguintes procedimentos metodológicos:<br />

1º movimento: Localização dos trabalhos científicos produzidos com as<br />

características eleitas como objeto de estudo;<br />

2º movimento: Leitura, identificação e caracterização dos elementos<br />

constituintes de cada trabalho localizado e;<br />

3º movimento: Análise dos Resultados.<br />

2.2.1 A localização dos trabalhos<br />

Nesta fase foi eleito um conjunto de palavras-chave que guiou a<br />

consulta às bases bibliográficas eletrônicas e convencionais. A escolha<br />

seguiu dois critérios: ser termo do arcabouço teórico da Análise do Comportamento<br />

que frequentemente aparece em textos de Análise do Comportamento<br />

e Saúde (a exemplo de autocontrole) (1° grupo de palavras-chave)<br />

e; ser termo comumente utilizado em textos das áreas<br />

médica e nutricional sobre Obesidade (2° grupo de palavras-chave). O<br />

resultado desse processo de seleção pode ser visto no quadro abaixo:<br />

1° GRUPO 2° GRUPO<br />

Análise do Comportamento Obesidade<br />

Autocontrole<br />

Sobrepeso<br />

Terapia por Contingência<br />

Obesidade Mórbida<br />

Terapia Comportamental<br />

Redução de Peso<br />

Psicologia Comportamental Excesso de Peso<br />

Terapia Analítico-Comportamental Transtornos Alimentares 7<br />

Análise Comportamental<br />

Cirurgia Bariátrica<br />

Gastroplastia<br />

Descontrole Alimentar Épisódico<br />

Comportamento alimentar<br />

Quadro 1. Lista de palavras-chave selecionadas para a revisão de literatura<br />

7<br />

Embora, a Obesidade não possa ser classificada como um distúrbio alimentar, com uma certa<br />

frequência, ela é mencionada em estudos sobre distúrbios de compulsão.<br />

34


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

Para garantir um refinamento maior na busca optou-se também<br />

por utilizar sempre duas palavras-chave, uma de cada grupo. Desta forma,<br />

70 cruzamentos de palavras-chave foram realizados e utilizados nas<br />

bases bibliográficas selecionadas.<br />

As bases eletrônicas selecionadas seguiram dois critérios de abrangência<br />

e especificidade. Neste sentido, um exemplo de escolha por abrangência<br />

é a Plataforma Lattes do CNPq, uma vez que disponibiliza currículos<br />

de estudantes e pesquisadores brasileiros de todas as regiões do país. A<br />

escolha do Index Psi, por outro lado, satisfaz o critério da especificidade, já<br />

que disponibiliza resumos de trabalhos exclusivamente da área da Psicologia.<br />

Além dessas bases, foram consultadas o Scielo, a Biblioteca de Teses e<br />

Dissertações da USP, o Periódico Capes e o acervo das bibliotecas onde<br />

existem cursos de Psicologia no Brasil. Desta forma, a revisão da literatura<br />

pertinente foi realizada prioritariamente em bases eletrônicas.<br />

Após essa incursão, obtivemos diferentes tipos de materiais: o<br />

resumo dos textos, apenas a referência bibliográfica completa do texto<br />

completo (em forma de artigo, teses, dissertações, por exemplo). Em<br />

todos os casos, foi realizada uma pré-seleção que primou por identificar<br />

no material localizado o uso de termos da Análise do Comportamento.<br />

Como já foi acentuado no capítulo anterior, a produção brasileira da<br />

Psicologia Comportamental não se restringe à Análise do Comportamento,<br />

uma vez que nos últimos anos cresce um movimento denominado<br />

Psicologia Comportamental e Cognitiva que, embora compartilhe<br />

com a Análise do Comportamento alguns termos e técnicas, não constrói<br />

sua análise baseada nos mesmos princípios. Neste sentido, foi preciso<br />

perceber a que linha de pensamento os materiais localizados estavam<br />

circunscritos. Em alguns casos, além da leitura foi necessária a análise<br />

do currículo do pesquisador como um todo e o estabelecimento de<br />

contato via e-mail com o mesmo.<br />

Composta a lista de trabalhos iniciou-se o processo de captação<br />

dos textos completos, que compreendeu a requisição dos mesmos via<br />

COMUT ou BIREME, a solicitação de cópias aos autores, dentre outras<br />

estratégias utilizadas. À medida que se foi acessando os mesmos iniciouse<br />

a fase seguinte.<br />

2.2.2 Leitura, identificação e caracterização<br />

Esta fase objetivou extrair de cada trabalho elementos que o representasse<br />

e permitissem o estabelecimento de relação com os outros<br />

trabalhos, com vistas à composição de um quadro que fornecesse base à<br />

35


Universidade da Amazônia<br />

construção de uma espécie de mapa da produção científica brasileira da<br />

Análise do Comportamento sobre o tema Obesidade. Neste sentido, dividimos<br />

em dois grupos os elementos identificados em cada trabalho:<br />

1º Grupo: Dados bibliográficos da obra = autor, instituição de origem,<br />

ano, título, tipo de documento bibliográfico resultante (livro,<br />

artigo, resumo em congresso etc.); veículo de publicação, local/região;<br />

2º Grupo: Dados característicos da pesquisa = problema de pesquisa,<br />

objetivos, referencial teórico apresentado, metodologia (tipo<br />

de pesquisa, local de investigação, fontes de dados, técnicas<br />

de coleta e análise de dados); resultados e análise/discussão<br />

teórica dos mesmos.<br />

Para a tabulação dos dados foi elaborada uma Ficha de Análise (ver<br />

Apêndice) que era preenchida a cada novo trabalho analisado, servindo, ao<br />

final, como base para o estabelecimento de comparações entre os trabalhos.<br />

2.2.3 Análise dos resultados<br />

Nesta fase, as Fichas de Análise foram comparadas e geraram<br />

dois tipos de análise:<br />

1. Análise quantitativa dos dados: tomando como parâmetro os dados<br />

bibliográficos de cada trabalho, traçou-se um perfil da produção,<br />

levando em consideração a década em que foi realizada, a instituição,<br />

a distribuição por região brasileira, o tipo de produção bibliográfica<br />

resultante, o veículo de publicação e os autores envolvidos.<br />

2. Análise qualitativa dos dados: tomando como base os dados característicos<br />

da pesquisa, identificaram-se os delineamentos mais frequentes,<br />

as questões conceituais mais exploradas, os resultados e<br />

as conclusões de cada trabalho.<br />

A composição desses perfis não intencionou apenas ser uma<br />

espécie de diagnóstico (fotografia da produção), tarefa que por si só já<br />

seria relevante, mas pretendeu dar elementos à proposição de um horizonte<br />

futuro de pesquisa, que pudessem atender as novas demandas<br />

que o fenômeno da Obesidade vem trazendo à sociedade brasileira,<br />

intenção premente em estudos do tipo “Estado da Arte”.<br />

36


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

Capítulo 3<br />

DADOS E ANÁLISE<br />

QUANTITATIVA<br />

37


Universidade da Amazônia<br />

A presente pesquisa identificou entre os anos de 1972 e 2004<br />

um conjunto de 78 trabalhos realizados por Analistas do Comportamento<br />

brasileiros sobre o tema Obesidade, apresentado em forma de Catálogo<br />

de Trabalhos sobre Obesidade e Análise do Comportamento (1972-<br />

2004) (ver Anexo).<br />

A análise do Gráfico 1 revelou uma distribuição irregular desta<br />

produção ao longo desses 33 anos, indicando que por vários anos (14 ao<br />

todo) nenhum trabalho foi identificado (42,42 % da amostra de tempo<br />

analisada).<br />

Gráfico 1. Distribuição dos trabalhos localizados por ano.<br />

Por outro lado, é patente a intensificação da produção a partir<br />

do final da década de 90 e nos primeiros anos do Século XXI, a tal<br />

ponto que os trabalhos apresentados nestes últimos quatro anos totalizam<br />

61,53% do conjunto de trabalhos realizados. O cruzamento desses<br />

percentuais com a literatura sobre a incidência da Obesidade na população<br />

permite inferir a existência de uma correlação positiva, entre a<br />

incidência da Obesidade (sobretudo em países em desenvolvimento<br />

como o Brasil) e o número de trabalhos realizados por Analistas do Comportamento<br />

sobre o tema.<br />

Para visualizar-se mais adequadamente o processo de desenvolvimento<br />

dessa produção científica, optou-se por dividir o tempo total<br />

analisado em quatro períodos, a saber: 1) década de 70 (1971-1980); 2) dé-<br />

38


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

cada de 80 (1981-1990); 3) década de 90 (1991-2000) e, por fim, 4) os primeiros<br />

anos do Século XXI (2001-2004). A partir dessa escala de tempo pode-se<br />

verificar a distribuição da produção científica em cada período no Gráfico 2.<br />

Gráfico 2. Distribuição dos trabalhos localizados pelos quatro<br />

períodos de tempo analisados.<br />

A análise do Gráfico 2 permite afirmar que a produção e divulgação<br />

dos trabalhos tiveram um crescimento significativo na passagem da<br />

década de 70 para a década de 80 (333,33%). Neste processo, observouse<br />

que o número de trabalho praticamente manteve-se estável no período<br />

subsequente, experimentando um aumento significativo no último<br />

período analisado (242,85%).<br />

Gráfico 3. Distribuição dos trabalhos localizados por região<br />

brasileira dentro dos quatro períodos de tempo analisados.<br />

39


Universidade da Amazônia<br />

A análise do Gráfico 3 demonstra a regularidade da produção<br />

científica nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Embora, haja uma diferença<br />

significativa no volume de trabalhos realizados nas duas regiões,<br />

uma vez que, a primeira aparece como a região que mais produziu trabalhos<br />

sobre o assunto (28 trabalhos), e a segunda figura, como a terceira<br />

região em número de trabalhos produzidos (15 trabalhos).<br />

Um outro aspecto perceptível no Gráfico 3 é a expressiva participação<br />

que a Região Sul passa a ter neste cenário a partir da década de<br />

90, o que lhe rendeu inclusive o segundo lugar no número de trabalhos<br />

produzidos (24 trabalhos), com uma diferença discreta em relação ao<br />

primeiro lugar.<br />

Outro aspecto patente é a entrada da Região Norte no circuito<br />

de pesquisas sobre o tema nos primeiros anos do Século XXI, mas que já<br />

se apresenta de forma promissora, superando, dentro desse período, o<br />

número de produções da Região Centro-Oeste, uma Região, como foi<br />

assinalado desde o início, com uma tradição de pesquisas sobre o tema,<br />

sustentada pela produção científica da UnB.<br />

Por fim, a ausência da produção de trabalhos na Região Nordeste<br />

enseja a reflexão sobre as contingências que poderiam ter configurado e<br />

mantido este índice. A construção de hipóteses que justifiquem este quadro<br />

tomou basicamente dois caminhos: a análise do mapa de distribuição<br />

de fomento à pesquisa no Brasil e; o levantamento da história da chegada<br />

e disseminação da Análise do Comportamento em nosso país.<br />

Diversos eventos em torno do tema “fomento à pesquisa” têm<br />

sistematicamente indicado a alta concentração de recursos nas Regiões<br />

Sudeste e Sul, onde se localiza o maior número de universidades e<br />

institutos de pesquisa, bem como o maior número de cursos de pósgraduação<br />

stricto sensu (mestrado e doutorado), algo em torno de 89%<br />

do total de recursos para a pesquisa no Brasil (ver DINIZ e GUERRA,<br />

2002). Regiões como a Norte perfaz apenas 1 % desse montante, além<br />

do que, conta com um reduzido número de institutos de pesquisa e<br />

pós-graduações stricto sensu, a maioria delas com tempo de instalação<br />

bem recente. Esta forma de distribuição dos investimentos tem reflexos<br />

no desenho do mapa da produção científica brasileira, do qual as<br />

investigações sobre a Obesidade, a partir da Análise do Comportamento,<br />

faz parte.<br />

No entanto, este argumento por si só não dá conta de explicar os<br />

resultados obtidos pela Região Nordeste, já que a Região Norte, apesar<br />

dos recursos escassos e do número reduzido de cursos de graduação e<br />

40


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

pós-graduação, especialmente na área da Psicologia, passa a compor um<br />

polo de produção sobre o tema nos primeiros anos do Século XXI.<br />

Desta forma, foi preciso abstrair outras dimensões e características<br />

da Região Nordeste para compreender seu desempenho. Neste sentido, a<br />

análise da história da chegada e disseminação da Análise do Comportamento<br />

(exposta brevemente no Capítulo 1) aparece como uma opção de<br />

análise promissora. Como foi discutido naquele momento do texto, a concentração<br />

da formação dos Analistas do Comportamento no eixo Sul-Sudeste,<br />

a discreta migração para as universidades das outras regiões, exceto<br />

a Universidade Federal do Pará, se apresentam como fatores relevantes,<br />

por um lado, para a compreensão da ausência de trabalhos no período<br />

analisado na Região Nordeste e, por outro, da localização de uma linha de<br />

investigação promissora na Região Norte, no Estado do Pará.<br />

Gráfico 4. Distribuição dos trabalhos localizados pelas instituições<br />

geradoras em cada um dos quatro períodos de tempo analisados.<br />

A análise do Gráfico 4 demonstra que a concentração da produção<br />

científica se deu em instituições de Ensino Superior com status de<br />

Universidade. Observou-se que houve, sobretudo, a partir dos primeiros<br />

anos do Século XXI a presença dessa produção tanto em universidades<br />

públicas, quanto privadas (ver Gráfico 5). É possível perceber, também<br />

no Gráfico 4, que houve uma distribuição equilibrada no número<br />

de trabalhos entre instituições públicas e privadas nas Regiões Norte e<br />

Centro-Oeste, não observada nas Regiões Sul e Sudeste, que têm mais<br />

trabalhos produzidos em instituições privadas e em instituições públicas,<br />

respectivamente.<br />

41


Universidade da Amazônia<br />

Gráfico 5. Distribuição dos trabalhos localizados por tipo de instituição<br />

geradora nas quatro Regiões Brasileiras em cada um dos quatro<br />

períodos de tempo analisados.<br />

Dentre as universidades brasileiras, a USP apresentou a produção<br />

mais constante sobre o tema, seguida da UnB e da UCG que apresentaram<br />

produções em três dos quatro períodos de tempo analisados.<br />

É possível perceber também que a Região Sul destaca-se como a região<br />

na qual a produção sobre o tema envolve mais Instituições de Ensino<br />

Superior (IES), existindo inclusive parceria entre algumas delas.<br />

Gráfico Gráfico 6. Distribuição 6. Distribuição dos trabalhos dos localizados trabalhos por tipo localizados de produção bibliográfica por tipo gerada de produção<br />

nos quatro períodos<br />

bibliográfica gerada nos quatro de tempo períodos analisados. de tempo analisados.<br />

42


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

A análise do Gráfico 6 revela que a maior parte dos trabalhos<br />

produzidos tomou a forma de resumos de congresso (41,02%), concentrados<br />

em três dos quatro períodos de tempo analisados. Sendo que a<br />

maioria desses trabalhos apresentados como resumo não foi veiculada<br />

de outra forma (por meio de artigos, por exemplo), comprometendo assim<br />

a divulgação para um público maior de possíveis interessados e beneficiários<br />

do conhecimento produzido. A produção de trabalhos de conclusão<br />

de curso e artigos em periódicos científicos foi, respectivamente,<br />

o segundo e o terceiro tipo de produção mais frequente. Além disso, é<br />

necessário destacar dois outros dados: 1) a não localização de livros sobre<br />

Obesidade que utilizem os conceitos e ferramentas de análise da Análise<br />

do Comportamento, embora, se tenham localizados livros que ora ou<br />

outra faziam uso de termos compatíveis com essa abordagem psicológica<br />

(HELLER, 2004); 2) a localização de apenas uma tese de doutorado sobre o<br />

tema Obesidade, a partir da visão da Análise do Comportamento, curiosamente<br />

a primeira produção localizada no Brasil, datada de 1972, o que<br />

significa mais de três décadas sem a realização de um estudo de maior<br />

profundidade acadêmica sobre o tema, fato preocupante, uma vez que,<br />

em geral, uma tese de doutorado é um passo importante para a instalação<br />

ou/e fortalecimento de grupos de pesquisa.<br />

Gráfico 7. Distribuição dos trabalhos localizados<br />

por número de autores.<br />

A análise do Gráfico 7 releva que a maioria dos trabalhos produzidos<br />

foi realizada por apenas um autor (55,12%). Na consulta ao Catálogo<br />

de Trabalhos (ver Anexo), percebe-se que isso se deve ao fato de<br />

43


Universidade da Amazônia<br />

que as pesquisas que deram origem aos mesmos são comumente realizadas<br />

individualmente (teses, dissertações, monografias de especialização,<br />

por exemplo). Além disso, é esperado que os autores dessas<br />

pesquisas as levem ao conhecimento da comunidade científica (por meio<br />

de congressos) durante mais de uma fase da execução e mesmo após a<br />

sua conclusão, o que gerou mais de um trabalho apresentado referente<br />

a mesma pesquisa.<br />

Trabalhos que envolvem mais de um autor foram registrados<br />

somente a partir da década de 90. No entanto, não foi possível identificar<br />

grupos de pesquisa consolidados que investiguem a temática da<br />

Obesidade sob a óptica da Análise do Comportamento. Por outro lado,<br />

é possível perceber a presença significativa de pesquisadores, que juntamente<br />

com seus orientandos, vêm priorizando estas investigações. A<br />

consulta ao Quadro 2 consubstancia essa afirmação:<br />

Quadro 2. Número 2. Número de trabalhos de realizados trabalhos e/ou realizados orientados por e/ou nove pesquisadores orientados identificados, por nove distribuídos pesquisadores<br />

períodos identificados, tempo analisados. distribuídos nos quatro períodos de tempo<br />

nos<br />

quatro analisados.<br />

A análise do Quadro 2 demonstra, inicialmente, que os nove<br />

pesquisadores que realizaram e/ou orientaram trabalhos sobre Obesidade<br />

e Análise do Comportamento são todos do sexo feminino, na sua<br />

maioria com pós-graduação stricto sensu em nível de mestrado.<br />

44


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

No que tange à distribuição temporal dessas pesquisas, verificouse<br />

que nas décadas de 70 e 80 houve a concentração dos estudos nas<br />

mãos de duas pesquisadoras: Rachel Kerbauy (USP) e Jacira Cunha (UnB/<br />

UCG), que na maioria das vezes publicaram seus trabalhos individualmente.<br />

A consulta ao Catálogo de Trabalhos permite identificar que a<br />

maioria desses trabalhos foi publicada em apenas um periódico “Ciência<br />

do Comportamento: teoria, pesquisa e prática” (1985), editado pela UCG,<br />

escritos por Jacira Cunha, que para a elaboração desses artigos tomou<br />

como base os estudos realizados por ocasião de sua dissertação de mestrado<br />

(UnB, 1980), orientada pelo Prof. Dr. João Cláudio Todorov. Este<br />

periódico se constituiu na última publicação localizada da autora.<br />

Da mesma forma, os trabalhos feitos por Rachel Kerbauy (USP)<br />

são desdobramentos de sua tese de doutorado, a primeira e única no<br />

Brasil sobre a temática da Obesidade sob a óptica da Análise do Comportamento.<br />

É preciso destacar que a autora é a única a se fazer presente<br />

no quadro de trabalhos nas quatro décadas analisadas.<br />

Até a década de 90, foi possível identificar uma pesquisadora envolvida<br />

com o tema: Cristina di Benedetto (UNIPAR). A pesquisadora inaugura<br />

sua produção por ocasião da apresentação de uma comunicação científica<br />

na II Jornada de Psicologia Internacional (Umuarama, 1999), e tornase<br />

a pesquisadora que, quantitativamente, mais realizou e orientou pesquisas<br />

sobre o tema entre os anos de 2001 - 2004.<br />

Seguindo a tradição de partir de pesquisas produzidas por ocasião<br />

de cursos de pós-graduação strictu sensu, Débora Barbosa (USP) passa a<br />

integrar o conjunto de pesquisadoras que investiga a Obesidade a partir de<br />

2000, quando da apresentação de diferentes frutos de sua pesquisa de<br />

mestrado (USP, 2001), realizada sob a orientação da Profª. Drª Sônia Meyer.<br />

Sem dúvida, foi nesse período (2001 a 2004) que uma quantidade<br />

maior de Analistas do Comportamento desenvolveu ou orientou pesquisas<br />

sobre o tema, das quais se destacam os trabalhos de Diane Laloni (PUC-<br />

CAMP), Eleonora Ferreira (UFPA), Vera Raposo do Amaral (PUCCAMP), Maíra<br />

Baptistussi (UNIPAR) e Lúcia Cristina Cavalcante da Silva (UNAMA), que<br />

diferentemente da trajetória das outras pesquisadoras, não iniciaram suas<br />

produções sobre o tema em suas dissertações ou teses 8 . Desta forma, observou-se<br />

que o encontro com a temática se deu por meio do estudo de<br />

outros temas correlacionados e despertou nessas profissionais o interesse<br />

em pesquisar a Obesidade, seja por meio de trabalhos individuais, seja por<br />

meio da orientação de trabalhos.<br />

8<br />

Afirmação baseada na análise das informações disponíveis na Plataforma Lattes (www.cnpq.br/<br />

plataformalattes)<br />

45


Universidade da Amazônia<br />

Capítulo 4<br />

DADOS E ANÁLISE<br />

QUALITATIVA<br />

46


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

A pretensão inicial de ler e analisar o conjunto total de trabalhos<br />

veiculados por Analistas do Comportamento sobre o tema Obesidade<br />

enfrentou ao menos dois obstáculos para se concretizar: 1) a maioria<br />

dos trabalhos localizados foi veiculada em anais de congressos, na forma<br />

de resumo (41,02%) ou de trabalho completo (2,56%), o que restringe<br />

o seu acesso ao grupo de pessoas que esteve presente nesses eventos;<br />

2) boa parte dos outros tipos de trabalhos (teses, dissertações,<br />

monografias de conclusão de especialização de trabalhos de conclusão<br />

de cursos de graduação) só estavam disponíveis nas instituições onde<br />

foram produzidos (16,66%), o que criou a necessidade da captação de<br />

parte deles por meio de sistemas de comutação como o COMUT e similares,<br />

que, por exemplo, infelizmente, não dão acesso a Trabalhos de<br />

Conclusão de Curso (TCC).<br />

Algumas estratégias foram montadas com vistas a aumentar o<br />

número de trabalhos a serem submetidos à análise qualitativa: 1) enviamos<br />

e-mails para os autores explicando o teor da pesquisa, listando os<br />

trabalhos desejados e solicitando o envio dos mesmos, da forma que<br />

lhes fosse mais conveniente (e-mail, correio, fax etc); 2) enviamos a<br />

referência completa para pessoas de nosso círculo de amizade que trabalhavam<br />

e/ou estudavam em universidades que provavelmente teriam<br />

alguns dos trabalhos desejados em seu acervo.<br />

O resultado desse esforço concentrado pode ser visualizado no<br />

Quadro 3:<br />

PERÍODO TRABALHOS TRABALHOS %<br />

DE TEMPO LOCALIZADOS OBTIDOS<br />

Década de 70 3 2 66,66<br />

Década de 80 13 8 61,53<br />

Década de 90 14 05 35,71<br />

2001-2004 48 15 31,25<br />

TOTAL 78 30 38,46<br />

Quadro Quatro 3. Proporção 3. Proporção do número de do trabalhos número obtidos de sobre trabalhos o número de obtidos trabalhos sobre localizados o número nos quatro períodos de<br />

de tempo trabalhos analisados. localizados nos quatro períodos de tempo analisados.<br />

47


Universidade da Amazônia<br />

O Quadro 3 demonstra que foi possível obter um nível de captação<br />

satisfatório dos trabalhos realizados nas décadas de 70 e 80, permitindo<br />

a configuração de uma análise representativa da produção científica<br />

desses períodos. O mesmo não se pode afirmar quanto aos dois<br />

períodos de tempo posteriores, em que foi possível captar menos da<br />

metade da produção.<br />

Estes dados levaram à feitura de nova consulta e, por conseguinte,<br />

nova análise dos dados disponíveis no Catálogo de Trabalhos<br />

sobre Obesidade e Análise do Comportamento. Percebeu-se que uma<br />

parte dos trabalhos não captados eram produtos de uma mesma pesquisa,<br />

a qual se conseguiu captar sob outra forma.<br />

Por exemplo, a dissertação de mestrado de Débora Barbosa, feita<br />

na USP sob a orientação da Profª. Drª Sônia Meyer, foi defendida em<br />

2001, apresentada na forma de resumo em um congresso em 2002, publicada<br />

como artigo em periódico em 2003 e tornou-se capítulo de livro<br />

em 2004. Soma-se a isso que a mesma autora apresentou dois outros<br />

trabalhos na forma de resumos em congresso na década de 90 que vieram<br />

a compor sua dissertação em 2001.<br />

Sendo assim, uma mesma pesquisa teve como resultado seis<br />

trabalhos, dos quais foi possível captar o principal deles: a dissertação.<br />

Da mesma forma, podemos citar outros casos: Patrícia Bezerra (dissertação<br />

em 2001 e resumo em congresso em 2002); Mariene Casseb, sob a<br />

orientação de Eleonora Ferreira (TCC e artigo em 2002); Diane Laloni<br />

(resumo em congresso em 2003 e capítulo de livro em 2004) e Terezinha<br />

Smokowicz (monografia de especialização em 1996 e artigo em 1997).<br />

É preciso ressaltar que a veiculação dos resultados de uma mesma<br />

pesquisa em diversos espaços e formatos não é apenas comum, mas<br />

também é desejável, haja vista a necessidade de atingir o público potencialmente<br />

interessado no conhecimento produzido.<br />

Levando em consideração esta reconfiguração da análise, podese<br />

dizer que, na verdade, foi possível atingir indiretamente 50% dos<br />

trabalhos da década de 90 e 57,14% dos trabalhos apresentados entre<br />

os anos de 2001 a 2004, o que permite tecer comentários mais consistentes<br />

sobre a produção científica nesses dois períodos de tempo.<br />

4.1 A PESQUISA NA DÉCADA DE 70<br />

Três trabalhos, sendo uma tese de doutorado (KERBAUY, 1972),<br />

um artigo publicado em periódico científico derivado da mesma (KER-<br />

48


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

BAUY, 1977) e uma dissertação de mestrado (Cunha em 1980), resumiram<br />

a produção científica da Análise do Comportamento sobre a Obesidade<br />

nesta década.<br />

Kerbauy (1972; 1977) realizou uma pesquisa experimental que<br />

teve o objetivo de estabelecer e aumentar a possibilidade dos sujeitos<br />

de automanipular seu comportamento alimentar, por meio de um conjunto<br />

de técnicas de autocontrole, inspiradas em Skinner (1953/2000), a<br />

partir das linhas gerais do experimento de Ferster, Nurnberger e Levitt<br />

(1962), que teriam como fim, capacitar os sujeitos a analisar as condições<br />

antecedentes e consequentes de seu comportamento alimentar,<br />

gerando uma perda de peso gradual.<br />

Quinze mulheres com problemas de superalimentação, com idade<br />

variando de 15 a 62 anos, foram recrutadas para o estudo por meio de<br />

anúncios em jornais e avisos em salas de aula de cursos de graduação em<br />

Psicologia. Os critérios de seleção foram: 1) ser maior de 15 anos; 2) não<br />

ter suspeita de gravidez; 3) ter no mínimo 10% acima do peso ideal 10 ; 4)<br />

não estar realizando tratamento psicológico ou para emagrecer; 5) não<br />

apresentar outras queixas comportamentais (checado na 1ª entrevista)<br />

e; 6) não apresentar outras variáveis fisiopatológicas.<br />

Uma vez selecionadas, as mulheres foram distribuídas em quatro<br />

grupos por ordem de apresentação. O primeiro grupo (GI), composto por<br />

sete integrantes, foi o único a receber atendimento individual. O segundo<br />

(GA 1<br />

) e o terceiro grupo (GA 2<br />

), compostos por três sujeitos cada e o quarto<br />

grupo (GB), composto de dois sujeitos, receberam atendimento em grupo.<br />

As técnicas de autocontrole utilizadas neste estudo foram: restrição<br />

física, mudança de estímulos, privação e saciação, manipulação<br />

de condições emociomais, estimulação aversiva, autorreforçamento,<br />

autopunição e comportamento incompatível. Além delas, os sujeitos<br />

recebiam as seguintes instruções verbais: dar garfadas espaçadas e evitar<br />

comer enquanto desenvolviam outra atividade. Todos os sujeitos<br />

assinavam uma espécie de contrato (por volta da terceira sessão) no<br />

qual estavam especificadas as obrigações de ambos, experimentador e<br />

sujeito, com relação ao programa.<br />

As sessões foram realizadas na Clínica de Psicologia da Faculdade<br />

de Filosofia, Ciências e Letras do Instituto “Sedes Sapientiae”<br />

(São Paulo) e seguiam sempre a mesma ordem: 1. análise das fichas<br />

10<br />

O cálculo do excesso de peso tomou como referência seguinte fórmula: peso atual – peso ideal / peso<br />

ideal X 100. Para a leitura dos resultados utilizou-se a tabela da Metropolitan Life Insurance Company<br />

– USA (1959).<br />

49


Universidade da Amazônia<br />

de alimento preenchidas pelos sujeitos (exceto os sujeitos do GB,<br />

que não recebiam essa ficha); 2. relato dos sujeitos sobre as modificações<br />

comportamentais obtidas e das dificuldades encontradas, acompanhado<br />

de discussões e propostas de soluções alternativas, bem<br />

como treinamento de respostas verbais quando necessário; 3. apresentação<br />

dos conceitos da Análise Experimental do Comportamento,<br />

por meio de explicações do experimentador e a partir de exemplos<br />

fornecidos pelos próprios sujeitos no decorrer da explicação e também<br />

sobre o regime alimentar e hábitos saudáveis (este último, para<br />

todos os sujeitos exceto os do GB); 4. tarefas propostas para instalar<br />

ou manter desempenhos e; 5. pesagem dos sujeitos e registro do peso<br />

pelos próprios sujeitos em um gráfico.<br />

O número de sessões variou para cada sujeito, mas a sequência das<br />

sessões foi sempre a mesma. As nove primeiras sessões eram suficientes<br />

para apresentar e justificar as técnicas empregadas. Nas outras ocorreu o<br />

acompanhamento e os esclarecimentos requeridos pelos sujeitos.<br />

A medida utilizada para avaliar a modificação do comportamento<br />

alimentar dos sujeitos foi o peso. Os sujeitos eram pesados após<br />

cada sessão. Além disso, tomando como base o registro feito pelos sujeitos<br />

sobre seus hábitos alimentares durante sete dias antes do início<br />

do programa (linha de base), observou-se as modificações ocorridas já<br />

durante o programa, por meio dos relatos nas sessões.<br />

O tempo total de participação dos sujeitos variou de três a sete<br />

meses, bem como o número de sessões oscilou de 12 a 44 sessões, já<br />

que a periodicidade foi muito variada.<br />

Os resultados mostraram que todos os sujeitos atendidos individualmente<br />

perderam peso, apesar da grande variabilidade intragrupo.<br />

Dos oito sujeitos atendidos em grupo, apenas um aumentou de<br />

peso (sujeito MR do GA 1<br />

).<br />

A autora estabeleceu uma comparação dos seus resultados com<br />

um conjunto de estudos anteriores (Stuart em 1967; Harris em 1969;<br />

Wollersheim em 1970; Hall em 1972; Harris e Bruner em 1971; Stuart<br />

em 1971), embora tenha ressaltado que isto não é completamente<br />

pertinente, haja vista as diferenças significativas nos procedimentos<br />

usados em seu estudo e nos estudos citados. Como resultado dessa<br />

comparação, a autora identificou a variabilidade e arbitrariedade dos<br />

critérios usados pelos diferentes estudos para julgar a perda de peso<br />

semanal como satisfatória, o que dificulta a obtenção de um referencial<br />

comum. Neste sentido, a autora sugeriu a elaboração de um crité-<br />

50


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

rio aceitável, tomando como base a análise do processo de perda de<br />

peso de cada sujeito, comparado em diferentes situações (sujeito de<br />

seu próprio controle, metodologia amplamente utilizada na Análise<br />

do Comportamento).<br />

A autora elencou as cinco principais dificuldades metodológicas<br />

da pesquisa: 1. o controle exercido pela lista de alimentos com contagem<br />

de calorias, a tal ponto de os sujeitos passarem a dar menor importância<br />

para a análise das condições antecedentes e consequentes do<br />

comportamento alimentar; 2. a limitação da estratégia de pesagem dos<br />

sujeitos como método de avaliação de modificação de hábitos alimentares,<br />

já que não permite acompanhar o processo de modificação ocorrendo<br />

e não funciona como reforçador contingente à emissão de cada<br />

novo hábito alimentar; 3. a falta de uma estratégia para combater o<br />

controle concorrente que o meio dos sujeitos exerceu sobre o seguimento<br />

do programa; 4. a necessidade de elaborar mais especificamente<br />

o contrato com vista a torná-lo de fato uma variável independente e<br />

5. a dificuldade de checar a veracidade dos registros apresentados pelos<br />

sujeitos.<br />

A autora apresentou também alguns indicativos para futuras pesquisa<br />

na área: 1. avaliar o controle exercido pelo conceito que o sujeito<br />

faz de si no processo de perda de peso, em que medida “se achar<br />

magro” ou “se achar gordo” pode servir de esquiva para aderir e/ou<br />

desistir de um programa de redução de peso; 2. avaliar o efeito de<br />

iniciar o treino de autocontrole por situações menos complexas e com<br />

uma história de condicionamento menos forte que a situação de alimentação;<br />

3. avaliar separadamente o efeito de cada uma das técnicas<br />

de autocontrole utilizadas sobre a perda de peso; 4. avaliar a natureza<br />

de alguns operantes encobertos incompatíveis com o comer em<br />

excesso que poderiam aumentar a eficácia dos procedimentos para<br />

perda de peso.<br />

A autora concluiu que quatro técnicas seriam fundamentais para<br />

perda de peso: controle da situação; atividades incompatíveis; garfadas<br />

espaçadas e; autorreforçamento. Com relação a este último, a autora<br />

considerou robustos os resultados de seus efeitos sobre a perda de<br />

peso, haja vista que somente o grupo que fez uso dessa técnica teve<br />

perda de peso significativa, talvez pelo fato de que estes indivíduos<br />

resolveriam por meio dessa técnica o problema do não reforçamento<br />

contingente de cada emissão do comportamento adequado, variável<br />

crítica em programas que envolvam técnicas de autocontrole.<br />

51


Universidade da Amazônia<br />

A comparação do texto da tese (KERBAUY, 1972) com o texto do<br />

artigo (KERBAUY, 1977) permite verificar um alto grau de semelhança<br />

entre os mesmos, exceto o fato de que o artigo traz ao menos duas<br />

referências bibliográficas publicadas após a defesa da tese.<br />

O outro trabalho realizado dentro da mesma década, infelizmente<br />

não pôde ser captado a tempo de ser incorporado diretamente<br />

em nossa análise (Cunha em 1980). No entanto, a análise de três<br />

artigos publicados pela autora (CUNHA, 1985a, 1985c, 1985e) em um<br />

número especial do periódico “Ciência do Comportamento: teoria,<br />

pesquisa e prática” (volume 1, número 1) permitiu trazer à discussão,<br />

ao menos parcialmente, o conteúdo da referida dissertação,<br />

especialmente sua fundamentação teórica.<br />

No primeiro desses artigos (CUNHA, 1985c), a autora discute<br />

as seguintes questões: a Obesidade ao longo da História da humanidade;<br />

a incidência da Obesidade nos Estados Unidos, os fatores que<br />

teriam contribuído para esta prevalência e; as consequências da Obesidade<br />

para a vida diária dos indivíduos, com ênfase nas questões<br />

sociais. Sobre os fatores contributivos à Obesidade, a autora destacou<br />

o papel dos nutricionistas, na medida em que processaram mudanças<br />

significativas nos alimentos com o incremento de vitaminas<br />

e aminoácidos. Além disso, a autora referiu como fator contributivo<br />

a associação alimentação-recreação (ver TV, por exemplo). Por fim,<br />

indicou que estas mudanças de hábitos alimentares vêm acompanhadas<br />

de mudanças nos padrões de gastos de energia, causados<br />

pelo sedentarismo. Ainda com relação às causas da Obesidade, tomando<br />

como exemplo o caso de mulheres brasileiras casadas, apontou<br />

o uso constante de anticoncepcionais. A autora encerrou o artigo<br />

lembrando que o conceito de Obesidade sofre a ação de fatores<br />

culturais e históricos.<br />

No segundo artigo (CUNHA, 1985e), a autora apresentou alguns<br />

estudos desenvolvidos na área médica que indicam o tratamento<br />

da Obesidade como “extremante difícil”, no qual se consegue apenas<br />

“modestos resultados”. Em vista desse quadro, Ferster, Nurnberger<br />

e Levitt em 1962 delinearam um programa comportamental para<br />

redução de peso que utilizava técnicas de autocontrole, programa este<br />

que serviu de modelo para vários estudos posteriores. Neste sentido,<br />

a autora tomou o pensamento de Wooley e colaboradores em 1979 e<br />

apresentou a definição comportamental para a Obesidade:<br />

52


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

O maior pressuposto no tratamento comportamental da<br />

Obesidade é que o peso exagerado está diretamente<br />

relacionado a excesso de consumação de alimentos,<br />

resultado da falta de hábitos adequados de alimentação.<br />

Hipotetizam que comportamentos aprendidos, para<br />

contribuir para a superalimentação, devem incluir taxas<br />

consumatórias rápidas, grandes bocadas, comer<br />

freqüentemente, ingestão de grandes quantidades de<br />

alimento em uma dada refeição ou lanche, etc. Estes<br />

comportamentos são conhecidos como operantes,<br />

reforçados pelo prazer de comer e sob o controle parcial de<br />

dicas ambientais, associadas com comida que servem como<br />

estímulo discriminativo para o comportamento de ingerir<br />

(Wooley et alli, 1979). Uma explicação comum de<br />

superalimentação é que as consequências reforçadoras<br />

são imediatas, enquanto que as aversivas são atrasadas<br />

(CUNHA, 1985e, p. 30).<br />

Baseado nesta compreensão da obesidade, a autora expõe quais<br />

seriam as estratégias de um tratamento comportamental:<br />

a) prover reforçamento imediato para o “comer apropriado”<br />

ou abstenção de alimentos que levam à Obesidade;<br />

b) diminuir a força do prazer como um reforçador para<br />

comida;<br />

c) fazer conseqüências negativas de longo prazo mais<br />

salientes nas horas de refeições ou comida;<br />

d) eliminar as dicas de alimento que servem como estímulo<br />

discriminativo;<br />

e) estreitar a lista de estímulos discriminativos para<br />

comida, restringir o tempo e lugar onde o alimento ocorre<br />

(CUNHA, 1985e, p. 30).<br />

A autora apresentou o esquema teórico proposto por Stuart e<br />

Davi em 1972. A análise funcional do comportamento de comer é a base<br />

para a identificação dos estímulos antecedentes que servem de dica<br />

para a emissão desse comportamento, de forma a permitir que um comportamento<br />

