Luciana Vilma Oliveira Quintino - Universidade Estadual do Ceará
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O atendimento de pacientes em esta<strong>do</strong> crítico ou até mesmo com risco de<br />
vida iminente, é observa<strong>do</strong> nos serviços de emergência, em que há a valorização <strong>do</strong><br />
imediatismo das atividades e <strong>do</strong> tecnicismo (PINHO; KANTORSKI, 2004). Neste<br />
setor, os profissionais se veem em constante luta para atender à demanda com<br />
agilidade, reduzin<strong>do</strong> o tempo gasto no atendimento de cada criança e contribuin<strong>do</strong><br />
com o distanciamento das relações, poden<strong>do</strong> torná-las impessoais e isentas de<br />
vínculo.<br />
Além da rapidez exigida pelo atendimento emergencial, outros fatores<br />
contribuem para que os profissionais ajam com impessoalidade e distanciamento no<br />
cuida<strong>do</strong> a uma criança vítima de maus tratos. De acor<strong>do</strong> com Deslandes e Paixão<br />
(2006), o atendimento pode desencadear, no profissional, reações emocionais e<br />
morais possíveis de mobilizar seus mecanismos de defesa e fazer com que ele se<br />
distancie para não se envolver muito com o problema ou para tentar compreender<br />
melhor os fatos.<br />
(...) eu não gosto, não vou mentir, não gosto de atender, acho ruim ter que<br />
falar com a mãe. Meu sentimento é de raiva na hora que eu vou ter que<br />
falar. Eu fico pensan<strong>do</strong> que é um ser indefeso que as pessoas ainda estão<br />
abusan<strong>do</strong> dessa falta de ter como reagir, essa fragilidade (E4).<br />
Ficou evidente, nessa fala, que as emoções interferem na comunicação<br />
entre o profissional e o binômio criança/família, tornan<strong>do</strong> a relação burocrática e<br />
impessoal, prejudican<strong>do</strong> o processo terapêutico. Conforme Deslandes (2004), a<br />
carência de diálogo e a dificuldade de comunicação são fatores capazes de<br />
influenciar negativamente no cuida<strong>do</strong> presta<strong>do</strong>.<br />
Os participantes reclamaram também da carência de continuidade no<br />
atendimento às crianças e aos seus familiares. Como na maioria <strong>do</strong>s casos, elas são<br />
notificadas e não permanecem na instituição, os profissionais não têm um retorno se<br />
está sen<strong>do</strong> procedi<strong>do</strong> a um acompanhamento social e psicológico pelos serviços<br />
responsáveis e não sabem também se a criança continua sofren<strong>do</strong> agressões.<br />
Enquanto permanecem na instituição, os assistentes sociais são os profissionais que<br />
realizam esse acompanhamento.