que tenha o objetivo de competir com o comportamento<br />

de comer possa ser planejado para ocorrer, investindo assim, na construção<br />

de “... Uma série de passos que levem à eliminação, supressão<br />

ou fortalecimento dos antecedentes selecionados (STUART e DAVIS,<br />

1972)” (CUNHA, 1985e, p. 32).<br />

53


Universidade da Amazônia<br />

A autora passou a analisar estudos que defenderam a importância<br />

do reforçamento social nos programas de redução de peso.<br />

Neste sentido, ela indicou que parte dos reforços sociais deve ser<br />

contingente não apenas a comportamentos que resultem na redução<br />

de peso, mas também fortalecer “... Atitudes gerais a respeito do alimento<br />

e gastos de energias” (CUNHA, 1985e, p. 32), como é o caso da<br />

prática de exercícios.<br />

A “importância da taxa de peso” é outro tópico apresentado.<br />

Citando Stuart em 1972, a autora destacou a função discriminativa da<br />

pesagem e sugeriu que esta seja realizada ao menos três vezes ao dia,<br />

servindo de “dica” ou “lembrete” para o sujeito sobre o programa. Além<br />

disso, as oscilações de peso verificadas nas pesagens fornecem ao sujeito<br />

“... Evidências diretas sobre o efeito do alimento e bebida sobre o<br />

seu peso. Isto tem função de estímulo aversivo suave, periódico, associado<br />

com a superalimentação” (CUNHA, 1985e, p. 32).<br />

O “balanceamento de energias” foi outro tópico apresentado<br />

como problemático nos programas de redução de peso, haja vista que a<br />

dieta deve ser configurada de forma a incluir os mais diversos nutrientes,<br />

uma vez que a falta de um acarreta alterações na metabilização de<br />

outros. No bojo desta discussão, a autora introduziu o próximo item “O<br />

problema das dietas”. Citando um trabalho de Leeuw em 1979, a autora<br />

destacou o pensamento do autor afirmando que a maioria das dietas<br />

hipocalóricas é ineficiente ou perigosa, seja pela supressão de nutrientes<br />

importantes, seja pela ineficiência em longo prazo. Para o autor<br />

citado, a terapia comportamental se apresenta como uma alternativa<br />

efetiva na redução de peso. Ao final, ele adverte para a necessidade de<br />

garantir que a “guerra seja vencida” com uma perda efetiva e duradoura<br />

do peso, e que não é suficiente produzir reduções temporárias de peso.<br />

No terceiro artigo (CUNHA, 1985a), a autora apresentou uma revisão<br />

geral do uso de técnicas comportamentais, tanto respondentes<br />

como operantes, nos programas de redução de peso, bem como indicou<br />

seus problemas metodológicos. Excetuando-se a referência a um<br />

estudo piloto feito pela própria autora durante sua dissertação (Cunha<br />

em 1980) e ao artigo de Kerbauy (1977), toda a literatura analisada pela<br />

autora foi produzida nos Estados Unidos.<br />

A autora iniciou seus argumentos a favor da aplicação de técnicas<br />

comportamentais em programas de redução de peso listando basicamente<br />

dois motivos: 1. o baixo índice de sucesso dos tratamentos médicos<br />

e psicoterápicos tradicionais e; 2. o fato da redução de peso ser<br />

54


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

um campo promissor para a testagem de problemas conceituais e teóricos<br />

da abordagem comportamental (população abundante; manipulação<br />

fácil de variável independente – condições de tratamento).<br />

As técnicas de condicionamento respondente foram definidas<br />

pela autora como o:<br />

[...] Emparelhamento de um evento que tem valor positivo<br />

com outro evento que tem valor negativo. O objetivo destes<br />

dois estímulos emparelhados com valores contrários é tanto<br />

criar uma reação positiva a um estímulo previamente<br />

negativo [...] como criar uma reação negativa a um estímulo<br />

previamente positivo... Em Programas de Redução de Peso,<br />

a abordagem respondente é constituída de técnicas<br />

aversivas para enfraquecer a atratividade do alimento<br />

(CUNHA, 1985a, p. 42).<br />

Os estímulos aversivos escolhidos para o emparelhamento foram<br />

vinagre, choque elétrico, odor de alimento deteriorado e redução<br />

do ar inspirado (segurar a respiração). Os experimentos envolviam uma<br />

quantidade pequena de sujeitos, na sua maioria mulheres obesas, e<br />

apresentavam uma variação expressiva nos resultados tanto de perda<br />

de peso quanto de manutenção do peso perdido. Sobre eles, a autora<br />

afirmou que “... Não são suficientemente claros, exigindo novas pesquisas<br />

e delineamentos mais acurados com maior número de sujeitos.<br />

O motivo que levou as pessoas a perderem peso, nestes experimentos<br />

não ficou claro” (CUNHA, 1985a, p. 43).<br />

Em meio à descrição de técnicas de condicionamento aversivo,<br />

a autora destacou a sensibilização encoberta. Esta técnica compreende<br />

o emparelhamento do comportamento indesejável com imagens<br />

nocivas de náuseas e vômito (estímulos aversivos). A autora citou um<br />

estudo clínico clássico de Cautela em 1972, que afirma que o estímulo<br />

mais apropriado para estabelecer condicionamento aversivo é a naúsea,<br />

mais adequado inclusive que o choque elétrico. No entanto, a<br />

revisão dos resultados de dois outros estudos, um deles que inclusive<br />

replica o estudo de Cautela, não permitiu confirmar a efetividade<br />

dessa técnica. Outros autores, como Abramson em 1973, indicaram a<br />

utilização dessa técnica com vista à redução da consumação de um<br />

alimento específico em uma situação específica e sugerem que seja<br />

avaliada experimentalmente a generalização desses resultados para<br />

outros alimentos e situações.<br />

55


Universidade da Amazônia<br />

A autora finalizou sua análise dos estudos que usam técnicas aversivas<br />

tomando como parâmetro a discussão feita sobre o assunto por<br />

Stuart em 1972:<br />

[...] Apesar do entusiasmo inicial, há apenas uma pequena<br />

efetividade como um programa geral de tratamento de<br />

Obesidade, podendo ser combinada com outras técnicas<br />

em casos específicos.<br />

[...] Stuart (1972) apresenta algumas explicações. Segundo<br />

ele, o fracasso pode estar, em parte, ligado diretamente<br />

ao fato de que punição leva a alto controle discriminativo<br />

sobre o comportamento, isto é, o sujeito aprende a suprimir<br />

a primeira resposta na presença do agente punidor, mas<br />

provavelmente aquela resposta ocorrerá em sua ausência.<br />

Há ainda uma segunda explicação: é possível que o ato de<br />

comer, reforçamento positivo, é tão forte que este<br />

desconforto associado à intervenção aversiva pareça trivial<br />

quando comparado com o grande prazer associado ao<br />

comer (CUNHA, 1985a, p. 44).<br />

A partir desse momento a autora passou a tratar das técnicas de<br />

condicionamento operante, que se caracterizam por objetivar o fortalecimento<br />

ou enfraquecimento de respostas existentes que ocorrem<br />

sob o controle de determinados estímulos antecedentes e conseqüentes.<br />

A autora apresentou os resultados de cinco estudos com pacientes<br />

esquizofrênicos institucionalizados, nos quais foi utilizado reforçamento<br />

e punição operante. O número de sujeitos envolvidos nestes<br />

estudos foi reduzido (no máximo cinco) e o experimentador tinha<br />

um amplo controle sobre o ambiente dos sujeitos, a ponto de conseguir<br />

restringir o acesso a doces, por exemplo. Os reforçadores eram<br />

contingentes ao resultado da pesagem do sujeito, que foi feita em<br />

intervalos diferentes em cada estudo (de uma vez por semana até<br />

três vezes ao dia) e variaram em termos de reforçador usado de fichas<br />

em sistema de “token economy” 11 até reforço social. Um dado interessante<br />

foi obtido com a observação dos efeitos no peso gerados<br />

pela retirada por duas vezes de um sujeito da instituição, o que resultou<br />

em uma interrupção momentânea do programa. Nessa situação,<br />

11<br />

Economia de fichas é um sistema de reforçamento no qual ocorre a administração de fichas como<br />

reforço imediato, posteriormente trocadas por outros reforçadores, a partir de critérios que estabelecem<br />

uma razão entre número de fichas e reforçadores específicos (para mais detalhes ver Borges,<br />

2004 e Scarpelli, Costa e Souza, 2006).<br />

56


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

observou-se que na primeira interrupção houve aumento de peso,<br />

fato este não repetido na segunda vez. Estes e outros dados mais específicos<br />

levaram a autora a concluir que:<br />

Os casos apresentados, deixam ver de maneira clara que<br />

pacientes psicóticos perdem peso dentro de um hospital<br />

psiquiátrico, se seu ambiente for programado de tal<br />

maneira que a perda de peso se torne importante para<br />

eles. Ninguém argumenta a efetividade destes programas<br />

com paciente psiquiátrico; a pergunta é acerca da<br />

permanência destas mudanças (CUNHA, 1985a, p. 46).<br />

O outro conjunto de estudos analisado pela autora envolvia pacientes<br />

com atraso mental. A autora destacou dois estudos, sendo<br />

que um deles contou com a participação de crianças e seus pais. Neles,<br />

foram utilizados um guia para os pais e um jogo de fichas coloridas<br />

que representavam os grupos de alimentos e as quantidades. O outro<br />

estudo utilizou apenas reforço social. Houve perda de peso em ambos,<br />

embora os autores não tenham conseguido indicar os aspectos<br />

dos programas que geraram estes resultados, sugerindo a realização<br />

de novas pesquisas.<br />

A autora analisou também os resultados de estudos com uma abordagem<br />

chamada “coverant”, definida por ela como um operante encoberto<br />

que pode ser manipulado por meio de dicas ambientais. Esta técnica<br />

pode ser sumarizada da seguinte forma: levantamento de pensamentos<br />

desagradáveis e agradáveis, de comportamento de alta frequência;<br />

instrução verbal ao sujeito para que a cada emissão do comportamento<br />

de alta frequência, ele pensa nas coisas que considera desagradáveis<br />

com relação a ser obeso, bem como, pense nas coisas que considera agradável<br />

em relação a ser magro (pareamento). Os dados expostos pela autora<br />

são contraditórios, ora indicam perda de peso ora não indicam. Na<br />

visão analítico-comportamental, diferentemente da visão cognitivo-comportamental,<br />

estes eventos (privados) não causam a modificação do comportamento,<br />

mas fazem parte da cadeia comportamental que é modificada<br />

por eventos públicos (as causas do comportamento).<br />

Por fim, o maior conjunto de estudos expostos trata da utilização<br />

de procedimentos de autocontrole em programas de redução de peso.<br />

A autora definiu, inicialmente, o que vem a ser autocontrole em uma<br />

perspectiva behaviorista radical:<br />

57


Universidade da Amazônia<br />

58<br />

Nos estudos de autocontrole, os termos auto-regulação,<br />

auto-monitoria e auto-direção são usados como sinônimos<br />

[...] o autocontrole pode ser visto como um processo, através<br />

do qual o indivíduo se torna o principal agente na<br />

orientação, monitoria, direção e regulação das diversas<br />

formas de sua própria conduta [...] é uma técnica aprendida<br />

através de vários contatos sociais... (CUNHA, 1985a, p. 50).<br />

Desta forma, a autora ressaltou a relação entre autocontrole e<br />

autoconhecimento ao dizer que:<br />

[...] Técnicas de autocontrole estão intimamente ligadas<br />

com a habilidade da pessoa para discriminar padrões e<br />

causas do comportamento a ser regulado, por exemplo,<br />

dicas ou eventos que freqüentemente precedem o comer<br />

exagerado, ou certas conseqüências, que muitas vezes,<br />

seguem o fumar... (CUNHA, 1985a, p. 50).<br />

A autora se ateve à discussão sobre o valor reforçador intrínseco da<br />

autorregulação/autocontrole/autodireção e apresentou as conclusões de<br />

estudos com animais (macacos) e crianças que mostraram que os sujeitos<br />

ao terem a possibilidade de optar entre controlar seu próprio reforçamento<br />

ou obter o reforçamento sob o controle externo, optaram pelo primeiro.<br />

A autora apresentou a tentativa de criar um modelo sistemático<br />

de autocontrole feita por Thoresen e Mahoney em 1974, e sumarizando-o<br />

da seguinte forma:<br />

Os Estímulos Iniciais Antecedentes (EIA) são aquelas dicas<br />

que precedem a resposta controlada (RC + ou RC -). No caso<br />

da superalimentação, fome ou máquina de doce, pode ser<br />

o Estímulo Inicial Antecedente. A resposta positiva<br />

controlada (RC) é aquele comportamento que provavelmente<br />

será aumentado, (ex. Não comer alimentos que produzem<br />

Obesidade). O comportamento negativo controlado (RC) é o<br />

comportamento a ser desacelerado (ex. Comer em excesso).<br />

Em padrões de hábitos de longa permanência, o EIA pode<br />

ser inexistente ou inespecificado, como se pode observar<br />

na explicação de Premack (1971), [como no caso de] quando<br />

um fumante acende um cigarro, sem conhecimento do ato<br />

em si mesmo, como das dicas ambientais, antecedentes.<br />

A probabilidade de uma resposta de controle (RC) pode ser<br />

modificada por várias respostas de autocontrole (RAC). Isto<br />

é usualmente feito, alterando a consequência de uma ou<br />

mais respostas de controle (RCs) ou pela mudança Estímulo<br />

Inicial Antecedente (EIA) (CUNHA, 1985a, p. 52).


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

A autora destacou do modelo exposto os tipos de respostas de<br />

autocontrole: 1. Planejamento do ambiente e; 2. Planejamento do comportamento.<br />

Como exemplos do primeiro tipo temos: “EIA modificações<br />

(estímulo de controle) e a programação de RC conseqüentes; exposição<br />

a estímulos de autorregulação (ex. dessensibilização auto-administrada)”<br />

(CUNHA, 1985a, p.52). No caso do segundo tipo, temos<br />

como exemplo: “auto-observação; autorrecompensa (positiva e negativa,<br />

encoberta e descoberta)” (idem).<br />

A mesma finalizou a exposição do modelo afirmando que respostas<br />

de autocontrole são sensíveis à efetividade em alterar as respostas<br />

controladas, bem como à variedade de fatores externos.<br />

No trecho seguinte do texto a própria autora apresentou os estudos<br />

clássicos na área de autocontrole, representados, em sua maioria, por experimentos<br />

desenvolvidos ao longo da década de 70. Dentre os estudos<br />

citados e sumarizados estão: Ferster, Nurnberger e Levitt em 1962, Stuart<br />

em 1967 e 1971, Harris em 1973, Harris e Hallbauer em 1973, Wollerheim em<br />

1970 e Rozensky e Bellack em 1976. Outro conjunto de estudos, na sua<br />

maioria, derivados de teses de doutorado feitas por autores estrangeiros,<br />

exceto Kerbauy (1977), foram apenas mencionados sem detalhamento.<br />

A autora finalizou o texto elencando os problemas metodológicos<br />

do conjunto total de estudos analisados. Para ela, já há dados robustos<br />

que comprovam a eficácia das técnicas de autocontrole na redução de<br />

peso, embora haja lacunas importantes no que tange ao seu efeito prolongado,<br />

já que os follow ups 12 realizados não ultrapassaram o período<br />

de um ano. Para consubstanciar sua análise, a autora parte de um trabalho<br />

de revisão da literatura sobre o tema produzido entre os anos de 1959<br />

e 1973 feito por Hall e Hall em 1974. Segundo estes autores, as técnicas de<br />

automonitoria isoladas ou mesmo combinadas com outras técnicas são<br />

as que produzem a maior perda de peso durante o follow up. Técnicas de<br />

monitoria externa produzem tanto a perda quanto a manutenção do peso.<br />

Sendo assim, os autores indicaram a necessidade da realização de pesquisas<br />

que combinem as duas em um mesmo programa.<br />

Na mesma direção, Brightwell e colaboradores em 1977 analisaram<br />

outros seis estudos e concluíram que: “... Há um mínimo de evidência<br />

para sustentar a posição de que o peso pedido é mantido ...” (CU-<br />

NHA, 1985a, p. 56).<br />

12<br />

Fase realizada em um período de tempo posterior ao encerramento da pesquisa e/ou intervenção,<br />

visando avaliar a generalização dos resultados obetidos durante a mesma.<br />

59


Universidade da Amazônia<br />

A autora indicou, no entanto, como uma questão crítica dos estudos<br />

realizados até aquele momento, o fato de nenhum deles ter continuado<br />

o tratamento até o ponto em que os sujeitos tenham atingidos o<br />

peso normal e que o tivessem mantido por pelo menos três anos. Além<br />

disso, a autora considerou que os estudos têm um delineamento muito<br />

complexo e deixa neste sentido algumas questões:<br />

Uma outra questão, levantada dos estudos revisados, é<br />

que técnicas muito complexas, nem sempre produzem<br />

melhores efeitos de que técnicas mais simples de<br />

autocontrole.<br />

Será que um experimento com técnicas bem simples, não<br />

teria os mesmos efeitos? Usando técnicas tão simples, se<br />

houver uma perda razoável de peso, qual seria a<br />

manutenção deste peso, qual seria o grau de autocontrole<br />

adquirido? (CUNHA, 1985a, p. 57).<br />

A julgar pelas proposições feitas no final desse artigo e pelo título<br />

da dissertação da autora: “Uma solução simples para um problema<br />

comportamental complexo: uma contribuição para o estudo da Obesidade”<br />

(UnB, 1980), estas perguntas finais devem ter se transformado<br />

nos problemas de pesquisa tomados como eixo principal da pesquisa<br />

desenvolvida durante o seu mestrado.<br />

A análise dos estudos localizados nesta década revelou que todas<br />

as pesquisas realizadas eram pesquisas do tipo experimental, realizadas<br />

na sua maioria tendo mulheres como sujeitos e encerradas<br />

antes que os sujeitos tivessem chegado ao peso ideal. Em geral, as<br />

pesquisas tinham como um dos passos de seus procedimentos o ensino<br />

de técnicas de autocontrole aos sujeitos, uma vez que suas autoras<br />

comungavam da visão de Ferster e colaboradores em 1962 de que a<br />

Obesidade é um quadro orgânico gerado por déficits de autocontrole.<br />

No entanto, as autoras indicaram a ausência de dados conclusivos acerca<br />

dos efeitos em longo prazo dos programas comportamentais de<br />

redução de peso (fase de manutenção), já que nos estudos realizados,<br />

inclusive os citados na literatura internacional, o período de follow<br />

up não ultrapassou um ano.<br />

Com relação aos efeitos diferenciais de cada técnica de autocontrole<br />

utilizadas nos estudos, houve um claro destaque à efetividade das<br />

técnicas de autorreforçamento e automonitoria. Com relação à primeira,<br />

as autoras indicaram que a técnica resolveria uma limitação dos pro-<br />

60


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

gramas de comportamentais de redução de peso: o não reforçamento<br />

contingente de novos hábitos alimentares, sobretudo na fase de instalação<br />

desses comportamentos. Com relação à segunda, ao permitir que<br />

o próprio sujeito analise funcionalmente seu comportamento, o autoconhecimento<br />

seria favorecido, base para o autocontrole.<br />

Outro aspecto comum observado nos trabalhos dessa década foi<br />

a indicação de que o treino de autocontrole deveria ser iniciado por<br />

situações mais simples, talvez não relacionadas ao comportamento alimentar,<br />

nos quais o custo da resposta seja menor e a probabilidade de<br />

reforçamento maior.<br />

4.2 A PESQUISA NA DÉCADA DE 80<br />

Foram identificados 13 trabalhos nesta década, distribuídos da<br />

seguinte forma: seis artigos, todos de autoria de Jacira Cunha da UCG<br />

(CUNHA, 1983; 1985a; 1985b; 1985c; 1985e; 1985f); duas dissertações de<br />

mestrado (Duarte em 1981; HELLER, 1990); três resumos publicados em<br />

anais de congresso (Cunha, Mettel e Todorov em 1981; Cunha em 1982 e<br />

em 1983); um trabalho completo publicado em anais de congresso (Kerbauy<br />

em 1985) e; um capítulo de livro (KERBAUY,1987).<br />

A análise qualitativa da produção dessa década abarcou diretamente<br />

oito trabalhos (CUNHA, 1983, 1985a, 1985b, 1985c, 1985e, 1985f; KERBAUY,<br />

1987; HELLER, 1990). No entanto, na análise dos trabalhos, percebeu-se que<br />

um destes trabalhos não obtidos (Cunha em 1982) foi integralmente apresentado<br />

na forma de artigo um ano depois (CUNHA, 1983). Desta forma,<br />

podemos considerar que, ao todo, foi possível compor a análise qualitativa<br />

de nove trabalhos desta década, um número bastante representativo da<br />

produção da mesma (69,23%).<br />

O artigo em questão, publicado por Cunha (1983), derivou de uma<br />

pesquisa experimental que teve como objetivo verificar a contribuição<br />

do registro público do peso e de sua combinação com outros componentes<br />

em programas comportamentais de redução de peso, bem como<br />

seus efeitos no período posterior ao encerramento do mesmo (manutenção<br />

do peso atingido).<br />

Participaram da pesquisa 19 sujeitos, sendo 17 mulheres e dois<br />

homens, distribuídos em quatro grupo/condições, a saber: Grupo A = peso,<br />

registro público e dicas de autocontrole (PRP + DA); Grupo B = peso, registro<br />

público e registro de alimentos (PRP + RA); Grupo C = peso e registro<br />

público (PRP) e; Grupo D (controle) = peso (P) sem registro público. Os<br />

61


Universidade da Amazônia<br />

sujeitos desconheciam o grupo a que pertenciam. Nos grupos que tinham<br />

em seu programa o registro público, o peso era aferido à vista de<br />

todos e colocado em um gráfico que ficava exposto. Embora, a proposta<br />

do programa seja maior, os dados analisados dizem respeito a um período<br />

de oitos semanas, com pesagem três vezes por semana, e um período de<br />

16 semanas de follow up, durante as quais os contatos com o experimentador<br />

foram sendo progressivamente descontinuados (no primeiro mês<br />

foram realizados dois contatos; no segundo mês foi realizado um contato;<br />

daí para frente um contato por semestre).<br />

A autora apresentou os resultados dos sujeitos tomando como<br />

parâmetro cinco valores de peso: o peso inicial; o peso normal; o peso<br />

desejado (a expectativa do sujeito); o peso final (na 8ª semana) e; por<br />

fim, o peso pós-programa (follow up). A comparação dos índices obtidos<br />

pelo sujeito demonstrou grande variabilidade, tanto no que tange<br />

à redução de peso durante o programa (peso inicial – peso final), quanto<br />

no que tange à perda de peso no período de follow up.<br />

Os resultados do estudo foram submetidos à Análise de Variância<br />

de Kruskal e Willis, com nível de significância de 0,05. A análise revelou:<br />

[...] uma diferença significativa entre os grupos<br />

experimentais e grupo controle. Ficando evidenciado que<br />

registro público é um fator importante na perda de peso. E<br />

o Registro público pode aumentar significativamente sua<br />

importância, quando se acrescentam dicas de auto-controle<br />

ou registro de alimentos, como ficou demonstrado nos<br />

Grupos A (PRP + DA) e B (PRP + RA).<br />

Na segunda fase do Grupo controle, quando se acrescentou<br />

Registro público o aumento na perda de peso foi de mais<br />

de 20% (CUNHA, 1983, p. 107).<br />

Além disso, a análise revelou também que: “... Os sujeitos continuaram<br />

perdendo peso nos quatro meses de follow-up. O que pressupõe<br />

que os sujeitos adquiriram um ótimo grau de autocontrole”(Idem).<br />

Além disso, Cunha (1983) concluiu que as condições mínimas<br />

para a perda de peso seriam as que compunham o delineamento do<br />

Grupo C (PRP).<br />

A mesma autora, em 1985, apresentou seu trabalho em um número<br />

especial do periódico “Ciência do Comportamento: teoria, pesquisa<br />

e prática”, em seis artigos. Como já se comentou, três dos seis<br />

artigos já foram analisados no item anterior devido ao fato de que seu<br />

conteúdo foi, na verdade, desmembrado da dissertação de mestrado<br />

62


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

da autora, produzida ainda na década de 70. Apresenta-se abaixo a análise<br />

dos três outros artigos.<br />

Cunha (1985b) realizou uma pesquisa experimental com o objetivo<br />

de analisar os efeitos de um dos componentes do autocontrole, o reforçamento<br />

próprio ou autorreforçamento, no desempenho de perda de peso.<br />

A autora iniciou o texto estabelecendo a diferença entre a conceituação<br />

de autocontrole configurada por outras abordagens, pelo senso<br />

comum e pela Análise do Comportamento, defendendo que esta<br />

última pode, ao oferecer um tratamento científico, viabilizar a criação<br />

de uma “tecnologia de autocontrole”, que pode vir a ser usada por qualquer<br />

pessoa. Apresentou, desta forma, o resumo de pesquisas preliminares<br />

nesta direção e sintetizou o processo de aquisição de autocontrole<br />

em três passos básicos: 1. auto-observação; 2. planejamento do ambiente<br />

e; 3. programação de consequências para o comportamento de<br />

autocontrole, especificando o caminho para a aquisição de cada passo.<br />

A autora destacou, dentre os diversos trabalhos citados, o realizado<br />

por Rozensky e Bellack em 1976 que investigou a relação entre as diferenças<br />

individuais no estilo de reforçamento próprio e o desempenho em<br />

programas de redução de peso, já que havia na literatura da época certo<br />

consenso em considerar que as diferenças individuais manifestas no desempenho<br />

de autocontrole são resultado da história de aprendizagem de<br />

cada indivíduo. Partindo desse pressuposto, os autores passaram a classificar<br />

os indivíduos em dois tipos: indivíduos com alta capacidade de reforçamento<br />

próprio e indivíduos com baixa capacidade de reforçamento próprio;<br />

e a relacionar cada tipo com uma forma de desempenho em programas<br />

de redução de peso. Sobre isso, a autora afirmou que:<br />

[...] Os sujeitos com alta capacidade de reforçamento<br />

próprio, perdem peso e conservam o peso perdido em<br />

condições mínimas de controle [externo]; são refratárias à<br />

perda de peso, quando há um alto grau de controle<br />

[externo]. Enquanto que os sujeitos com baixa capacidade<br />

de reforçamento próprio, só perdem peso dentro de<br />

condições de maior controle [externo] e praticamente não<br />

perdem peso, quando as condições de controle são mínimas<br />

(CUNHA, 1985b, p. 17-18).<br />

A autora indicou essa variável – reforçamento próprio – como<br />

responsável pela grande variabilidade intersujeitos encontrada em programas<br />

de redução de peso. A despeito disso, ao definir seu objetivo no<br />

63


Universidade da Amazônia<br />

meio de seu artigo diz que “O presente estudo tem como propósito<br />

investigar o problema da variabilidade inter-sujeito, sem contudo analisar<br />

este componente do autocontrole: estilo de reforçamento próprio”<br />

(CUNHA, 1985b, p. 18). Em outro trecho, afirma que “A variável<br />

independente foi o controle alto, médio e mínimo, os esquemas” (CU-<br />

NHA, 1985b, p. 20). Reafirmando que, apesar da fundamentação teórica<br />

apresentada, não consideraria a variável reforçamento próprio nesse<br />

estudo ao dizer em outro trecho “Não foi aplicado um instrumento para<br />

medir o grau de reforçamento próprio de cada sujeito, pois o estudo em<br />

referência não exigiu isto” (CUNHA, 1985b, p. 20).<br />

Foram selecionados inicialmente trinta indivíduos obesos 13 ,<br />

sendo 12 homens e 18 mulheres na faixa etária de 21 a 60 anos, que não<br />

realizavam tratamento psiquiátrico e não tinham suspeita de gravidez,<br />

dos quais apenas 25 compareceram para a realização das sessões 14 .<br />

Os participantes foram distribuídos em três grupos, a saber:<br />

Grupo A (alto controle) com sete participantes; Grupo B (médio controle)<br />

com oito participantes e; Grupo C (fraco controle) com dez<br />

participantes. O nível de controle foi definido pelo número de sessões<br />

de 60 minutos que os grupos teriam por semana, respectivamente,<br />

três sessões (segunda, quarta e sexta-feira), duas sessões<br />

(segunda e sexta-feira) e uma sessão (quarta-feira) nos níveis de<br />

alto, médio e baixo controle. Além disso, a autora nomeou cada nível<br />

como Esquema III, Esquema II e Esquema I, com referência ao<br />

número de sessões por semana.<br />

Os participantes assinavam um contrato de permanência no<br />

experimento até o final e estabeleciam como meta a perda de peso de<br />

meio a um quilograma por semana, visando a perder um total de dez<br />

quilos. O experimento durou ao todo 36 semanas, sendo 16 semanas de<br />

exposição às condições experimentais e 20 semanas de pesagem para<br />

verificação de manutenção de peso. Além disso, todos os participantes<br />

receberam informações sobre Obesidade, nutrição e balanceamento<br />

da alimentação, bem como foram instruídos de como deveriam ser procedidos<br />

a pesagem e o registro do peso em gráfico. A figura a seguir<br />

apresenta o delineamento completo da pesquisa:<br />

13<br />

Utilizou-se como parâmetro para aferição de Obesidade o Índice de Broca, corrigido para o Brasil.<br />

14<br />

A autora não esclareceu quais sujeitos não participaram efetivamente.<br />

64


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

SELEÇÃO TRATAMENTO SEGUIMENTO<br />

2 SEMANAS 16 SEMANAS 20 SEMANAS<br />

Critérios para<br />

ser admitido:<br />

- Ter um índice de obesidade<br />

de pelo menos<br />

15 por cento.<br />

- Não estar envolvido<br />

em tratamento psiquiátrico.<br />

- Sem suspeita de gravidez.<br />

N = 30<br />

GRUPO A<br />

Esquema III<br />

(48 sessões)<br />

N = 7<br />

GRUPO B<br />

Esquema II<br />

(32 sessões)<br />

N = 8<br />

GRUPO C<br />

Esquema I<br />

(16 sessões)<br />

N = 10<br />

Sessões uma vez por<br />

semana para todos os<br />

grupos.<br />

N = 25<br />

acompanhamento de cinco anos<br />

Exames médicos<br />

e<br />

curva glicêmica<br />

Contratos<br />

Exames médicos<br />

e<br />

curva glicêmica<br />

Figura 1. Delineamento geral do experimento de Cunha (1985b).<br />

Embora os participantes estivessem divididos em grupos expostos<br />

a diferentes esquemas, os resultados foram analisados individualmente<br />

(sujeito seu próprio controle 15 ), levando em consideração<br />

os cinco tipos de peso aferidos por Cunha (1983). A análise comparativa<br />

do desempenho intergrupos foi realizada visando a avaliar as diferenças<br />

individuais em diferentes esquemas.<br />

Os resultados indicaram mostraram que:<br />

Quanto ao objetivo específico de perder de meio a um quilo<br />

por semana, o desempenho do grupo A foi de 79 por cento,<br />

durante o tratamento e chegando a 112 por cento no seguimento.<br />

No grupo B, foi de 69 por cento no tratamento e 95 por cento no<br />

seguimento. No grupo C, foi de 59 por cento no tratamento e 71<br />

por cento, no seguimento (CUNHA, 1985b, p. 20).<br />

Os resultados indicaram ainda que:<br />

15<br />

Para mais detalhes ver Sidman (1977).<br />

Pela análise de variância por postos de Kruskal-Willis,<br />

conclui-se que não houve uma diferença significativa entre<br />

as amostras...<br />

Nos resultados das comparações múltiplas, também não<br />

houve diferença significativa nas amostras, durante o<br />

experimento e acompanhamento (CUNHA, 1985b, p.23).<br />

65


Universidade da Amazônia<br />

A autora concluiu que a proposição de Rozensky e Bellack em<br />

1976, sobre o efeito dos estilos de reforçamento sobre o desempenho<br />

de sujeitos expostos a diferentes níveis de controle externo, seria<br />

adequada para compreender os resultados de seu estudo. A partir<br />

disso, propõe:<br />

[...] E se concluirmos que o processo, realmente, se<br />

desenvolve desta forma, seria então desejável, que nos<br />

referidos programas se selecionassem os sujeitos de<br />

acordo com o seu grau de auto-reforçamento. Naturalmente,<br />

isto traria benefícios aos sujeitos, dando-lhes um programa<br />

de acordo com sua capacidade de reforçamento próprio<br />

(CUNHA, 1985b, p.23).<br />

Outro artigo escrito pela autora (CUNHA, 1985f), publicado no<br />

mesmo periódico, teve o objetivo de responder às perguntas: o que é<br />

Obesidade e o que fazer? Sobre o primeiro questionamento, a autora<br />

apresentou, inicialmente, algumas definições e métodos de aferição<br />

da Obesidade. Partiu, então, para a análise das respostas dadas na literatura<br />

sobre a sua etiologia. Neste sentido, analisou brevemente algumas<br />

teorias explicativas e concluiu que não há como concebê-la fora de<br />

um processo multicausal.<br />

A autora defendeu a ideia de que a melhor forma de reverter o<br />

quadro, não apenas momentaneamente, é investir em programas de<br />

reeducação em vários níveis: social, físico e alimentar.<br />

Na tentativa de sistematizar os achados feitos em pesquisas<br />

comportamentais sobre o tema, a autora indicou que: 1. o conjunto de<br />

técnicas a serem usadas no processo deve ser simples, de forma a viabilizar<br />

o manejo e a aplicação pelo próprio obeso e por pessoas significativas<br />

de seu meio; 2. deve ocorrer uma análise prévia das variáveis ambientais<br />

que instalaram e mantêm os padrões de comportamento alimentar<br />

problemáticos; 3. devem ser observados parâmetros de confecção<br />

da alimentação (preparação e balanceamento, por exemplo); 4. deve<br />

ser estabelecida uma linha de base da frequência do comportamento<br />

de comer, levando em consideração o registro, ao menos três vezes por<br />

semana, de aspectos como tempo, natureza e quantidade do alimento,<br />

circunstâncias e local e; 5. os eventos que servem de ocasião para a<br />

emissão do comportamento desejado devem ser “encorajados”/apresentados,<br />

bem como os que servem de ocasião para a emissão do comportamento<br />

problemático devem ser “desencorajados”/removidos.<br />

66


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

A autora destacou ainda que além do processo descrito acima é<br />

necessário realizar alterações no processo de comer, evitando longos<br />

períodos de privação de alimentos (situação potencialmente aversiva)<br />

e aprendendo a comer em uma velocidade menor, aumentando o número<br />

de mastigações. Além disso, a autora indicou a necessidade de<br />

limitar o número de estímulos pareados ao comer, evitando emitir o<br />

comportamento durante ou em conjunto com outras atividades e em<br />

diferentes locais. Por fim, a autora discutiu estratégias para lidar com os<br />

estados corporais frequentemente associados ao comer, como “ter uma<br />

sensação de vazio”, que muitas vezes é resultado da exposição do indivíduo<br />

a situações de tensão/ansiogênicas e não sinalizam, a verdade,<br />

carência de alimentos. A autora então passou a listar um conjunto de<br />

recomendações para a modificação das condições ambientais visando a<br />

aumentar a frequência do comportamento autocontrolado.<br />

Como resultado dessa síntese comportamental, a autora apresentou<br />

um programa composto de oito passos para a redução e manutenção<br />

do peso:<br />

1º passo:<br />

- Comer sempre no mesmo local;<br />

- Escolher um lugar na casa: mesa da sala de jantar, mesa<br />

da cozinha etc. comer sempre no mesmo local.<br />

- Ter uma companhia, enquanto come.<br />

2º passo:<br />

- Conservar a lista dos grupos de alimentos adequados e<br />

dos alimentos de alto valor calórico, à vista.<br />

- Preparar e servir pequenas quantidades, usar pratos rasos<br />

para ver exatamente quanta comida tem no prato.<br />

- Usar a ficha de registro de alimento, durante as refeições;<br />

Faça o registro na hora, enquanto está comendo.<br />

3º passo:<br />

- Tornar fácil apenas o comer apropriado:<br />

a) fazer a lista de compras;<br />

b) fazer as compras do supermercado, somente após as<br />

refeições.<br />

- Comer devagar, mastigar bem, deixar o garfo descansar.<br />

- Deixar o cartaz de registro de peso, onde fica a maior<br />

parte do dia.<br />

4º passo:<br />

- Limpar o prato diretamente na vasilha de lixo.<br />

- Deixar alguma coisa no prato.<br />

- Separar um dinheiro extra para os alimentos próprios; e<br />

experimentar como é atrativo a preparação dos alimentos<br />

da dieta.<br />

67


Universidade da Amazônia<br />

5º passo:<br />

- Permitir que as crianças tirem seus próprios doces.<br />

- Se for comer alimentos de alto valor calórico, eles devem<br />

ser preparados pela própria pessoa.<br />

- Fazer uma lista de atividades desejáveis:<br />

a) cultivar certos tipos de plantas;<br />

b) escolher um esporte: natação, voley, ginástica etc.;<br />

c) andar rapidamente meia hora toda manhã ou à tarde;<br />

d) não dormir durante o dia;<br />

e) não deitar após o almoço.<br />

6º passo:<br />

- Engolir todo o alimento que está na boca, antes de colocar<br />

mais.<br />

- Comer em prato raso com garfo e faca.<br />

- Mastigar o alimento devagar, inteiramente.<br />

7º passo:<br />

- Tomar a menor quantidade de água, ou qualquer líquido,<br />

durante a refeição.<br />

- Introduzir paradas planejadas, durante as refeições.<br />

Deixar o garfo descansar, conversar com alguém.<br />

- Concentrar no que está comendo. Sinta o gosto bom da<br />

comida.<br />

8º passo:<br />

- Verificar sempre a lista de alimentos que engordam, evitá-los.<br />

- Conseguir que não haja desvio do programa proposto.<br />

- Ler muitas vezes as pistas propostas. Refletir se realmente<br />

está praticando estes exercícios (CUNHA, 1985f, p.10-11).<br />

Além desses passos, a autora chamou a atenção para o controle<br />

do ambiente, sugerindo que sejam evitados alimentos de alto valor<br />

calórico à vista em casa, bem como, estar em locais onde eles estejam<br />

expostos (certas prateleiras de supermercado, por exemplo). O planejamento<br />

da alimentação também foi ressaltado, na medida em que a<br />

autora considerou importante investir na realização de um esquema<br />

adequado de alimentação, composto de seis refeições por dia. A pesagem<br />

ao menos duas vezes ao dia (pela manhã e à noite) permite que<br />

sejam avaliadas as variações naturais de peso, devido aos ciclos de sono<br />

e vigília, e permite que o sujeito tenha evidências diretas da relação<br />

dos alimentos e bebidas com a redução de seu peso corporal.<br />

Por fim, a autora advertiu para a necessidade da adequação de<br />

qualquer programa ao cliente e para a necessidade de evitar o controle<br />

estabelecido pela contagem de calorias.<br />

68


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

Embora o número de artigos assinados por Jacira Cunha no<br />

periódico que estamos analisando tenha sido sete ao invés de seis,<br />

um deles (CUNHA, 1985d) não atendeu ao critério de inclusão na<br />

análise, haja vista apresentar uma explicação para a Obesidade que<br />

não foi consubstanciada em princípios da Análise do Comportamento.<br />

Como um exemplo tem-se o trecho abaixo, quando a autora comentou<br />

os resultados de uma pesquisa realizada com sujeitos expostos<br />

a duas condições: previsibilidade e imprevisibilidade da apresentação<br />

do estímulo aversivo:<br />

As duas situações podem provocar problemas psicossomáticos,<br />

uma pelo medo, agressão desencadeada contra o<br />

objeto agressor ou pela impossibilidade de fugir ou agredir.<br />

A outra, pela agressão dirigida para si mesmo, pelo<br />

desamparo, desejo de morte para fugir à situação de incontrolabilidade,<br />

ou pode dirigir a agressão contra um objeto<br />

imaginário, um possível responsável por aquela situação<br />

(CUNHA, 1985d, p. 39).<br />

Kerbauy (1987) confeccionou um capítulo de livro que define<br />

Obesidade na visão médica e na visão comportamental, apresentando as<br />

linhas gerais para a elaboração de um programa de intervenção comportamental.<br />

Desta forma, a Obesidade caracterizaria-se por uma ingestão<br />

excessiva e/ou inadequada de alimentos em relação ao gasto calórico do<br />

organismo, o que levaria ao acúmulo de tecido adiposo, contribuindo<br />

para o aparecimento de outras doenças como o diabetes e a hipertensão,<br />

além de gerar quadros de retraimento social, baixa autoestima etc. Neste<br />

sentido, a autora propõe que a Obesidade seja compreendida como<br />

um quadro gerado por uma relação tridimensional entre comportamento<br />

alimentar, gasto de energia e consumo de alimentos. Sendo assim, no<br />

tratamento deve constar necessariamente mudanças nos hábitos alimentares<br />

e o exercício físico; visão compartilhada por médicos e psicólogos.<br />

Logo de início indicou que os dois maiores problemas observados nos<br />

tratamento de Obesidade são a manutenção dos resultados obtidos com<br />

a exposição aos programas de redução de peso e o emprego por parte dos<br />

clientes de ações preventivas.<br />

A autora apresentou no texto uma caracterização da abordagem<br />

comportamental da Obesidade. Inicialmente, mostrou que o próprio<br />

termo não era utilizado, sendo mais comum encontrar na literatura<br />

expressões como controle alimentar e controle de superalimen-<br />

69


Universidade da Amazônia<br />

tação, uma vez que a intenção era ressaltar que os estudos comportamentais<br />

enfatizariam o padrão do comportamento alimentar e não<br />

somente questões orgânicas, tradicionalmente tratadas no campo<br />

médico. A autora afirmou, no entanto, que o termo Obesidade passou<br />

a ser utilizado na literatura comportamental, indicando o caráter multiprofissional<br />

do problema.<br />

Historiando a produção da Análise do Comportamento acerca<br />

da Obesidade, a autora informou ter sido de Ferster, Nurnberger e Levitt<br />

em 1962 a primeira pesquisa realizada sobre o problema,<br />

[...] Destacando as situações que causam dificuldades<br />

quanto à seleção e ingestão de alimentos pelo indivíduo,<br />

propondo técnicas de modificação e delimitação à<br />

Obesidade como um problema de autocontrole.<br />

Com essa análise, evidenciou-se o problema de<br />

autocontrole em geral: a diferença entre as conseqüências<br />

imediatas da resposta e suas conseqüências tardias<br />

(KERBAUY, 1987, p. 217).<br />

A partir da pontuação dos autores acima, Kerbauy afirmou que<br />

as contingências presentes (reforçadoras) e futuras (aversivas) não são<br />

discriminadas pelo indivíduo, uma vez que há contingências reforçadoras<br />

para a resposta de comer em excesso alimentos inadequados. A<br />

autora indicou o controle exercido pelo estímulo antecedente como<br />

um obstáculo ao autocontrole. Neste sentido, temos como exemplo o<br />

comer ao estudar, ao ver televisão e durante um bate-papo. A autora<br />

colocou o problema do autocontrole alimentar como:<br />

[...] Decorrente de circunstâncias com conseqüências<br />

reforçadoras imediatas que têm o efeito controlador sobre<br />

respostas como as já citadas, enquanto há consequências<br />

posteriores para a resposta que tem efeitos aversivos<br />

(aumentar o peso, adiposidade e problemas médicos)<br />

(KERBAUY, 1987, p. 217).<br />

Desta forma, a configuração de qualquer programa comportamental<br />

requer a realização de uma análise funcional do comportamento<br />

alimentar do cliente. Neste sentido, a autora sintetizou em alguns<br />

pontos as características de um programa comportamental:<br />

70


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

1. identificar as contingências das quais o comportamento de comer<br />

em excesso é função e a interação entre elas, visando a favorecer a<br />

individualização do programa;<br />

2. ensinar o obeso a automonitorar seu comportamento, por meio da<br />

auto-observação e do autorreforçamento;<br />

3. enfatizar com o obeso que o comportamento de comer excessivamente<br />

foi aprendido e pode ser modificado e, portanto, pode ser<br />

autocontrolado por ele;<br />

4. definir as metas de perda de peso claramente, especificando a quantidade<br />

de peso a ser perdida dentro de um período de tempo;<br />

5. colocar o comportamento de alimentar-se sob o controle de novos<br />

estímulos, dispensando especial atenção à emissão deste comportamento<br />

em situações sociais;<br />

6. estruturar um programa que permita a consequenciação para os comportamentos<br />

do cliente, ensinando o mesmo a discriminar mudanças<br />

e maneiras de iniciar e reiniciar comportamentos, preparando o mesmo<br />

para lidar com insucessos, analisá-los e planejar novos comportamentos<br />

quando situações semelhantes ocorrem novamente;<br />

7. introduzir um programa de atividades físicas para aumentar a quantidade<br />

de energia gasta pelo organismo;<br />

8. ensinar ao obeso as regras básicas de nutrição para que ele modifique<br />

a composição de sua dieta alimentar e;<br />

9. ampliar o repertório comportamental do obeso, desvinculando-o<br />

da alimentação.<br />

A autora afirmou que estas indicações estão baseadas nos resultados<br />

de pesquisa experimentais e clínicas. Neste sentido, a eficácia<br />

em curto prazo de programas comportamentais aplicados à obesidade<br />

passou a ser atestada, embora, ainda não tenha sido observada a mesma<br />

eficácia na fase de manutenção. A autora, levando isto em conta,<br />

comentou que:<br />

[...] Esses problemas estão interligados com uma série de<br />

outros comportamentos, aconselhando-se, portanto, um<br />

processo de terapia que apresente como uma das queixas<br />

o comportamento alimentar. Com isso, não se exclui o<br />

tratamento do comportamento alimentar isolado, se esse<br />

for o caso, ou a intenção do cliente, que deverá discutir<br />

esse fato com o terapeuta e delimitar, na medida do<br />

possível, a previsão dos resultados (KERBAUY, 1987, p. 222).<br />

71


Universidade da Amazônia<br />

A autora finalizou o texto indicando a necessidade da realização<br />

de novas pesquisas para compreender os resultados desencorajadores<br />

de tratamentos comportamentais da Obesidade em longo prazo, que<br />

poderiam fornecer dados para a confecção de programas preventivos<br />

junto às famílias e à sociedade de forma geral, caso estes programas<br />

não sejam capazes de propor técnicas que garantam a generalização<br />

dos resultados na fase de manutenção.<br />

No final dessa década, foi defendida a dissertação de mestrado de<br />

Denise Heller, sob a supervisão da professora Rachel Rodrigues Kerbauy.<br />

Heller (1990) realizou uma pesquisa experimental que teve o objetivo de<br />

identificar as variáveis controladoras da perda, da manutenção e do aumento<br />

de peso em oito mulheres obesas submetidas a um programa comportamental<br />

para a redução de peso. As participantes foram recrutadas por<br />

meio de divulgação da pesquisa em alguns setores do Hospital Escola de<br />

Curitiba (endocrinologia, clínica médica, enfermagem, nutrição). Os critérios<br />

de seleção foram: estar com índice de excesso de peso superior a 20%;<br />

não estar realizando tratamento psicológico; não fazer uso de anorexígenos;<br />

não ter diabetes e; não ter suspeita de gravidez. Todas as participantes<br />

eram inicialmente atendidas por uma nutricionista que procedia a avaliação<br />

dietética, orientava com relação ao balanceamento da dieta e lhes<br />

fornecia uma ficha de substituição de alimentos.<br />

As participantes eram encaminhadas para a entrevista inicial<br />

com a experimentadora, realizada individualmente, com o objetivo de<br />

‘Estabelecer um histórico de excesso de peso do sujeito, identificando<br />

início, causa, casos na família, além de dados pessoais como: doenças<br />

anteriores, atividade física, altura, índice de excesso de peso e razões<br />

para emagrecer” (HELLER, 1990, p. 36). Todos as participantes foram esclarecidas<br />

sobre o tipo de trabalho que seria realizado e estabeleceram<br />

um acordo com a experimentadora que previa a sua participação até o<br />

final do programa. Em caso de desistência, deveriam explicar as razões<br />

para sua saída.<br />

A média de excesso de peso inicial dos participantes foi de 29,<br />

56%. O programa era divido em duas etapas, a saber: 1. programa de<br />

autocontrole do comportamento alimentar e; 2. seguimento. A primeira<br />

etapa teve a duração de 24 sessões. Sendo que a primeira foi realizada<br />

individualmente (entrevista inicial) e as outras 23 em grupo. A periodicidade<br />

das sessões foi alterada, de quinzenal para semanal, na quinta<br />

sessão, a pedido do grupo de participantes. A segunda etapa teve o<br />

objetivo de manter os desempenhos adquiridos na etapa anterior e foi<br />

72


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

desenvolvida ao longo dos 12 meses posteriores ao encerramento da<br />

primeira etapa, totalizando um número de 15 sessões realizadas, sendo<br />

que sua periodicidade era quinzenal até o quarto mês e passou a mensal<br />

a partir do quinto mês.<br />

A sessão durava com média 60 minutos e seguia a ordem descrita<br />

abaixo:<br />

[...] Pesagem dos sujeitos e registro de peso em um gráfico<br />

pessoal; distribuição de prêmios para o sujeito que perdia<br />

mais peso – a partir da quinta sessão; análise das fichas<br />

preenchidas pelo sujeito; relato pelo sujeito das<br />

modificações comportamentais obtidas e das dificuldades<br />

encontradas, acompanhado de discussões e propostas de<br />

solução alternativas; apresentação de conceitos da análise<br />

experimental do comportamento através de explicações<br />

sempre depois que as tarefas eram propostas; tarefas<br />

propostas para iniciar ou manter desempenhos (HELLER,<br />

1990, p. 35).<br />

A ordem dos acontecimentos nas sessões foi alterada apenas por<br />

ocasião das 7ª, 8ª, 12ª, 16ª e 20ª sessões, em que foram incluídos esclarecimentos<br />

sobre a dieta alimentar, realizados por estagiárias de nutrição.<br />

A primeira etapa do programa teve um excelente índice de presença<br />

(em torno de 23 sessões). A análise dos dados revelou que todos<br />

os participantes indicaram como razão para a participação no programa,<br />

o fato de não se sentirem bem por estarem gordos e desejarem emagrecer,<br />

adicionalmente a isso, cinco alegaram querer experimentar um<br />

“tratamento diferente” e um alegou ser a sua participação no grupo<br />

uma exigência de seu médico.<br />

A perda de peso média por mês foi de 1.185 gramas por participante,<br />

perfazendo uma média total de 9.800 gramas. A autora fez a<br />

análise da perda de peso em função da técnica empregada e indicou<br />

que a técnica de registro da alimentação, sozinha, foi capaz de produzir<br />

perda de peso em todos os sujeitos, que variou de três quilos a 700<br />

gramas em 15 dias com o acréscimo da técnica de controle de estímulos,<br />

ao mesmo tempo em que foi indicado o início da dieta, cinco dos oito<br />

emagreceram, um manteve o peso e dois engordaram, sendo que estes<br />

últimos declararam não ter cumprido as tarefas, alegando problemas<br />

familiares. A introdução da pausa durante a alimentação, das garfadas<br />

espaçadas, do relaxamento diário e da prática de duas atividades reforçadoras<br />

e concorrentes com o comportamento de comer foi capaz de<br />

73


Universidade da Amazônia<br />

produzir perda de peso em sete dos oito sujeitos. A utilização da sugestão<br />

de mudança na ordem de ingestão dos grupos de alimentos durante<br />

uma refeição foi capaz de gerar perda de peso para todos os sujeitos, os<br />

mesmo declararam estar usando conjuntamente ao menos quatro técnicas<br />

aprendidas no programa.<br />

Este processo de introdução de técnicas se desenvolveu entre a<br />

segunda e a nona sessão, a partir daí procedeu-se nas reuniões a discussão<br />

sobre as dificuldades encontradas na execução do programa. Foram<br />

registradas igualmente perdas de peso no período compreendido entre<br />

a décima e vigésima quarta sessão.<br />

Com relação às dificuldades enfrentadas individualmente por<br />

todas as participantes ao longo do programa, as sugestões para a superação<br />

das mesmas (destacando-se a fonte) e o nível de adesão dos participantes,<br />

estão sumarizadas e apresentadas no quadro abaixo, com<br />

um resumo do que está demonstrado nas oito tabelas expostas no trabalho<br />

desta autora, acrescentando-se a coluna “sujeitos”.<br />

74


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

DIFICULDADE<br />

Comer em resposta à<br />

situação estressante<br />

Comer muito rápido<br />

Não ter horário para<br />

as refeições<br />

Pular refeições<br />

(café da manhã)<br />

Não ter atividade<br />

física/inatividade<br />

Gostar muito<br />

de doces<br />

Não saber recusar<br />

doces (festas e casa<br />

de amigos<br />

Falta de condições<br />

financeiras para<br />

comprar frutas e<br />

verduras<br />

Não ter geladeira<br />

Comer para passar<br />

o tempo<br />

Sentir muita fome e<br />

comer muito às<br />

refeições<br />

Comer doces no<br />

trabalho (bar)<br />

Comer em um<br />

bandejão<br />

Enjoar verduras e<br />

frutas<br />

SUGESTÃO<br />

Fazer relaxamento e/ou praticar uma atividade<br />

reforçadora.<br />

Descansar o garfo, pausa.<br />

Fixar horários.<br />

Acordar dez minutos antes.<br />

Fazer todas as refeições.<br />

Andar 10 minutos diariamente ou fazer ginástica.<br />

Fazer ginástica ou natação.<br />

Andar a pé. Fazer ginástica.<br />

Usart gelatina dietética.<br />

Usar gelatina dietética ou salada de frutas.<br />

Dar respostas que impeçam as pessoas de<br />

continuar a oferecer doces.<br />

Idem+ lembrar de situações desagradáveis<br />

suscitadas por estar gorda...<br />

Fixar uma cota de doces.<br />

Comprar fruas e verduras ao invés de doces e<br />

iogurte. Comprar no CEASA. Usar menos óleo<br />

para economizar.<br />

Comprar frutas e verduras da estação.<br />

Fazer horta em casa.<br />

Conservar verduras em plástico na água.<br />

Plantar em casa...<br />

Praticar atividade reforçadora em substituição ao<br />

comer.<br />

Mastigar lentamente e fazer pausa após cada<br />

grupo de alimento (carne, salada etc.)<br />

Sistema de economia de fichas (uma moeda para<br />

cada doce não comido), comprar um presente para<br />

si como o dinheiro...<br />

Pedir para colocar menos arroz e feijão. Comer<br />

primeiro a salada e carne, o feijão e o arroz no<br />

final.<br />

Mudar cardápio.<br />

FONTE DA<br />

SUGESTÃO<br />

Experimentadora<br />

(E)<br />

E<br />

16<br />

A autora relata que a adesão é apenas parcial, já que o sujeito não realizava a atividade sistematicamente.<br />

E<br />

E<br />

Grupo (G)<br />

E<br />

E<br />

G<br />

E e G<br />

E<br />

E<br />

E<br />

E<br />

G<br />

E<br />

G<br />

G<br />

G<br />

G<br />

E<br />

E<br />

E<br />

Nutricionista (N)<br />

(N)<br />

SUJEITOS<br />

D.M.<br />

L.M.<br />

D.M.<br />

M.A.<br />

M.C.<br />

L.<br />

D.M.<br />

M.H.<br />

L.M.<br />

M.C.<br />

L.M.<br />

L.M.<br />

D.M.<br />

M.A.<br />

E.<br />

M.E.<br />

L.M.<br />

M.H.<br />

D.M.<br />

E.<br />

D.M.<br />

M.A.<br />

M.C.<br />

M.A.<br />

M.E.<br />

L.M.<br />

M.E.<br />

L.M.<br />

D.M.<br />

M.A.<br />

L.<br />

L.<br />

M.C.<br />

ADESÃO<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM 16<br />

SIM<br />

NÃO<br />

NÃO<br />

SIM<br />

NÃO<br />

NÃO<br />

SIM<br />

NÃO<br />

SIM<br />

SIM<br />

NÃO<br />

SIM<br />

NÃO<br />

NÃO<br />

SIM<br />

Quadro 4. Dificuldades relatadas pelos sujeitos para o seguimento da 1ª<br />

etapa do programa desenvolvido por Heller (1990).<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM<br />

SIM<br />

75


Universidade da Amazônia<br />

(continuação do Quadro 4)<br />

DIFICULDADE<br />

SUGESTÃO<br />

FONTE DA<br />

SUGESTÃO<br />

SUJEITOS<br />

ADESÃO<br />

Fazer e comer bolo Não fazer bolo em casa. Ussar gelatina dietética. N M.C. SIM<br />

Não discriminar o<br />

teor calórico dos<br />

alimentos<br />

Utilizar a tabela de composição química. N M.H. SIM<br />

Não saber escrever<br />

para usar a folha de<br />

registro<br />

Descrever o conteúdo de suas refeições a partir<br />

do manual de alimentação<br />

E. e G. M.H. SIM<br />

Fazer bolo a pedido<br />

da família e comê-lo<br />

Esconder o bolo para não vê-lo. G. E. SIM<br />

Fazer bolo só no final de semana. Comer uma<br />

fatia no sábado e outra no domingo (cota).<br />

E. E. SIM<br />

Gostar de fazer mais<br />

do que de comer<br />

doces<br />

Fazer e esconder.<br />

Fazer outra atividade (visitar pessoas, crochê).<br />

E. E. SIM<br />

Desejar comer os<br />

doces dos filhos<br />

Comprar para os filhos frutas ao invés de doces. G. M.E. NÃO<br />

A autora destacou que, em ordem de frequência, as dificuldades<br />

mais relatadas pelas participantes foram: a velocidade acelerada ao<br />

comer (pouca mastigação), inatividade física, predileção por doces, fatores<br />

socioeconômicos, comer em resposta à exposição a estímulos aversivos<br />

e; habituação ao cardápio. A autora avaliou que:<br />

76<br />

Em suma, observou-se que, nesta primeira etapa do<br />

programa, ocorreram modificações no comportamento<br />

alimentar dos sujeitos nos seguintes aspectos: velocidade<br />

de mastigação e pausas durante as refeições, horário e<br />

local para as refeições, diminuição da ingesta e<br />

balanceamento da dieta (HELLER, 1990, p. 72).<br />

A autora pontuou, ao avaliar a eficácia das técnicas utilizadas,<br />

que diferentemente do estudo de Kerbauy (1972), no qual as técnicas<br />

de controle de estímulos, atividades incompatíveis e garfadas espaçadas<br />

foram indicadas como o conjunto básico de técnicas para a aquisição<br />

de autocontrole do comportamento alimentar, em seu estudo, os<br />

sujeitos elegiam as pausas durante as refeições, ao invés das garfadas<br />

espaçadas, como técnica de maior eficácia, tempo este que foi utilizado


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

para a feitura de trabalhos domésticos, os quais eram de responsabilidade<br />

das participantes.<br />

Com relação à segunda fase do programa, a autora relatou ter<br />

sido necessário constituir-se um novo contrato, que para alguns sujeitos<br />

envolveu perda de peso e manutenção do mesmo, devido ao pouco<br />

peso perdido na primeira fase e, para outros, se restringiu apenas à<br />

manutenção do peso perdido. Os resultados mostraram variabilidade<br />

intersujeitos como relatou a autora no trecho abaixo:<br />

A média inicial do índice de excesso de peso era de 29,56,<br />

passando para 14,29. O sujeito que mais diminuiu seu índice<br />

de excesso de peso foi D. M.: de 53,8 para 28,2. Dois sujeitos<br />

apresentaram no final do programa índice de excesso de<br />

peso negativo: L. -1,1; M. C. -1,5.<br />

Outros sujeitos também reduziram seus índices de excesso<br />

de peso a números abaixo do considerado obeso (20%)<br />

permanecendo em torno de 10%. Somente três sujeitos estão<br />

pouco acima dos 20% (HELLER, 1990, p. 74).<br />

A autora iniciou a segunda etapa do programa após as festas de<br />

final de ano. Neste contexto, três sujeitos prosseguiram a perder peso<br />

e três engordaram. Os três primeiros relataram ter continuado a usar as<br />

estratégias aprendidas, ter cumprido a dieta e mantido o exercício. Os<br />

três sujeitos que engordaram alegaram não ter seguido a mesma conduta,<br />

ficando sob o controle das consequências imediatas do comer em<br />

excesso. Outro aspecto que chama atenção no comportamento dos sujeitos<br />

que emagreceram foi que todos “... Mostram pensamentos focalizados<br />

em atividades diferentes da superalimentação” (HELLER, 1990,<br />

p.75-76). Chamam atenção igualmente, as alegações de um dos sujeitos<br />

que engordou, de que enfrentou problemas familiares, confirmando a<br />

literatura, que afirma ser a resposta de superalimentação reforçada<br />

negativamente. Outra alegação para o ganho de peso foi a condição<br />

financeira dos sujeitos que impedia o acesso a alimentos perecíveis<br />

(verduras e legumes) durante todo o mês.<br />

Partindo da associação do uso de estratégias de perda de peso,<br />

amplamente defendidas na literatura, a autora realizou inicialmente um<br />

levantamento das estratégias mais frequentes e menos frequentes, as<br />

explicações para esta seleção e os efeitos em termos de perda de peso.<br />

Os resultados mostraram que as estratégias mais usadas foram<br />

comer em um só local, mastigar bem, usar pouco sal, não repetir<br />

o prato e fazer pausa durante as refeições. A autora indicou que estu-<br />

77


Universidade da Amazônia<br />

dos semelhantes chegaram mais ou menos ao mesmo resultado e que<br />

os autores alegaram que estratégias deste tipo são de mais fácil manutenção<br />

que estratégias que envolvam o autorreforçamento. A autora,<br />

no entanto, encontrou uma diversidade muito grande de justificativas<br />

para a seleção das estratégias. A estratégia menos usada foi<br />

descansar o garfo/garfadas espaçadas. Os sujeitos alegaram que descansar<br />

o garfo é percebido por eles como “perda de tempo”, uma vez<br />

que todos são extremamente ocupados durante o dia. A autora, por<br />

fim, relatou não ter identificado relação entre o uso de estratégias e a<br />

perda de peso. Para exemplificar a questão, a autora referiu-se a uma<br />

situação específica:<br />

78<br />

O caso de E. é ilustrativo, pois este sujeito, embora tenha<br />

utilizado as estratégias em maior freqüência, proporcionalmente<br />

a esta utilização, este sujeito emagreceu menos<br />

que MH; supõe-se que variáveis biológicas estejam influenciando<br />

na perda ponderal (HELLER, 1990, p. 84).<br />

A autora inventariou as situações e os motivos que estão mais<br />

frequentemente associados à superalimentação, a partir de registros<br />

realizados pelos sujeitos que descreviam as situações em que este comportamento<br />

ocorre e os motivos para o mesmo. Os resultados mostraram<br />

que os motivos alegados com mais frequência são a tristeza, a preocupação<br />

e o nervosismo. As situações desencadeadoras da superalimentação<br />

são as mais diversas, desde reuniões sociais até situações<br />

familiares e profissionais. A autora afirmou que há uma relação estreita<br />

entre ganho de peso e superalimentação, mas que esta relação só seria<br />

bem compreendida com o levantamento da quantidade exata de alimentos<br />

ingeridos (porções).<br />

Durante esta segunda etapa, a autora introduziu uma ficha de<br />

registro de atividade física, o que na opinião dela teve efeito sobre o<br />

comportamento dos sujeitos. A autora, informou, por outro lado, que<br />

nesta etapa não foi requerido o preenchimento da ficha de registro alimentar,<br />

e que foi possível inferir apenas pelos níveis de redução de peso<br />

que o consumo de alimentos calóricos foi reduzido.<br />

A autora procurou saber, por meio das discussões em grupo,<br />

qual o significado da “festa” para os sujeitos, espaço onde frequentemente<br />

estes sujeitos diziam não resistir a alimentos hipercalóricos. A<br />

análise da verbalização confirmou a associação entre festa e comida. A<br />

autora, então, introduziu o treino de um repertório social a ser usado


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

em situações festivas. Os resultados desse treino mostraram que sete<br />

dos oito sujeitos passaram a não ingerir alimentos nessas situações. O<br />

único sujeito que não modificou seu comportamento afirmou ser este<br />

o único lugar em que é possível ingerir estes alimentos, e que prosseguiria<br />

a fazê-lo. O caso deste sujeito exemplificou bem o efeito da privação<br />

sobre a superalimentação.<br />

A autora relatou que ao final de 15 semanas, três dos oito sujeitos<br />

aumentaram de peso, sendo que os relatos colhidos dos mesmos indicaram<br />

que neste período foram expostos novamente a situações estressantes.<br />

Sobre esta questão ela afirmou: “Estes resultados nos fazem<br />

supor que este padrão comportamental (de superalimentação em<br />

situações estressantes) dificilmente será alterado, o que põe em risco a<br />

manutenção do peso perdido” (HELLER, 1990, p. 90).<br />

A autora destacou e descreveu pormenorizadamente a trajetória<br />

de dois sujeitos (M.H. e L. M.) no programa, com vistas a utilizar<br />

estes dados na construção das considerações finais de sua dissertação.<br />

M. H., 18 anos, com índice de excesso de peso de 32,1 %, não<br />

frequentava escola e era semi-analfabeta, fato este que a levou a<br />

ingressar no programa mediante o acordo estabelecido com seus familiares<br />

de cooperação na execução das tarefas escritas, o que perdurou<br />

apenas até a primeira etapa do programa. No início da segunda<br />

etapa, M. L. pretendia se retirar do programa, haja vista que seus familiares<br />

se recusavam a prosseguir com o auxílio na leitura. A autora<br />

indicou este, como o momento em que houve um investimento do<br />

grupo e dela mesma, na confecção de materiais (fichas) adaptados à<br />

compreensão de M. H., utilizando desenhos e referências externas<br />

para a contagem de tempo (horas ditas no rádio; o surgimento e movimento<br />

do sol e da lua). M. H. obteve durante as duas etapas do programa<br />

perda de peso modesta, mas constante, chegando a ganhar peso<br />

em alguns momentos da segunda etapa, mas voltando a perdê-lo no<br />

seguimento. Na avaliação da autora:<br />

Os resultados obtidos com M. L. foram muito positivos, pois<br />

esse sujeito não só perdeu peso, como também modificou<br />

seus hábitos alimentares, adquiriu noções sobre<br />

balanceamento dietético e aumentou sua atividade física.<br />

No final do programa, era capaz de escrever várias palavras,<br />

apresentava uma caligrafia legível e estava matriculada<br />

em uma escola pública.<br />

79


Universidade da Amazônia<br />

80<br />

Este caso, mostra as dificuldades encontradas por profissionais<br />

que trabalham com populações de analfabetos.<br />

Os materiais estrangeiros nem sempre podem ser utilizados,<br />

necessitando uma adaptação. Parece importante que<br />

se realize mais pesquisas na área, e que sejam divulgadas<br />

as soluções encontradas nos diversos trabalhos (HELLER,<br />

1990, p. 95).<br />

L. M., 16 anos, trabalhava como babá por meio período, ao ingressar<br />

no programa apresentava índice de excesso de peso de 31 %. Seu ingresso<br />

no programa foi motivado pelo estabelecimento, por parte do médico, da<br />

perda de peso como pré-requisito para a realização de uma cirurgia plástica<br />

nas mamas. L.M. relatou que enfrentava muitas dificuldades financeiras,<br />

algumas delas que interfeririam no seguimento das recomendações alimentares,<br />

como não possuir geladeira. Além disso, identificou-se que L.M.<br />

apresentava eventos de superalimentação após brigas com a mãe e que no<br />

trabalho procurava se alimentar, já que em casa só existia, em geral, pão e<br />

macarrão. Embora, os seus patrões fossem vegetarianos, doces e guloseimas<br />

eram francamente disponibilizadas para os filhos e para ela não existia<br />

qualquer restrição no acesso ao alimento.<br />

Outros fatores também afetaram o processo de perda-de-peso<br />

L. M., tais como: alegava ter um trabalho muito cansativo; fazia o mínimo<br />

de atividade física; alegando que morar em local muito perigoso<br />

para realizá-la no período da noite; alegava não poder construir uma<br />

horta por morar em terreno pequeno.<br />

A análise quantitativa do desempenho de L. M. indicou que a<br />

mesma foi o sujeito que teve a menor redução de peso do grupo. Por<br />

outro lado, a autora chamou a atenção para a necessidade de realização<br />

da análise qualitativa de seu desempenho:<br />

Observa-se resultados modestos em termos quantitativos.<br />

Entretanto, uma análise qualitativa dos resultados mostra<br />

modificações nos hábitos alimentares do sujeito, tais como:<br />

fixar horários e local para as refeições, mastigar bem os alimentos<br />

e aumentar o consumo de saladas (HELLER, 1990, p. 99).<br />

Ao final do programa, o sujeito foi submetido à cirurgia plástica<br />

pretendida, uma vez que seu índice de excesso de peso estava em 22, 9<br />

%, valor este que representa um risco moderado à saúde.<br />

Por fim, à altura das Considerações Finais, a autora indicou que<br />

os resultados, demonstraram, do ponto de vista quantitativo, que hou-


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

ve perda de peso tanto na primeira, quanto na segunda etapa, a ponto<br />

de dois dos oito sujeitos terem atingido o peso ideal e os outros terem<br />

reduzido seu excesso de peso 24%, no mínimo.<br />

Na discussão dos dados do ponto de vista qualitativo, a autora<br />

apresentou indicativos e reflexões importantes para a compreensão do<br />

desempenho dos oito sujeitos. Inicialmente, a autora mostrou que dos<br />

quatro hipertensos que participaram do programa, três reduziram o peso<br />

para um índice menor que o considerado para aferir Obesidade, diminuindo<br />

os riscos para a saúde física, com reflexos na longevidade dos<br />

indivíduos.<br />

Outro aspecto destacado foi o impacto da perda de peso na vida<br />

social dos sujeitos. A redução de peso permitiu que o deslocamento<br />

dos mesmos em transporte público se desse de forma tranquila, alguns<br />

passaram a vestir certos tipo de roupa (calça jeans, por exemplo) que<br />

antes não podiam em virtude da numeração e passaram a frequentar<br />

festas e reuniões sociais. Sobre este último efeito, a autora advertiu<br />

para a associação entre excesso de comida-riqueza-fartura, que geralmente<br />

se verifica na percepção da situação de festa por indivíduos de<br />

baixa-renda. Para a autora, o valor cultural do alimento pode dificultar<br />

a modificação de hábitos alimentares nestas situações.<br />

Além disso, o programa foi capaz de produzir efetiva modificação<br />

em seus hábitos alimentares, a autora listou algumas delas no trecho<br />

abaixo:<br />

Atualmente, comem mais salada e legumes, não repetem<br />

os pratos quentes, mastigam bem os alimentos, estabelecem<br />

horário e local para as refeições, adquiriram noções<br />

sobre balanceamento dietético, sendo capazes de identificar<br />

o valor calórico e nutricional dos alimentos que ingerem<br />

(HELLER, 1990, p. 102).<br />

Sobre esta questão, a autora incitou a reflexão ao dizer que:<br />

Não existe tratamento específico para esse tipo de população<br />

no que concerne à dieta pois, em geral, os alimentos<br />

prescritos em dietas hipocalóricas são caros e inacessíveis...<br />

Parece que alegar dificuldades econômicas é mais<br />

simples e fácil que admitir a dificuldade na introdução<br />

de novos hábitos, especialmente alimentares (HELLER,<br />

1990, p. 104).<br />

81


Universidade da Amazônia<br />

Neste ponto, a autora ainda ressaltou a necessidade da família<br />

como um todo alterar seus hábitos alimentares.<br />

No que diz respeito à atividade física, sete dos oito sujeitos<br />

incluíram sistematicamente esta atividade em seu cotidiano, a despeito<br />

do fato de todos serem trabalhadores braçais e desenvolverem atividades<br />

extremamente cansativas, por conta de sua condição econômica.<br />

A este respeito, a autora traçou a seguinte reflexão:<br />

[...] Nesse estudo pode-se afirmar que, a partir do momento<br />

que passaram a registrar sistematicamente sua atividade<br />

física diária, os sujeitos não só aumentaram-na, como também<br />

perderam peso. Continuam, entretanto, apresentando o<br />

mesmo nível sócio-econômico e desempenhando o mesmo<br />

trabalho braçal (HELLER, 1990, p. 106).<br />

A autora pontuou que as relações de cooperação que se desenvolveram<br />

entre os membros do grupo, sem dúvida, funcionaram como variáveis<br />

controladoras importantes dos novos hábitos adquiridos durante o<br />

programa. Além disso, estas relações foram decisivas no sentido de oferecer<br />

alternativas aos problemas relatados pelos sujeitos, na medida em que<br />

o grupo apresentava soluções adequadas para a sua realidade.<br />

Outro aspecto levantado pela autora foi a interferência de variáveis<br />

biológicas no processo de redução de peso. Os dados da entrevista inicial demonstraram<br />

que a maior parte dos sujeitos já havia se submetido a dietas<br />

hipocalóricas, perdido e retornado ao peso anterior (efeito sanfona), bem como,<br />

eram egressos de famílias que tinha membros próximos com Obesidade e já<br />

apresentavam Obesidade desde a infância ou a tinham adquirido há certo<br />

tempo (uso de remédios e gravidez). A autora observou que questões metabólicas<br />

e/ou genéticas interferem no ritmo da perda de peso e podem levar à<br />

necessidade de fixar metas de perda de peso individualizadas, ao invés de<br />

grupais (meio a um quilo por semana) como ocorreu nesse estudo.<br />

A análise dos trabalhos deste período revelou que, embora a<br />

maioria dos estudos tenha tido como participantes mulheres, um dos<br />

estudos analisados contou com uma participação expressiva de homens<br />

(CUNHA, 1985b).<br />

A maior parte das pesquisas analisadas (3/5) foi do tipo experimental.<br />

Nas três pesquisas experimentais analisadas, bem como em toda<br />

a literatura que as consubstanciou, observaram-se relatos de grande variabilidade<br />

intersujeitos com relação à perda de peso. No entanto, na<br />

discussão dos resultados, eixos de explicação bastante diversos foram<br />

82


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

observados. Cunha (1985b) optou por atribuir esta variabilidade ao estilo<br />

de autorreforçamento; por outro lado, Heller (1990) resolveu argumentar<br />

na direção de identificar as técnicas ensinadas que tinham tido mais<br />

dificuldades de ser implementadas pelas participantes, levando em consideração<br />

a história de cada um e seu nível socioeconômico.<br />

Os dois outros trabalhos que não eram experimentais tomaram a<br />

forma de pesquisas bibliográficas. Estas pesquisas tiveram um traço comum:<br />

realizaram um levantamento de pesquisas clínicas e experimentais<br />

(em maioria) no campo da Análise do Comportamento e Obesidade e<br />

tiveram a intenção de propor programas, mais ou menos estruturados,<br />

baseados no dados dessas pesquisas. A análise comparativa desses programas<br />

permite notar que: 1. indicam a necessidade de análise funcional<br />

prévia do comportamento alimentar; 2. indicam como uma das dificuldades<br />

para a instalação de novos hábitos alimentares o controle exercido<br />

pelos estímulos antecedentes; 3. indicam a automonitoria do comportamento<br />

alimentar como técnica básica, visando a propiciar condições para<br />

que o obeso discrimine as contingências das quais o seu comportamento<br />

alimentar é função; 4. indicam a necessidade da introdução de atividades<br />

físicas, de preferência registrando-as; 5. indicam a necessidade de planejamento<br />

alimentar e; 5. indicam a necessidade da ampliação do repertório<br />

comportamental do obeso, pela instalação de comportamentos concorrentes<br />

ao comportamento de comer excessivamente e pelo favorecimento<br />

do contato com outros reforçadores além da comida.<br />

Com relação às indicações feitas pelos programas, a análise dos<br />

dados das três pesquisas experimentais dessa década suscita algumas<br />

reflexões. A pesquisa de Heller (1990) demonstrou, que a simples introdução<br />

de uma ficha de registro de atividade física, mesmo sem o estabelecimento<br />

de metas, foi capaz de aumentar e/ou tornar mais constante a<br />

atividade física da maioria de seus sujeitos (7/8). Este aspecto é especialmente<br />

importante, já que até aqui os procedimentos expostos enfatizaram<br />

a automonitoria apenas do comportamento alimentar, não estendendo<br />

esta técnica a outros comportamentos interligados e partícipes do<br />

processo que culminou na construção do quadro de Obesidade.<br />

Este mesmo estudo também dá outra contribuição importante<br />

no sentido de ampliar o espectro de comportamentos-alvo de intervenção<br />

em programas comportamentais de combate à Obesidade: a<br />

introdução do treino de repertório para situações sociais (sobretudo<br />

festas) que envolvam alimentos. Neste sentido, a observação de que<br />

7/8 dos sujeitos foram capazes de controlar a ingesta nestes contex-<br />

83


Universidade da Amazônia<br />

tos, a despeito das contingências dispostas, mostra uma linha interessante<br />

de intervenção e de pesquisa: a relação entre repertório de<br />

habilidades sociais, superalimentação e Obesidade.<br />

Destaca-se ainda, nesta década, a indicação de Heller (1990) do<br />

papel representado pelo grupo de participantes para o estabelecimento<br />

dos novos hábitos alimentares de cada um dos seus membros, na<br />

medida em que partiu diversas vezes do próprio grupo a iniciativa de<br />

buscar alternativas para a implementação das estratégias componentes<br />

do programa no dia-a-dia. Este dado fica especialmente interessante<br />

se cruzado com os obtidos por Kerbauy (1972; 1977), em que o menor<br />

desempenho, em termos de perda de peso, ocorreu nos sujeitos que<br />

foram atendidos em grupo. Neste sentido, parece ser bastante significativa<br />

a realização de pesquisas sobre o papel do grupo na adesão ao<br />

programa e na redução de peso, como sugere Heller (1990).<br />

Afirmações com relação à dificuldade em garantir a manutenção<br />

do peso atingido no período de follow up e com relação à necessidade<br />

de individualizar os critérios e as metas de perda de peso são novamente<br />

retomadas nos textos dessa década, indicando a sua pertinência<br />

e a ausência de pesquisa nesta direção.<br />

4.3 A PESQUISA NA DÉCADA DE 90<br />

Foi identificado nesta década um conjunto de 14 trabalhos, distribuídos<br />

da seguinte forma: sete resumos publicados em anais de congresso;<br />

um resumo publicado em periódico; três artigos; duas monografias<br />

de conclusão de curso de especialização e; um trabalho de conclusão<br />

de curso de graduação em Psicologia.<br />

A análise qualitativa da produção dessa década abarcou diretamente<br />

cinco trabalhos. No entanto, na análise dos trabalhos, percebeuse<br />

que dois dos trabalhos não obtidos foram integralmente apresentados<br />

na forma de dissertação de mestrado um ano depois, dissertação<br />

esta captada e analisada dentro do conjunto de trabalhos pertencentes<br />

ao período de 2001 a 2004. Além disso, a leitura e análise do artigo de<br />

Smokowicz (1997) relevou que ele abarca o conteúdo integral da monografia<br />

da autora não captada, o que permite dizer que a mesma compõe<br />

nossa análise sobre a produção dessa década. Sendo assim, podemos<br />

considerar que ao todo, foi possível compor a análise qualitativa de oito<br />

trabalhos deste período, um número bastante representativo da produção<br />

do mesmo (57,14 %).<br />

84


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

Brandão, Neves e Silveira (1994) relatam brevemente, em forma de<br />

resumo, a pesquisa desenvolvida durante psicoterapia de grupo com indivíduos<br />

obesos. O objetivo da pesquisa em questão foi avaliar os efeitos do uso<br />

de estratégias de intervenção baseadas no controle pelas contingências dispostas<br />

nas sessões sobre a mudança nos hábitos alimentares de obesos.<br />

Segundo os autores, estudos anteriores priorizavam o estabelecimento de<br />

controle instrucional (regras) em detrimento do “controle vivencial” (contingências).<br />

Participaram da pesquisa nove obesos que frequentavam sessões<br />

de psicoterapia de grupo semanalmente. Durante o período de intervenção,<br />

“A abordagem vivencial foi adotada para trabalhar questões relativas<br />

à autoimagem, percepção dos estados corporais, atribuição da responsabilidade<br />

do problema da Obesidade, entre outras” (BRANDÃO, NEVES e<br />

SILVEIRA, 1994, p. 56). Além dessa estratégia, adotou-se a análise funcional<br />

da relação terapêutica nas sessões. Os resultados mostraram redução de<br />

peso de 4.500 gramas, em média, para sete dos nove obesos; manutenção do<br />

peso inicial em um obeso e ganho de peso de 1.200 gramas em outro<br />

obeso participante. Os dados apresentados compreenderam a comparação<br />

do peso inicial com peso aferido no final da 16ª sessão. Os<br />

autores concluíram que as estratégias utilizadas – abordagem vivencial<br />

e análise funcional do comportamento (públicos e privados) dos<br />

terapeutas nas sessões – foram responsáveis pelo estabelecimento<br />

do contato dos obesos com as contingências relacionadas à Obesidade<br />

e pelas mudanças observadas em seus comportamentos 17 .<br />

Florenzano (1994) realizou uma pesquisa com os indivíduos obesos<br />

atendidos pelo projeto de extensão do curso de Psicologia da Universidade<br />

Estadual de Londrina - PR “Autocontrole no tratamento da<br />

Obesidade”, que visava a identificar as razões alegadas para a desistência<br />

do programa. O programa era voltado para pessoas que desejavam<br />

reduzir e/ou manter o peso, e tinha como objetivo principal propiciar<br />

condições para que as mesmas passassem a ser capazes de:<br />

[...] Analisar e compreender suas dificuldades, com relação<br />

ao hábito alimentar, podendo continuar seu tratamento<br />

sozinho após o encerramento do programa. Perder peso<br />

deverá se tornar uma conseqüência boa e importante, mas<br />

não imprescindível para o sucesso do tratamento<br />

17<br />

O texto do resumo não esclarece se a análise funcional da relação terapêutica era feita durante as<br />

sessões na presença dos sujeitos e se as mudanças que foram observadas se referem aos hábitos<br />

alimentares e/ou outros comportamentos dos indivíduos relacionados à Obesidade, como é o caso da<br />

atividade física.<br />

85


Universidade da Amazônia<br />

(FLORENZANO, 1994, p. 10).<br />

Os obesos, após avaliações médica, nutricional e de capacidade física,<br />

foram encaminhados para o atendimento psicológico, responsável inicialmente<br />

pela formação dos pequenos grupos para atendimento semanal.<br />

A intervenção psicológica tinha por objetivos levar os participantes a:<br />

[...] Se comprometerem com a dieta e exercícios indicados<br />

pelas outras áreas através de: reconhecimento da<br />

impropriedade de seu próprio peso; assumindo<br />

responsabilidades pelo seu próprio peso, dieta e mudança<br />

de vida que se fizeram necessárias; desenvolvendo o autoconhecimento;<br />

melhorando a auto-estima; identificando e<br />

analisando a função que o comer ou o manter-se gordo<br />

tem na sua vida; analisando e alterando comportamentos<br />

abertos ou privados que colaboram na manutenção do<br />

excesso de peso e desenvolvendo gradualmente controle<br />

sobre sua vontade, sensação e outros sentimentos<br />

(FLORENZANO, 1994, p. 10 - 11).<br />

O programa continha em seu desenvolvimento outras atividades<br />

específicas de cada uma das três outras áreas envolvidas: Medicina,<br />

Nutrição e Educação Física. Apesar da elevada demanda, expressa no<br />

grande volume de inscrições, o programa que tinha duração de um ano<br />

apresentava uma taxa considerável de evasão (68,5% em 1993, ano da<br />

coleta de dados da pesquisa), o que motivou a prática de incluir novos<br />

membros em grupos onde ocorreram desistências.<br />

Participaram da pesquisa nove obesas, sendo seis pacientes<br />

desistentes e três pacientes não desistentes de um dos grupos submetidos<br />

ao programa no ano de 1993, com o mínimo de um mês de participação.<br />

A pesquisa desenvolvida pela autora se estruturou em torno dos<br />

seguintes objetivos principais: 1. no grupo de pacientes desistentes:<br />

identificação dos motivos e das causas da desistência; 2. no grupo de<br />

pacientes não desistentes: identificar os motivos para a sua permanência;<br />

3. obter a avaliação dos dois grupos de pacientes sobre a atuação<br />

das diferentes áreas (Psicologia, Nutrição, Medicina e Educação Física);<br />

4. Analisar os motivos e as avaliações feitas pelos dois grupos sobre as<br />

áreas e; sugerir mudanças no programa para reduzir a evasão.<br />

A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista individual,<br />

desenvolvida por meio de dois instrumentos: 1.Questionário com uma<br />

questão aberta “Qual ou quais foram as razões para você ter desistido de<br />

participar do projeto?” (para as pacientes desistentes) e “Qual ou quais<br />

86


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

razões a fez continuar participando com o projeto?” (para as pacientes não<br />

desistentes) e; 2. questionário com questões fechadas que solicitavam o<br />

parecer de cada paciente sobre cada uma das atividades desenvolvidas<br />

pelas quatro áreas, para as quais o paciente indicaria considerar “Positivo”<br />

ou “Negativo”. No caso das pacientes desistentes foi oferecida uma lista de<br />

sete justificativas/razões para a sua desistência, para que as mesmas indicassem<br />

qual se enquadraria em seu caso e especificassem de que forma.<br />

A autora, no início da seção Resultados, historicizou o processo<br />

de composição do grupo de onde as nove participantes da pesquisa eram<br />

oriundas. A composição inicial do grupo contava com 18 pacientes, após<br />

um mês de funcionamento oito pacientes desistiram do programa, fato<br />

este que não gerou ingresso de nenhum novo membro, uma vez, que o<br />

grupo já havia sido considerado muito grande no início. Em meados do<br />

ano, mais cinco pacientes desistiram do programa, sendo substituídas<br />

por outras em mesmo número. Três das seis pacientes desistentes entrevistadas<br />

pertenciam às oito pacientes que desistiram com apenas um<br />

mês de participação no grupo. Para estas pacientes foi aplicada apenas o<br />

primeiro instrumentos de coleta de dados, já que o curto tempo de permanência<br />

não permitiria um julgamento adequado das questões referentes<br />

ao segundo instrumento. Com relação ao restante da composição<br />

do grupo, o texto da autora apresentou algumas contradições observadas<br />

na comparação de dois trechos distintos:<br />

[1º trecho:] Foram entrevistados seis pacientes desistentes e<br />

três pacientes não desistentes [e;] (FLORENZANO, 1994, p. 14)<br />

[2º trecho:] Para essas três pacientes que desistiram em<br />

torno de um mês, foi aplicado apenas a primeira etapa da<br />

entrevista, justamente por elas não terem freqüentado o<br />

projeto tempo suficiente para poderem avaliar as atividades<br />

das áreas. Já das outras seis pacientes desistentes, o tempo<br />

de participação no projeto foi de aproximadamente cinco<br />

meses, e por isso foram submetidas às duas etapas da<br />

entrevista (FLORENZANO, 1994, p. 16).<br />

Da forma como está colocado no texto, fica a dúvida sobre a distribuição<br />

da amostra entre pacientes desistentes e não desistentes. A<br />

despeito disso, a autora apresentou os motivos alegados para a desistência:<br />

A - mudança de horário (do grupo); B - falta de tempo; C - melhoras<br />

em aspectos como depressão, autoaceitação, autocontrole, autoconhecimento;<br />

D - estar doente; E - falta da área médica; F - orientação inadequada<br />

das nutricionistas; G - falta de companhia para frequentar o grupo;<br />

87


Universidade da Amazônia<br />

H - ocupação com outras atividades; I - falha na área de educação física; J<br />

- local de funcionamento do grupo era de difícil acesso; K - dificuldade<br />

com recém-nato e; L - estar fazendo tratamento à base de remédios para<br />

emagrecer. Para favorecer a interpretação dos resultados, a autora informou<br />

que no período de tempo analisado não esteve disponível o atendimento<br />

médico periódico. Além disso, a autora informou que os motivos<br />

J, K e L foram dados pelas três pacientes que deixaram o grupo com apenas<br />

um mês, destacando que o motivo L conflitava com um dos critérios<br />

de permanência no grupo: não fazer uso de medicação com este fim.<br />

A autora apresentou as respostas das pacientes desistentes com<br />

relação às quatro áreas que compõem o programa. Os resultados mostraram<br />

que a área médica foi avaliada como 100 % negativa pelas pacientes,<br />

a área nutricional obteve uma avaliação equilibrada com distribuição<br />

igual entre pontos positivos e negativos. A Educação Física foi<br />

considerada predominantemente negativa e, por outro lado, a área psicológica<br />

foi julgada positiva. Para favorecer a compreensão dessas avaliações,<br />

a autora apresentou as respostas dadas pelas pacientes acerca<br />

dos motivos para desistência, desta feita disponibilizando uma lista<br />

para a escolha. Os resultados mostraram que os mais encolhidos foram:<br />

“ausência de alguma área” (três pacientes), “dificuldade em seguir normas<br />

do grupo (horário, dias, duração)” (dois pacientes) e “expectativa<br />

contrária à proposta do projeto” (uma paciente). Uma vez que as respostas<br />

ainda eram justificadas, a autora acrescentou que as pacientes<br />

que selecionaram “ausência de alguma área”, indicaram as áreas de<br />

Medicina e Educação Física. As que escolheram “dificuldade em seguir<br />

normas do grupo” alegaram a mudança de horário de funcionamento<br />

do grupo e, a que indicou a “expectativa contrária à proposta do projeto”,<br />

afirmou ter procurado o programa para obter rápida perda de peso.<br />

Com relação aos dados obtidos com as pacientes não desistentes,<br />

a autora destacou que todas indicaram que o trabalho realizado pela Psicologia<br />

foi o fator decisivo para a sua permanência, uma vez que favoreceu<br />

o autoconhecimento e a autoaceitação. Com relação à avaliação, que<br />

estas pacientes faziam acerca de cada uma das quatro áreas de atuação<br />

do programa, os dados demonstraram que a Psicologia teve um avaliação<br />

100% positiva, a Medicina e a Nutrição obtiveram uma avaliação predominantemente<br />

positiva e a Educação Física obteve, por outro lado, uma<br />

avaliação com equilíbrio entre pontos positivos e negativos.<br />

A autora destacou, na seção Discussão, a necessidade da participação<br />

das quatro áreas no programa, uma vez que, algumas das justifi-<br />

88


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

cativas para a desistência foram falhas no funcionamento das áreas de<br />

Medicina, Nutrição e Educação Física. Este dado, segundo a autora, reforçou<br />

a idéia de Stuart em 1980, exposta pela autora em sua fundamentação<br />

teórica, de que as falhas na perda de peso não podem ser<br />

atribuídas apenas aos sujeitos, mas podem estar associadas ao delineamento<br />

experimental do programa. Baseado no pensamento desse autor,<br />

Florenzano (1994, p. 24) infere que:<br />

[...] Pode-se levantar a hipótese de que as técnicas de<br />

educação física e da nutrição, de alguma maneira talvez<br />

tenham se comportado da maneira como Stuart (1980)<br />

ressaltou, dando excessiva atenção à diminuição, sem se<br />

preocuparem em reforçar os sucessos das pacientes e<br />

também em observar e criar condições para que o indivíduo<br />

manipule a situação precedente, isto é, a urgência de se<br />

alimentar entrevista.<br />

A autora acrescentou a esta possibilidade uma outra, segundo a<br />

qual as justificativas dadas pelas desistentes poderiam ser na verdade “desculpas”.<br />

Para consubstanciar esse eixo de análise, a autora referiu-se a Schonbach<br />

em 1985, uma vez que este autor indicou a existência de benefícios<br />

nas desculpas formuladas pelos obesos, que se traduzem na mudança do<br />

lócus de atribuição da causalidade do obeso para fora dele. Desta forma,<br />

acusar áreas de não ter fornecido tratamento adequado seria mais fácil do<br />

que assumir suas próprias responsabilidades. Neste sentido, a autora recapitulou<br />

a discussão de Hirschamann e Munter em 1991, que afirmaram ter o<br />

excesso de peso função de justificar “... Incapacidades em produzir respostas<br />

sexuais adequadas no companheiro” (FLORENZANO, 1994, p. 24-25).<br />

Outros exemplos de justificativas para a desistência são questionados pela<br />

autora, como “morar longe do Campus Universitário”, fato este de conhecimento<br />

prévio de todas as participantes ao ingressar no programa.<br />

A autora analisou os resultados da avaliação das participantes<br />

desistentes e não desistentes em relação à área psicológica. Para ambos<br />

os grupos de pacientes, esta foi a única área considerada predominantemente<br />

positiva, o que na visão da autora é justificado pelo fato de<br />

que a maioria dos obesos come excessivamente em respostas à exposição<br />

a situações ansiogênicas e que para o planejamento de comportamentos<br />

alternativos ao comer, nestas situações, é preciso que o indivíduo<br />

identifique os contextos ansiogênicos e passe a controlar o comportamento<br />

de comer.<br />

89


Universidade da Amazônia<br />

A autora, sugeriu, ao final do trabalho, as seguintes modificação<br />

no programa: 1. enfoque predominante clínico no atendimento psicológico;<br />

2. participação esporádica das outras áreas fornecendo orientações;<br />

3. implementação do levantamento das causas da desistência do<br />

programa por meio de ficha aplicada no momento da comunicação da<br />

mesma e; 4. implementação do levantamento das causas que contribuíram<br />

para a permanência dos pacientes no programa aplicada no final<br />

de cada ano.<br />

Silveira e Kerbauy (1995) realizaram uma pesquisa que tinha<br />

como objetivo identificar os fatores envolvidos na manutenção do peso<br />

após a exposição a um programa comportamental de redução de peso.<br />

As autoras introduziram a questão de pesquisa destacando a evidente<br />

dificuldade de programas comportamentais de redução de peso produzirem<br />

efeitos duradouros em termo de manutenção. O que tem, segundo<br />

elas, contribuido para a construção de críticas a estes programas e às<br />

dietas em geral, já que outros estudos têm mostrado que a flutuação no<br />

peso é mais perigosa para a saúde do que o próprio nível elevado de<br />

excesso de peso, desde que ele se torne estável.<br />

Participaram da pesquisa 15 mulheres obesas que se encontravam<br />

em fase de manutenção, definida pelas autoras “... Menos de seis<br />

meses pós-tratamento” (SILVEIRA e KERBAUY, 1995, p.13), das quais cinco<br />

ainda frequentavam um programa de autocontrole no tratamento da<br />

Obesidade. As autoras aplicaram um questionário com perguntas abertas.<br />

Acerca dos resultados obtidos, as autoras descrevem que:<br />

90<br />

Dois terços das mulheres garantiram que sempre usaram<br />

as técnicas ensinadas pelo programa. Mastigar<br />

adequadamente os alimentos, apesar de ser uma das<br />

técnicas mais utilizadas, foi também apontada como uma<br />

das mais difíceis de ser executadas, sugerindo que os<br />

sujeitos executaram com mais freqüência aquelas técnicas<br />

que julgam mais eficazes e não as mais fáceis. Todas<br />

consideraram os encontros semanais do grupo como o fator<br />

mais agradável do programa. A atividade física aparece<br />

como um recurso utilizado pelas pacientes egressas do<br />

programa que têm mantido o peso (SILVEIRA e KERBAUY,<br />

1995, p.13).<br />

As autoras concluem que os resultados obtidos são compatíveis<br />

com os de outras pesquisas que investigaram e comprovaram a efetividade<br />

de programas comportamentais associados à prática de exercícios


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

físicos. Por fim, elas indicaram que futuras pesquisas poderiam investigar<br />

o papel de variáveis sociais como um “fator motivacional” para o<br />

envolvimento dos sujeitos no programa.<br />

Smokowicz 18 (1997) realizou uma pesquisa exploratória com o objetivo<br />

de identificar as estratégias de enfrentamento utilizadas por pessoas<br />

que fazem dieta em situações de alto risco de recaída, definidas por ela<br />

como: “... Ações ou respostas, de acordo com as habilidades pessoais, para<br />

lidar adequadamente com as situações que possam colocar em risco o autocontrole<br />

quanto ao comportamento de ingerir alimentos” (SMOKOWICZ,<br />

1997, p. 78). Além disso, a autora pontuou como seriam definidos os conceitos<br />

“recaída” e “manutenção” em relação ao comportamento alimentar:<br />

A manutenção define-se então, como o uso continuado de<br />

regras que regulam a ingestão alimentar. E a recaída é a<br />

violação de uma ou mais dessas regras. A abordagem, que<br />

considera o comportamento adicto como padrão de hábitos<br />

adquiridos, considera que uma recaída pode ser vista<br />

como um erro único, um engano, um deslize, um lapso.<br />

A probabilidade de ocorrência de um lapso, no comportamento<br />

de alimentar-se, vai depender da habilidade da<br />

pessoa em envolver-se em algum comportamento de enfrentamento,<br />

na situação de risco (SMOKOWICZ, 1997, p. 79).<br />

Um aspecto que chama atenção no Referencial Teórico do artigo<br />

é que, apesar da autora referenciar o trabalho de duas Analistas do<br />

Comportamento (RACHEL KERBAUY e JACIRA CUNHA), passa parte desse<br />

item do artigo a apresentar as idéias de Marlatt em 1993, que inspiram<br />

afirmações como a que se segue:<br />

Nos últimos anos, tem havido interesse pelas intervenções<br />

que enfocam a aplicação de programas de autocontrole e<br />

automanejo, em uma grande variedade de transtornos.<br />

Inicialmente, houve a utilização de processos operantes,<br />

como controle de estímulos e técnicas de auto-reforço, mas<br />

as abordagens contemporâneas salientam os componentes<br />

cognitivos, como a reestruturação cognitiva, o treinamento<br />

para a solução de problemas, e a tomada de decisões...<br />

(SMOKOWICZ, 1997, p. 77).<br />

18<br />

Na captação desse trabalho encontrei o sobrenome da autora com outra grafia: Smokiwicz.<br />

91


Universidade da Amazônia<br />

A despeito dessa afirmação, observa-se que a autora utiliza em<br />

sua interpretação dos dados como suporte teórico-epistemológico a<br />

Análise do Comportamento e o Behaviorismo Radical de B. F. Skinner.<br />

A coleta de dados foi dividida em duas fases. Na primeira fase,<br />

a autora ouviu quatorze sujeitos que tinham frequentado programas<br />

comportamentais para a redução de peso e se encontravam no estágio<br />

de manutenção há dois meses no mínimo. Foi aplicado o “Inventário<br />

das habilidades para lidar com situações de risco” (KNAPP e BERTOLO-<br />

TE, 1994), adaptado pela autora para situações relacionadas à Obesidade,<br />

como objetivo de levantar as situações de maior risco para a recaída.<br />

Neste instrumento, as situações estavam agrupadas em tipos e cada<br />

sujeito selecionou três situações em cada um deles. A aplicação do instrumento<br />

foi realizada individualmente ou em duplas.<br />

Com base nos dados colhidos na primeira fase, a autora elaborou<br />

um questionário composto pelas situações escolhidas por 44% ou<br />

mais de sujeitos, que foi aplicado a outros seis sujeitos na segunda<br />

fase. Nesta fase, o objetivo era identificar as estratégias de enfrentamento<br />

usadas naquelas situações. A aplicação do questionário com respostas<br />

abertas foi complementada pela realização de entrevistas gravadas<br />

acerca das respostas dadas pelos sujeitos.<br />

A análise das respostas dos sujeitos, tanto ao questionário quanto<br />

na entrevista, foi realizada por três psicólogas. Os resultados da primeira<br />

fase levaram a categorização das seguintes situações de maior<br />

risco de recaída: Tipo I - Lidar com emoções negativas; Tipo II - Lidar com<br />

situações difíceis; Tipo III - Lidar com a diversão e o prazer; Tipo IV -<br />

Lidar com problemas físicos ou psicológicos; Tipo V - Lidar com o hábito<br />

de comer em excesso; Tipo VI - Lidar com o tratamento.<br />

As estratégias de enfrentamento foram identificadas e categorizadas<br />

da seguinte forma: A - Discriminar sensações corporais de fome<br />

e saciação; B - Fazer planejamento alimentar; C - Discriminar as relações<br />

de contingência; D - Autoverbalização; E - Comportamentos alternativos;<br />

F - Viver adequadamente as emoções; G - Recusar alimentos inadequados<br />

em situações sociais e; H - Autorreforçamento. Ela identificou a<br />

existência da relação da história de aprendizagem de cada sujeito com<br />

a escolha da estratégia de enfrentamento a ser utilizada.<br />

A autora avaliou de forma quantitativa a frequência de utilização<br />

de cada uma das estratégias categorizadas, os dados revelaram que as<br />

estratégias mais utilizadas pelos sujeitos foram a C (31,85%), D (17,15%) e<br />

E (15, 01%), da mesma forma as que apresentaram a menor frequência<br />

92


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

foram G (2,38%), H (5,10%) e A (6,45%). As outras estratégias obtiveram<br />

freqüência que orbitaram em torno de 10,34% a 10,91%. A autora, no<br />

trecho abaixo, inferiu que variáveis do procedimento poderiam ter contribuído<br />

para a baixa frequência de utilização da Estratégia G:<br />

[...] nas questões em que apareciam situações específicas<br />

sobre a adequação em recusar alimentos inadequados em<br />

situações sociais, todos os sujeitos responderam de forma<br />

adequada, isto é, que sabem dizer não a alimentos<br />

inadequados oferecidos nessas situações. O índice pouco<br />

aparente nas respostas justifica-se, provavelmente, pelo<br />

número reduzido de questões específicas neste tipo de<br />

situação (SMOKOWICZ, 1997, p. 84).<br />

A autora identificou a frequência da utilização das estratégias<br />

em cada uma das situações investigadas (Tipo I a VI). A estratégia A foi<br />

utilizada mais frequentemente nas situações Tipo III (9,37%) e Tipo V<br />

(13,46%). A estratégia B foi utilizada mais frequentemente nas situações<br />

Tipo III (28,12%) e Tipo V (17,30%). A estratégia C foi utilizada mais<br />

frequentemente nas situações Tipo IV (68,75%), Tipo II (33,33%), Tipo I<br />

(31,14%) e Tipo III (18,75%). A estratégia D foi utilizada mais frequentemente<br />

nas situações Tipo III (28,12%), Tipo V (21,21%) e Tipo IV (21,43%).<br />

A estratégia E foi utilizada mais frequentemente nas situações Tipo I<br />

(26,22%), Tipo IV (13,13%), Tipo (12,50%) e Tipo V (9,61%). A estratégia<br />

F foi utilizada mais frequentemente nas situações Tipo IV (40%) e Tipo<br />

V (37,5%). A estratégia G só foi escolhida pelos sujeitos em situações do<br />

Tipo V (9,61%). A estratégia H foi utilizada mais frequentemente nas<br />

situações Tipo IV (9,75%) e Tipo V (9,61%). A autora conclui que houve<br />

diferença no nível de frequência da utilização nas diversas situações.<br />

Além disso, a autora problematiza os resultados obtidos nesta análise<br />

ao inferir que:<br />

Considerando-se que a discriminação das relações de<br />

contingências ocorrem por meio do comportamento verbal,<br />

aberto ou encoberto, o que irá permitir a tomada de decisões<br />

sobre a execução de um comportamento alternativo ao<br />

comportamento de comer, surge a questão: o relato das<br />

estratégias utilizadas com freqüência mais altas mostra que<br />

estas são as que apresentam os primeiros elos das cadeias<br />

comportamentais de evitar comer (SMOKOWICZ, 1997, p. 88).<br />

Além disso, a autora destacou a utilização da estratégia F em<br />

situações do Tipo II e IV e sugeriu que, por serem situações que envol-<br />

93


Universidade da Amazônia<br />

vem fortemente as emoções, a forma mais adequada de vivenciá-las é<br />

apresentar comportamentos compatíveis, como chorar e gritar, mas que<br />

estes não se apresentam como comportamentos concorrentes com outros<br />

comportamentos, inclusive o de se alimentar em excesso. Somado<br />

a isso, a autora destacou que a própria vivência da emoção pode criar<br />

condições para uma recaída. Neste contexto, a estratégias mais utilizada<br />

para evitá-la é a estratégia de enfrentamento D.<br />

A autora destaca também a alta frequência da seleção das estratégias<br />

D, C e B em situações do Tipo III, uma vez que o próprio comer é uma<br />

fonte de prazer, “... Daí a necessidade de se recorrer ao uso de regras e/ou<br />

informações como, por exemplo, um cardápio específico com baixas calorias,<br />

como parte de um planejamento adequado” (SMOKOWICZ, 1997, p. 89).<br />

Por fim, a autora apontou que todas as estratégias são usadas<br />

quando se trata de combater o hábito de comer em excesso, principalmente<br />

a estratégia C. Por outro lado, a estratégia H teve a sua utilização<br />

restrita a situações de tratamento (Tipo V) e as que envolvem o hábito<br />

de comer em excesso (Tipo VI).<br />

A autora apresentou ainda um outro eixo de análise, que procurou<br />

relacionar o tempo de manutenção e a frequência do uso das estratégias<br />

catalogadas. Os resultados mostraram que as estratégias E e B<br />

não apresentaram alteração significativa em sua frequência de utilização<br />

em função do tempo, bem como a estratégia D demonstrou um<br />

aumento significativo (de 12,11% para 22,20%). A estratégia C se manteve<br />

como a mais utilizada de todas as estratégias, por outro lado, a<br />

estratégia F teve a sua frequência de utilização reduzida (de 12,27 para<br />

8,40%) ao longo do tempo. Neste sentido, a autora concluiu: “Observase<br />

que, ao longo do tempo, a frequência de utilização da maioria das<br />

estratégias de enfrentamento permaneceu inalterada, apenas a estratégia<br />

categorizada como autoverbalização [D] aumentou significativamente<br />

sua frequência” (SMOKOWICZ, 1997, p. 91).<br />

A autora teceu suas considerações finais sobre os dados no item<br />

Conclusão, ressaltando que dentre as estratégias mais utilizadas por<br />

seus sujeitos esteve a estratégia C (discriminar as relações de contingência),<br />

considerada fundamental para a redução de peso e sua consequente<br />

manutenção nos mesmos níveis, uma vez que viabiliza que o<br />

indivíduo “... Aprenda a reconhecer e lidar com as situações de alto risco<br />

de recaída” (SMOKOWICZ, 1997, p. 91), o que, segundo ela, é condizente<br />

com o pensamento de Marlatt em 1993.<br />

94


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

A autora afirmou, portanto, que o Modelo de Prevenção e Recaída<br />

(desenvolvido por aquele autor, provavelmente da Psicologia Cognitiva)<br />

está baseado na aquisição e uso da estratégia C, que:<br />

[...] Possibilita o autocontrole, que é um aspecto extremamente<br />

importante para o tratamento da Obesidade e baseia-se no<br />

autoconhecimento. O autoconhecimento é determinado<br />

socialmente e é produto de um processo de discriminação<br />

das relações de contingência, que ocorrem quando o indivíduo<br />

as descreve verbalmente (SMOKOWICZ, 1997, p. 91).<br />

A autora indicou a relevância de pesquisas que identificam e<br />

categorizam estratégias de enfrentamento, sobretudo para a prática<br />

clínica, e indicou a necessidade da realização de replicações e de outras<br />

pesquisas que investiguem a eficácia dessas estratégias com um contingente<br />

maior de sujeitos.<br />

Como última produção científica dessa década, temos o artigo<br />

publicado por Heller em 2000 (HELLER, 2000), na Revista Brasileira de<br />

Terapia Comportamental e Cognitiva. A análise do artigo revelou que o<br />

seu conteúdo é uma síntese da dissertação de mestrado da autora (HE-<br />

LLER, 1990), já analisada com o conjunto de textos da década passada.<br />

A análise dos trabalhos dessa década revela uma maior preocupação<br />

com a fase da manutenção do peso atingido após a participação<br />

em programas comportamentais de redução de peso, uma vez que dois<br />

dos estudos tiveram como sujeitos indivíduos que se encontravam nessa<br />

fase. Os resultados apresentados confirmam a literatura, na medida<br />

em que, apontam como a estratégia de enfrentamento mais utilizada a<br />

discriminação das contingências, que favorece, sem dúvida, a ocorrência<br />

de respostas controladoras como o engajamento em comportamentos<br />

alternativos e a autoverbalização, respectivamente a segunda e terceira<br />

estratégias mais usadas. No entanto, os dados de um estudo em<br />

especial, comparados a outros apresentados em outras décadas, cria a<br />

necessidade de mais esclarecimentos sobre o papel do autorreforçamento<br />

como estratégia de enfrentamento, haja vista que ao menos na<br />

fase de manutenção esta foi a estratégia menos utilizada pelos sujeitos<br />

da pesquisa de Smokowicz (1997).<br />

A atividade física aparece novamente como uma estratégia para a<br />

manutenção do peso e permite cogitar a possibilidade da mesma integrar<br />

o conjunto de comportamentos alternativos ao comer, citados na<br />

estratégia D do estudo de Smokowicz (1997).<br />

95


Universidade da Amazônia<br />

O papel do grupo na adesão e no engajamento ao programa foi<br />

novamente enfocado, agora não apenas em pesquisas experimentais,<br />

mas dessa feita, em pesquisas clínicas (BRANDÃO, NEVES e SILVEIRA,<br />

1994). Este mesmo aspecto foi ressaltado já na fase de manutenção,<br />

uma vez que os encontros periódicos com os membros do grupo que se<br />

submeteu ao programa são apontados como extremamente motivadores<br />

pelos sujeitos (SILVEIRA e KERBAUY, 1995).<br />

Mas foi, sem dúvida, a proposição de uma pesquisa que avaliou<br />

os motivos de desistência de programas comportamentais, a contribuição<br />

mais original dessa década, uma vez que, não raro, os trabalhos<br />

anteriores relataram a redução do número de sujeitos durante a aplicação<br />

do programa e, a despeito disso, não apresentavam explicações e/<br />

ou hipóteses que conseguissem explicitar as razões. A busca por variáveis<br />

de procedimento que tenham gerado a desistência permitiu refletir<br />

sobre a organização dos programas, seus pontos positivos e negativos.<br />

Embora, o trabalho em questão (FLORENZANO, 1994) tenha por<br />

diversas vezes justificado as possíveis falhas do programa, ao invés de<br />

avaliar criticamente suas limitações, permitiu que a voz dos desistentes<br />

suscitassem novos e interessantes caminhos de investigação.<br />

4.4 A PESQUISA ENTRE OS ANOS DE 2001 A 2004<br />

Este período representa, por um lado, a menor unidade de tempo<br />

da amostra de trabalhos analisados (apenas quatro anos) e, por outro,<br />

a maior produtividade registrada (48 trabalhos).<br />

Os trabalhos identificados estão distribuídos da seguinte forma:<br />

22 resumos em anais de congresso, sendo dois em língua inglesa e<br />

20 em língua portuguesa, dos quais três estão disponibilizados on line<br />

no site da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental<br />

(ABPMC) (www.abpmc.org) e os outros somente na versão impressa;<br />

três capítulos de livro, sendo um em língua inglesa; quatro dissertações<br />

de mestrado; 13 trabalhos de conclusão de curso; três artigos, sendo<br />

um em língua inglesa; um resumo em periódico e; dois trabalhos<br />

completos publicados em anais.<br />

A análise qualitativa da produção dessa década abarcou diretamente<br />

quatorze trabalhos. Este número se ampliou para vinte trabalhos,<br />

se considerado que alguns desses trabalhos são fruto da mesma<br />

pesquisa, a exemplo do que ocorreu nos períodos anteriores.<br />

96


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

Sendo assim, pode-se considerar que ao todo foi possível compor<br />

a análise qualitativa (41,66%) da produção do período.<br />

Silva (2001) escreve um artigo que tem como objetivo indicar o<br />

que psicólogos comportamentais podem fazer com relação a quadros<br />

de Obesidade. A autora iniciou o texto apresentando algumas falas comuns<br />

em pessoas obesas acerca da causa do aumento de peso e da<br />

expectativa sobre o processo psicoterápico: “Como porque estou ansiosa.<br />

Estou gorda assim por causa dessa minha ansiedade. Preciso aprender<br />

a controlá-la para poder perder peso” (SILVA, 2001, p. 265). Neste<br />

sentido, a autora apresentou as contingências que fortalecem essa compreensão<br />

da causalidade elaborada pelos pacientes obesos:<br />

- Quando está ansiosa, come (conseqüência positiva<br />

imediata).<br />

- Quando come, engorda (consequência aversiva a médio e<br />

longo prazos).<br />

- Engordando, fica ansiosa.<br />

- E quando está ansiosa...<br />

- Repetindo-se o círculo (SILVA, 2001, p. 265).<br />

A autora acrescentou a isso o fato de que a ingestão excessiva de<br />

comida é indicada na literatura médica como um fator estressor para o<br />

organismo, contribuindo para o aumento da ansiedade.<br />

A autora identificou algumas características comuns em pessoas<br />

obesas: 1. dificuldade de delimitar seu espaço pessoal, pois constantemente<br />

sua privacidade é invadida e seus direitos básicos desrespeitados<br />

por pessoas de sua convivência mais próxima; 2. autoestima e autoimagem<br />

rebaixadas, gerados, por uma história de exposição a ambientes<br />

pouco reforçadores e pelas consequências atuais dispensadas pela comunidade<br />

verbal para a sua condição de obesa; 3. desânimo, inferioridade<br />

e frustração devido não ser possível atender ao modelo de “corpo<br />

perfeito” apresentado pela mídia; baixo autocuidado, não valorizam a<br />

qualidade de vida, não fazem exercícios, não cuidam da aparência (compra<br />

de roupas, por exemplo). Para a autora este conjunto de “... Situações<br />

aversivas passam a ter status de determinantes do comportamento de<br />

comer em excesso, o que reforça a relação entre estar mal ou ansiosa e<br />

comer” (SILVA, 2001, p. 267).<br />

A autora elencou outro fator importante que está relacionado à manutenção<br />

do comportamento de comer em excesso: ausência de outras fontes<br />

de prazer (reforçadores positivos) no ambiente do obeso. Desta forma,<br />

97


Universidade da Amazônia<br />

“... Sempre que se sente entediada ou com sensação de vazio, cansada...<br />

come” (SILVA, 2001, p. 267). A autora afirmou ser na infância, a origem da<br />

associação mal estar-alimentação, uma vez que a consequência administrada<br />

pelos pais ao comportamento de chorar da criança é alimentá-la.<br />

A autora usou como exemplo do círculo vicioso do qual o comer<br />

excessivamente faz parte, a situação em que o obeso sente raiva. Segundo<br />

a autora, desde a infância os indivíduos obesos aprenderam que<br />

este não é um sentimento nobre e que ao senti-lo deve-se desenvolver<br />

formas de eliminá-lo, pois ele causa muita ansiedade. Desta forma,<br />

É freqüente a pessoa com excesso de peso usar a comida<br />

como uma forma de aliviar este sentimento, até porque<br />

além do reforço social que, geralmente acompanha essa<br />

ação, existe um prazer mais forte e imediato que é a<br />

sensação gustativa agradável e o alívio imediato.<br />

Logo, o comer não é a resposta adequada ou a resposta<br />

que se quer. Essa resposta, aqui, tem a função de controlar<br />

ou afastar situações aversivas e sentimentos negativos.<br />

Com relação aos sentimentos, quanto mais se quer<br />

controlá-los, mais eles estarão presentes e com maior<br />

intensidade (SILVA, 2001, p. 267).<br />

A autora, portanto, indicou ser a tentativa de eliminar sentimentos<br />

engajando em comportamento de superalimentação como o principal<br />

obstáculo para a identificação dos fatores que geram estes sentimentos<br />

(ansiedade, por exemplo), uma vez que não permite que o<br />

obeso identifique os eventos eliciadores. Portanto, impede a aprendizagem<br />

de outras formas de lidar e de expressar adequadamente estes<br />

sentimentos. A autora afirmou ainda que: “... A ansiedade ora aparece<br />

como conseqüência e ora como estímulo antecedente ao comer. Por<br />

isso, tanto comer em excesso, como a ansiedade, devem ser alvos de<br />

investigação e intervenção” (SILVA, 2001, p. 267).<br />

A autora apontou ainda um outro aspecto comumente observado<br />

em pessoas obesas: a insensibilidade às contingências geradas pelo<br />

controle estabelecido por regras. Dentre essas regras estão:<br />

- Nunca vou emagrecer porque na minha família todos têm<br />

problemas de peso.<br />

- Tudo que eu como me engorda.<br />

- Fazer exercícios é muito chato (SILVA, 2001, p. 268).<br />

98


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

A partir da exposição sobre os fatores que contribuem para a manutenção<br />

do comportamento de comer em excesso, a autora respondeu<br />

no parágrafo apresentado abaixo a questão “o que podemos fazer?”:<br />

Enquanto psicólogos comportamentais, podemos trabalhar<br />

com autocontrole e mudança de hábito alimentar,<br />

identificando as funções que o comer assume para a pessoa.<br />

Podemos ajudá-la a analisar sua história de vida e identificar<br />

as variáveis ambientais (físicas e sociais), condições<br />

emocionais e relações entre elas, que funcionam para o comer<br />

em excesso. Criar condições para que a pessoa altere as<br />

contingências presentes em seu ambiente, que exercem<br />

controle sobre o seu comportamento (SILVA, 2001, p. 268).<br />

Como um exemplo da aplicação dessas diretrizes de intervenção,<br />

a autora descreveu o projeto criado e coordenado à época pela Professora<br />

Maria Zilah Brandão na UEL, no qual a autora do texto foi supervisora<br />

e sumarizou o funcionamento do projeto:<br />

• Grupos de 15 clientes, em média (mulheres);<br />

• Dois encontros semanais: um com a Psicologia e outro<br />

para orientação médica, nutricional e exercícios físicos;<br />

• Em um primeiro momento, fazia-se o Psicodiagnóstico e<br />

autoconhecimento do hábito alimentar;<br />

• Em um segundo momento, trabalhava-se a informação<br />

sobre nutrição e saúde, reestruturação do hábito<br />

alimentar, orientação para exercícios físicos, identificação<br />

das funções que o comer tem para cada um e organização<br />

do ambiente externo, de forma a facilitar o autocontrole;<br />

• Em um terceiro momento, a ênfase era nas dificuldades<br />

pessoais relacionadas ao autocontrole, no<br />

desenvolvimento da autoimagem positiva e autoestima,<br />

expressão de pensamentos e sentimentos e aumento<br />

de repertórios que tenham consequências positivas<br />

(SILVA, 2001, p. 268).<br />

A autora destacou que os resultados obtidos no terceiro momento<br />

eram os mais expressivos do conjunto do programa, uma vez<br />

que era nesta fase que ocorria o investimento no desenvolvimento do<br />

autocontrole. Tomando como referência este dado, a autora passou a<br />

atender em seu consultório particular os pacientes com queixa de Obesidade<br />

e a desenvolver com os mesmos uma intervenção nomeada de<br />

“passeio pela sua história de vida”, que consistiu na identificação de<br />

99


Universidade da Amazônia<br />

seu repertório comportamental e na identificação do seu processo de<br />

produção, permitindo a identificação de seus limites e suas possibilidades.<br />

A autora sintetizou sua intervenção nos seguintes pontos:<br />

• Melhorar e ampliar aspectos do seu repertório pessoal,<br />

social, afetivo e que tragam consequências gratificantes;<br />

• Avaliar sua rotina: o que gosta e faz; o que gosta e não faz,<br />

o que não gosta e faz, o que não gosta e não faz;<br />

• Estimular a expressão de pensamentos e sentimentos de<br />

forma adequada;<br />

• Desenvolver várias fontes de reforçamento;<br />

• Descobrir pontos positivos no seu corpo e explorá-los,<br />

valorizando-os;<br />

• Valorizar a função do corpo: caminhar, sentir as coisas e<br />

pessoas, fazer amor, até comer (já que é através dele que<br />

se tem acesso ao mundo);<br />

• Encorajar a mudança de alguns hábitos: reforma de<br />

guarda-roupa adequando-o as suas características, de<br />

forma que valorize os aspectos positivos do corpo e o<br />

conforto deste, corte de cabelo, maquiagem;<br />

• Experimentar diferentes atividades físicas com o objetivo<br />

de identificar o que melhor se adapta a ela, observando:<br />

horários de maior probabilidade (em função do que está<br />

fazendo antes e o que fará depois), local, pessoas que<br />

fazem companhia estimuladora;<br />

• Quanto ao fazer exercícios físicos, prestar atenção no<br />

prazer, resistência, coordenação e não na queima de<br />

calorias e aparência;<br />

• Estimular prazer físico com massagens, cremes, banho<br />

(SILVA, 2001, p. 269).<br />

A autora relatou que os clientes passam a cuidar mais de sua<br />

alimentação e de sua qualidade de vida à medida que ficam mais generosos<br />

consigo mesmos, gostam-se mais, valorizam-se e priorizam-se<br />

mais. Para a autora, estas mudanças facilitaram as discussões e consequente<br />

discriminação das funções do comer em excesso e predispuseram<br />

às mudanças necessárias para a perda de peso e às condições para<br />

a espera a médio e longo prazo até se chegar ao peso ideal.<br />

Barbosa (2001) realizou uma pesquisa do tipo Estudo de Caso<br />

com dois adolescentes obesos, que teve como objetivo investigar a<br />

relação entre mudanças na competência social, realizadas a partir de<br />

um processo psicoterapêutico comportamental, e mudanças no peso.<br />

100


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

No sentido de fundamentar teoricamente a relevância da investigação,<br />

a autora afirmou que:<br />

A revisão de literatura sobre Obesidade indicou que<br />

freqüentemente existe uma relação entre Obesidade e<br />

variáveis não fisiológicas tais como: as emocionais, familiares<br />

e sociais. Análises funcionais de problemas clínicos, também<br />

freqüentemente indicam que comportamentos-problema estão<br />

relacionados a outras partes do repertório comportamental do<br />

indivíduo, especialmente com ausência de repertórios sociais.<br />

Parece ser útil, então, analisar relações entre respostas [DOW<br />

em 1994]. Com tal análise, seria possível modificar um ou alguns<br />

dos comportamentos que estão relacionados e observar<br />

mudanças em todos eles. Esta forma de análise e de intervenção<br />

foi utilizada no presente estudo ao invés de tratamentos já<br />

testados para a Obesidade, que focalizam os comportamentos<br />

de dieta e exercício. Isto porque estes tratamentos, apesar de<br />

permitirem perda de peso, não garantem que esta não retorne.<br />

Pretende-se verificar, com este estudo, se um tratamento que<br />

focalize comportamentos relacionados com o comer excessivo,<br />

selecionados através de análise funcional, e que não focalize<br />

os padrões comportamentais de comer e de exercitar-se,<br />

também levaria à redução de peso e uma boa manutenção<br />

(BARBOSA, 2001, p. 16).<br />

Inicialmente, participaram do estudo seis adolescentes selecionados<br />

por atenderem aos seguintes critérios: 1. ter IMC superior a 25<br />

(sobrepeso ou Obesidade); 2. apresentarem outras queixas comportamentais,<br />

tais como: ansiedade, cefaléia, timidez e/ou dificuldades de<br />

relacionamento familiar e social e; 3. não estar realizando ou vir a realizar,<br />

durante a pesquisa, outro tratamento psicológico ou psiquiátrico,<br />

ou mesmo outro tratamento para emagrecer.<br />

Para os fins de análise, a autora incluiu os dados de apenas dois<br />

dos seis adolescentes submetidos ao procedimento da pesquisa. Desta<br />

forma, os participantes foram: C.S.O., sexo feminino, 13 anos e 10 meses,<br />

cursando a 7ª série, renda familiar em torno de mil reais, com IMC<br />

32,1, que relatou que o seu aumento de peso se deu com a entrada na<br />

escola e se intensificou no início da adolescência e; R.M., sexo masculino,<br />

16 anos e seis meses, cursando a 8ª série, renda familiar setecentos<br />

reais, com IMC 33,8, que relatou sempre ter estado acima do peso, mas<br />

que isso se intensificou há um ano.<br />

101


Universidade da Amazônia<br />

A autora utilizou durante todo o processo um conjunto de escalas,<br />

inventários e entrevistas que visavam a fornecer dados sobre os<br />

níveis de competência social e indicar os comportamentos a serem alterados<br />

durante o tratamento. Desse conjunto fizeram parte:<br />

1. Questionário de Disponibilidade e Interesse: para identificar expectativas<br />

e preocupações referentes à Obesidade e outros fatores interligados<br />

(usado só no início do tratamento);<br />

2. Entrevistas semi-estruturadas com pais ou familiares e com os adolescentes:<br />

para levantar dados acerca da história de vida, características<br />

familiares, hábitos alimentares passados e atuais, problemas de saúde,<br />

dificuldades de relacionamento afetivo e social, autoimagem, conhecimentos<br />

prévios acerca da Obesidade e de tratamento e a motivação<br />

para a psicoterapia (aplicada só no início do tratamento);<br />

3. Youth Self-report (Achenbach em 1991): composto de duas partes com<br />

questões a serem respondidas pelos clientes. A primeira era uma<br />

escala de competência e apresentava itens relacionados à prática de<br />

esporte, relacionamento interpessoal, interesses escolares e gerais<br />

e participação em organizações. Pontuação menor que 37 indicou<br />

problemas. A segunda era a Escala Total de Problemas e realizava a<br />

medida da adaptação frente a problemas físicos, emocionais e comportamentos<br />

ligados a várias síndromes. Pontuação maior que 60<br />

indicava problemas (foi aplicado antes, durante e depois do tratamento);<br />

4. Child Behavior Checklist/4-18 (Achenbach em 1991): teve a mesma<br />

composição do instrumento 3, mas foi respondido pelos pais ou familiares<br />

(foi aplicada antes, durante e depois do tratamento);<br />

5. Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE): este instrumento avaliou<br />

a ansiedade-estado (estado emocional transitório) e a ansiedade-traço<br />

(diferenças individuais mais ou menos estáveis na propensão<br />

à ansiedade). Cada tipo de ansiedade foi avaliada em um conjunto<br />

de 20 afirmações, para as quais o sujeito deveria escolher entre<br />

quatro respostas possíveis (de absolutamente não até muitíssimo),<br />

sendo que em 20 afirmações selecionava a resposta com base<br />

no que estava sentindo no momento específico e em 20 afirmações<br />

selecionava a resposta de acordo com que sentia habitualmente.<br />

Este instrumento foi utilizado na pesquisa, como medida do nível de<br />

ansiedade dos adolescentes (foi aplicado antes, durante e depois<br />

do tratamento);<br />

102


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

6. Índice de Reatividade Pessoal (IRI) (Davis em 1980): instrumento que<br />

avaliou uma das habilidades sociais (a empatia), por meio de 28 itens<br />

divididos em quatro subescalas: Adoção de Perspectiva, Preocupação<br />

Empática, Fantasia e Mal Estar Pessoal, para os quais o sujeito<br />

deveria selecionar uma entre cinco categorias de respostas (desde<br />

não me descreve bem até descreve-me muito bem) (foi aplicado antes,<br />

durante e depois do tratamento);<br />

7. Escala de Assertividade de Rathus (Rathus em 1973): lista de 30 itens<br />

que forneceu uma medida de comportamentos relacionados com<br />

situações cotidianas que podem indicar um comportamento assertivo<br />

do indivíduo em situações sociais, para os quais o sujeito deveria<br />

escolher entre seis opções de respostas (desde condiz muitíssimo<br />

comigo até não condiz nada comigo) (foi aplicado antes, durante e<br />

depois do tratamento);<br />

8. Escala de Timidez e Sociabilidade: composta de 14 itens, cinco sobre<br />

timidez e nove sobre sociabilidade, para os quais o sujeito deveria<br />

selecionar uma entre cinco categorias de resposta (desde tem tudo<br />

a ver comigo até não tem nada a ver comigo) (foi aplicado antes,<br />

durante e depois do tratamento).<br />

Além desses instrumentos e técnicas já citados acima, foi utilizado<br />

o autoregistro (data, hora, antecedentes, problema, sensação<br />

e sentimentos associados, consequências) que foi preenchido em<br />

casa, ou quando isto não ocorria, no início de cada sessão junto com<br />

a terapeuta.<br />

A autora esclareceu ainda que:<br />

O tratamento psicológico realizado baseou-se em objetivos<br />

e diretrizes gerais semelhantes para todos os clientes da<br />

pesquisa, porém, cada um participou, juntamente com a<br />

terapeuta, na elaboração dos objetivos específicos,<br />

identificando as mudanças de comportamento que eram<br />

almejadas. Todos os clientes também foram informados,<br />

na entrevista inicial, de que o tratamento não enfocaria<br />

diretamente a queixa da Obesidade e de que não seriam<br />

dadas orientações em relação a este problema (BARBOSA,<br />

2001, p. 23-24).<br />

A autora, visando qualificar a análise dos dados, procedeu à filmagem<br />

de todas as sessões, exceto duas, uma para cada um dos clientes.<br />

Assim como os clientes foram pesados no término de cada sessão,<br />

103


Universidade da Amazônia<br />

momento em que não foi emitido nenhum comentário pela terapeuta.<br />

O número total de sessões realizadas com cada sujeito foi 16 sessões e<br />

40 sessões, respectivamente, para R.M. e para C.S.O.<br />

A autora indicou que a condução dada a cada atendimento foi<br />

baseada nos dados colhidos e analisados via análise funcional. Durante<br />

as sessões, a autora informou ter criado situações que auxiliaram os<br />

clientes a analisar funcionalmente seus próprios comportamentos relacionados<br />

às 13 habilidades sociais (CABALLO, 1996) e para o desenvolvimento<br />

da capacidade de percepção de si mesmo e dos outros. Para<br />

um dos clientes foi necessária ainda a utilização de um treino de relaxamento<br />

(C.S.O.).<br />

Para viabilizar a análise qualitativa dos dados foram criadas diferentes<br />

categorias de comportamento. No caso dos clientes, elas foram<br />

divididas em dois tipos: categorias desejáveis (espontaneidade no<br />

relato; aproximação dos colegas; atividade física; tarefa escrita; análise<br />

do próprio comportamento; identificação dos próprios sentimentos;<br />

identificação dos sentimentos dos outros; expressão adequada de sentimentos;<br />

identificação de qualidades em si mesmo; relaxamento; comportamento<br />

concorrente ao comer; emoção ao falar de si; enfrentamento;<br />

iniciativas e; eventos agradáveis) e categorias indesejáveis (ansiedade;<br />

dependência da mãe; esquiva/isolamento dos colegas; inassertividade<br />

com colegas; inassertividade com mãe; competitividade;<br />

inflexibilidade; justificativas; cognições pessimistas; brigas familiares<br />

e; eventos aversivos).<br />

Além de categorizar os comportamentos dos clientes, categorizou-se<br />

os comportamentos da terapeuta em 11 categorias, a saber:<br />

empatia; ênfase nos objetivos; investigação; questionamento; técnicas<br />

gráficas e imaginárias; encenação; interpretação; confrontação; aprovação;<br />

orientação / aconselhamento e; silêncio. O processo de categorização<br />

dos comportamentos dos clientes e da terapeuta contou com a<br />

participação de dois estudantes de pós-graduação para a avaliação da<br />

concordância em relação à ocorrência das categorias em cada sessão.<br />

A autora iniciou a seção Resultados relatando que tanto os clientes<br />

quanto seus familiares atribuíram grande importância para o<br />

emagrecimento e para a diminuição de outras queixas comportamentais.<br />

Todos os adolescentes fizeram relatos de desconforto em relação<br />

ao peso atual. Outro dado semelhante nos casos atendidos foi o fato de<br />

que os dois clientes tinham ao menos um membro com história de Obesidade<br />

na família.<br />

104


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

A autora optou por descrever cada caso separadamente. A autora<br />

iniciou a análise pelo uso de CSO destacando que CSO afirmava no<br />

início do tratamento que seu quadro de Obesidade era causado por dois<br />

motivos: “vício de comer muito” e o “nervosismo”. Este último, presente<br />

em provas escolares, discussões dos pais, discussões com os pais e<br />

irmãos e a perante recriminações das pessoas, em geral, referentes a<br />

sua Obesidade.<br />

A análise funcional das primeiras sessões revelou que as classes<br />

de comportamentos centrais a serem modificadas seriam: Comer<br />

em excesso; Isolamento e dificuldades de relacionamento social; Dificuldades<br />

de expressão de sentimentos nos ambientes familiar e social;<br />

Dependência excessiva da mãe e; Nervosismo. A autora indicou como<br />

hipóteses de instalação dos comportamentos: Déficit de habilidades<br />

sociais; Reforçamento contínuo e único da mãe para comportamentos<br />

de dependência; Falta de incentivo e até controle familiar excessivos,<br />

que impedem a cliente de aproximar-se de outras pessoas; Ausência<br />

de outras fontes de reforçamento social (lazer) e; História de exposição<br />

a situações aversivas em contatos sociais com colegas e familiares. Como<br />

hipóteses de manutenção, a autora identificou: Ganho secundário do<br />

comportamento de dependência; atenção diferenciada da mãe; Controle<br />

excessivo da mãe; Cognições pessimistas; Vida sedentária e; Hábitos<br />

alimentares inadequados da família.<br />

A análise quantitativa do desempenho de CSO nas escalas e<br />

inventários aplicados denotou, na maioria das vezes, grandes oscilações<br />

entre a primeira, a segunda e a terceira aplicação. Com relação ao<br />

desempenho na escala de competência social, a cliente inicialmente<br />

apresentou déficits que se agravaram na segunda aplicação e que, por<br />

fim, foram significativamente reduzidos na terceira aplicação, o que<br />

permitiu enquadrá-la no nível da normalidade. Com relação à apreciação<br />

do Distúrbio Total, a cliente inicialmente apresentou desempenho<br />

compatível com a normalidade, tornou-se limítrofe na segunda aplicação<br />

e evoluiu novamente à normalidade na terceira aplicação, com índice<br />

melhor que o inicial. Este dado pode ser explicado em termos do<br />

Total de Internalizantes e Externalizantes. Com relação ao primeiro,<br />

CSO apresentou pontuação inicialmente no nível da normalidade, tornou-se<br />

limítrofe na segunda aplicação e evoluiu novamente à normalidade<br />

na terceira aplicação com índice melhor que o inicial. Com relação<br />

ao segundo, CSO nas duas primeiras aplicações apresentou índice na<br />

faixa limítrofe, evoluindo para a normalidade na terceira aplicação.<br />

105


Universidade da Amazônia<br />

A análise quantitativa do desempenho de CSO nas escalas de<br />

Ansiedade-Traço e Ansiedade-Estado revelou que a cliente apresentou<br />

índices elevados de início, que sofreram uma elevação ainda maior na<br />

segunda aplicação, mas que evoluíram para níveis menores, inferiores<br />

aos obtidos inicialmente, na última aplicação. Com relação à Reatividade<br />

Pessoal foi observado que CSO apresentou desde o início sentimentos<br />

de calor e compaixão e que, ao longo do tratamento, desenvolveu<br />

bastante a capacidade de experimentar sentimentos de desconforto e<br />

ansiedade diante da experiência negativa dos outros. No entanto, as<br />

pontuações para a adoção da perspectiva do outro e para a fantasia<br />

indicaram problemas em ver pelo ponto de vista do outro e se identificar<br />

com outras pessoas em situações fictícias.<br />

As pontuações obtidas demonstraram que a dificuldade inicial<br />

de expressar sentimentos de forma não agressiva estava diminuindo.<br />

Com relação à timidez observou-se um processo de melhora na última<br />

aplicação. Com relação à sociabilidade, CSO teve uma piora significativa<br />

na segunda aplicação com uma tendência maior ao isolamento, que<br />

demonstrou uma reversão na terceira aplicação.<br />

Com relação as pontuações obtidas nas escalas aplicadas para a<br />

mãe de CSO, acerca de sua percepção sobre a filha, notou-se pouca alteração<br />

nos resultados entre as aplicações. No que tange à competência<br />

social, a mãe não percebeu muitas mudança da 1ª para a 2ª aplicação, mas<br />

houve melhora na 3ª aplicação. No que tange ao Distúrbio Total, não houve<br />

alteração significativa, uma vez que na primeira e terceira aplicações a<br />

pontuação ficou na faixa limítrofe, sendo verificada uma piora na segunda,<br />

quando a pontuação passou à área clínica. Este dado pode ser explicado<br />

em termos do Total de Internalizantes e Externalizantes. Com relação<br />

ao primeiro, as pontuações da primeira e segunda aplicação indicaram<br />

valores dentro da área clínica, sendo a segunda pontuação pior que a<br />

primeira, mas que evoluiu para a faixa limítrofe na última aplicação. Com<br />

relação ao segundo, não houve alteração já que na percepção da mãe<br />

sempre esteve no nível da normalidade.<br />

Com relação à análise qualitativa dos dados realizada por meio<br />

do cálculo do índice de correlação entre as categorias e o peso do cliente,<br />

feito no SPSS, utilizando o teste de Spearman bilateral com níveis de<br />

significância aceitos de 0.01 e 0.05, observou-se que durante o tratamento<br />

ocorreu um aumento das categorias desejáveis e uma diminuição<br />

das categorias indesejáveis. No entanto, houve grande oscilação de<br />

peso. A autora afirma que se tomarmos as 10 últimas sessões (31ª a 40ª<br />

106


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

sessão) é possível verificar uma tendência de queda de peso. A autora<br />

aplicou o teste de correlação para os dados sobre o total de categorias<br />

indesejáveis, o total de categorias desejáveis e o peso, identificando,<br />

desta forma, uma correlação positiva significativa entre peso e indesejáveis<br />

e uma correlação negativa significativa entre peso e desejáveis,<br />

bem como entre desejáveis e indesejáveis. Sendo assim, conforme<br />

aumentavam os desejáveis diminuíam os indesejáveis e o peso.<br />

O fato de a mãe não ter identificado as mudanças ocorridas no<br />

comportamento de CSO pode indicar uma dificuldade da mãe em aceitar<br />

as mudanças em direção a uma maior independência da filha, já que<br />

o seu comportamento superprotetor deixaria de ser reforçado.<br />

A autora, no entanto, relatou que apesar dos ganhos obtidos<br />

por CSO na área social, a mesma ainda mostra uma alta frequência do<br />

comportamento de superalimentação. A autora traçou algumas possíveis<br />

explicações para a manutenção desse comportamento: o duplo<br />

ganho secundário obtido com o mesmo, já que por um lado CSO recebia<br />

atenção e cuidados especiais da mãe e por outro quando o comportamento<br />

se manifestava durante as brigas conjugais de seus pais, os mesmos<br />

interrompiam as discussões. A autora analisou a relação das contingências<br />

presentes no ambiente familiar e os resultados da intervenção<br />

psicoterápica:<br />

Para CSO, o ambiente familiar se caracteriza como reforçador<br />

de comportamentos de dependência e ao mesmo tempo<br />

aversivo devido às várias discussões com irmãos, com o<br />

pai e com a mãe, sendo que com está última, era devido ao<br />

controle excessivo. Este tipo de situação familiar desfavorável,<br />

dificulta a ação de qualquer tipo de tratamento psicológico,<br />

então, para casos onde não é possível modificar<br />

o ambiente hostil ou as normas impostas, devem ser desenvolvido<br />

no cliente comportamentos que possibilitem<br />

contra-controle (BARBOSA, 2001, p.82).<br />

A autora traçou algumas explicações para os resultados apresentados<br />

por CSO. Na primeira explicação ter CSO atravessado diferentes<br />

fases durante a terapia. Por exemplo, o período em que ela começou a<br />

aumentar de peso coincide com o diagnóstico de diabetes na irmã mais<br />

velha, levando a mesma a experimentar sentimento de medo de adquirir<br />

a doença e levando à redução da atenção da mãe. A autora indicou<br />

a 20ª sessão como marco da passagem dessa fase para outra, na qual<br />

107


Universidade da Amazônia<br />

a cliente conseguiu analisar melhor seu próprio comportamento, permitindo<br />

uma observação maior e mais precisa de suas habilidades e<br />

suas dificuldades, quando a relação terapêutica já esta bastante desenvolvida<br />

e prazerosa para a cliente. Na segunda explicação, afirmou que<br />

nas últimas sessões (31ª a 40ª sessão), a cliente passou a vivenciar com<br />

mais frequência situações reforçadoras em sua vida, o que pode ter<br />

contribuído para que, mesmo com a reaparição das brigas entre os pais,<br />

ela mantivesse os ganhos obtidos na psicoterapia.<br />

Com relação a RM, a autora destacou que o cliente no início do<br />

tratamento atribuia o seu quadro de Obesidade a dois motivos: comer<br />

em exagero e não se exercitar. RM afirmou ainda que comia em excesso<br />

à noite e em fase de provas escolares. O cliente afirmou também ter<br />

muitos colegas, mas não sair com eles, além de ter se dito tímido na<br />

presença de estranhos e meninas.<br />

A análise funcional das primeiras sessões revelou que as classes<br />

de comportamentos centrais a serem modificadas seriam: Comer<br />

em excesso; Comportamento de esquiva e/ou isolamento nos relacionamentos<br />

sociais e familiares (timidez) e; Ansiedade generalizada<br />

em situações sociais (sudorese, perda da fala). Como hipóteses de<br />

instalação, a autora identificou: Falta de assertividade; Reforço social<br />

reduzido; Vizinhança com ambiente perigoso, o que dificultava interações<br />

com outros adolescentes; Ausência de modelos parentais adequados<br />

no que se refere ao modo de expressar sentimentos (pai ausente,<br />

mãe não demonstrou dificuldades nesta questão) e; Eventos<br />

aversivos vivenciados anteriormente em situações escolares cujo cliente<br />

foi ameaçado e repreendido. Como hipóteses de manutenção, a<br />

autora identificou: Incentivo familiar inadequado ou ausente que pudesse<br />

promover interações com pares; Cognições distorcidas da realidade<br />

(imaginava que tudo iria dar errado e não saberia enfrentar situações<br />

novas na família e na escola) e; Esquiva de situações sociais nas<br />

quais ficava muito tenso.<br />

A análise quantitativa do desempenho de RM nas escalas e inventários<br />

aplicados denotou pontuações no nível da normalidade para<br />

a maioria deles, desde o início. Com relação ao desempenho na escala<br />

de competência social, o cliente apresentou pontuações no nível da<br />

normalidade nas duas aplicações realizadas, no entanto, com índices<br />

muito próximos da faixa limítrofe. Com relação à apreciação do Distúrbio<br />

Total, o cliente apresentou pontuações situadas na faixa da normalidade,<br />

embora tenha apresentado um índice um pouco pior na segun-<br />

108


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

da aplicação. Este dado pode ser explicado em termos do Total de Internalizantes<br />

e Externalizantes. Sendo que as queixas de RM estavam relacionadas<br />

a problemas internalizantes – isolamento – a queda na pontuação<br />

indicou que houve uma melhora, embora desde o início as pontuações<br />

estivessem na linha de normalidade. Com relação ao segundo,<br />

não houve alteração, uma vez que desde o início apresentou pontuações<br />

situadas na área da normalidade.<br />

A análise quantitativa do desempenho de RM nas escalas de<br />

Ansiedade-Traço e Ansiedade-Estado relevou que o cliente apresentava<br />

inicialmente um índice elevado com relação ao segundo tipo de ansiedade,<br />

que foi sendo reduzido a níveis bem menores na segunda aplicação.<br />

Com relação ao primeiro tipo de ansiedade notou-se estabilidade<br />

em um nível aceitável. Com relação à Reatividade Pessoal foi observado<br />

que RM apresentou desde o início sentimentos como calor, compaixão<br />

e preocupação com os outros. Verificou-se também que ocorreu<br />

um aumento nas pontuações de mal estar pessoal, indicando que o<br />

sujeito ainda experimentava ansiedade e desconforto ao observar a<br />

experiência negativa dos outros e que RM passou a utilizar mais a perspectiva<br />

do outro em seus julgamentos. Por outro lado, persistiu a dificuldade<br />

de se imaginar em situações fictícias.<br />

Com relação à Assertividade, observou-se uma melhora nas pontuações,<br />

embora o cliente não tenha atingido a média. Com relação à<br />

timidez, RM teve uma melhora nas pontuações que atingiram a média<br />

na segunda aplicação. Com relação à sociabilidade, não houve alteração<br />

já que o cliente não apresentava dificuldades nessa área.<br />

Com relação as pontuações obtidas nas escalas aplicadas para a<br />

mãe de RM, acerca de sua percepção sobre o filho, notou-se uma alteração<br />

significativa nos resultados entre as aplicações. No que tange a competência<br />

social, a mãe apresentou nas duas aplicações pontuações circunscritas<br />

na faixa da normalidade, no entanto com uma melhora significativa<br />

na segunda aplicação. No que tange ao Distúrbio Total foi verificado<br />

uma variação significativa que indicou que ocorreu a redução da<br />

frequência de comportamentos considerados problemáticos para o tratamento,<br />

demonstrando mudanças significativas na percepção da mãe<br />

com relação aos Distúrbios Internalizantes e Externalizantes.<br />

Com relação à análise qualitativa dos dados, realizada por meio<br />

do cálculo do índice de correlação entre as categorias e o peso do cliente,<br />

feito no programa SPSS, utilizando o teste de Spearman bilateral<br />

com níveis de significância aceitos de 0.01 e 0.05, a autora verificou que<br />

109


Universidade da Amazônia<br />

houve uma correlação positiva entre a categoria inassertividade com a<br />

mãe e peso, sendo assim à “ ... Medida que o cliente foi aprendendo a<br />

eliminar esse comportamento, também foi perdendo peso” (BARBO-<br />

SA, 2001, p. 74). Por outro lado:<br />

[...] O peso se correlacionou negativamente com vários desejáveis,<br />

análise do próprio comportamento, aproximação<br />

de colegas, enfrentamento, espontaneidade, eventos agradáveis,<br />

expressão adequada de sentimentos, identificação<br />

dos próprios sentimentos, identificação de qualidades<br />

em si. Estes resultados mostram que as classes de<br />

comportamentos citados concorrem com o comportamento<br />

de ganhar peso para o cliente R.M. (BARBOSA, 2001, p. 74).<br />

Com relação às categorias indesejáveis, foi possível notar que<br />

desde o início elas se apresentavam em baixa frequência, mas que à<br />

medida que o peso diminuía e as categorias desejáveis aumentavam, as<br />

indesejáveis foram sendo suprimidas chegando mesmo a não se registrar<br />

sua presença no final do tratamento. Como este cliente passou para<br />

a fase de seguimento, verificaram-se as mesmas tendências na sessão<br />

de seguimento após dois meses. O comportamento de comer excessivamente<br />

era mantido por reforçamento negativo, funcionando como<br />

esquiva de situações sociais aversivas em que o RM não sabia como agir.<br />

Devido à rápida obtenção de mudanças eleitas como fundamentais para<br />

o tratamento, a autora concluiu que:<br />

Enfim, para este cliente 2 as transformações aconteceram<br />

muito rapidamente, confirmando assim a hipótese de que<br />

não havia grandes ganhos reais ligados ao comportamento<br />

de comer em excesso e à Obesidade, caracterizando-se mais<br />

como um déficit de habilidades que pode ser promovido<br />

mais rapidamente durante um processo terapêutico<br />

(BARBOSA, 2001, p. 85).<br />

A autora, na seção Considerações Finais, afirmou que para os dois<br />

clientes a qualidade da relação terapêutica foi uma variável decisiva na produção<br />

das mudanças eleitas como metas do tratamento. A autora indicou<br />

também que tais mudanças, obtidas na vida social e familiar dos clientes e na<br />

percepção dos familiares e amigos acerca dos clientes, podem contribuir<br />

para a manutenção dos comportamentos adquiridos e/ou fortalecidos.<br />

110


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

A autora destacou que o ambiente familiar se mostrou um fator<br />

que influenciou o processo terapêutico (favoreceu RM, dificultou CSO)<br />

e que futuras pesquisas deveriam avaliar este aspecto.<br />

Com relação ao comportamento de comer em excesso, a autora<br />

destacou o fato de que o mesmo tinha função diferente para cada sujeito,<br />

demonstrando que há a necessidade de realizar a análise funcional<br />

de cada caso e individualizar cada tratamento.<br />

A autora discutiu também os efeitos da estratégia de trabalho<br />

adotada. Para ela, organizar uma intervenção em casos de Obesidade<br />

sem ter como foco o comportamento alimentar, mas sim outros comportamentos,<br />

que pela análise funcional estavam relacionados à Obesidade,<br />

produziu dados bastante interessantes. Por este caminho, foi<br />

possível observar no cliente RM esta relação, uma vez que foram observadas<br />

mudanças tanto em seu repertório de habilidades sociais quanto<br />

em seu peso (redução de peso). No entanto, apesar de um processo<br />

com grandes oscilações de peso e piora na maior parte das pontuações<br />

nas escalas e inventários, a partir da 31ª sessão observou-se uma tendência<br />

semelhante à apresentada por RM.<br />

A autora finalizou o trabalho discutindo a sua opção metodológica<br />

de não analisar as sessões por meio da transcrição na íntegra, mas sim,<br />

por meio da criação de categorias de comportamento, que foram usadas<br />

para a avaliação da ocorrência ou não dos comportamentos selecionados<br />

para a análise durante as sessões, sem preocupação com a freqüência de<br />

ocorrência dos mesmos. Segunda ela, esta pode ser uma forma útil para a<br />

realização de pesquisas clínicas, gerando dados que podem desencadear<br />

futuras pesquisa. Os dados e conclusões dessa pesquisa foram apresentados<br />

de forma mais sucinta em capítulo de livro publicado pela autora e<br />

sua orientadora de Mestrado, em 2004 (MEYER e BARBOSA, 2004).<br />

Rocha, Vanetta e Abdelnor (2001) realizaram uma pesquisa com<br />

o objetivo de avaliar a influência de regras e autoregras formuladas<br />

sobre Obesidade no estabelecimento de relacionamentos amorosos.<br />

Participaram da pesquisa seis adultos obesos, sendo três homens<br />

(M1, M2, M3) e três mulheres (F1, F2, F3), na faixa etária de 22 a 40<br />

anos, que já haviam sido magros e que não estavam no momento da<br />

pesquisa mantendo relacionamento amoroso fixo. As autoras utilizaram<br />

como técnica de coleta de dados, uma entrevista semiestruturada<br />

realizada por meio de um roteiro de perguntas acerca do padrão de<br />

beleza, o estabelecimento de relacionamentos amorosos antes e depois<br />

da instalação do quadro de Obesidade.<br />

111


Universidade da Amazônia<br />

Os resultados mostraram que nenhum dos sujeitos descreveu<br />

seu padrão físico como modelo de beleza. F3 e M2 relataram de forma<br />

consistente que o aumento de peso dificultou o estabelecimento de<br />

relacionamentos amorosos e justificaram este fato com frases como: “A<br />

aparência é fundamental na primeira olhada”, “Quando comecei a engordar<br />

as pessoas começaram a mudar comigo” e “A maior parte das<br />

mulheres preservam um homem escultural, como estou gordo é difícil<br />

alguém me cantar”. Os sujeitos em questão também relataram comportamentos<br />

que denunciam esquiva de situações sociais. F1, F2 e M1 apresentaram<br />

diversas contradições em seus relatos, a exemplo das duas<br />

frases ditas por F2: “Era bem mais fácil arrumar namorado para mim<br />

antes de eu ter aumentado de peso” e “Olha, eu acho que não! Se tu<br />

tiveres bem contigo mesmo, não tem problema algum”. M3 foi o único<br />

sujeito que não indicou problemas em estabelecer relacionamentos<br />

amorosos após o aumento de peso, um exemplo disso são as seguintes<br />

verbalizações: “Nem hoje e nem ontem, este aumento de peso não<br />

influenciou a minha vida, estou bem assim”.<br />

As autoras destacaram na análise dos resultados que não foi possível<br />

para a maioria dos sujeitos afirmar que regras e autoregras acerca da<br />

Obesidade podem influenciar na emissão de comportamentos necessários<br />

ao estabelecimento de relacionamentos amorosos. Por outro lado,<br />

elas apontaram que as contradições nas falas de três sujeitos e a afirmação<br />

de outros dois sobre dificuldades experimentadas no estabelecimento<br />

de relacionamentos amorosos podem indicar um caminho de pesquisa.<br />

Um ano mais tarde, as autoras expuseram este trabalho em forma de<br />

painel, desta vez com o acréscimo do nome da orientadora como última<br />

autora (ROCHA, VANETTA, ABDELNOR e SILVA, 2002).<br />

Bezerra (2001) realizou uma pesquisa experimental que teve<br />

como objetivo investigar os efeitos do automonitoramento de peso<br />

corporal e do registro diário de alimentos em indivíduos com sobrepeso<br />

ou Obesidade, visando avaliar a utilização dessas duas técnicas em<br />

processo de controle de peso, bem como identificar possíveis variáveis<br />

causadoras da Obesidade. Participaram do estudo quatro adultos, de<br />

ambos os sexos, portadores de Obesidade ou sobrepeso, segundo Tabela<br />

de classificação do Índice de Massa Corpórea (IMC). Os participantes<br />

foram submetidos à avaliação nutricional (análise de inquéritos alimentares,<br />

coleta de indicadores antropométricos e bioquímicos) no<br />

início e no final do procedimento. O procedimento experimental em si<br />

constou de oito etapas, sendo que a metade delas, funcionou como<br />

112


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

linha de base. Os dados revelaram que os participantes subestimavam<br />

o seu consumo alimentar e que o registro diário de alimentos produziu<br />

modificações na percepção do seu padrão alimentar e contribuiu para a<br />

redução de peso. Desta forma, a autora concluiu que esta técnica foi<br />

eficaz no tratamento da Obesidade e sobrepeso e que, além de alterar<br />

a percepção dos sujeitos, pôde ser usada para a individualização da<br />

orientação dietética.<br />

Albuquerque e Gomes (2002) realizaram uma pesquisa com crianças<br />

obesas e suas respectivas mães, visando a identificar dificuldades<br />

no seguimento das regras nutricionais de uma dieta alimentar. Participaram<br />

do estudo quatro crianças de sete a onze anos, sendo três do sexo<br />

feminino e um do sexo masculino, que realizavam tratamento para emagrecer<br />

e suas respectivas mães, incluídas por serem as familiares responsáveis<br />

pela execução da dieta. A coleta de dados foi realizada por meio de<br />

entrevistas semiestruturadas, efetuadas separadamente e ao mesmo<br />

tempo com cada dia de mãe-criança. O roteiro de questões solicitava<br />

informações sobre: a estrutura familiar e número de pessoas residentes<br />

na casa (mãe); motivos para a busca do tratamento (mãe); preferência<br />

alimentar e acesso a estes alimentos (criança); descrição dos hábitos alimentares<br />

(mãe e criança); descrição dos hábitos alimentares na escola<br />

antes e depois da dieta (criança); opinião da criança sobre deixar de comer<br />

seus alimentos preferidos e sobre a dieta (criança) e; dificuldades<br />

para o seguindo das regras nutricionais (mãe e criança).<br />

Os resultados mostraram que as crianças moravam com as famílias<br />

em casas que têm de quatro a oito pessoas. As mães levaram seus filhos para<br />

o tratamento devido às consequências sociais da Obesidade (C1 e C4) e por<br />

preocupações com relação aos reflexos da mesma na saúde (C2 e C3), sendo<br />

que C3, foi encaminhado por um pediatra. Com relação à preferência alimentar<br />

e acesso a estes alimentos, C1, C2 e C4 elegeram alimentos hipercalóricos<br />

como preferidos e indicaram não ter acesso a eles (C1 e C4) ou mesmo ter<br />

acesso restrito (uma vez por semana, C2). C3 foi o único que elegeu um<br />

alimento hipocalórico (salada), informando, no entanto, que não tem acesso<br />

a ele. Neste item, as mães sempre são apontadas como reguladoras no acesso<br />

ao alimento. Com relação aos hábitos alimentares, tanto as crianças quanto<br />

as mães relataram consumir alimentos que compõem a dieta. Entretanto,<br />

duas mães indicaram que alimentos hipercalóricos ainda encontram-se disponíveis<br />

no ambiente (M1 e M4). M4 e C1 relataram que outros membros da<br />

família disponibilizam estes alimentos para a criança. Percebeu-se que as<br />

mães desenvolveram estratégias diferentes para que seus filhos seguissem<br />

113


Universidade da Amazônia<br />

a dieta: mudar toda a alimentação da família (M3); fazer a alimentação da<br />

criança separadamente (C1) e comer comidas hipercalóricas escondido da<br />

criança (C1 e C3). Observou-se uma contradição nas respostas da díade M2-<br />

C2. A mãe disse ter se alimentado de forma saudável sempre e a criança<br />

afirma que isso passou a ocorrer apenas após o início da dieta.<br />

Com relação aos hábitos alimentares na escola, observou-se que<br />

apenas uma criança levou constantemente seu lanche de casa (C1), as outras<br />

com frequência compravam na própria escola. A maioria das crianças<br />

relatou não gostar do cardápio da dieta, atribuindo a necessidade de seguilo<br />

a diferentes razões: a mãe dizer-lhe que é bom para ele (C1); para emagrecer<br />

(C2 e C4); apenas C3 afirmou não ter pensando sobre o assunto.<br />

Por fim, com relação às dificuldades alegadas para o seguimento<br />

da dieta, verificou-se diferenças entre os relatos de mães e crianças.<br />

Na díade M1-C1, a mãe afirmou que o filho reclamava muito e o filho<br />

disse ter dificuldade somente quando o irmão comia alimentos hipercalóricos<br />

na sua frente. Nas díades M2-C2 e M3-C3, as crianças não relataram<br />

nenhuma dificuldade, enquanto as mães indicaram, respectivamente,<br />

impedir a criança de comer doces e o apelo da tv em propagandas<br />

de comidas hipercalóricas. Na díade M4-C4, a mãe indicou que a<br />

dificuldade foi a retirada dos alimentos preferidos da criança (pizza,<br />

sanduíches) e o estabelecimento de horário para se alimentar, dificuldades<br />

igualmente elencadas pela criança.<br />

Na interpretação dos resultados, as autoras afirmaram que a<br />

maioria das dificuldades alegadas têm sua causa na histórica instalação<br />

do comportamento alimentar e na ausência do planejamento de contingências<br />

que reforcem imediatamente o seguimento das regras nutricionais.<br />

Com relação a segunda causa, as autoras indicaram que a<br />

única responsável pelo supervisão da dieta era a mãe e que em alguns<br />

casos, outros familiares fornecem alimentos inapropriados à criança, o<br />

que não viabiliza a exposição da criança a contingências que reforçassem<br />

imediatamente o seguimento de regra. Somado a isso, a maioria<br />

das crianças não foi capaz de indicar os benefícios futuros do seguimento<br />

das regras (reforço em longo prazo), o que dificultou sobremaneira o<br />

seguimento das mesmas.<br />

Ferreira e Casseb (2002) realizaram um estudo de caso com uma<br />

paciente portadora de diabetes tipo 2 e Obesidade moderada, com o<br />

objetivo de investigar os efeitos do uso do registro de automonitoração<br />

no seguimento de regras nutricionais. A paciente era do sexo feminino,<br />

tinha 65 anos, ensino fundamental incompleto, com diagnóstico de di-<br />

114


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

abetes há dez anos, com Obesidade classe I, além de outras complicações<br />

de saúde que a faziam consumir alguns medicamentos continuamente.<br />

As autoras utilizaram cinco instrumentos, a saber:<br />

1. Roteiro de entrevista, com o objetivo de colher informações sobre<br />

características sociodemográficas, histórico de Obesidade e conhecimentos<br />

sobre diabetes;<br />

2. Registro de automonitoração semanal da alimentação, com o objetivo<br />

de compor uma linha de base do desempenho da participante,<br />

composto de seis colunas, uma para cada dia da semana, e espaços<br />

para o registro de alimentos ingeridos a cada refeição;<br />

3. Registro diário da alimentação, com o objetivo de treinar a participante<br />

no procedimento de automonitoração, com colunas correspondentes<br />

a horário da refeição, tipo de alimento e quantidade ingerida.<br />

Neste instrumento havia espaço para a anotação de alimentos<br />

ingeridos entre as principais refeições;<br />

4. Registro de planejamento diário da alimentação, composto de colunas<br />

para o registro do planejamento prévio das refeições do dia seguinte,<br />

para o registro das refeições realizadas (horário, quantidade<br />

e qualidade do alimento) e para a avaliação de correspondência entre<br />

planejamento e execução, bem como para a descrição do contexto<br />

em que se deram as refeições e;<br />

5. Registro simples de manutenção das regras nutricionais, com colunas<br />

correspondentes às refeições de cada dia, nas quais a participante<br />

deveria marcar um X no espaço referente às refeições realizadas,<br />

compatíveis com as orientações do serviço de nutrição.<br />

O procedimento utilizado no estudo foi dividido em seis fases.<br />

A seleção da participante foi realizada na primeira fase do procedimento<br />

e envolveu a análise do prontuário, a aplicação do roteiro de entrevista<br />

e a obtenção do consentimento.<br />

Na segunda fase do procedimento foi estabelecida a linha de<br />

base de comportamentos de seguimento de regras nutricionais pela<br />

participante, por meio do registro de automonitoração semanal da alimentação<br />

e da requisição para a participante da descrição verbal das<br />

regras nutricionais. Além disso, nesta fase foi realizado o treino do preenchimento<br />

do registro diário da alimentação e de sua análise posterior.<br />

Na terceira fase foi realizado o treino de registro de comporta-<br />

115


Universidade da Amazônia<br />

mento de seguimento de regras nutricionais, por meio da análise do<br />

preenchimento do registro diário da alimentação com a comparação do<br />

registro com as regras nutricionais. Além disso, foi realizado o planejamento<br />

das refeições com a participante e fornecidas instruções sobre o<br />

preenchimento do registro do planejamento diário da alimentação.<br />

A quarta fase, denominada de Treino no registro de automonitoração<br />

com planejamento, constou da realização do planejamento das<br />

refeições diárias, da comparação dos registros com as regras nutricionais,<br />

da análise da execução do planejamento (comparação planejado X<br />

executado), da análise do contexto em que ocorreram as refeições e,<br />

por fim, da análise do registro diário da alimentação referente ao dia<br />

anterior. Além disso, forneceram-se as instruções para o preenchimento<br />

do registro simples de manutenção das regras nutricionais. As autoras<br />

informaram que nesta fase:<br />

Durante as entrevistas, os comportamentos de adesão às<br />

regras nutricionais eram reforçados positivamente e analisados<br />

com a paciente, com o objetivo de fazê-la identificar<br />

as variáveis que estavam controlando seu comportamento<br />

alimentar, a fim de orientar o planejamento posterior<br />

(FERREIRA e CASSEB, 2002, p. 456).<br />

Na quinta fase, realizou-se a análise funcional do comportamento<br />

alimentar com a participante, por meio do registro simples de manutenção<br />

das regras nutricionais, o que ocorreu até a obtenção de 50% das<br />

refeições diárias compatíveis com as regras nutricionais (critério mínimo).<br />

Além disso, solicitou-se o preenchimento do registro diário da alimentação<br />

referente ao dia anterior à visita, que seria tomado com medida<br />

de manutenção da adesão às regras. Por fim, a sexta fase correspondeu<br />

à entrevista final em que foi realizada a análise funcional com a paciente<br />

sobre os resultados positivos gerados pela manutenção dos comportamentos<br />

de adesão às regras nutricionais, bem como a generalização<br />

para outros comportamentos de adesão ao tratamento mais global.<br />

Os resultados mostraram incompatibilidade entre as descrições<br />

das regras nutricionais feitas pela participante e as descrições feitas<br />

pelo Serviço de Nutrição, o que gerou a caracterização do comportamento<br />

alimentar da paciente como o de não adesão à dieta.<br />

As autoras categorizaram o comportamento alimentar da participante<br />

em três tipos: refeições executadas com adesão (EA); refeições<br />

executadas sem adesão (EN) e; refeições não executadas (NE). Os resul-<br />

116


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

tados apresentados na segunda fase, referentes à linha de base, indicaram<br />

um baixo nível de adesão às regras nutricionais (33,4 % de EA; 40% de<br />

EN; 26,6% NE). A análise dos registros revelou que as refeições de maior<br />

adesão foram o jantar e o lanche, por outro lado, as de menor adesão<br />

foram o desjejum e o almoço. Estes resultados se repetiram na fase seguinte,<br />

diferindo desta apenas pela discreta redução no número de NE.<br />

Para a análise dos resultados apresentados na quarta fase, as<br />

autoras criaram novas categorias que incluíram o componente Planejamento,<br />

a saber: refeições planejadas e executadas com adesão (PA.EA);<br />

refeições planejadas em discordância com a regra, mas executadas com<br />

adesão (PD.EA); refeições não planejadas mas executadas com adesão<br />

(NP.EA); refeições planejadas com adesão, mas executadas sem adesão<br />

(PA.EN); refeições planejadas e executadas sem adesão (PD.EN); refeições<br />

não planejadas, mas executadas sem adesão (NP.EN) e; refeições<br />

planejadas, mas não executadas (PA.NE).<br />

Os resultados da quarta fase foram compostos a partir da análise<br />

de 17 Registros de Planejamento Diário da Alimentação, totalizando<br />

102 refeições. Nesta fase, a participante realizou 59% das refeições com<br />

adesão, 28% sem adesão e 13% das refeições não foram realizadas, indicando<br />

um aumento da adesão às regras nutricionais a partir da utilização<br />

do uso de registros de automonitoração com planejamento das refeições.<br />

A refeição de maior adesão às regras foi o jantar, a de menor<br />

adesão, foi o desjejum, e a de maior omissão a ceia.<br />

Os resultados da quinta fase foram analisados levando em consideração<br />

duas categorias: refeições executadas com adesão (EA) e refeições<br />

não executadas (NE). As autoras verificaram, em comparação<br />

com as fases anteriores, maior adesão no jantar, almoço e lanche 2 e<br />

uma melhora na adesão do desjejum. No entanto, não foi verificada<br />

mudança significativa no fracionamento das refeições já que a ceia e o<br />

lanche 1 ainda apresentavam baixa freqüência.<br />

Outros efeitos foram observados, dentre eles, a estabilização<br />

do peso corporal, embora a perda de peso tenha sido discreta, fato este<br />

que pode ter sofrido a influência da medicação a base de corticóide<br />

ingerida pela paciente no período, que dificultou a perda de peso. Além<br />

disso, observou-se a estabilização da taxa de normoglicemia que, apesar<br />

de desde o início da pesquisa já ser considerada normal, gerou a<br />

suspensão do remédio (hipoglicemiante oral) e a introdução de atividade<br />

física leve. Com relação aos efeitos comportamentais da suspensão<br />

do medicamento, as autoras pontuaram que:<br />

117


Universidade da Amazônia<br />

Pode-se observar também que há dificuldade dela em aceitar<br />

a retirada do hipoglicemiante oral. Isto, provavelmente,<br />

deve-se ao reforçamento obtido com o uso da medicação<br />

pelos efeitos imediatos que ela oferece – isto é, controle<br />

da glicemia sem a mudança imediata de hábitos (FER-<br />

REIRA e CASSEB, 2002, p. 457).<br />

A análise dos relatos verbais da participante permitiu verificar<br />

que a partir da quarta fase a paciente passou a apresentar comportamento<br />

de adesão às regras nutricionais, não observados nas fases anteriores,<br />

uma vez que esta fase introduziu a automonitoração com planejamento<br />

alimentar prévio. Estes resultados foram observados também<br />

na fase de manutenção.<br />

As autoras iniciaram a seção Discussão afirmando que a melhora no<br />

nível de adesão às regras nutricionais ocorrida após o uso de registro de<br />

automonitoração do comportamento alimentar, confirmou as evidências<br />

já disponíveis na literatura. Outrossim, as autoras ressaltaram que esta técnica<br />

utilizada, a partir dos princípios da Análise do Comportamento Aplicado,<br />

permitiu o fornecimento de um treino adequado às características e à<br />

realidade da participante, o que confirmou a necessidade de avaliar as<br />

idiossincrasias de cada paciente para o estabelecimento do tratamento.<br />

Para as autoras, o reconhecimento das contingências das quais<br />

o seu comportamento alimentar é função, por meio da análise funcional<br />

oportunizada pela automonitoração, foi decisivo para o planejamento<br />

das refeições e consequente modificação nos hábitos alimentares<br />

da participante.<br />

As autoras indicaram que o planejamento das refeições associado<br />

à automonitoração foi fundamental no processo de instalação com<br />

seguimento de regras nutricionais, uma vez que se verificou que a participante<br />

apresentava no início do tratamento um déficit no comportamento<br />

de planejar a alimentação. No caso em análise, observou-se também<br />

que a variável situação financeira afetou fortemente o comportamento<br />

alimentar. Sobre esta questão, as autoras afirmaram que:<br />

Fatores econômicos, como baixa renda familiar, má<br />

administração do dinheiro, déficit na análise de custo na<br />

escolha dos alimentos a serem comprados, favorecem o<br />

consumo de alimentos inadequados, levando à baixa<br />

adesão à dieta (FERREIRA e CASSEB, 2002, p. 459).<br />

118


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

As autoras indicaram também que a introdução de registro de<br />

automonitoração deve ser feita gradualmente e iniciar com protocolos<br />

mais simples para que os pacientes não experimentem muitas dificuldades<br />

neste período inicial de modelagem do comportamento. Posteriormente<br />

seria possível introduzir registros mais detalhados e, portanto,<br />

de preenchimento mais complexo, que inclusive permitiriam que o<br />

próprio cliente analisasse as contingências das quais o seu comportamento<br />

alimentar é função, favorecendo a instalação e/ou fortalecimento<br />

de comportamentos de autocontrole. As autoras ainda sugeriram<br />

a introdução posterior de registros que permitam a discriminação<br />

dos ganhos na manutenção dos novos hábitos alimentares.<br />

Por fim, as autoras ressaltaram a importância da realização de atendimento<br />

psicoterápico durante a exposição ao procedimento, bem como a<br />

viabilização de apoio da rede social e de uma equipe multiprofissional, com<br />

vista a viabilizar a instalação e a manutenção da adesão às regras nutricionais.<br />

Gonçalves e Oliveira (2003) realizaram uma pesquisa com terapeutas<br />

analítico-comportamentais atuantes em Belém do Pará com o<br />

objetivo de sintetizar os casos de Obesidade em adultos atendidos por<br />

eles. Participaram da pesquisa quatro terapeutas com tempo de atuação<br />

clínica variando de quatro a oito anos, com número de atendimentos<br />

variando de três a trinta clientes obesos adultos.<br />

Os dados foram coletados por meio de um questionário composto<br />

de dois grupos de perguntas, a saber: dados do psicólogo (tempo<br />

de formação, tempo de atuação, estudos pós-graduados) e dados sobre<br />

os casos (quantidade de casos, dados sociodemográficos dos clientes,<br />

comorbidades, interferências da Obesidade na vida social, iniciativa<br />

para o tratamento, queixa inicial, atribuição de causalidade, histórico<br />

do comportamento alimentar, contingências do comportamento de comer<br />

em excesso, estratégias de intervenção, ocorrência de atendimento<br />

multiprofissional e dados gerais do atendimento como tempo total<br />

de atendimento, motivo do término). O questionário, que perfazia um<br />

total de 23 perguntas, foi enviado por fax ou e-mail para os psicólogos.<br />

As autoras verificaram que a maioria dos clientes atendidos<br />

pelos quatro psicólogos era do sexo feminino e estava casada. As idades<br />

dos mesmos variavam de 17, 25 anos e 42, 45 anos. O nível de instrução<br />

dos clientes variou em três dos quatro psicólogos, de Ensino Médio<br />

incompleto até superior completo. Apenas um psicólogo atendeu clientes<br />

que adquiriram a Obesidade já na idade adulta, enquanto os outros<br />

psicólogos trabalharam com clientes que a adquiriram na infância e<br />

119


Universidade da Amazônia<br />

adolescência. Três dos quatro psicólogos atenderam clientes que apresentavam<br />

alterações orgânicas que variavam de hipertensão a problemas<br />

endocrinológicos (diabetes, hipotiroidismo). Por fim, com exceção<br />

de um psicólogo, em que todos os clientes já haviam se submetido<br />

antes a tratamento psicológico, a maioria dos psicólogos atendeu clientes<br />

que nunca tinham se submetido a atendimento psicológico.<br />

O tratamento psicológico foi iniciado por indicação médica, ou<br />

mesmo por pressão familiar, em raros casos partiu dos próprios clientes.<br />

As queixas iniciais apresentadas foram ansiedade, depressão e dificuldade<br />

de estabelecer controle sobre a ingesta alimentar. Na atribuição<br />

da causalidade da Obesidade apareceu novamente a ansiedade,<br />

bem como a falta de força de vontade e dificuldades de lidar com seus<br />

próprios problemas. Todos os psicólogos relataram que a Obesidade<br />

interferiu na vida social dos clientes produzindo esquiva de situações<br />

sociais e afetivas, o que segundo os mesmos foi reforçado pelas características<br />

físicas dos locais que não estão adaptados a pessoas obesas.<br />

A análise das contingências das quais o comportamento de comer<br />

excessivamente é função permitir traçar as seguintes hipóteses de<br />

instalação do comportamento: hábitos alimentares familiares e; exposição<br />

a ambientes carentes de reforços alternativos à comida e muito<br />

estressantes. Da mesma forma foi possível identificar os eventos que<br />

contribuíram e contribuem para a manutenção do comportamento: a<br />

comida funciona como reforçador negativo, eliminando ou atenuando<br />

os efeitos orgânicos causados pelo contato com um estímulo aversivo<br />

e/ou funciona como reforçador positivo único em situações em que o<br />

obeso não dispõe de outras fontes de reforço.<br />

Com relação às estratégias de intervenção utilizadas verificouse<br />

que o auto-registro do comportamento alimentar foi o mais utilizando,<br />

visando a dispor contingências para que os clientes discriminem as<br />

contingências das quais o seu comportamento de comer é função. Um<br />

dos psicólogos ainda afirmou que arranjava contingências para a ampliação<br />

do repertório comportamental dos clientes, visando a ensiná-los a<br />

buscar outras fontes de reforço positivo. Dentre as dificuldades relatadas<br />

pelos clientes para seguir o tratamento estão problemas no seguimento<br />

de regras nutricionais, devido à sua história prévia, as sensações<br />

físicas experimentadas, ao sedentarismo e a déficits de autocontrole.<br />

Todos os clientes analisados realizavam atendimento concomitante<br />

com outros profissionais de saúde (médicos, nutricionistas). Dois<br />

dos quatro psicólogos informaram que este atendimento multiprofissi-<br />

120


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

onal era obrigatório, pois seus clientes já tinham se submetido ou iriam<br />

se submeter à cirurgia bariátrica.<br />

Por fim, as autoras verificaram que os clientes atendidos pelos<br />

quatro psicólogos abandonaram o tratamento, não receberam alta. Na<br />

maioria dos casos o abandono ocorreu assim que o cliente experimentou<br />

as primeiras melhoras (perda de peso e alívio da ansiedade). Como<br />

o comportamento de comer em excesso não é a única demanda de<br />

atendimento trazida, em geral, eles retornaram para o tratamento após<br />

um longo período de tempo.<br />

Pereira, Daleffe e Amaral (2004) apresentaram um trabalho em<br />

uma mesa redonda durante o XIII Encontro Anual da ABPMC e II Congresso<br />

Internacional da ABA, em Campinas, que discutiu as propostas<br />

de avaliação psicológica de candidatos à cirurgia bariátrica, uma vez que<br />

a aprovação desse procedimento cirúrgico depende de parecer psicológico<br />

favorável. Os autores delineiam o que seriam as linhas básicas para<br />

a elaboração de um protocolo de avaliação:<br />

O psicólogo deve discriminar, diante das contingências<br />

inerentes à cirurgia, comportamentos que precisam fazer<br />

parte do repertório do paciente para sua adaptação à nova<br />

rotina e também definir critérios de exclusão, para prevenir<br />

insucessos e evitar riscos. O laudo psicológico, com parecer<br />

para a cirurgia, deverá conter informações da linha de base<br />

dos comportamentos considerados relevantes para o<br />

sucesso do procedimento cirúrgico (PEREIRA, DALEFFE e<br />

AMARAL, 2004).<br />

Os autores concluíram afirmando que este protocolo deve ser elaborado<br />

de forma a permitir ainda a identificação de comportamentos desfavoráveis<br />

e de possíveis transtornos psicológicos impeditivos à cirurgia.<br />

Fernandes, Immer, Ferreira e Malcher (2004) realizaram uma pesquisa<br />

com pacientes portadores de diabetes Tipo 2 com Obesidade moderada,<br />

com o objetivo de investigar os efeitos de registro de automonitoração<br />

e relato verbal no seguimento de regras nutricionais. Os sujeitos<br />

foram três pacientes atendidos por um programa multiprofissional de<br />

um hospital universitário de Belém-Pa, sendo dois homens (A com 50<br />

anos e C com 54) e uma mulher (B com 39), com respectivamente um ano,<br />

cinco anos e um ano de tempo de diagnóstico. Todos os pacientes eram<br />

alfabetizados e de classe socioeconômica distintas, mas apresentavam<br />

dificuldades na adesão às prescrições nutricionais em pelo menos 50%<br />

121


Universidade da Amazônia<br />

das refeições. A coleta de dados foi dividida em cinco etapas, a saber: 1.<br />

Linha de base de comportamentos de seguir a regras nutricionais; 2. treino<br />

em auto-observação do comportamento alimentar, realizado em dias<br />

alternados, em duas condições: Condição 1 = uso de registro de automonitoração<br />

e Condição 2 = uso de relato verbal, ambas referentes a alimentação<br />

do dia anterior, o critério de mudança da condição 1 para a condição<br />

2, foi obter no mínimo de 50% do índice de adesão à dieta alimentar em<br />

três sessões consecutivas; 3. avaliação dos custos e benefícios de cada<br />

condição, feita por meio de entrevistas com os pacientes; 4. treino no<br />

planejamento da dieta e; 5. entrevista de encerramento.<br />

A análise dos dados mostrou a existência de variabilidade intersujeitos<br />

no que tange ao número de sessões/entrevistas, necessário<br />

para a mudança de Condição. No entanto, em todos os casos foi possível<br />

verificar melhora nos repertórios de auto-observação em relação à qualidade,<br />

quantidade e fracionamento da dieta, bem como verificar que o<br />

uso de registros de automonitoração (Condição 1) contribuiu para a<br />

melhora no relato verbal (Condição 2), epara a ampliação do repertório<br />

de autoobservação e para a obtenção de melhores índices de adesão à<br />

dieta. As autoras ressaltaram, contudo, a necessidade de discutir algumas<br />

dificuldades verificadas na execução do procedimento como: “... A<br />

imprecisão das informações contidas nos protocolos nutricionais e a<br />

interferência de problemas de saúde associados ao diabetes na melhora<br />

da adesão ao tratamento” (FERNANDES, IMMER, FERREIRA e MAL-<br />

CHER, 2004). Esta pesquisa foi apresentada ainda com os dados parciais<br />

na VII Semana Científica do Laboratório de Psicologia da UFPa, no mesmo<br />

ano (FERNANDES, IMMER e FERREIRA, 2004).<br />

Laloni (2004) realizou uma pesquisa apresentando a análise de<br />

alguns transtornos alimentares, a saber: a Bulimia, a Anorexia, o Transtorno<br />

da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) e a Obesidade. Para os<br />

fins da presente pesquisa analisou-se apenas o item concernente à<br />

Obesidade. Neste item específico do texto, a autora estabeleceu como<br />

objetivo a demonstração da análise de contingências do comportamento<br />

de comer em pacientes obesos, com vistas à sugestão de intervenções<br />

e promoção de orientação a grupos interdisciplinares.<br />

Após esclarecimentos iniciais sobre a definição, critérios de aferição,<br />

prevalência e interação com outros transtornos (como o TCAP), a<br />

autora passou a apresentar a análise funcional do comportamento alimentar<br />

de dois grupos de obesos que buscaram ajuda psicológica. Neste<br />

sentido, a autora esclareceu que:<br />

122


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

A funcionalidade do comportamento foi analisada, tanto a<br />

partir das condições que propiciam a sua ocorrência, quanto<br />

às condições da sua manutenção. O estudo dessa relação<br />

funcional entre estímulos antecedentes, comportamento<br />

e estímulos conseqüentes, foi efetuado em cada caso<br />

individualmente, buscando-se a compreensão para cada<br />

indivíduo da funcionalidade de seu próprio comportamento<br />

de comer excessivamente.<br />

A hipótese adotada foi que os comportamentos de comer<br />

em excesso podiam estar tanto sob controle de contingências<br />

positivas quanto de contingências negativas (LALONI,<br />

2004, p. 172).<br />

O primeiro grupo, chamado grupo do emagrecimento por dieta,<br />

foi formado por dez mulheres obesas encaminhadas pelo Ambulatório<br />

de Endocrinologia para participar de um programa de controle alimentar<br />

em grupo. Nenhuma delas tinha indicação para a realização de cirurgia<br />

bariátrica, mas deveriam mudar o hábito alimentar para reduzir o<br />

peso corporal. O objetivo desse grupo foi observar e descrever as contingências<br />

mantenedoras do comportamento de comer em excesso,<br />

visando intervir terapeuticamente com os pacientes e orientar médicos<br />

e nutricionista que os atendiam.<br />

O segundo grupo, chamado grupo do emagrecimento por ato cirúrgico,<br />

formado por 13 pacientes obesos mórbidos, sendo cinco homens<br />

e oito mulheres, que procuraram o atendimento psicológico por<br />

necessitarem de um parecer psicológico; parte dos procedimentos para<br />

a aprovação da cirurgia bariátrica. Os objetivos específicos deste grupo<br />

foram a elaboração de um laudo psicológico, de orientações à equipe<br />

multiprofissional que realizaria a cirurgia e o estabelecimento de programa<br />

de acompanhamento pós-cirúrgico. Apesar dos objetivos específicos<br />

de cada grupo, todos deveriam ter o seu comportamento de comer<br />

em excesso modificado.<br />

A análise dos dados revelou que a instalação do comportamento<br />

de comer em excesso se deu ao longo da história de vida dos sujeitos e<br />

que as contingências atuais fornecem reforços positivos e/ou negativos<br />

para este comportamento, mantendo-o. No trecho abaixo, a autora<br />

apresentou a classificação do comportamento de comer em três diferentes<br />

tipos de classe de respostas:<br />

123


Universidade da Amazônia<br />

a) o comportamento de comer caracterizado por dieta rica<br />

em gordura e carboidratos e poucos exercícios físicos no<br />

repertório comportamental, b) o comportamento de comer<br />

é compulsivo, ocorre ingestão periódica e recorrente em<br />

grandes quantidades de alimentos, c) o comportamento<br />

de comer ocorre de forma desordenada, associado a estados<br />

de tensão e ansiedade, e o repertório de exercícios físicos<br />

pode ou não estar presente.<br />

[...] o comportamento de comer excessivamente é mantido<br />

por reforçamento negativo, em pessoas com baixa<br />

resistência à frustração, e por reforçamento positivo, em<br />

pessoas com hábitos alimentares associados a sucesso<br />

social e qualidade de alimentos, os pacientes têm<br />

reforçamento imediato, não havendo diferenças nos dois<br />

grupos (LALONI, 2004, p. 173).<br />

A autora classificou algumas “contingências antecedentes” observadas<br />

e as dividiu em Antecedentes históricos recentes e Antecedentes<br />

aversivos. Dentro do conjunto de Antecedentes históricos recentes<br />

está um histórico de não seguimento de regras (em especial médicas),<br />

a exposição constante a alimentos (fartura em reuniões sociais) e uma<br />

alimentação ricamente preparadas por outros. Dentro do conjunto de<br />

Antecedentes aversivos estão ter de pagar contas e não ter dinheiro<br />

suficiente, ter sido punido ao emitir opinião, e assistir a brigas familiares,<br />

doença e morte na família.<br />

Além disso, a autora classificou também algumas “contingências<br />

consequentes” observadas e as dividiu em Consequências positivas e<br />

Consequências negativas. Dentro do conjunto de Consequências positivas,<br />

estão a ingestão de alimentos mais baratos (farináceos e doces),<br />

ingestão de guloseimas, bolachas, chocolates, refrigerantes e balas e o<br />

experimentar pratos variados durante o ensino de preparo de alimentos<br />

a outros. Dentro do conjunto de Consequências negativas estão evitar<br />

pensar que tem de pagar contas, evitar subir na balança e olhar para<br />

o espelho, evitar situações de exposição, evitar falar de doenças e morte<br />

e evitar exames médicos.<br />

A autora verificou também que, em ambos os grupos, os pacientes em<br />

geral se comportavam em função de reforçamento positivo imediato e tinham<br />

uma baixa frequência de seguimento de regras. Em vista desse quadro,<br />

a autora configurou linhas de intervenção específicas para cada grupo:<br />

no grupo de emagrecimento por dieta foram selecionados para a composição<br />

do tratamento os comportamentos de manejo de ansiedade como treino de<br />

124


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

enfrentamento de situações aversivas, ampliação do repertório de comportamentos<br />

de seguir instruções e a modelagem de comportamentos de discriminar<br />

as qualidades calóricas e nutricionais dos alimentos; no grupo de emagrecimento<br />

por ato cirúrgico, o procedimento básico foi a análise funcional<br />

do comportamento de comer em excesso, visando a identificar os comportamentos<br />

a serem modificados tanto antes quanto depois da cirurgia bariátrica,<br />

dentre os quais destacou-se o comportamento de seguir regras.<br />

Como resultado da aplicação dos procedimentos, a autora observou<br />

que o grupo de emagrecimento por dieta apresentou perda de peso<br />

lenta e pequena, demonstrando um alto índice de flutuação no peso.<br />

Por outro lado, o grupo de emagrecimento por ato cirúrgico apresentou<br />

uma grande e rápida perda de peso, com pequena flutuação.<br />

Além disso, a autora observou que a forma de configuração dos<br />

procedimentos favoreceu a adesão das equipes multiprofissionais que<br />

atendiam ambos os grupos, já que os profissionais passaram também a<br />

avaliar o desempenho dos pacientes levando em considerações os aspectos<br />

elencados pela autora, o que favoreceu também a adesão ao<br />

tratamento pelos pacientes.<br />

A autora concluiu afirmando a importância de psicólogos Analistas<br />

do Comportamento se envolverem na construção de critérios para<br />

a composição de laudos pré-cirurgia bariátrica. Indicou, nesse sentido,<br />

a necessidade de realizar análises funcionais dos comportamentos relevantes,<br />

com previsão de respostas futuras com e sem intervenções.<br />

Além disso, a autora indicou que é preciso:<br />

[...] Discriminar contingências para propor protocolos de<br />

avaliação, definir critérios de exclusão nos casos de cirurgia<br />

bariátrica, identificar o repertório comportamental mínimo<br />

que deve estar presente antes e depois do ato cirúrgico, e<br />

ser capaz de discriminar transtornos psicológicos<br />

impeditivos para a cirurgia (LALONI, 2004, p. 174).<br />

Marques e Graim (2004) realizaram uma pesquisa com pacientes<br />

submetidos à cirurgia bariátrica, com o objetivo de avaliar o nível de<br />

adesão ao tratamento recomendado após a cirurgia. Foram entrevistados<br />

um médico e uma nutricionista que compunham uma das equipes<br />

que realizava a cirurgia e acompanhava os pacientes no período posterior<br />

a esta, para identificar as condutas em geral indicadas para os pacientes<br />

(tipo de alimento, tipo de exercício físico, medicações etc.). Foram<br />

entrevistados também três pacientes obesos, todos do sexo femi-<br />

125


Universidade da Amazônia<br />

nino, na faixa etária de 27 a 47 anos, que tinham sido submetidos à<br />

cirurgia, em um período de tempo que variou de três meses a um ano,<br />

pela mesma equipe da qual faziam parte o médico e a nutricionista<br />

entrevistados previamente. Na entrevista com os pacientes foram abordados<br />

os seguintes assuntos: dia típico (semana e final de semana);<br />

sintomas no pós-cirúrgico; descrição do tratamento pós-cirúrgico; justificativas<br />

para as condutas conflitantes com o tratamento descrito.<br />

A análise dos resultados demonstrou que não havia pontos ou<br />

orientações conflitantes, indicando que há uma articulação entre os<br />

profissionais atuantes na equipe acerca da conduta a ser requerida dos<br />

pacientes. A única modificação observada foi feita no tratamento de<br />

RSC, que devido a outras complicações de saúde não iniciou a atividade<br />

física no mesmo período que as outras pacientes. Todas as participantes<br />

apresentaram algum sintoma após a cirurgia: gases e hérnia incisional<br />

(ENC); gases, dores no estômago e enjôo (MCS); enjôo e vômitos (RSC).<br />

As autoras passam a descrever os resultados de cada participante<br />

individualmente, indicando que, dessa forma, a análise respeitaria<br />

os princípios da Análise do Comportamento. Sendo assim, a análise se<br />

iniciou pelos dados colhidos com ENC. Na comparação do tratamento<br />

descrito pela equipe e do tratamento descrito pela participante foi possível<br />

identificar que as únicas recomendações seguidas foram a ingestão<br />

de medicamentos e a realização de exames periódicos, por outro<br />

lado, observou-se que a maior parte das condutas da paciente vão de<br />

encontro ao tratamento, como a ingestão constante de alimentos hipercalóricos<br />

(chocolate todos os dias). A análise das justificativas de<br />

ESC para esta conduta conflitante, demonstrou que ela, algumas vezes,<br />

distorceu as recomendações (“eu como assim um pão de queijo... eu<br />

não posso ficar muito tempo sem comer!”) e outras vezes apresentou<br />

regras como “Já emagreci e não vou engordar mais”, para justificar frases<br />

como: “Eu não mudei nada a comida... só no início”.<br />

A análise dos dados de MCS iniciou-se pela comparação do tratamento<br />

descrito pela equipe e do tratamento descrito pela participante,<br />

quando foi possível identificar que a paciente compreendeu a necessidade<br />

de fracionar as refeições, realizando-as de duas em duas horas<br />

com pequenas quantidades de alimento, conforme recomendação.<br />

No entanto, MSC ainda compunha as refeições com alimentos hipercalóricos,<br />

apresentados de foram diferente para permitir a ingestão (antes:<br />

açaí e farinha; agora: picolé de açaí). A seguinte verbalização de<br />

MSC reforçou esta análise: “Eu não podia comer nada que engorde, mas<br />

126


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

eu como assim mesmo”. Observou-se também nesta participante a distorção<br />

das recomendações componentes do tratamento. A frase a seguir<br />

exemplifica isto: “Eu preciso arrotar para poder comer... mas se eu<br />

tomar uma coca-cola eu consigo”.<br />

A análise dos dados de RCS iniciou-se pela comparação do<br />

tratamento descrito pela equipe e com o tratamento descrito pela<br />

participante, quando foi possível identificar que a paciente demonstrava<br />

conhecer o tratamento e tentava segui-lo, no entanto, sua condição<br />

financeira se apresentou como um obstáculo à modificação de<br />

seus hábitos alimentares e à ingestão do medicamento recomendado.<br />

A atividade física leve que foi indicada para as duas outras pacientes<br />

não constava do tratamento de RCS. No entanto, na descrição<br />

de sua rotina, observou-se a realização de tarefas doméstica que<br />

exigiam grande esforço físico, como lavar roupas. Observou-se também<br />

que, na tentativa de só ingerir alimentos mais saudáveis, RCS<br />

selecionou frutas ácidas, o que não era indicado na fase do tratamento<br />

em que se encontrava, ou ingeriu apenas água, comprometendo<br />

o seu estado nutricional.<br />

As autoras concluíram que a exposição ao ato cirúrgico não promoveu<br />

alteração na dieta alimentar para a maioria das pacientes, apenas<br />

promoveu uma redução na quantidade de comida ingerida e eliminou<br />

a ingesta de determinados alimentos por conta de sintomas físicos<br />

pareados a eles (açaí líquido, por exemplo). Outro aspecto em que não<br />

se observou alteração foi o padrão de atividade física dos pacientes, já<br />

que a maioria ainda não realizava os exercícios físicos recomendados<br />

(caminhada, por exemplo).<br />

Orsati e Tomé (2004) realizaram um estudo de caso com uma<br />

paciente de 39 anos, submetida à cirurgia bariátrica sem acompanhamento<br />

psicológico e nutricional. A coleta de dados se deu por meio de<br />

entrevistas semi-abertas com o objetivo de levantar o “histórico da<br />

Obesidade e o processo do procedimento cirúrgico” (ORSATI e TOMÉ,<br />

2004). As autoras identificaram nos relatos a existência de um histórico<br />

de Obesidade tanto na paciente quanto em familiares, bem como oscilações<br />

de peso (de obesa a eutrófila) e abuso de substâncias desde a<br />

adolescência. A análise funcional do comportamento de comer da paciente<br />

revelou que o padrão alimentar não foi alterado após a cirurgia,<br />

uma vez que:<br />

127


Universidade da Amazônia<br />

[...] Sua relação com a alimentação permanece a mesma:<br />

frente a uma contingência aversiva o sujeito utiliza o<br />

alimento como reforço imediato, alívio, esquema de<br />

reforçamento negativo; e pelo ganho de peso não ser uma<br />

punição imediata não evita o comportamento alimentar<br />

compulsivo (ORSATI e TOMÉ, 2004).<br />

As autoras perceberam, no entanto, que a paciente só apresentava<br />

mudanças no repertório comportamental, quando estava frente a<br />

duas situações de punição: a relação com o marido e o excesso de queda<br />

de cabelo. Desta forma, as autoras concluíram que é imprescindível a<br />

avaliação multidisciplinar prévia dos candidatos à cirurgia bariátrica,<br />

uma vez que é preciso diagnosticar a existência de Transtorno de Compulsão<br />

Alimentar Periódica (TCAP), com 39% de incidência em candidatos<br />

a esta cirurgia. Outro aspecto apontado foi a importância da adequação<br />

de expectativas e compreensão do caráter permanente da cirurgia<br />

pelos pacientes. Sendo assim, as autora defenderam um efetivo acompanhamento<br />

psicológico para a modificação do comportamento alimentar<br />

dos pacientes.<br />

128


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

À GUISA DA<br />

CONCLUSÃO<br />

129


Universidade da Amazônia<br />

Na busca por historiar, sintetizar e analisar a produção científica<br />

brasileira da Análise do Comportamento sobre o tema Obesidade<br />

nos 33 anos que compuseram esta amostra foram localizados<br />

78 trabalhos produzidos, dos quais foi possível analisar diretamente<br />

trinta trabalhos e indiretamente mais oito trabalhos, perfazendo um<br />

montante de 48,72% do total da produção.<br />

No entanto, a análise mais atenta dos trabalhos revelou que, na<br />

verdade, o número real de pesquisas realizadas ficou em torno de 53, uma<br />

vez que em vários casos os resultados de uma mesma pesquisa foram veiculados<br />

de formas e em espaços diferentes. Tomando este novo parâmetro<br />

é possível afirmar que da década de 70 analisou-se 50% das pesquisas; da<br />

década de 80 analisou-se 57,14% das pesquisas; da década de 90 analisouse<br />

44,44% das pesquisas e; por fim, dos primeiros anos do Século XXI (2001-<br />

2004) analisou-se 34,28% das pesquisas. Sendo assim, do total de pesquisas<br />

identificadas foi possível acessar os resultados de 21 pesquisas, perfazendo<br />

um montante de 39,62%. Dos quatro períodos de tempo analisados,<br />

aquele em que se obteve o menor índice de trabalhos analisados, foi o<br />

último (2001-2004). Sem dúvida, a ausência mais significativa na análise<br />

dessa produção científica é representada pelos trabalhos realizados e/ou<br />

orientados pela profª. Mª Cristina Di Benedetto (UNIPAR), da qual não foi<br />

possível captar nenhum trabalho. Dois fatores contribuíram para o não acesso<br />

a este material: muito dos trabalhos realizados por esta autora foram<br />

veiculados exclusivamente na forma de resumos publicados em anais de<br />

congresso e; a recentecidade das pesquisas, uma vez que publicar uma<br />

pesquisa na forma de artigo e/ou livro requer um tempo maior do que o<br />

necessário para apresentá-la em congressos.<br />

O caminho de análise traçado permitiu a composição de um perfil<br />

das pesquisas em cada um dos quatro períodos de tempo analisados. Da<br />

década de 70, observou-se um número reduzido de trabalhos (3), derivados<br />

de duas pesquisas, ambas realizadas durante cursos de pós-graduação<br />

stricto sensu em duas das mais tradicionais universidades brasileiras<br />

(USP e UnB). Nos dois casos, o tipo de pesquisa realizado foi a<br />

pesquisa experimental e buscou-se por meio do ensino de técnicas de<br />

autocontrole intervir no comportamento alimentar de indivíduos obesos<br />

ou com sobrepeso do sexo feminino, sobretudo, visando reduzir<br />

seu peso. Um aspecto interessante é que uma das recomendações e/ou<br />

indicações para novas pesquisas presente na primeira pesquisa (KER-<br />

BAUY, 1972, 1977) – treinar o autocontrole em situações mais simples –<br />

foi levada a efeito na última pesquisa realizada nesta década, fato este<br />

130


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

explicitado já no título do trabalho: “Uma solução simples para um problema<br />

comportamental complexo: uma contribuição para o estudo da<br />

Obesidade” (CUNHA, 1980).<br />

Na década de 80 foi possível identificar um número maior de<br />

trabalhos realizados, mas ainda concentrados nas mãos das duas pesquisadoras<br />

presentes na década anterior – Jacira Cunha e Rachel Kerbauy.<br />

Embora, o número de pesquisadores envolvidos nos trabalhos<br />

tenha crescido, alguns deles já mantinha estreita ligação com os trabalhos<br />

da década anterior, a exemplo de Tereza Mettel e João Cláudio<br />

Todorov que orientaram a dissertação de Jacira Cunha.<br />

Uma outra prova da extensão da influência das duas autoras para<br />

a produção da década de 80, é que a dissertação de mestrado de Denise<br />

Heller (1990) foi orientada por Rachel Kerbauy e seu delineamento experimental<br />

foi bastante semelhante ao utilizado por sua orientadora<br />

em sua tese de doutorado. No entanto, é preciso destacar a contribuição<br />

prestada por Denise Heller à construção de instrumentos de intervenção<br />

adaptados à população de nível socioeconômico mais baixo,<br />

permitindo que pessoas consideradas analfabetas funcionais possam<br />

ter acesso a instrumentos como o registro de alimentos, fundamental<br />

para o treino de automonitoria do comportamento alimentar. Além disso,<br />

a identificação das dificuldades mais frequentes para o seguimento<br />

do programa, tanto na fase inicial, quanto na fase de manutenção, e a<br />

socialização das estratégias sugeridas para superar estas dificuldades,<br />

construídas não apenas pela pesquisadora, mas também pelos próprios<br />

participantes em sessões de grupo, aparece como uma fonte inspiradora<br />

de reflexões sobre os motivos da não manutenção do peso após encerramento<br />

do programa e foi bastante promissor na indicação de alternativas<br />

à manautenção do peso.<br />

O único trabalho identificado que não mantém, ao menos aparentemente,<br />

relação com a produção das duas autoras foi a dissertação<br />

de Egle Duarte em 1981, mas que por ter sido defendida na UnB no<br />

programa de pós-graduação em Psicologia apenas um ano após a dissertação<br />

de Jacira Cunha, muito provavelmente deve ter sofrido algum<br />

grau de influência. Outro aspecto que chama a atenção é que, exceto<br />

um dos artigos publicados no periódico: “Ciência do comportamento”,<br />

que foi derivado de uma pesquisa experimental realizada após a dissertação<br />

de Jacira Cunha, financiada pelo CNPq, todos os outros artigos<br />

se apresentam como desdobramento de sua dissertação, sobretudo,<br />

do capítulo da Fundamentação teórica.<br />

131


Universidade da Amazônia<br />

Da década de 80 ainda é preciso destacar a importância do capítulo<br />

de livro elaborado por Rachel Kerbauy em 1987, que se configurou como<br />

um “Estado da Arte” dos resultados de pesquisas experimentais e clínicas<br />

sobre a Obesidade, realizadas principalmente nos EUA, grande pólo de<br />

produção da Análise do Comportamento, que permitiu ratificar o caráter<br />

interdisciplinar do problema e delinear uma proposta de intervenção clínico-comportamental<br />

baseada, sobretudo, na análise funcional.<br />

Na década de 90 ocorreu uma ampliação do contingente de pesquisadores<br />

envolvidos, dos tipos de pesquisas realizados e dos objetivos.<br />

A maioria das pesquisas realizadas nas décadas anteriores tinha<br />

como objetivo principal produzir a redução de peso e manter o peso<br />

nos níveis alcançados e mesmo até em níveis menores; na década de 90<br />

surgem pesquisas interessadas em avaliar os programas e compreender<br />

as variáveis envolvidas na desistência de sujeitos ainda na fase inicial<br />

(FLORENZANO, 1994); pesquisas que visavam a identificar as estratégias<br />

de enfrentamento em situações de alto risco de recaída, utilizadas<br />

pelos indivíduos que tinham sido expostos a programas comportamentais<br />

que se encontravam em fase de manutenção (SMOKOWICZ,<br />

1997) e; pesquisas que adquirem um delineamento mais clínico (BRAN-<br />

DÃO, NEVES e SILVEIRA, 1994). Desta forma, outro grupo de variáveis<br />

passa a ser objeto de estudo dos Analistas do Comportamento interessados<br />

no fenômeno Obesidade em outros settings.<br />

Mas é, sem dúvida, no último período de tempo analisado que se<br />

encontra além da maior quantidade de trabalhos a maior diversidade<br />

de objetivos e delineamento. Os delineamentos de pesquisa variaram,<br />

de forma a incluírem estudos de caso que promoveram o refinamento<br />

de técnicas tradicionalmente usadas, como a automonitoria (FERREIRA<br />

e CASSEB, 2002) a estudos de caso que passaram a utilizar o arsenal de<br />

instrumentos disponibilizado por outras abordagens (inventários e escalas)<br />

na intervenção e pacotes estatísticos, corroborando para a confirmação<br />

dos resultados observados na análise funcional do comportamento<br />

(BARBOSA, 2001). Os objetivos das pesquisas variaram da descrição<br />

das contingências mais comumente envolvidas em casos de superalimentação<br />

(LALONI, 2004) até a adesão ao tratamento após a cirurgia<br />

bariátrica (MARQUES e GRAIM, 2004). Além disso, novos temas passaram<br />

a fazer parte do conjunto de estudos realizados nesta época: a Obesidade<br />

infantil, avaliação e acompanhamento psicológico pré e póscirurgia<br />

bariátrica, Obesidade na terceira idade, Obesidade e gênero,<br />

Obesidade em pacientes diabéticos, por exemplo.<br />

132


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

A análise dessa produção permite afirmar que temas significativos<br />

e atuais em relação à Obesidade em cada período de tempo foram<br />

objeto de pesquisa dos Analistas do Comportamento brasileiros, demonstrando<br />

que este grupo de profissionais manteve-se atento às demandas<br />

sociais relacionadas ao problema. A própria diversificação de<br />

temas, delineamentos e objetivos consubstancia tal percepção. A despeito<br />

disso, verificou-se que estas incursões de pesquisa foram levadas<br />

a efeito por um número reduzido de profissionais, que juntamente com<br />

seus orientados, abordaram aspectos diferentes do fenômeno. Uma<br />

consequência disso pode ser o fato de não ter sido identificado no Diretório<br />

de Grupos de Pesquisa do CNPq nenhum grupo formado em torno<br />

dessa temática que fundamentasse suas investigações na Análise do<br />

Comportamento. Parece que, com raras exceções, as investigações sobre<br />

Obesidade surgem no contexto da investigação de outros fenômenos<br />

ou outros agravos à saúde relacionados. Por conta disso, em diversos<br />

momentos foi possível perceber que as sugestões de novas pesquisas,<br />

feitas no final de um trabalho, não inspiraram outros profissionais<br />

ou mesmo o próprio autor a realizarem a investigação das questões<br />

sugeridas.<br />

Estudar um fenômeno complexo requer uma empreitada de fôlego<br />

e passos relacionados. Na verdade, requer a criação de programas<br />

de pesquisa. Desta forma, a produção analisada, apesar de profícua,<br />

não pode ser encarada como o resultado de um programa brasileiro de<br />

pesquisa sobre a Obesidade. Uma consequência disso é o fato de que<br />

algumas questões, como a manutenção do peso perdido é repetidamente<br />

indicada ao longo desses 33 anos analisados como questão para<br />

a qual não se tem respostas ainda consolidadas.<br />

O presente trabalho chega ao final tendo composto mais que um<br />

mapa da produção da Análise do Comportamento sobre o tema Obesidade,<br />

uma vez que, o estudo dessa produção, nos permitiu compor<br />

outro mapa, o das pesquisas que ainda precisam ser realizadas. Neste<br />

sentido, cumpre sua função como um trabalho científico: mais que respostas,<br />

abastece de perguntas, combustível essencial à produção do<br />

conhecimento científico.<br />

133


Universidade da Amazônia<br />

REFERÊNCIAS<br />

134


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

ADES, L. KERBAUY, R. R. Obesidade: realidades e indagações. Psicologia,<br />

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www.scielo.br. Acesso em: 23 out. 2003.<br />

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humana. Psicologia: reflexão e crítica, Porto Alegre, UFRGS, v. 15, n. 2,<br />

p.283-292, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em: 23<br />

out. 2003.<br />

ALBUQUERQUE, A. C. P. GOMES, J. M. O. Obesidade infantil: as dificuldades<br />

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e cognição: aspectos teóricos, metodológicos e de formação<br />

em Análise do Comportamento e Terapia Cognitivista. Santo André:<br />

ARBytes, 1999. V.1, cap. 9, p. 82-87.<br />

TEIXEIRA, C. M. Avaliação de condições de ensino e conceituações básicas<br />

em Análise do Comportamento, a partir da opinião e do desempenho<br />

de alunos do Curso de Psicologia. Dissertação (Mestrado em Teoria<br />

e pesquisa do comportamento). 2001. 71f. - Universidade Federal do<br />

Pará, Belém, Pará, 2001.<br />

145


Universidade da Amazônia<br />

TODOROV, J. C. A Psicologia como estudo das interações. 1981. Disponível<br />

em: http://www.cemp.com.br. Acesso em: 23 nov. 2003.<br />

______. Behaviorismo radical e analise experimental do comportamento.<br />

Disponível em: http://www.inspac.com.br. Acesso em: 23 nov. 2003.<br />

(texto publicado originalmente em 1982).<br />

______. O conceito de contingência tríplice na Análise do Comportamento<br />

humano. Psicologia: teoria e pesquisa, Brasília, Departamento<br />

de Psicologia, UnB, v. 1, n. 1, p. 75-88, jan./abr. 1985.<br />

TORRES, N. Ansiedade: um enfoque do Behaviorismo Radical respaldando<br />

procedimentos clínicos. In: WIELESKA, R. C et al (Orgs.). Sobre<br />

comportamento e cognição: psicologia comportamental e cognitiva:<br />

questionando e ampliando a teoria e as intervenções clínicas em outros<br />

contextos. São Paulo: ARBytes, 2000. V. 6, cap. 27, p. 288 – 298.<br />

TOURINHO, E. Z. Sobre o surgimento do Behaviorismo Radical de Skinner.<br />

Psicologia, São Paulo, Sociedade de Estudos Psicológicos, v. 13, n. 3,<br />

p. 1-11, nov. 1987.<br />

______. Conseqüências do externalismo Behaviorista Radical. Psicologia:<br />

teoria e pesquisa, Brasília, Instituto de Psicologia, UnB, v. 15, n. 2, p.<br />

107 – 115, maio/ago. 1999.<br />

______; TEIXEIRA, E. R.; MACIEL, J. M. Fronteiras entre Análise do Comportamento<br />

e fisiologia: Skinner e a temática dos eventos privados.<br />

Psicologia: reflexão e crítica, Porto Alegre, UFRGS, vol. 13, n. 3, 2000.<br />

Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em: 14 abr, 2002.<br />

WEBER, L. N. D. Conceitos e preconceitos sobre behaviorismo. Psicologia<br />

Argumento, Curitiba, UFPR, v. 20, n. 31, p. 29-36, out. 2002.<br />

ZANNON, C. M. L. C.; ARRUDA, P. M. Tecnologia comportamental em<br />

saúde - adesão ao tratamento pediátrico da doença crônica: evidenciando<br />

o desafio enfrentado pelo cuidador. Santo André: ESETec, 2002.<br />

146


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

ANEXO E APÊNDICE<br />

147


Universidade da Amazônia<br />

APÊNDICE<br />

Ficha de Análise<br />

148


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

APÊNDICE: FICHA DE ANÁLISE DE<br />

DADOS TEÓRICO-METODOLOÓGICOS<br />

Autor/Ano<br />

Problema de<br />

Pesquisa<br />

Objetivos<br />

Referencial Teórico<br />

Pesquisa<br />

Local de<br />

Investigação<br />

Fonte de Dados<br />

Técnica de<br />

Coleta<br />

Técnica de<br />

Análise<br />

Resultados Conclusões Indicação de Futuras<br />

Pesquisas<br />

149


Universidade da Amazônia<br />

ANEXO<br />

Catálogo de Trabalhos sobre Obesidade<br />

e Análise do Comportamento<br />

1972 – 2004<br />

150


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

DÉCADA DE 70<br />

151


Universidade da Amazônia<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEICULO DE<br />

PUBLICAÇÃO ou<br />

/DIVULGAÇÃO<br />

1972 USP/SP Rachel<br />

Rodrigues<br />

KERBAUY<br />

Auto-controle:<br />

manipulação de<br />

condições<br />

antecedentes e<br />

conseqüentes do<br />

comportamento<br />

alimentar<br />

Tese de<br />

doutorado(em<br />

Psicologia<br />

Experimental)<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

Citada em<br />

outros textos<br />

1977 USP/SP Rachel<br />

Rodrigues<br />

KERBAUY<br />

Autocontrole:<br />

manipulação das<br />

condições<br />

antecedentes e<br />

conseqüentes do<br />

comportamento<br />

alimentar<br />

Artigo<br />

Periódico<br />

científico:<br />

Psicologia, v.3,<br />

pp. 101-131<br />

1980 UnB/DF Jacira<br />

Aparecida<br />

da CUNHA<br />

Uma solução simples<br />

para um problema<br />

comportamental<br />

complexo: uma<br />

contribuição para o<br />

estudo da Obesidade<br />

Dissertação<br />

de Mestrado<br />

(em<br />

Psicologia)<br />

Lattes do<br />

orientador:<br />

João Cláudio<br />

Todorov<br />

Base on line da<br />

UnB.(http://<br />

www.unb.br/ip/<br />

web/pos/<br />

res_m_1995.htm)<br />

TOTAL: 03 trabalhos<br />

152


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

DÉCADA DE 80<br />

153


154<br />

Universidade da Amazônia


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

155


156<br />

Universidade da Amazônia


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

DÉCADA DE 90<br />

157


Universidade da Amazônia<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

1994 UEL/PR Maria Zilah<br />

BRANDÃO,<br />

Eduardo<br />

Campos de<br />

Psicoterapia de<br />

grupo: autocontrole<br />

no tratamento da<br />

Obesidade<br />

Almeida<br />

NEVES 19 e<br />

Jocelaine<br />

Martins da<br />

SILVEIRA.<br />

Resumo em<br />

Periódico<br />

VEICULO DE<br />

PUBLICAÇÃO ou<br />

/DIVULGAÇÃO<br />

Lattes do<br />

Eduardo<br />

Torre de<br />

Babel: revista<br />

de Psicologia<br />

Experimental e<br />

Análise do<br />

Comportamento,<br />

v. 1, p. 56<br />

1994 USP/SP João JULIANI<br />

e Rachel<br />

Obesidade: seguese<br />

as prescrições?<br />

Rodrigues<br />

KERBAUY<br />

Resumo em<br />

congresso<br />

Biblioteca da<br />

USP<br />

Anais da 24ª<br />

Reunião Anual<br />

da Sociedade<br />

Brasileira de<br />

Psicologia,<br />

Ribeirão Preto,<br />

p. 392<br />

1994 UEL/PR Ana Paula<br />

FLORENZANO<br />

Razões da Desistência<br />

de Indivíduos<br />

Monografia.<br />

(Aperfeiçoa-<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

em Grupos mento/<br />

Submetidos a um Especialização<br />

Programa de Alto<br />

em<br />

Controle da Psicoterapia<br />

Obesidade na Análise<br />

do Comportamento)<br />

Orientador:<br />

Vera Lucia<br />

Menezes da<br />

Silva<br />

1995 USP/SP Jocelaine<br />

Martins da<br />

SILVEIRA;<br />

Rachel<br />

Rodrigues<br />

KERBAUY<br />

Fatores relacionados<br />

com a manutenção<br />

e perda do peso<br />

Resumo em<br />

Congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

III Congresso<br />

Interno do<br />

Instituto de<br />

Psicologia da<br />

USP, São Paulo.<br />

Anais do<br />

Congresso<br />

Interno do<br />

Instituto de<br />

Psicologia da<br />

USP, p. 13.<br />

19<br />

O autor declara ter feito este trabalho na Análise do Comportamento, muito embora hoje se oriente<br />

pela Cognitivo comportamental.<br />

158


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEICULO DE<br />

PUBLICAÇÃO ou<br />

/DIVULGAÇÃO<br />

1995 USP/ P Rachel<br />

Rodrigues<br />

KERBAUY<br />

e<br />

Marina<br />

Plastina<br />

BUZZO<br />

A Análise da<br />

História Alimentar<br />

da Mãe Em Relação<br />

Ao<br />

Comportamento<br />

Alimentar dos<br />

Filhos<br />

Resumos<br />

em<br />

congresso<br />

Plataforma<br />

Latte<br />

&<br />

III Congresso<br />

Interno do<br />

Instituto de<br />

Psicologia USP,.<br />

III Congresso<br />

Interno do<br />

Instituto de<br />

Psicologia USP.<br />

SÃO PAULO-SP.<br />

p. 3-3<br />

1996<br />

UFPR/PR<br />

Terezinha de<br />

Jesus<br />

SMOKOWICZ<br />

Obesidade:<br />

Estratégias de<br />

Enfrentamento de<br />

Situações de Alto<br />

Risco<br />

Monografia<br />

de conclusão<br />

do curso de<br />

Aperfeiçoamento/<br />

Especialização<br />

em<br />

Psicologia<br />

Clínica-<br />

Behaviorismo.<br />

Orientadora<br />

Maria Zilah<br />

Brandão e<br />

Yara K.<br />

Ingberman<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

Nas<br />

referências de<br />

artigo<br />

derivado da<br />

mesma<br />

1997<br />

UFPR/PR<br />

Terezinha de<br />

Jesus<br />

SMOKOWICZ<br />

Obesidade:<br />

Estratégias de<br />

Enfrentamento de<br />

Situações de Alto<br />

Risco<br />

Artigo<br />

Interação,<br />

Curitiba, v. 1, p.<br />

73-93, jan./dez.<br />

1997<br />

1998<br />

UCG/GO<br />

Viviane de<br />

Amorim<br />

Fleury<br />

SANTANA<br />

Ansiedade,<br />

Obesidade,<br />

Aprendizagem<br />

Trabalho de<br />

Conclusão de<br />

Curso.<br />

(Graduação<br />

em<br />

Psicologia)<br />

Orientador:<br />

Luc Marcel<br />

Adhemar<br />

Vandenberghe<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

1999<br />

UNIPAR/PR<br />

Cristina DI<br />

BENEDETTO<br />

Grupo Informativo<br />

sobre Obesidade<br />

Resumo em<br />

Congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

In: II Jornada<br />

de Psicologia<br />

Internacional,<br />

Umuarama.<br />

Anais da<br />

Unipar<br />

159


Universidade da Amazônia<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

1999 USP/SP<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

Rachel<br />

Rodrigues<br />

KERBAUY<br />

e<br />

Marina<br />

Aparecida<br />

Pastana<br />

BUZZO<br />

A história<br />

alimentar de mães<br />

e a influência em<br />

relação ao<br />

comportamento<br />

alimentar dos<br />

filhos<br />

Resumo em<br />

congresso<br />

VEICULO DE<br />

PUBLICAÇÃO ou<br />

/DIVULGAÇÃO<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

VIII Encontro<br />

da ABPMC,<br />

1999, São<br />

Paulo, v. 8<br />

2000<br />

UTP/PR<br />

Denise<br />

Cerqueira<br />

Leite<br />

HELLEReRachel<br />

Rodrigues<br />

KERBAUY<br />

Redução de peso:<br />

identificação de<br />

variáveis e<br />

elaboração de<br />

procedimentos<br />

com uma<br />

população de baixa<br />

renda e<br />

escolaridade<br />

Artigo<br />

Disponível na<br />

www.bvspsi.org.br,<br />

no<br />

Lattes da<br />

orientadora e<br />

da autora<br />

&<br />

Revista<br />

Brasileira de<br />

Terapia<br />

Comportamental<br />

e Cognitiva,<br />

v.2; n .1, pp.<br />

31- 52, jan-jun<br />

2000.<br />

2000<br />

USP/SP<br />

Débora<br />

Regina<br />

BARBOSA<br />

Adolescentes<br />

Obesos:<br />

Identificação e<br />

Modificação de<br />

Habilidades Sociais<br />

Resumo de<br />

Congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

In: Reunião<br />

Anual da<br />

Associãção<br />

Brasileira de<br />

Medicina e<br />

Psicoterapia<br />

Comportamental,<br />

2000,<br />

Campinas.<br />

Resumos do IX<br />

Encontro da<br />

Associação<br />

Brasileira de<br />

Psicoterapia e<br />

Medicina<br />

Comportamental,<br />

2000. p. 66-66<br />

160


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEICULO DE<br />

PUBLICAÇÃO ou<br />

/DIVULGAÇÃO<br />

2000 USP/SP<br />

Débora<br />

Regina<br />

BARBOSA<br />

Obesidade: uma<br />

abordagem<br />

comportamental<br />

Resumo de<br />

Congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

In: Simpósio<br />

da Associação<br />

Brasileira de<br />

Psicologia<br />

aplicada à<br />

clínica e a<br />

cirurgia da<br />

Obesidade,<br />

2000, São<br />

Paulo.<br />

Resumos do<br />

Simpósio. São<br />

Paulo :<br />

Faculdade de<br />

Medicina-Usp,<br />

2000..<br />

2000<br />

UEL/PR<br />

Fátima C. S.<br />

CONTE eE.<br />

GROSS<br />

Conheça um pouco<br />

sobre a Obesidade<br />

infanto-juvenil.<br />

Artigo em<br />

Jornal /<br />

revista<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

Informativo<br />

PSICC,<br />

Londrina, v. 1,<br />

p. 3- 3, 01 dez.<br />

TOTAL: 14 trabalhos<br />

161


Universidade da Amazônia<br />

OS PRIMEIROS ANOS DO<br />

SÉCULO XXI (2001-2004)<br />

162


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEICULO DE<br />

PUBLICAÇÃO/<br />

DIVULGAÇÃO<br />

2001 UEL/PR Vera Lúcia<br />

Menezes da<br />

SILVA<br />

Obesidade: O Que<br />

Nós, Psicólogos,<br />

Podemos Fazer?<br />

Capítulo de<br />

Livro<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

In: WIELENSKa,<br />

R. C.. (Org.).<br />

Sobre<br />

Comportamento<br />

e Cognição:<br />

Questionando<br />

e Ampliando a<br />

Teoria e as<br />

Intervenções<br />

Clínicas e em<br />

Outros<br />

Contextos.<br />

Santo André –<br />

SP: ARBytes,<br />

vol. 6 , p. Cap.<br />

33, p. 276 – 281<br />

2001<br />

UNIPAR/PR<br />

Cristina DI<br />

BENEDETTO,<br />

Camila da<br />

Silveira<br />

FRAGERRI,<br />

Fabiana<br />

Aleixo<br />

GOMES,<br />

Késiene do<br />

Amaral<br />

TOLEDO,Nívia<br />

Dornellas<br />

MORELLI,<br />

Rosa Maria<br />

SARTORI,<br />

Tatiana Nara<br />

VIVAN<br />

Obesidade: Terapia<br />

Multidisciplinar<br />

(Enfoque na área<br />

psicológica)<br />

Resumo em<br />

Congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

In: V Jornada<br />

Internacional<br />

de Psicologia,<br />

2001,<br />

Umuarama.<br />

Anais da V<br />

Jornada<br />

Internacional<br />

de Psicologia.<br />

Umuarama :<br />

Gráfica e<br />

Editora<br />

Campana Ltda,<br />

2001. p. 94-94<br />

2001<br />

UNIPAR/PR<br />

Cristina DI<br />

BENEDETTO,<br />

Intervenção<br />

Psicológica em<br />

pacientes obesos<br />

Resumo em<br />

congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

In: Jornada<br />

Internacional<br />

de psicologia<br />

da Unipar, ,<br />

Umuarama.<br />

Anais da<br />

Unipar<br />

163


Universidade da Amazônia<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEICULO DE<br />

PUBLICAÇÃO /<br />

DIVULGAÇÃO<br />

2001 USP/SP<br />

Débora<br />

Regina<br />

BARBOSA<br />

Relação entre<br />

Mudanças de peso<br />

e Competência<br />

Social em Dois<br />

Adolescentes<br />

Obesos Durante<br />

Intervenção<br />

Clínica Comportamental<br />

Dissertação<br />

de Mestrado<br />

em Psicologia<br />

Clínica.<br />

Orientador:<br />

Sonia Beatriz<br />

Meyer.<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

www.teses.usp.br<br />

2001<br />

USP/SP<br />

Rachel<br />

Rodrigues<br />

KERBAUY<br />

e<br />

Andréia<br />

Elena<br />

MOUTINHO<br />

Pesquisa sobre<br />

emagrecimento em<br />

uma empresa de<br />

produtos químicos<br />

de Minas Gerais.<br />

Um estudo sobre<br />

Obesidade<br />

Resumos em<br />

Congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

In: V Congresso<br />

Interno do<br />

IPUSP, 2001,<br />

São Paulo. V<br />

Congresso<br />

Interno do<br />

IPUSP. São<br />

Paulo: Instituto<br />

de Psicologia,<br />

p. 115-115.<br />

2001<br />

USP/ P<br />

Rachel<br />

Rodrigues<br />

KERBAUY<br />

e<br />

Andréia<br />

Elena<br />

MOUTINHO<br />

Pesquisa sobre<br />

emagrecimento em<br />

uma empresa de<br />

produtos químicos<br />

de Minas Gerais.<br />

Um estudo sobre<br />

Obesidade<br />

Resumos em<br />

Congresso<br />

Biblioteca da<br />

USP<br />

&<br />

In: XX Encontro<br />

Brasileiro de<br />

Psicoterapia e<br />

Medicina<br />

Comportamental,<br />

Campinas,<br />

p. 128<br />

2001<br />

UNIPAR/PR<br />

Fernanda N.<br />

A. Del<br />

GROSSI<br />

A auto-imagem da<br />

adolescente com<br />

sobrepeso e<br />

Obesidade<br />

Trabalho de<br />

Conclusão<br />

de Curso<br />

(Orientador:<br />

Cristina Di<br />

Benedetto)<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

2001<br />

UNAMA/PA<br />

Elianne de<br />

Jesus Maciel<br />

ROCHA,<br />

Elisangela<br />

ABDELNOR,<br />

Paloma<br />

VANNETA<br />

Regras, auto-regras<br />

e dificuldades no<br />

estabelecimento<br />

de relacionamentos<br />

amorosos em<br />

indívíduos obesos.<br />

Trabalho de<br />

Conclusão<br />

de Curso de<br />

Psicologia.<br />

Orientador:<br />

Lúcia<br />

Cristina<br />

Cavalcante<br />

da Silva<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

164


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEICULO DE<br />

PUBLICAÇÃO /<br />

DIVULGAÇÃO<br />

2001 UnB/DF Patrícia Registro alimentar Dissertação Plataforma<br />

Costa<br />

Lattes<br />

BEZERRA<br />

2002 UNIPAR/PR Cristina Di<br />

BENEDETTO<br />

2002<br />

2002<br />

2002<br />

UNIPAR/<br />

CESUMAR<br />

UNIPAR/PR<br />

Cristina DI<br />

BENEDETTO,<br />

Fabiana<br />

Aleixo<br />

GOMES,<br />

Késiene Do<br />

Amaral<br />

TOLEDO,<br />

Nívia<br />

Dornellas<br />

MORELLI,<br />

Rosa Maria<br />

SARTORI;<br />

Camila da<br />

Silveira<br />

FRAGERRI<br />

Sabrina<br />

Hermandez<br />

ROCHA<br />

UNIPAR/PR Maira C.<br />

BAPTISTUSSI,<br />

A. GRESSANA,<br />

A. M.<br />

MARANGONI,<br />

Lais Michele<br />

NONCIBONE,<br />

Wanessa<br />

Aguilera<br />

BRUNO<br />

e automonitoramento:<br />

uma<br />

contribuição para o<br />

controle da<br />

Obesidade<br />

A Obesidade e<br />

seus enfoques<br />

psicológicos<br />

Obesidade: terapia<br />

multidisciplinar (a<br />

intervenção<br />

psicológica)<br />

Terapia Nutricional<br />

PréNutricional<br />

para pacientes<br />

que serão<br />

submetidos à<br />

Gastroplastia<br />

Obesidade mórbida<br />

- um trabalho de<br />

intervenção<br />

de Mestrado<br />

em<br />

Psicologia -<br />

Orientador:<br />

Lincoln da<br />

Silva<br />

Gimenes<br />

Resumo em<br />

congresso<br />

Trabalho<br />

completo<br />

publicado<br />

em Anais de<br />

congresso<br />

Trabalho de<br />

Conclusão<br />

de Curso<br />

(Orientador:<br />

Cristina Di<br />

Benedetto)<br />

Resumo em<br />

Congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

VI Jornada<br />

Internacional<br />

de Psicologia<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

In: XI Encontro<br />

Brasileiro de<br />

Psicoterapia e<br />

Medicina<br />

Comportamental,<br />

2002,<br />

Londrina.<br />

Anais do XI<br />

Encontro<br />

Brasileiro de<br />

Psicoterapia e<br />

Medicina<br />

Comportamental.<br />

Londrina : UEL,<br />

2002. p. 23-24.<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

Plataforma Lattes<br />

& .<br />

In: VI Jornada<br />

Internacional de<br />

Psicologia, 2002,<br />

Umuarama. Anais<br />

da VI JOP.<br />

Umuarama :<br />

Gráfica e Editora<br />

Campana, 2002. v.<br />

único<br />

165


Universidade da Amazônia<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEÍCULO DE<br />

PUBLICAÇÃO /<br />

DIVULGAÇÃO<br />

2002 UNIPAR/PR Simone<br />

MATOS; Suely<br />

Ansiedade - um<br />

sentimento<br />

Trabalho de<br />

Conclusão<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

TASCA; correlacionado à de Curso<br />

Izildinha Obesidade (Orientador:<br />

RAMPANI<br />

Maira<br />

Cantarelli<br />

Baptistussi)<br />

2002<br />

2002<br />

2002<br />

166<br />

UNAMA/PA<br />

UNAMA/PA<br />

Elianne<br />

ROCHA,<br />

Elisangela ;<br />

ABDELNOR,<br />

Paloma<br />

VANETTA, P. O.<br />

e Lúcia<br />

Cristina<br />

CAVALCANTE<br />

DA SILVA<br />

Ana Cláudia<br />

ALBUQUERQUE<br />

e Jacilena<br />

Maria de<br />

Oliveira<br />

GOMES<br />

UNIPAR/PR Maira C.<br />

BAPTISTUSSI,<br />

Wanessa<br />

Aguilera<br />

BRUNO, Lais<br />

Michele<br />

NONCIBONE,<br />

A. GRESSANA,<br />

A. M.<br />

MARANGONI<br />

Obesidade: regras,<br />

autorregras e<br />

dificuldades no<br />

estabelecimento de<br />

relacionamentos<br />

amorosos<br />

Obesidade infantil:<br />

as dificuldades da<br />

criança em relação<br />

à obediência de<br />

regras impostas por<br />

uma dieta<br />

alimentar<br />

Obesidade<br />

mórbida - um<br />

trabalho de<br />

intervenção<br />

Resumo em<br />

congresso<br />

Trabalho de<br />

Conclusão<br />

de Curso.<br />

(Graduação<br />

em Curso de<br />

Psicologia) -<br />

Orientador:<br />

Lúcia<br />

Cristina<br />

Cavalcante<br />

da Silva<br />

Resumo em<br />

congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

XXXII Reunião<br />

anual de<br />

Psicologia,<br />

Florianópolis.<br />

Anais da XXXII<br />

Reunião anual<br />

de Psicologia.<br />

Florianópolis:<br />

SBP, 2002. v.<br />

1. p. 130-131<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

In: XI Encontro<br />

Brasileiro de<br />

Psicoterapia e<br />

Medicina<br />

Comportamental,<br />

2002,<br />

Londrina.<br />

Anais do XI<br />

Encontro<br />

Brasileiro de<br />

Psicoterapia e<br />

Medicina<br />

Comportamental.<br />

Londrina :<br />

ABPMC, 2002.<br />

volume único


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEÍCULO DE<br />

PUBLICAÇÃO /<br />

DIVULGAÇÃO<br />

2002 UFPA/PA<br />

Eleonora. A.<br />

P. FERREIRA<br />

e<br />

M. S. CASSEB<br />

Efeitos do uso de<br />

registros de<br />

automonitoração<br />

no seguimento de<br />

regras nutricionais<br />

por uma paciente<br />

diabética obesa<br />

Artigo em<br />

periódico<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

Diabetes<br />

Clínica, Rio de<br />

Janeiro, v. 6,<br />

n. 6, p. 452-<br />

459<br />

2002<br />

USP/SP<br />

Débora<br />

Regina<br />

BARBOSA<br />

e<br />

Sônia Beatriz<br />

MEYER<br />

The Effects of<br />

Targeting Other<br />

Behaviors in<br />

Behavior Therapy<br />

on the Weight of<br />

two Obese<br />

Adolescents<br />

Resumo em<br />

congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

18th World<br />

Congress of<br />

Psychotherapy,<br />

2002,<br />

Tordhein,<br />

Noruega. 18th<br />

World<br />

Congress of<br />

Psychotherapy,<br />

Norwean.<br />

Trondheim:<br />

Nordic Journal<br />

of Psychiatry,.<br />

v. 56. p. 31-31<br />

2002<br />

PUCCAMP/SP<br />

Vera Lúcia<br />

Raposo do<br />

AMARAL<br />

O prazer de comer e<br />

a dor de engordar<br />

Resumo em<br />

congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

Anais do XI<br />

Encontro<br />

Brasileiro de<br />

Psicoterapia e<br />

Medicina<br />

Comportamental.<br />

Londrina - PR:<br />

Faculdade<br />

Teológica Sul-<br />

Americana,. v.<br />

1, p. 138-139.<br />

2002<br />

UnB/DF<br />

Paula Costa<br />

BEZERRA, D.<br />

A. SOUZA,<br />

Lincoln S.<br />

GIMENES<br />

Daily food<br />

ingestion recording<br />

and selfmonitoring:<br />

a<br />

contribution to<br />

obesity control<br />

Resumo em<br />

Congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

In: 9th<br />

Internatinal<br />

Congress on<br />

Obesity, São<br />

Paulo<br />

167


Universidade da Amazônia<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEÍCULO DE<br />

PUBLICAÇÃO /<br />

DIVULGAÇÃO<br />

2002 UNINCOR/MG<br />

2002 PUCRS/RS<br />

2002 UFPA<br />

2002 PUCCAMP/SP<br />

2002 UCG<br />

Neuza<br />

Rezende<br />

BOGARIMe<br />

Adriana<br />

Guimarães<br />

RODRIGUES<br />

Cristina Di<br />

BENEDETTO<br />

Mariene da<br />

Silva CASSEB<br />

Lucilene de<br />

Alencar<br />

OSÓRIO<br />

Bianca de<br />

Oliveira<br />

Batista<br />

LOJA<br />

Modificando o<br />

comportamento<br />

alimentar de uma<br />

criança através do<br />

delineamento A/B/A<br />

Obesidade<br />

mórbida,<br />

hostilidade<br />

encoberta e suas<br />

implicações nas<br />

interações sociais<br />

Efeitos do uso de<br />

automonitoração<br />

no seguimento de<br />

regras nutricionais<br />

por uma paciente<br />

diabética obesa<br />

Avaliação de um<br />

programa de<br />

modificação de<br />

hábitos<br />

alimentares em<br />

indivíduos obesos<br />

da 3ª idade<br />

Obesidade infantil:<br />

um enfoque da<br />

Análise do<br />

Comportamento,<br />

verificação das<br />

variáveis<br />

envolvidas e maior<br />

assertividade na<br />

resolução de<br />

problemas<br />

relacionados<br />

Resumo em<br />

periódico<br />

Dissertação<br />

de<br />

Mestrado<br />

em<br />

Psicologia<br />

Social e da<br />

Orientador:<br />

Cícero<br />

Emídio Vaz<br />

Trabalho de<br />

Conclusão de<br />

Curso.<br />

(Graduação<br />

em<br />

Psicologia) -<br />

Orientador:<br />

Eleonora<br />

Arnaud<br />

Pereira<br />

Ferreira<br />

Dissertação<br />

(Mestrado<br />

em<br />

Psicologia) -<br />

Orientador:<br />

Vera Lucia<br />

Adami<br />

Raposo do<br />

Amaral<br />

Trabalho de<br />

conclusão<br />

do curso de<br />

Psicologia<br />

da<br />

Universidade<br />

Católica de<br />

Goiás<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

Revista da<br />

Unincor,<br />

Universidade<br />

Vale do Rio<br />

Verde, V.2, P.<br />

83-83<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

Bibliogrfia<br />

citada no TCC<br />

de Garcia<br />

(2004)<br />

168


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEÍCULO DE<br />

PUBLICAÇÃO ou<br />

/DIVULGAÇÃO<br />

2003 Universidade Luciana<br />

Análise Trabalho de Plataforma<br />

Presbiteriana Rodrigues<br />

Lattes<br />

Mackenzie/SP THEODORO<br />

2003 USP/SP<br />

2003<br />

UNIPAR/PR<br />

Débora R.<br />

BARBOSA<br />

eSônia<br />

Beatriz<br />

MEYER<br />

Leila ROSINA;<br />

Mariana<br />

Maria<br />

ZANELLA;<br />

Paulo<br />

Alexandre<br />

MÜNCHEN<br />

comportamental<br />

da relação entre<br />

padrões culturais,<br />

autorregras e<br />

emoções em<br />

pessoas<br />

portadoras de<br />

Obesidade<br />

mórbida<br />

The effects of<br />

behavior therapy<br />

targeting other<br />

behaviors related<br />

to overeating in<br />

two obese<br />

adolescents<br />

A depressão como<br />

aspecto<br />

psicológico em<br />

casos de<br />

Obesidade<br />

mórbida<br />

Conclusão<br />

de Curso em<br />

Psicologia<br />

(Orientador:<br />

Cibele<br />

Freire<br />

Santoro)<br />

Artigo em<br />

periódico<br />

Trabalho de<br />

Conclusão<br />

de Curso de<br />

Psicologia<br />

(Orientador:<br />

Maira<br />

Cantarelli<br />

Baptistussi)<br />

Plataforma<br />

Lattes&Journal<br />

of behavior<br />

therapy and<br />

experimental<br />

psychiatry.<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

2003<br />

UNIPAR/PR<br />

CESUMAR/PR<br />

Cristina Di<br />

BENEDETTO<br />

Obesidade<br />

Mórbida,<br />

Hostilidade<br />

Encoberta e suas<br />

Implicações no<br />

Processo de<br />

Interação Social<br />

Resumo em<br />

Congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes&Anais<br />

do III Encontro<br />

Paranaense de<br />

Psicologia<br />

Social<br />

2003<br />

UNIPAR/PR<br />

CESUMAR/PR<br />

Cristina Di<br />

BENEDETTO<br />

Questões<br />

Investigativas<br />

sobre Obesidade e<br />

Gênero<br />

Trabalho<br />

completo<br />

publicado<br />

em anais de<br />

Congresso<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

VII Jornada<br />

Internacional<br />

de Psicologia<br />

e III Encontro<br />

Paranaense<br />

de Psicologia<br />

Social, 2003,<br />

Umuarama.<br />

Anais da VII<br />

Jornada<br />

Internacional<br />

de Psicologia<br />

e III Encontro<br />

169


Universidade da Amazônia<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEÍCULO DE<br />

PUBLICAÇÃO ou<br />

/DIVULGAÇÃO<br />

Paranaense de<br />

Psicologia<br />

Social.<br />

Cascavel PR :<br />

Gráfica<br />

Assoeste e<br />

Editora Ltda,<br />

2003. p. 132-<br />

133<br />

2003 UFPA/PA<br />

2003<br />

2003<br />

UFPA/PA<br />

UNIPAR/PR<br />

CESUMAR/PR<br />

Eleonora<br />

Arnaud<br />

Pereira<br />

FERREIRA e<br />

Mariane S.<br />

CASSEB<br />

Mariene S.<br />

CASSEB,M. S..<br />

MALCHER,<br />

Eleonora A.<br />

P. FERREIRA<br />

Cristina DI<br />

BENEDETTO<br />

Efeitos do uso de<br />

automonitoramento<br />

no seguimento de<br />

regras nutricionais<br />

em pacientes<br />

diabéticos obesos<br />

Automonitoramento<br />

do comportamento<br />

alimentar e<br />

adesão à dieta em<br />

pacientes<br />

diabéticos obesos<br />

Um olhar<br />

psicológico sobre<br />

a Obesidade<br />

Resumo em<br />

Congresso<br />

Resumo em<br />

Congresso<br />

Artigo em<br />

periódico<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

VI Semana<br />

Científica do<br />

Laboratório de<br />

Psicologia.<br />

Ciências do<br />

Comportamento:<br />

Novos Tempos,<br />

Novas<br />

Práticas,. v.1<br />

p. 14-14.<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

In: XII<br />

Encontro<br />

Nacional de<br />

Psicoterapia e<br />

Medicina<br />

Comportamental,<br />

2003,<br />

Londrina, PR.<br />

ABPMC, 2003.<br />

p. 282-283<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

Boletim de<br />

Nutrição e<br />

Ciência de<br />

Alimentos,<br />

Umuarama -<br />

PR, v. 1, n. 1.<br />

170


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEÍCULO DE<br />

PUBLICAÇÃO/<br />

DIVULGAÇÃO<br />

2003 UNAMA/PA<br />

2003<br />

Érika Torres<br />

GONÇALVES<br />

e Hilda<br />

OLIVEIRA<br />

PUCCAMP/SP Diana. T.<br />

LALONI<br />

e Daniela<br />

Aparecida<br />

DALEFFE<br />

2003 PUCCAMP/SP<br />

2003<br />

2003<br />

Diane T.<br />

LALONI<br />

PUCCAMP / SP Diane T.<br />

LALONI<br />

CESUMAR/PR<br />

Ana Carolina<br />

Dallalio<br />

Obesidade em<br />

adultos: análise de<br />

casos atendidos por<br />

terapeutas<br />

analíticocomportamentais<br />

Análise de<br />

Contingências dos<br />

Comportamentos<br />

Relevantes para o<br />

Preparo da Cirurgia<br />

Bariátrica<br />

Transtorno<br />

Alimentar:<br />

Obesidade, Análise<br />

das Contingências<br />

do Comportamento<br />

de Comer<br />

Análise do<br />

Comportamento de<br />

Comer<br />

Excessivamente<br />

Estudo investigativo<br />

da imagem corporal<br />

em mulheres<br />

obesas mórbidas na<br />

cidade de Maringá-<br />

PR<br />

Trabalho de<br />

Conclusão<br />

de Curso de<br />

Psicologia<br />

Orientador:<br />

Lúcia<br />

Cristina<br />

Cavalcante<br />

da Silva<br />

Resumo em<br />

anais de<br />

congresso<br />

Resumo em<br />

congresso<br />

Resumo em<br />

congresso<br />

Trabalho de<br />

Conclusão<br />

de Curso.<br />

(Graduação<br />

em<br />

Psicologia) -<br />

Orientador:<br />

Cristina Di<br />

Benedetto<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

&<br />

Evento: XII<br />

Encontro<br />

Brasileiro de<br />

Psicoterapia e<br />

Medicina<br />

Comportamental;<br />

Londrina/PR<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

XII Encontro<br />

Brasileiro de<br />

Psicoterapia e<br />

Medicina<br />

Comportamental;<br />

Londrina/ PR<br />

XII Encontro<br />

Brasileiro de<br />

Psicoterapia e<br />

Medicina<br />

Comportamental,<br />

2003,<br />

Londrina/PR,<br />

2003.<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

171


Universidade da Amazônia<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEÍCULO DE<br />

PUBLICAÇÃO/<br />

DIVULGAÇÃO<br />

2004 Gustavo Sevá PEREIRA Cirurgia Bariátrica: Resumo em Anais on line<br />

da ABPMC 2004<br />

(www.abpmc.org.br)<br />

2004<br />

2004<br />

(Associação Brasileira de<br />

Cirurgia Digestiva;<br />

Instituto<br />

Progastro)Daniela DALEFFE<br />

(Centro de Psicologia,<br />

Napsi)Vera Lúcia Raposo<br />

do AMARAL (Puc Campinas;<br />

Sobrapar)40<br />

UFPA/PA<br />

UNINCOR/MG<br />

Andressa<br />

Fernandes,<br />

Ingrid<br />

Immer,<br />

Eleonora<br />

Ferreira,<br />

Michele<br />

Malcher<br />

Neuza<br />

Rezende<br />

BOGARIM;<br />

Adriana<br />

Guimarães<br />

RODRIGUES<br />

Como e Por Que<br />

Desenvolver um<br />

Perfil Psicológico<br />

Adesão à dieta por<br />

pacientes<br />

diabéticos: eficácia<br />

de registros de<br />

automonitoração e<br />

do relato Verbal<br />

Modificação do<br />

comportamento<br />

alimentar de uma<br />

criança utilizando o<br />

delineamento A-B-A<br />

Anais de<br />

congresso<br />

(on line)<br />

Mesa<br />

redonda<br />

Resumo em<br />

Anais de<br />

congresso<br />

Resumo Em<br />

Congresso<br />

Anais on line<br />

da ABPMC<br />

2004<br />

(www.abpmc.org.br)<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

In: V Jornada<br />

Mineira De<br />

Ciência Do<br />

Comportamento,<br />

São João Del<br />

Rei<br />

2004 UFPA/PA<br />

2004<br />

PUCCAMP/SP<br />

Eleonora<br />

Arnaud<br />

Pereira<br />

FERREIRA;<br />

I. A. IMMER;<br />

A. L.<br />

FERNANDES<br />

Diana Tolselo<br />

LALONI<br />

Transtorno<br />

alimentar:<br />

Uso de registros de<br />

automonitoração<br />

e de relato verbal<br />

na promoção da<br />

adesão ás regras<br />

nutricionais por<br />

pacientes<br />

portadores de<br />

diabetes e<br />

Obesidade<br />

Obesidade,<br />

Análise das<br />

contingências do<br />

comportamento<br />

de comer<br />

Resumo em<br />

Congresso<br />

Capítulo de<br />

livro<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

VII Semana<br />

Científica do<br />

Laboratório de<br />

Psicologia,<br />

EDUFPA, p.24-24.<br />

Site<br />

ESETec&In:<br />

Maria Zilah da<br />

Silva Brandão;<br />

Fátima<br />

Cristina de<br />

Souza Conte;<br />

Fernanda<br />

Silva Brandão;<br />

Yara<br />

Kuperstein<br />

Ingberman;<br />

Vera Lúcia<br />

172


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEÍCULO DE<br />

PUBLICAÇÃO /<br />

DIVULGAÇÃO<br />

Menezes da<br />

Silva; Simone<br />

Mantin Oliani.<br />

(Org.). Sobre<br />

Comportamento<br />

e Cognição:<br />

Contingências<br />

e<br />

Metacontingências:<br />

Contextos<br />

Sócios-verbais<br />

e o<br />

Comportamento<br />

do Terapeuta.<br />

1a.ed. Santo<br />

André/SP, v. 13,<br />

p. 168-174<br />

2004 UNAMA/PA Mayla Neno<br />

MARQUES<br />

e<br />

Rivonilda<br />

Machado<br />

dos Santos<br />

de Santana<br />

GRAIM<br />

Adesão ao<br />

tratamento após<br />

cirurgia bariátrica:<br />

um olhar<br />

comportamental<br />

Trabalho de<br />

conclusão<br />

de curso<br />

(Bacharelado<br />

em<br />

Psicologia)<br />

(Orientadora:<br />

Lúcia<br />

Cristina<br />

Cavalcante<br />

da Silva)<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

2004 CESUMAR/PR Elizandra A influência familiar Trabalho de Plataforma<br />

Mello da<br />

Lattes<br />

SILVEIRA<br />

2004 USP/SP Sônia Beatriz<br />

MEYER<br />

e<br />

Débora<br />

Regina<br />

BARBOSA<br />

na aquisição e<br />

manutenção de<br />

hábitos<br />

alimentares<br />

inadequadas em<br />

crianças obesas<br />

Analysis of<br />

response<br />

relationships in<br />

case studies using<br />

repeated<br />

measures: social<br />

competence and<br />

weight loss in two<br />

obese adolescents<br />

Conclusão<br />

de Curso.<br />

(Graduação<br />

em<br />

Psicologia) -<br />

Orientador:<br />

Cristina Di<br />

Benedetto)<br />

Capítulo de<br />

Livro<br />

Plataforma<br />

Lattes<br />

n: T. C. C.<br />

Grassi. (Org.).<br />

Contemporary<br />

Challenges in<br />

the Behavioral<br />

Approach. 1<br />

ed. Santo<br />

André, SP:<br />

ESETec, 2004, v.<br />

1, p. 141-152.<br />

173


Universidade da Amazônia<br />

ANO<br />

INSTITUIÇÃO/<br />

ESTADO<br />

AUTOR TÍTULO TIPO DE<br />

TRABALHO<br />

VEÍCULO DE<br />

PUBLICAÇÃO /<br />

DIVULGAÇÃO<br />

2004 Universidade Fernanda<br />

Presbiteriana Tebexreni<br />

Mackenzie/ ORSATI<br />

SP<br />

e<br />

Fátima<br />

Aparecida<br />

Miglioli<br />

Fernandez<br />

TOMÉ<br />

A Importância do<br />

Acompanhamento<br />

Psicológico para<br />

Cirurgia<br />

Bariátrica: Um<br />

Estudo de Caso<br />

Resumo em<br />

congresso<br />

Anais on line<br />

da ABPMC 2004<br />

(www.abpmc.org.br)<br />

TOTAL: 48 trabalhos<br />

174


OBESIDADE E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO<br />

SOBRE A AUTORA<br />

Lúcia Cristina Cavalcante é analista do comportamento,<br />

graduada em Psicologia, mestre em<br />

Psicologia pelo Programa de pós-graduação em<br />

Psicologia: Teoria e Pesquisa do Comportamento<br />

da UFPA, professora e pesquisadora da Universidade<br />

da Amazônia (UNAMA). Tem se dedicado<br />

a investigações sobre a obesidade desde<br />

2001, a partir de quando passou a orientar trabalhos<br />

de graduação e iniciação científica no Curso<br />

de Psicologia da UNAMA. O presente livro nasceu<br />

do projeto de pesquisa “Obesidade e Análise<br />

do Comportamento: o estado da arte da produção<br />

científica brasileira”, financiado pela Fundação Instituto pelo Desenvolvimento<br />

da Amazônia (FIDESA).<br />

Frequentemente podemos ver cientistas recebendo questões como “O<br />

que a ciência tem a dizer sobre ... ?”, “O que a ciência pode fazer para<br />

melhorar, para mudar ... ?”. Há muito as ciências compreenderam a<br />

relação vital entre produção do conhecimento e modificação da realidade,<br />

uma prova disso é que as epidemias que assolam o mundo são<br />

temas centrais de investigação. A Psicologia e em especial uma de suas<br />

abordagens mais produtivas, a Análise do Comportamento, não poderia<br />

deixar de contribuir com a construção de explicações e de estratégias<br />

de enfrentamento a um dos problemas de Saúde Pública mais incidentes<br />

e prevalentes nos últimos tempos: a Obesidade. O leitor encontrará<br />

neste volume uma análise sincera e detalhada do “Estado da Arte”<br />

dessa linha de pesquisa na área da Psicologia da Saúde, que pretendeu<br />

não apenas radiografar o já feito, mas, sobretudo, convidar a comunidade<br />

científica ao engajamento do que há por fazer.<br />

175


176<br />

Universidade da Amazônia

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